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Provas no Processo Penal

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PROVAS
- Provas
Todo elemento que foi produzido mediante contraditório judicial.
- Elementos de Informação
Elemento que tem a finalidade provar algo ligado com o fato apurado, porém não foi produzido sob o crivo do contraditório judicial.
Não se pode condenar EXCLUSIVAMENTE com base em elemento de informação, nos termos do art. 155 do CPP.
- Indícios – Art. 239 do CPP – Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.
São elementos periféricos, que não dizem algo sobre o fato em si, mas permitem chegar a uma conclusão sobre o fato principal.
Indícios são considerados provas indicidárias. 
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis eantecipadas. (Redação dada pela Lei n. 11.690, de 2008) 
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão observadas as restrições estabelecidas na lei civil. 
Obs. Este artigo adotou o Princípio da Persuasão racional ou do Livre Convencimento Motivado. Isto quer dizer que o juiz, ao julgar um caso, pode apreciar livremente as provas. Não existe uma pontuação. Porém, a decisão deve ser sempre fundamentada.
Para absolver o réu vale qualquer coisa! Vigora o Princípio do In Dubio Pro Reo. Vale usar elemento de informação, prova ilícita etc.
Os elementos de informação até podem ser utilizados para condenar o réu, porém, desde que acompanhados por uma prova. 
Condenação → Só prova ou Prova + Elemento de informação. 
Exceção: Provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. As quais o legisladore conferiu o status de prova, mesmo sem contraditório judicial.
	Elementos de Informação
	Provas
	Nao podem ensejar uma condenação, por si sós.
	Podem ensejar a condenação, por si só
	Não há ampla defesa
	Há ampla defesa
	Não há contraditório
	Há contraditório
	Colhidos pela autoridade policial ou por qualquer outro meio
	Colhidas perante juiz natural
Provas Cautelares →Fumus Boni Iuris e Periculum In Mora. São provas em que há um risco de perecimento antes do início da ação penal.
Ex. uma testemunha muito idosa que está prestes a morrer e que precisa ser ouvida imediatamente.
Provas não repetíveis → Não tem mais como serem produzidas. Não poe ser repetida.
Ex. Perícia em uma pessoa vítima de lesão corporal.
Provas antecipadas → Antecipa-se o momento que era adequado para a sua produção.
Ex. Um testemunha tem que ser ouvida na audiência de instrução e julgamento. Porém, uma vítima de abuso infantil pode ser ouvida de modo antecipada, para evitar que a memória seja prejudicada.
Destaca-se que nenhum direito fundamental é absoluto, de modo que o devido processo legal também não é um direito absoluto.
O próprio CPP previu hipótese de previsão antecipada de prova, nos termos do art. 366, conforme demonstrado a seguir:
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.            (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) 
Há três anos o STF mitigou o próprio entendimento dele e passou a entender que com relação aos policiais que atuaram no caso, de alguma maneira participaram do crime, seja por ter feito a prisão em flagrante, seja por ter participado de algumas diligências, podem ser colhidas provas antecipadas porque, em relação ao policial e tão somente com relação ao policial, seria viável pressupor que ele possa esquecer. 
Já a previsão geral de prova antecipada está no art. 156 do CPP, conforme demonstrado a seguir:
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: 
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; 
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. 
Críticas: Em face da adoção do Sistema Acusatório, o juiz não deveria fazer mais nada de ofício. Contudo, o legislador dispõe que é uma faculdade do juiz.
CLASSIFICAÇÃO DE PROVAS
Prova Direta
Envolve algo sobre o fato. Tenta comprovar o que aconteceu.
Prova Indireta (contraprova)
Tenta comprovar que aquilo que está “provado” não ocorreu.
Prova Emprestada
É a prova que veio de outro processo ou procedimento. Pode ter origem em processo criminal, administrativo ou civil. 
A maioria entende que é cabível, desde que tenha sido produzida em seu processo originário com contraditório e ampla defesa.
Obs. A maioria entende que a prova pericial, prova oral etc, chagam ao processo derivado sempre como prova documental.
