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Sustentabilidade em bacias hidrográficas

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Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 1 
Organizadores 
 
José Mariano Caccia Gouveia 
Paulo Cesar Rocha 
Cláudio Antonio Di Mauro 
Renata Ribeiro de Araújo 
 
 
Colaboradora 
 
 Leonice Seolin Dias 
 
 
 
 
 
SUSTENTABILIDADE EM BACIAS HIDROGRÁFICAS 
 
conhecimento, inovação e tecnologias em recursos hídricos 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
ANAP 
Tupã/SP 
2020 
2 
EDITORA ANAP 
Associação Amigos da Natureza da Alta Paulista 
Pessoa de Direito Privado Sem Fins Lucrativos, fundada em 14 de setembro de 2003. 
Rua Bolívia, nº 88, Jardim América, Cidade de Tupã, São Paulo. CEP 17.605-310. 
Contato: (14) 99808-5947 
www.editoraanap.org.br 
www.amigosdanatureza.org.br 
editora@amigosdanatureza.org.br 
 
Editoração e Diagramação da Obra: Leonice Seolin Dias; Sandra Medina Benini 
Revisão de Português: Smirna Cavalheiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice para catálogo sistemático 
Brasil: Geografia
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 3 
CONSELHO EDITORIAL INTERDISCIPLINAR PERMANENTE 
 
Prof. Dr. Adeir Archanjo da Mota – UFG 
Prof. Dr. Adriano Amaro de Sousa – FATEC 
Profa. Dra. Alba Regina Azevedo Arana – UNOESTE 
Prof. Dr. Alessandro dos Santos Pin – Centro Un. Goiatuba 
Prof. Dr. Alexandre Carneiro da Silva – IFAC 
Prof. Dr. Alexandre França Tetto – UFPR 
Prof. Dr. Alexandre Gonçalves – Centro Un. UMEPAC 
Prof. Dr. Alexandre Sylvio Vieira da Costa – UFVJM 
Prof. Dr. Alfredo Zenen D. González – UNEMAT 
Profa. Dra. Alina Gonçalves Santiago – UFSC 
Profa. Dra. Aline Werneck Barbosa de Carvalho – UFV 
Profa. Dra. Ana Klaudia de Almeida V. Perdigão – UFPA 
Profa. Dra. Ana Lúcia de Jesus Almeida – UNESP/PP 
Profa. Dra. Ana Lúcia Reis M. Fernandes da Costa – IFAC 
Profa. Dra. Ana Paula B. do Nascimento – UNINOVE 
Profa. Dra. Ana Paula Fracalanza – USP 
Profa. Dra. Ana Paula Novais Pires – UFG/Catalão 
Profa. Dra. Ana Paula Santos de Melo Fiori – IFAL 
Prof. Dr. André de Souza Silva – UNISINOS 
Profa. Dra. Andrea Holz Pfützenreuter – UFSC 
Prof. Dr. Antonio Carlos Pries Devide – APTA/SAA 
Prof. Dr. Antonio Cezar Leal – UNESP/ Pres. Prudente 
Prof. Dr. Antonio Fábio Sabbá G. Vieira – UFAM 
Prof. Dr. Antonio Marcos dos Santos – UPE 
Prof. Dr. Antônio Pasqualetto – PUC/ Goiás e UFG 
Prof. Dr. Antonio Soukef Júnior - UNIVAG 
Profa. Dra. Arlete Maria Francisco – UNESP/Pres. Prudente 
Prof. Dr. Aurélio Bandeira Amaro – IFSP 
Profa. Dra. Beatriz Ribeiro Soares – UFU 
Prof. Dr. Carlos Andrés Hernández Arriagada – MICAP 
Prof. Dr. Carlos Eduardo Fortes Gonzalez - UTFPR 
Profa. Dra. Carmem Silvia Maluf – UNIUBE 
Profa. Dra. Cássia Regina M. Meirelles – MAKENZIE 
Profa. Dra. Célia Regina Moretti Meirelles – UPM 
Prof. Dr. Cesar Fabiano Fioriti – FCT/UNESP 
Prof. Dr. César Gustavo da Rocha Lima – UNESP 
Prof. Dr. Christiano Peres Coelho – UF Jatai 
Profa. Dra. Cibele Roberta Sugahara – PUC 
Prof. Dr. Cledimar Rogério Lourenzi – UFSC 
Profa Dra. Cristiane Miranda Martins – IFTO 
Prof. Dr. Daniel Sant’Ana – UnB 
Profa Dra. Daniela de Souza Onça – FAED/UESC 
Prof. Dr. Darllan Collins da Cunha e Silva – UNESP 
Profa. Dra. Dayana Ap. M. de Oliveira Cruz – UFSCAR 
Profa. Dra. Denise Antonucci – UPM 
Profa. Dra. Diana da Cruz Fagundes Bueno – UNITAU 
Prof. Dra. Edilene Mayumi M. Takenaka – FATEC 
Prof. Dr. Edson Leite Ribeiro – UNIEURO 
Prof. Dr. Eduardo Salinas Chávez – UFMS/Un. de Havana 
Prof. Dr. Eduardo Vignoto Fernandes – UFG/Jataí 
Prof. Dr. Edvaldo Cesar Moretti – UFGD 
Profa. Dra. Eliana Corrêa A. de Mattos – UNICAMP 
Profa. Dra. Eloisa Carvalho de Araújo – UFF 
Profa. Dra. Eneida de Almeida – USJT 
Prof. Dr. Erich Kellner – UFSCar 
Prof. Dr. Eros Salinas Chàvez – UFMS/Aquidauana 
Profa. Dra. Fátima Ap. da SIlva Iocca – UNEMAT 
Prof. Dr. Felippe Pessoa de Melo – Centro Un. AGES 
Profa. Dra. Fernanda Silva Graciani – UFGD 
Prof. Dr. Fernando Sérgio Okimoto – UNESP 
Profa. Dra. Flávia Akemi Ikuta – UFMS 
Profa. Dra. Flávia Maria de Moura Santos – UFMT 
Profa. Dra. Flávia Rebelo Mochel – UFMA 
Prof. Dr. Francisco Marques Cardozo Júnior – UESPI 
Prof. Dr. Frederico Braida Rodrigues de Paula – UFJF 
Prof. Dr. Frederico Canuto – UFMG 
Prof. Dr. Frederico Yuri Hanai - UFSCAR 
Prof. Dr. Gabriel Luis Bonora Vidrih Ferreira – UEMS 
Profa. Dra. Geise Brizotti Pasquotto – USP 
Profa. Dra. Gelze Serrat de S. Campos Rodrigues – UFU 
Prof. Dr. Generoso de Angelis Neto – UEM 
Prof. Dr. Geraldino Carneiro de Araújo – UFMS 
Prof. Dr. Gilivã Antonio Fridrich – Faculdade DAMA 
Prof. Dr. Glauco de Paula Cocozza – UFU 
Profa. Dra. Iracimara de Anchieta Messias – FCT/UNESP 
Profa. Dra. Irani Lauer Lellis – UFOPA 
Profa. Dra. Isabel C. Moroz Caccia Gouveia – FCT/UNESP 
Profa. Dra Jakeline Aparecida Semechechem – UENP 
Profa. Dra. Jakeline Santos Cochev da Cruz – SEDUC/ MT 
Profa. Dra. Janete Facco – Rede Estadual SC 
Prof. Dr. João Adalberto Campato Jr. – Univ. Brasil 
Prof. Dr. João Cândido André da Silva Neto – UEA 
Prof. Dr. João Carlos Nucci – UFPR 
Prof. Dr. João Paulo Peres Bezerra – UFFS 
Prof. Dr. João Roberto Gomes de Faria – FAAC/UNESP 
Prof. Dr. José Mariano Caccia Gouveia – UNESP 
Prof. Dr. José Queiroz de Miranda Neto – UFPA 
Prof. Dr. José Seguinot – Universidad de Puerto Rico 
Profa. Dra. Josinês Barbosa Rabelo – UFPE 
Profa. Dra. Jovanka B. Cavalcanti Scocuglia – UFPB 
Profa. Dra. Juliana de O. Vicentini – Acessora Acadêmica 
Profa. Dra. Juliana Heloisa Pinê Américo-Pinheiro – FEA 
Prof. Dr. Junior Ruiz Garcia - UFPR 
Profa. Dra. Karin Schwabe Meneguetti – UEM 
Profa. Dra. Katia Sakihama Ventura – UFSCar 
Prof. Dr. Leandro Gaffo – UFSB 
Prof. Dr. Leandro Teixeira Paranhos Lopes – Univ. Brasil 
Profa. Dra. Leda Correia Pedro Miyazaki – UFU 
Profa. Dra. Leonice Domingos dos S. C. Lima – Univ. Brasil 
Profa. Dra. Lidia M. de Almeida Plicas – IBILCE/UNESP 
Profa. Dra. Lidiane Aparecida Alves – PMU 
Profa. Dra. Lilian Keila Barazetti – UNIOESTE e UNIVEL 
Profa. Dra. Liriane Gonçalves Barbosa - UEMASUL 
Profa. Dra. Lisiane Ilha Librelotto – UFS 
Profa. Dra. Luciana Ferreira Leal – FACCAT 
Profa. Dra. Luciana Márcia Gonçalves – UFSCar 
Profa. Dra. Luciane Lobato Sobral – UEP 
Profa. Dra. Lucy Ribeiro Ayach – UFMS 
Prof. Dr. Luiz Fernando Gouvêa-e-Silva – UFG/Jataí 
Prof. Dr. Marcelo Campos – FCE/UNESP 
Prof. Dr. Marcelo Real Prado – UTFPR 
Profa. Dra. Marcia Eliane Silva Carvalho – UFS 
Prof. Dr. Márcio R. Pontes – EQUOIA Eng. Ambiental Ltda. 
Profa. Dra. Margareth de Castro Afeche Pimenta – UFSC 
Profa. Dra. Maria Ângela Dias – UFRJ 
Profa. Dra. Maria Augusta Justi Pisani – UPM 
Profa. Dra. Maria Gloria F. Rodríguez – IEA/Cienf./Cuba 
Profa. Dra. Maria Helena Pereira Mirante - UNOESTE 
Profa. Dra. Maria José Neto – UFMS 
Profa. Dra. Marília Inês M. Barbosa – UFU 
Profa. Dra. Maristela Gonçalves Giassi – UNESC 
Profa. Dra. Marta C. de Jesus A. Nogueira – UFMT 
4 
Profa. Dra. Martha Priscila Bezerra Pereira – UFCG 
Prof. Dr. Maurício Lamano Ferreira – UNINOVE 
Prof. Dr. Miguel Ernesto González Castañeda – 
Universidad de Guadalajara – México 
Profa. Dra. Nádia Vicência do Nascimento Martins - UEP 
Profa. Dra. Natacha Cíntia Regina Aleixo – UEA 
Prof. Dr. Natalino Perovano Filho – UESB 
Prof. Dr. Nilton Ricoy Torres – FAU/USP 
Profa. Dra. Nyadja Menezes R. Ramos - UNIFAVIP 
Profa. Dra. Olivia de Campos Maia Pereira – EESC – USP 
Profa. Dra. Onilda Gomes Bezerra – UFPE 
Prof. Dr. Oscar Buitrago – Univ. Del Valle, Colombia 
Profa. Dra. Patrícia Helena Mirandola Garcia - UFMS 
Prof. Dr. Paulo Alves de Melo – UFPA 
Prof. Dr. Paulo Augusto Romera e Silva – CTH/DAEE 
Prof. Dr. Paulo Cesar Rocha – UNESP/Pres. Prudente 
Prof. Dr. Paulo Nuno Maia de S. Nossa – Univ. Coimbra 
Profa. Dra. Priscila Varges da Silva – UFMS 
Prof. Dr. Raul Reis Amorim - UNICAMP 
Profa. Dra. Regina Célia de Castro Pereira – UEMA 
Prof. Dr. Renan Antônio da Silva – UNESP – IBRC 
Profa. Dra. Renata Morandi Lóra – IFES 
Profa. Dra. Renata R. de Araújo – UNESP/Pres. Prudente 
Prof. Dr. Ricardo de Sampaio Dagnino – UNICAMP 
Prof. Dr. Ricardo Toshio Fujihara– UFSCar 
Profa. Dra. Risete Maria Queiroz Leão Braga – UFPA 
 
