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ESTAGIO_SUPERVISIONADO_EM_MATEM_TICA_significado_e_saberes_sobre_a_profiss_o_docente

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ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MATEMÁTICA: 
SIGNIFICADOS E SABERES SOBRE A PROFISSÃO DOCENTE 
 
FILLOS, Leoni Malinoski – UNICENTRO/Irati 
leonimfillos@hotmail.com 
 
MARCON, Luzia da Conceição Jorge – UNICENTRO/Irati 
luzia.marcon@yazaki.com.br 
 
Eixo Temático: Práticas e Estágios nas Licenciaturas 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
 
Resumo 
 
O Estágio Supervisionado na Licenciatura representa um tempo que possibilita ao aluno-
professor o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para a prática 
docente, para a produção de saberes para ensinar e, ainda, para a reflexão sobre a atividade 
docente. Representa a inserção do futuro professor no campo da prática profissional e a 
possibilidade dos acadêmicos atribuírem significados ao processo de ensino e aprendizagem. 
Investigar as situações que envolvem este componente curricular implica em oferecer 
contribuições para as licenciaturas nos encaminhamentos dos Estágios e para a consequente 
melhoria na formação de professores. Assim, o presente artigo apresenta os resultados de uma 
pesquisa que objetivou compreender os significados e saberes construídos pelos acadêmicos 
de um Curso de Licenciatura em Matemática na realização do Estágio Supervisionado e suas 
implicações para a futura atuação profissional. A base teórica do estudo está ancorada em 
Tardif (2002), Pimenta (2006) e Pimenta e Lima (2008), que elucidam questões relacionadas 
ao Estágio nos cursos de formação de professores, e a Fiorentini e Castro (2003) e Cyrino e 
Passerini (2009), dentre outros, que discutem esta etapa da formação nas Licenciaturas em 
Matemática. Trata-se de um estudo qualitativo exploratório, realizado com acadêmicos do 
terceiro e quarto ano de um curso de Licenciatura em Matemática, de uma universidade 
pública do Paraná. Os dados foram coletados a partir de um questionário, realizado com dez 
acadêmicos, que contemplou os seguintes aspectos: o significado, finalidades e contribuições 
do Estágio, saberes constituídos e limitações apresentadas. A pesquisa revelou que os 
estagiários consideram este componente curricular de fundamental importância para a 
constituição de saberes da profissão, porém, inquietante e contraditório. Também que o 
Estágio ainda não representa uma preocupação de todas as discipinas no curso de formação 
investigado, conforme propõem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de 
Professores da Educação Básica. 
 
Palavras-chave: Estágio Supervisionado. Matemática. Formação docente. 
1690 
 
Introdução 
Aprender a ser professor é um processo que vai muito além dos conhecimentos 
específicos e pedagógicos com os quais os estudantes entram em contato nas licenciaturas, 
estando relacionado também com uma diversidade de outros conhecimentos que se aprendem 
na inserção em um ambiente de trabalho e na interação com os pares. 
Por isso, a aprendizagem de como ser professor e como ensinar, conforme Mizukami 
(1996), ocorre, em grande parte, nas situações de sala de aula, a partir de um olhar mais 
centrado e profundo sobre a complexidade que se instaura em torno do processo de ensino e 
aprendizagem. Entende-se, assim, que para ser professor é preciso exercitar a profissão, atuar 
em uma sala de aula, saber conduzir os acontecimentos, saber lidar com as incertezas, 
pluralidade de ideias e diversidades que permeiam esse singular espaço, grandioso em suas 
manifestações (MAISTRO; ARRUDA; OLIVEIRA, 2009). 
Para Tardif (2002, p. 167), “ensinar é entrar numa sala de aula e colocar-se diante de 
um grupo de alunos, esforçando-se para desencadear com eles um processo de formação 
mediado por uma grande variedade de interações”. Isto fará com que os futuros professores 
estabeleçam um exercício de reflexão que contribui para a compreensão do contexto 
educativo e para a construção de novos conhecimentos a partir da realidade escolar, pois é no 
convívio com os principais sujeitos do processo educativo - os alunos da escolarização básica 
e seus professores - que o licenciando mobiliza e produz saberes, constituindo-se profissional 
(FIORENTINI; CASTRO, 2003). 
Nesse contexto, o Estágio Supervisionado representa a inserção do professor em 
formação no campo da prática profissional; um tempo durante o qual ele passa pela 
experiência da docência, geralmente pela primeira vez. Nesse tempo, os futuros professores 
podem observar, participar, problematizar e trocar ideias com professores regentes na escola 
básica, interagir com os alunos e conhecer aspectos gerais do ambiente escolar. 
Nesta perspectiva, esse artigo apresenta os resultados de uma investigação cujo tema 
principal reflete as situações vivenciadas por licenciandos no contexto do Estágio. A pesquisa 
foi desenvolvida objetivando compreender os significados e saberes construídos pelos 
acadêmicos na realização do Estágio Supervisionado em Matemática e suas implicações para 
a futura atuação docente. Trata-se de um estudo qualitativo, de natureza exploratória, 
realizado com alunos do 3º e 4º anos de um Curso de Licenciatura em Matemática, de uma 
universidade pública do estado do Paraná. 
1691 
 
