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PROFª.: VIVIANA POSSAMAI DELLA SAGRILLO ENGENHARIA METALÚRGICA MATERIAIS CERÂMICOS E REFRATÁRIOS CEFETES • Introdução; • Breve histórico; • Conceitos de cerâmica; • Tipos de matérias-primas; • Classificação das matérias-primas; • Classificação das argilas; • Divisão da cerâmica. CAPÍTULO I INTRODUÇÃO CERÂMICA é uma combinação perfeita do que os antigos gregos consideravam como os quatro elementos que constituíam o mundo. Ela é cEla é compostaomposta por por terraterra, moldada commoldada com águaágua, secadasecada ao arao ar e, consolidadaconsolidada mediante o fogomediante o fogo.. ORIGEM – ANTIGUIDADE • A cerâmicacerâmica apareceu pela primeira vez ao redor de 15000-10000 anos a.C., no período Neolítico [1]. � O material mais antigo e abundante da crosta terrestre do qual o homem estava em contato constante foi a ARGILA. �Notaram também que os objetos obtidos com argila conservavam sua forma e que quando eram expostos ao sol tornavam-se secos e firmes. �Ocasionalmente “ele” descobriu que podia moldá-la com as mãos, conhecendo desta forma a propriedade denominada de plasticidadepropriedade denominada de plasticidade. �5000 a.C.: artefatos de argila (louça de barro); �3500 a.C.: torno de oleiro; �1000 a.C.: porcelana (China). ORIGEM – ANTIGUIDADE IDADE CONTEMPORÂNEA • Séc. 18: porcelana (Alemanha), colagem, extrusão, forno túnel; • Séc. 19: mecanização, microscopia ótica, cones pirométricos; • Séc. 20: raios X, microscopia eletrônica, materiais sintéticos, automatização. 11-- CONCEITOS DE CERÂMICACONCEITOS DE CERÂMICA � Keramos: “coisa queimada” (grego) � Grinshaw (1971): materiais e artigos fabricados de terras que ocorrem naturalmente. � Kingery (1976): a arte e a ciência da fabricação e utilização de artigos sólidos, que possuem em sua composição, compostos de materiais inorgânicos não metálicos. 11-- CONCEITOS DE CERÂMICACONCEITOS DE CERÂMICA � Glossário cerâmico: Produtos contendo materiais cerâmicos. Classe de produtos inorgânicos, não metálicos, que estão sujeitos a condições de alta temperatura durante sua fabricação. � Materiais cerâmicos: materiais contendo compostos de elementos metálicos e não metálicos. Ex.: MgO, SiO2, argilas, (óxidos, nitretos, boretos, carbetos, silicetos e silicatos) etc. 11-- CONCEITOS DE CERÂMICACONCEITOS DE CERÂMICA � Barsoum (1997): compostos sólidos, formados pela aplicação de calor, algumas vezes calor e pressão, constituídos por ao menos: – um metal (M) e um sólido elementar não-metálico (SENM) ou um não-metal (NM), – dois SENM, ou – um SENM e um NM. 11-- CONCEITOS DE CERÂMICACONCEITOS DE CERÂMICA • Metais (M): Na, Mg, Ti, Cr, Fe, Ni, Zn, Al... • Não-metais (NM): N, O, H, halogênios, gases nobres... • Sólidos elementares não-metálicos (SENM): B, P, S, C, Si, Ge. 11-- CONCEITOS DE CERÂMICACONCEITOS DE CERÂMICA - M + NM: MgO, Al2O3 - M + SENM: TiC, ZrB2 - SENM + SENM: SiC, B4C - SENM + NM: SiO2, Si3N4 As cerâmicas não estão limitadas aos compostos binários, pois os compostos podem ser complexos: Ba(M)Ti(M)O3(NM) – titanato de bárium, Y(M)Ba2(M)Cu3(M)O7(NM) e, Ti3(M)Si(SENM)C2(SENM). 11-- CONCEITOS DE CERÂMICACONCEITOS DE CERÂMICA Com base nas definições de Kingery e Barsoum, cerâmica pode ser definida como: “a arte, a ciência e a tecnologia de fabricação de compostos sólidos, que são formados pela aplicação de calor, e algumas vezes calor e pressão, constituídos em grande parte por materiais inorgânicos, não metálicos, denominados materiais cerâmicos”. Figura 1 – Fluxograma esquemático genérico dos processos de fabricação de cerâmicas tradicionais [2]. Mistura Conformação Extração das matérias- primas Secagem Queima Classificação Colagem Extrusão Prensagem 22-- MATÉRIASMATÉRIAS--PRIMASPRIMAS � Os materiais cerâmicos são fabricados a partir de matérias-primas classificadas em: • Naturais: não submetidas a tratamentos químicos. ex.: argila, feldspato. • Sintéticas: obtidos através de processos químicos, a partir de: – Matérias-primas naturais; ex.: bauxita, calcita. – Outras matérias-primas sintéticas; ex.: CaO, SiC. A escolha da matéria-prima para a obtenção de um determinado produto dependerá do: - custo inicial do material, - aceitação do mercado, - da disponibilidade (extração, localização), - do processo de fabricação (prensagem, colagem), - das exigências fundamentais de desempenho e, - preço do produto acabado. 