Buscar

TCC PRONTINHO E LINDO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 107 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 107 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 107 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA 
CENTRO INTEGRADO DE SAÚDE 
FACULDADE DE ODONTOLOGIA 
 
 
 
 
 
Flávia Giardinni Trivellato 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DE CASO CLÍNICO: SERIA A TÉCNICA BULK FILL 
PASSÍVEL DE SUBSTITUIR A TÉCNICA INCREMENTAL EM 
RESTAURAÇÕES POSTERIORES? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juiz de Fora 
2018 
 
 
FLÁVIA GIARDINNI TRIVELLATO 
 
 
 
 
 
ESTUDO DE CASO CLÍNICO: SERIA A TÉCNICA BULK FILL 
PASSÍVEL DE SUBSTITUIR A TÉCNICA INCREMENTAL EM 
RESTAURAÇÕES POSTERIORES? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Prof.ª Dra. Luciana Andrea Salvio 
 
 
 
 
Juiz de Fora 
2018 
Monografia apresentada à Disciplina de 
Trabalho de Conclusão de Curso da 
Faculdade de Odontologia da 
Universidade Federal de Juiz de Fora, 
como parte dos requisitos para obtenção 
do título de Cirurgiã-Dentista. 
 
 
FLÁVIA GIARDINNI TRIVELLATO 
 
 
 
ESTUDO DE CASO CLÍNICO: SERIA A TÉCNICA BULK FILL 
PASSÍVEL DE SUBSTITUIR A TÉCNICA INCREMENTAL EM 
RESTAURAÇÕES POSTERIORES? 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso da 
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, como parte dos 
requisitos para obtenção do título de Cirurgiã-Dentista. Aprovado em ________ de 
____________________de 2018, pela Banca Examinadora composta por: 
 
 
 
 
____________________________________________ 
Prof.ª Dra. Luciana Andrea Salvio 
Doutora do Departamento de Odontologia Restauradora - UFJF 
 
 
 
____________________________________________ 
Prof. Dr. Alexandre Marques de Resende 
Doutor do Departamento de Odontologia Restauradora – UFJF 
 
 
 
 
____________________________________________ 
Prof.ª Dr. Rafael Barroso Pazinatto 
Doutor do Departamento de Odontologia Restauradora - UFJF 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Aos meus pais, que ao longo de toda esta jornada não 
mediram esforços para que esta conquista fosse minha. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço à minha mãe, Maruzzia, por ter feito de mim quem eu sou e me incentivar 
a todo momento a ser a melhor versão de mim mesma; 
 
Ao meu pai, Márcio, pelo apoio incondicional ao longo do caminho que escolhi trilhar 
pra minha vida; 
 
Á minha irmã mais velha Larissa, por ter sido sempre um excelente exemplo a ser 
seguido enquanto eu crescia; 
 
Aos meus avós Tutinha e Augusto, meus maiores e mais preciosos carinhos mesmo 
longe de casa; 
 
Ao restante da minha família, por ser energia renovadora nos momentos em que 
mais precisei; 
 
A Amanda e Tauana, pelos laços familiares que construímos dividindo paredes, 
confidências, conquistas e frustrações; 
 
A Ana Luiza, Caio, Felipe, João Paulo, Marcelo e Regina, por serem colegas de 
turma, amigos, irmãos e companheiros, e pela oportunidade incrível de viver este 
momento bem do ladinho de vocês; 
 
A Turma Sérgio Mota Júnior, “Os Presisos”, pelo companheirismo incontestável ao 
longo destes últimos cinco anos; 
 
À minha orientadora Luciana, por toda a dedicação e paciência ao longo da aventura 
turbulenta que foi dar vida a este trabalho; 
 
Á minha banca examinadora, Alexandre e Rafael, e ao Projeto Reabilitar por me 
incentivarem a ir além; 
 
Áo corpo docente e funcionários da Faculdade de Odontologia, por fazerem da 
rotina muitas vezes cansativa algo do que sentirei muita falta; 
 
Por fim, à Universidade Federal de Juiz de Fora, por ser a instituição que sempre 
chamarei de lar. 
 
 
 
 
TRIVELLATO, F. G. Estudo de caso clínico: Seria a técnica bulk fill passível de 
substituir a técnica incremental em restaurações posteriores?. Juiz de Fora 
(MG), 2018. 106f. Monografia (Curso de Graduação em Odontologia) – Faculdade 
de Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora. 
 
 
 
RESUMO 
 
As resinas compostas surgiram na Odontologia como materiais inovadores na 
confecção de restaurações estéticas e funcionais. Entretanto, as consequências 
clínicas causadas pela contração de polimerização e o limitado alcance de 
polimerização destes materiais exigem o uso da técnica incremental, baseada na 
inserção de pequenos incrementos separadamente. Tal técnica exige tempo, 
habilidade clínica e ainda encobre alguns riscos, como a contaminação entre 
camadas e polimerização inadequada. Neste contexto, surgem as resinas 
compostas bulk fill, nas viscosidades regular e fluida, com a proposta de 
simplificação do protocolo clínico em técnicas de inserção em incrementos únicos de 
até 4 mm de espessura. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi revisar a 
literatura sobre resinas compostas bulk fill e realizar um estudo de caso clínico 
demonstrando as técnicas propostas na utilização destes materiais. Duas diferentes 
técnicas bulk fill foram propostas para as restaurações de cavidades classe I com 
4mm de profundidade em dois molares inferiores (elementos 37 e 46) pertencentes 
a um mesmo paciente. O elemento 37 foi restaurado usando o compósito Tetric N-
Ceram Bulk Fill (Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein) em incremento único, 
enquanto o elemento 46 foi restaurado com o compósito Surefil SDR Flow (Dentsply 
Sirona, York, PA, USA) e a resina composta convencional Tetric N-Ceram (Ivoclar 
Vivadent, Schaan, Liechtenstein). Após a confecção das restaurações, estas foram 
avaliadas de acordo com o critério USPHS de adaptação marginal. Através da 
literatura revisada e do estudo de caso clínico, pôde-se concluir que as técnicas bulk 
fill são passíveis de substituir a técnica incremental em restaurações posteriores, 
desde que haja uma criteriosa seleção do material restaurador e as corretas 
indicações e protocolos clínicos sejam respeitados. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Resinas Compostas. Restauração Dentária Permanente. 
Materiais Dentários. 
 
 
TRIVELLATO, F. G. Clinical case study: Would the bulk fill technique be able to 
replace the layering technique in posterior restorations? Juiz de Fora (MG), 
2018. 106f. Monografia (Curso de Graduação em Odontologia) – Faculdade de 
Odontologia, Universidade Federal de Juiz de Fora. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
Resin composites emerged in Dentistry as innovative materials in regarding 
performing esthetic and functional restorations. However, the clinical consequences 
caused by polymerization shrinkage and limited depth of cure of these materials 
require the use of a layering technique, based on the insertion of small increments at 
each time. This technique demands time, clinical skills and also involves some risks, 
such as contamination between layers and inadequate polymerization. In this 
context, the bulk fill composites emerge, in regular and flow viscosities, proposing the 
simplification of clinical protocol with insertion technique of an only increment up to 4 
mm thickness. Thus, the aim of this study was to revise the literature about bulk fill 
resin composites and perform a clinical case study to demonstrate the techniques 
proposed on the insertion of these materials. Two different techniques were 
proposed to restore Class I cavities with a 4 mm depth in two mandibular molars 
(elements 37 and 46) that belonged to the same patient. The 37 element was 
restored with the Tetric N-Ceram Bulk Fill (Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein) 
composite in an only increment, while the 46 element was restored with the Surefil 
SDR Flow (Dentsply Sirona, York, PA, USA) composite and the convencional resin 
composite Tetric N-Ceram (Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein). After the 
conclusion of the restorations, they were assessed based on the USPHS criteria for 
direct clinical evaluation. Therefore, based on the revised literature and study of the 
clinical case, it was established that the bulk fill techniques are able to replace the 
incremental technique in posterior restorations, as long as there is a careful selection 
in regarding choice of materials and the adequate indications and clinical protocols 
are respected. 
 
 
KEY WORDS: Composite resins.Permanent Dental Restoration. Dental Materials. 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 1 
Imagem fotográfica inicial da arcada inferior. Dentes 
36, 37 e 46 com restaurações classe I deficientes e 
dente 47 com pigmentação de sulcos. 
83 
Figura 2 
Imagem radiográfica periapical dos elementos 36, 37 
e 38. 
83 
Figura 3 
Imagem radiográfica periapical dos elementos 46, 47 
e 48. 
83 
Figura 4 
Imagem fotográfica inicial dos dentes 36 e 37. Dente 
36, observa-se a superfície do amálgama com 
manchamento e desadaptação marginal (). Dente 
37, pode-se observar sítios de oxidação (*) por toda 
extensão da restauração em resina composta, os 
quais são responsáveis pela degradação marginal. 
84 
Figura 5 
Imagem fotográfica inicial dos dentes 46 e 47. . 
Dente 47, observa-se sítios de oxidação (*) e fratura 
() nas margens da restauração em resina composta. 
Dente 46, observa-se cárie por toda extensão do 
sulco principal. 
84 
Figura 6 Imagem fotográfica do preparo cavitário do dente 37. 86 
Figura 7 
Imagem fotográfica do isolamento absoluto dos 
elementos 34, 35, 36 e 37. 
86 
Figura 8 
Imagem fotográfica do posicionamento da sonda 
milimetrada para medida da profundidade da 
cavidade (4 mm). 
86 
Figura 9 
Imagem fotográfica do condicionamento do esmalte 
com ácido fosfórico a 37% por 20 segundos. 
86 
Figuras 10 
Imagem fotográfica da aplicação ativa de adesivo 
autocondicionante universal por 20 segundos. 
 
