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PROJETO FINAL Curso Técnico em Agronegócio Polo Junqueiro - AL RELATÓRIO TÉCNICO DA CRIAÇÃO DE CAMARÃO MARINHO (LITOPENAEUS VANNAMEI) EM PROPRIEDADE DE LIMOEIRO DE ANADIA-AL Eixo Temático: Produção Agropecuária Área: Carcinicultura Tipo de Trabalho: Relatório técnico Tutor Orientador: Jackeline Targino de Moura ISAIAS FRANÇA DE SOUZA JOSÉ MARQUES LUZ NETO INTRODUÇÃO • A criação de camarão tem ganhado espaço cada vez mais no cenário nacional. A espécie mais cultivada é a Litopenaeus vannamei. • A região Nordeste tem vantagens ótimas para o desenvolvimento dessa atividade pois possui as melhores condições ambientais, extensas áreas costeiras e domínio das tecnologias de reprodução. • Em Alagoas a produção de camarão representa apenas 1,5% da produção nacional, a maioria dos produtores se encontram na Região Agreste e enfrentam muitas dificuldades, como a carência de insumos e a escassez de água. • Diante desse cenário, este trabalho tem como objetivo principal elaborar um relatório da produção de camarão marinho em uma propriedade do agreste alagoano. A fim de analisar os procedimentos de cultivo, os problemas enfrentados e a rentabilidade dessa criação. IDENTIFICAÇÃO DA ÁREA RURAL PESQUISADA • Para a realização da análise proposta por esse trabalho foi selecionada uma propriedade em que há o cultivo de camarão marinho no município de Limoeiro de Anadia, na Região Agreste de Alagoas. • A propriedade possui área de 3,2 hectares, quatro viveiros escavados e há cerca de dois anos e meio produz camarão da espécie Litopenaeus vannamei. Utiliza-se o sistema intensivo, que consiste no uso de pequenos tanques com altas taxas de estocagem (20-100 camarões/m²), com manejo constante, alimentação intensiva e aeração. Vista da propriedade • Os quatro viveiros da propriedade são retangulares com as respectivas áreas: V1 e V2 tem 0,2ha, V3 tem 0,28ha e V4 tem 0,19ha. A água que abastece os viveiros é captada de um pequeno afluente do Rio Coruripe. • As pós-lavas são compradas e inseridas diretamente nos viveiros de crescimento, não fazendo o uso de berçário. • Os principais insumos utilizados são: rações, calcário, probióticos e aeradores. Atualmente há 8 aeradores em funcionamento, 2 em cada viveiro. Localização dos viveiros no terreno DESCRIÇÃO DA ÁREA RURAL PESQUISADA • Os camarões são alimentados regulamente, três vezes ao dia na forma de voleio. A correção da alimentação é feita através do monitoramento das bandejas indicativas. • A inspeção do crescimento dos camarões por meio da biometria é realizada uma vez por semana. • O acompanhamento da qualidade da água é feito regulamente, todos os dias são medidos o PH, oxigênio dissolvido, salinidade, temperatura e amônia. Já semanalmente são medidos nitrito e alcalinidade. • A despesca dos viveiros é feita geralmente de 2,5 a 3 meses após o povoamento. • Na despesca a água é lançada no mesmo afluente sem tratamento, o que pode prejudicar o ecossistema local e representa um desperdício de um bem escasso e indispensável para o cultivo. DESCRIÇÃO DA ÁREA RURAL PESQUISADA Despesca dos camarões Monitoramento das bandejas indicativas METODOLOGIA APLICADA Inicialmente foi realizada a revisão bibliográfica por meio de pesquisa em revistas, livros e sites especializados em Carcinicultura. A partir daí foi feita a pesquisa de campo, onde por meio de entrevistas semi-estruturadas com produtores, revendedores e com o engenheiro de pesca Iury Amorim. Já o levantamento e análise da propriedade selecionada foram realizadas através de visita ao local realizada dia 18 de janeiro de 2021, coleta de informações a respeito da criação com o proprietário e comparação com os parâmetros indicados pelo engenheiro de pesca Fábio Higa , consultor com 20 anos de experiência em produção de camarão em diversos países. A análise dos dados fornecidos pelo carcinicultor teve como objetivos avaliar: os parâmetros da água, de modo a verificar se a água está adequada para o cultivo; a densidade de cultivo dos viveiros; o crescimento semanal dos camarões; os dias de cultivo; o quanto de ração é utilizado para a produção de 1Kg de camarão; a taxa de sobrevivência e a produção final, com a verificação da quantidade de camarão produzido, custo final, receita e rentabilidade. METODOLOGIA APLICADA Na propriedade há 4 viveiros, como mencionado, e o V1 recentemente foi despescado em 06 de