Desenvolvimento 
O Estágio Supervisionado: algumas considerações 
A formação inicial de professores tem sido objeto de estudos, críticas e discussões de 
diversos pesquisadores e educadores, tanto no Brasil como no exterior. Grande parte das 
pesquisas reflete questões especificamente relacionadas aos cursos de licenciatura, sendo que 
muitas têm como mote as ações desenvolvidas e as dificuldades, possibilidades e limites 
encontrados por docentes e alunos no Estágio Curricular Supervisionado (TARDIF, 2002; 
PIMENTA, 2006; PIMENTA, LIMA, 2008; CYRINO, PASSERINI, 2009; FIORENTINI, 
CASTRO, 2003; BELLO, BREDA, 2007). 
O Estágio na licenciatura é uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (nº 9394/96). Visa a inserção do futuro professor na prática docente e no contexto 
profissional, “constituindo-se em um espaço de formação, que deverá acontecer sob a 
supervisão e orientação direta de profissionais da universidade e, ainda, considerar a 
participação/ intervenção dos profissionais que atuam nos diferentes espaços educativos” 
(BELLO; BREDA, 2007, p.01). Representa também a oportunidade de intercâmbio entre 
universidade, a escola básica e a comunidade, com a articulação de ações voltadas ao ensino, 
à pesquisa e à extensão. 
Conforme dispõem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de 
Professores da Educação Básica (DCNs), em nível superior, instituídas pelo Conselho 
Nacional de Educação, em 2002, a carga horária dos cursos de licenciatura de graduação 
plena deve ser garantida por meio da integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e 
oitocentas) horas, das quais 400 horas devem ser reservadas à Prática de Ensino e 400 horas 
ao Estágio Supervisionado. Este documento preconiza que o estágio seja desenvolvido na 
segunda metade do curso, a partir de uma parceria entre a escola e a universidade para que, 
conjunta e colaborativamente, acompanhem e avaliem essa etapa da formação. As escolas de 
educação básica são, segundo esse documento, também responsáveis na formação dos futuros 
professores (BRASIL, 2002a; 2002b). 
As DCNs recomendam que o planejamento e a execução das práticas no Estágio 
estejam apoiados nas reflexões desenvolvidas pelas disciplinas curriculares em seu conjunto, 
sendo uma tarefa para toda a equipe de formadores, ou seja, todos os professores do curso são 
responsáveis pela formação dos futuros professores, não apenas do supervisor de Estágio. O 
1692 
 
