Buscar

cms_files_101901_1605875495Direito_Processual_Penal_Da_prova_Transmissoes_Cursos_2021

Prévia do material em texto

1 
 
 
2 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................................................... 5 
1. Teoria geral das provas. Meios de provas e de obtenção de prova em espécie. ................ 7 
1.1. Terminologia da prova ....................................................................................................................................... 7 
1.1.1. Distinção entre prova e elementos informativos .................................................................................... 7 
1.1.2. Provas cautelares, não repetíveis e antecipadas ..................................................................................... 8 
1.1.3. Destinatários da prova ..................................................................................................................................... 10 
1.1.4. Elemento de prova e resultado da prova ............................................................................................... 10 
1.1.5. Finalidade da prova ........................................................................................................................................... 10 
1.1.6. Forma da prova .................................................................................................................................................. 11 
1.1.7. Fonte de prova, meios de prova e meios de obtenção de prova ............................................... 11 
1.1.8. Prova direta e prova indireta ........................................................................................................................ 12 
1.1.9. Indício: prova indireta ou prova semiplena ............................................................................................ 12 
1.1.10 Suspeita ................................................................................................................................................................. 13 
1.1.11. Objeto da prova ............................................................................................................................................... 13 
1.1.12. Prova emprestada ............................................................................................................................................ 14 
1.2. Ônus da prova ..................................................................................................................................................... 16 
1.2.1. Conceito ................................................................................................................................................................. 16 
1.2.2. Distribuição do ônus da prova no processo penal. ............................................................................ 16 
1.2.3. Inversão do ônus da prova ............................................................................................................................ 17 
1.3. Iniciativa probatória do juiz: a gestão da prova pelo magistrado ............................................... 18 
1.3.1. Vedação da iniciativa acusatória do juiz das garantias na fase investigatória ....................... 18 
1.3.2. Vedação da iniciativa probatória do juiz da instrução e julgamento no curso do processo 
penal .....................................................................................................................................................................................19 
1.4. Sistemas de avaliação da prova .................................................................................................................. 20 
 
3 
1.4.1. Sistema da íntima convicção do magistrado ......................................................................................... 20 
1.4.2. Sistema da prova tarifada .............................................................................................................................. 20 
1.4.3. Sistema do convencimento motivado (persuasão racional do juiz) ............................................ 21 
1.5. Da prova ilegal .................................................................................................................................................... 22 
1.5.1. Limitações ao direito à prova ....................................................................................................................... 22 
1.5.2. Prova ilícita por derivação (teoria dos frutos da árvore envenenada) ....................................... 24 
1.5.3. Limitações à prova ilícita por derivação .................................................................................................. 24 
1.5.4. Inutilização da prova ilícita ............................................................................................................................ 27 
1.6. Meios de prova e meios de obtenção de prova em espécie......................................................... 29 
1.6.1. Cadeia de custódia ............................................................................................................................................ 29 
1.6.2. Do exame de corpo de delito e das perícias em geral .................................................................... 36 
1.6.3. Interrogatório judicial ....................................................................................................................................... 43 
1.6.4. Confissão ................................................................................................................................................................ 50 
1.6.5. Declarações do ofendido ................................................................................................................................ 52 
1.6.6. Prova testemunhal ............................................................................................................................................. 54 
1.6.7. Reconhecimento de pessoas e coisas....................................................................................................... 59 
1.6.8. Acareação .............................................................................................................................................................. 61 
1.6.9. Prova documental .............................................................................................................................................. 62 
1.6.10. Busca e apreensão ........................................................................................................................................... 64 
QUADRO SINÓTICO ....................................................................................................................................................... 70 
LEGISLAÇÃO COMPILADA............................................................................................................................................ 77 
JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................................................................................... 79 
QUESTÕES COMENTADAS .......................................................................................................................................... 90 
GABARITO ........................................................................................................................................................................ 100 
QUESTÃO DESAFIO ...................................................................................................................................................... 101 
GABARITO DA QUESTÃO DESAFIO....................................................................................................................... 102 
 
4 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................................................................104 
 
 
 
5 
INTRODUÇÃO 
 
Olá, concurseiros e concurseiras! 
A preparação para concursos públicos envolve, necessariamente, planejamento e foco. 
Diante da extensão dos editais e do tempo, por muitas vezes exíguo, de preparação até a prova, 
estudar com base nos assuntos objetivamente mais recorrentes é fundamental para alavancar 
os resultados. 
Justamente pensando nisso, o Setor de Inteligência do CERS realizou uma análise acurada 
de mais de 260 provas dos principais cargos das Carreiras Jurídicas, Policiais e das áreas de 
Tribunais e de Cartório, identificando os temas mais recorrentes para os concursos públicos 
realizados nos últimos 4 anos (2020, 2019, 2018 e 2017). 
Nessa análise, verificamos que a disciplina de Direito Processual Penal é uma das mais 
recorrentes nos principais certames, dentro da qual verificou-se elevado percentual de 
recorrência do tema “Da prova”. 
Trata-se de um assunto que, embora seja bem abordado e distribuído na legislação 
pátria (notadamente no Título VII do Código de Processo Penal – CPP), possui considerável 
carga doutrinária e jurisprudencial. 
Nesse sentido, importa denotar que as subdivisões legais relativas às provas (Disposições 
gerais e Provas em espécie) devem ser estudadas não apenas com a leitura e absorção dos 
dispositivos legais aplicáveis, mas também com o aprofundamento em torno dos 
posicionamentos doutrinários majoritários e das principais súmulas e julgados correlatos 
dos Tribunais Superiores – STF e STJ. 
A seguir, confira um gráfico ilustrativo da relevância do supracitado tema, no âmbito 
das já mencionadas mais de 260 provas analisadas: 
 
 
6 
 
Destaca-se que a relevância do tema em questão foi extraída de um universo de 
aproximadamente 50 outros temas, razão pela qual o seu percentual de representatividade é 
considerável, se comparado com os demais. 
Posto isso, aproveite este material de apoio correlato, seguido da compilação da 
legislação e da jurisprudência cabíveis, além de questões comentadas pertinentes (incluindo 
uma questão desafio), a fim de sedimentar os seus conhecimentos jurídicos acerca do assunto. 
Vamos juntos! 
 
Das Provas
Outros temas
DIREITO PROCESSUAL PENAL
Provas Outros temas
 
7 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
Teoria geral das provas. Meios de provas e de obtenção 
de prova em espécie. 
 
1.1. Terminologia da prova 
Conforme refere Guilherme de Souza Nucci, o termo prova deriva do latim probatio, que 
significa ensaio, verificação, inspeção, exame, argumento, razão, aprovação ou confirmação. 
Provar significa demonstrar a veracidade de um enunciado sobre um fato tido por ocorrido 
no mundo real. Prova é o conjunto de elementos produzidos pelas partes ou determinados 
pelo juiz visando à formação do convencimento quanto a atos, fatos e circunstâncias. 
1.1.1. Distinção entre prova e elementos informativos 
Prova se refere aos elementos de convicção produzidos, em regra, no curso do processo 
judicial, e, por conseguinte, com a necessária participação dialética das partes, sob o manto do 
contraditório (ainda que diferido) e da ampla defesa. 
Já os elementos de informação são aqueles colhidos na fase investigatória, sem a 
necessária participação dialética das partes. Tais elementos, isoladamente considerados, não são 
idôneos para fundamentar uma condenação. Todavia, não devem ser completamente 
desprezados, podendo se somar à prova produzida em juízo e, assim, servir como mais um 
elemento na formação da convicção do órgão julgador. 
 
 
8 
1.1.2. Provas cautelares, não repetíveis e antecipadas 
De acordo com art. 155 do CPP, o Juiz pode formar sua convicção com base em provas 
cautelares, não repetíveis e antecipadas, ainda que estas tenham sido produzidas na fase 
investigatória. 
Provas cautelares são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da 
prova em razão do decurso do tempo, em relação às quais o contraditório será diferido. Podem 
ser produzidas no curso da fase investigatória ou durante a fase judicial, sendo que, em regra, 
dependem de autorização judicial. É o que acontece, por exemplo, com uma interceptação 
telefônica. 
Prova não repetível é aquela que, uma vez produzida, não tem como ser novamente 
coletada ou produzida, em virtude do desaparecimento, destruição ou perecimento da fonte 
probatória. 
(Banca: CESPE / CEBRASPE - 2019 - MPE-PI - Promotor de Justiça Substituto) No âmbito 
do processo penal, considera-se prova não repetível o processo administrativo sancionador 
conduzido por autoridade competente e submetido a amplo contraditório. 
 