 
Profa. Dra. Rita Denize de Oliveira - UFPA 
Prof. Dr. Rodrigo Barchi – UNISO 
Prof. Dr. Rodrigo Cezar Criado – TOLEDO Pres. Prudente 
Prof. Dr. Rodrigo Gonçalves dos Santos – UFSC 
Prof. Dr. Rodrigo José Pisani – UNIFAL – MG 
Prof. Dr. Rodrigo Santiago Barbosa Rocha - UEP 
Prof. Dr. Rodrigo Simão Camacho – UFGD 
Prof. Dr. Ronaldo Rodrigues Araujo – UFMA 
Profa. Dra. Roselene Maria Schneider – UFMT 
Prof. Dr. Salvador Carpi Junior – UNICAMP 
Profa. Dra. Sandra M. Alves da Silva Neves – UNEMAT 
Prof. Dr. Sérgio Augusto Mello da Silva – FEIS/UNESP 
Prof. Dr. Sergio Luis de Carvalho – FEIS/UNESP 
Profa. Dra. Sílvia Carla da Silva André – UFSCar 
Profa. Dra. Simone Valaski – UFPR 
Profa. Dra. Sueli Angelo Furlan – USP 
Profa. Dra. Tânia Fernandes Veri Araujo – IF/Goiana 
Profa. Dra. Tânia Paula da Silva – UNEMAT 
Profa. Dra. Tatiane Bonametti Veiga – UNICENTRO 
Prof. Dr. Thiago F. Dias Kanthack –GP Sist. Neurom. 
Prof. Dr. Umberto Catarino Pessoto – SUCEN – SES/SP 
Profa. Dra. Vera Lucia Freitas Marinho – UEMS 
Prof. Dr. Vilmar Alves Pereira – FURG 
Prof. Dr. Vitor Corrêa de Mattos Barretto – FCAE/UNESP 
Prof. Dr. Xisto S. de Santana de Souza Júnior – UFCG 
Profa. Dra. Yanayne Benetti Barbosa – UFSCar 
 
COMISSÃO CIENTÍFICA ad hoc 
 
Profa. Dra. Danielli C. G. Romero – UNESP/Pres. Prudente 
Prof. Dr. Eduardo Souza de Moraes – UEM 
Profa. Dra. Encarnita Salas Martin – UNESP/Pres. Prudente 
Prof. Dr. José Paulo Peccinini Pinese – UEL 
 
 
 Prof. Dr. Marcelo de Oliveira Latuf – UNIFAL 
 Profa. Dra. Maria Cristina Rizk – UNESP/Pres. Prudente 
 Prof. Dr. Wagner Costa Ribeiro – USP 
 Prof. Dr. Vladimir de Souza – UFRR 
 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 5 
ORGANIZADORES 
 
José Mariano Caccia Gouveia 
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP), mestre e doutor em Geografia 
Física (USP-2000; 2010). Atualmente é professor assistente doutor da FCT/UNESP. Tem experiência na área de 
Geociências, com ênfase em Biogeografia, atuando principalmente nos seguintes temas: Biogeografia, 
planejamento ambiental, conservação e restauração ambiental. Coordena o Grupo de Estudos “Biogeografia 
para a Conservação - Centro de Análises das Transformações Ambientais por Indução Antrópica (BC-
CATAIA), que desenvolve pesquisas voltadas ao diagnóstico, prognóstico, intervenção, manejo e 
monitoramento de projetos destinados à restauração ecológica de áreas degradadas. 
 
Paulo Cesar Rocha 
Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM)/Paraná (1991), mestrado e 
doutorado em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais pela UEM (1995/2002). Pós-Doutorado no 
PEA/UEM/School of Environmental Sciences/University of Liverpool (2015). Atualmente é professor Assistente 
Doutor da FCT/UNESP. Pesquisador 2 do CNPq. Tem experiência na área de Geociências/Geografia Física, 
dinâmica fluvial e Bacias Hidrográficas. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Geografia - 
Mestrado Profissional da FCT/UNESP, Presidente Prudente/SP. Mantém intercâmbios com Universidade de 
Liverpool/Inlgaterra, Universidade do Minho/Portugal e Universidad Nacional de San Juan/Argentina. 
 
Cláudio Antonio Di Mauro 
Licenciado e Bacharel em Geografia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Lins/SP. Mestre e 
Doutor em Geografia Física pela Universidade de São Paulo (USP). Foi Assistente da Divisão de 
Geomorfologia no Projeto Radam/Radambrasil. Presidiu por seis anos o Comitê de Bacias Hidrográficas dos 
rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Trabalhou como Assessor na Agência Nacional de Águas e exerceu 
consultoria para a UNESCO. Aposentado pelo Instituto de Geografia da UNESP/campus de Rio Claro, 
município no qual foi Prefeito por dois mandatos. É professor associado do Instituto de Geografia da 
Universidade Federal de Uberlândia do programa de Mestrado profissional em Recursos Hídricos da 
FCT/UNESP, Presidente Prudente/SP e do Profágua. 
 
Renata Ribeiro de Araújo 
Graduada e mestre em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá. Doutora em Ecologia de 
Ambientes Aquáticos Continentais pela Universidade Estadual de Maringá. Professora assistente doutora da 
Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Presidente Prudente. Vice- coordenadora do Programa 
de Pós-graduação em Geografia, curso de Mestrado Profissional e docente do Programa de Pós-graduação em 
Geografia Acadêmico da UNESP, campus de Presidente Prudente. É membro representante da UNESP em 
Câmaras Técnicas do Comitê de Bacia Hidrográfica do Pontal do Paranapanema. Tem experiência na área 
ambiental, atuando nos seguintes temas: limnologia, educação ambiental em recursos hídricos e recuperação 
de áreas degradadas. 
 
 
COLABORADORA 
 
Leonice Seolin Dias 
Graduada em Ciências pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Tupã/SP (FAFIT). Habilitação em Biologia 
pelas Faculdades Adamantinenses Integradas de Adamantina/SP (FAI). Mestrados em Ciências Biológicas e em 
Ciência Animal e Especialização em Ciências Biológicas pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), 
Presidente Prudente/SP, e doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (FCT/UNESP) de 
Presidente Prudente/SP. 
 
6 
Dedicatória póstuma 
 
Professores Doutores Paulo Augusto Romera e Silva e José Manuel Mateo Rodriguez 
 
Nesta noite chuvosa de dezembro de 2020, as águas que chegam vêm amenizar a escassez hídrica 
que está ocorrendo em parte do país, alegrando corações e renovando as esperanças de melhores dias 
com águas abundantes, alimentos, energia e saúde, dentre tantos outros benefícios que as águas 
nos propiciam.Essas águas nos lembram dos mananciais de Sabedoria que vertiam de dois professores 
dedicados às causas ambientais, Paulo Augusto Romera e Silva, do Centro Tecnológico de Hidráulica, 
São Paulo, Brasil, e José Manuel Mateo Rodriguez, da Universidade de Havana, Cuba, que nos 
deixaram precocemente. Conhecidos pelo compromisso científico e acadêmico, eles dedicaram 
suas vidas a compartilhar, incansavelmente, com muitos alunos, professores, técnicos e gestores 
os conhecimentos oriundos de seus estudos e pesquisas sobre meio ambiente, recursos hídricos, 
geoecologia, educação ambiental e sustentabilidade. 
Os dois professores tiveram expressivas contribuições na formulação e criação do Programa de 
Pós-graduação em Geografia – Mestrado Profissional. Dentre outras ações, o professor Paulo Romera 
contribuiu na articulação de parcerias institucionais com os Comitês de Bacias Hidrográficas, 
formulação de projetos de pesquisa e de extensão, orientação e avaliação de alunos; e o professor 
Mateo Rodriguez participou de colóquios e de projetos com grupos de pesquisa e de atividades de 
divulgação científica para a comunidade regional, sensibilizando e fortalecendo parcerias. 
Os dois professores evidenciavam o papel da universidade na produção de conhecimentos para e com 
os parceiros externos, sua aplicação na resolução de problemas concretos, na formulação e execução 
de políticas públicas e, principalmente, viviam a demonstrar que é possível vivermos de forma solidária, 
generosa e sustentável. 
Assim, nesta singela homenagem, dedicamos este livro “Sustentabilidade em Bacias Hidrográficas: 
conhecimento, inovação e tecnologias em recursos hídricos” aos professores Paulo Romera e Mateo 
Rodriguez, como expressão de nossa eterna gratidão pelos conhecimentos e apoios que nos deram e, 
principalmente, pela oportunidade de termos convivido e caminhado ao seu lado e terem 
compartilhado conosco das águas límpidas de seu Saber 
 
PPGG – Mestrado Profissional – Recursos Hídricos e Meio Ambiente – FTC/UNESP. 
 
