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E-book 2 Hamilton Moura CONTABILIDADE GERAL Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 PATRIMÔNIO ������������������������������������������������4 Origens e Aplicações de Recursos �������������������������7 As Demonstrações Contábeis Básicas ������������������9 CICLO CONTÁBIL �������������������������������������� 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������28 SÍNTESE �������������������������������������������������������29 2 INTRODUÇÃO Na sua forma mais simples, a contabilidade é uma forma de comunicar a saúde financeira de uma em- presa ou organização a todas e quaisquer partes interessadas� É uma maneira de avaliar os ativos, passivos, resultados econômicos e financeiros, ou o futuro de uma entidade para todos os investidores atuais e futuros� É uma ferramenta vital para todos os tipos de negócios que precisam transformar os dados de suas transações em informações� Neste módulo, vamos tratar do objeto de estudo da contabilidade: o Patrimônio� Para estudar o patri- mônio e suas variações ao longo do tempo, a con- tabilidade rastreia todas as origens e aplicações de recursos que vão ocorrendo por meio das transações efetuadas pela entidade� Chamamos de entidade qualquer ente que possua um patrimônio que possa ser estudado pela contabilidade: pessoa física ou pessoa jurídica, englobando empresas publicas e privadas, associações, sindicatos, organizações não governamentais, etc� Atuando dentro de um ciclo contábil, o contador re- gistra todas as transações do período e pode apre- sentar as demonstrações contábeis básicas: • Demonstração do Resultado • Demonstração de Fluxo de Caixa • Balanço Patrimonial 3 PATRIMÔNIO A Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio e suas variações, com o objetivo de fornecer infor- mações úteis para tomada de decisão por parte de gestores ou investidores� A construção da informação contábil é baseada na observação de uma entidade e sua atividade espe- cífica. O processamento dos dados para obter in- formações é feito operando com uma linguagem contábil específica e meios para que eles atendam às necessidades do usuário e à legislação vigente� A contabilidade propõe uma modelagem abrangente da entidade baseada em regras que garantem a ob- tenção de informações contábeis de alta qualidade e não apenas uma lista de contas e números� Além de desempenhar um importante papel no con- trole da gestão de recursos e sua contribuição para a tomada de decisão por diferentes usuários, a con- tabilidade passou a desempenhar, nos últimos anos, um papel do ajuste social, pois as informações das grandes empresas que geram impacto em determi- nados segmentos sociais são de interesse geral� As demonstrações contábeis são um resumo das informações que caracterizam os elementos do patri- mônio de cada empresa e representam o documento oficial de gestão, que deve espelhar uma imagem ver- dadeira, clara e completa dos ativos, posição finan- ceira e resultados econômicos obtidos� Além disso, 4 as demonstrações contábeis mostram os resulta- dos da administração da entidade, incluindo gestão dos recursos que lhes são confiados. Os usuários que desejarem avaliar a gestão de uma empresa, ou avaliar as decisões que impactam no seu resultado econômico – tais como a opção de manter ou vender o investimento ou a substituição ou recondução de administradores profissionais –, podem utilizar as informações produzidas pela contabilidade� As decisões econômicas tomadas pelos usuários das demonstrações contábeis exigem a avaliação de capacidade da empresa de gerar caixa ou equivalen- tes de caixa e resultados econômicos consistentes� Em última análise, depende, por exemplo, da capa- cidade de uma entidade pagar a seus empregados e fornecedores, pagar juros, pagar empréstimos e remunerar seus proprietários� Mas o que é patrimônio? Patrimônio é entendido na contabilidade como o con- junto de