86 
Figura 11 
Imagem fotográfica da inserção do material com 
auxílio do brunidor número 33. 
87 
Figura 12 
Imagem fotográfica da definição dos sulcos com 
auxílio da sonda exploradora número 5. 
87 
 
Figura 13 
Imagem fotográfica da finalização da restauração, 
com aplicação dos corantes. 
87 
Figura 14 
Imagem fotográfica da restauração finalizada após o 
acabamento e polimento iniciais. 
87 
Figura 15 
Imagem fotográfica isolamento absoluto dos 
elementos 45, 46 e 47 e preparo cavitário do 
elemento 46 com forramento da parede pulpar com 
Vitremer. 
89 
Figura 16 
Imagem fotográfica do posicionamento da sonda 
milimetrada para medida da profundidade da 
cavidade (4mm). 
89 
Figura 17 
Imagem fotográfica do condicionamento seletivo do 
esmalte com ácido fosfórico 37% por 30 segundos. 
89 
Figura 18 
Imagem fotográfica da aplicação ativa do adesivo 
autocondicionante em toda a cavidade. 
89 
Figura 19 
Imagem fotográfica da aplicação do compósito Surefil 
SDR com ponta aplicadora própria. 
89 
Figura 20 
Imagem fotográfica indicando a profundidade 
restante da cavidade após a inserção do compósito 
Surefil SDR (2 mm). 
89 
Figura 21 
Imagem fotográfica da inserção dos incrementos da 
resina Tetric N-Ceram. Cada cúspide recebeu um 
incremento, que foi fotopolimerizado por 20 
segundos. 
89 
Figura 22 
Imagem fotográfica da restauração finalizada, após 
aplicação dos corantes e anteriormente ao 
acabamento e polimento. 
90 
Figura 23 
Imagem fotográfica da restauração finalizada, após o 
acabamento e polimento iniciais. 
90 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS 
 
 
 
% Percentual 
® marca registrada 
ºC graus Celsius 
< Menor 
> Maior 
= Igual 
TBS resistência à microtração 
ADA American Dental Association 
AFM Microscopia de Força Anatômica 
AgNO³ Nitrato de prata 
BBO Bibliografia Brasileira de Odontologia 
Bis-EMA Bisfenol A glicil dimetacrilato etoxilado 
Bis-GMA Bisfenol A glicil dimetacrilato 
CLSM Microscopia Confocal de Varredura à Laser 
DC grau de conversão 
DO disto-oclusal 
DOC profundidade de polimerização 
E módulo de elasticidade 
EBPDMA dimetacrilato bisfenol A etoxilado 
Fator C Fator de configuração cavitária 
HEMA 2-hidroxietil metacrilato 
HV Microdureza de Vickers 
IA adaptação interfacial 
IBECS Índice Bibliográfico Español en Ciencias de la Salud 
ISO International Organization for Standardization 
LED Diodo emissor de luz 
LILACS Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde 
mg Miligramas 
MO mésio-oclusal 
MOD mésio-ocluso-distal 
mm Milímetros 
mW/cm² megawatt por centímetro quadrado 
 
n número de amostras por grupo 
N Newton 
OCT Tomografia de Coerência Óptica 
RMS valores quadráticos médios 
SciELO Scientific Electronic Library Online 
SEM Microscopia Eletrônica de Varredura 
SBS resistência ao cisalhamento 
TA temperatura ambiente 
TC temperatura corporal 
TEGDMA Trietileno glicol dimetacrilato 
UDMA Uretano dimetacrilato 
USPHS United States Public Health Service 
VHN Microdureza de Vickers 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................12 
2 PROPOSIÇÃO....................................................................................................15 
3 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................16 
4 ESTUDO DE CASO CLÍNICO............................................................................82 
4.1 Procedimentos restauradores............................................................84 
4.2 Avaliação clínica da adaptação marginal..........................................90 
5 DISCUSSÃO.......................................................................................................93 
CONCLUSÃO.......................................................................................................100 
REFERÊNCIAS....................................................................................................101 
ANEXOS...............................................................................................................104 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
O sucesso de uma restauração em resina composta depende 
substancialmente da adaptação desta nas paredes da cavidade e a integridade da 
união entre ela e os substratos dentais (RENGO et al., 2015). Desse modo, 
fabricantes procuram alternativas e estratégias para aprimorar cada vez mais as 
suas propriedades físicas e mecânicas (MOORTHY et al., 2012). Sabe-se que a 
contração de polimerização da resina composta é inerente ao material e de crucial 
importância na adequada integridade marginal e durabilidade da restauração. A 
cinética de polimerização, o conteúdo de partículas inorgânicas e a matriz orgânica 
determinam as propriedades viscoelásticas e o grau de polimerização da resina 
composta. Além disso, o preparo geométrico da cavidade influencia diretamente nas 
tensões de contração da resina composta. Cavidades com elevado fator de 
configuração geométrica (fator C) apresentam maiores chances de tensões de 
contração de polimerização (RENGO et al., 2015). Desta maneira, diferentes 
estratégias para minimizar essas tensões vêm sendo estudas e aprimoradas 
continuamente; tais como: métodos de polimerização gradual, uso de resinas 
compostas com baixo módulo de elasticidade (flow) como base para absorver parte 
das tensões de contração e, ainda, a inserção em pequenos incrementos da resina 
com o objetivo de diminuir o fator C (KIM et al., 2015; TEKIN et al., 2017). 
Durante a técnica restauradora, recomenda-se que o incremento em resina 
composta seja no máximo de 2 mm em espessura, pois o material possui limitado 
alcance de polimerização (VAN DIJKEN e PALLESEN, 2015). Enquanto a camada 
superficial apresenta-se devidamente polimerizada, as camadas mais inferiores nem 
tanto podendo provocar danos citotóxicos à polpa (FURNESS et al., 2014; 
GONÇALVES et al.,). A técnica incremental para resinas compostas é complexa, 
demanda habilidade técnica e tempo clínico. Possui, ainda, riscos técnicos como a 
incorporação de ar, contaminação entre as camadas e falhas de adesão em 
cavidades consideradas extensas (ORLOWSKI, TARCZYDLO e CHALAS, 2014). 
Para tentar suprir essas desvantagens, surgiram os compósitos bulk fill, uma 
nova geração de resinas compostas com o objetivo de acelerar e facilitaro protocolo 
clínico de restaurações posteriores em cavidades muito profundas. Esse tipo de 
material pode ser inserido em bloco único de 4 mm em espessura (ILIE e STARK, 
13 
 
2014) e em cavidades com elevado fator C sem provocar tensões de contração de 
polimerização e, sim, adequado grau de conversão (FURNESS et al., 2014). 
A técnica restauradora com compósitos bulk fill é muito atrativa clinicamente, 
porém a adaptação interna destas pode conter algumas fendas as quais 
prejudicariam a longevidade da restauração. Pensando nisso, surgiu no mercado 
odontológico mais fluida, denominda de bulk fill flow, que permite uma melhor 
adaptação interna em cavidade estreitas e sinuosas (ILIE et al., 2014). 
Resinas compostas bulk fill são, de forma geral, mais translúcidas em 
comparação a compósitos convencionais, uma vez que o aumento da translucidez é 
uma das estratégias utilizadas para obtenção de uma adequada profundidade de 
polimerização em incrementos de maiores espessuras (KIM et al., 2015). Esta 
diferença de composição em relação às resinas compostas convencionais reduz a 
dispersão e melhora a penetração de luz (VAN DIJKEN e PALLESEN, 2015; 
MEEREIS et al., 2018). Além da translucidez, o aumento da profundidade de 
polimerização de compósitos bulk fill pode ser atribuído à incorporação de 
monômeros modificados e de diferentes sistemas fotoiniciadores nas composições 
destes materiais. No caso do compósito Tetric N-Ceram Bulk Fill (Ivoclar Vivadent), 
por exemplo, o fabricante alega que, embora este material possua um sistema 
iniciador tradicional à base de canforoquinona e amina, há a presença de um 
“intensificador” denominado Ivocerin® em sua composição, que auxilia na redução 
de contração de polimerização e também na adequada profundidade de 
polimerização de maiores incrementos (KIM et al., 2015). 
A tecnologia bulk fill apresenta vantagens como: a menor possibilidade de 
formação de fendas ao longo da restauração, a rapidez e praticidade da técnica de 
preenchimento único em comparação à técnica incremental tradicional e também a 
polimerização única e padronizada da restauração. No entanto, ainda há uma 
variedade de dúvidas e questionamentos dos cirurgiões-dentistas quanto à 
durabilidade e eficácia destes materiais, uma vez que o sucesso clínico só será 
estabelecido após um uso destes materiais a longo prazo e com a publicação de 
mais estudos acerca dos seus comportamentos clínicos (DIDEM, GÖZDE e 
NURHAN, 2014). 
 Portanto, o objetivo desse trabalho é demonstrar, por meio de um estudo de 
caso clínico e revisão de literatura, as vantagens e desvantagens das diferentes 
técnicas de realização de restaurações posteriores em resinas compostas, 
14 
 
comparando a técnica incremental de resinas compostas convencionais às técnicas 
de preenchimento único de compósitos bulk fill de alta e baixa viscosidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
2 PROPOSIÇÃO 
 
 O presente estudo tem como objetivo demonstrar, por meio de um estudo de 
caso clínico e revisão de literatura, as vantagens e desvantagens das diferentes 
técnicas de realização de restaurações posteriores em resinas compostas, 
comparando a técnica incremental de resinas compostas convencionais às técnicas 
de preenchimento único de compósitos bulk fill de alta e baixa viscosidade. 
A hipótese testada é a de que as técnicas de preenchimento único 
envolvendo compósitos bulk fill apresentam maiores vantagens acerca de 
simplificação de protocolo clínico, diminuição de riscos de contaminação e qualidade 
de polimerização em comparação à técnica incremental de resinas compostas 
tradicionais. 
 