curso de formação deve, assim, “ser fundamentalmente um espaço de construção coletiva de 
conhecimento sobre o ensino e a aprendizagem” (BRASIL, 2002a, p. 36). 
Pimenta (2006) define o Estágio como “uma atividade teórica, preparadora de uma 
práxis”, cujas finalidades principais são tecer os fundamentos e as bases identitárias da 
profissão docentee propiciar ao aluno uma aproximação da realidade na qual irá atuar. A 
autora enfatiza que um curso de formação será tão mais formador na medida em que as 
disciplinas todas tiverem como ponto de partida essa realidade escolar, representando, 
também, uma forma de diminuir o distanciamento entre a instituição de formação e a escola 
de educação básica. A escola, assim, dá indicativos à universidade sobre a realidade que a 
circunda e a universidade, por sua vez, sob a mediação de seus estagiários, aproxima da 
escola o que vem sendo produzido pelas pesquisas (PIMENTA, 2006). 
Por isso, conforme indicam as DCNs (BRASIL, 2002), o Estágio Supervisionado 
representa um elemento essencial nos cursos de formação, pois possibilita que sejam 
desenvolvidas ações pelas quais os licenciandos possam tomar ciência dos processos de 
formação, a partir de relações que se estabelecem com profissionais experientes. Esse 
componente da grade curricular torna possível “que sejam trabalhados aspectos 
indispensáveis à construção da identidade, dos saberes e das posturas específicas ao exercício 
da profissional docente” (PIMENTA; LIMA, 2008, p.61). 
Nessa perspectiva, o Estágio representa o contato com os múltiplos elementos que 
constituem a prática educativa, possibilitando uma discussão e uma reflexão sobre o processo 
educativo nas escolas. 
O contato gradativo e sistemático com o futuro campo de trabalho, com as situações 
escolares em diferentes níveis de ensino, ao longo de todo curso de formação inicial, 
pode possibilitar ao futuro professor reconhecer limites e potencialidades das 
práticas educativas observadas; analisar, construir e testar possíveis ações para 
remediar ou suprir as necessidades práticas com as quais entrará em contato em sua 
futura prática profissional (CYRINO; PASSERINI, 2009, p. 126). 
Esse contato, segundo Cyrino e Passerini (2009), tende a minimizar o choque da 
confrontação inicial sofrido por muitos licenciandos ao se depararem com a complexidade de 
uma sala de aula, possibilitando a superação de desafios cotidianos como compreender as 
variadas formas de ensinar, lidar com a indisciplina e optar por materiais didáticos adequados. 
1693 
 
Para Fiorentini e Castro (2003), o Estágio Supervisionado representa momentos da 
vida do licenciando “em que ocorre de maneira mais efetiva a transição ou a passagem de 
aluno a professor” (p. 122). É quando os saberes da profissão se constituem, “num processo 
que mobiliza, ressignifica e contextualiza os conhecimentos e os valores adquiridos ao longo 
da vida estudantil, familiar e cultural” (p. 122). 
Os saberes profissionais, segundo os autores, “emergem do diálogo que o futuro 
professor estabelece entre o que sabe, estudou e aprende na interlocução com a literatura 
educacional e o que presencia na prática escolar, no convívio com os outros sujeitos da prática 
educativa” (p. 126). Desse modo, o Estágio Supervisionado é uma instância experiencial de 
formação que interliga ação, reflexão e investigação, configurando-se em um momento da 
formação no qual os saberes, as ideias e os valores relativos à profissão docente são 
problematizados e ganham novos significados. Na escola o futuro professor produz 
significado ao que estudou em sua trajetória como aluno e ressignifica seus saberes e ações, 
ou seja, aprende a ser professor ou professora também no trabalho (FIORENTINI; CASTRO, 
2003). 
Dessa forma, as concepções sobre as práticas docentes, conforme Fiorentini e Castro 
(2003), não se formam apenas nos cursos de formação. Encontram-se enraizadas em 
contextos e histórias individuais que antecedem até mesmo a entrada na escola, estendendo-se 
por toda a vida. A constituição do professor, acontece, portanto, em três momentos: antes do 
seu ingresso na licenciatura, enquanto frequenta a escolarização básica, na licenciatura por 
meio da articulação de saberes específicos e pedagógicos e, depois, no próprio processo de 
trabalho, sob aportes teóricos apropriados, formação continuada e da reflexão antes, durante e 
após a ação. 
 Para Cyrino e Passerini (2009), no Estágio Supervisionado em Matemática o futuro 
professor entra em contato com a Matemática que é ensinada na escola de educação básica e 
toma o campo de atuação como objeto de estudo, de investigação, de análise e de 
interpretação crítica, tendo como base o que é estudado nas disciplinas do curso. É onde o 
aluno, que até então tinha como atividade a aprendizagem da Matemática, passa a condição de 
professor, cuja atividade é o ensino. Nessa atividade, ele convive simultaneamente como 
professor, com a responsabilidade de ensinar, e como aluno, com a oportunidade de 
aprendizagem da docência em Matemática. 
Conforme Coelho (2007, p. 02): 
1694 
 