 
 
 
 
 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 7 
SUMÁRIO 
 
Prefácio 
 
09 
Apresentação 
 
21 
Capítulo 1 
Gestão pública de bacias hidrográficas e a divisão hídrica nacional 
Flávio Rodrigues do Nascimento 
 
25 
Capítulo 2 
La participación públicaen los procesos de planificación de cuencas hidrográficas: 
la experiencia española en el contexto europeo 
Leandro del Moral Ituarte 
 
49 
Capítulo 3 
Relembrando a crise de abastecimento hídrico urbano verificada entre 2013 e 2015 
em São Paulo: os prejudicados e os beneficiados pela gestão dos recursos hídricos 
Vanderlei de Oliveira Ferreira; Marcelo de Souza Calmon; Rafael Mendes Rosa 
 
67 
Capítulo 4 
Expansão territorial e segurança hídrica no Brasil 
Paulo Henrique Kingma Orlando 
 
85 
Capítulo 5 
Sustentabilidade territorial em Bacias Hidrográficas: algumas considerações 
preliminares a partir do caso da Bacia do Rio Mondego (Portugal) 
Lúcio Cunha; Isabel Paiva 
 
101 
Capítulo 6 
Bacias hidrográficas e o monitoramento da qualidade da água de reservatórios 
de hidrelétricas 
Marcela David de Carvalho; Ênio Marcus Brandão Fonseca; José Geraldo Mageste 
 
117 
Capítulo 7 
Índices de apropriação do meio físico em bacias hidrográficas: conceituação e estudo 
de caso 
Paulo Cesar Rocha 
 
139 
Capítulo 8 
Simulation of nitrate concentrations in the Willamette River, northwestern of the 
Oregon state, United States 
Carolina Altavini de Abreu; Renata Ribeiro de Araújo; Bithin Datta 
 
153 
Capítulo 9 
Rompimento da Barragem de minério de ferro em Brumadinho: análise do 
deslocamento da pluma de rejeito pelo monitoramento da qualidade da água e sedimento 
Elisa Dias de Melo; Felipe Bernardes Silva; Marianne Silvestre Teixeira Almeida; 
Marília Carvalho de Melo 
 
165 
8 
 
 
 
 
 
 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 9 
PREFÁCIO 
 
A água, o rio da minha aldeia e a sustentabilidade das bacias hidrográficas 
 
O convite para escrever uma nota para a publicação “Sustentabilidade em bacias 
hidrográficas: conhecimento, inovação e tecnologias em recursos hídricos”, que muito 
me honra, tornou-se irrecusável por consideração a quem o formulou, às cumplicidades 
que nos unem, às lembranças que a problemática me suscita e à aprendizagem que me 
proporciona a leitura dos vários artigos incluídos no trabalho. As razões desta anuência obrigam, 
por estes motivos, a redobrar os agradecimentos e esperar não defraudar as expetativas 
dos organizadores da edição, a quem devo tal distinção e tão imerecido sinal de confiança. 
O trabalho adverte para a premência duma adequada gestão das bacias hidrográficas 
como meio para garantir água disponível, em quantidade e qualidade, e assegurar a 
preservação do ambiente. A água e a consequente gestão das bacias hidrográficas 
constituem, portanto, um dos pontos críticos com que a sociedade se confronta, 
questões prementes que envolvem processos complexos que não se limitam ao mero 
exercício técnico nem se esgotam em boa práticas do uso adequado dos recursos 
disponíveis. Os autores referem que, além destas implicações, que importa acautelar, 
outras, igualmente substantivas e profundas, acabam por nos conduzir à definição de 
políticas públicas inclusivas, sustentadas cientificamente e eticamente respaldadas. 
A voz dos autores junta-se, através deste trabalho, aos que vêm avisando para o enorme 
desafio que a água representa para a humanidade, cuja gestão deve ser feita com rigor 
e justiça, sem ser capturada por interesses individuais, para que poucos não se apropriem nem 
comprometam um bem coletivo. Estas preocupações estão alinhadas, aliás, com os apelos 
feitos por diferentes entidades e personalidades, a nível global, desde a ONU ao próprio 
Papa Francisco, sobre o combate que importa travar para mitigar as consequências da escassez 
extrema de água que assolam extensas áreas em todos os continentes. 
 
“Enquanto a qualidade da água disponível piora constantemente, em alguns 
lugares cresce a tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se 
uma mercadoria sujeita às leis do mercado. Na realidade, o acesso à água potável 
e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque 
determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício 
dos outros direitos humanos” (Papa Francisco, 2015, "Laudato si”). 
10 
Água, uma questão global: urgência da gestão das bacias hidrográficas, pertinência das 
politicas públicas, premência do respaldo ético 
 
A falta de água afeta um número impressionante de pessoas a nível mundial, facto 
que tem elevado a ONU a manter o tema em agenda, visando alertar a comunidade 
internacional para a magnitude do drama vivido por milhões de pessoas em muitas regiões 
do globo. Os indicadores publicados pela ONU1 são impressionantes e bem elucidativos: 
 
- Três em cada dez pessoas não têm acesso a água potável, 2,1 mil milhões de pessoas 
não têm acesso a serviços de água potável com segurança e, por este motivo, cerca de 
4 mil milhões de pessoas passam por uma grave escassez de água potável durante, pelo menos, 
um mês do ano. 
- Mais de 2 mil milhões de pessoas vivem em países com um elevado nível de “stress” 
hídrico, 4,5 mil milhões de pessoas carecem de serviços de saneamento com 
segurança e 1,5 milhão de crianças com menos de cinco anos morrem todos os anos 
de doenças relacionadas com a diarreia. 
- Quase metade das pessoas que bebem água de fontes desprotegidas vivem na 
África Subsaariana sendo que, seis em cada dez pessoas não têm acesso a serviços 
de saneamento com segurança, retornando ao ecossistema sem serem tratadas 
ou reutilizadas 80% das águas residuais. 
 - Cerca de dois terços dos rios transfronteiriços do mundo não possuem uma estrutura 
de gestão cooperativa e 90% de todos os desastres naturais estão relacionados 
com a água. 
 
Adverte ainda que a escassez de água potável e saneamento adequados afetam 
com maior intensidade “os grupos mais pobres ou que sofrem discriminação social tais 
como as minorias étnicas, as mulheres, crianças, refugiados, povos indígenas, pessoas com 
deficiências e outras minorias”. A discriminação sentida no acesso à água tem por base 
o “sexo, género, raça, etnia, religião, condição de nascimento, casta, língua, nacionalidade, 
incapacidade, idade, estado de saúde e situação económica e social”. Esta situação é ainda 
agravada pela conjugação de fatores “como a degradação ambiental, as mudanças 
climáticas, o crescimento demográfico, os conflitos, os fluxos migratórios e a deslocação 
forçada”, potenciadora da marginalização daqueles grupos no acesso à água potável2. 
 
1Fonte: Água. Nações Unidas, Centro regional de informação para o Europa Ocidental: https://unric.org/pt/agua/ 
2Idem. 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 11 
Este retrato sucinto revela a dimensão duma tragédia que, tendo por base uma 
distribuição assimétrica deste recurso vital, é ampliada por um acesso ainda mais desigual 
que acaba por comprometer o desenvolvimento, acentua a pobreza extrema e faz alastrar 
a fome no mundo. Não admira, pois, que a ONU tenha dado prioridade à definição de 
estratégias relacionadas com a água, nas últimas décadas, com o objetivo de superar 
constrangimentos tão pesados3. 
Sem nos alongarmos em propostas mais antigas, observemos a atual Agenda 2030 
para o Desenvolvimento Sustentável, que entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento 
Sustentável (ODS) supostos serem alcançados pela comunidade a nível global, está incluído 
um especifico relativo à água (ODS 6): “alcançar o acesso a saneamento e higiene 
adequados e justos para todos, melhorar a qualidade da água e reduzir para metade 
a proporção de águas residuais não tratadas reduzindo substancialmente o número de 
pessoas afetadas pela escassez de água”. 
Não deixar ninguém para trás, propósito que simboliza a mensagem da Agenda 2030, 
implica neste caso cumprir o que tem siso dito e redito, isto é, que “a água é um direito 
humano. Ninguém deve ter esse acesso negado”. Contudo, importa ter bem presente que 
“a escassez deste bem universal tende a aumentar até 2050 devido à procura do setor 
industrial e doméstico das economias emergentese devido ao aumento da população mundial. 
Existe, portanto, uma necessidade crescente de equilibrar a demanda dos recursos hídricos 
com a necessidade das comunidades. A água não pode ser vista isoladamente do saneamento. 
Juntos, são vitais para reduzir a carga global de doenças e melhorar a saúde, a educação 
e a produtividade económica das populações”4. 
O que está verdadeiramente em causa é o de acelerar “os esforços para enfrentar 
os desafios relacionados à água, inclusive o acesso limitado à água potável e ao saneamento, 
o aumento da pressão sobre os recursos hídricos e ecossistemas, e um risco exacerbado 
 
3A água tem vindo a ser sucessivamente abordada em momentos e sob perspetivas distintas, destacando-se: 
Conferência das Nações Unidas sobre a Água (1977), Década Internacional do Abastecimento de Água 
Potável e Saneamento (1981-1990), Conferência Internacional sobre a Água e o Meio Ambiente (1992) 
e durante a própria Cimeira da Terra (1992). Água para a Vida (2005-2015) foi uma década de ação 
internacional pelo acesso a água potável e “o progresso no saneamento como parte do esforço para 
alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio”. Além da Estratégia Sendai (2015-2030), centrada 
na Redução do Risco de Desastres, a Agenda de Ação de Addis Abeba (2015) e o Acordo de Paris da 
Convenção-Quadro da ONU sobre as Alterações Climáticas (2015), está a decorrer a Água para o Desenvolvimento 
Sustentável (2018–2028), alinhada com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. 
4https://unric.org/pt/agua/ 
12 
de secas e enchentes. As metas deste ODS abrangem todos os aspetos dos sistemas de ciclo 
da água e saneamento, e a sua conquista é projetada para contribuir para o progresso 
numa série de outros ODS, principalmente na esfera da saúde, educação, economia e meio 
ambiente.” O acesso universal e equitativo à água potável e ao saneamento até 2030 é, pois, 
o ponto crítico do Objetivo 6 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento, ao defender porque 
“a água é fundamental para o desenvolvimento socioeconómico, para a produção de energia 
e alimentos, para a construção de ecossistemas saudáveis e para a sobrevivência da espécie 
humana”. Sem esquecer que a “água é também essencial para fazer frente às alterações 
climáticas, servindo como elo crucial entre a sociedade e o meio ambiente” (idem). 
As diferentes fases do ciclo da água colidem com um elevado número de questões 
como decorre da intensa produção legislativa, cujo quadro normativo é cada vez mais 
pesado, complexo e tecnicamente sofisticado. As questões levantadas pela água e pela gestão 
das bacias hidrográficas5 são transversais, especificas e assumem cambiantes que variam 
consoantes os países ou, mesmo, em função das diferentes regiões dum mesmo país. 
Com as devidas ressalvas, tomando como referência o caso português e a Lei da Água 
(Lei n.º 58/2005), tal abrangência é ressaltada pelo elevado número de artigos (197), 
que cobrem um leque temático tão amplo que obrigou a enquadra-los em dez capítulos6. 
Importa sublinhar que esta lei foi precipitada pelo facto de Portugal ter aderido, 
em 1986, à União Europeia, facto que implicou ter de transpor para o normativo jurídico 
português o principal instrumento da Política da União Europeia relativa à Água (Directiva 
n.º 2000/60/CE)7, que constitui o quadro de ação comunitária aprovado, em 23 de Outubro 
de 2020, pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho. A Lei da Água atrás referida começa 
por definir o seu âmbito (Artigo 2º), onde “além das águas”, importa considerar “os 
respectivos leitos e margens, bem como as zonas adjacentes, zonas de infiltração máxima 
 