Acórdão do STF de 2019: EMENTA AGRAVO INTERNO EM RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. DEMISSÃO DE POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL. INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS PENAL E ADMINISTRATIVA. UTILIZAÇÃO DE PROVA EMPRESTADA EM PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS AUTORIZADAS JUDICIALMENTE. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica no sentido de impossibilidade de inovação do objeto da inicial do mandado de segurança para incluir questões não suscitadas na instância a quo. Precedentes. 2. A comunicabilidade entre as esferas administrativa e penal é restrita às situações em que configurada a inexistência material do fato ou a negativa de sua autoria. 3. Dados obtidos em interceptações telefônicas realizadas com chancela judicial, no curso de investigação criminal ou de instrução processual penal, podem ser utilizados como prova emprestada em processo administrativo disciplinar. Precedentes. 4. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC/2015, por se tratar de recurso interposto em mandado de segurança (art. 25 da Lei n. 12.016/2009 e Súmula n. 512/STF). 5. Agravo interno conhecido e não provido, com aplicação, no caso de votação unânime, da penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC, calculada à razão de 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa. (RMS 30295 AgR, Relator (a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 04/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-029 DIVULG 12-02-2019 PUBLIC 13/02/2019). 
Prova Nominada
É aquela que tem nome na Lei. Ex.: Prova Testemunhal.
Prova Inominada
Não está prevista na Lei. Ex. Conversas de Whatsapp.
Porém, são admitidas pelo Princípio da Liberdade dos Meios de Prova – as partes podem produzir qualquer prova, desde que não seja prova ilícita.
Prova Anômala
É aquela utilizada para fins diversos do que ela tinha sido prevista. Foi prevista na lei para ser utilizada de determinada maneira, mas o juiz ou as partes estão utilizando para outra finalidade.
Ou seja, é aquela prova típica produzida sem a observância de seu procedimento probatório.
Dezem (2008, p. 152) cita o exemplo da utilização da referida prova no Processo Penal Brasileiro na oitiva da testemunha pelo órgão da acusação no seu gabinete e a consequente introdução desta nos autos do processo como se fosse um documento. Tal tentativa atinge seriamente os Princípios Constitucionais do Contraditório e da Ampla Defesa, pois impede que o Magistrado e a Defesa façam o devido controle e também serve para burlar limites de admissibilidade de prova, pois um documento pode ser juntado a qualquer tempo, já a prova testemunhal deve ser requerida no começo da instrução, tendo momentos determinados para a sua produção dentro do processo. 
Prova Irritual (não observa o modelo legal)
É aquela que não obedece ao rito, não obedece ao modelo legal.
A lei determina que a prova será produzida de determinada maneira e o juiz ou as partes produzem essa prova de maneira diferenciada.
Não sãoobjetos de prova:
Fatos notórios
Ex. 25 de dezembro é natal.
Fatos axiomáticos ou ituitivo – Aqueles que decorrem do simples uso da intuição.
Fatos Irrelevantes
Aqueles não relacionados com a causa.
Presunções Legais. - O prórprio legislador já presumiu como sendo verdadeiras.
ÔNUS DA PROVA
- Princípio da Presunção de Inocência.
A doutrina mais garantista defende que o ônus da prova cabe integralmente à acusação, de modo que esta deveria provar tanto a autoria e a materialidade, quanto que o réu não agiu em estado de excludente de ilicitude e nem em excludente de culpabilidade.
Eugenio Zaffaroni. Tipicidade Conglobante. Basicamente entende que não se pode considerar como típica uma conduta que é fomentada ou tolerada pelo próprio Estado. Assim, é preciso na atipicidade que seja conglobada a não existência de excludente de ilicitude e de excludentes de culpabilidade. Deste modo, o ônus da prova seria integralmente do órgão acusador.
Art. 156.  A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:                       (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 
Obs. No Processo Penal o poder do juiz distribuir o ônus da prova é estático, ou seja, é sempre igual.
Ônus da acusação → Prova da materialidade, autoria e tipicidade.
Ônus da Defesa → Excludentes da ilicitude, da culpabilidade e contraprova ou prova indireta.
SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DAS PROVAS
Existem três sistemas no Processo Penal:
1) Sistema da Íntima Convicção (Tribunal do Júri)
Aplicado no Tribunal do Júri, para os jurados. 
Pela íntima convicção, o julgador vai condenar ou absolver sem precisar expor as razões da sua convicção.
3) Sistema da Persuasão Racional (Adotado, em regra, no Brasil)
O juiz aprecia livremente as provas, porém deve fundamentar as suas decisões com razões jurídicas e fáticas, com base nas provas que se encontram nos autos.
2) Sistema da Tarifação das Pravas
É o sistema em que se atribui um valor para cada prova. Há um sistema de pontuação.