A disciplina de Estágio Supervisionado no Ensino Básico tem como objetivo central 
proporcionar aos alunos oportunidades para refletir sobre, questionar e talvez 
(re)elaborar as próprias concepções do ensino de Matemática, “dialogando” com a 
bibliografia, analisando as relações e as interações que se estabelecem no cotidiano 
escolar. O aluno tem também oportunidade de estudar, analisar e aplicar diferentes 
metodologias e ver a realidade escolar com olhar investigativo, procurando 
contribuir com a apresentação de sugestões que possam melhorar as condições dessa 
realidade. 
O Estágio Supervisionado, dessa forma, deve ter como objetivos proporcionar uma 
visão não somente da disciplina de Matemática, mas de tudo o que acontece na escola, por 
meio de atividades que “focalizem os principais aspectos da gestão escolar como a elaboração 
da proposta pedagógica, do regimento escolar, da gestão dos recursos, da escolha dos 
materiais didáticos, do processo de avaliação e da organização dos ambientes de ensino” 
(SBEM, 2003, p. 22). 
É importante, para tanto, que, nas escolas, os alunos participem de conselhos de classe, 
reuniões pedagógicas, reuniões de pais e de professores, das horas atividade e, até mesmo, do 
intervalo do “cafezinho” que é quando muitas das angústias, aflições, sucessos e conquistas 
são partilhados entre os professores. Além de observar, acompanhar e auxiliar os professores 
regentes nas salas de aula e elaborar materiais didáticos, os estagiários devem atuar junto às 
turmas com o acompanhamento do professor regente da classe e sob a orientação/supervisão 
do professor da Universidade. 
O contato com a realidade escolar geralmente não é tranquilo para a maioria dos 
acadêmicos; ao contrário, é um momento rodeado de tensões, medos, inseguranças, conflitos, 
desafios e até frustrações por se depararem com algo desconhecido, com uma realidade que 
até então conheciam somente na teoria ou como alunos (CYRINO; PASSERINI, 2009). 
Portanto, esse tempo envolve o conhecimento, a utilização e a avaliação de metodologias e 
estratégias de ensinar em situações diversas, além de superação e autodeterminação. 
Nesse estudo, por meio da apresentação e sistematização de dados coletados junto a 
um grupo de acadêmicos, são tecidas algumas discussões e análises em torno do objetivo 
formulado, procurando apontar para as implicações curriculares nos Estágios dos Cursos de 
Licenciatura em Matemática. 
Metodologia 
1695 
 