 
Como visto, as provas não repetíveis podem ser produzidas na fase investigatória e em 
juízo, sendo que, em regra, não dependem de autorização judicial. É o que acontece com o 
exame de corpo de delito em infração penal cujos vestígios podem desaparecer. O contraditório 
também será diferido. 
Provas antecipadas são aquelas produzidas com a observância do contraditório real, 
perante a autoridade judicial, em momento processual distinto daquele legalmente previsto, ou 
 
9 
até mesmo antes do início do processo, em virtude de situação de urgência e relevância. Tais 
provas podem ser produzidas na fase investigatória e em juízo, sendo indispensável prévia 
autorização judicial. É o caso do denominado depoimento ad perpetuam rei memoriam, previsto 
no art. 225 do CPP, isto é, testemunha que corre risco de morte. 
Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por 
enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução 
criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de 
qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento. 
Nesse caso, para que se imponha produção antecipada de provas urgentes, deve à 
acusação justifica-la de maneira satisfatória. Isso porque, no entendimento dos tribunais 
superiores, a inquirição de testemunha, por si só, não pode ser considerada prova urgente, e a 
mera referência aos limites da memória humana não é suficiente para determinar a medida 
excepcional. Nesses termos, temos a Súmula n.º 455 do STJ: 
Súmula n.º 455, STJ. A decisão que determina a produção antecipada de 
provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente 
fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo. 
Para finalizar, trouxemos um quadro resumo para facilitar o entendimento dos leitores: 
Provas cautelares Provas não repetível Provas antecipadas 
São aquelas em que há um risco de 
desaparecimento do objeto da 
prova em razão do decurso do 
tempo. São de natureza urgente. 
Exemplo: interceptação telefônica. 
É aquela que uma vez produzida 
não tem como ser novamente 
coletada em razão do 
desaparecimento da fonte 
probatória. Exemplo: Exame de 
corpo de delito em infração 
penal cujos vestígios podem 
desaparecer. 
 
São aquelas produzidas em 
contraditório real em 
momento processual distinto 
daquele legalmente previsto, ou 
até mesmo antes do início do 
processo, em virtude de 
situação de urgência e 
relevância. Exemplo: Art. 225, 
CPP. Testemunha que está 
correndo risco de morte. 
 
 
10 
1.1.3. Destinatários da prova 
São todos aqueles que devem forma sua convicção. De modo geral, tem-se como 
destinatário o órgão jurisdicional (juiz ou tribunal) sobre o qual recai a competência para o 
processo e julgamento do delito. 
Uma parte da doutrina sustenta que o Ministério público seria destinatário da prova. 
Todavia, na fase investigatória, não se pode usar a expressão “prova”, salvo as provas cautelares, 
não repetíveis e antecipadas. O objetivo do inquérito policial é a produção de elementos de 
informações. Desse modo, o órgão do MP é destinatário desses elementos, e não da prova. 
1.1.4. Elemento de prova e resultado da prova 
Elementos de provas são representados por aquilo que, introduzido no processo, pode ser 
utilizado pelo juiz como fundamento da sua atividade julgadora.Funciona como exemplos a 
declaração de uma testemunha sobre determinado fato, a opinião emitida por perito sobre a 
matéria de sua especialidade, o conteúdo de um documento juntado aos autos, etc. 
É a partir da análise do conjunto desses elementos de prova que se forma o convencimento 
do órgão julgador, ou seja, é sobre os elementos de prova que o juiz natural realiza 
procedimentos inferenciais para que possa chegar a uma conclusão sobre os fatos. 
1.1.5. Finalidade da prova 
No processo penal, a produção da prova objetiva auxiliar na formação do convencimento 
do juiz quanto à veracidade das afirmações das partes em juízo. Não se destina, portanto, às 
partes que a produzem ou requerem, mas ao magistrado, possibilitando, destarte, o julgamento 
de procedência ou improcedência da ação penal. 
Na verdade, por meio da atividade probatória desenvolvida ao longo do processo, objetiva-
se a reconstrução dos fatos investigados na fase extraprocessual, buscando a maior coincidência 
possível com a realidade histórica. 
 
11 
1.1.6. Forma da prova 
A prova pode ser documental, material ou testemunhal. Documento é o papel escrito que 
traz em si a declaração da existência (ou não) de um ato ou de um fato (v.g., escritos públicos 
ou particulares, cartas, livros comerciais, fiscais, etc.). A prova material é aquela que resulta da 
verificação existencial de determinado fato, que demonstra a sua materialização, tal como ocorre 
com o corpo de delito, instrumentos do crime, etc. Por fim, a prova testemunhal consiste na 
manifestação pessoal oral. 
1.1.7. Fonte de prova, meios de prova e meios de obtenção de 
prova 
Ao ser cometido o fato delituoso, tudo aquilo que possa servir para esclarecer alguém 
acerca da existência desse fato pode ser conceituada como fonte de prova. Dessa forma, fonte 
de prova significa as pessoas ou as coisas das quais se consegue a prova, daí resultando a 
classificação em fontes pessoais (ofendido, peritos, acusado, testemunhas) e fontes reais 
(documentos, em sentido amplo). 
Por outro lado, meios de prova são os instrumentos através dos quais as fontes de prova 
são introduzidas no processo, a exemplo do conhecimento e a participação das partes, cujo 
objetivo precípuo é a fixação de dados probatórios no processo. Esses meios podem ser lícitos 
ou ilícitos. Somente os primeiros podem ser admitidos pelo magistrado, dispondo o art. 157 do 
CPP que são inadmissíveis as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas 
constitucionais ou legais, devendo ser desentranhadas dos autos do processo. 
Por fim, os meios de obtenção da prova referem-se a certos procedimentos (em regra, 
extraprocessuais) regulados por lei, com o objetivo de conseguir provas materiais, e que podem 
ser realizados por outros funcionários que não o juiz (v.g., policiais). Para Renato Brasileiro, no 
Código de Processo Penal, apesar de inserida entre os meios de prova, a busca pessoal ou 
domiciliar deve ser compreendida como meio de investigação, haja vista que seu objetivo não 
é a obtenção de elementos de prova, mas sim de fontes materiais de prova. 
 
12 
1.1.8. Prova direta e prova indireta 
Prova direta são aquelas que por si só demonstram o próprio fato objeto da investigação. 
Exemplo: o testemunho prestado por determinada pessoa que presenciou um homicídio. 
Por sua vez, a prova é considerada indireta quando não demonstram, diretamente, 
determinado ato ou fato, mas que permitem deduzir tais circunstâncias a partir de um raciocínio 
lógico e irrefutável. Exemplo: o álibi. Comprovando-se que o suspeito se encontrava em 
determinado local no dia e hora do crime, é intuitivo que não poderia estar na cena do crime. 
 
1.1.9. Indício: prova indireta ou prova semiplena 
Indício possui dois sentidos no Código de Processo Penal: ora como prova indireta, ora 
como prova semiplena. 
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, 
tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência 
de outra ou outras circunstâncias. 
 
Quanto prova indireta, indício deve ser compreendida como uma das espécies do gênero 
prova, ao lado da prova direta, funcionando como um dado objetivo que serve para confirmar 
ou negar uma asserção a respeito de um fato que interessa à decisão judicial. E exatamente 
nesse sentido que a palavra indício é utilizada no art. 239 do CPP. Isto não significa dizer que o 
indício é um meio de prova, por que não é. Trata-se apenas do resultado probatório de um 
meio de prova. 
Quanto ao indício como prova semiplena, nos termos do art. 239 do CPP, é um elemento 
de prova mais tênue, com menor valor persuasivo. Refere-se a uma cognição vertical (quanto à 
profundidade) não exauriente, ou seja, uma cognição sumária, não profunda, em sentido oposto 
à necessária completude da cognição, no plano vertical, para a prolação de uma sentença 
condenatória. 
 