2.12.1-- MatériasMatérias--primas naturaisprimas naturais São aquelas utilizadas como extraídas da natureza ou que foram submetidas a algum tratamento físico para eliminação de impurezas indesejáveis, ou seja, sem alterar a composição química e mineralógica dos componentes principais. Essas matérias-primas podem variar largamente em composição química nominal e mineral, pureza (% variável), propriedades física (tamanho das partículas) e custos [6]. 2.1.12.1.1-- MatériasMatérias--primas naturais não beneficiadasprimas naturais não beneficiadas Apresentam uniformidade física e química de depósitos naturais. Muitas indústrias cerâmicas primitivas eram construídas próximas a depósitos naturais, que continham a combinação de minerais que poderiam ser convenientemente processados para produtos acabados. Materiais de construção tais como tijolos, telhas e algumas porcelanas são exemplos históricos, e muitos são até identificados pelo nome regional [6]. 2.1.22.1.2-- MatériasMatérias--primas naturais beneficiadas primas naturais beneficiadas mecanicamentemecanicamente Minerais beneficiados mecanicamente para remoção das impurezas, aumentando significativamente a pureza mineral e a consistência física. São usados em grande quantidade para produção de materiais de construção, refratários, cerâmicas brancas, e algumas cerâmicas elétricas. São usados extensivamente como aditivos em esmaltes cerâmicos, vidros e matérias-primas para as indústrias químicas [6]. 2.22.2-- MatériasMatérias--primas sintéticasprimas sintéticas São aquelas que individualmente ou em mistura foram submetidas a algum tipo de tratamento químico, que pode ser calcinação, sinterização ou fusão/redução e as produzidas por processos químicos . • minerais industrializados (85 a 98% de pureza): caulim, talco, feldspato, quartzo; • produtos químicos industrializados (98 a 99,9% de pureza): Al2O3, MgO, AlN, SiC, Si3N4, TiO2, ZrO2. • produtos especiais (>99,9% de pureza): BaTiO3, sílica gel. O beneficiamento químico reduz os teores de minerais acessórios (impurezas) e aumenta a pureza química para mais de 99,5%. A alumina (Al2O3) é o material mais largamente usado na química inorgânica e é produzido mundialmente para as indústrias de alumínio e cerâmicas usando o processo Bayer [6]. Tabela 1 – Matérias- primas naturais e sintéticas [6]. Alumina calcinada (processo Bayer), magnésia calcinada, alumina fundida, magnésia fundida, carbeto de silício (carborundo), carbonato de sódio, carbonato de bário, titanatos calcinados, óxidos de ferro, ferritas calcinadas, zirconia calcinada estabilizada, pigmentos de zirconia e outras. Beneficiadas quimicamenteSintéticas “Ball clay”, caulim, bentonita, talco, feldspato, bauxita, cerâmicas “flint”, cianita, rutilo, espodumênio, caulim calcinado, dolomita, quartzo, zircão, volastonita e outras. Beneficiadas mecanicamente Argilas vermelhas, argilas “ball clay”, bauxita, cianita, bentonita e outras. Não beneficiados Naturais MATÉRIAS-PRIMAS Composição química de algumas matérias-primas da Tabela 1: a) argila britânica tipo “ball clay” (% em peso): SiO2 (40-60) ; Al2O3 (25-40); Fe2O3 (0,25-4); Na2O (0-0,75); K2O (0,5-4); b) Bauxita é o nome dado para a mistura de óxidos de alumínio (minerais) composto basicamente de microscópicos cristais de gibbsita (Al(OH)3); diásporo AlO(OH) e Al2O3 nH2O; c) Cianita: AlSiO5; d) Caulim bruto: SiO2 (70,15); Al2O3 (17,76); Fe2O3 (0,84);TiO2 (0,07); MgO (1,21); CaO (0,56); Na2O (0,62); K2O (5,4); e) Feldspatos são alumino-silicatos de Na, Ca, K, e Ba com distintos tipos de soluções sólidas e diversos graus de ordenamento. Ex. Albita (NaAlSi3O8), Anortita (CaAl2SiO8), Ortoclásio (KAlSi3O8) e Celsiana (BaAl2Si2O8). Composição química de um feldespato beneficiado(% em peso): SiO2 (63-77); Al2O3 (13-22); Na2O (0,1-11); K2O (0,1-15); outros (CaO, Fe2O3 ) � < 0,2; f) Rutilo: TiO2; g) Talco: Mg3Si4O10(OH)2; h) Dolomita: (Mg,Ca)CO3; i) Zircão: SiZrO4 j) Volastonita: CaSiO3; l) Espodumênio: LiAlSi2O6; m) Zircônia: ZrO2. 