bens, direitos e obrigações de uma entidade� Toda entidade (pessoa física ou jurídica), ao longo de sua vida, adquire bens e direitos e assume obri- gações, pois as empresas precisam dos bens para produzir outros bens e serviços, e comercializá-los; assume obrigações de pagar fornecedores, funcio- nários, governo, sócios, instituições financeiras. Mas o que são bens? São considerados bens de uma empresa tudo o que possui valor econômico e que possa ser transfor- 5 mado em dinheiro, sendo útil para a realização do objetivo social da pessoa jurídica� Em nosso exemplo, a JR Serviços de Entregas Ltda� Necessita, para atingir seu objetivo social, “fazer en- tregas de objetos, documentos e produtos”, portanto, precisa de alguns bens – como de um veículo robus- to, de um local – para seu funcionamento, alguns móveis e equipamentos para sua administração� Esses bens fazem parte do patrimônio da empresa� Em relação aos direitos, toda vez que a JR Serviços de Entregas Ltda� faz uma entrega para um cliente, ela adquire o direito de receber o valor da entrega do seu cliente� Em relação às obrigações, quando a empresa compra a prazo ou faz um empréstimo no banco, ela assume a obrigação de pagar essas dívidas� SAIBA MAIS Assista ao vídeo Contabilidade – Patrimônio, do professor Mário Junior, para aprofundar o concei- to de patrimônio e sua composição: https://www. youtube.com/watch?v=W8YyDkg-wg8 Origens e Aplicações de Recursos Como já observamos, o Sr� José Roberto constituindo sua empresa de entregas, a entidade JR Serviços de 6 https://www.youtube.com/watch?v=W8YyDkg-wg8 https://www.youtube.com/watch?v=W8YyDkg-wg8 Entregas Ltda� Essa entidade adquiriu alguns bens e assumiu algumas obrigações em suas operações iniciais� Para melhor organizar as informações, a contabilida- de faz uma divisão dos bens, direitos e obrigações: todos os bens e direitos são classificados no Ativo e todas as obrigações da entidade são classificadas no Passivo� É fácil entender que no Ativo estão todas as aplicações de recursos da entidade: os bens e direitos que ela adquiriu; e no Passivo estão todas as obrigações da entidade, ou seja, as obrigações que assumiu para poder adquirir aqueles bens e direitos� Para exemplificar, vamos reproduzir uma demons- tração da JR Serviços de Entregas Ltda� JR Serviços de Entregas Ltda. Balanço Patrimonial 06/12/2018 Ativo (aplicações de recursos) Passivo (origens dos recursos) Caixa R$ 167.000,00 Contas a Receber R$ 1.000,00 Suprimentos R$ 10.000,00 Fornecedores R$ 22.000,00 Financiamento R$ 25.000,00 Veículos R$ 50.000,00 Móveis e Equipam. R$ 20.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social R$ 200.000,00 Lucro R$ 1.000,00 Total R$ 248.000,00 Total R$ 248.000,00 Tabela 1: Balanço Patrimonial hipotético. Fonte: Elaboração própria. Observe que a empresa de José Roberto tem R$ 248�000,00 de origens e o mesmo valor em aplica- ções� Quais foram as origens dos recursos? • Fornecedores R$ 22�000,00 7 • Financiamento R$ 25�000,00 • Capital Social R$ 200�000,00 • Lucro R$ 1�000,00 Falamos que no Passivo estão as obrigações da entidade, mas o Capital Social, não é da entidade? Não, o Capital Social e o lucro pertencem aos sócios da entidade, ou seja, a entidade deve aos sócios� Chamamos essa obrigação de não exigível, pois ela não tem prazo de vencimento, ao contrário das outras obrigações que não estão no Patrimônio Líquido, que serão exigidas pelo fornecedor do recurso em determinada data� Podemos expressar o Patrimônio Líquido por meio da seguinte equação: Patrimônio Líquido = Ativo – Passivo Ou seja, tudo o que a entidade tem, menos o que ela deve a terceiros, pertence aos seus sócios� As Demonstrações Contábeis Básicas O objetivo das demonstrações contábeis Embora o objetivo específico e a finalidade das de- monstrações contábeis possam ser diferentes para diferentes órgãos contábeis,no geral é bastante similar� De acordo com o IFRS, 8 o objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral é fornecer informações con- tábil-financeiras acerca da entidade que as reporta (reporting entity) sendo úteis para inves- tidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e outros credores, quando da tomada de decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e de dívida, e a oferecer ou disponi- bilizar empréstimos ou outras formas de crédito. (OLIVEIRA, 2013, p. 3) O IFRS também declara que essas decisões depen- dem das expectativas do usuário quanto ao risco, valor e época de futuros ingressos líquidos de caixa da entidade que reporta� Abordaremos, inicialmente, como demonstra- ções contábeis básicas: o Balanço patrimonial, a Demonstração do resultado e a Demonstração do fluxo de caixa, as demais demonstrações serão ana- lisadas ao longo do curso� Balanço Patrimonial O balanço patrimonial é uma representação do pa- trimônio da entidade em determinada data, ou seja, é uma fotografia financeira do patrimônio em deter- minado momento e, por convenção, é dividido em dois lados� O lado esquerdo do balanço patrimonial engloba to- das as contas do Ativo da entidade, que representam os seus bens e direitos 9 O lado direito, o Passivo do balanço patrimonial, en- globa todas as contas que representam as obriga- ções da entidade e o patrimônio líquido que engloba as contas que representam as obrigações da em- presa para com os acionistas� Em ambos os lados, as contas são classificadas por liquidez. Entende- se por liquidez a facilidade de converter os itens representados pelas contas, em dinheiro em curto prazo� Contas mais líquidas, como Caixa, Contas a Receber Estoques, Contas a Pagar são colocadas an- tes de contas sem liquidez, como Prédio da Fábrica, Equipamentos, Veículos e Dívida de Longo Prazo� Os ativos e passivos também são separados em duas categorias: • Ativo Circulante e Ativo não Circulante • Passivo Circulante e Passivo não Circulante ATIVO PASSIVO Circulante Circulante Caixa e Bancos R$ Contas a Pagar R$ Contas a Receber R$ Fornecedores R$ Estoques R$ Tributos a Pagar R$ Empréstimos R$ Não Circulante Não Circulante Permanente Financiamentos R$ Investimentos R$ Imobilizado R$ Patrimônio Líquido Capital Social R$ Reserva de Lucros R$ Total do Ativo R$ Total do Passivo R$ Tabela 2: Representação do patrimônio. Fonte: Elaboração própria. 10 No Ativo Circulante são classificadas as contas que representam bens e direitos de curto prazo (geral- mente um ano), entende-se como curto prazo o que pode ser realizado (transformado em dinheiro) dentro prazo do ciclo contábil da empresa� Exemplos: Caixa, Contas a Receber e Estoques� No Ativo não Circulante são classificadas as contas que representam bens e direitos que ultrapassam um ciclo contábil� Exemplo: Contas a Receber a longo pra- zo, os bens do ativo imobilizado que, por sua própria característica, não serão realizados no curto prazo, não estão disponíveis para venda, mas para serem utilizados na produção de outros bens ou serviços� O intangível, como por exemplo, marcas e patentes, que também não são realizáveis a curto prazo� No Passivo Circulante são classificadas todas as contas que representam obrigações da entidade, cujo vencimento se dará em até um ciclo contá- bil� Exemplo: Salários a Pagar, Encargos Sociais a Pagar, Impostos a Pagar, Fornecedores, Empréstimos Bancários, etc� No Passivo não Circulante são classificadas todas as contas que representam obrigações da entidade, cujo vencimento se dará após um ciclo contábil� Exemplo: Financiamentos e Empréstimos de longo prazo� No Patrimônio Líquido são classificadas as contas que representam obrigações da entidade para com os seus sócios ou acionistas� Estas contas não têm vencimento definido, pois a quase totalidade das 11 entidades são constituídas sem prazo para encerrar suas atividades� Assim como os pratos de uma balança, os dois la- dos do balanço, permanecem em equilíbrio; no prato esquerdo está o ativo (aplicações de recursos) e no prato direito estão o passivo e patrimônio líquido (origens dos recursos)� Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido� Figura 1: Balança de dois pratos. Fonte: Pixabay. 