13 
1.1.10. Suspeita 
O conceito de indício não se confunde com uma simples suspeita. Enquanto o indício é 
sempre um dado objetivo, em qualquer de suas acepções, a suspeita ou desconfiança não passa 
de um estado anímico, um fenômeno subjetivo, que pode até servir para desencadear as 
investigações, mas que de modo algum se apresenta idôneo para fundamentar a convicção da 
entidade decidente. 
A expressão “fundada suspeita” é encontrada no Código de Processo Penal nos arts. 240, 
§2.º, e art. 244. Depreende-se que não basta uma simples convicção subjetiva para que se 
proceda à busca pessoal em alguém. Sendo assim, é necessário que haja algum dado objetivo 
que possa ampará-lo. 
§ 2º Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de 
que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados nas 
letras b a f e letra h do parágrafo anterior. 
Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão ou 
quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de arma 
proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito, ou 
quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar. 
1.1.11. Objeto da prova 
O objeto da prova refere-se aos os fatos que, influindo na apuração da existência ou 
inexistência de responsabilidade penal, são capazes de gerar dúvida no magistrado, exigindo, 
por isso mesmo, a devida comprovação. Todavia, existem determinados fatos que se excluem 
da necessidade de comprovação, os quais consistem em: 
 Fatos axiomáticos: são aqueles considerados evidentes, que decorrem da própria 
intuição, gerando grau de certeza irrefutável. Trata-se dos fatos indiscutíveis, induvidosos, 
que dispensam questionamentos de qualquer ordem. Por exemplo: a prova da putrefação 
do cadáver dispensa a prova da morte, pois a primeira circunstância (putrefação) decorre 
da segunda (a morte). 
 
14 
 Fatos notórios: são aqueles de conhecimento público geral. São os fatos cujo 
conhecimento está inserido na cultura normal e própria de determinada esfera social no 
tempo em que ocorrer a decisão, como as datas históricas, os fatos políticos ou sociais 
de conhecimento público, ou seja, o fato que pertença ao patrimônio estável de 
conhecimento do cidadão de cultura média numa sociedade historicamente determinada. 
Exemplificando, não é necessário provar que o Aeroporto de Congonhas fica na cidade 
de São Paulo, nem tampouco que o dia 15 de novembro é feriado nacional no Brasil. 
 Presunções legais: são juízos de certeza que decorrem da lei. Classificam-se em absolutas 
(presunções jure et de jure) ou relativas (presunções juris tantum). As primeiras não 
aceitam prova em contrário, sendo exemplo à condição de inimputável do indivíduo 
menor de dezoito anos. Já as segundas admitem a produção de prova em sentido oposto, 
como a presunção de imputabilidade do maior de dezoito anos, que pode ser 
descaracterizada a partir de laudo de insanidade mental apontando que o indivíduo não 
possui discernimento. 
 Fatosinúteis ou irrelevantes: são aqueles que não interessam à decisão da causa, sejam 
eles verdadeiros ou falsos. 
Por fim, quanto aos fatos incontroversos, devem ser objeto de prova. Consideram-se 
incontroversos os fatos incontestes, ou seja, que não foram refutados ou impugnados pelas 
partes. Estes, ao contrário do que ocorre no processo civil, não dispensam a prova, podendo o 
juiz, inclusive, a teor do art. 156, II, do CPP, determinar, no curso da instrução ou antes de 
proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
1.1.12. Prova emprestada 
Prova emprestada é a prova de um fato, produzida em um processo, seja por documentos, 
testemunhas, confissão, depoimento pessoal ou exame pericial, que é trasladada para outro 
processo sob a forma documental. Assim, se a testemunha "A" foi ouvida no processo “X”, cópia 
de seu depoimento será extraída e juntada ao processo “Y”. Embora seja trazida ao segundo 
processo pela forma documentada, a prova emprestada tem o mesmo valor da prova 
originalmente produzida. 
A doutrina majoritária, afirma que a utilização da prova emprestada só é possível se aquele 
contra quem ela for utilizada tiver participado do processo onde essa prova foi produzida, 
 
15 
observando-se, assim, os princípios do contraditório e da ampla defesa. Esse é o teor da súmula 
n. 591 do STJ: 
Súmula n. 591, STJ. É permitida a prova emprestada no processo 
administrativo disciplinar, desde que devidamente autorizada pelo juízo 
competente e respeitados o contraditório e a ampla defesa. 
Logo, se a prova foi produzida em processo no qual o acusado não teve participação, não 
há falar em prova emprestada, e sim em mera prova documental. 
Não se pode falar em prova emprestada de elementos informativos produzidos no curso 
do inquérito policial, eis que, tais elementos não são produzidos sob o crivo do contraditório. 
Todavia, no caso de provas não repetíveis, como ocorre na grande maioria dos exames periciais, 
é perfeitamente possível falar-se em prova emprestada, já que, em relação a elas, o contraditório 
será respeitado, porém de maneira diferida. 
Por outro lado, muito se discute acerca das consequências em relação ao segundo processo 
no caso de o processo em que a prova emprestada foi produzida originariamente ser declarado 
nulo. Assim, caso tenha sido declarada a nulidade ou reconhecida à ilicitude da prova, não se 
pode admitir sua utilização, pois irremediavelmente contaminada pelo vício originário. Do 
contrário, caso o feito tenha sido anulado por questão não atinente à prova, será admissível a 
utilização da prova emprestada, desde que não se relacione diretamente com a nulidade. 
Por fim, o STF entende que, no que tange a possibilidade de se utilizar elementos 
probatórios colhidos em interceptação telefônica em processos administrativos e/ou cíveis, é 
perfeitamente possível. Ora, os dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas, 
judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução 
processual penal, bem como documentos colhidos na mesma investigação, podem ser usados 
em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação 
às quais foram colhidos, ou contra outros servidores cujos supostos ilícitos teriam despontado 
à colheita dessas provas. 
 
16 
1.2. Ônus da prova 
1.2.1. Conceito 
Os ônus representam um imperativo do próprio interesse, estando situados no campo da 
liberdade. Ainda que haja seu descumprimento, não haverá qualquer ilicitude, pois o 
cumprimento do ônus interessa ao próprio sujeito onerado. 
No sentido empregado pelo Código de Processo Penal, ônus difere de obrigação. Isso 
porque uma obrigação descumprida representa um ato contrário ao direito, ao qual corresponde 
uma penalidade. O indivíduo que não cumpre uma obrigação pratica um ato ilícito, por isso é 
possível à imposição de uma sanção para o adimplemento da prestação não cumprida, 
sujeitando-o à execução forçada. 
1.2.2. Distribuição do ônus da prova no processo penal. 
Com base na primeira parte do art. 156 do CPP, a prova da alegação incumbirá a quem a 
fizer. Muito se discutiu acerca do ônus da prova da acusação e da defesa no processo penal. A 
doutrina majoritária trabalha com uma efetiva distribuição do ônus da prova entre a acusação 
e a defesa no processo penal. 
Uma primeira corrente entende que incumbe à acusação provar: 
 A existência do fato típico; 
 A autoria ou participação; 
 A relação de causalidade; 
 O elemento subjetivo do agente: dolo ou culpa. 
De acordo com essa primeira corrente, incumbe à acusação tão somente a prova da 
existência do fato típico, não sendo objeto de prova acusatória a ilicitude e a culpabilidade. 
Em relação ao elemento subjetivo, vale ressaltar que há doutrinadores que sustentam que 
o dolo é presumido, razão pela qual à acusação incumbiria tão somente o ônus probatório 
quanto à culpa. Renato Brasileiro discorda de tal posição, tendo em vista que não se pode 
admitir que o dolo seja presumido, sob pena de inequívoca violação à regra do in dubio pro 
 