33-- CLASSIFICAÇÃO DAS MATÉRIASCLASSIFICAÇÃO DAS MATÉRIAS--PRIMAS PRIMAS QUANTO À PLASTICIDADEQUANTO À PLASTICIDADE A plasticidadeplasticidade é definida como: “A propriedade que permite que um material mude sua forma, sem ruptura, ao se aplicar uma força externa, e manter esta forma quando a força é retirada ou reduzida” ( Moore, 1965). As ARGILAS são matérias-primas naturais, de textura terrosa, constituídas essencialmente de argilominerais, tendo outros minerais como impurezas. Em função das possibilidades de emprego tecnológico, que são influenciadas pela composição mineralógica do material, em muitos casos as argilas recebem designações como: caulins, bentonitas, argilas refratárias, flint-clays e ball clays. 3.13.1-- MatériasMatérias--primas plásticasprimas plásticas 3.1.13.1.1-- ArgilomineraisArgilominerais (Minerais argilosos)(Minerais argilosos) • são essencialmente silicatos de alumínio hidratadossilicatos de alumínio hidratados (K2O, Na2O, CaO, MgO, Fe2O3) que, podem ser dispersos em partículas finas e que desenvolvem plasticidadeplasticidade quando misturados com água. Podem conter impurezas como ferro, potássio, lítio etc. • Exemplos: caulinita Al2O3.2SiO2.2H2O, montmorillonita (Al1,67Na0,33Mg0,33)(Si2O5)2(OH)2, halloysita Al2O3·2SiO2·4H2O, pirofilita Al2O3·4SiO2·H2O. illita e esmectita. • O mais importante argilomineralargilomineral é a caulinitacaulinita (Al2O3.2SiO2.2H2O). • O nome deriva de ““KaoKao-- LinLin”,”, uma colina ao norte da China onde foi descoberta pela primeira vez uma argila muito pura, de queima branca. • O tamanho das partículas dos minerais que compõem as argilas estão situados em uma faixa granulométrica entre 0,001 e 1 mm0,001 e 1 mm. Tabela 2 - Efeitos térmicos da queima da caulinita - (Al2O3.2SiO2.2H2O) [1]. Continua a evolução da cristobalita e mulita, a última com parâmetros de rede firme, e com a composição 3Al3Al22OO33.2SiO.2SiO22.. ---------------1200-1400ºC A estrutura 2Al2Al22OO33.3SiO.3SiO22 se transforma em mulita, de composição incerta, com mais liberação de sílica, aparecendo como cristobalita. Reação exotérmica 1050-1100ºC As camadas de meta-caulinita se condensam para formar a fase de composição aproximada 2Al2Al22OO33.3SiO.3SiO22 Reação exotérmica Aprox. 925ºC Desidratação da caulinita e formação do meta- caulinita - 2Al2Al22OO33.4SiO.4SiO22.. Reação endotérmica Aprox. 500ºC Eliminação da “água livre” e retração Reação endotérmica Até 200ºC Tabela 3 - Algumas propriedades dos argilominerais [3]. 1250º - 1500 ºC1350º - 1450 ºC1710 ºCRefratariedade Marrom, vermelha ou preta. Creme, amarelo pálido tendendo a cinza ou vermelha. BrancaCor após queima BaixaMuito boaBoaPlasticidade Variável, mas comparativamente grande. Extremamente pequenasPequenos Tamanho das partículas Clorita, Vermiculita, Mica hidratada MontmorilonitaCaulim Argilominerais [3] Propriedades 3.1.23.1.2-- Impurezas presentes nas argilasImpurezas presentes nas argilas • Quartzo de tamanho de partícula relativamente grande, quase sempre superior a 10 µm [2]; • Carbonatos de diversos graus de dispersão (tamanho das partículas); • Feldspatos, principalmente alcalinos e alcalinos terrosos; • Micas não hidratadas, tais como muscovita e biotita; • Compostos de ferro e titânio; • Sais solúveis; • Matéria orgânica [2]. Figura 2 – Argila. Figura 3 – Argilas. 3.23.2-- MatériasMatérias--primas não plásticasprimas não plásticas •• As matériasAs matérias--primas não plásticas possuem duas primas não plásticas possuem duas funções:funções: • São adicionadas às argilas muito plásticas. Algumas argilas possuindo uma proporção excessivamente elevada em partículas colóides, tendendo a trincar ou empenar durante a secagem e a queima. A areia ou outros materiais duros, finamente moídos, adicionados às argilas reduzem a plasticidade eliminando tais problemas. • Os materiais não plásticos possibilitam que as propriedades desejadas possam ser obtidas a baixas temperaturas de queima. • Exemplos: fundentes feldspáticos, carbonatos, talco, SiO2, Al2O3. • Tipo: Silicatos de alumínio anidros • Composição: – K2O·Al2O3·6SiO2 (ortoclásio), – Na2O·Al2O3·6SiO2 (albita), – CaO·Al2O3·2SiO2 (anortita). • Propriedades e aplicação: – Fundentes, insolúveis em água, formadores de fase vítrea em corpos cerâmicos e esmaltes FeldspatoFeldspato Tabela 4 - Sílica: formas Sílica: formas polimórficaspolimórficas Rara na naturezaTridimita