12 https://pixabay.com/illustrations/graphics-design-3d-balance-sheet-875115/ Demonstração do Resultado É uma das três demonstrações contábeis básicas que as empresas devem preparar, além do balanço e da demonstração de fluxo de caixa. A demonstração do resultado mostra a rentabilida- de da empresa ao longo de um período de tempo� Em primeiro lugar, é preciso definir um período de tempo, como um mês, um trimestre ou um ano de resultados acumulados. Definido esse período de tempo, periodicamente (mês a mês, trimestre a tri- mestre, ano a ano), a contabilidade fará a apuração do resultado desse período, com os procedimentos que estudaremos mais adiante� A “tabela” de demonstração do resultado abaixo é apresentada com uma explicação linha a linha para que você possa ver o lucro ou a perda após a dedu- ção de cada despesa� A linha 1 mostra a receita líquida ou o valor de vendas deduzidos os tributos incidentes sobre essas vendas� Isso equivale ao montante total de vendas em reais que a empresa fez para o período de demonstração de resultados� Se sua empresa vendesse 50�000 uni- dades por R$ 20,00 cada (líquido de tributos), essa li- nha mostraria R$ 1�000�000,00� A empresa mostraria a quantia vendida, mesmo que tenha cobrado, mas ainda não tenha recebido o dinheiro de seus clientes� A linha 2 tem um valor de R$ 500�000 para o custo das mercadorias vendidas� Esse custo cobre a custo de compra de unidades vendidas do seu produto� 13 O custo das mercadorias vendidas geralmente é o maior gasto da empresa� O custo dos produtos ou mercadorias vendidas contém todos os custos direta- mente relacionados à produção do seu produto, como mão de obra direta e compras de matérias-primas� Se você comprar produtos por atacado e, em seguida, revendê-los, você também colocaria sobre essa linha� Por exemplo, 50�000 unidades comprados a um custo de atacado de R$ 10,50 cada um é igual ao custo de R$ 525�000,00 de mercadorias vendidas durante o período refletido nesta demonstração do resultado. Linha 3: Subtraia o custo das mercadorias vendidas das vendas líquidas para obter lucro bruto (Linha 3)� Linha 4: Do lucro bruto de R$ 475�000,00, subtraia as despesas de vendas e administração� Esse item de R$ 200�000 representa as despesas necessárias para realizar as receitas de vendas, não relaciona- dos à produção dos produtos para venda� Se você tiver várias despesas relacionadas, como contas de telefone, eletricidade e água, você pode agrupá-las em uma única linha chamada “serviços públicos”, por exemplo� As despesas administrativas também incluem cus- tos como salários, comissões de vendas, aluguel de escritórios e taxas legais e contábeis� A linha 5 mostra a despesa de depreciação da empre- sa� Quando você compra um prédio ou equipamento para o seu negócio, você o deprecia ao longo de um período de tempo� A depreciação é uma despesa 14 não-caixa e serve como um abrigo fiscal, por isso é mostrado na demonstração do resultado� Vamos supor aqui uma depreciação de R$ 60�000,00� Linha 6: Depois de subtrair despesas de vendas e administrativas e depreciação, você chega ao lucro operacional� O lucro operacional também é chamado de lucro antes de juros e impostos (EBITDA), que neste caso totaliza R$ 215�000,00� Linha 7: Depois de calcular o EBITDA, adicione as despesas de juros da sua empresa� O juro é o que você paga em qualquer dívida que sua empresa deve� Para calcular os juros da dívida, você precisa saber a taxa de juros que está pagando e multiplicá-la pelo valor principal de sua dívida� Para este exemplo, o montante de jurosé assumido em R$ 40�000,00 e vai na linha 7� Linha 8: Depois de subtrair sua despesa de juros do EBITDA, você chega aos lucros antes dos impostos na Linha 8, no valor de R$ 