17 
reo. Deve também recair sobre a acusação o ônus da prova quanto ao dolo, devendo sua 
comprovação ser feita a partir dos elementos objetivos do caso concreto. 
De outro lado, valendo-se do quanto disposto no Código de Processo Civil, à defesa no 
processo penal compete o ônus da prova quanto às excludentes da ilicitude, da culpabilidade, 
ou acerca da presença de causa extintiva da punibilidade. Assim, se o réu alegar, por exemplo, 
que se encontrava sob coação moral irresistível, caberá a ele o ônus da prova. 
Qual o grau de convencimento que acusação e defesa devem produzir na convicção do 
magistrado? Ora, ônus da prova da acusação, dúvidas não restam quanto à necessidade de um 
juízo de certeza por parte do magistrado. No que toca à defesa, não se exige da defesa uma 
prova cabal acerca de teses como causa excludente da ilicitude ou da culpabilidade, bastando 
que produza um estado de dúvida para que o acusado possa ser absolvido. 
1.2.3. Inversão do ônus da prova 
Conforme a regra de julgamento do in dubio pro reo tem-se que o ônus da prova recai 
precipuamente sobre o Ministério Público ou sobre o querelante. A inversão do ônus da prova 
significaria, portanto, adotar a regra contrária: in dubio pro societate ou in dubio contra reum. 
Essa autorização para a inversão do ônus da prova vem expressamente prevista pela 
Convenção de Viena de 1988, que remete a cada parte (país) a sua consideração. No art. 5º, n° 
7, prevê: “Cada uma das partes considerará a possibilidade de inverter o ônus da prova com 
respeito à origem ilícita do suposto produto ou bens sujeitos a confisco, na medida em que isto 
seja compatível com os princípios de seu direito interno e com a natureza dos seus 
procedimentos judiciais e outros procedimentos”. Nesse sentido, o Brasil estipulou em sua 
legislação a inversão do ônus da prova. 
Exemplificando, tem-se no dispositivo do art. 4º, § 2º, da Lei 9.613/98, uma inversão do 
ônus da prova somente para as medidas coercitivas patrimoniais relativas a direitos ou valores 
apreendidos ou sequestrados e, assim mesmo, não para permiti-las, mas sim para que o acusado 
obtenha sua liberação. 
 
18 
1.3. Iniciativa probatória do juiz: a gestão da prova pelo 
magistrado 
Para que um sistema seja verdadeiramente acusatório, o juiz não pode ser o gestor da 
prova, devendo ser um mero observador, deixando a produção da prova a cargo das partes. É 
o sistema adotado pela Constituição Federal (Art. 129, I), atribuindo a pessoa diversa da 
autoridade judiciária a titularidade da ação penal pública, e orientando uma atividade judicial 
imparcial, seja na fase investigatória, seja na fase processual. 
Ora, pensar diferente, traria a tona o modelo inquisitorial, no qual, a iniciativa probatória é 
do Juiz (juiz ator/inquisidor). Há aqui,uma atividade claramente incompatível com a 
imparcialidade, colocando em segundo plano o contraditório e a ampla defesa, na busca 
ilimitada da verdade real. 
Sendo assim, com a entrada em vigor da Lei n.º 13.964/2019 (pacote anticrime), a gestão 
da prova pelo magistrado ocasionou duas sistemáticas: a vedação da iniciativa acusatória do 
juiz das garantias e da iniciativa probatória do juiz da instrução e julgamento. 
1.3.1. Vedação da iniciativa acusatória do juiz das garantias na fase 
investigatória 
O Art. 156 do CPP, com redação dada pela Lei n.º 11.690/2008, prever que ao juiz é 
permitido, de ofício, mesmo antes do início da ação penal, determinar a produção de antecipada 
de provas consideradas urgentes e relevantes. Com a adoção do sistema acusatório pela 
Constituição Federal, houve a separação das funções de acusar, defender e julgar, visando 
impedir a concentração do poder. 
Isso não significa dizer que Juiz das Garantias não tem qualquer poder na fase investigativa. 
É óbvio que o juiz das garantias não está impedido. Contudo, sua atuação só pode ocorrer 
mediante prévia provocação das partes, a exemplo da representação da autoridade policial ao 
Juiz por necessidade de um mandado de busca domiciliar. 
Dessa forma, em um sistema acusatório, cuja característica básica é a separação das funções 
de acusar, defender e julgar, não se pode permitir que o magistrado atue de ofício na fase de 
 
19 
investigação. Isto porque, a partir do momento em que uma mesma pessoa concentra as funções 
de investigar e colher provas, estará comprometendo a tese de culpabilidade do acusado. 
Nesse sentido, a Lei n.º 13.964/2019 (pacote anticrime) dispõe, de forma pertinente, em 
seu Art. 3º-A do CPP que, o processo penal terá estrutura acusatória e está vedada a iniciativa 
do juiz das garantias na fase investigativa. Revogou-se tacitamente o Art. 156, I, CPP, conforme 
o Art. 2.º, §1.º, da LINDB. 
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas à iniciativa 
do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do 
órgão de acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
1.3.2. Vedação da iniciativa probatória do juiz da instrução e 
julgamento no curso do processo penal 
No que tange a possibilidade da iniciativa acusatória do magistrado em sede de 
investigação preliminar, uma primeira corrente admite que, de modo subsidiário, e 
exclusivamente durante a fase processual da persecução penal, possa o juiz determinar a 
produção de provas que entender pertinentes e razoáveis, a fim de dirimir dúvida sobre pontos 
relevantes, seja por força do princípio da busca da verdade, seja pela adoção do sistema da 
persuasão racional do juiz (convencimento motivado). 
Na visão dessa primeira corrente, essa atuação subsidiária do juiz na produção de provas 
não teria o condão de comprometer sua imparcialidade, isto porque um juiz ativo, não é 
sinônimo de juiz parcial, mas apenas um juiz atento aos fins sociais do processo, e que busca 
exercer sua função de forma a dar ao jurisdicionado a melhor prestação jurisdicional possível. 
Esse entendimento sempre foi criticado pela doutrina nacional. Não há espaço para a 
atribuição de poderes instrutórios ao juiz da instrução e julgamento no curso do processo 
penal, sem que se esteja colocando em risco a imparcialidade, haja vista esta possível e muito 
provável vinculação com as decisões ex officio que ele vier a proferir a respeito da prova. 
Absolutamente incompatíveis, portanto, tais poderes instrutórios do julgador à luz do princípio 
da imparcialidade. 
 
20 
1.4. Sistemas de avaliação da prova 
São basicamente três sistemas acerca do assunto, a saber: 1) Sistema da íntima convicção; 
2) Sistema da prova tarifada; 3) Sistema da persuasão racional do juiz (convencimento motivado). 
Especificamente em relação ao direito brasileiro, o Código de Processo Penal adotou, como 
regra, o livre convencimento do juiz fundamentado na prova produzida sob o contraditório 
judicial (art. 155, caput, do CPP). Não obstante, como adiante será demonstrado, remanescem, 
ainda, algumas exceções que se constituem resquícios dos sistemas da íntima convicção e da 
prova tarifada. 
1.4.1. Sistema da íntima convicção do magistrado 
Trata-se do sistema que confere ao julgador total liberdade na formação de seu 
convencimento, dispensando-se qualquer motivação sobre as razões que o levaram a esta ou 
àquela decisão, sendo irrelevante a circunstância de encontrar-se ou não a prova nos autos. 
O sistema da íntima convicção não foi adotado no ordenamento pátrio, pelo menos em 
regra. Todavia, não foi abandonado definitivamente em nosso direito, sendo acolhido nos 
julgamentos afetos ao Tribunal do Júri, caso em que o veredicto absolutório ou condenatório 
tem origem em um Conselho de Sentença, integrado por pessoas do povo – os jurados. 
No âmbito do Júri, até mesmo pela desnecessidade de fundamentação da decisão dos 
jurados, o Conselho de Sentença não está necessariamente vinculado às provas constantes dos 
autos, podendo formar sua convicção a partir de critérios subjetivos, sendo possível que venha 
a decidir em desacordo com os elementos probatórios coligidos. 
1.4.2. Sistema da prova tarifada 
No sistema da tarifação, a lei estabelece o valor de cada prova, não possuindo o juiz 
discricionariedade para decidir contra a previsão legal expressa. Tal como ocorre com o livre 
convencimento, também aqui se exige que estejam incorporados ao processo os elementos de 
convicção, não sendo lícito ao magistrado decidir com base em provas extra autos. 
 
21 
É certo que o Código de Processo Penal não adotou o sistema em questão. No entanto, 
não se pode negar a existência de certos resquícios de sua aplicação. Um exemplo de prova 
tarifada consta do art. 155, parágrafo único, do CPP, o qual dispõe que “somente quanto ao 
estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil”. 
 