Destaca-se que o parágrafo único do art. 155 do CPP diz que “somente quanto ao estado das pessoas a prova será produzida na forma da lei civil”. Grande parte da doutrina entende que é um resquício do sistema da tarifação de provas.
Estado das Pessoas → Produção da prova na forma da Lei Civil.
PROVAS ILÍCITAS
• “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” (art. 5º, inciso LVI, da CF) 
• Art. 157 do CPP: “São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim como entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais” 
Obs. No processo penal → Liberdade dos meios de prova.
Prova Ilícita → Viola normas de direito material.
Ex. Policial torturou réu para que ele confessasse o crime. Tortura é crime. Houve, assim, uma violação de uma regra de direito material.
Prova Ilegítima → Viola normas de direito processual. 
Ex. Foi realizada uma busca e apreensão sem que tenha sido autorizada da forma como prevista no CPP. 
§ 1 º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 
Teoria dos frutos da árvore envenenada (ilicitude por derivação) – Fruits of the poisonous tree 
Se a prova principal está contaminada pela ilicitude, as derivadas também serão ilicitas.
Esta teoria, entretanto, sofreu mitigação.
Limitações à ilicitude por derivação 
§ 1 º São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. 
1. Teoria da fonte independente (independent source doctrine)
Se a prova derivada da prova ilícita podia ser obtida por uma fonte independente, ela será aceita.
STF “Eventuais vícios do inquérito policial não contaminam a ação penal. O reconhecimento fotográfico, procedido na fase inquisitorial, em desconformidade com o artigo 226, I, do Código de Processo Penal, não tem a virtude de contaminar o acervo probatório coligido na fase judicial, sob o crivo do contraditório. Inaplicabilidade da teoria da árvore dos frutos envenenados (fruits of the poisonous tree). Sentença condenatória embasada em provas autônomas produzidas em juízo “. STF, 1ª Turma, HC 83.921/RJ, Rei. Min, Eros Grau, DJ 27/08/2004. A prova supostamente ilícita seria feita no bojo do inquérito e vícios do inquérito não contaminam a ação penal subsequente. 
2) Teoria da descoberta inevitável
Se aquela descoberta que foi feita seria, de qualquer maneira, reconhecida seguindo os trâmites típicos e de praxe da investigação ou da instrução, essa prova deve ser salva, deve ser resguardada. 
§ 2º Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. 
Obs. O CPP trouxe um erro material ao conceituar a fonte independente à descoberta inevitável.
Esta teoria surgiu no direito americano. 
3) Teoria da mancha purgada ou tinta diluída
Nexo de causalidade atenuado.
Essa teoria entende que se o órgão da persecução penal demonstrar que obteve legitimamente novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de prova, que não guarde qualquer relação de dependência, nem decorra da prova originariamente ilícita.
Art. 157. § 1º São também inadmissíveis as prova derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras. 
STJ, HC 106571 HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. ARTIGO 16 DA LEI 10.826/2003 E ARTIGO 33 DA LEI n. 11.343/2006. BUSCA E APREENSÃO. DECISÃO SEM FUNDAMENTAÇÃO. NULIDADE. SUBSISTÊNCIA DO FLAGRANTE E DAS PROVAS OBTIDAS. CRIMES PERMANENTES. TEORIAS DA FONTE INDEPENDENTE E DA DESCOBERTA INEVITÁVEL. DENEGAÇÃO DA ORDEM. 1. É nula a decisão que autoriza medida de busca e apreensão sem qualquer fundamentação. 2. São admitidas as provas colhidas quando da prisão em flagrante do paciente, na hipótese de ilicitude da busca e apreensão autorizada judicialmente, desde que tal medida não tenha sido determinante para a sua obtenção (teorias da fonte independente e da descoberta inevitável). 3. A teor do disposto no artigo 5º, incisos XI e LXI, da Constituição Federal, nos quais encontram-se hipóteses excepcionais de possibilidade de violação do domicílio e de restrição da liberdade do indivíduo em razão de flagrante delito, é desnecessária autorização judicial para busca e apreensão quando se tratar de flagrante de crime permanente. Precedentes. 