5A Lei da Água portuguesa refere que “a região hidrográfica é a unidade principal de planeamento e gestão 
das águas, tendo por base a bacia hidrográfica”. 
6Os capítulos evidenciam a amplitude temática: I. Disposições gerais (onde são enunciados os Objectivos, 
Âmbito, Princípios e Definições); II. Enquadramento institucional; III. Ordenamento e planeamento dos 
recursos hídricos (inclui quatro seções: Disposições gerais, Ordenamento, Planeamento, Protecção e 
Valorização); IV. Objectivos ambientais e monitorização das águas; V. Utilização dos recursos hídricos; VI. 
Infra-estruturas hidráulicas; VII. Regime económico e financeiro; VIII. Informação e participação do público; 
IX. Fiscalização e sanções; X. Disposições finais e transitórias. 
7A Diretiva-Quadro da Água (Diretiva 2000/60/CE), principal instrumento da Política da União Europeia 
relativa à Água, é complementada com outras Diretivas, designadamente, das Águas Balneares, das Águas 
Residuais Urbanas e a dos Nitratos. 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 13 
e zonas protegidas”. A definição do que está verdadeiramente em causa e dos valores 
que a sustentam obriga-nos a dar atenção aos objetivos que a balizam (Artigo 1º)8 e aos 
princípios que a norteiam (Artigo 3.º)9 a política da água Portugal. 
Outras matérias igualmente importantes e conexas com a Lei da Água, como a 
Titularidade dos Recursos Hídricos, Monitorização/normas de qualidade, Utilização dos 
recursos hídricos, Águas subterrâneas, Águas residuais, Domínio hídrico e Participação 
pública são regulamentados por outros Decretos-Leis, Leis e Portarias. Importa ainda 
referir compete à Autoridade Nacional da Água e de Autoridade Nacional de Segurança de 
Barragens, entre outras, funções tão relevantes como: “Propor, desenvolver e acompanhar 
a execução da política nacional dos recursos hídricos, de forma a assegurar a sua gestão 
sustentável, bem como garantir a efetiva aplicação da Lei da Água e demais legislação 
complementar; Assegurar a proteção, o planeamento e o ordenamento dos recursos 
hídricos; Promover o uso eficiente da água e o ordenamento dos usos das águas; Gerir 
situações de seca e de cheia, coordenar a adoção de medidas excecionais em situações 
extremas de seca ou de cheias e dirimir os diferendos entre utilizadores relacionados 
com as obrigações e prioridades decorrentes da Lei da Água e diplomas complementares” 10. 
 
8A Lei define um conjunto vasto de objetivos: a) Evitar a continuação da degradação e proteger e melhorar o 
estado dos ecossistemas aquáticos; b) Promover uma utilização sustentável de água (protecção a longo prazo 
dos recursos hídricos disponíveis); c) Obter uma protecção reforçada e um melhoramento do ambiente 
aquático (descargas, emissões e perdas de substâncias prioritárias); d) Assegurar a redução gradual da poluição 
das águas subterrâneas; e) Mitigar os efeitos das inundações e das secas; f) Assegurar o fornecimento 
em quantidade suficiente de água de origem superficial e subterrânea de boa qualidade, conforme necessário 
para uma utilização sustentável, equilibrada e equitativa da água; g) Proteger as águas marinhas, incluindo 
as territoriais; h) Assegurar o cumprimento dos objectivos dos acordos internacionais pertinentes, incluindo 
os que se destinam à prevenção e eliminação da poluição no ambiente marinho.” 
9São elencados dez princípios que nos fazem lembrar os dez mandamentos: 
a) do valor social da água (consagra o acesso universal à água para as necessidades humanas básicas, a custo 
socialmente aceitável, e sem constituir factor de discriminação ou exclusão); 
b) da exploração e da gestão públicas da água (aplicando-se imperativamente aos sistemas multimunicipais 
de abastecimento público de água e de saneamento); 
c) da dimensão ambiental da água (nos termos do qual se reconhece a necessidade de um elevado nível 
de protecção da água, de modo a garantir a sua utilização sustentável); 
d) do valor económico da água (consagra o reconhecimento da escassez actual ou potencial deste recurso 
e a necessidade de garantir a sua utilização economicamente eficiente, com a recuperação dos custos dos serviços 
de águas, mesmo em termos ambientais e de recursos, e tendo por base os princípios do poluidor-pagador 
e do utilizador-pagador). 
Sãoainda apontados os seguintes princípios: e) de gestão integrada das águas e dos ecossistemas aquáticos 
e terrestres associados e zonas húmidas deles directamente dependentes; f) da precaução; g) da prevenção; 
h) da correcção; i) da cooperação; j) do uso razoável e equitativo das bacias hidrográficas partilhadas. 
10https://apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=7. As funções de Autoridade Nacional da Água e de Autoridade 
Nacional de Segurança de Barragens são exercidas, atualmente, pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA). 
14 
A água, como se depreende do que se tem vindo a referir, não suscita apenas 
debates técnicos, políticos e, mesmo, geopolíticos se dermos atenção ao relevo que lhe 
foi atribuído pelo Papa Francisco, na Carta Encíclica sobre o Cuidado da Casa Comum, 
“Laudato si”11, publicada em 2015, conhecida como a "encíclica verde". A sua leitura 
mostra que estão em jogo outras dimensões, designadamente éticas e morais, sobretudo 
quando se caminha para situações limite e se constata que “outros indicadores da situação 
actual têm a ver com o esgotamento dos recursos naturais.” Por isso, “a água potável e limpa 
constitui uma questão de primordial importância, porque é indispensável para a vida 
humana e para sustentar os ecossistemas terrestres e aquáticos. As fontes de água doce 
fornecem os sectores sanitários, agro-pecuários e industriais. A disponibilidade de água 
manteve-se relativamente constante durante muito tempo, mas agora, em muitos 
lugares, a procura excede a oferta sustentável, com graves consequências a curto e longo 
prazo. Grandes cidades, que dependem de importantes reservas hídricas, sofrem 
períodos de carência do recurso, que, nos momentos críticos, nem sempre se administra 
com uma gestão adequada e com imparcialidade. A pobreza da água pública verifica-se 
especialmente na África, onde grandes sectores da população não têm acesso a água 
potável segura, ou sofrem secas que tornam difícil a produção de alimento. Nalguns países, 
há regiões com abundância de água, enquanto outras sofrem de grave escassez” 12. 
A citação foi mais longa porque constitui um diagnóstico assertivo e tão certeiro 
que só pode levar à conclusão que “um problema particularmente sério é o da qualidade 
da água disponível para os pobres, que diariamente ceifa muitas vidas.” Continua com uma 
advertência que é, simultaneamente, um apelo: “Este mundo tem uma grave dívida social 
para com os pobres que não têm acesso à água potável, porque isto é negar-lhes o direito 
à vida radicado na sua dignidade inalienável. Esta dívida é parcialmente saldada com 
maiores contribuições económicas para prover de água limpa e saneamento as populações 
mais pobres. Entretanto nota-se um desperdício de água não só nos países desenvolvidos, 
 
11Papa Francisco (2015), "Laudato si', Carta Encíclica sobre o Cuidado da Casa Comum. 
12Continua: “Entre os pobres, são frequentes as doenças relacionadas com a água, incluindo as causadas por 
microorganismos e substâncias químicas. A diarreia e a cólera, devidas a serviços de higiene e reservas 
de água inadequados, constituem um factor significativo de sofrimento e mortalidade infantil. Em muitos 
lugares, os lençóis freáticos estão ameaçados pela poluição produzida por algumas actividades extractivas, 
agrícolas e industriais, sobretudo em países desprovidos de regulamentação e controles suficientes. 
Não pensamos apenas nas descargas provenientes das fábricas; os detergentes e produtos químicos que 
a população utiliza em muitas partes do mundo continuam a ser derramados em rios, lagos e mares”. 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 15 
mas também naqueles em vias de desenvolvimento que possuem grandes reservas. Isto 
mostra que o problema da água é, em parte, uma questão educativa e cultural, porque não há 
consciência da gravidade destes comportamentos num contexto de grande desigualdade”. 
No momento em que pairam nuvens tãocarregadas no horizonte e a água é um 
factor crescente de instabilidade, importa que algumas vozes não bradem no deserto, 
que continuem a alertar para os riscos que levanta e os deveres que devem ser assumidos 
coletivamente: “Uma maior escassez de água provocará o aumento do custo dos alimentos 
e de vários produtos que dependem do seu uso. Alguns estudos assinalaram o risco de sofrer 
uma aguda escassez de água dentro de poucas décadas, se não forem tomadas medidas 
urgentes. Os impactos ambientais poderiam afectar milhares de milhões de pessoas, 
sendo previsível que o controle da água por grandes empresas mundiais se transforme numa 
das principais fontes de conflitos deste século” (idem). 
 
“Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia / E para onde ele vai / E donde 
ele vem. / E por isso, porque pertence a menos gente, / É mais livre e maior o rio 
da minha aldeia” (Poemas de Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa, O Guardador 
de Rebanhos, 7-3-1914). 
 