1.4.3. Sistema do convencimento motivado (persuasão racional do 
juiz) 
O sistema do livre convencimento está previsto no art. 155, caput, do CPP1, ao dispor que 
o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, 
não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na 
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
De acordo com esse sistema, o magistrado tem ampla liberdade na valoração das provas 
constantes dos autos, as quais têm, legal e abstratamente, o mesmo valor, porém se vê obrigado 
a fundamentar sua decisão. 
A discricionariedade de avaliação do quadro probatório soma-se a obrigatoriedade de 
motivação da conclusão do magistrado. Essa garantia não só assegura o exame cuidadoso dos 
autos, mas também permite que, em grau de recurso, se faça o eventual reexame em face de 
novos argumentos apresentados. 
Em regra, é esse o sistema adotado pelo ordenamento pátrio. Com a nova redação dada 
ao art. 155 do CPP pela Lei n° 11.690/08, agora também é possível se extrair a adoção do 
sistema do convencimento motivado do próprio Código de Processo Penal. O convencimento 
do juiz deve ser formado, em regra, a partir da prova produzida em contraditório judicial, sendo 
obrigatório que o magistrado fundamente sua conclusão. 
Por fim, com a adoção desse sistema, surgem alguns efeitos: 
 Não há hierarquia de provas no processo penal, sendo que toda prova tem valor 
relativo. 
 
1 Vide questão 3 do material 
 
22 
 Deve o magistrado valorar todas as provas produzidas no processo, mesmo que para 
refutá-las. As partes possuem, portanto, o direito de verem apreciados seus 
argumentos e provas, direito este cuja observância deve ser aferido na motivação. 
 Somente serão consideradas válidas as provas constantes do processo: não se pode 
emprestar validade aos conhecimentos privadosdo magistrado, sejam elas provas 
nominadas ou inominadas, típicas ou atípicas. 
1.5. Da prova ilegal 
1.5.1. Limitações ao direito à prova 
O direito à prova, como todo e qualquer direito fundamental, não tem natureza absoluta. 
Está sujeito a limitações porque coexiste com outros direitos igualmente protegidos pelo 
ordenamento jurídico. Não por outro motivo, dispõe a Constituição Federal que “são 
inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” (art. 5º, LVI). 
Embora a Carta Magna não tenha conceituado o que seria prova ilícita, a doutrina nacional 
sempre se baseou na lição do italiano Pietro Nuvolone para conceituar prova ilegal. Considera-
se prova ilegal sempre que sua obtenção se der por meio de violação de normas legais ou de 
princípios gerais do ordenamento, de natureza material ou processual. 
A prova será considerada ilícita quando for obtida através da violação de regra de direito 
material (penal ou constitucional). Portanto, quando houver a obtenção de prova em detrimento 
de direitos que o ordenamento reconhece aos indivíduos, independentemente do processo, a 
prova será considerada ilícita. 
Outra característica da prova ilícita é a violação no momento da colheita da prova. 
Geralmente é colhida em momento anterior ou concomitante ao processo. Apesar de, em regra, 
a prova ilícita ser produzida externamente ao processo, nada impede que sua produção ocorra 
em juízo. 
Por outro lado, a prova será considerada ilegítima quando obtida mediante violação à 
norma de direito processual. A prova ilegítima, como se vê, é sempre intra-processual (ou 
endoprocessual). 
 
23 
Importa dizer que, o art. 157, caput, do CPP, o qual se refere às provas ilícitas, dispõe que 
“assim devem ser consideradas aquelas obtidas em violação a normas constitucionais ou legais, 
não distinguindo se a norma legal é material ou processual”. Todavia, Renato Brasileiro entende 
que quando o art. 157, caput, do CPP, faz menção a normas legais, deve-se interpretar o 
dispositivo de maneira restritiva, referindo-se única e exclusivamente às normas de direito 
material, mantendo-se, quanto às provas ilegítimas, o regime jurídico da teoria das nulidades. 
Por fim, é necessário trazer entendimentos dos Tribunais Superior acerca do acesso às 
conversas do Whatsapp pela autoridade policial e (in)validade da prova – tema recorrente em 
provas de concursos públicos). 
STJ/2016: Sem consentimento do réu ou prévia autorização judicial, é ilícita a prova, 
colhida de forma coercitiva pela polícia, de conversa travada pelo investigado com terceira 
pessoa em telefone celular, por meio do recurso "viva-voz", que conduziu ao flagrante do 
crime de tráfico ilícito de entorpecentes. 
STJ/2017: Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem 
prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, 
tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa. 
STJ/2017: Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia celular pela polícia, sem 
prévia autorização judicial, na hipótese em que seu proprietário - a vítima - foi morto, 
tendo o referido telefone sido entregue à autoridade policial por sua esposa. 
STJ/2016: Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável 
ordem judicial para a apreensão de telefone celular, as mensagens armazenadas no 
aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que compreende igualmente a 
transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons 
ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, por 
meio de sistemas de informática e telemática. 
STJ/2016: Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas pela polícia por 
meio da extração de dados e de conversas registradas no whatsapp presentes no celular 
 
24 
do suposto autor de fato delituoso, ainda que o aparelho tenha sido apreendido no 
momento da prisão em flagrante. 
 
1.5.2. Prova ilícita por derivação (teoria dos frutos da árvore 
envenenada) 
Provas ilícitas por derivação são os meios probatórios que, não obstante produzidos, 
validamente, em momento posterior, encontram-se afetados pelo vício da ilicitude originária, 
que a eles se transmite, contaminando-os, por efeito de repercussão causal. 
Suponha-se que alguém tenha sido constrangido, mediante tortura, a confessar a prática 
de um crime de homicídio. Necessariamente, essa confissão deverá ser declarada ilícita. Pode 
ser que, dessa prova ilícita originária, resulte a obtenção de uma prova aparentemente lícita 
(v.g., localização e apreensão de um cadáver). Apesar da apreensão do cadáver ser 
aparentemente lícita, percebe-se que há um nexo causal inequívoco entre a confissão mediante 
tortura e a localização do cadáver. 
Dessa forma, se não fosse à prova ilícita originária, jamais teria sido possível a prova que 
dela derivou. Nesse sentido, conclui-se que a ilicitude da prova originária transmite-se, por 
repercussão, a todos os dados probatórios que nela se apoiem, ou dela derivem, ou, finalmente, 
nela encontre o seu fundamento legal. 
Com a entrada em vigor da Lei n° 11.690/08, a teoria dos frutos da árvore envenenada 
passou a constar expressamente do Código de Processo Penal. Segundo o art. 157, § 1º, do 
CPP, “são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado 
o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por 
uma fonte independente das primeiras”. 
1.5.3. Limitações à prova ilícita por derivação 
Após o desenvolvimento da teoria dos frutos da árvore envenenada, houve uma forte 
reação da própria Suprema Corte norte-americana contra a rigidez de tais regras, sendo 
desenvolvidas, então, exceções às exclusionary rules. Veremos algumas das teorias (mais 
 
25 
recorrentes em provas) que já vem sendo aplicadas no ordenamento jurídico brasileiro, razão 
pela qual merecem a nossa atenção. 
 Da teoria da fonte independente 
Conforme essa teoria se o órgão da persecução penal demonstrar que obteve, 
legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova, que 
não guarde qualquer relação de dependência, nem decorra da prova originariamente ilícita, não 
mantendo vínculo causal, tais dados probatórios são admissíveis, porque não contaminados pela 
mácula da ilicitude originária. 
Há de se tomar extrema cautela com a aplicação da exceção da fonte independente, tendo 
em vista que para que a teoria da fonte independente seja aplicada, impõe-se demonstração 
fática inequívoca de que a prova avaliada pelo juiz efetivamente é oriunda de uma fonte 
autônoma, ou seja, não se encontra na mesma linha de desdobramento das informações obtidas 
com a prova ilícita. Caso não se demonstre, inequivocamente, a ausência de qualquer nexo 
causal, fica valendo a teoria da prova ilícita por derivação. Em caso de dúvida, aplica-se o in 
dubio pro reo. 
A teoria da fonte independente, no Brasil, já vem sendo adotada pelo Supremo Tribunal 
Federal há alguns anos. Entretanto, com a reforma processual de 2008, a limitação da fonte 
independente passou a constar expressamente do Código de Processo Penal. Isso porque, 
segundo o art. 157, § 1º, do CPP, “são também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, 
salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as 
derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras”. 
O art. 157, § 2º, do CPP, trás o conceito de fonte independente. Considera-se fonte 
independente aquela que, por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da 
investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. 
Todavia, apesar de o dispositivo fazer menção à fonte independente, Renato Brasileiro 
afirma que "parece ter havido um equívoco por parte do legislador,pois, ao empregar o verbo 
no condicional, o conceito aí fornecido (seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova) refere-
se ao da limitação da descoberta inevitável, objeto de nosso estudo no próximo tópico". 
 