Rara na natureza, importante produto manufaturado Sílica vítrea Menos comum, mais impura que quartzo Cristobalita Forma mais comumQuartzo ObservaçãoMineral • Tipo: forma mais comum de sílica, cristais de alta pureza >10 cm • Composição: SiO2 (fases α e β) • Propriedades e aplicação: – Dureza, alto ponto de fusão, habilidade de formar vidro, usado para prover uma massa sólida ao redor da qual a fase vítrea mantém o corpo coeso (estabilidade dimensional) QuartzoQuartzo Funções dos componentesFunções dos componentes • Argilomineral: plasticidade ex.: caulinita, ilita • Silica: estabilidade dimensional ex.: quartzo • Feldspato: fundente ex.: K2O·Al2O3·6SiO2 ortoclásio 44-- Classificação das argilas de acordo com as Classificação das argilas de acordo com as suas propriedades e usosuas propriedades e uso São argilas de cor branca ou creme após queima e cuja composição se aproxima da caulinita. É obtida através do beneficiamento do minério caulim [2]. 4.1) Caulins ou argilas china4.1) Caulins ou argilas china Figura 4 – Caulim. Tabela 5 – Composição mineralógica de um caulim ou argila china. 0,55Feldspato 0,91Goethita 2,04Quartzo 7,10Mica 89,00Caulinita Porcentagem em peso (%)Compostos As argilas china constituem o principal componente das porcelanas, porque são as únicas argilas cujo teor em ferro é suficientemente baixo para produzir a cor branca ou translúcida no produto queimado [1]. 4.2) Argilas refratárias4.2) Argilas refratárias São aquelas que resistem a altas temperaturas e atmosferas agressivas sem perderem a forma (sem fundir). Este grupo inclui várias argilas, porém, as mais importantes são as firefire claysclays e as flintflint claysclays [3]. 4.2.1) 4.2.1) FireFire claysclays São argilas estritamente refratáriasargilas estritamente refratárias que se apresentam em massas compactas e por moagem chegam a ser plásticaschegam a ser plásticas. Contém baixos teores de óxidos e hidróxidos de ferro, magnésio e álcalis, e são capazes de suportar temperaturas superiores a 1500ºC. São compostas basicamente por caulinitacaulinita [2]. As fire clays são constituídas essencialmente pode caulinita associada a quantidades variáveis de quartzo, mica, illita, montimorillonita e matéria-orgânica. Tabela 6 – Variação da composição química das argilas fire clays [3]. < 3Perda ao fogo 5 - 14Álcalis 1 - 5Fe2O3 10 – 40Al2O3 40 – 80SiO2 Porcentagem em peso (%)Compostos 4.2.2) 4.2.2) FlintFlint claysclays São argilas duras, densas e não plásticasnão plásticas constituídas especialmente por caulinita muito bem ordenada e cristalizada. Baixos teores de ferro e de materiais materiais fundentesfundentes, conseqüentemente de alta alta refratariedaderefratariedade. São muito abrasivas e estãoaltamente qualificadas como matérias-primas para a indústria de refratários [2]. Tabela 7 – Variação da composição química das argilas flint clays [3]. 13,9 – 14,2Perda ao fogo 0,2 – 0,3K2O / Na2O 0,1 – 0,2CaO / MgO 1,5 – 3,0TiO2 0,3 – 1,2Fe2O3 37 – 47Al2O3 36 – 45SiO2 Porcentagem em peso (%)Compostos 4.3) 4.3) BallBall claysclays São argilas de cor branca após a queimacor branca após a queima, altamente plásticasaltamente plásticas ee facilmente dispersáveis em facilmente dispersáveis em águaágua. Uma característica essencial das Uma característica essencial das ballball claysclays é a é a fina fina granulometriagranulometria que é a principal razão de sua que é a principal razão de sua alta plasticidadealta plasticidade [3]. Sua cor natural varia do azul escuro ao negro devido ao elevado teor de materiais orgânicos [2]. As ball clays são compostas basicamente por caulinita, associada a mica hidratada e quartzo, montmorillonita, matéria orgânica, etc. As argilas ball clays são usadas para aumentar a plasticidade de outras argilas de queima branca, flint clays, etc, na fabricação de corpos cerâmicos pela indústria de pavimentos e revestimentos cerâmicos. São também utilizados na fabricação de engobes, discos de esmerilhar, isolantes e na moldagem com areia [2,3]. Tabela 8 – Variação da composição química das argilas ball clays [3]. 