175�000,00 Linha 9: Preencha a quantia que você paga em im- postos na Linha 9� A alíquota de imposto, neste exemplo, é de 30%, ou R$ 52�500,00� Linha 10: Depois de subtrair a despesa com impos- tos, você chegará aos ganhos disponíveis para os seus acionistas ordinários, que estão indicados na Linha 10, no valor de R$ 122�500,00� Linha 11: Se você tem investidores em sua empre- sa, a Linha 11 é onde você registra os dividendos� 15 Suponha que essa empresa pagará dividendos de R$ 40�000,00 a seus acionistas� Linha 12: Subtraindo todas as despesas abaixo da linha 3, lucro bruto, calculamos o lucro líquido da sua empresa� Isso representa o dinheiro que você deixou para reinvestir na empresa, na forma de lu- cros retidos� Transfira esse valor de lucro líquido para o seu ba- lanço, no final do seu período contábil, para a conta de Reserva de Lucros� Além de ser reinvestido na empresa, esse valor também pode ser usado para pagar dividendos futuros� A tabela abaixo mostra um exemplo de demonstra- ção do resultado muito simplificada. A demonstração de resultados da sua empresa pode ser um pouco mais complexa e conter mais itens� Esta demonstra- ção deve servir para dar a você um esquema básico e uma ideia de como uma demonstração do resultado funciona� ABC Indústria e Comércio de Utilidades Ltda. Demonstração do Resultado Exercício findo em 31/12/2018 linha item valor 1 Vendas R$ 1�000�000,00 2 Custo dos Produtos Vendidos R$ 525�000,00 3 Lucro Bruto R$ 475�000,00 4 Despesas Comerciais e Administrativas R$ 200�000,00 5 Depreciação R$ 60�000,00 16 6 Lucro Operacional (EBITDA) R$ 175�000,00 7 Juros R$ 40�000,00 8 Lucro Antes dos Impostos (EBITDA) 9 Impostos (30%) R$ 52�500,00 10 Lucro Disponível para Acionistas R$ 122�500,00 11 Dividendos R$ 40�000,00 12 Lucro Líquido R$ 82�500,00 Tabela 3: Demonstração do Resultado. A demonstração do resultado de uma empresa é tão precisa quanto à qualidade de seus dados� É in- teressante revisar as transações contábeis em um nível detalhado, especialmente se um dos itens de linha em sua demonstração de receita parece excep- cionalmente grande ou pequeno, destoando do que normalmente ocorre� Podcast 1 Demonstração de Fluxo de Caixa A Demonstração de Fluxo de Caixa é uma das três principais demonstrações contábeis que reporta o caixa gerado e gasto durante um período específico de tempo (um mês, um trimestre ou um ano, por exemplo). A demonstração de fluxo de caixa atua como uma ponte entre a demonstração do resultado e o balanço, mostrando como o dinheiro entra e sai do negócio� 17 https://famonline.instructure.com/files/118401/download?download_frd=1 Três seções da demonstração de fluxo de caixa: Atividades operacionais: As principais atividades geradoras de receita de uma organização e outras atividades que não são de investimento ou financia- mento; quaisquer fluxos de caixa de ativo circulante e passivo circulante� Atividades de investimento: Quaisquer fluxos de caixa proveniente da aquisição e alienação de ati- vos para o longo prazo e outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa� Atividades de financiamento: Quaisquer fluxos de caixa que resultem em mudanças no tamanho e na composição do capital acionário contribuído ou dos empréstimos da entidade (ou seja, títulos, ações, dividendos)� Definições de fluxo de caixa Fluxo de caixa: entradas e saídas de caixa e equiva- lentes de caixa� Em alguns estudos é representado pelo diagrama abaixo, as setas voltadas para cima indicam entradas de caixa e as setas voltadas para baixo indicam saídas de caixa� 18 Fluxo de caixa positivo indica entrada de caixa 1 2 3 4 Fluxos de caixa negativos – indicam saídas de caixa Figura 2: Fluxos de Caixa. Saldo de caixa: disponibilidades em dinheiro e depó- sitos à vista (saldo em caixa no balanço patrimonial) Equivalentes de Caixa: os equivalentes de caixa incluem o caixa mantido como depósitos bancários, investimentos de curto prazo e qualquer outro ativo de conversão de caixa muito facilmente. Classificações de fluxo de caixa Fluxo de Caixa Operacional As atividades operacionais são as principais ativida- des geradoras de receita da entidade. O Fluxo de Caixa das Operações normalmente inclui os fluxos de caixa associados a vendas, compras e outras despesas. 