A presente investigação está adequada na modalidade de pesquisa qualitativa, pois 
metodologicamente, tem por base a interpretação dos fenômenos e a atribuição de 
significados aos dados coletados (BOGDAN; BIKLEN, 1991). Intencionou-se, assim, analisar 
os dados indutivamente, de forma descritiva e detalhada, pois, como afirma Goldenberg 
(2000. p.14), nessa abordagem “a preocupação do pesquisador não é com a representatividade 
numérica do grupo pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo 
social, de uma organização, de uma trajetória, etc”. Dentro da abordagem qualitativa, trata-se 
de um estudo de natureza exploratória, pois tem por intuito obter informações mais 
esclarecedoras e consistentessobre uma temática (FIORENTINI; LORENZATO, 2006), neste 
caso sobre o Estágio Supervisionado. 
O objetivo do estudo foi compreender os significados e saberes construídos pelos 
acadêmicos na realização do Estágio Supervisionado em Matemática e suas implicações para 
a futura atuação docente. 
Os dados foram coletados a partir de um questionário, com questões abertas, realizado 
com acadêmicos do curso de Matemática de uma universidade pública do estado do Paraná, 
no final do ano letivo de 2010. Os sujeitos são alunos do 3º ano, que passaram somente pela 
experiência do Estágio Supervisionado I, e alunos do 4º ano, que já haviam concluído o 
Estágio Supervisionado I e II, totalizando dez estudantes. Os questionários contemplavam os 
seguintes aspectos: o significado e finalidades do Estágio para os acadêmicos, os saberes 
constituídos por meio desse componente curricular, as contribuições para a formação, as 
limitações enfrentadas na realização do Estágio e os aspectos relevantes vivenciados. Os 
acadêmicos são denominados neste trabalho por A, B, C, D, E, F, G, H, I e J. 
Análise 
De uma forma geral, o Estágio Supervisionado tem sido avaliado de maneira positiva 
pelos acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática, que destacam seu caráter 
formativo, desafiador e gratificante, porém complexo, inquietante e contraditório. 
Segundo os acadêmicos entrevistados, o Estágio proporcionou aprendizagens variadas 
no âmbito social, profissional e cultural. Significou uma rica experiência em que puderam ter 
uma visão realista do dia-a-dia da sala de aula e refletir sobre como se aprende e se estão 
preparados para ensinar. Esse tempo, representou oportunidades de interação com os alunos, 
de aprendizagens das especificidades do processo educativo, de relembrar conteúdos e de 
1696 
 
colocar em prática a teoria que aprendem na universidade. Conforme relatam os acadêmicos: 
“O Estágio representou uma experiência única, em que pude perceber o que é realmente ser 
uma professora” (acadêmico E) . “Foi um tempo de crescimento pessoal. Aprendi a interagir 
melhor com as pessoas e a se expressar em público, sem contar a bagagem de conteúdos e 
metodologias de ensino” (acadêmico F). 
O Estágio, assim, constitui-se num espaço de desenvolvimento de atividades 
cognitivas, mas principalmente de construção de sentidos e de produção de saberes e, ainda, 
uma experiência inaugural do trabalho docente. No entender de Tardif (2002, p. 52), 
[...] é através das relações com os pares e, portanto, através do confronto entre 
saberes produzidos pela experiência coletiva do(a)s professor(a)es, que os saberes da 
experiência adquirem uma certa objetividade: as certezas subjetivas devem então, se 
sistematizar a fim de serem traduzidas em um discurso da experiência capaz de 
informar ou de formar outros docentes e de responder a seus problemas. 
Desse modo, o Estágio tem por finalidade colocar o licenciando em situação de ensino 
e aprendizagem, oportunizando um conjunto de conhecimentos e de reflexões, de 
informações, de possibilidades e de aprofundamento no estudo das diversas questões 
relacionadas à educação. 
No Estágio, os alunos entram em contato com a heterogeneidade presente nas salas de 
aula e com a complexidade da situação profissional. Com esse contato, o futuro professor 
pode ter uma noção real das condições de trabalho e estar ciente das dificuldades que 
permeiam o cotidiano de uma sala de aula. Dentre essas dificuldades, os acadêmicos 
apontaram nos questionários a indisciplina dos alunos, a falta de interesse no estudo dos 
conteúdos matemáticos, a superlotação em algumas salas de aula e a inserção com sucesso de 
metodologias inovadoras no ensino da disciplina. Conforme desabafa a acadêmica A, “ao 
iniciar o Estágio Supervisionado I, tive vontade de desistir porque me decepcionei muito com 
o que presenciei nas escolas, principalmente com relação à falta de educação dos alunos em 
sala de aula. Na minha época de estudante, o professor conseguia controlar a disciplina na 
turma. Havia respeito, os alunos prestavam mais atenção na explicação do professor e não 
atrapalhavam a aula”. 
Nesse sentido, a formação não é o simples momento de instrumentalização teórico-
metodológico, mas principalmente o de aprender a enfrentar a contradição, a diversidade. 
Conforme constata Tardif (2002), apesar do trabalho do professor ser estruturado por 
1697 
 