 
 
 
16 
 
3 REVISÃO DA LITERATURA 
 
Roggendorf et al. (2011) realizaram um estudo com o objetivo de analisar a 
integridade marginal de restaurações classe II em resinas compostas, comparando 
restaurações realizadas com a técnica incremental convencional e restaurações as 
quais foi utilizada uma resina bulk fill de baixa contração de polimerização como 
base. Foram selecionados 80 terceiros molares hígidos que foram preparados com 
cavidades classe II padronizadas (4 mm de largura vestíbulo-lingual, 4 mm de 
profundidade oclusal, 2 mm de largura da caixa proximal médio-distal e margem 
proximal localizada 1-2 mm abaixo da junção amelocementária), com ângulos 
internos arredondados e margens do preparo não biseladas. Grupos de oito dentes 
foram aleatoriamente selecionados para serem tratados com cinco diferentes 
adesivos (XP Bond, Xeno V, Syntac, Adper Prompt L-Pop, iBond Self-etch), de 
acordo com as instruções dos fabricante, e foram selecionadas resinas compostas 
das mesmas linhas de fabricação dos adesivos. Os adesivos e as resinas 
compostas foram polimerizados com Translux CL (Heraeus Kulzer, Hanau, 
Germany) na intensidade de 650 mW/cm² em todos os casos durante o experimento. 
As 80 cavidades foram envolvidas em uma matriz de metal e preparadas com os 
respectivos adesivos. 40 cavidades foram restauradas com resina composta bulk fill 
flow (Surefil SDR, Dentsply Caulk) numa profundidade de 4 mm e, na altura restante, 
com resina composta convencional em incrementos de até 2 mm. As outras 40 
cavidades foram restauradas com resinas compostas de alta viscosidade na técnica 
incremental horizontal com incrementos de até 2 mm. Após a remoção das matrizes 
de metal, as restaurações foram polimerizadas por 20 segundos pela face lingual e 
por mais 20 segundos pela face vestibular, excessos grosseiros foram retirados com 
o auxílio de uma cureta posterior e o acabamento das margens da restauração foi 
realizado com discos flexíveis. Após armazenamento em água destilada por 21 dias, 
as fendas marginais foram analisadas antes e depois da ciclagem termomecânica, 
usando microscopia eletrônica de varredura em réplicas de resina epóxica (Alpha 
Die, Schuetz Dental, Germany). A ciclagem termomecânica foi realizada em um 
meio oral artificial (“Quasimodo” chewing simulator, University of Erlangen, 
Germany) simulando a mastigação em 100.000 ciclos do carregamento mecânico e 
2.500 ciclos térmicos simultâneos. A integridade marginal entre a resina composta e 
a dentina foi representada como uma porcentagem de toda a extensão marginal em 
17 
 
dentina e esmalte e a qualidade marginal foi classificada como: “margem livre de 
fendas”, “fenda/irregularidade” e “não julgável”. Após a investigação marginal, os 
dentes foram embebidos em uma resina epóxica de lenta polimerização (Epoxy-Die, 
Ivoclar Vivadent, Schaan, Liechtenstein) e seccionados no sentido mésio-distal para 
investigação das superfícies internas de ambas as secções. Como resultado, altas 
porcentagens de margens livres de fenda foram identificadas tanto para esmalte 
quanto para dentina. Adesivos de dois passos apresentaram melhor desempenho na 
adaptação marginal em relação aos adesivos de um passo. Durante a avaliação de 
qualidade marginal, fraturas de esmalte ocorreram apenas em grupos unidos com 
adesivos de dois passos, e a maior quantidade dessas fraturas ocorreram em dentes 
restaurados com a resina SDR. Em relação à adaptação interna à dentina, adesivos 
de dois passos exibiram significantemente mais áreas livres de fendas comparados 
a adesivos de passo único. Para todos os adesivos do estudo, a presença de uma 
camada de 4 mm de resina composta SDR não teve negativa influência nos 
resultados. Os resultados do estudo mostraram que o modo convencional de 
condicionamento com ácido fosfórico continua sendo o modo mais confiável para 
atingir uniões resistentes ao esmalte, embora os adesivos de passo único tenham 
apresentado desempenho satisfatório antes dos testes mecânicos e térmicos, devido 
a um mecanismo de retenção entre os cristais. Além disso, o estudo demonstrou 
que é possível atingir o sucesso da restauração simplificando o ato clínico com a 
resina composta SDR, já que em nenhum dos grupos este material causoumaior 
extensão de fendas marginais comparado com os grupos de resina convencional. A 
resina composta SDR combinada às cinco resinas compostas selecionadas não 
apresentou nenhuma falha de adesão aos adesivos em termos de qualidade de 
adaptação marginal e interna ao esmalte e à dentina. A formação de fendas na 
interface dente-restauração pode estar relacionada à insuficiente compensação da 
contração de polimerização e também aos repetidos estresses que podem exceder a 
capacidade de resistência da restauração. Como as resinas compostas foram 
selecionadas com base na mesma linha de fabricação dos adesivos, diminui-se a 
possibilidade de haver incompatibilidades entre estes materiais, dando maior 
credibilidade aos resultados do estudo. Como conclusão, o presente estudo não 
demonstrou um efeito negativo do uso da resina SDR como base da restauração em 
comparação às resinas convencionais. 
 
18 
 
Moorthy et al. (2012) realizaram uma pesquisa com o objetivo de avaliar e 
comparar a deflexão cuspal e microinfiltração cervical de restaurações classe II 
confeccionadas em técnica incremental com uma resina composta convencional e 
técnica de incremento único usando compósitos bulk fill flow como base. Desde o 
surgimento da resina composta como um material restaurador eficaz, fabricantes 
procuram alternativas para melhorar suas propriedades físicas e mecânicas e, entre 
elas, a contração de polimerização. Atualmente, as propriedades mecânicas (força e 
módulo elástico) das resinas compostas têm sido melhoradas com o aumento do 
volume de partículas de carga em suas composições, enquanto a contração 
volumétrica de polimerização tem sido reduzida por manobras como a eliminação de 
TEGDMA como um componente monomérico. Recentes avanços por parte dos 
fabricantes acabou resultando no surgimento da resina composta bulk fill de baixa 
viscosidade e na possibilidade do uso deste material como base de restaurações 
posteriores extensas, com um limite de espessura de 4 mm. Neste contexto, foram 
selecionados 24 pré-molares superiores hígidos que foram medidos e divididos em 
três grupos (n = 8) de forma em que a variação do comprimento bucal-palatal das 
amostras não passasse de 5% dentro de cada grupo. Todas as amostras foram 
fixadas com resina ortodôntica em um molde cúbico feito em aço inoxidável para a 
preparação de cavidades classe II MOD padronizadas, levando em conta o 
comprimento bucal-palatal e a localização da junção amelo-dentinária para a 
padronização de cada um dos preparos. Para a confecção das restaurações, as 
cavidades foram preparadas com um sistema adesivo convencional de três passos 
(All-Bond 2 Dual-Cured Universal Adhesive System, Bisco Inc.m Schaumburg, IL, 
USA) de acordo com as instruções do fabricante. O primeiro grupo de amostras 
(grupo A) foi restaurado em técnica incremental com a resina composta GrandioSO 
(Voco GmbH, Cuxhaven, Germany). A técnica incremental oblíqua envolveu três 
incrementos triangulares de aproximadamente 2 mm de espessura para cada uma 
das caixas proximais e dois incrementos para a caixa oclusal. Os grupos restantes 
foram restaurados usando os compósitos SDR (Dentsply Caulk, Milford, DE, USA) 
para o grupo B e x-tra base (Voco GmbH, Cuxhaven, Germany) para o grupo C. A 
técnica utilizada para os grupos B e C foi a de incremento único, de forma a deixar 2 
mm da cavidade a ser recoberta em incrementos triangulares da resina composta 
GrandioSO. Todas as amostras foram submetidas à análise de deflexão cuspal com 
o uso de um aferidor de deflexão de dois canais (Twin Channel Analogue Gauge 
19 
 
Unit, Thomas Mercer Ltd., St. Alban’s, UK). Para o grupo A, foram realizadas oito 
medidas de deflexão cuspal (uma ao fim da polimerização de cada um dos 8 
incrementos) para cada cúspide bucal e palatal. Para as amostras dos grupos B e C, 
foram realizadas três medidas de deflexão cuspal (uma ao fim do incremento único, 
e uma para cada incremento oclusal) para cada cúspide bucal e palatal. Para 
analisar a microinfiltração marginal, após a confecção das restaurações, todas as 
amostras foram submetidas à ciclagem termomecânica e armazenamento em 
solução de corante de fúcsia a 0,2% antes de serem seccionadas no sentido mésio-
distal. As amostras seccionadas foram examinadas em um estéreomicroscópio (Wild 
M3C, Heerburg, Switzerland) em um aumento de 25 vezes e a extensão de 
microinfiltração foi avaliada e classificada em uma pontuação de 0 a 4, na qual 0 
corresponde a ausência total de penetração de corante e 4 corresponde a 
penetração de corante na câmara pulpar via parede pulpar. Os resultados da 
pesquisa mostraram que houve um aumento estatisticamente significativo na 
deflexão cuspal das amostras do grupo A quando em comparação às amostras dos 
grupos B e C. Tal resultado está em concordância com estudos anteriores que 
afirmam que a técnica incremental oblíqua acaba por produzir maior tensão de 
contração na interface dente-restauração em cavidades MOD quando em 
comparação a técnica incremental gengivo-oclusal. Outro fator que pode estar 
relacionado é que o uso de um compósito bulk fill flow como base (grupos B e C) 
reduz significativamente o comprimento restante de cúspide a ser restaurado com 
uma resina composta tradicional, levando à diminuição da deflexão. Estudos 
anteriores sugerem, também, que a inserção de um grande incremento horizontal 
gengivo-oclusal leva a uma constrição simultânea das duas cúspides durante a 
fotopolimerização, o que de certa forma limita a excessiva deflexão. Em relação a 
análise de microinfiltração marginal, os resultados da pesquisa não mostraram 
diferenças estatisticamente significativas para os grupos A, B e C, o que sugere que 
não há efeitos deletérios no uso de compósitos bulk fill flow como base de 
restaurações na adesividade e interface dente-restauração. Desta forma, a partir 
deste estudo, pode-se concluir que os compósitos bulk fill flow estudados (SDR e x-
tra base) reduziram significativamente a deflexão cuspal durante a fotopolimerização 
quando comparados a uma resina composta convencional (GrandioSO) utilizada em 
técnica incremental oblíqua. A utilização de um compósito bulk fill flow como base 
tem como vantagem a redução do tempo de operação, bem como a redução da 
20 
 