7 – 15Perda ao fogo < 1CaO / MgO < 2Fe2O3 25 – 35Al2O3 45 – 60SiO2 Porcentagem em peso (%)Compostos 4.4) Argilas de cor vermelha após a queima4.4) Argilas de cor vermelha após a queima São argilas geralmente ilítico-cauliníticas com uma proporção média ou alta de óxido de ferro, normalmente superior a 5% (em peso). São utilizadas principalmente na fabricação de ladrilhos, telhas, pavimentos e revestimentos. 4.5) Argilas 4.5) Argilas fundentesfundentes Estas argilas também podem apresentar características muito diferentes, sendo o comportamento fundentefundente a única propriedade que as une [2]. Exemplos: K2O·Al2O3·6SiO2 (albita), CaO·Al2O3·2SiO2 (anortita). As cores na queima das matérias-primas dependem fundamentalmente do seu teor em minerais de ferro. Este elemento pode estar presente em distintas formas: integrado na estrutura cristalina das matérias-primas, formando distintos compostos como óxidos, hidróxidos, sulfuretos, sais solúveis ou na forma de ferro metálico. 55-- FATORES QUE AFETAM AS CORES DAS FATORES QUE AFETAM AS CORES DAS ARGILASARGILAS Em geral, as argilas são as matérias-primas que introduzem maiores quantidades de ferro nas composições cerâmicas, em especial aquelas empregadas para fabricar produtos de queima vermelha, onde o teor em Fe2O3 oscila entre 5 e 7%. As matérias-primas empregadas nos produtos de queima branca apresentam menores teores, oscilando entre 1 e 3% em peso de Fe2O3 [2]. Tabela 9 – Minerais de ferro mais comuns nas matérias-primas cerâmicas PretoFe3O4Magnetita Amarelo latão pálidoFe2SPirita Laranjaβ.FeO.OHLepidrocrita VermelhoFe2O3Hematita Do amarelo ao marromFeCO3Siderita Do amarelo ao pardo escuroα.FeO.OHGoetita Do amarelo ao marromFeO.OH.nH2OLimonita CoresFórmulaMinerais A presença de sais solúveis nas argilas é outro fator que modifica a cor dos produtos cerâmicos não vidrados. Isto acontece durante a etapa de secagem, onde ocorre uma migração destes sais para superfície da peça, formando os denominados veios de secagem. Estes veios são susceptíveis de consolidarem-se a temperaturas elevadas, o que pode modificar a cor do produto queimado. Os sais que mais freqüentemente se encontram nas argilas são os sulfatos, cloratos e carbonatos de elementos alcalinos (Na, K, etc.) e alcalinos terrosos (Ca, Mg, etc.). Os sais alcalinos não causam problemas de veios de forno, pois durante a queima fundem com facilidade. 66-- CRITÉRIO DE SELEÇÃO DAS MATÉRIASCRITÉRIO DE SELEÇÃO DAS MATÉRIAS-- PRIMASPRIMAS O critério de seleção para a escolha das matérias- primas cerâmicas a serem utilizados em processos de obtenção de uma peça depende das propriedades desejadas do produto final. A pureza, a distribuição do tamanho das partículas e a reatividade podem afetar as propriedades dos produtos [7]. 6.1) Pureza6.1) Pureza A pureza influencia fortemente as propriedades do produto acabado, dentre elas, podemos citar: resistência mecânica, resistência à oxidação e as propriedades elétricas, magnéticas e óticas. Os efeitos das impurezas dependem da composição química do material da matriz e da própria impureza, de sua distribuição e das condições de serviço (tempo, temperatura e ambiente) [7]. 6.2) Tamanho das partículas6.2) Tamanho das partículas A importância do controle do tamanho das partículas, esta relacionado diretamente com a técnica de consolidação ou moldagem utilizada e, com as propriedades do produto final. A densidade final depende diretamente da distribuição do tamanho das partículas e de sua forma. 6.3) Reatividade6.3) Reatividade A força motriz primária para a densificação do pó compactado à temperaturas altas é a mudança na energia livre superficial. Quanto menor a granulometria das partículas maior a área superficial e conseqüentemente a energia livre e, portanto há uma grande força termodinâmica capaz de reduzir a área superficial através da ligação de uma partícula à outra [7]. 