O rio da minha aldeia: a água e a (nossa) vida 
 
Água fonte de vida é uma verdade glosada à exaustão para nos lembrar o vínculo 
que selamos no momento da nossa conceção ao iniciar uma relação, líquida e perene, que nos 
acompanhará para o resto da vida. Para os que, como eu e os da minha geração, a sua geografia 
vivida foi confinada ao universo rural e a uma pequena aldeia portuguesa, o vínculo com a água 
é ainda mais forte e decisivo, porque o acesso era crítico e representava um sacrifício. 
A enorme dependência da água, nesse passado mais distante, obrigava a explorar 
todas as origens possíveis - ribeiros, poços, fontes naturais e, mesmo, da chuva, 
armazenada em cisternas - para responder às necessidades e viabilizar as diversas 
atividades, fosse o uso doméstico, a agricultura, mover moinhos e, mesmo, um uso mais 
lúdico. A relação de cada um com a água varia consoante a sua vivência, sendo ditada 
pela experiência que proporciona o lugar onde se nasce e os contextos onde se desenrola 
a luta pela sobrevivência: a água da chuva, por exemplo, não tem o mesmo significado 
se vivemos na cidade ou no campo; aqui, determina o modo de vida, influência o calendário 
agrícola, é responsável pela abundância ou escassez do que se produz. 
16 
Ao revisitar a aldeia onde vivi o primeiro quarto de século da minha existência sou 
levado a concluir, no que diz respeito à água como relativamente a outros domínios sociais, 
como foram possíveis tantas mudanças em tão pouco tempo. Ao contemplar o rio da minha 
aldeia, hoje, assalta-me o mesmo sentimento topofílico, melancólico e nostálgico, análogo 
ao descrito por José Saramago, quando regressou aos lugares de infância e constata que 
“o Almonda é um rio de águas mortas, vida, nele, só a da podridão. Em criança tomou 
banho neste pego”. Ao olhar para o rio onde aprendi a nadar também me apetece dizer 
que “não vale a pena ir ver outra vez o rio: nem sequer é um morto limpo (JS, 1981, Viagem 
a Portugal: 402-403). 
Ao rever estas memórias e o convívio íntimo das pessoas e da comunidade com a 
água retenho alguns ensinamentos que me parecem pertinentes partilhar no âmbito da 
presente reflexão: 
 
- O contexto local (geográfico, histórico, económico e social) faz toda a diferença 
no acesso e no uso da água. O lugar em causa era de reduzida dimensão, habitado por 
uma comunidade camponesa, onde imperava o minifúndio e predominava a pequena 
agricultura familiar. Localizado nas margens dum pequeno afluente do Mondego, 
a ribeira que o atravessava era relativamente abundante em água para alimentar 
pequenos regadios. A água marcava uma diferença fundamental: o campo, área 
de várzea, nos vales, permitia culturas regadas, distinguia-se do monte onde dominava 
o sequeiro. A organização produtiva das explorações agrícolas assentava numa estrutura 
fundiária e num diálogo entre o campo e o monte, isto é, na complementaridade entre 
o regadio e o sequeiro. 
- O tempo, as infraestruturas hidráulicas e o uso da água. A comunidade mantinha 
coma água uma relação ancestral que remonta à ocupação do território por outros 
povos, sobretudo romanos e árabes, profundos conhecedores das técnicas e dos 
processos hidráulicos mais apropriada para otimizar o seu uso. A “cultura da água”, 
um dos legados que aqueles povos nos deixaram, evoluiu com o tempo e com a 
realização de pequenas infraestruturas hidráulicas que permitiram instalar 
pequenos regadios e moinhos movidos por água, originando uma incipiente 
indústria de moagem artesanal. A água para beber, como para outro consumo 
doméstico e o gado, obrigava ao penoso transporte braçal, das fontes locais, sem 
controlo adequado. Este quadro só viria a ser alterado depois do 25 de abril de 1974; 
a urbanização, a adesão à União Europeia e a perda de importância da agricultura 
veio alterar o idílico, mas problemático, panorama dos campos portugueses, 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 17 
onde subsistia uma situação que parecia imutável. Com o tempo acabaram por se 
instalar algumas indústrias na cabeceira da bacia hidrográfica e a montante uma 
estação de tratamento de águas residuais (ETAR), que acelerou a degradação 
ambiental, “mantando o rio” ao ponto de não permitir qualquer atividade lúdica, 
incluindo a pesca, outrora possível. 
- A gestão da água e dos regadios tradicionais. Um dos aspetos mais interessantes 
desta realidade prende-se com o modo como a comunidade ainda continua a fazer 
a manutenção das infraestruturas hidráulicas e assegura a gestão da água. Esta utilização 
era regulada por “louvados”, eleitos anualmente pelos beneficiários do regadio , 
que tinham a incumbência de atribuir as horas de rega a que cada agricultor tinha 
direito, marcar os dias de trabalho que tinham de dar para assegurar a manutenção 
dos canais de rega. Além de regular e mediar eventuais conflitos que surgiam muitas 
vezes com invulgar violência. Casos como este, de comunitarismo em sociedades rurais, 
surgem quando, ontem como hoje, os cidadãos se unem para compartilhar 
recursos e administrar coletivamente de maneira autônoma um bem comum. 
- A pequena escala e os saberes locais. Estas apreciações remetem-nos para um tempo 
e um lugar onde a sua harmonia da comunidade resultava dum equilíbrio que 
assentava na proximidade, na pequena escala e nos saberes locais colocados ao 
serviço do maneio de recursos locais, particularmente da gestão da água. Este capital 
de conhecimento e escala de intervenção local, embora enfatizada em Small Is 
Beautiful, onde Ernst Friedrich Schumacher (1973) faz uma critica contundente ao 
modelo de desenvolvimento vigente, baseado nos grandes projetos, acabaram por 
ser desvalorizadas pelas políticas publica que abandonaram aquelas comunidades 
à sua sorte e ditaram a agonia da pequena agricultura. O tempo foi-me afastando 
deste mundo e a minha relação com a água assumiu outras dimensões, de que relevo 
as proporcionadas pela viagem e pela literatura. As viagens permitiram conhecer rios 
e bacias hidrográficas, em vários pontos do mundo, que colocaram no devido lugar 
o pequeno rio que corre na minha aldeia. Apesar de reconhecer as dimensões do Tejo, 
Danúbio, Paraná, a espetacular Foz do Iguaçu ou o incomparável Amazonas, porque 
aquele pequeno rio me pertence, “é mais livre e maior o rio da minha aldeia”. 
 
As viagens literárias permitem explorar a relação entre arte e território, facultam 
informação inspirada ora na fição ora na realidade que que calibra uma leitura do território 
mais holística. Adianto apenas dois apontamentos literários para ilustrar a centralidade da 
água em algumas abordagens: 
18 
- a seca e a agustiante falta de água em Cabo Verde: “Teve, de repente, saudades 
da sua ribeira mansa, da sua casa solitária e tranquila no meio da chã, do regadio 
do Ribeirãozinho onde o seu sonho era explorar a nascente, fazer espichar água 
da rocha. Lá fora, nesse momento, o mar urrava como animal de campo. Outras 
vezes imitava a trovoada. As ondas rolando na cascalheira da praia, pareciam bois 
furiosos raspando sem cessar com os cascos. O chão de terra batida tremia como 
se as ondas abafassem a casa – assim como nas horas de chuva rija quando os 
ribeiros trazem pedregulhos rolando pelo leito abaixo” (Lopes, 1956: 133)13. 
 - a hidrografia: cheias, riscos e fertilização dos campos: “aqui, as águas que a 
ribeira leva e se juntam às do rio Sabor refluem diante do grande caudal do Douro 
e vem espraiar-se por todo o vale, onde ficam a decantar as matérias fertilizantes 
que trazem em suspenso, a regolfa, dizem os habitantes de cá, para quem o 
Inverno, se a mais se não demanda, é uma estação feliz” (JS, p. 41)14. 
 
“às cheias se deve a notável aptidão agrícola do vale banhado pelo Mondego 
na última secção do seu curso; todavia, a impetuosidade das águas cortando 
os diques, fazendo quebradas com o consequente depósito de toneladas de areia, 
é, por seu turno, a ruina de muitos hectares. Com as cheias também sofrem 
as povoações ribeirinhas. Outrora Coimbra via, por vezes, as ruas da zona da baixa 
transformada em canais onde singravam barcos a levar socorros aos habitantes 
bloqueados nas suas moradias” (Alfredo Fernandes Martins, 1940). 
 
O esforço do homem nas bacias hidrográficas: um tributo aos mestres 
 
 As bacias hidrográficas foram, desde muito cedo, objeto de estudo pela geografia, 
tendência igualmente acompanhada pela geografia portuguesa. A caminhada que aqui se 
inicia havia de nos conduzir a debates como o que é proposto na presente edição, pertinente 
e atual, sobre a sustentabilidade das bacias. Entre os trabalhos fundadores de investigação 
geográfica em Portugal estão duas obras sobre as maiores bacias hidrográficas, 
exclusivamente nacionais, formadas pelo Rio Vouga15 e pelo Rio Mondego16, da autoria 
de Aristides de Amorim Girão (1985-1960) e Alfredo Fernandes Martins (1916-1982). 
 
13Rui Jacinto (2016) – “As-água” na Geografa e Literatura de Cabo Verde: Manuel Lopes e a geografcidade 
da sua obra. 
14Rui Jacinto (2015) - (D)Escrever a terra: geografia, literatura, viagem. A Geografia de Portugal segundo 
José Saramago 
15 Aristides de Amorim Girão (1922) – Bacia do Vouga. Estudo geográfico. Coimbra, Imprensa da Universidade 
(Dissertação de Doutoramento na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em Ciências Geográficas). 
16 Alfredo Fernandes Martins (1940) – O esforço do homem na bacia do Mondego. Ensaio geográfico. Coimbra 
(Dissertação de Licenciatura. No seu trabalho de doutoramente, Maciço Calcário Estremenho. Contribuição 
para um estudo de gegrafia física, 1949, a água esteve presente, apesar da sua quase permanente ausência 
neste tipo de material litológico, em dois capítulos fundamentais: (i) O relevo do solo: seus factores; os agentes 
externos: suas acções; a água: suas técticas. (ii) Morfologia calcária: fenómenos da hidrografia cársica: perdas, 
ressurgências, exsurgências. 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 19 
Estes autores e aquelas obras fazem parte do património geográfico português, são 
indissociáveis da fundação da moderna geografia, quando esta ciência passou a ser ensinada 
na Universidade portuguesa, sobretudo na Escola de Coimbra, de que foram referências que 
influenciaram sucessivas gerações de investigadores. Embora datadas, com as limitações 
conceptuais e metodológicas próprias da época em que foram elaboradas, aqueles estudos 
tiveram o mérito de alertarem para muitas questões que permanecem atuais. O trabalho de 
Amorim Girão sobre o Rio Vouga foi a primeira tese de doutoramento em geografia feita 
entre nós (1922), enquanto o estudo da Bacia do Mondego, de Alfredo Fernandes Martins, 
mostrou a importância das bacias hidrográficas como unidades coerentes para o estudo da 
geografia regional. 
Amorim Girão, alertou no prefácio da sua tese, faz quase um século, para a 
importância duma geografia aplicada e como ela pode ser útil à ação: “De há muito, nos mais 
adiantados países daEuropa e nos Estados Unidos da América do Norte, se vem debatendo 
com insistência as questões relativas ao estudo da geografia, tirando delas todas as 
vantagens práticas que pode oferecer; de há muito, se vem reconhecendo a importância 
dos estudos geográficos e o excepcional interesse que eles apresentam a todas as classes 
sociais – ao agricultor, ao industrial, ao comerciante, ao economista, ao político”. 
Chama a atenção para a importância das políticas publicas serem suportadas 
cientificamente quando afirma “a necessidade imperiosa, sobretudo para as classes 
dirigentes, do conhecimento perfeito das condições mesológicas e recursos naturais de um 
país, para que, por meio de legislação conveniente, saibam fomentar o seu progresso 
agrícola, industrial e comercial” (Girão, 1922: pp.: IX)17. 
 