quantidade de incrementos necessários a serem inseridos e fotopolimerizados 
durante a confecção da restauração. Entretanto, no contexto do estudo, os materiais 
bulk fill analisados (SDR e x-tra base) são essencialmente destinados à confecção 
de camadas de base, e exigem necessariamente serem recobertas com uma resina 
composta convencional para garantir o sucesso anatômico, funcional e estético da 
restauração. 
Scotti et al. (2014) realizaram uma pesquisa in vitro com o objetivo de avaliar 
a capacidade de selamento marginal de diferentes tipos de resinas compostas em 
ambos tecidos de esmalte e dentina. Um dos principais fatores que garante o 
sucesso de uma restauração é o seu selamento marginal eficaz, de forma a prevenir 
a microinfiltração. As consequências clínicas da microinfiltração marginal envolvem: 
discrepâncias marginais, manchamentos marginais, cáries secundárias, 
sensibilidade e dor pós-operatória. Neste contexto, surgem as resinas compostas de 
baixa viscosidade (flow), que apresentam menor porcentagem de cargas inorgânicas 
e maior quantidade de componentes resinosos. Além disso, foram introduzidos 
também os compósitos bulk fill flow, prometendo menor contração de polimerização 
que os compósitos tradicionais. Para a pesquisa, foram selecionados 48 molares 
hígidos recém extraídos nos quais foram preparadas quatro cavidades classe V 
cada, localizadas na junção esmalte-cemento das faces de cada elemento 
(vestibular, lingual, mesial e distal). Todas as cavidades possuíam dimensões 
padronizadas de 2 mm x 2 mm x 2 mm e foram confeccionadas com uma broca 
diamantada cilíndrica em altarotação. Para a confecção das restaurações, foi usado 
um sistema adesivo de três passos (Optibond FL, Kerr, Orange, CA, USA), aplicado 
de acordo com as instruções do fabricante. Então, todas as amostras foram 
aleatoriamente divididas em três grupos de 16 amostras, cada grupo restaurado com 
um dos materiais estudados. O grupo 1 foi restaurado com uma resina composta 
nano-híbrida de alta viscosidade, a Venus Diamond (Heraeus Kulzer, Hanau, 
Germany); o grupo 2 com um “nanocompósito” de baixa viscosidade, o Venus 
Diamond Flow (Heraeus Kulzer, Hanau, Germany) e o grupo 3 com um compósito 
bulk fill de baixa viscosidade, o Surefil SDR Flow (Dentsply, York, PA, USA). Todas 
as amostras foram restauradas em técnica de incremento único e foram 
fotopolimerizadas por 20 segundos com luz de LED (Translux Power Blue, Haraeus 
Kultzer, Hanau; Germany) em potência de 1000 mW/cm². Após 24h, as restaurações 
foram submetidas a acabamento e polimento e então armazenadas em água 
21 
 
destilada por 7 dias. As amostras foram completamente cobertas com duas 
camadas de esmalte de unha, exceto por uma janela de 1 mm ao redor das margens 
das cavidades e cada grupo foi, então, subdivido em dois (n = 8). As amostras dos 
subgrupos A foram imersas em uma solução de 1:10 de corante de azul de metileno 
à 25ºC por 30 minutos, escovadas por 1 minuto em água corrente e seccionadas de 
forma a obter quatro secções para cada amostra, dividindo cada uma das quatro 
restaurações de forma longitudinal. Já as amostras do subgrupo B foram submetidas 
a um protocolo de envelhecimento artificial com o auxílio de ciclagem 
termomecânica e armazenamento em saliva artificial e, então, imersas em azul de 
metileno e seccionadas do mesmo modo que as amostras do subgrupo A. Para 
todas as secções, foram registradas fotografias das interfaces das restaurações sob 
um aumento de 40 vezes em estéreomicroscópio (SMZ 140 N2GG, Motic, Wetzlar, 
Germany). Para analisar a porcentagem de penetração do corante em ambos 
dentina e esmalte, para todos os compósitos, as fotografias foram analisadas em 
software de imagem (Adobe Photoshop CS5, Microsoft, CA, USA). Os resultados da 
pesquisa apontaram que nenhuma das interfaces mostrou ausência de infiltração, 
embora as porcentagens de microinfiltração tenham variado em relação ao tecido 
dentário, ao processo de envelhecimento e também ao material utilizado. 
Estatisticamente, apenas a interação entre o compósito e a margem dos tecidos 
dentários afetou significantemente a porcentagem de penetração de corante na 
interface dente-restauração. A resina composta nanohíbrida de alta viscosidade 
apresentou uma maior capacidade de selamento marginal em tecido de esmalte, 
enquanto em dentina o melhor selamento foi adquirido com compósitos de baixa 
viscosidade. Isso comprova que a qualidade de adesão do esmalte é capaz de 
subjugar a contração de polimerização do compósito, independentemente da 
contração volumétrica. Em contrapartida, o melhor resultado dos compósitos de 
baixa viscosidade em tecido dentinário, sobretudo do compósito bulk fill Surefill SDR, 
pode ser atribuído à baixa tensão de contração desses materiais devido aos seus 
menores módulos elásticos. Além disso, deve-se levar em conta que no substrato 
dentinário os processos de adesividade são menos previsíveis e mais dificultados, 
devido ao maior conteúdo orgânico da dentina em relação ao esmalte. O 
procedimento de envelhecimento artificial das restaurações teve como objetivo 
simular os efeitos das condições orais (temperatura, mastigação e pH) sobre os 
compósitos. Neste contexto, os resultados da pesquisa demonstraram que as 
22 
 
restaurações artificialmente envelhecidas demonstraram um significante aumento na 
penetração marginal do corante, para ambos tecidos dentinário e de esmalte. Tal 
achado pode ser explicado pela degradação fisiológica causada pelo contato com os 
fluidos orais, além do fato de que o processo de ciclagem termomecânica, que 
simula a mastigação, é apontado como um grande fator intensificador do processo 
de microinfiltração marginal. Em conclusão, baseado nos resultados deste estudo, 
pode-se afirmar que a microinfiltração em tecido de esmalte não foi influenciada pelo 
tipo de material utilizado, enquanto o tecido dentinário apresentou melhor selamento 
marginal quando restaurado em compósitos de baixa viscosidade. Neste contexto, 
ao restaurar um dente, deve-se sempre em considerar o tecido dentário a ser 
restaurado para eleição do material restaurador, atentando-se sempre a obter o 
melhor selamento marginal possível. 
Campos et al. (2014) realizaram um estudo com o objetivo de determinar a 
adaptação marginal de compósitos bulk fill em restaurações classe II tipo MO com 
margens de esmalte biseladas. Para o estudo, 40 molares hígidos recém extraídos 
foram preparados com extensas e padronizadas cavidades classe II tipo MO, com 
paredes paralelas e margem cervical estabelecida 1 mm abaixo da junção amelo-
cementária. As 40 amostras foram aleatoriamente distribuídas entre 5 grupos 
experimentais, correspondendo aos diferentes materiais bulk fill e um grupo controle 
(n = 8). Os procedimentos de sistema adesivo foram realizados com o adesivo 
convencional Optibond FL (Kerr Co, Orange, CA, USA) de acordo com as instruções 
do fabricante. As cavidades foram restauradas com dois incrementos horizontais de 
4 mm e 2 mm de espessura, e cada um deles foi fotopolimerizado por 40 s com 
fotopolimerizador à luz de LED (Demi Plus, Kerr Co., Middleton, WI, USA) com 
irradiação de aproximadamente 1100 mW/cm². Os grupos experimentais foram 
definidos da seguinte forma: grupo A foi restaurado com os compósitos Venus Bulk 
Fill (4 mm) e Venus Diamond (2 mm); o grupo B com os compósitos Tetric 
EvoCeram Bulk Fill (4mm) e Tetric EvoCeram (2 mm); o grupo C com os compósitos 
Surefil SDR (4 mm) e Ceram-X (2 mm); o grupo D com dois incrementos do 
compósito Sonic Fill (4 mm e 2 mm) e o grupo E, o grupo controle, em dois 
incrementos do compósito Ceram-X (4 mm e 2 mm). Após a confecção das 
restaurações, réplicas das amostras foram feitas com o uso de um material polivinil 
siloxano (President light body, Coltène/Whaledent AG, Altstätten, Switzerland) e de 
uma resina epóxica (Epofix, Struers; Copenhagen, Denmark). Após o teste de 
23 
 
ciclagem termomecânica, novas réplicas foram obtidas e todas as amostras foram 
submetidas à avaliação em microscopia eletrônica (Digital SEM XL20, Philips, 
Eidhoven, Netherlands) em um aumento de 200 vezes. Os resultados de adaptação 
marginal antes e depois da ciclagem termomecânica foram expressos como 
porcentagens de margens contínuas para o total do comprimento de margem, e 
foram separados entre margens oclusais, proximais e cervicais. Os resultados do 
estudo demonstraram que todos os materiais investigados exibiram uma satisfatória 
adaptação marginal antes da ciclagem termomecânica, principalmente em esmalte. 
Após a ciclagem, o nível de adaptação marginal não foi mantido. A adaptação 
marginal cervical foi inferior comparada às margens proximal e oclusal, o que 
confirma a importância do condicionamento em ácido fosfórico para a obtenção de 
uma adequada adesão em esmalte. As tensões geradas pela contração de 
polimerização têm o potencial de causar falhas adesivas e/ou microfissurações no 
material restaurador e/ou esmalte. É estabelecido que uma técnica incremental é um 
importante fator para a modificação das tensões de contração e a magnitude das 
tensões são mediadas pela viscosidade do compósito, sua capacidade de reduzir as 
tensões, seu modo de polimerização e os protocolos de adesão à cavidade 
restaurada. No entanto, estudos anteriores demonstraram que a técnica incremental 
aumentou a deformação dos dentes restaurados, diminuindo a quantidade de 
compósito necessária para preencher a cavidade e criando maiores tensões na 
estrutura dente-restauração. Nesteestudo, a adaptação marginal em dentina foi 
menor comparada à adaptação marginal em esmalte e, após a ciclagem 
termomecânica, o grupo A demonstrou uma significativa maior diminuição da 
adaptação em dentina, alcançando um valor de apenas 19,89%. Este resultado pode 
estar atribuído às propriedades mecânicas do material restaurador, uma vez que as 
condições experimentais foram iguais para todos os grupos. Um estudo anterior 
demonstrou que o compósito Venus Bulk Fill possui propriedades mecânicas (força 
flexural, módulo flexural e dureza flexural) similar ou menor comparado aos outros 
compósitos bulk fill estudados. O módulo elástico é hipotetizado como sendo mais 
importante do que a contração em geração de tensões. Neste sentido, os módulos 
elásticos dos diferentes materiais influenciariam o seu comportamento de formações 
de tensão. Neste contexto, os compósitos de baixa viscosidade podem promover o 
alívio das tensões por possuírem um menor módulo elástico. De forma geral, quanto 
maior o módulo elástico do material, maior a contração de polimerização e, 
24 
 