• STJ, HC 52995/AL, 2010 A segunda consideração, não menos importante, é que o extrato ou documento de transferência foi obtido por herdeiro da vítima, circunstância que ocorreria de qualquer maneira após a sua habilitação em inventário, a ensejar, da mesma maneira, o desenrolar do processo tal qual como ocorreu na espécie. 7. Acolhimento da teoria da descoberta inevitável; a prova seria necessariamente descoberta por outros meios legais. No caso, repita-se, o sobrinho da vítima, na condição de herdeiro, teria, inarredavelmente, após a habilitação no inventário, o conhecimento das movimentações financeiras e, certamente, saberia do desfalque que a vítima havia sofrido; ou seja, a descoberta era inevitável. 
4) Teoria da exceção da boa-fé (também chamada de Good gaith exception)
O agente que pratica o ato ilícito por derivação possui uma boa-fé. Exemplo.: um juiz incompetente expediu um mandado de busca e apreensão, logo, será nulo. No entanto, o agente policial que efetuará a diligência, não sabe que o juiz é incompetente, ou seja, ela tem uma crença razoável de que sua conduta é lícita, logo, havendo essa boa-fé do agente e esse elemento de que a conduta razoável do agente é lícita, aquela busca e apreensão efetivada, embora tenha sido autorizada por um juiz incompetente, poderá ser salva pela exceção da boa-fé. 
• Requisitos: 
– Boa-fé doagente;
– Crença razoável da conduta do agente.
5) Teoria do Risco
Se a pessoa (réu ou indiciado) confessa (ainda que por telefone) espontaneamente a sua participação em ilícitos, assume o risco de eventual documentação feita por outrem (qualquer pessoa que tenha recebido essa notícia). 
• “Si usted no cuida sus garantias, no pretenda que lo hagan um juez”. Silva Júnior. Se a pessoa não cuidar de suas garantias, não pretenda que o faça um juiz, ou seja, para o juiz dar garantias, primeiro a pessoa tem que cuidar de suas próprias garantias e de seus próprios direitos fundamentais. 
• STF, 2ª Turma, RE 402.717, Rel. Min. Cezar Peluso, DJe 030 12/02;2009 “Como gravação meramente clandestina, que se não confunde com interceptação, objeto de vedação constitucional, é lícita a prova consistente no teor de gravação de conversa telefônica realizada por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, se não há causa legal específica de sigilo nem de reserva da conversação, sobretudo quando se predestine a fazer prova, em juízo ou inquérito, a favor de quem a gravou”. 
6) Teoria do encontro fortuito de provas (serendipidade)
Nas intercepções telefônicas validamente determinadas, é possível a ocorrência de serendipidade, pela qual, de forma fortuita, são descobertos delitos que não eram objetos da investigação originária. (HC 137438, AgR, Relator (a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 26/05/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJ-e DIVULG 19-06-2017 PUBLIC 20-06-2017).
CONSEQUÊNCIA DA ILICITUDE
Art. 157, CPP: § 3º Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às partes acompanhar o incidente. 
§ 4º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão. (vetado) 
– O delito transeunte é aquilo que transita, que passa, ou seja, aquilo que não deixa vestígios. Exemplo.: o crime de calúnia não deixa vestígios (regra geral). Nesse caso, não é necessário a perícia.
– O delito não transeunte é aquilo que deixa vestígio.
Exemplo.: o crime de homicídio. Log, é preciso realizar o exame pericial.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios (crimes não transeuntes), será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei n. 13.721, de 2018) 
I – violência doméstica e familiar contra mulher; 
II – violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência. 
Obs. O Corpo de Delito é o objeto sobre o qual será realizada a perícia.
Exame de Corpo de Delito Direto
Por exemplo, no crime de homicídio é aquele realizado diretamente no corpo da vítima.
Exame de Corpo de Delito Indireto
Realizado em outros itens, que não o próprio corpo de delito, como sangue, fios de cabelo etc.
Art. 159 O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei n. 11.690, de 2008) 
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios (crimes não transeuntes), será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
- O exame pericial é obrigatório, seja direto ou indireto.
- Se os vestígios desapareceram, então é possível suprir com prova testemunhal.
- A confissão do acusado não é capaz de suprir a falta do exame pericial.
A ordem de busca e apreensão determinada já é suficiente para permitir o acesso aos dados dos aparelhos celulares apreendidos. STJ. 5ª Turma. RHC 77.232/SC, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 03/10/2017 
• Polícia acessa o WhatsApp do investigado sem autorização judicial ou do réu, mesmo que preso em flagrante: PROVA ILÍCITA.
	• Polícia, com autorização de busca e apreensão, apreende celular do investigado. Em seguida, mesmo sem nova autorização judicial, acessa o WhatsApp: PROVA VÁLIDA.