17 “Quem duvidará que o insucesso das tentativas dos nossos homens públicos, quanto à resolução de diversos 
problemas da economia nacional, se deve em grande parte ao desconhecimento das condições naturais 
do nosso solo e clima? Na verdade, se estas condições são tão variadas, diremos mesmo antagónicas , 
se as culturas predominantes, o modo de vida, os processos agrícolas e, concomitantemente, a constituição 
da propriedade, os sistemas de repartição das águas, o regime das heranças, as relações sociais enfim, 
são por vezes fundamentalmente diferentes de uma região para outra, ¿como se compreende que a todo o torrão 
português se imponha a mesma rigidez legislativa, lançando por igual medidas de fomento que, para bem 
poderem aplicar-se, deveriam por vezes ser diametralmente opostas? Por isso, as nossas disposições 
legislativas de carácter económico ficam as mais das vezes sem efetivação prática, quando não sucede 
produzirem efeito contraproducente. Porque, não é, por exemplo, com decretos ministeriais que se modificam, 
restringem ou intensificam as culturas de uma dada região: quem dita a lei é a Natureza, é a constituição 
geológica e relêvo do terreno, é o clima, é todo este conjunto, enfim, de condições naturais que urge conhecer 
e ponderar - no que consiste toda a utilidade prática do estudo da geografia” (Girão, 1922: pp.: IX-XI). 
20 
O ensinamento dos mestres mostra o significado das bacias hidrográficas para a 
investigação e a sua a importância para a acção, o papel que tiveram como unidades 
coerentes para o estudo da geografia regional e para o planeamento. As bacias 
hidrográficas serviram de base a estudos sobre a organização do espaço, a mitigação da 
degradação ambiental ou o desenvolvimento, tanto em sentido lato como nas declinações 
económicas, sociais e territoriais, conhecendo, mais recentemente, as várias adjetivações 
que lhe foram apostadas (integrado, endógeno, sustentável, etc.). 
Os estudos e as análises que desde as primeiras décadas do século XX tiveram as bacias 
como objeto enfatizaram umas vezes aspetos de índole teórico e conceptual em outras 
as vertentes mais práticas, vocacionadas para a ação. Sem desenvolver a história que nos 
trouxe até aos dias de hoje referiremos, para concluir, a intervenção que inspirou as políticas 
publicas de muitos países nestas matérias, paradigma de inúmeros planos e programas que 
deram origem a grandes projetos hidroagrícolas de fins múltiplos, realizados um pouco 
por todo o mundo, nem sempre com bons resultados: a quase centenária Tennessee Valley 
Authority (TVA), criada pelo Congresso americano, em 1933, é uma consequência direta 
da grande depressão dos anos 20, acabou por influenciar, em Portugal, um vasto plano 
de barragens e de alguns perímetros de rega. 
 
 
Coimbra, 20 de novembro de 2020 
 
 
 
Dr. Rui Manuel Missa Jacinto18 
Pesquisador do Centro de Estudos de Geografia e de Ordenamento do território, 
Coimbra, Portugal. 
 
 
 
 
 
18Geógrafo. Técnico Assessor Principal na omissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, 
onde exerce as funções de Secretário Técnico do Programa Operacional Regional do Centro. Assistente 
Convidado no Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Portugal) 
e investigador no Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT). 
 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 21 
APRESENTAÇÃO 
 
O e-book aqui apresentado é o segundo volume resultante da seleção de temas que 
foram discutidos por pesquisadores das instituições participantes, do Brasil e do Exterior, 
no VI Workshop Internacional Sobre Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de 
Bacias Hidrográficas, acontecido na Universidade Federal de Uberlândia, que contou com 
participação de 720 profissionais de universidades, de órgãos governamentais, da iniciativa 
privada e de representantes de organizações da sociedade civil. 
Considerando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial 
o ODS 6, Água Potável e Saneamento, o engajamento dos pesquisadores da Rede Águas 
neste e em outros ODS ligados à Água e Sustentabilidade, uma série de eventos e livros 
têm sido desenvolvidos para tratar os temas importantes dentro deste contexto. 
Importante lembrar que o ODS 6 busca assegurar a disponibilidade e a gestão 
sustentável da água e saneamento para todos, como nos apresenta a Agenda 2030: A água 
está no centro do desenvolvimento sustentável e das suas três dimensões - ambiental, 
econômica e social. Os recursos hídricos, bem como os serviços a eles associados, sustentam 
os esforços de erradicação da pobreza, de crescimento econômico e da sustentabilidade 
ambiental. O acesso à água e ao saneamento importa para todos os aspectos da dignidade 
humana: da segurança alimentar e energética à saúde humana e ambiental. Outra 
preocupação diz respeito à disponibilidade de água: A escassez de água afeta mais de 40% 
da população mundial, número que deverá subir ainda mais como resultado da mudança 
do clima e da gestão inadequada dos recursos naturais. É possível trilhar um novo caminho 
que nos leve à realização deste objetivo, por meio da cooperação internacional, proteção 
às nascentes, rios e bacias e compartilhamento de tecnologias de tratamento de água 
(Agenda 2030). 
Com iniciativa da Rede de Pesquisadores em Recursos Hídricos – Rede Águas, o evento 
contou com fomento da Agência Nacional de Águas (ANA), da Fundação de Amparo à 
Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal 
de Nível Superior (CAPES) e do Ministério Público do Estado de Minas Gerais; e administração 
realizada pela Fundação de Apoio Universitário (FAU) da Universidade Federal de Uberlândia 
(UFU); e, dentre as universidades que apoiaram o evento, destacamos o Instituto de Geografia 
da UFU e os Programas de Pós-Graduação em Geografia da FCT/UNESP. 
22 
O Programa de Pós-Graduação em Geografia - Mestrado Profissional, área de 
concentração em Recursos Hídricos e Meio Ambiente tomou a frente na organização deste 
e-book na temática Sustentabilidade Ambiental. 
Considerando o contexto desta obra no conjunto de produtos elaborados por 
este grupo de pesquisadores e sua cronologia, lembramos as seguintes produções, as 
quais destacamos: 
Os Anais do VI Workshop Internacional Sobre Planejamento e Desenvolvimento 
Sustentável de Bacias Hidrográficas, que pode ser acessado através do link: 
https://www.amigosdanatureza.org.br/biblioteca/livros/categoria/cod/65/order/ano/by/asc 
Outra produção conjunta foi a elaboração do e-book Diálogos: A Legislação do Sistema 
Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, que pode ser acessado no seguinte link: 
https://www.amigosdanatureza.org.br/biblioteca/livros/item/cod/175 
Pontuando esta cronologia e a discussão da sustentabilidade ambiental em bacias 
hidrográficas (conforme exposto no início desta apresentação), baseados na premissa de 
elencar as colaborações internacionais e nacionais entre os pesquisadores da Rede Águas, 
atentamos para o primeiro volume desta temática com o tema “Sustentabilidadeem Bacias 
Hidrográficas: Política, Planejamento e Governança das Águas, publicado em 2019 e que 
marcou a primeira coleção de artigos referentes às palestras de pesquisadores do Brasil e do 
Exterior no evento indicado, que pode ser acessado pelo link: 
https://www.amigosdanatureza.org.br/biblioteca/livros/item/cod/202 
Outra publicação referente a este grupo de pesquisadores, produto da mesma 
reunião científica, foi a obra Governança da Água: Das Políticas Públicas à Gestão de 
Conflitos, publicado em 2020. 
Trazendo para o contexto desta nova publicação, o Programa de Pós-Graduação 
em Geografia – Mestrado Profissional – Recursos Hídricos e Meio Ambiente, da Faculdade 
de Ciências e Tecnologia da UNESP, apresenta este volume, contando com 9 artigos 
elaborados por profissionais de diferentes regiões do Brasil e também do exterior, 
envolvendo os temas debatidos pelo Grupo de Pesquisadores da Rede Águas, com material 
proveniente do citado evento e também incorporando um capítulo sobre o desastre 
ambiental de Brumadinho. 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 23 
Pudemos dividir os trabalhos deste livro em dois eixos temáticos, em que no 
primeiro estão os capítulos 1 a 5, versando sobre as bacias hidrográficas, gestão e sua 
sustentabilidade; e, no segundo, com os capítulos 6 a 9, abordando a sustentabilidade, 
mas com temas ligados à aplicação de metodologias de inovação e uso de tecnologias 
para o estudo ambiental. 
Assim, na primeira parte, no capítulo 1, Gestão pública de bacias hidrográficas e a 
divisão hídrica nacional, o autor trata das políticas públicas e os desafios para uma gestão 
pública eficiente nas diferentes regiões hidrográficas do país. No capítulo 2, produto de 
parceria internacional, La participación pública en los procesos de planificación de cuencas 
hidrográficas: la experiencia española en el contexto europeo, o autor traz uma discussão 
profícua da participação do Estado espanhol nos planos de gestão de bacias hidrográficas 
no contexto Europeu. O capítulo 3, Relembrando a crise de abastecimento hídrico urbano 
verificada entre 2013 e 2015 em São Paulo: os prejudicados e os beneficiados pela gestão 
dos recursos hídricos, os autores fazem uma discussão sobre os desdobramentos da crise 
hídrica urbana da grande São Paulo. No capítulo 4, o tema Expansão Territorial e Segurança 
Hídrica no Brasil foi debatido pelo autor com ênfase nos processos de expansão territorial 
no país e os seus desdobramentos quanto à segurança hídrica. Por fim, esta primeira 
parte se encerra com o capítulo 5, produto de parceria internacional, que traz a discussão 
do tema Sustentabilidade territorial em bacias hidrográficas. Algumas considerações 
preliminares a partir do caso da bacia do rio Mondego (Portugal), em que os autores 
abordam a sustentabilidade em bacias hidrográficas a partir de um estudo de caso e com 
a experiência portuguesa nesse tema. 
Na segunda parte, o capítulo 6, Bacias hidrográficas e o monitoramento da qualidade 
da água de reservatórios de hidroelétricas, traz pelos autores a abordagem metodológica 
no monitoramento da qualidade das águas em reservatórios de hidroelétricas como um 
instrumento de gestão. No capítulo 7, Índices de apropriação do meio físico em bacias 
hidrográficas: conceituação e estudo de caso, o autor propõe uma metodologia 
simplificada de quantificação do processo de apropriação do meio físico como ferramenta 
para análise de impactos nas bacias hidrográficas. O capítulo 8, Simulation of nitrate 
concentrations in the Willamette river, northwestern of the Oregon state, United States , 
apresenta os resultados de metodologia aplicada para análise da qualidade das águas, 
produto de parceria internacional em que os autores trazem os resultados de pesquisa 
24 
em um sistema fluvial norte-americano. Por fim, esta parte é concluída com o capítulo 9, 
Rompimento da Barragem de Minério de Ferro em Brumadinho: análise do deslocamento 
da pluma de rejeito pelo monitoramento da qualidade da água e sedimento, no qual os 
autores fazem uma discussão crítica sobre desastre ambiental provocado e impactos 
socioambientais ocorridos. 
Este e-book traz, portanto, uma coletânea de textos de qualidade, elaborados por 
experientes profissionais na área do Planejamento de Bacias Hidrográficas e Recursos 
Hídricos. Que todos nós façamos bom proveito dos saberes aqui oferecidos. 
 