26 
 Teoria da descoberta inevitável 
Também conhecida como exceção da fonte hipotética independente, caso se demonstre 
que a prova derivada da ilícita seria produzida de qualquer modo, independentemente da prova 
ilícita originária, tal prova deve ser considerada válida. 
Para aplicação dessa teoria, é indispensável à existência de dados concretos a confirmar 
que a descoberta seria inevitável. Em outras palavras, não basta um juízo do possível. É 
necessário um juízo do provável, baseado em elementos concretos de prova. 
Importa dizer que, na visão de parte da doutrina, tal teoria teria passado a constar 
expressamente do Código de Processo Penal, a partir das alterações trazidas pela Lei n° 
11.690/08. Ora, embora o legislador não tenha se referido de maneira expressa à teoria da 
descoberta inevitável, podemos extraí-la do Art. 157, §2.º, do CPP “considera-se fonte 
independente aquela que, por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da 
investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova”. 
Como dito no tópico acima, parece ter havido uma confusão por parte do legislador ao se 
referir à fonte independente, pois o conceito por ele trazido é o da limitação da descoberta 
inevitável. 
 Limitação da mancha purgada (vícios sanados ou tinta diluída) 
Conhecida como limitação dos vícios sanados, do nexo causal atenuado ou da tinta diluída. 
Conforme essa teoria, não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação se o nexo causal entre 
a prova primária e a secundária for atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias 
supervenientes na cadeia probatória, da menor relevância da ilegalidade ou da vontade de um 
dos envolvidos em colaborar com a persecução criminal. 
Nesse caso, apesar de já ter havido a contaminação de um determinado meio de prova 
em face da ilicitude ou ilegalidade da situação que o gerou, um acontecimento futuro expurga, 
afasta, elide esse vício, permitindo-se, assim, o aproveitamento da prova inicialmente 
contaminada. 
Todavia, não se tem conhecimento da adoção da limitação da mancha purgada pelo 
Supremo Tribunal Federal, nem tampouco pelo Superior Tribunal de Justiça. 
 
27 
 
1.5.4. Inutilização da prova ilícita 
A prova ilícita não pode ingressar nos autos do processo. Deve haver uma decisão 
determinando o desentranhamento da prova declarada inadmissível. Ademais, uma vez preclusa 
tal decisão, a prova declarada inadmissível será inutilizada, sendo facultado às partes 
acompanhar o incidente. 
§ 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada 
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes 
acompanhar o incidente. 
A apreciação da ilicitude da prova deve ocorrer o quanto antes possível, sobretudo de 
modo a se evitar que referida prova venha a contaminar outras. Se houver oferecimento da 
denúncia pelo Ministério Público e ulterior recebimento da peça acusatória, o reconhecimento 
da ilicitude da prova deve ocorrer imediatamente após a apresentação da resposta à acusação 
pela defesa. Contudo, caso a prova tenha sido apresentada em audiência, deve o magistrado 
se pronunciar quanto à sua ilicitude de imediato, afastando sua valoração de eventual sentença 
condenatória. Em ambas as situações, esse desentranhamento imediato há de se limitar a uma 
inutilização formal provisória, devendo a prova ilícita ser preservada na secretaria judicial, para 
eventual retomo aos autos principais caso a decisão seja anulada ou modificada. 
No que tange ao recurso cabível, é certo que, se o magistrado reconhecer a 
inadmissibilidade da prova antes da audiência una de instrução e julgamento, o recurso cabível 
será o recurso em sentido estrito. Lado outro, caso não seja reconhecida a ilicitude da prova, 
será possível a impetração de habeas corpus em favor do acusado, desde que a imputação 
constante do processo refira-se à infração penal que preveja, pelo menos em tese, pena privativa 
de liberdade. 
Se, no entanto, o reconhecimento da ilicitude da prova ocorrer durante a audiência una de 
instrução e julgamento, sendo proferida sentença em seguida (CPP, art. 403, caput), o recurso a 
ser manejado será o de apelação, ainda que somente se recorra quanto à questão probatória. 
 Inutilização da prova ilícita no Tribunal do Júri 
 
28 
Caso a prova ilícita tenha sido produzida ainda na primeira fase do procedimento do júri, 
deve o juiz sumariante, ao pronunciar o acusado, determinar o desentranhamento da prova 
ilícita, deixando de levá-la em consideração na sua decisão. 
Se, no entanto, a prova ilícita tiver permanecido no processo ou nele ingressar após a 
pronúncia, ocorrendo o julgamento pelos jurados, deverá o Tribunal, em sede de recurso de 
apelação ou habeas corpus, reconhecer a ilicitude da prova e, por consequência, determinar a 
anulação do julgamento, diante da impossibilidade de se avaliar o grau de influência da prova 
ilícita sobre os jurados. 
 
 Descontaminação do julgado 
Código de Processo Penal 
ANTES da Lei n.º 13.964/2019 
Código de Processo Penal 
DEPOIS da Lei n.º 13.964/2019 
Art. 157. (...) 
(...) 
§4.º VETADO. 
Art. 157. (...) 
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova 
declarada inadmissível não poderá proferir a 
sentença ou acórdão. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019). 
 
O §4.º do Art. 157 do CPP, introduzido pela Lei n.º 11.690/2008, previa que “o juiz que 
conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir sentença ou 
acórdão”. Entretanto, esse dispositivo foi vetado pelo então Presidente da República. 
O Congresso Nacional deliberou por introduzir o referido dispositivo ao nosso Código de 
Processo Penal, através da tramitação legislativa do Pacote Anticrime. Repetiu os exatos termos 
do vetado §4.º, e inseriu o §5.º no Art. 157 do CPP. É o que a doutrina denomina de 
descontaminação do julgado. 
O objetivo do Art. 157, §5.º, CPP, é evitar que o juiz que tiver contato com a prova ilícita 
venha a julgar o caso, pois não teria isenção de ânimo suficiente para apreciar o caso concreto 
com a imparcialidade que dele se espera. É dizer, por mais que o referido magistrado tenha 
determinado o desentranhamento e ulterior inutilização das provas ilícitas, sua imparcialidade 
ainda estaria prejudicada. 
 
29 
Todavia, embora o dispositivo tente minimizar a contaminação subjetiva do magistrado 
responsável pelo julgamento, o dispositivo em questão pode ser objeto de críticas. Nesse 
sentido, a decisão do Min. Dias. Toffoli no julgamento da ADI 6.298 MC/DF (j. 15.01.2020). Para 
o Ministro, a forma como foi redigida o §5.º do art. 157, “pode resultar na criação de situações 
em que a produção de provas eventualmente nula sirva como instrumento deletério de 
interferência na definição do juiz natural, abrindo brecha para a escolha do magistrado que 
examinará o processo crime, vulnerando-se, por via transversa, o postulado constitucional em 
questão”. 
Nesse sentido, o eminente Ministro concedeu parcialmente a medida cautelar pleiteada, 
ad referendum do Plenário, para suspender a eficácia do art. 157, §5.º, do CPP, incluído pela 
Lei n.º 13.964/2019. A decisão em questão acabou sendo mantida pelo Min. Luiz Fux (ADI 6.299 
MC/DF, j. 22.01.2020). 
1.6. Meios de prova e meios de obtenção de prova em espécie 
1.6.1. Cadeia de custódia 
Consiste em um mecanismo garantidor da autenticidade das evidências coletadas e 
examinadas, assegurando que correspondem ao caso investigado, sem que haja lugar para 
qualquer tipo de adulteração. 
Prevista no Art. 158-A, do CPP: 
Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os 
procedimentos utilizados para manter e documentara história cronológica 
do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua 
posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte. (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019). 
Funciona, pois, como a documentação formal de um procedimento destinado a manter e 
documentar a história cronológica de uma evidência, evitando-se, assim, eventuais interferências 
internas e externas capazes de colocar em dúvida o resultado da atividade probatória, 
 
30 
assegurando, assim, o rastreamento da evidencia desde o local do crime até o Tribunal. (Renato 
Brasileiro, 2020). 
Tem fundamento no princípio da “autenticidade da prova”, pelo qual se entende que 
determinado vestígio relacionado à infração penal, encontrado, por exemplo, no local do crime, 
é o mesmo que o magistrado está usando para formar se convencimento. 
É aplicável a todo e qualquer elemento probatório, tendo início com a preservação do local 
do crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de 
vestígios, e se encerra tão somente com o descarte do vestígio, geralmente ao final do processo 
penal. 
Conforme o Art. 158-A, §1.º, do CPP, incluído pela Lei n.º 13.964/2019 (pacote anticrime), 
o marco inaugural da cadeia de custódia do vestígio pode ocorrer de três formas, em conjunto 
ou isoladamente, quais sejam: 
1. Preservação do local do crime: consiste na manutenção do estado original das 
coisas em locais de crime até a chegada dos profissionais de perícia criminal. 
 