19 O contador ou o diretor financeiro da empresa pode escolher entre o método direto ou indireto do fluxo de caixa operacional: Método Direto: Os fluxos de caixa operacionais são apresentados como uma lista de fluxos de caixa; recebimento de vendas, pagamento de despesas de capital, etc� Método simples, mas raramente é usado, o métdo indireto é mais comum� Exemplo: Fluxo de Caixa pelo método direto Das Atividades Operacionais R$ (+) Recebimentos de Clientes e outros (-) Pagamentos a fornecedores (-) Pagamentos a funcionários (-) Pagamentos ao governo (-) Pagamentos a outros credores (=) Disponibilidades geradas pelas Atividades Operacionais Das Atividades de Investimentos R$ (+) Recebimento de Venda de Imobilizado (-) Aquisição de ativo permanente (+) Recebimento de dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas atividades de Investimentos Das Atividades de Financiamento R$ (+) Empréstimos contratados (-) Amortização de empréstimos (+) Emissão de debêntures (+) Integralização de capital (-) Pagamento de dividendos (=) Disponibilidades geradas pelas atividades de financiamento Aumento / Redução nas disponibilidades Disponível no início do período Disponível no final do período Tabela 4: Fluxo de Caixa pelo método direto. 20 Método indireto: Os fluxos de caixa operacionais são apresentados como uma reconciliação do lucro para o fluxo de caixa. Para preparar o fluxo de caixa pelo método indireto é preciso estar com o balanço patrimonial de dois exercícios e a demonstração do resultado em mão� Partindo do lucro líquido do último exercício contábil, somamos as despesas que foram lançadas na de- monstração do resultado, mas que não implicaram em saídas de caixa, como por exemplo, depreciações e amortizações� Em seguida, com base nas variações das contas do ativo e passivo de um exercício para o outro, po- demos preparar a demonstração de fluxo de caixa. Quando a variação de uma conta liberar recursos para o fluxo de caixa, ela entra com sinal positivo; e, quanto à variação retirar recursos do fluxo de caixa, ela entra com sinal negativo� Os itens na demonstração de fluxo de caixa não são todos os fluxos de caixa reais; por esse motivo, o saldo de caixa é diferente do lucro� Fluxo de Caixa de Investimento O Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento in- clui a aquisição e alienação de ativos não circulantes e outros investimentos não incluídos em equivalentes de caixa. Os fluxos de caixa de investimentos nor- malmente incluem os fluxos de caixa associados à compra ou venda de ativos imobilizados, outros ativos não circulantes e outros ativos financeiros. 21 O dinheiro gasto na compra de ativo imobilizado é chamado de despesas de capital� Fluxo de Caixa de Financiamento Fluxos de Caixa das Atividades de Financiamento são atividades que resultam em mudanças no ta- manho e na composição do capital acionário ou dos empréstimos da entidade. Os fluxos de caixa de fi- nanciamento normalmente incluem fluxos de caixa associados a empréstimos e empréstimos bancários, e a emissão e recompra de ações� SAIBA MAIS Assista ao vídeo “Contabilidade Básica – Demons- tração dos Fluxos de Caixa”, do professor Renato Cha- ves, para saber mais sobre a elaboração da demons- tração do fluxo de caixa. https://www.youtube.com/ watch?v=EwIkFBBf9T4 22 https://www.youtube.com/watch?v=EwIkFBBf9T4 https://www.youtube.com/watch?v=EwIkFBBf9T4 CICLO CONTÁBIL O ciclo contábil compreende um períodode tempo no qual são consideradas as transações de uma em- presa para apurar o seu resultado econômico e ao fim do qual a contabilidade possa apresentar sua situação patrimonial e financeira. As