janeiro, em razão disso não foi analisado junto com os outros viveiros. Desse modo, foram analisados os viveiros V2, V3 e V4. Como o quadro abaixo apresenta. Comparando os dados desse quadro com os dos quadros de referência, é possível verificar que os índices de oxigênio, PH, alcalinidade e temperatura estão ótimos. Quanto ao crescimento, o V1 apresenta crescimento ótimo, o V2 possui crescimento bom e o V3 apresenta crescimento mediano. Viveiro Área (ha) Dias de cultivo Densidade (cam/m²) Oxigênio PH Alcalinidade Temperatura Crescimento (g/sem) V2 0,2 67 95 9,2 8,3 280 29,3 1,8 V3 0,38 56 26,3 7,5 8,3 270 29,3 1,3 V4 0,19 31 52,6 7,7 8,3 257 29,3 1,0 METODOLOGIA APLICADA Além da safra atual, foi avaliada também a safra anterior a partir dos dados informados pelo proprietário do V1. Para isso, verificou-se o fator de conversão alimentar; a taxa de sobrevivência; a quantidade de camarão produzido, o custo final, a receita e a rentabilidade. *O fator de conversão alimentar (FCA) significa quantos quilos de ração foram necessários para produzir um quilo de camarão. Área (ha) 0,2 Dias de cultivo 59 Densidade (cam/m²) 125 Quantidade inicial 250.000 Peso final (g) 10 Produção (Kg) 1.700 Sobrevivência (%) 68 Crescimento (g/sem) 1,2 Ração (Kg) 1.712 FCA* 1 Comparando esses valores com os valores dos quadros de referências pode-se constatar que V1 apresentou taxa de sobrevivência, crescimento médio e FCA normais. Assim, a produção desse viveiro foi normal, não apresentou grandes problemas. Resultado da produção de V1 METODOLOGIA APLICADA Também, foi avaliado o resultado financeiro desse viveiro. Como o quadro abaixo apresenta, o custo total foi de R$14.688,00 e a produção foi vendida por R$29.988. O que gerou um lucro de R$15.300,00 e uma rentabilidade de 104%. Assim, esse cultivo apresentou ótimo retorno financeiro. Resultado financeiro de V1 Produção (Kg) Custo total (R$) Receita (R$) Lucro (R$) Rentabilidade 1.700 14.688,00 29.988 15.300,00 104% Por fim, avaliou-se a produção dos quatro viveiros na última safra. Como o quadro abaixo mostra, a produção total foi de 5.100kg, o custo total de R$43.350,00 e a produção foi vendida por R$89.760,00. O que resultou em um lucro de R$46.410,00 e uma rentabilidade de 107%. Desse modo, a produção como um todo apresentou ótimo retorno financeiro. Resultado da produção da última safra n° de viveiros Produção (Kg) Custo total (R$) Receita (R$) Lucro (R$) Rentabilidade 4 5.100 43.350,00 89.760,00 46.410,00 107% CONSIDERAÇÕES FINAIS Alagoas é um estado que tem condições de ampliar a produção de camarão marinho, o que contribuiria para o aumento de renda da população local e geraria empregos. Como a análise realizada demonstrou, o cultivo da espécie Litopenaeus vannamei é possível na Região Agreste alagoana e pode ter ótimos resultados financeiros. Vale ressaltar que esse cultivo exige grande cuidado, principalmente com o meio ambiente. Uma das medidas que o proprietário pode adotar é fazer o tratamento da água da despesca para o seu reuso e redução dos danos ambientais. Diante do que foi exposto, pode-se concluir que o trabalho desenvolvido obteve resultados satisfatórios e pode contribuir para a realização de trabalhos futuros acerca de Carcinicultura. REFERÊNCIAS COSTA, B. B; STREIT JÚNIOR, D. P. Cultivo de camarões em sistema de bioflocos no brasil: uma alternativa sustentável às intensificações na aquicultura. Arquivos de Ciências do Mar, v. 51, n. 2, p. 116-130. 2018. FAO – FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Fishery and Aquaculture Statistics 2018. Roma: FAO, 2020.HIGA, F. M. Guia Prático de Criação de Camarão. Curso – arrumando a casa e melhorando o crescimento e sobrevivência do extensivo ao superintensivo. Nov. 2020. Penedo, 2020. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa da Pecuária Municipal 2019. Rio de Janeiro: IBGE, 2020. ROCHA, I. Riscos da importação de camarões de países com doenças, de alto risco epidemiológico, para os crustáceos nativos e cultivados do Brasil. Revista ABCC, Natal, n. 1, p. 22-25, 2017. TAHIM, E. F.; DAMACENO, M. N.; ARAÚJO, I. F. Trajetória Tecnológica e Sustentabilidade Ambiental na Cadeia de Produção da Carcinicultura no Brasil. Revista de Economia e Sociologia Rural, Brasília, v. 57, n.1, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1234-56781806-94790570106. Acesso em: 13 jan. 2021.
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