consequentemente, maiores as tensões geradas pela contração. Neste estudo, entre 
todos os grupos experimentais, Venus Bulk Fill e Surefil SDR são considerados 
compósitos de baixa viscosidade e, ainda assim, não produziram melhores 
resultados comparados a outros grupos. Um aspecto a ser considerado a partir 
deste achado é que um significante alívio de tensão não pode ser garantido para 
compósitos de baixa viscosidade de módulo elástico igual ou maior que 5 GPa. 
Neste estudo, uma avaliação qualitativa das margens não contínuas demonstrou 
uma significante fratura de esmalte. Provavelmente, a força de adesão ao esmalte 
foi suficiente para resistir às tensões de contração, porém, tais tensões excederam a 
resistência coesiva do esmalte, originando fissuras neste substrato. Os autores 
deste estudo atribuíram, em parte, os bons resultados gerados em esmalte ao fato 
de suas margens terem sido biseladas. Para restaurações compostas diretas, uma 
adequada adaptação marginal e eficaz polimerização são importantes para garantir 
um adequado comportamento clínico. O grau de conversão dos materiais pode ser 
influenciado por suas composições (matriz e cargas) e translucidez. A maior 
preocupação acerca da técnica bulk fill é a capacidade destes materiais de 
polimerizar as partes mais profundas dos incrementos e, até o presente momento, 
existem poucos estudos avaliando estas propriedades destes materiais. De forma 
geral, o presente estudo pôde concluir que as margens de dentina apresentaram 
maior descontinuidade quando comparadas às margens de esmalte. Em 
preenchimentos únicos, os materiais bulk fill não apresentaram uma melhor 
adaptação marginal comparados aos compósitos tradicionais. 
Furness et al. (2014) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a 
adaptação marginal interna de restaurações Classe I realizadas com resinas 
compostas bulk fill em diferentes espessuras de incremento. Para a pesquisa, foram 
selecionados 50 molares hígidos recém extraídos que tiveram suas cúspides 
removidas de forma a obter uma superfície plana para padronização da distância de 
polimerização. Após a remoção das cúspides, cavidades classe I de 4 mm de 
diâmetro e profundidade foram preparadas no centro de cada dente, certificando-se 
de que todo o ângulo cavossuperficial correspondesse a área de esmalte. Para os 
procedimentos restauradores, quatro resinas compostas bulk fill e uma resina 
composta convencional foram utilizadas juntamente com os sistemas adesivos 
convencionais e aparelhos fotopolimerizadores correspondentes a cada marca 
comercial, de acordo com as instruções dos fabricantes. O preenchimento da 
25 
 
cavidade foi realizado de duas formas para cada material: um incremento único de 4 
mm e dois incrementos de 2 mm, resultando em 5 amostras para cada grupo 
experimental (n = 5). Os compósitos utilizados foram: Surefil SDR Flow (Caulk 
Dentsply, Milford, DE; cor A2; sistema adesivo Prime N Bond e aparelho 
fotopolimerizador Smart Lite, IQ2); Quixx (Caulk Dentsply, Milford, DE; cor universal; 
sistema adesivo Prime N Bond e aparelho fotopolimerizador Smart Lite, IQ2); 
SonicFill (Kerr/Sybron, Orange, CA; cor A2; sistema adesivo Optibond FI e aparelho 
fotopolimerizador Demi Plus); Tetric EvoCeram Bulk Fill (Ivoclar Vivadent, 
Liechnstein; cor Universal; sistema adesivo ExciTE F e aparelho fotopolimerizador 
Bluephase 20i) e Filtek Supreme Ultra (3M ESPE, St. Paul, MN; cor A2B, sistema 
adesivo Adper Scotchbond e aparelho fotopolimerizador S10), usada como controle. 
Todas as amostras foram fixadas em cera para os processos de fotopolimerização, 
realizados nos tempos e potências de acordo com as instruções de cada fabricante 
e em uma distância padronizada de 2 mm da cavidade. Completada a restaurações 
das cavidades, os excessos foram removidos e as amostras foram submetidas à 
termociclagem de 100 ciclos entre 5ºC e 55ºC e armazenadas em uma solução 
desinfetante aquosa por 24 horas a uma temperatura de 37ºC. Os dentes foram, 
então, seccionados pelo centro da restauração e tiveram suas raízes removidas. 
Cada secção foi incorporada em resina autopolimerizável com auxílio de um molde 
anelar, com o objetivo de criar uma matriz firme para testagem das amostras. Uma 
secção cada dente foi armazenada para pesquisas futuras e as outras secções 
foram armazenadas em uma câmara de 100% de umidade por uma semana para 
prevenir a desidratação de tecido dentinário. Retiradas do armazenamento, as 
amostras foram polidas com papéis abrasivos e pasta de alumínio, e limpas 
ultrassonicamente em água por 15 minutos. Após uma leve secagem, uma solução 
corante usada para detecção de cáries (Item #1805, Sable Seek, Ultradent Products, 
South Jordan, UT, USA) foi aplicada nas margens internas das restaurações, e 
excessos foram removidos com o auxílio de lenços laboratoriais. Imagens das 
amostras foram obtidas (FinePix HS10, Fujifilm Manufacturing, Greenwood, SC, 
USA) e analisadas de acordo com os seguintes parâmetros: formação de fendas, 
fratura dentária e formação de espaços. Além disso, o comprimento das interfaces 
marginais das restaurações foi determinado em diferentes localizações: porção de 
esmalte/restauração, porção média da dentina/restauração e parede 
pulpar/restauração. Dentro de cada uma dessas medidas, a porção de margens 
26 
 
livres de fendas, identificadas como a ausência de manchas, foram obtidas como 
uma porcentagem do comprimento total das interfaces. Os resultados do estudo 
demonstraram que houve uma interação estatisticamente significativa entre o 
material restaurador e a localização de interface interna: em todos os materiais 
testados em técnica bulk, todos apresentaram uma significativa maior quantidade de 
margens livres de fendas nas interfaces de esmalte e dentina medial quando 
comparada à interface pulpar, com exceção do compósito SureFil SDR Flow. Este 
material, quando utilizado em incremento único de 4 mm, não apresentou diferença 
significativa de integridade marginal entre as porções de esmalte, dentina medial ou 
margem pulpar. Entretanto, quando utilizado em técnica incremental (2 mm), 
apresentou uma melhor integridade marginal em esmalte e dentina medial 
comparada a parede pulpar, assim como os outros materiais. Adicionalmente, não 
foram encontradas diferenças significativas para as porcentagens de margens livres 
de fendas entre os cinco materiais nas margens pulpares, que não ultrapassou 30% 
em nenhum dos casos. Nas outras interfaces, também não houve diferenças, porém 
os valores encontrados foram considerados bem menores, com uma média de 18% 
pra técnica incremental e 8% para técnica bulk. Em relação ao material controle, 
Filtek Supreme Ultra, os resultados foram intrigantes: quando este foi utilizado na 
recomendada técnica incremental, a incidência de margens livres de fendasnas 
interfaces de esmalte e dentina medial se mostraram bem menores em comparação 
aos valores encontrados no uso deste material em técnica bulk. Já em relação á 
integridade marginal pulpar, não foram encontradas diferenças dentre as técnicas de 
preenchimento. Tais diferenças podem indicar que, em técnica bulk, as tensões de 
contração nas interfaces de esmalte e dentina foram menores, possivelmente devido 
à habilidade do compósito não polimerizado de se deformar e “suprir” a tensão 
resultante da fotopolimerização do compósito nas camadas mais superficiais. Em 
contraste, na técnica incremental, o segundo incremento deve ter desenvolvido uma 
maior tensão, como foi evidenciado pelas baixas porcentagens de margens livres de 
fendas em esmalte e dentina. Além disso, outros estudos mostram que, embora a 
integridade marginal pulpar apresente-se inferior, o uso de compósitos bulk fill em 
uma técnica incremental tende a ser sutilmente melhor quando tais materiais são 
usados em incremento único de 4 mm. Tal diferença pode ser explicada devido a 
maior translucidez e maior reação a luz que vários destes compósitos apresentam 
para atingir uma maior profundidade de polimerização quando comparados a 
27 
 