situações rotineiras e ritmos escolares, é marcado pela diversidade que irrompe na sala de 
aula, causando conflitos e a contradições. 
De acordo com os registros dos acadêmicos, o tempo de maior tensão na realização do 
Estágio é quando assumem a turma no lugar do professor. Sentem medo das perguntas e 
rejeição dos alunos, inseguros se estão explicando o conteúdo de maneira adequada, angústia 
por estarem sendo observados, receio de não conseguir controlar a turma e insegurança 
quanto a sobrar ou faltar tempo na aula. Outras dificuldades se referem aos planejamentos e à 
questão da organização dos horários, especialmente para os que já exercem alguma profissão. 
Como diz a acadêmica G, “[...] é um tempo conturbado: horários, distâncias, pressão 
psicológica, muitas tarefas, planos de aula, trabalhos, mini-aulas, provas na universidade, 
relatório de estágio, leituras... Não sobra tempo para nada!” 
Segundo Pimenta e Lima (2008), a formação envolve vários tipos de saberes - 
reflexivos, especializados e pedagógicos - que constituem a profissão docente e “comportam 
situações problemáticas que requerem decisões num terreno de grande complexidade, 
incertezas, singularidades e de conflito de valores” (p. 68). 
Outros aspectos relevantes vivenciados no Estágio, apontados pelos acadêmicos, 
foram as discussões realizadas nas aulas da disciplina na universidade: os estudos teóricos, os 
relatos sobre as diversas realidades encontradas, as reflexões conjuntas, os desabafos e a troca 
de experiências. Como indica a acadêmica C, as aulas possibilitaram “enxergar o ambiente 
escolar de forma diferenciada”. 
 Para Cyrino e Buriasco (2003, p. 134), durante as aulas e as atividades de Estágio é 
importante oportunizar ao aluno da Licenciatura em Matemática o desenvolvimento “de uma 
visão dos conteúdos matemáticos que se destinam a Educação Básica de modo a rever 
criticamente algumas práticas educativas vigentes, no que se refere aos conteúdos e 
metodologias”. Para tanto, deve-se realizar uma síntese do desenvolvimento das ideias 
fundamentais da Matemática na Educação Básica, aspirando uma visão não compartimentada. 
Os conteúdos precisam, portanto, ser revisitados numa perspectiva crítica, ou seja, 
possibilitando melhores condições de futuramente os acadêmicos desenvolverem um trabalho 
nas aulas de Matemática com autonomia e flexibilidade. 
Os acadêmicos indicaram ainda que há um distanciamento entre os saberes 
trabalhados na universidade e a realidade das escolas, pois aprendem, na maior parte das 
disciplinas, conteúdos voltados para o ensino superior e não para o ensino fundamental e 
1698 
 
médio. Reclamaram também que “quando chega à hora de ir para a escola, alguns conteúdos 
precisam ser aprendidos para depois serem trabalhados em sala de aula” (acadêmico B). Por 
isso, no entender dos licenciandos, a universidade não fornece a base suficiente para o bom 
desempenho profissional, pois “a prática acontece mesmo em sala de aula” (acadêmico J). 
A partir das falas dos acadêmicos, percebe-se que as indicações das Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica (BRASIL, 
2002a) para que o planejamento e a execução das práticas no estágio estejam apoiados nas 
reflexões desenvolvidas pelas disciplinas curriculares em seu conjunto, não vêm sendo 
cumpridas em sua totalilidade. Há ainda uma supervalorização dos conteúdos específicos em 
detrimento aos conteúdos pedagógicos. Como assinalam Cyrino e Passerini(2009), dentre as 
principais críticas feitas aos Cursos de Formação de Professores de Matemática atualmente 
está a falta de “discussão e reflexão sobre elementos da prática pedagógica e a desarticulação 
quase total entre teoria e prática” (p. 126). 
Como sugestão para o aprimoramento do Estágio Supervisionado, os acadêmicos 
indicaram que este componente curricular seja oportunizado desde o primeiro ano do curso, 
com o desenvolvimento de projetos em contraturno, oficinas e seminários nas escolas. 
Também que seja “realizado no máximo em duas turmas diferentes, para que os estagiários 
tenham melhor envolvimento com os alunos” (acadêmica I) e que “abranja escolas da cidade 
e do campo” (acadêmico D). 
Considerações finais 
Buscar compreensões sobre os significados e saberes construídos pelos acadêmicos na 
realização do Estágio Supervisionado em Matemática e suas implicações para a futura atuação 
docente foi o que moveu a realização desta pesquisa. 
Por meio da análise realizada, é possível afirmar que o Estágio Supervisionado é 
considerado pelos acadêmicos como espaço de produção de saberes - mais práticos do que 
teóricos - envolvendo estudo, reflexão e proposição de soluções às situações de ensinar e de 
aprender. Constitui-se em uma oportunidade insubstituível de compor posturas corretas para 
a futura atuação em sala de aula, porém representa uma instância complexa que coloca em 
crise as crenças e as concepções que foram apreendidas pelo estagiário durante os vários anos 
de escolarização. 
1699 
 