cinco fases do ciclo contábil são: captação, reco- nhecimento, processo de acumulação, sumarização e evidenciação� Apresentamos abaixo, de forma mais operacional, as seguintes etapas que envolvem o ciclo contábil: Etapa 1 - Transações As transações da empresa iniciam o processo� Se não houver transações, não haverá nada para acom- panhar� Elas podem incluir um pagamento de dívida, qualquer compra ou aquisição de ativos, receita de vendas ou quaisquer despesas incorridas� Etapa 2 - Registro no livro Diário Com as transações efetuadas, são classificadas de acordo com o plano de contas e registradas no livro diário da empresa, em ordem cronológica� Ao debitar uma ou mais contas e creditar uma ou mais contas, os débitos e créditos devem sempre equilibrar; o valor total debitado em uma ou mais contas deve ser igual ao valor creditado em outra(s) conta(s)� 23 Etapa 3 - Registro no livro Razão Os lançamentos no Diário são lançados no Razão, onde cada conta recebe seus débitos ou créditos que foram lançados no livro Diário; temos, então, um resu- mo de todas as transações para contas individuais� Etapa 4 - Balancete de Verificação do livro Razão No final do período contábil (que pode ser trimestral, mensal ou anual, dependendo da empresa), é apura- do o saldo de cada uma das contas e apresentado um relatório dessas contas com seus saldos deve- dores e credores� O valor total dos saldos devedores deve ser igual ao valor total dos saldos credores; caso isso não aconteça, o contador deve fazer uma verificação em todas as contas e encontrar o erro. Etapa 5 - Encerramento das contas de resultado As contas de resultado (receitas, custos e despesas) são contas transitórias, o seu saldo credor ou deve- dor deve ser transferido para uma conta de apuração do resultado do exercício� Essa conta recebe todos os créditos das contas de receita e todos os débitos das contas de custos e despesas, apura-se então o seu saldo, e esse saldo será o resultado do exercício� Se o saldo for credor, a empresa terá apresentado um lucro; mas se for devedor, ela terá apresentado um prejuízo no exercício� 24 Podcast 2 As contas de receita e despesa são fechadas e zeradas para o próximo ciclo contábil� Isso ocorre porque as contas de receita e despesa são contas da demonstração do resultado que mostram o de- sempenho de um período específico. As contas do balanço não são fechadas porque mostram a po- sição financeira da empresa em um determinado momento; os saldos finais das contas patrimoniais de um exercício contábil serão os saldos iniciais do próximo período� O saldo dessa conta de apuração deve ser transfe- rido para uma conta patrimonial, lucro do exercício ou reserva de lucros� Etapa 6 - Balancete de Verificação após o encer- ramento das contas de resultado Após encerrar e transferir os saldos das contas de resultado para a conta patrimonial, o contador deve fazer um novo balancete de verificação, fazendo eventuais ajustes necessários nas contas, antes de elaborar as demonstrações contábeis� Etapa 7 - Elaboração das Demonstrações Contábeis Após o encerramento das contas de resultado e transferência para a conta patrimonial, o contador pode preparar as demonstrações contábeis: o ba- 25 https://famonline.instructure.com/files/118402/download?download_frd=1 lanço patrimonial, demonstração do resultado e de- monstração e o fluxo de caixa. Com base na conta de apuração do resultado do exercício, ou nos saldos das contas de resultado, é possível preparar a demonstração do resultado� Com base no balancete de verificação após o encer- ramento das contas de resultado, é possível preparar o balanço patrimonial� E, finalmente, tendo os dois primeiros demonstra- tivos, é possível preparar a demonstração de fluxo de caixa� O livro Razão serve como olhos e ouvidos dos conta- dores e mostra todas as transações que ocorreram na empresa de forma organizada� Essencialmente é uma enorme compilação de todas as transações registradas em um documento específico ou um sof- tware de contabilidade, que é o método predominan- te hoje em dia� Por exemplo, se você quiser ver as alterações nos níveis de caixa, durante o curso da empresa, e todas as transações relevantes, consulte o livro Razão da conta Caixa, que mostra todos os débitos e créditos em dinheiro� 26 Elaboração das demonstrações contábeis Análise: Apuração do resultado Balancetes Registros: Diário Razão Coleta de dados Identificação das transações Figura 3: Ciclo Contábil. 