§ 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de 
crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada 
a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
2. Procedimentos policiais: é quando a polícia (militar ou não) por meio de ações 
institucionais de patrulhamento e prevenção ao crime (blitz de trânsito) ou por 
meio de procedimentos investigatórios (infiltração policial) identifique a existência 
de vestígios relacionados à infração penal, hipótese em que deverá proceder à 
respectiva coleta, deflagrando-se o início da cadeia de custodia. 
 
§ 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial 
interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua 
preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
3. Procedimentos periciais: o vestígio é identificado através do trabalho técnico. 
 
31 
§ 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado 
ou recolhido, que se relaciona à infração penal. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019). 
Importante ter em mente que a cadeia de custodia não está restrita à perícia criminal. Na 
verdade, a depender do caso concreto, pode ter início muito antes, quando o Delegado de 
Polícia apreende determinado objeto, ou quando um policial civil (ou militar) receber algum 
objeto material que possa guardar relação com determinado delito, oportunidade em que 
deverão observar com rigor todas as etapas da cadeia de custódia. 
No que tange as consequências decorrentes da quebra da cadeia de custódia, temos alguns 
entendimentos. De um lado, há quem entenda que a quebra inviabiliza o efetivo exercício o do 
contraditório pela parte que não tem acesso à prova integral. Sob a ótica da teoria dos frutos 
da árvore envenenada, os elementos remanescentes serão contaminados, logo, ilícitos. 
Por fim, em sentido diverso, com a introdução do regramento da cadeia de custódia pela 
Lei n.º 13.964/2019, parte da doutrina prefere afirmar que eventual violação à nova sistemática 
adotada pelos arts. 158-A a 158-F do CPP, poderá acarretar a ilegitimidade da prova , haja vista 
a violação a regras de direito processual, com a consequente aplicação da teoria das nulidades. 
(Posição adotada por Renato Brasileiro). 
 Etapas do rastreamento do vestígio na cadeia de custódia 
Conforme a Portaria n.º 82/2014 da SENASP, as etapas da cadeia de custódia são divididas 
em duas fases: 
1. Fase externa: compreende a preservação do local do crime, a busca do vestígio, 
seu reconhecimento, isolamento, fixação, coleta, acondicionamento, transporte e 
recebimento. 
2. Fase interna: compreende todas as etapas entre a entrada do vestígio no órgão 
pericial até sua devolução juntamente com o laudo pericial, ao órgão requisitante 
da perícia. 
A etapa do rastreamento do vestígio compreendida na cadeia de custódia está prevista no 
Art. 158-B, e assim dispõe: 
 
32 
Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio nas seguintes etapas: 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a 
produção da prova pericial; Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e preservar o 
ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei 
nº 13.964, de 2019). 
III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime ou no 
corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser ilustrada por fotografias, 
filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo 
perito responsável pelo atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial, respeitando suas 
características e natureza; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado 
de forma individualizada, de acordo com suas características físicas, químicas e biológicas, 
para posterior análise, com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o 
acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as condições 
adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre outras), de modo a garantir a 
manutenção de suas características originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019). 
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser 
documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de procedimento e 
unidade de polícia judiciária relacionada, local de origem, nome de quem transportou o 
vestígio, código de rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura 
e identificação de quem o recebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a 
metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e químicas, a fim de se obter 
 
33 
o resultado desejado, que deverá ser formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído 
pela Lei nº 13.964, de 2019). 
IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material 
a ser processado, guardado para realização de contraperícia, descartado ou transportado, 
com vinculação ao número do laudo correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação vigente 
e, quando pertinente, mediante autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Coleta dos vestígios 
A Lei n.º 13.964/2019 (pacote anticrime) introduziu o Art. 158-C, caput, do CPP, prevendo 
que a coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial que dará o 
encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a 
realização de exames complementares. 
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente 
por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de 
custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames 
complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
§ 1º Todos vestígioscoletados no decurso do inquérito ou processo devem 
ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia 
oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu 
cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
A utilização da palavra “preferencialmente” denota que se acaso não for possível o 
recolhimento dos vestígios por um perito oficial, um perito não oficial poderá fazê-lo, nos termos 
do Art. 159 e §§ do CPP, sob pena de contaminação da cadeia de custódia. 
De acordo com o art. 158-C, §2.º do CPP, é proibida a entrada em locais isolados bem 
como a remoção de quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do 
perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua realização. 
 
34 
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de 
quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do 
perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua 
realização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
Importa dizer que, embora o dispositivo determine que a prática dessas duas condutas 
(entrada em locais isolados e remoção dos vestígios) deverá ser tipificada como fraude 
processual, é crucial entender que não se trata de um tipo penal autônomo. 
Portanto, a tipificação desse crime de fraude processual a que se refere, estará 
condicionada, rigorosamente, à presença das respectivas elementares do delito em questão, que 
encontra previsão no art. 347 do CP, no art. 312 do CTB, e nos arts. 23 e 24 da nova lei de 
abuso de autoridade. 
 Recipientes para acondicionamento de vestígios 
O art. 158-D trás as regras para o acondicionamento de vestígios: 
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será 
determinado pela natureza do material. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 
2019). 
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração 
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do 
vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas 
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de resistência 
adequado e espaço para registro de informações sobre seu conteúdo. 
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à 
análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. (Incluído pela Lei nº 
13.964, de 2019). 
 
35 
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de 
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a data, 
o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo lacre 
utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo 
recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
 Centrais de custódia 
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia destinada à 
guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente ao órgão central 
de perícia oficial de natureza criminal. 
Essa central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com local para conferência, 
recepção, devolução de materiais e documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a 
distribuição de materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais 
que não interfiram nas características do vestígio. 
Importante dizer que, na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser 
protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no inquérito que a eles se 
relacionam. Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão ser 
identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso. 
Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações deverão ser registradas, 
consignando-se a identificação do responsável pela tramitação, a destinação, a data e horário 
da ação. 
 Destinação do material após a realização da perícia 
Uma vez realizado o exame pericial deverá ser devolvido à central de custódia, devendo 
nela permanecer. Essa sistemática está prevista no art. 158-F, do CPP: 
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à 
central de custódia, devendo nela permanecer. (Incluído pela Lei nº 13.964, 
de 2019). 
 
36 
Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou 
condições de armazenar determinado material, deverá a autoridade policial 
ou judiciária determinar as condições de depósito do referido material em 
local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de perícia 
oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019). 
1.6.2. Do exame de corpo de delito e das perícias em geral 
 Do Corpo de delito 
Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais ou sensíveis deixados pela infração 
penal. 
 Exame de corpo de delito e outras perícias 
O exame de corpo de delito é uma análise feita por pessoas com conhecimentos técnicos 
ou científicos sobre os vestígios materiais deixados pela infração penal para comprovação da 
materialidade e autoria do delito. A depender do caso concreto, um mesmo corpo de delito 
pode ser submetido a vários exames periciais. 
O exame de corpo de delito não é única espécie de exame pericial, embora grande parte 
da doutrina assim ensine. Na verdade, o exame de corpo de delito é uma espécie de perícia. 
Logo, apesar de o exame de corpo de delito ser o mais importante exame pericial, pois ligado 
aos vestígios deixados pela infração penal, há outros exames periciais com igual relevância, tais 
como os de verificação da sanidade mental do acusado, os de constatação da idade do acusado, 
etc. 
Não é prova hierarquicamente superior às demais. Em regra, o exame pericial pode ser 
determinado tanto pela autoridade policial quanto pelas autoridades judiciária e ministerial. 
Entretanto, a determinação para o exame de sanidade mental, apenas pode ser feita pela 
autoridade judiciária. Quando houver dúvida sobre a integridade mental do acusado, o juiz 
ordenará, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, do defensor, do curador, do 
ascendente, descendente, irmão ou cônjuge do acusado, seja este submetido a exame médico-
legal (CPP, art. 149, caput). 
 