compósitos incrementais. De forma geral, a formação de fendas na parede pulpar 
foi proeminente tanto para as restaurações realizadas com resinas compostas bulk 
fill quanto para restaurações em resina composta convencional. Tal achado pode ser 
atribuído ao fato de que, embora o compósito bulk fill possa atingir uma grande 
profundidade de polimerização, o potencial para o desenvolvimento de sensibilidade 
operatória relacionada à formação de fendas na parede pulpar e também o 
movimento hidráulico resultante de fluidos que ocuparão este espaço sobre o efeito 
da carga oclusal ainda estão presentes. Outra interessante conclusão do estudo 
foram os diferentes padrões de penetração de corante encontrado entre os 
materiais. No compósito Tetric Evo Ceram Bulk Fill, por exemplo, em ambas as 
técnicas, nenhuma das amostras demonstraram evidência de corante penetrando 
túbulos dentinários em direção a polpa. Entretanto, a maioria dos outros produtos 
apresentou este padrão. Em algumas amostras, o corante se acumulou nas áreas 
de formação de fenda, e em outras, penetrou nos túbulos. Tal observação pode ser 
atribuída à localização da fenda na interface: se a fenda se formou entre o 
compósito e a camada híbrida, um acúmulo de corante é esperado, uma vez que os 
túbulos permanecem selados. O potencial de sucesso clínico pode estar relacionado 
à localização destas fendas, bem como à integridade de adesão das interfaces que 
objetivam resistir às tensões de contração. De fato, métodos clínicos com objetivo de 
redução das tensões causadas pela polimerização ainda estão sendo estudados, de 
forma a promover restaurações estéticas diretas de longa duração. Enfim, dentro 
das limitações do estudo, foi possível concluir que restaurações realizadas com 
resinas compostas bulk fill e convencionais resultaram em uma similar proporção de 
adaptação marginal nas interfaces de dentina medial e esmalte. Em relação à 
parede pulpar, apenas um dos compósitos (Surefil SDR Flow), usado em técnica 
bulk, apresentou melhor adaptação em comparação com o esmalte e dentina 
medial. Desta forma, o estudo demonstra que o uso de novos compósitos bulk fill 
não elimina por completo o potencial de formação de fendas marginais internas, 
como se é esperado. 
Didem, Gözde e Nurhan (2014) realizaram uma pesquisa com o objetivo de 
comparar as forças flexurais e compressivas de um compósito bulk fill sônico-ativado 
com outros compósitos bulk fill e uma resina composta convencional. As resinas 
compostas de baixa viscosidade (flow) são materiais restauradores que possuem em 
sua composição cerca de 20 a 25% menor quantidade de partículas de carga em 
28 
 
comparação a compósitos de consistência convencional. A primeira geração destes 
materiais foi indicada exclusivamente para o aplainamento de cavidades, devido ao 
seu baixo módulo elástico e alta contração de polimerização. Atualmente, algumas 
resinas compostas flow são desenvolvidas para uso em incremento único (bulk fill) 
como base de restaurações classe I e II em uma espessura de 4 a 6 mm, sem afetar 
negativamente a tensão de contração de polimerização e outras propriedades 
desejadas. Embora os compósitos bulk fill aparentem ser muito promissores em um 
contexto clínico, estudos conclusivos acerca de suas propriedades mecânicas ainda 
são escassos. Neste contexto, foram selecionadas quatro diferentes resinas 
compostas a serem analisadas neste estudo: SonicFill (Kerr Corp, USA/KaVo, 
Germany), um compósito bulk fill sonicamente ativado; Surefil SDR Flow (Dentsply, 
Konstanz, Germany), um compósito bulk fill de consistência flow; Tetric EvoCeram 
Bulk fill (Ivoclar Vivadent, AG, Liechtenstein), um compósito bulk fill de consistência 
convencional e G-aenial Posterior (GC Corp., Tokyo, Japan), uma resina composta 
universal tradicional. Para medir a resistência à flexão destes materiais, foram 
confeccionadas 10 amostras de cada um deles de acordo com especificações do 
método ISO 4049, com dimensões de 25 mm x 2 mm x 2 mm. As amostras foram 
fotopolimerizadas por 20 segundos com luz de LED (Hilux Ledmax 550, Benlioglu 
Dental, Ankara, Turkey) e submetidas a testes flexurais em uma máquina de teste 
universal (LF Plus, LLOYD, Instrument, AmetekInc, England). Já para a avaliação da 
resistência à compressão, 10 amostras cilíndricas de cada material foram 
confeccionadas de acordo com as especificações da ADA 27, com dimensões de 3 
mm de diâmetro e 6 mm de altura, e foram fotopolimerizadas por 20 segundos com 
luz de LED (Hilux Ledmax 550). As amostras confeccionadas com a resina 
composta universal (G-aenial Posterior) foram preparadas em técnica incremental, 
enquanto as amostras dos outros materiais foram preparadas de acordo com as 
instruções de cada fabricante. Os testes compressivos foram realizados em uma 
máquina de teste universal (LF Plus). Os resultados dos testes demonstraram que 
os maiores valores de resistência à flexão foram encontrados para o compósito 
SonicFill, embora as diferenças entre os grupos não tenham sido estatisticamente 
significativas. Em relação à resistência à compressão, os valores encontrados para 
os compósitos SonicFill e G-aenial foram significativamente maiores do que para os 
compósitos SDR e TetricEvoCeram Bulk Fill. Materiais restauradores são 
geralmente submetidos a testes de forças flexurais e compressivas para determinar 
29 
 
suas propriedades mecânicas. As forças compressivas possuem um importante 
papel durante o processo de mastigação, uma vez que a maioria das cargas 
mastigatórias possui uma natureza compressiva, enquanto as forças flexurais 
determinam as propriedades relacionadas à fratura dos materiais. De forma geral, é 
estabelecido que quanto maior a quantidade de partículas inorgânicas na 
composição das resinas compostas, melhores as suas propriedades mecânicas. Tal 
fato está em concordância com os achados deste estudo, que mostraram que o 
sistema SonicFill, que possui a maior quantidade de partículas inorgânicas (83,5%), 
apresentou os maiores valores para ambas resistências flexurais e compressivas. 
No caso de compósitos de baixa viscosidade, a média da quantidade de partículas 
inorgânicas varia de 45% a 65%, e é neste aspecto que o sistema SonicFill se difere 
em relação aos outros compósitos estudados. De acordo com o fabricante, este 
material é uma combinação de compósitos flow e universal e possui, em sua 
composição, modificadores que reagem à energia sônica. Desta forma, a energia 
sônica é gerada em um dispositivo aplicador específico que permite que a 
viscosidade do material seja diminuída em até 87% para a sua inserção na cavidade 
e, após a remoção do aplicador, o material retorna a suamais alta viscosidade 
permitindo uma adequada escultura da restauração. Ou seja, o compósito SonicFill 
não pode ser considerado, em sua integralidade, um compósito de baixa 
viscosidade. Em conclusão, o presente estudo mostrou que todos os materiais 
testados são apropriadamente indicados para restaurações que envolvem 
superfícies oclusais, ainda que o sistema SonicFill tenha obtido os melhores 
resultados mecânicos em meio aos outros materiais. Além do mais, a tecnologia bulk 
fill apresenta vantagens como: a menor possibilidade de formação de espaços ao 
longo da restauração, a rapidez e praticidade da técnica de preenchimento único em 
comparação à técnica incremental tradicional e também a polimerização única e 
padronizada da restauração. No entanto, ainda há uma variedade de dúvidas e 
questionamentos dos cirurgiões-dentistas quanto à durabilidade e eficácia destes 
materiais, uma vez que o sucesso clínico só será estabelecido após um longo 
período de uso e com a publicação de mais estudos acerca destes materiais. 
Ilie e Stark (2014) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar o impacto 
de diferentes condições de polimerização – tempo de exposição, modo, densidade 
de energia e distância de exposição – nas propriedades micromecânicas de resinas 
compostas bulk fill de baixa viscosidade (flow) usadas em simuladas cavidades de 6 
30 
 
mm de profundidade. As resinas compostas bulk fill surgiram com o objetivo de 
acelerar e facilitar o protocolo clínico de restaurações posteriores em cavidades 
muito profundas, combatendo a técnica incremental de resinas compostas 
convencionais e introduzindo o uso de técnica de incremento em massa em 
espessuras de até 4 mm, na condição de um adequado protocolo de polimerização. 
Entretanto, condições clínicas de polimerização podem variar e, neste contexo, o 
presente estudo simulou 16 diferentes condições para quantificar e avaliar a 
influência da eficácia de polimerização na variação das propriedades mecânicas dos 
materiais. Desta forma, quatro diferentes compósitos bulk fill flow foram 
investigados: Venus Bulk Fill (Heraeus Kulzer), SureFil SDR Flowable (Dentsply 
Caulk), X-tra base Hybrid (Voco) e Filtek Bulk Fill (3M ESPE). A dureza de Vickers 
(HV) e módulo de elasticidade (E) destes materiais foram avaliados de acordo com 
as variações de profundidade, modo de irradiação e distância de exposição de 
fotopolimerização. Foi utilizado um fotopolimerizador à luz de LED (VALO, Ultradent 
Products Inc., South Jordan, UT, USA) em diferentes modos e tempos de exposição: 
potência padrão (5, 20 e 40 segundos), alta potência (3, 4 e 8 segundos) e plasma 
(3 e 6 segundos) e duas diferentes distâncias de exposição (0 e 7 mm), definindo 16 
diferentes condições para cada material. Para simular as condições clínicas na 
preparação das amostras, foi usado um molde feito à base de molar humano, com 
uma cavidade cilíndrica de 6 mm de altura e 5 mm de diâmetro (n = 5). Os valores 
de HV e E foram medidos nas amostras em diferentes profundidades (0.2, 2, 4 e 6 
mm) com o uso de um microdurômetro (Fischerscope H100C, Fischer, Sindelfingen, 
Germany), com intervalos de 200 μm de densidade de energia entre os pontos de 
referência para medidas. Adicionalmente, a profundidade de polimerização (DOC) 
das amostras foi analisada, usando como referência o valor de HV adquirido na 
superfície da amostra nas melhores condições de polimerização (40 segundos, 0 
mm de distância de irradiação) e o comparando aos valores de HV das outras 
camadas, que foram avaliados em caso de possuírem mais ou menos de 80% da 
HV de superfície. Os resultados do estudo mostraram que o efeito do parâmetro de 
material utilizado foi significativo para todas as propriedades avaliadas. O impacto 
dos parâmetros de energia de densidade, distância e módulo de polimerização foi 
mais forte nos compósitos Vênus Bulk Fill e X-tra base, moderado no compósito 
Filtek Bulk Fill e baixo no compósito SDR. A DOC foi maior e similar nos compósitos 
Filtek Bulk Fill e SDR, seguidos pela Venus Bulk Fill e X-tra base. A maior influência 
31 
 
