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202 CONSIDERAÇÕES GERAIS As águas pluviais são aquelas que se originam a partir das chuvas. A captação dessas águas t em por finalidade permitir um melhor escoamento, evitando alagamentos, erosão do solo e proteger as edificações da umidade excessiva, garantindo conforto às pessoas. O sistema de águas pluviais e drenagem é constituído pelo con- junto de calhas, condutores, grelhas, caixas de areia e de passagem e demais dispositivos responsáveis por captar águas da chuva e de lavagem de piso e conduzir a um destino adequado. O sistema também pode servir para coleta e armazenamento da água da chuva para ser mais tarde reaproveitada para lavagem de pi- sos, carros, irrigação de jardins, ou ainda dentro de casa na descarga das bacias sanitárias. A instalação de águas pluviais se destina exclusivamente ao recolhimento e condução das águas das chuvas, não se admitindo quaisquer interligações com outras instalações prediais. Portanto, as águas pluviais não podem ser lançadas em redes de esgoto. A norma que rege essas instalações é a NBR 10844, que fixa as exigências e os critérios necessários aos projetos de instalação de drenagem de águas pluviais, visando garantir níveis aceitáveis de fun- cionalidade, segurança, higiene, conforto, durabilidade e economia. De acordo com a norma, as instalações de drenagem de águas pluviais devem ser projetadas de modo a obedecer às seguintes exigências: • Recolher e conduzir a vazão de projeto até locais permitidos pelos dispositivos legais. • Ser estanques. • Permitir a limpeza e desobstrução de qualquer ponto no interior da instalação. • Absorver os esforços provocados pelas variações térmicas a que estão submetidas. • Quando passivas de choques mecânicos, ser constituídas de materiais resistentes a eles. • Nos componentes expostos, utilizar materiais resistentes às intempéries. • Nos componentes em contato com outros materiais de cons- trução, utilizar materiais compatíveis. • Não provocar ruídos excessivos. • Resistir às pressões a que podem estar sujeitas. • Ser fixadas de maneira a assegurar resistência e durabilidade. Figura 5.1 Sistema de águas pluviais. Deságua na guia J Chuva Condutor horizonta l Chuva 203 204 PARTES CONSTITUINTES DA ARQUITETURA COBERTURA É a parte de uma edificação que tem por finalidade proteger as áreas construídas contra a ação do tempo (chuva, neve, raios solares etc.). Figura 5.2 Cobertura. ÁGUAS DA COBERTURA É a área do telhado composta de uma superfície plana, que, por sua inclinação, conduz para uma mesma direção as águas das chuvas, que terão de ser captadas de alguma forma, como calhas, grelhas etc. Figura 5.3 Água (telhado). ÁGUA FURTADA É o canal entre duas águas de telhado por onde cor rem as águas das chuvas. Figura 5.4 Água furtada. CUMEEIRA É a parte mais alta do telhado, onde as águas do telhado se encon- tram. Nesse ponto existe uma grande viga de madeira chamada de "terça", que serve de sustentação para os caibros do telhado. Figura 5.5 Cumeeira. 