	• Polícia acessa o WhatsApp da vítima morta, com autorização do cônjuge do falecido, mas sem autorização judicial: PROVA VÁLIDA.
	Lembrando que o registro das ligações telefônicas é permitido, pois não tem acesso ao conteúdo em si, somente aos registros telefônicos
Atualmente, existe divergência entre o STF e o STJ quanto à necessidade de prévia autorização judicial para análise do conteúdo de telefones celulares ou outros aparelhos eletrônicos licitamente apreendidos, mesmo em caso de prisão em FLAGRANTE (!! o que não foi o caso da questão!!) .
*STF: não há necessidade de autorização judicial. Precedente HC 91867 de 2012. Cita, inclusive, a teoria da descoberta inevitável, construída pela Suprema Corte norte-americana no caso Nix x Williams (1984), segundo a qual o curso normal das investigações conduziria a elementos informativos que vinculariam o réu ao fato investigado. 
*STJ: entende pela imprescindibilidade de prévia autorização judicial. Na ocorrência de autuação de crime em flagrante, ainda que seja dispensável ordem judicial para a apreensão de telefone celular, as mensagens armazenadas no aparelho estão protegidas pelo sigilo telefônico, que compreende igualmente a transmissão, recepção ou emissão de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza, por meio de telefonia fixa ou móvel ou, ainda, por meio de sistemas de informática e telemática. STJ. 5ª Turma. RHC 67.379-RN, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2016 (Info 593)
#Para complementar _2:
*A Lei nº 9.296/96 protege apenas o fluxo de comunicações (e não os dados obtidos e armazenados): A Lei nº 9.296/96 não proíbe que as autoridades policiais tenham conhecimento do conteúdo dessa comunicação depois que elas ocorreram caso fiquem armazenadas no computador, celular etc (sistemas de informática e telemática). Entende-se que cada interlocutor poderia ter excluído a informação e se não o fez, não poderá invocar a Lei nº 9.296/96.
#Para complementar _3:
*Para o acesso a dados telemáticos NÃO é necessário a delimitação temporal para fins de investigações criminais.
*Não é necessário especificar a limitação temporal para os acessos requeridos pelo Ministério Público, por se tratar de dados estáticos, constantes nas plataformas de dados. STJ. 6ª Turma. HC 587.732-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/10/2020 (Info 682).
*Não é possível aplicar multa contra o WhatsApp pelo fato de a empresa não conseguir interceptar as mensagens trocadas pelo aplicativo e que são protegidas por criptografia de ponta a ponta
PROVA PERICIAL
Art. 159 O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação dada pela Lei n. 11.690, de 2008) 
§ 1º Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. 
Art. 180 Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separadamente o seu lado, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos 
Art. 182 O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. 
Obs. LER ARTS 158 AO 184 DO CPP
INTERROGATÓRIO
- É a parte do processo penal em que o juiz tem contato direto com o réu.
- Direito ao Silêncio. Constitucional. Corolário do direito a não autoincriminação, que decorre do princípio de não produzir provas contra si mesmo.
Direito ao Silêncio
1ª Corrente: Todo o interrogatório.
2ª Corrente: Apenas o de mérito.
 Art. 185 O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do processopenal, será qualificado e interrogado na presença de seu defensor, constituído ou nomeado. 
Art. 186 Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. 
• Quando o artigo 186 dispõe “depois de qualificado...”, quer dizer que só após a qualificação, tem-se o direito ao silêncio (esse tema é polêmico). 
• Já a primeira corrente abrange todo o processo final, inclusive durante seu interrogatório de qualificação. 
Direito de Mentir: No Brasil, não existe o crime de perjúrio para o réu. Logo, não haverá consequências penais para o réu que faltar com a verdade. Entretanto, há apenas uma tolerancia com a mentira em face do neme teneter se detegere, mas essa tolerância não é irrestrita.
Direito de entrevista prévia com o defensor 
Art. 185, § 5º Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e entre este e o preso. 