na profundidade de maior dureza foi exercida pelo tempo de irradiação e material. A 
máxima dureza foi atingida em camadas mais profundas pra tempos maiores de 
exposição, enquanto a profundidade foi significativamente maior para a SDR 
comparada a Filtek Bulk Fill e estatisticamente semelhante para os outros materiais. 
Estudos relatam que, comparadas às resinas compostas convencionais 
nanohíbridas, os compósitos bulk fill de baixa viscosidade possuem em sua 
composição menor quantidade e maior tamanho de partículas inorgânicas. Além 
destas mudanças, o uso de monômeros de maior volume molecular pode contribuir 
pra uma maior e mais eficaz profundidade de polimerização, induzindo uma 
conversão mais lenta. Este parece ser o método adotado pelo material SDR, que 
possui em sua composição um modulador de polimerização à base de urano em alto 
peso molecular, capaz de retardar a gelificação e reduzir a contração de 
polimerização sem afetar o grau de conversão. Em estudos anteriores, este 
compósito apresentou significativo menor valor de tensão de contração comparado 
às resinas compostas flow regulares, nanohíbridas e até resinas compostas à base 
de silorano. Além disso, os compósitos SDR e Venus Bulk Fill tiveram seu 
monômero base (Bis-GMA) completamente substituído por dimetacrilatos menos 
viscosos, como UDMA, TEGDMA e EBPDMA, capazes de formar cadeias de 
polímeros mais flexíveis e homogêneas e diminuir a contração de polimerização. 
Tais particularidades das composições químicas destes materiais possuem 
influência direta nos seus comportamentos de polimerização, assim como nas suas 
propriedades mecânicas. Menores tempos de exposição induziram os menores 
valores de propriedades mecânicas, predominantemente evidente em baixo valor de 
DOC. Além disso, a variação do valor de HV foi pequena pras profundidades de até 
2 mm, e os maiores valores não foram encontrados nas superfícies das 
restaurações, mas sim nas profundidades entre 0,4 mm e 3,1 mm. Isto pode estar 
relacionado às propriedades mecânicas de superfície de materiais com menor 
quantidade de partículas inorgânicas. Como consequência, ocorre uma contração de 
material em direção ao centro da restauração e também uma polimerização 
exacerbada em profundidades onde a sobreposição de camadas promove um 
isolamento da reação de polimerização. Considerando todos os materiais, nas 
variedades de profundidade de 0 a 6 mm, os melhores resultados observados foram 
das amostras expostas em modo padrão de irradiação por um tempo de 20 
segundos, enquanto o impacto de ambas as condições de polimerização em valores 
32 
 
de HV, E e DOC foi equivalente. Tal achado pode levar à conclusão de que um limite 
de máximo de irradiação pode ser definido, à partir do qual a irradiação adicional já 
não surte efeito sobre as propriedades mecânicas. Dessa forma, à partir deste 
estudo, pode-se concluir que as variações de irradiação de luz na fotopolimerização 
de compósitos bulk fill têm influência direta na manutenção das propriedades 
mecânicas destes materiais. Além disso, materiais que possuem monômeros de 
maior peso molecular em suas composições tendem a serem menos sensíveis às 
condições de fotopolimerização quando comparados a materiais de composição 
mais tradicional. 
Ilie et al. (2014) realizaram uma pesquisa com o objetivo de avaliar e 
comparar a resistência de união ao cisalhamento de resinas compostas bulk fill em 
dentes decíduos e permanentes, considerando os diferentes substratos de dentina e 
esmalte e usando uma resina composta convencional como controle. Comparadas 
às resinas compostas regulares, grande parte dos compósitos bulk fill apresentam 
menor proporção e maior tamanho de partículas inorgânicas em suas composições. 
Tal alteração tem como objetivo primário aumentar a translucidezdestes materiais, 
podendo levar, consequentemente, ao comprometimento de propriedades estéticas, 
mecânicas e ao potencial aumento da abrasão de superfície. Resinas compostas 
bulk fill são classificadas quanto à sua consistência, podendo ser comercializadas 
em alta viscosidade, semelhante à consistência de resinas compostas 
convencionais, ou em baixa viscosidade, ou seja, consistência flow, que são usadas 
como base da restauração e necessitam uma cobertura oclusal em resina composta 
convencional. Tal necessidade pode diminuir as vantagens de uma restauração mais 
rápida e eficaz, uma vez que implica na inclusão de mais um passo clínico e pode 
apresentar uma predisposição para uma maior degradação ao longo do tempo. No 
contexto da Odontopediatria, o uso de compósitos bulk fill se mostra promissor, uma 
vez que a redução do tempo de operação clínica é desejável em pacientes que não 
são cooperativos durante uma terapia mais invasiva. Portanto, neste estudo, uma 
resina bulk fill de alta viscosidade (Tetric EvoCeram Bulk Fill, Ivoclar Vivadent Inc.) e 
uma resina bulk fill de baixa viscosidade (SureFil SDR Flow, Dentsply, Kontanz, 
Germany) foram comparadas com uma resina composta regular nanohíbrida (Tetric 
Evo Ceram, Ivoclar Vivadent Inc.). Foram selecionados 240 molares permanentes 
hígidos e 240 dentes decíduos, que foram incluídos em resina acrílica (Technovit 
4004, Kulzer, Germany) e planificados com lixa de carbeto de silício (Leco, St. 
33 
 
Joseph, USA) e cobertos com uma leve faixa adesiva, deixando uma área de 3 mm 
de diâmetro exposta. Esta superfície foi condicionada com adesivo 
autocondicionante e fotopolimerizada por 10 segundos com fotopolimerizador à luz 
de LED (Bluephase Style; Ivoclar-Vivadent, Schaan, Liechtenstein). Então, moldes 
de uma cavidade cilíndrica de 3 mm de diâmetro e 4 mm de altura foram adaptados 
nas amostras, e foram preenchidos em dois incrementos consecutivos de 2 mm para 
as amostras restauradas com resina composta regular e um único incremento de 4 
mm para as amostras restauradas com os compósitos bulk fill. Cada incremento foi 
fotopolimerizado por 20 segundos Para a determinação dos grupos estudados, os 
seguintes parâmetros foram analisados: o tipo de dente (decíduo e permanente), o 
tipo de substrato dentário (esmalte e dentina), o sistema adesivo (Adhese One F e 
Xeno V, ambos autocondicionantes) utilizado e o material restaurador utilizado. A 
combinação de tais parâmetros resultou num total de 24 diferentes grupos (n = 20). 
Após os processos restauradores, as amostras foram submetidas à termociclagem 
(Willytec, Dental Research Division, Munich Germany) e inseridas em uma máquina 
de teste universal (MCE 2000ST; Quicktest Prüfpartner GmbH, Langenfeld, 
Germany) até ocorrer fratura. Os fragmentos de cada amostra foram examinados em 
estereomicroscópio (Axioskop 2mat, Zeiss, Germany) em um aumento de 50 vezes 
para avaliar o mecanismo das fraturas, que foram divididas em três tipos: adesivas, 
mistas ou coesivas. Os resultados do estudo demonstraram, então, que a maior 
influência na resistência de união ao cisalhamento foi determinada pelo parâmetro 
de sistema adesivo. Ambos os sistemas adesivos utilizados são classificados como 
autocondicionantes de um único passo, e apresentam valores de pH (1,4 para o 
AdheSE One F e 1,28 para o Xeno V) que os qualificam como soluções agressivas 
capazes de solubilizar a smear layer e as smear plugs, formando camadas híbridas 
de espessura similar às criadas pelo condicionamento com ácido fosfórico. Já era de 
se esperar que as diferenças ultramorfológicas entre dentes decíduos e 
permanentes pudessem influenciar nas suas características de adesão, uma vez 
que a dentina de dentes decíduos é menos mineralizada e apresenta um maior 
diâmetro de seus túbulos. Estudos mostram que adesivos autocondicionantes criam 
uma maior infiltração em dentes permanentes, enquanto em dentes decíduos um pH 
mais ácido destes materiais gera uma maior corrosão da dentina, sem resultar, 
necessariamente, em uma maior adesão. Desta forma, dados sobre a real eficácia 
de adesivos autocondicionantes para dentina decídua são limitados. Além disso, 
34 
 
outros estudos mostraram que, comparados a adesivos autocondicionantes, 
adesivos convencionais apresentaram um melhor resultado de adaptação marginal 
em molares permanentes restaurados com compósitos bulk fill em incrementos de 4 
mm. Em outro aspecto, os resultados do estudo mostraram que os comportamentos 
dos compósitos Tetric EvoCeram e Tetric EvoCeram Bulk Fill foram estatisticamente 
similares para todas as situações analisadas, o que pode ser atribuído às suas 
propriedades mecânicas e consistências similares. No caso do compósito Tetric 
EvoCeram Bulk Fill, a alteração em sua composição para obter uma adequada 
profundidade de polimerização não envolve a diminuição de partículas inorgânicas 
como na maioria dos compósitos bulk fill, mas sim a inclusão de um fotoiniciador 
específico denominado Ivocerin®. O Ivocerin® é descrito como um sistema iniciador 
à base de germânio, com uma maior atividade de fotopolimerização em relação à 
canforoquinona devido à sua maior capacidade de absorção. Este fotoiniciador tem 
a capacidade de formar pelo menos dois radicais livres para iniciar a reação de 
polimerização, ao contrário do sistema canforoquinona-amina, que resulta em 
apenas um radical livre. Entretanto, comparados ao compósito SDR, ambos os 
compósitos Tetric EvoCeram e Tetric EvoCeram Bulk Fill apresentaram piores 
resultados de resistência. Estudos anteriores mostram que as propriedades 
mecânicas, principalmente o módulo de elasticidade, são menores para o compósito 
SDR. No entanto, o melhor resultado de resistência de união ao cisalhamento desse 
material pode ser proveniente de seu melhor molhamento e adaptabilidade, uma vez 
que sua menor viscosidade favorece a adaptação interna aos tecidos dentários. 
Desta forma, o presente estudo permitiu concluir que a maior influência nos 
resultados de resistência de união ao cisalhamento foi a dos sistemas adesivos 
utilizados, uma vez que a influência dos materiais foi coadjuvante. Os compósitos 
bulk fill mostraram um comportamento melhor ou equiparável à resina composta 
nanohíbrida usada como controle. Dentre os compósitos bulk fill avaliados, o 
compósito SDR, de baixa viscosidade, apresentou vantagens em relação a 
adaptabilidades marginais, consolidando sua indicação para cavidades mais 
profundas e estreitas. 
Leprince et al. (2014) realizaram uma pesquisa com o objetivo de de 
comparar, sob condições ideais de polimerização, as propriedades físico-mecânicas 
de oito compósitos bulk fill a duas resinas compostas convencionais, usadas como 
referência. Portanto, os compósitos bulk fill Tetric EvoCeram Bulk Fill (Ivoclar 
35 
 