205 206 BEIRAL É o prolongamento do telhado além das paredes externas. Normal- mente, é projetado para proteger os vãos (portas, varandas e esqua- drias) das chuvas e da insolação direta. Para captar as águas pluviais que chegam à sua extremidade, pode-se utilizar calhas e condutores externos ou executar uma pequena platibanda - nesse caso, utilizar calhas e condutores embutidos ou simplesmente deixar que a água caia e seja captada por meio de grelhas nos pisos externos. Muitas vezes, o arquiteto pode tirar partido dessa obrigato- riedade de escoamento das águas pluviais e criar elementos que enriqueçam o projeto arquitetônico, unindo o útil ao estético. Figura 5.6 Beiral de telhado sem testeira. Figura 5.7 Beiral de telhado com testeira. PLATIBANDA É uma pequena parede (murada) utilizada com a finalidade de escon- der o telhado ou simplesmente embutir as calhas, caso em que o uso da platibanda é impreterível, assim como a colocação de condutores ( embutidos ou externos) para a condução das águas pluviais. VAZÃO DE PROJETO No detalhamento de coberturas e cortes da edificação, é necessário o detalhamento do sistema de captação e escoamento das águas pluviais. Por essa razão, o arquiteto deve posicionar e pré-dimen- sionar as calhas e os condutores verticais no projeto arquitetônico. As calhas e condutores devem suportar a vazão de projeto, calculada a partir da intensidade de chuva adotada para a locali- dade e para um certo período de retorno (número médio de anos em que, para a mesma duração de precipitação, uma determinada intensidade pluviométrica é igualada ou ultrapassada apenas uma vez). A NBR 10844 fixa os períodos de retorno (T) de acordo com a área a ser drenada: • T = l ano, para obras externas onde empoçamentos possam ser tolerados; • T = 5 anos, para coberturas e/ou terraços; • T = 25 anos, para coberturas e áreas onde empoçamentos ou extravasamento não possam ser tolerados. Conhecendo-se a intensidade pluviométrica e a área de contri- buição do telhado (ver "Esquemas indicativos para cálculos de áreas de contribuição de vazão"), a vazão de projeto pode ser calculada pela seguinte fórmula: Q =I x A 60 Onde: Q = vazão em litros/min I = intensidade pluviométrica, em mm/h A = área de contribuição, em m2 207 Tabela 5.1 Chuvas intensas no Brasil Intensidade pluviométrica (mm/ h) Local Período de retorno (anos) 1 5 25 1 A legrete - RS 174 238 313 (17) 2 A lto Itatiaia - RJ 124 164 240 3 A lto Tapajós - PA 168 229 267 (21 ) 4 A lto Teresópolis - RJ 114 137 (3) - 5 A racaju - SE 116 122 126 6 Avaré- SP 115 144 170 7 Bagé - RJ 126 204 234 (10) 8 Barbacena - MG 156 222 265 (12) 9 Barra do Corda - MA 120 128 152 (20) 10 Bauru - SP 110 120 148 (9) 11 Belém - PA 138 157 185 (20) 12 Belo Ho rizonte - MG 132 227 230 (12) 13 Blumenau - SC 120 125 152 (15) 14 Bonsucesso - MG 143 196 - 15 Cabo Fri o - RJ 113 146 218 16 Campos - RJ 132 206 240 17 Campos do Jordão - SP 122 144 164 (9) 18 Catalão - GO 132 174 198 (22) 19 Caxambu - MG 106 137 (3) - 20 Caxias do Su l - RS 120 127 218 21 Corumbá - MT 120 131 161 (9) 22 Cruz A lta - RS 204 246 347 (14) 23 Cuiabá - MT 144 190 230 (12) 24 Curiti ba - PR 132 204 228 25 Encruzilhada - RS 106 126 158 (17) 26 Fernando de Noronha - RN 110 120 140 (6) 27 Flo r ianópoli s - se 114 120 144 28 Formosa - GO 136 176 217 (20) 29 Fortaleza - CE 120 156 180 (21) 30 Goiân ia - GO 120 178 192 (17) 31 Guaramiranga - CE 114 126 152 (19) 32 lraí - RS 120 198 228 (16) 33 Jacarezinho - PR 115 122 146 (11) 34 Juaretê- AM 192 240 288 (10) 208 35 João Pessoa - PB 115 140 162 (23) (continua) Tabela 5.1 Chuvas intensas no Brasil (continuação) Intensidade pluviométrica (mm/ h) Local Período de retorno (anos) 1 5 25 36 km 47 - Rod. Presidente Outra- RJ 122 164 174 (14) 37 Lins - SP 96 122 137 (13) 38 Maceió-AL 102 122 174 39 Manaus-AM 138 180 198 40 Natal-RN 113 120 143 (19) 41 Nazaré - PE 118 134 155 (19) 42 Ni teró i -RJ 