Os Organizadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 25 
Capítulo 1 
 
Gestão pública de bacias hidrográficas e a divisão hídrica nacional 
 
Flávio Rodrigues do Nascimento19 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A gestão pública das águas remonta ao início do século XX, por meio dos discursos 
em torno da problemática do Nordeste (sobretudo o das secas) e nos debates sobre 
o direito de propriedade e usos dos cursos fluviais, culminando com a criação, em 1909, 
da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas (IFOCS). Em 1936, passou a ser chamada 
de Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Em 1934, a instituição do 
Código de Águas soma-se a este fato. Este instrumento é o marco legal da gestão pública 
da água no Brasil. Ele centraliza o poder sobre as águas em geral e suas propriedades, 
a partir do aproveitamento das águas públicas, comuns e particulares, bem como as 
forças hidráulicas e a regularização da indústria hidroelétrica. 
A rigor, a instituição do Código das Águas pelo Decreto Federal 24.643, de 1934, 
foi o ponto de partida técnico e jurídico na apropriação e conservação dos recursos hídricos 
do Brasil. Com isto, foi regulamentada a classificação e utilização das coleções hídricas, 
destacando seu uso hidroelétrico, alimentação e satisfação dos povos ribeirinhos, 
navegação, irrigação, proteção contra cheias, conservação e livre circulação da ictiofauna, 
escoamento e rejeição das águas (art. 143). Além do mais, preocupações posteriores 
sobre esses temas ocorreram em inúmeras ações públicas implementadas, como: 
 
– Código Nacional de Saúde (1961); 
– Código Florestal (1965); Política Nacional de Saneamento (1967); Comitê Especial 
de Estudos Integrados das Bacias Hidrográficas (CEEIBH, 1978) – que fortaleceu, 
pioneiramente, a necessidade da gestão das bacias hidrográficas brasileiras; 
– Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981); 
 
19Doutor em Geografia. Professor dos Programas de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal 
do Ceará (UFC) e Universidade Federal Flumine (UFF). Membro dos Grupos/CNPq NEPH e Rede Águas. E-mail: 
flaviorn@yahoo.com.br 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%206.938-1981?OpenDocument
26 
– Programa Nacional de Microbacias Hidrográficas (PNMH), de 1987; 
– Constituição de 1988 que destacou a necessidade da gestão de bacias; 
– A importantíssima Lei 9.443/1997 (Lei das Águas); 
– Criação da Agência Nacional das Águas (Lei 9.984, de 17 de julho de 2000). 
– Lei 11.445/2007 do saneamento básico (água, esgoto, lixo e drenagem). Só para 
citarmos as mais importantes. 
 
Não obstante, a adoção da bacia como unidade de gestão também consta da Agenda 
21 brasileira, de maneira mais ampla, no eixo Gestão dos Recursos Naturais. Em seu Capítulo 
18 – Seção III –, além de ressaltar os aspectos sociais e políticos, em termos ambientais, 
reza sobre a necessidade de se levantar, mapear, quantificar e proteger os recursos hídricos 
doces para o uso e melhoria de sua qualidade hídrica. 
Ratifica-se e coaduna-se a essas questões a Política de Gerenciamento de 
Recursos Hídricos (Lei Federal sobre recursos hídricos, 9.433/1997), regulamentada no 
inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal e altera o art. 1° da Lei 8.001, de 13 de março 
de 1990. Nesta oportunidade, as bacias hidrográficas foram reconhecidas como unidades 
físico-territoriais da gestão no planopúblico e de abrangência nacional. Serve, portanto, 
como base legal à implementação dos planos estaduais de recursos hídricos. 
Adicionalmente, é importante destacar seus princípios: adoção da bacia hidrográfica como 
unidade de planejamento; estabelecimento do critério de uso múltiplo da água (bem finito 
e vulnerável); reconhecimento do valor econômico da água, e adoção da gestão 
descentralizada e participativa. 
O Ministério do Meio Ambiente (MMA), como órgão central do Sistema Nacional de 
Meio Ambiente (SISNAMA), responsável pela operacionalização da Política Nacional do Meio 
Ambiente (PNMA), normatiza os destinos e formas de gerenciamento das águas superficiais 
e subterrâneas por meio da Lei das Águas, que instituiu a Política Nacional dos Recursos 
Hídricos. O objetivo de implantar esta política, assinalando a valorização e cobrança pelo uso 
da água, outorga de uso e sua classificação qualitativa, foi alvitrado com a criação da Agência 
Nacional das Águas (ANA), em julho de 2000. 
A rigor, a Política Nacional de Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), como um conjunto de leis (Projeto de Lei 
2.249), propõem o uso da bacia hidrográfica como unidade da gestão, criando três 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.984-2000?OpenDocument
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 27 
regiões hidrográficas: Amazônica, Nordestina e Centro-Sul. A partir do Singreh, foi criado 
o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, atribuindo à Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) 
a função de sua Secretaria Executiva, estabelecendo a tutela do MMA para a presidência do 
Conselho. O Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2004) destaca que o Departamento 
Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), em 2001, classificou o Brasil em oito bacias 
hidrográficas: Amazônica; Tocantins; Atlântico Sul, trecho Norte/Nordeste; São Francisco; 
Atlântico Sul, trecho Leste; Paraguai/Paraná; Uruguai e Atlântico Sul, trecho Sudeste. 
Em razão das particularidades de cada bacia, em função das características 
ambientais dominantes – como a distribuição espacio-temporal das precipitações, fatores 
estruturais que refletem na importância e características de drenagem e dissecação do 
planalto brasileiro (um importante dispersor de drenagem), tipo de solo e as formas de uso 
e ocupação –, Cunha (2001) as reclassificou a partir de 10 unidades. Dentre estas, pode 
ser destacada a bacia do Atlântico Nordeste, comportando regimes fluviais temporários 
e intermitentes (semiáridos), apresentando uma área de 953.000 km², – compreendendo 
a área-teste –, e que vertem para o Oceano Atlântico. 
Atualmente o Governo Federal, com a necessidade de implantar a base de dados 
e de integração de informações em recursos hídricos destacada por bacias no plano 
nacional, definiu 12 regiões hidrográficas – conforme a Resolução 30, de 11/12/2002 
(BRASIL, 2002) – com espaços do território nacional compreendidos por uma bacia, grupo de 
bacias ou bacias hidrográficas contíguas, com características naturais e socioeconômicas 
homogêneas ou similares. Isto serve de base para orientação do planejamento e 
gerenciamento dos recursos hídricos, conforme a Resolução do Conselho Nacional de 
Recursos Hídricos (CNRH) 32, de 25 de junho de 2003 (NASCIMENTO, 2013). 
Regiões hidrográficas são divisões hidrográficas que englobam grandes conjuntos de 
bacias hidrográficas com características ambientais semelhantes. Diferem-se das bacias 
hidrográficas, pois aquelas estão circunscritas ao território nacional das 27 unidades 
federativas. No entanto, sem parametrização definida, as bacias hidrográficas entrecortam e 
drenam diversos limites político-administrativos. Essa divisão hídrica foi definida no Conselho 
Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), com a Resolução 30, de 11 de dezembro de 2002. 
A partir de então, são em número de 12 as Regiões Hidrográficas brasileiras. A saber: 
Região Hidrográfica (RH) Amazônica; Atlântico Leste; Nordeste Ocidental; Nordeste Oriental; 
28 
Atlântico Sudeste, Atlântico Sul; Paraguaia; Paraná; Parnaíba; São Francisco; Tocantins 
Araguaia e do Uruguai. Para além das divisões das grandes cinco regiões do país (Norte, 
Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), e das três regiões geoeconômicas (Centro-Sul, 
Nordeste e Amazônia), as RH são mais uma possibilidade de se pensar o país; desta feita, com 
destaque à sua rica, diversificada e complexa rede e configuração de drenagens, com 
excedentes ou reduzidas cargas hídricas, associadas às suas condições fisiográficas e 
potencialidades e limitações dos hidrossistemas para energia, navegação e usos múltiplos 
das águas, por exemplo. 
De acordo com a atual divisão hídrica nacional (BRASIL, 2004), assinala-se a Região 
Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental (Figura 1) – objeto deste texto –, constituída 
pelas bacias que deságuam no Atlântico – trecho Nordeste –, limitado ao oeste pela região 
hidrográfica do Parnaíba e ao sul pela do São Francisco (BRASIL, 2004b; MMA/SRH, 2004; 
NASCIMENTO, 2012, 2013, 2014). 
 
Figura 1 – Região Hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental 
 
 
 
Fonte: Brasil Águas (2017). 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 29 
Divisão hídrica brasileira atual 
 
O Brasil tem uma das mais extensas e densas redes hidrográficas do mundo, com 
descarga média total da ordem de 5.619 km³/ano, ou seja, aproximadamente 14% dos 
41 mil km³/ano de deflúvio dos rios no mundo. Esse montante chega a ser reduzido, 
proporcionalmente, na região nordestina seca (CUNHA, 2001), com rios efêmeros e 
temporários que nascem no domínio cristalino-aflorante do semiárido, em uma superfície 
aproximada de 400 mil km² (REBOUÇAS, 2002). 
Para fins de implementação da gestão compartilhada dos recursos hídricos no plano 
federal, foi aprovado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), em 30 de janeiro 
de 2006, o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) como documento-guia para orientação 
das decisões de Governo e das instituições que compõem o Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), regido pela Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997. 
O Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) tem como base a Divisão 
Hidrográfica Nacional, aprovada no Conselho Nacional de Recursos Hídricos (Resolução 
30, de 11/12/2002), com orientações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) e de outras instituições federais, que definem metodologia de codificação e 
procedimentos de subdivisões em agrupamentos de bacias e regiões hidrográficas, 
tomando-se por base 12 regiões hidrográficas. Essas regiões hidrográficas servem para 
implantação de base de dados referenciada por bacia, visando à integração de informações 
sobre os recursos hídricos (BRASIL, 2004). 
 