O Estágio, de uma forma geral, revela-se para os acadêmicos como um componente 
curricular, por um lado, gratificante, enriquecedor e desafiador, devido à oportunidade de 
aprimoramento dos múltiplos conhecimentos teóricos e práticos adquiridos na universidade; 
por outro, como problematizador, conflituoso e contraditório, porque impõe ao estagiário 
circunstâncias novas, nunca vividas, representando o momento de embate com situações 
perturbadoras, principalmente pela indisciplina e falta de respeito para com o professor. Nesse 
sentido, os obstáculos que os licenciandos enfrentam em situações de Estágio se constituem 
em aprendizagens para futuramente saber lidar com a realidade das escolas e saber gerenciar o 
tempo para preparação de aulas, busca de metodologias, preparo de material didático, 
correção de avaliações, dentre muitas outras atribuições que competem ao professor. 
A investigação indica, ainda, que é preciso que o Estágio seja uma preocupação de 
todos os componentes curriculares, conforme proposta das DCNs. Como enfatizam Pimenta e 
Lima (2008, p. 44), todas as disciplinas são, ao mesmo tempo, teóricas e práticas e precisam 
oportunizar conhecimentos e métodos para a formação “a partir da análise, da crítica e da 
proposição de novas formas de fazer educação”. As dificuldades relativas aos conteúdos 
matemáticos evidenciadas no Estágio, podem ser minimizadas se no decorrer do curso as 
disciplinas de conteúdos específicos de Matemática tenham um olhar não apenas para 
conteúdos do ensino superior, mas também para os da escolarização básica, dando atenção 
especial, tanto aos conteúdos, quanto às metodologias de ensino. Não se pode, entretanto, 
generalizar. Para isso, novos estudos, em outras licenciaturas implantadas em instituições de 
ensino superior, deveriam ser realizados. 
Por fim, é importante destacar que o Estágio Supervisionado deve ser visto por todos - 
acadêmicos, professores formadores nas universidades e professores regentes da educação 
básica - como espaço de diálogo, de desvelar caminhos, de superar barreiras, de favorecer 
melhores aprendizagens. Também que seja entendido como reafirmação da escolha da 
profissão e de crescimento, a fim de que, ao seu término, como dizem Pimenta e Lima (2008, 
p. 100), parafraseando Ivan Lins, os licenciandos possam dizer “abram alas para a minha 
bandeira, porque está chegando a minha hora de ser professor”. 
REFERÊNCIAS 
BELLO, S. E. L.; BREDA, A. Saberes, práticas e dificuldades pedagógicas: implicações 
curriculares para os novos estágios de docência nos cursos de licenciatura em 
1700 
 
matemática. In: IX ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICAS , 
2007, Belo Horizonte - MG. Anais.... Belo Horizonte - MG: Editora da UFMG, 2007. p. 1-15. 
 
BOGDAN, R.; BIKLEN, S.K. Investigação Qualitativa em Educação: uma introdução à 
teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1991. 
 
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