Interrogatório e Condução Coercitiva
Art. 260 Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. (Vide ADPF 395) (Vide ADPF 444) 
Decisão: o Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente a arguição de descumprimento de preceito fundamental, para pronunciar a não recepção da expressão "para o interrogatório", constante do art. 260 do CPP, e declarar a incompatibilidade com a Constituição Federal da condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. O Tribunal destacou, ainda, que esta decisão não desconstitui interrogatórios realizados até a data do presente julgamento, mesmo que os interrogados tenham sido coercitivamente conduzidos para tal ato. Vencidos, parcialmente, o Ministro Alexandre de Moraes, nos termos de seu voto, o Ministro Edson Fachin, nos termos de seu voto, no que foi acompanhado pelos Ministros Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia (Presidente). Plenário, 14.6.2018. 
Obs. Atualmente, não há mais condução coercitiva para o interrogatório, seja com prévia intimação, seja como medida decorrente do poder geral de cautela do juiz.
- Essa decisão atinge tão somente as conduções coercitivas de a partir de junho de 2018.
• Condução Coercitiva 
1) Não pode ser aplicada para o réu comparecer ao interrogatório (defesa).
2) Não invalida as conduções anteriores.
3) Responsabilidade civil, administrativa e penal do agente.
4) Responsabilidade civil do Estado.
5) Não há poder geral de cautela do juiz criminal
- Momento adequado do interrogatório. Deve ser o último ato da audiência de instrução e julgamento, ou seja, após a oitiva das testemunhas.
- Se o acusado não compareceu no momento adequado, mas compareceu depois e quer ser interrogado. Trata-se de um direito a autodefesa.
§ 1º O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato.
§ 2º Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: 
I – prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra razão, possa fugir durante o deslocamento; 
II – viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por enfermidade ou outra circunstância pessoal; 
III – impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, desde que não seja possível colher o depoimento destas por videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; 
IV – responder à gravíssima questão de ordem pública. 
Obs. O interrogatório por videoconferência é constitucional, mas somente nas hipóteses do art. 185, §2º.
--> Interrogatório Sub-Reptício: é o interrogatório "informal", desprovido das formalidades legais (art. 6º, inc. V, do CPP), sem advertência em relação ao direito ao silêncio (STF, HC 80949). Trata-se de prova ilícita.
--> falta do Aviso de Miranda antes do Interrogatório enseja nulidade relativa, que só tem se houver prejuízo para o réu.)
CONFISSÃO
Art. 197.  O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou concordância.
Obs. O critério adotado para os outros elemento de prova está previsto no art. 155, persuasão racional. Deste modo, não se pode falar que a confissão é a rainha das provas. 
Obs. A confissão não deve ser analisada isoladamente, é preciso confrontá-la com outros elementos do processo. 
Art. 198.  O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento para a formação do convencimento do juiz.
Obs. A doutrina critica a segunda parte deste artigo, porém ainda não foi declarado inconstitucional.
Art. 199.  A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada por termo nos autos, observado o disposto no art. 195.
Art. 200.  A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto.
PROVA TESTEMUNHAL – Arts. 202 a 225
- Toda pessoa pode ser testemunha, podendo ser compromissada (a que, caso falte com a verdade, pode responder pelo crime de falso testemunho) ou não compromissada (também chamada de informante).
Sistema de Inquirição direta e Cross Examination
A Lei 11690/2008 sofreu uma alteração, de modo que foi inserido o sistema de inquirição direta e acabou com o sistema presidencialista. 
Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. (Redação dada pela Lei n. 11.690/2008 
Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição 
Alguns doutrinadores chamam a alteração do art. 212 de “cross examination”, mas está errado; o que o art. 212 fez foi instituir o “direct examination”, isto é, estabeleceu que a pergunta fosse feita pela parte diretamente à testemunha, sem que houvesse a necessidade do sistema presidencialista 
omo não há previsão no CPP de quem começará perguntando, o STJ, ao analisar esse assunto, entendeu que, quando o parágrafo único estabelece que o juiz poderá complementar, significa que o juiz pergunta por último. Isso é muito adotado atualmente na maioria dos juízos criminais. Então, começa perguntando a parte que arrolou a testemunha: se é testemunha de defesa, a defesa começa perguntando; se é testemunha de acusação, a acusação começa perguntando; e o juiz pergunta ao final. Essa é a ordem de inquirição, segundo o STJ, das testemunhas. O STJ atualmente considera que, se houver inversão e o juiz começar perguntando, não há que se falar em nulidade absoluta, haveria apenas nulidade relativa e, portanto, a parte interessada deveria comprovar que o fato de o juiz ter começado a perguntar gerou um prejuízo para ela. Portanto, o STJ entendeu que esse parágrafoúnico significa que o juiz pergunta por último. 
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato.

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