77-- DIVISÃO DA CERÂMICADIVISÃO DA CERÂMICA O setor cerâmico é amplo e heterogêneo o que induz a dividi-lo em subsetores ou segmentos em função de diversos fatores, como matérias-primas, propriedades e áreas de utilização. Dessa forma, podemos adotar a seguinte subdivisão do setor cerâmico [8]: CERÂMICAS TRADICIONAISCERÂMICAS TRADICIONAIS CERÂMICAS AVANÇADASCERÂMICAS AVANÇADAS 7.17.1-- Cerâmica TradicionalCerâmica Tradicional Engloba os produtos sílico- aluminosos, de baixo custo, que são elaborados a partir de matérias- primas naturais e costuma ser classificado da seguinte maneira [ABCABC]: • Cerâmica vermelha, • Materiais de revestimento, • Cerâmica branca, • Materiais refratários, • Isolantes térmicos, • Fritas e pigmentos, • Abrasivos, • Vidro, cimento e cal. 7.1.17.1.1-- Cerâmica VermelhaCerâmica Vermelha Compreende aqueles materiais com coloração avermelhada empregados na construção civil (tijolos, blocos, telhas e tubos cerâmicos/ manilhas) e também argila expandida (agregado leve), utensílios domésticos e de decoração. Figura 5 – Tijolo/ Bloco. Figura 6 – Cerâmica artística. Argila Expandida É um agregado leve de formato esférico, com estrutura interna formada por uma espuma cerâmica com microporos e superfície rígida e resistente, produzida em grandes fornos rotativos, utilizando argilas especiais que se expandem a altas temperaturas (1.100°C). Possui estabilidade dimensional e propriedades de isolamento térmico e acústico. É vendida em diferentes granulometrias e, de acordo com os diâmetros, pode ser utilizada: - em jardins e floreiras (facilitam a distribuição de água por todo o recipiente e ainda favorecem a circulação de ar), - na produção de concreto leve (devido à sua baixa densidade) e, - no isolamento térmico e acústico de ambientes. Figura 7 – Argila expandida. 7.1.27.1.2-- Materiais de RevestimentoMateriais de Revestimento Compreende aqueles materiais usados na construção civil para revestimento de paredes, pisos e bancadas tais como pisos, azulejos, placas ou ladrilhos para pisos e pastilhas. Figura 8 – Piso cerâmico. 7.1.37.1.3-- Cerâmica BrancaCerâmica Branca Este grupo é bastante diversificado, compreendendo materiais constituídos por um corpo branco (tornam-se brancos após queima) e em geral recobertos por uma camada vítrea transparente e que eram assim agrupados pela cor branca de massa, necessária por razões estéticas e/ou técnicas [8]. Figura 9 – Louça sanitária. Com o advento dos vidrados opacificados, muitos dos produtos enquadrados nesse grupo passarama ser fabricados, sem prejuízo das características estruturais, com matérias-primas com certo grau de impurezas, responsáveis pela coloração. Muitas vezes prefere-se subdividir este grupo em função da utilização dos produtos em [8]: • Louça sanitária; • Louça de mesa; Isoladores elétricos para linhas de transmissão e de distribuição; • Utensílios domésticos e de decoração; • Cerâmica técnica para fins diversos, tais como: químico, elétrico, térmico e mecânico. 6.1.46.1.4-- Materiais RefratáriosMateriais Refratários Este grupo compreende uma gama de produtos, que têm como finalidade suportar temperaturas elevadas nas condições específicas de processo e de operação dos equipamentos industriais, que em geral envolve esforços mecânicos, ataques químicos, variações bruscas de temperatura e outras solicitações. 6.1.56.1.5-- Isolantes TérmicosIsolantes Térmicos XXXXXXXXXXXXXX Os produtos deste segmento podem ser classificados Os produtos deste segmento podem ser classificados em [8]:em [8]: a) Refratários isolantes que se enquadram no segmento de refratários; b) Isolantes térmicos não refratáriosb) Isolantes térmicos não refratários Compreendendo produtos, tais como vermiculita expandida, sílica diatomácea, diatomito, silicato de cálcio, lã de vidro, lã de escória e lã cerâmica, (que são obtidos por processos distintos ao do item anterior) e que podem ser utilizados, dependendo do tipo de produto até 1100ºC; Figura 14 - Lã cerâmica c) Fibras ou lãs cerâmicas Apresentam características físicas semelhantes às citadas no item anterior, porém apresentam composições tais como sílica, sílica- alumina, alumina e zircônia, que dependendo do tipo, podem chegar a temperaturas de utilização de 2000ºC ou mais [8]. Figura 15 – Fibra cerâmica, fusão de SiO2 e Al2O3 selagem de fornos. 