37 
A conclusão do exame pericial cabe aos os peritos, jamais as autoridades policial, judiciária 
e ministerial poderão interferir, tendo em vista a garantia da autonomia técnica, científica e 
funcional, dos peritos. 
Além disso, segundo o art. 161 do CPP, o exame de corpo de delito poderá ser feito em 
qualquer dia e a qualquer hora. 
 Laudo pericial 
É a peça técnica elaborada pelos peritos quando da realização do exame pericial. 
Subdivide-se em 4 (quatro) partes: a) preâmbulo: qualificação do perito oficial ou dos peritos 
não-oficiais e do objeto da perícia; b) exposição: narrativa de tudo que é observado pelos 
experts; c) fundamentação: motivos que levaram os experts à conclusão final; d) conclusão 
técnica: resposta aos quesitos. 
 Obrigatoriedade do exame de corpo de delito: infrações transeuntes e não 
transeuntes 
É importante diferenciarmos as infrações penais transeuntes das não transeuntes: 
 Infrações penais transeuntes: são as infrações penais que não deixam vestígios. 
Ex: crimes contra a honra praticados verbalmente; 
 Infrações penais não transeuntes: são as infrações penais que deixam vestígios 
materiais. Ex: crime de homicídio cujo cadáver foi encontrado. 
A relevância da realização do exame de corpo de delito recai sobre as infrações não 
transeuntes, pois tais delitos costumam deixar vestígios. 
 Exame de corpo de delito direto e indireto 
O exame de corpo de delito direto é aquele feito por perito oficial (ou dois peritos não 
oficiais) sobre o próprio corpo de delito. 
Há dúvidas na busca da doutrina pelo conceito de exame de corpo de delitoindireto. Para 
uma primeira corrente, não há qualquer formalidade para a constituição do corpo de delito 
indireto, constituindo-se pela colheita de prova testemunhai, a qual, afirmando ter presenciado 
o crime ou visto os vestígios, será suficiente para suprir o exame direto, ou, ainda, pela análise 
 
38 
de documentos que comprovem a materialidade, tais como fotografias dos vestígios sensíveis 
ou o prontuário médico do atendimento da vítima no posto de saúde. 
Para uma segunda corrente, o exame de corpo de delito indireto é um exame pericial e 
não se confunde com o mero depoimento de testemunhas (CPP, art. 167). Para essa corrente, 
após colherem os depoimentos das testemunhas acerca dos vestígios deixados pela infração 
penal, ou analisar documentos pertinentes à materialidade da infração penal, os peritos irão 
extrair suas conclusões, firmando um laudo pericial. Esse exame é tido como indireto pelo fato 
de não ser feito diretamente sobre os vestígios deixados pela infração. 
Conclui-se, portanto, que o exame de corpo de delito direto é, sim, um exame pericial. De 
outro lado, a depender da corrente adotada, o exame de corpo de delito indireto pode ser 
considerado um exame pericial ou um exame judicial, ou seja, uma análise do juiz acerca da 
materialidade do delito, porém a ser feita a partir da prova testemunhai ou documental. 
 Ausência do exame de corpo de delito 
A lei que estabelece que, quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame 
de corpo de delito. Então, se era possível à realização do exame direto, ou, ainda, se a ausência 
do exame direto não foi suprida pelo exame de corpo de delito indireto, deverá o processo ser 
anulado, a partir do momento em que o laudo deveria ter sido juntado ao processo. 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem 
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
 Prioridade à realização do exame de corpo de delito 
A lei que estabelece que, alguns crimes, terão prioridade na realização do exame de corpo 
de delito. 
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de 
delito quando se tratar de crime que envolva: 
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei nº 
13.721, de 2018).2 
 
2 Vide questão 6 do material 
 
39 
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
(Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018).3 
 
 
 Peritos: oficiais e não oficiais 
Os peritos podem ser de duas espécies: peritos oficiais ou não oficiais. Em ambas as 
hipóteses, o perito deve ser portador de diploma de curso superior. No entanto, há precedente 
da 2ª Turma do Supremo reconhecendo a possibilidade de exame ser feito por dois peritos não 
oficiais não portadores de diploma de curso superior. 
Perito oficial é o funcionário público de carreira cuja função é a de realizar perícias 
determinadas pela autoridade policial ou judiciária. Já o perito não oficial ou inoficial é a pessoa 
nomeada pelo juiz ou pela autoridade policial para realizar determinado exame pericial. 
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados 
por perito oficial, portador de diploma de curso superior. 
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas 
idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na 
área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com 
a natureza do exame. 
Dispõe o art. 159, § 2º, do CPP, que os peritos não oficiais prestarão o compromisso de 
bem e fielmente desempenhar o encargo. Para a doutrina e para a jurisprudência, a ausência 
desse compromisso configura mera irregularidade. 
§ 2º Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente 
desempenhar o encargo. 
Por fim, tanto o perito oficial quanto o perito não oficial são considerados funcionários 
públicos para os fins do art. 327 do Código Penal. O primeiro, por ser titular de cargo público. 
O segundo, por exercer, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, função pública. 
 Assistente técnico 
 
3 Vide questão 5 do material 
 
40 
O assistente técnico, introduzido no processo penal pela Lei n° 11.690/08, é um auxiliar 
das partes, dotado de conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos, responsável por trazer 
ao processo informações especializadas pertinentes ao objeto da perícia. 
§ 3º Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao 
ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação 
de assistente técnico. 
O momento de admissibilidade do assistente técnico é muito discutido na doutrina. Renato 
Brasileiro entende que sua atuação somente pode ocorrer na fase judicial. Isso porque, segundo 
o art. 159, § 4º, do CPP, o assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a 
conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas 
desta decisão. 
§ 4º O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após 
a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo 
as partes intimadas desta decisão.4 
Na mesma linha, dispõe o Código que, durante o curso do processo judicial, é permitido 
às partes, quanto à perícia, indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em 
prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência (CPP, art. 159, § 5º, II). 
Por fim, e ainda segundo as alterações introduzidas no CPP pela Lei n° 11.690/08, havendo 
requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado 
no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, 
para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação (CPP, art. 159, § 6º). 
Não se admite, portanto, a intervenção do assistente na fase investigatória. 
 Autópsia e exumação para exame cadavérico 
Nos termos do art. 162, caput, do CPP, a autópsia será feita pelo menos 6 (seis) horas 
depois do óbito, salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser 
feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. Não obstante, nos casos de morte violenta, 
bastará o simples exame externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou 
 
4 Vide questão 9 do material 
 
41 
quando as lesões externas permitam precisar a causa da morte e não haja necessidade de exame 
interno para a verificação de alguma circunstância relevante. 
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo 
se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser 
feita antes daquele prazo, o que declararão no auto. 
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame 
externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou 
quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não 
houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma 
circunstância relevante. 
 Laudo pericial complementar no crime de lesões corporais 
Nos casos de lesão corporal grave que resulta incapacidade para as ocupações habituais 
por mais de 30 (trinta) dias, além do primeiro exame pericial, comprovando a ofensa à 
integridade corporal, é necessária a realização de um exame complementar, a fim de se aferir 
se a vítima ficara incapacitada para as ocupações habituais por mais de 30 (trinta) dias. 
Importante ressaltar, todavia, que a falta desse exame complementar poderá ser suprida 
pela prova testemunhal (CPP, art. 167, c/c art. 168, § 3º). 
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver 
sido incompleto, proceder-se-á a exame

Continue navegando