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A reprodução sexuada ocorre por meio da fecundação, durante a qual dois gametas haploides fundem-se e produzem um indivíduo geneticamente único. Essa fertilização, processo pelo qual o espermatozoide e o ovo se unem, ocorre na região da ampola do oviduto. O complexo formado pelo ovo mamífero, que é ovulado e entra no oviduto pelo infundíbulo, consiste em três componentes: o ovócito, a zona pelúcida e as células cumulus. Em várias espécies mamíferas (bovinos, ovinos, coelhos, cães, gatos e primatas), o sêmen é depositado na porção cranial da vagina. Em outras espécies (porcos, cavalos e camelídeos), o sêmen é ejaculado diretamente na cérvix (porcos) ou, via processo uretral, tanto na cérvix quanto no útero. É realizado então o transporte do espermatozoide no trato genital feminino, que é resultado, principalmente, do elevado tônus e motilidade da túnica muscular do trato genital feminino. Esse transporte pode ser dividido em duas fases, uma fase rápida e uma fase sustentada de transporte. Dentro de poucos minutos após a cópula, os espermatozoides já alcançaram o oviduto. Embora os gametas masculinos estejam próximos ao ovócito após um período bastante curto, esses espermatozoides não são viáveis e não participam da fertilização; é a fase sustentada do transporte espermático que é importante para a fertilização bem-sucedida. Na fase sustentada, os espermatozoides são transportados para os ovidutos durante um período prolongado, liberando- os de maneira mais uniforme. Esses espermatozoides não estão aptos a fertilizar o ovócito imediatamente após a chegada ao trato genital feminino; para adquirir fertilidade eles devem permanecer no trato genital feminino por um certo período. As modificações que ocorrem durante esse período constituem um período chamado de capacitação dos espermatozoides. O local onde a capacitação acontece varia entre as espécies. Nem todos os espermatozoides são capacitados ao mesmo tempo e, como o processo geralmente se estende por várias horas, cada espermatozoide pode apresentar um grau diferente de capacitação, dependendo de sua localização dentro do trato genital feminino. A capacitação compreende um conjunto de processos complexos e importantes: a remoção da cobertura glicoproteica e das proteínas do plasma seminal da superfície dos espermatozoides; o acoplamento funcional das cascatas transdutoras de sinal que regulam o início da reação acrossomal pelas glicoproteínas da zona pelúcida; as alterações na motilidade dos flagelos que são necessárias para penetração da zona pelúcida; desenvolvimento da capacidade de fundir-se com a membrana plasmática do ovócito. Grande parte do conhecimento sobre o processo de capacitação foi adquirido nos estudos in vitro. A partir daí começam a haver interações entre os espermatozoides e a zona pelúcida. O primeiro contato entre o espermatozoide e a ZP, a adesão, é uma associação fraca e não específica entre os gametas e parece ser uma interação bastante ao acaso. É seguida por uma ligação relativamente firme, que é específica à espécie e é mediada por receptores complementares na ZP (receptores espermáticos) e na superfície do espermatozoide. Uma vez ligado, o espermatozoide sofre a reação acrossomal que tem como resultado a liberação de enzimas hidrolíticas pelo acrossomo da cabeça do espermatozoide. Isso permite que o espermatozoide penetre na matriz da ZP por uma combinação da digestão enzimática das glicoproteínas da ZP e da propulsão vigorosa pela cauda do espermatozoide, resultando numa fusão ordenada da membrana plasmática do espermatozoide e a membrana acrossomal externa. Os espermatozoides também avançam em direção do espaço perivitelínico pela batida vigorosa da cauda. A pró- acrosina é a forma inativa da enzima acrosina e possui grande afinidade pela ZP. Assim, a pró-acrosina auxilia na ligação à zona pelúcida à medida que a reação acrossomal progride. Quando a pró-acrosina é convertida em acrosina, o espermatozoide penetra usando a enzima para digerir um pequeno buraco na zona pelúcida e passar por ele. Após a penetração da ZP, o espermatozoide adere-se e funde-se à membrana plasmática do ovócito. A membrana do ovócito funde-se com a membrana do segmento equatorial do espermatozoide, e o espermatozoide fertilizante, incluindo sua cauda, é engolfado pelo ovócito. Imediatamente após a entrada do espermatozoide, o ovócito sofre a ativação ovocitária, que estabelece o bloqueio à fertilização polispérmica, a retomada da meiose e o início do desenvolvimento embrionário. O bloqueio à fertilização polispérmica é estabelecido por meio da exocitose de um grupo de grânulos secretórios, os grânulos corticais, do ovócito. Em consequência, qualquer posterior penetração de espermatozoides no ovócito é evitada e o bloqueio da zona à polispermia está estabelecido. Como outra consequência da ativação ovocitária, a meiose é retomada e a segunda divisão da meiose é completada. A célula-filha que quase não recebe citoplasma é chamada de segundo corpúsculo polar. A outra célula-filha é o ovócito definitivo, agora referido como o zigoto. Seu conjunto haploide de cromossomos torna-se circundado por camadas de retículo endoplasmático liso que contribui para a formação de um envelope nuclear, e um núcleo vesicular conhecido como pronúcleo feminino ou materno é formado. O núcleo do espermatozoide passa por modificações marcantes dentro do citoplasma do ovócito. Ele torna-se inchado (“descondensado”), circundado por retículo endoplasmático liso contribuindo para um envelope nuclear, e forma o pronúcleo masculino ou paterno. A cauda do espermatozoide destaca-se e degenera-se. Os pronúcleos masculino e feminino aproximam-se, auxiliados pelo citoesqueleto do zigoto. Finalmente, eles ficam em contato próximo e perdem seus envelopes nucleares. Durante a dissolução dos envelopes nucleares, os genomas haploides masculino e feminino tornam-se unidos no centro do zigoto. Essa mistura é referida como cariogamia ou sincariose. Durante a migração dos pronúcleos, a fase S do primeiro ciclo celular pós-fertilização é completada e, na dissolução dos envelopes nucleares dos pronúcleos, a cromatina condensa-se para formar a prófase da primeira divisão mitótica. A clivagem subsequente completa-se normalmente dentro de 24 horas após a ovulação. Se o ovócito não é fertilizado nesse período, ele perde seu potencial de desenvolvimento.
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