6.1.66.1.6-- Fritas e PigmentosFritas e Pigmentos Estes dois tipos de produtos são importantes matérias-primas para diversos segmentos cerâmicos cujos produtos requerem determinados acabamentos. Figura 16 – Pigmentos cerâmicos. FRITA (ou vidrado fritado) é um vidro moído, fabricado por indústrias especializadas a partir da fusão da mistura de diferentes matérias- primas. A frita é um dos componentes do esmalte cerâmico que é aplicado na superfície do corpo cerâmico, e que após a queima, adquire aspecto vítreo. Este acabamento tem por finalidade aprimorar a estética (brilho, cor, textura), tornar a peça impermeável, facilitar a limpeza, aumentar a resistência química e mecânica e melhorar ou proporcionar outras características [8]; A palavra PIGMENTO é originária do latim (pigmentum) que denota cor. O termo pigmento indica um particulado sólido, orgânico ou inorgânico, branco, preto, colorido ou fluorescente, que consiste de pequenas partículas que são insolúveis no meio ao qual venha a ser incorporado. Os pigmentos são fabricados por empresas especializadas, inclusive por muitas das que produzem fritas, cuja obtenção envolve a mistura das matérias- primas, calcinação e moagem. Na indústria cerâmica é comum o uso do termo “corante” para designar materiais que conferem cor. Porém, é necessário a priori, definir exatamente o termo corante, o qual indica substâncias solúveis na matriz, e que uma vez misturadas ao meio perdem as próprias características estruturais e cristalinas, formando uma mistura homogênea; ao contrário dos pigmentos, os quais fornecem a cor através da simples dispersão mecânica no meio a ser colorido, sem interação com o mesmo, formando uma mistura heterogênea, conforme já fora definido anteriormente. No setor cerâmico, os pigmentos são utilizados na produção de cerâmicas de revestimento e pavimento, seja na preparação de esmaltes ou na coloração de massa cerâmica de grês porcelanato, normalmente em proporções de 1 a 5% em massa . Os pigmentos são adicionados aos vidrados ou aos corpos cerâmicos para conferir- lhes colorações das mais diversas tonalidades e efeitos especiais [8]. 6.1.76.1.7-- AbrasivosAbrasivos As cerâmicas abrasivas são usadas para desgastar por abrasão, esmerilhar ou cortar outros materiais que precisam ser obrigatoriamente mais moles. Entre os produtos mais conhecidos podemos citar o óxido de alumínio, diamante, carbeto de silício, e carbeto de tungstênio [8]. Apresentação: colados a rodas de esmerilhamento, abrasivos revestidos e grãos soltos. Figura 17 – Lixas de polimento. 6.1.86.1.8-- Vidro, Cimento, Gesso e CalVidro, Cimento, Gesso e Cal São três importantes segmentos cerâmicos e que, por suas particularidades, são muitas vezes considerados à parte da cerâmica [8]. Vidro e VitrocerâmicasVidro e Vitrocerâmicas Vidros: SiO2, CaO, Na2O, K2O e Al2O3. Vidro de cal de soda: 70%p SiO2 30%p Na2O e CaO. Vitrocerâmicas: vidros que foram transformados de um estado vítreo para um estado cristalino mediante tratamento térmico apropriado a altas temperaturas. Esse processo é chamado de devitrificação, e o seu produto consiste em um material policristalino chamado de vitrocerâmica. Um agente nucleante é adicionado (TiO2) para induzir o processo de cristalização ou devitrificação. Cimento, Gesso (CaSOCimento, Gesso (CaSO44--2H2H22O) e Cal (O) e Cal (CaOCaO).). • Classificados como cimentos inorgânicos. • Quando misturados com a água formam uma pasta que subseqüentemente, pega e endurece. • O processo de endurecimento do cimento não é um processo de secagem, mas sim de hidratação, onde a água participa de uma reação química de colagem. 7.27.2-- Cerâmica avançada ou Cerâmica de alta Cerâmica avançada ou Cerâmica de alta tecnologia.tecnologia. Materiais desenvolvidos a partir de matérias-primas sintéticas de altíssima pureza e por meio de processos rigorosamente controlados. 7.2.1 7.2.1 -- Propriedades Propriedades • Baixa densidade, • Baixa condutividade térmica, • Alta resistência à corrosão e à abrasão, • A capacidade de suportarem altas temperaturas sem se deformarem, além de outras características específicas presentes em alguns desses materiais (tais como: supercondutividade, condutividade iônica, propriedades nucleares), etc.. 7.2.1 7.2.1 –– Classificação por FunçãoClassificação por Função • Eletroeletrônicas, • Magnéticas, • Ópticas, • Químicas, • Térmicas, • Mecânicas, • Biológicas e, • Nucleares [8]. Os produtos deste segmento são de uso intenso e a cada dia tendem a se ampliar [8]. Merecem destaque especial as aplicações no campo Merecem destaque especial as aplicações no campo da energiada energia, como os combustíveis para reatores nucleares e os componentes de motores automotivos - que aumentam o rendimento e