Vivadent, Schaan, Liechtenstein), Venus Bulk Fill (Heraeus-Kulzer, Hanau, 
Germany), Surefil SDR (Dentsply, Konstanz, Germany), X-tra Fil (VOCO, Cuxhaven, 
Germany), X-tra Base (VOCO, Cuxhaven, Germany), Sonic Fill (Kerr, Orange, CA, 
USA), Filtek Bulk Fill (3M ESPE, St. Paul, MN, USA) e Xenius (GC Europe, Leuven, 
Belgium) foram comparados as resinas compostas convencionais Grandio e 
GrandioFlow (VOCO, Cuxhaven, Germany). Os materiais foram adaptados em um 
molde de teflon de dimensões 2 mm x 2 mm x 25 mm e fotopolimerizados por 40 
segundos com fotopolimerizador à luz de LED (BluePhase G2, Ivoclar-Vivadent, 
Schaan, Liechtenstein) em modo de alta potência, com irradiação de 1050 mW/cm². 
Após a fotopolimerização, as amostras foram removidas do molde e armazenadas 
em ambiente seco por 24 horas em uma temperatura de 23 ºC. Para os testes de 
módulo de elasticidade e resistência à flexão, as amostras (n = 5) foram submetidas 
a uma máquina de teste universal (Instron 5566. High Wycombe, UK) até a 
ocorrência de fratura. As amostras fraturadas foram usadas para avaliação da 
microdurezade Vickers (VHN) através de teste Durimet (Leitz, Wetzlar, Germany), 
logo após a fratura e após o armazenamento em etanol puro por 24 horas. A 
proporção entre os valores de VHN antes e após a imersão em etanol foi utilizada 
como uma indicação da densidade de cadeias. Foi utilizada análise 
termogravimétrica (TGA/SDTA861e, Mettler-Toledo Greinfensee, Switzerland) para 
determinar fração de massa inorgânica do material. E por fim, o grau de conversão 
(DC) foi medido nas superfícies das amostras (n = 3) com um espectômetro Raman 
(DXR Raman Microscope, Thermo Scientific, Madison, WI, USA). Os resultados da 
pesquisa mostraram que grandes e significativas diferenças foram observadas para 
todas as propriedades físico-mecânicas avaliadas tanto dentre os compósitos bulk fill 
quanto para as resinas compostas usadas como controle. Considerando que 
características físicas melhoradas seja um aspecto desejável no uso de compósitos 
bulk fill em grandes espessuras, os resultados do estudo não foram favoráveis, uma 
vez que as propriedades mecânicas dos compósitos bulk fill apresentaram-se 
inferiores a resina composta Grandio e comparáveis à GrandioFlow. Portanto, de 
acordo com o presente estudo e em concordância com estudos anteriores, os 
compósitos bulk fill apresentaram propriedades mais similares a compósitos flow do 
que compósitos micro ou nano-híbridos. Tal conclusão não é favorável, uma vez que 
materiais flow não são recomendados para compor a maior parte de restaurações 
extensas, e levanta o questionamento sobre materiais bulk fill possuírem de fato tal 
36 
 
indicação. A escolha das resinas Grandio e GrandioFlow como materiais controle 
deu-se devido às suas excelentes propriedades em termos de dureza, resistência à 
flexão e módulo elástico de acordo com vários estudos. Desta forma, é importante 
considerar que, embora os materiais testados tenham apresentado propriedades 
mecânicas inferiores aos materiais controle no presente estudo, outros estudos 
mostram que alguns compósitos bulk fill podem ser equivalentes a outros 
compósitos mais convencionais disponíveis no mercado, como é o caso do material 
Tetric EvoCeram Bulk Fill comparado ao Tetric EvoCeram em um estudo anterior. 
No entanto, na maioria dos casos, os compósitos bulk fill se equiparam aos seus 
equivalentes convencionais apenas em algumas propriedades, enquanto em outras 
apresentam um comportamento inferior. Favoráveis e significativas correlações 
lineares foram observadas para microdureza de superfície e fração de massa 
inorgânica, e tal achado está em concordância com estudos anteriores. Em 
contrapartida, outros estudos apontam que a maior influência nesta propriedade é 
mérito de aspectos da matriz orgânica do material, como variações na densidade de 
cadeia polimérica. De fato, para alguns materiais, em particular Venus Bulk Fill, 
Surefil SDR e Filtek Bulk Fill, alterações de diminuição de microdureza ocorridas 
durante o armazenamento em etanol indicam diferenças na densidade de cadeia 
polimérica. O possível uso de monômeros plásticos como estratégia para redução 
da contração de polimerização pode explicar o porquê de estes materiais estarem 
mais propensos à diminuição da microdureza. Tal observação pode sustentar 
argumentos que defendem que os incrementos bulk fill devem ser submetidos à 
cobertura oclusal em resina composta convencional. Outras razões para as 
diferenças de propriedades encontradas dentre os materiais investigados incluem o 
aumento do tamanho de partículas inorgânicas, observado nos compósitos Surefil 
SDR, X-traFil e X-traBase. Além disso, a adição de sistemas fotoiniciadores, como o 
Ivocerin® no compósito Tetric EvoCeram Bulk Fill, também pode influenciar nestas 
propriedades. É importante considerar que a comparação de propriedades de 
materiais comercializados por diferentes fabricantes é dificultada, considerando que 
parâmetros como tamanho de partículas, morfologias, tipos de monômero e química 
de fotoiniciação são muito variáveis dentre a gama de produtos. Uma conclusão 
suportada pelo estudo é a de que a fração de massa inorgânica é um importante 
parâmetro para determinação das propriedades mecânicas: como dito 
anteriormente, estudos anteriores mostram que os compósitos Tetric EvoCeram Bulk 
37 
 
Fill e Tetric EvoCeram apresentam propriedades mecânicas similares e, não 
coincidentemente, também apresentam similar fração de massa inorgânica, cerca de 
70%. Em contrapartida, no presente estudo, os compósitos Grandio e X-traFil, 
pertencentes ao mesmo fabricante, apresentam similares resistências à flexão, mas 
diferentes valores de módulo de elasticidade e microdureza, mesmo com similares 
frações de massa inorgânica (cerca de 85%). Tal contradição pode estar relacionada 
a outros parâmetros citados anteriormente, como o tamanho e densidade das 
partículas, tipos de monômero e diferentes sistemas fotoiniciadores. O grau de 
conversão dos materiais apresentou-se pouco relacionado às propriedades 
mecânicas no presente estudo. Tal resultado foi, de certa forma, esperado, 
considerando que todos os materiais são baseados em diferentes conteúdos 
monoméricos e apresentam sua própria relação específica entre DC e propriedades 
mecânicas. Além disso, todos os materiais foram fotopolimerizados além das 
recomendações dos fabricantes, potencialmente afetando esta correlação, uma vez 
que é mais viável observá-la em materiais não adequadamente fotopolimerizados. A 
baixa tensão de polimerização e a melhor adaptação marginal relatadas para 
materiais bulk fill podem estar relacionadas aos seus baixos módulos de 
elasticidade. Neste contexto, é interessante ressaltar que, dentro dos compósitos 
estudados, apenas o X-traFil não foi associado a uma baixa tensão de contração, e 
tal material é o que apresenta maior conteúdo inorgânico e menor módulo de 
elasticidade dentre os testados. Em conclusão, o presente estudo demonstrou que 
as propriedades mecânicas de compósitos bulk fill apresentam uma certa 
desvantagem em relação ao uso destes materiais quando comparados a resinas 
compostas nano-híbridas convencionais. Desta forma, o sucesso de restaurações 
realizadas com materiais bulk fill pode ser comprometido devido às constantes e 
graduais cargas oclusais e mastigatórias. Além disso, a significativa diminuição da 
dureza de superfície dos compósitos testados após armazenamento em etanol 
levanta questionamentos acerca da estabilidade a longo termo destes materiais. 
Par et al. (2014) realizaram uma pesquisa com o objetivo de investigar o 
aumento do grau de conversão nas 24 horas posteriores a irradiação de luz em 
resinas compostas. Adicionalmente, foi avaliado o efeito da temperatura em uma 
resina composta convencional e três resinas compostas bulk fill após a 
polimerização. A reação de polimerização de resinas compostas ocorre envolvendo 
a adição de moléculas de monômeros dimetacrilatos, resultando em uma formação 
38 
 
de cadeias poliméricas. Durante a polimerização, radicais livres estão localizados 
nas cadeias poliméricas em formação, e representam sítios reativos que devem ser 
alcançados pelas moléculas monoméricas. Neste contexto, as modificações 
realizadas nas composições de resinas compostas bulk fill tendem a alterar seu 
comportamento de polimerização, uma vez que uma reação de polimerização mais 
lenta é uma das principais estratégias usadas pelos fabricantes para diminuição da 
contração destes materiais. Desta forma, para o presente estudo, foram investigadas 
uma resina composta universal, a GrandioSO (Voco, Cuxhaven, Germany), e três 
resinas compostas bulk fill: Tetric EvoCeram Bulk Fill (Ivoclar Vivadent, Schaan, 
Liechtenstein), Quixfil (Dentsply, York, Pennsylvania, USA) e x-tra Fil (Voco, 
Cuxhaven, Germany). Foram confeccionadas 10 amostras cilíndricas de 3 mm de 
diâmetro e 6 mm de altura para cada material, que foram fotopolimerizadas durante 
20

Continue navegando