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS Observamos que patrimônio é o objeto de estudo da contabilidade e que é composto por bens, direitos e obrigações� O estudo do patrimônio, com o método das partidas dobradas, possibilita que a contabilidade produza relatórios com informações úteis para a tomada de decisões dos administradores, acionistas, investi- dores e todos os demais usuários interessados nas informações econômico-financeiras da entidade. Para que essas informações sejam obtidas, não é suficiente o seu registro pelo método das partidas dobradas, é necessário também que se estabeleça um ciclo contábil, um período de tempo no qual os re- sultados serão apurados e, ao final, do qual seja apu- rada a posição patrimonial e financeira da entidade. Dentro desse ciclo contábil, apresentamos as várias etapas que devem ser seguidas para obter com êxito as informações necessárias aos seus usuários� 28 Síntese Os recursos são originados pelas obrigações que a empresa assume. Origens de recursos Todas as aplicações de recursos são representadas por bens e direitos. Aplicações de recursos Patrimônio Líquido obrigações da empresa com os sócios. Passivo obrigações comterceiros. Ativo bens e direitos. posição patrimonial e financeira. Balanço Patrimonial resultado econômico. Demonstração do Resultado resultado financeiro. Demonstração do Fluxo de Caixa Linguagem dos negócios Demonstrações contábeis básicas CONTABILIDADE GERAL Patrimônio bens, direitos e obrigações. Ciclo Contábil Captação Sumarização Evidenciação Reconhecimento Processo de Acumulação Referências Bibliográficas & Consultadas CHAVES, Renato� Contabilidade Básica – Demonstração do Fluxo de Caixa� Vídeo disponível em https://www.youtube.com/ watch?v=EwIkFBBf9T4� Acesso em: 14 jul� 2019� FAVERO, Hamilton Luiz; LONARDONI, Mário; SOUZA, Clóvis de; TAKAKURA, Massakazu� Contabilidade: Teoria e Prática� 6� ed� São Paulo: Atlas, 2011� GELBECKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos; IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu� Manual de Contabilidade Societária. 3� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca] IUDÍCIBUS, Sergio de� et al� Contabilidade Introdutória. 12� ed� São Paulo: Atlas, 2019� [Minha Biblioteca] \IUDÍCIBUS� Sergio de; MARION, José Carlos� Curso de contabilidade para não contadores: para as áreas de administração, economia, direito e engenharia� 8� ed� São Paulo: Atlas, 2019� [Minha Biblioteca] JUNIOR, Mário� Contabilidade – Patrimônio� Vídeo disponíel em https://www.youtube.com/ watch?v=W8YyDkg-wg8� Acesso em: 14 jul� 2019� MARION, José Carlos� Contabilidade básica. 12� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca] MARION, José Carlos� Contabilidade empresarial. 16� ed� São Paulo: Atlas, 2013� [Minha Biblioteca] OLIVEIRA, Antonio Benedito Silva; SANTOS, Dalgi Siqueira� IFRS e CPC: Guia de Aplicação Contábil para Contexto Brasileiro� São Paulo: Saraiva, 2013� [Minha Biblioteca] PADOVEZE, Clóvis Luiz� Introdução à Contabilidade para não contadores. 2� ed� São Paulo: Cengage Learning, 2016� [Minha Biblioteca] PADOVEZE, Clóvis Luís� Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e intermediária� 10� ed� São Paulo: Atlas, 2018� [Minha Biblioteca]� _GoBack Introdução PatrimônioOrigens e Aplicações de Recursos As Demonstrações Contábeis Básicas Ciclo Contábil Considerações finais Síntese
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