propiciam a utilização de combustíveis menos nobres - [9] Palhetas de turbinas, componentes de foguetes, ferramentas para corte de alta velocidade, implantes ósseos e dentários, brackets dentários, materiais de alta resistência à abrasão, como os fios guia na indústria de tecelagem, refratários especiais, componentes eletro-eletrônicos e, ainda, em produtos de consumo popular como facas, tesouras e equipamentos esportivos [9]. Mecânica Térmica Baixa expansão térmica Resistência à abrasão Alta resistência Magnetismo Dieletricidade Piezo-eletr icidade Semi e super- condutividade Isolação elétr ica Capacidade de lubrificação Refratariedade Refratariedade Nuclear Ótica Resistência à corrosão Capacidade de absorção Biocompatibi- lidade Funções Propriedades Aplicações Dentes e ossos artificiais Química, biológica Elétricas, magnéticas CERÂMICA AVANÇADA Absorção de calor Isolação térmica Condutividade térmica Catálise Condensação ótica Translucidez Fluorescência Condução de luz Resistência à corrosão Resistência à radiação Resistência à altas temperaturas Eletrodos Elemento combustível Material encamisante Material moderadorRevestimentos em reatores Material de controle Cabos para comunicação ótica Porcelana translúcida resistente ao calor Diodo a laser Diodo emissor de luz Tubos fluorescente Materiais Trocadores de calor Catalisadores transportadores Equipamentos químicos Desenvolvimento de fontes geotérmicas e plataformas marítimas Revestimentos de fornos industriais para altas temperaturas Materiais para escoamento de calor em componentes eletrônicos Abrasivos Peças para instrumentos de precisão Ferramentas Aletas de turbinas Peças para motores Lubrificantes sólidos Elementos de memória Sensores Componentes supercondutores Filtros piezo-elétricos Substratos de circ. integrados Varistores Resistência p/ aquecimento Componentes magnéticos Al O Al O Y O Y O - ThO Al O Fe O Al O Al O Al O 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 Apatita ZnO ZnS C e S BaS MgO Zeólita Ti-Ca-Ba-Cu-O Bi-Sr-Ca-Cu-O Y-Ba-Cu-O B e C TiC ZnO SiC PZT FerritaC BN WCTiC SiC TiNSiC TiC BaS C e S B e O MgO ZnO UC US ThS C SiC B e O MgO CdS SiO SiO UO UO - PO ZrO ZrO TiB TiB TiB ZrB ZrB SnO TiO 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 B C 4 Si N Si N 3 3 4 4 B C4 BaTiO BaTiO CaTiO CaTiO SrTiO SrTiO 3 3 3 3 3 3 B C4 B C4 Figura 18 – Os campos de aplicação dos materiais cerâmicos especiais [9]. As propriedades das cerâmicas avançadas, bem como dos demais materiais, são fundamentalmente influenciadas pela qualidade das matérias-primas a partir das quais as mesmas são fabricadas e pela microestrutura final. Assim sendo, qualquer tentativa de controle das propriedades de um produto deve passar pelo entendimento das propriedades básicasentendimento das propriedades básicas dos materiais, bem como pelo processo de fabricação durante o qual a microestrutura final se desenvolve.microestrutura final se desenvolve. O processo geral de fabricação das cerâmicas avançadas pode ser esquematizado, conforme mostra o Fluxograma esquemático da Figura 4 [9]. Figura 19 - Fluxograma esquemático do processamento das cerâmicas avançadas [9]. 8 - Referências bibliográficas 1. RADO, Paul. Introducción a la tecnología de la cerámica.Omega S.ª, Barcelona, 1990. 2. BARBA,Antonio ; et al. Materias primas para la fabricación de suportes de baldosas cerámicas. Instituto de tecnología cerámica-AICE,1997. 3. GRIMSHAW, Rex W. The chemistry and physics of clay and allied ceramic material. Londom, Ernest Benn, 1971. 4. KINGERY, W. D. ; BOWEN, H.K. ; UHLMANN,D.R. Introduction to ceramic. New York, John Wiley&Sons, 1976. 5. BARSOUM, MICHEL W. Fundamentals of Ceramics. The McGraw-Hill Companies, Inc, 1997 6. REED, James S. Introducting to the principles of ceramic processing, New York, Wiley, 1988. 7. RICHERSON, David W. Modern ceramic engeneering, properties, processing and use in design. Marcel Dekker, Inc, 1992. 8. Associação Brasileira de Cerâmica. - Cerâmica no Brasil – Introdução, 2002 http://www.abceram.org.br/asp/abc_5.asp. 9. TechMat - Tecnologia de Materiais Ltda. Av. Venezuela, 82/203 - Cep. 20081-310 - Rio de janeiro – Brasil Tel; 21 2206-1189 /26102275/91742763.
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