O objetivo geral do Plano é "estabelecer um pacto nacional para a definição de 
diretrizes e políticas públicas voltadas para a melhoria da oferta de água, 
em quantidade e qualidade, gerenciando as demandas e considerando ser a 
água um elemento estruturante para a implementação das políticas setoriais, 
sob a ótica do desenvolvimento sustentável e da inclusão social". Os objetivos 
específicos são assegurar: “1) a melhoria das disponibilidades hídricas, 
superficiais e subterrâneas, em qualidade e quantidade; 2) a redução dos 
conflitos reais e potenciais de uso da água, bem como dos eventos hidrológicos 
críticos e 3) a percepção da conservação da água como valor socioambiental 
relevante”. (MMA, 2017b). 
 
 
Observemos a Tabela 1 e a Figura 2 que mostram a divisão hidrográfica do Brasil 
atual em informações qualitativas e espaciais, respectivamente. 
 
30 
Tabela 1 – Divisão hidrográfica nacional atual 
Regiões 
hidrográficas 
Constituição População e área 
Habitantes km² 
Amazônica Bacia homônima situada no território nacional, constituída 
também pelas bacias dos rios existentes na ilhade Marajó e 
daqueles situados no Amapá que deságuam no Atlântico Norte. 
7.609.424 6.974.410 
Tocantins/ 
Araguaia 
Bacia hidrográfica do Tocantins até a sua foz no Oceano 
Atlântico. 
7.890.714 967.059 
Atlântico Nordeste 
Ocidental 
Bacias hidrográficas de rios que deságuam no Atlântico – 
trecho Norte-Nordeste, limitada a oeste pela região 
hidrográfica do Tocantins/Araguaia e a leste, pela região 
hidrográfica do Parnaíba. 
4.724.431 254.100 
Parnaíba Bacia hidrográfica homônima. 3.630.431 344.112 
Atlântico Nordeste 
Oriental 
Bacias hidrográficas de rios que deságuam no Atlântico – 
trecho Nordeste, limitada a oeste pela bacia do Parnaíba, ao 
norte e a leste, pelo Atlântico, e ao sul, pela região 
hidrográfica do São Francisco. 
21.606.881 287.348 
São Francisco Bacia hidrográfica homônima. 12.823.013 638.324 
Atlântico Leste Bacias de rios que deságuam no Atlântico – trecho leste, 
limitada ao norte e a oeste pela bacia do São Francisco e ao 
sul, pelas bacias do Jequitinhonha, Mucuri e São Mateus. 
13.641.045 374.677 
Atlântico Sudeste Bacias hidrográficas de rios que deságuam no Atlântico – 
trecho sudeste, limitado ao norte pela bacia do rio Doce, a 
oeste, pelas regiões hidrográficas do São Francisco e do 
Paraná, e ao sul, pela bacia do rio Ribeira. 
25.644.396 229.972 
Paraná Bacia do rio Paraná situada no território nacional. 54.639.523 879.860 
Uruguai Bacia do rio Uruguai situada no território brasileiro, limitada 
ao norte pela região hidrográfica do Paraná, a oeste, pela 
Argentina, e ao sul, pelo Uruguai. 
3.834.654 147.612 
Atlântico Sul Bacias hidrográficas com rios que deságuam no Atlântico 
– trecho sul, limitada ao norte pelas bacias dos rios 
Ipiranguinha, Iririaia Mirim, Candapuí, Serra Negra, 
Tabagaça e Cachoeira a oeste, pelas regiões hidrográficas 
do Paraná e do Uruguai; e ao sul, pelo Uruguai. 
11.592.481 185.856 
Paraguai Bacia hidrográfica do rio Paraguai situada em território nacional. 1.887.401 363.445 
 
Fonte: Brasil (2004). 
 
 
 
 
 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 31 
Figura 2 – Regiões hidrográficas do Brasil 
 
 
Fonte: MMA (2017a). 
 
 
 
Ademais, antes daquela classificação outra muito importante é a da divisão 
hidrográfica do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE), a qual destaca 
as características ambientais dominantes de cada bacia hidrográfica. Nesta classificação 
é possível assinalar a bacia intermitente do Atlântico Nordeste (953.000 km²) (Tabela 2). 
Esta classificação, menos precisa que a atual – mostrada na Figura 1, envolve setores 
drenados pelas atuais Regiões Hidrográficas do Atlântico Nordeste Ocidental, Parnaíba 
e Atlântico Nordeste Oriental. 
A bacia do Atlântico Nordeste drena por completo as áreas dos Estados 
compreendidos entre o Maranhão e a Paraíba, e parcialmente Pernambuco e Alagoas. 
Destacam-se na drenagem principal os rios Pindaré, Grajaú, Mearim e Itapecuru, que 
deságuam no golfo maranhense, e o rio Parnaíba. 
32 
Tabela 2 – Principais dados hidrológicos das bacias hidrográficas brasileiras, no período de 1961 a 1990 
 
 
Bacias 
hidrográficas 
Área (km²) 
Chuva média 
(mm/ano) 
Vazão média 
(m³/s) 
Vazão 
média 
específica 
(l/s/km²) 
Evapotrans- 
piração 
real 
(mm/ano) 
Produção 
hídrica (mm³/s) 
Amazônica 6.112.000 2.460 209.000 34 1.382 120.000 
Atlântico 
Nordeste 953.000 1.328 5.390 6 1.150 9.050 
Paraná 877.000 1.385 1.290 13 959 12.290 
Tocantins 757.000 1.660 11.800 16 1.168 11.800 
São 
Francisco 634.000 916 2.850 5 774 2.850 
Atlântico 
Leste 551.000 1.062 2.175 8 827 4.350 
Paraguai 368.000 1.370 11.000 4 1.259 12.290 
Atlântico 
Sudeste 224.000 1.394 4.300 19 789 4.300 
Uruguai 178.000 1.567 4.150 23 832 4.150 
Atlântico 
Norte 76.000 2.950 3.360 48 1.431 9.050 
Brasil 8.512.000 1.954 257.790 24 1.195 168.770 
 
Fonte: DNAEE (1994) e CUNHA (2001). 
 
Cunha (2001) destacou valores de 600 mm anuais de chuvas no centro dessa 
bacia, aumentando em suas extremidades. Embora a chuva média seja de 1.328 mm/ano, 
o regime fluvial é semiárido, com vazão média de 5,7 l/s/km². As enchentes ocorrem na 
quadra chuvosa de verão-outono, e as vazantes, na primavera ou verão. No Maranhão, 
o regime tropical austral mostra-se perene, com enchentes no outono e vazante na 
primavera, marcando o regime fluvial (NASCIMENTO, 2012, 2014). 
 
Abordagens em recursos hídricos na região hidrográfica Nordeste Oriental 
 
Dentre os exemplos nacionais em que os recursos hídricos são controlados pelas 
condições naturais, têm-se a bacia Amazônica, a região semiárida do Nordeste e a região 
do Pantanal, nas quais a interação de litosfera, biosfera e atmosfera define o equilíbrio 
dinâmico para o ciclo hidrológico, o que influencia nas características e vazões das águas. 
O semiárido é um típico caso crítico de falta de recursos hídricos – ou mesmo de escassez 
relativa –, no qual a quantidade e a qualidade das águas doces decorrem das condições 
climáticas e geológico-geomorfológicas. 
Sustentabilidade em bacias hidrográficas – 33 
Nessa oportunidade, assinala-se a região hidrográfica Nordeste Oriental, que 
verte suas águas por meio das bacias que deságuam no Oceano Atlântico. De Nordeste 
para Sudeste, abrange os Estados do Piauí (1% da área da região hidrográfica, com setores 
de drenagem da bacia do rio Coreaú na divisa com o Ceará), Ceará, Rio Grande do Norte, 
Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Essa região hidrográfica é a terceira mais habitada do 
país, com uma população superior a 21 milhões de habitantes, comportando-se como 
a oitava em área, com 285.281 km² – pouco mais de 3,0% do Brasil. Em seu contexto, 
existem cinco capitais do Nordeste (Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife e Maceió), 
dezenas de grandes núcleos urbanos e um representativo parque industrial. Dentre as bacias 
hidrográficas de cada um dos Estados por essa região drenados, destacam-se aquelas 
desde a foz do São Francisco e a do Parnaíba: Jaguaribe, Piranhas-Açu, Taperoá-Paraíba, 
Beberibe-Capibaribe, Una e Mundaú (ANA, 2017; NASCIMENTO, 2012, 2014). 
 
A densidade demográfica da região é cerca de 4 vezes maior do que a média 
brasileira. Quase a totalidade de sua área pertence à Região do Semiárido 
Brasileiro, caracterizada por apresentar períodos de estiagens prolongadas 
e temperaturas elevadas durante todo o ano. Esta é a região hidrográfica com 
a menor disponibilidade hídrica do Brasil. A Agência Nacional de Águas (2017), 
considera ainda que: “Principais temas para a gestão das águas na Região 
Hidrográfica: baixa oferta de água, seca, desertificação, transposição do rio São 
Francisco, qualidade de água, reservação, degradação ambiental. 
 
Esta região sofreu, ao longo da história brasileira, grandes pressões na consolidação 
da ocupação territorial, provocando desmatamentos generalizados na Mata Atlântica para 
implantação da cultura de cana-de-açúcar, das caatingas com o binômio gado-algodão, 
como também pela degradação dos manguezais e lagoas da zona costeira decorrente do 
avanço da urbanização. Só para referenciar, alguns de seus principais problemas históricos 
se refletem fortemente na alta degradação ambiental registrada na região hidrográfica. 
Em síntese: 
 
Apresenta, em sua primeira subdivisão, (nível 1) seis Bacias Hidrográficas 
(Norte CE, Jaguaribe, Piranhas – Apodi, Litoral RN-PB, Paraíba e Litoral AL-PE-PB) 
e 23 Sub-bacias na segunda divisão (nível 2). • O clima na Região Hidrográfica varia 
de tropical úmido próximo ao litoral a semiárido no sertão com precipitações 
médias que variam de 600 mm/ano a 1.700 mm/ano, dependendo da região: 
litoral, serra ou sertão. No Semiárido há ocorrência de processos de desertificação 
com áreas severamente afetadas. As áreas mais atingidas por esses processos 
são as regiões de Irauçuba – CE e do Seridó entre os Estados do Rio Grande 
do Norte e Paraíba. A vegetação é composta de fragmentos

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