130 183 250 43 Nova Fri b urgo - RJ 120 124 156 44 O linda- PE 115 167 173 (20) 45 O uro Preto - MG 120 211 - 46 Paracatu - M G 122 233 - 47 Paranaguá - PR 127 186 191 (23) 48 Parintins -AM 130 200 205 (13) 49 Passa Quatro - MG 118 180 192 (10) 50 Passo Fundo - RS 110 125 180 51 Petrópolis - RJ 120 126 156 52 Pinheiral - RJ 142 214 244 53 Piracicaba - SP 119 133 151 (10) 54 Ponta Grossa - PR 120 126 148 55 Porto Alegre - RS 118 146 167 (21) 56 Po rto Velho - RO 130 167 184 (10) 57 Q uixe ramobim - CE 115 121 126 58 Resende- RJ 130 203 164 59 Rio Branco - AC 126 139 (2) - 60 Rio d e Janeiro -RJ (Bangu) 122 156 174 (20) 61 Rio de Janeiro - RJ (Ipanema) 119 125 160 (15) 62 Rio d e Janeiro - RJ (Jacare paguá) 120 142 152 (6) 63 Rio de Janeiro - RJ (Jard im Botânico) 122 167 227 64 Ri o de Janeiro - RJ (Praça 15) 120 174 204(14) 65 Rio de Janeiro -RJ (Praça Saenz Pena) 125 139 167 (18) 66 Ri o de Janeiro - RJ (Santa Cruz) 121 132 172 (20) 67 Rio G rande- RS 121 204 222 (20) 68 Salvado r - BA 108 122 145 (24) 69 Santa Maria - RS 114 122 145 (16) 70 Santa Maria Madalena - RJ 120 126 152 (7) 209 (contin ua) Tabela 5.1 Chuvas intensas no Brasil (continuação) Intensidade pluviométrica (mm/h) Local Período de retorno (anos) 1 5 25 71 Santa Vitória do Palmar - RS 120 126 152(18) 72 Santos - l tapema - SP 120 174 204 (21) 73 Santos - SP 136 198 240 74 São Carlos - SP 120 178 161 (10) 75 São Francisco do Sul - se 118 132 167 (18) 76 São Gonçalo - PB 120 124 152 (15) 77 São Luís-MA 120 126 152 (21) 78 São Luís Gonzaga - RS 158 209 253 (21) 79 São Paulo - SP (Congonhas) 122 132 - 80 São Paulo - SP (Mirante Santana) 122 172 191 (7) 81 São Simão - MG 116 148 175 82 Sena Madureira - AC 120 160 170 (7) 83 Sete Lagoas -MG 122 182 281 (19) 84 Soure - PA 149 162 212 (18) 85 Taperinha - PA 149 202 241 86 Taubaté - SP 122 172 208 (6) 87 Teófilo Otoni - MG 108 121 154 (6) 88 Teresina - PI 154 240 262 (23) 89 Teresópolis - RJ 115 149 176 90 Tupi - SP 122 154 - 91 Turiaçu - MG 126 162 230 92 Uauapés - AM 144 203 230 (17) 93 Ubatuba- SP 122 149 184 (7) 94 Uruguaiana - RS 120 142 161 (17) 95 Vassouras - RS 125 179 222 96 Viamão - RS 114 126 152 (15) 97 Vitória- ES 102 156 210 98 Volta Redonda - RJ 156 216 265 (13) 1. Para locais não mencionados nesta tabela, deve-se procurar correlação com dados dos postos mais próximos que tenham condições meteorológicas semelhantes às do local em questão. 2. Os valores entre parênteses indicam os períodos a que se referem as intensidades pluviométricas, em vez de 5 ou 25 anos, em virtude de os períodos de observação dos postos não terem sido suficientes. 3. Os dados apresentados foram obtidos do trabalho Chuvas intensas no Brasil, de Otto Pfafstetter, Ministério da Viação e Obras Públicas, DNOS, 1957. 210 Áreas de contribuição e arquitetura dos telhados A área de contribuição, das coberturas e externas às edificações, devem ser bem caracterizadas no projeto arquitetônico, por meio de cortes do telhado e declividades nas áreas externas, de modo que as vazões que escoam nas calhas e condutores e nos coletores horizontais sejam resultantes de um estudo de divisão de áreas. Esse procedimento conduzirá à instalação mais econômica possível para a drenagem da águas pluviais. Considerando que as chuvas não caem horizontalmente, a NBR 10844 fornece critérios para determinar a área de contribui- ção considerando-se a arquitetura dos telhados. De acordo com a norma, no cálculo da área de contribuição, devem-se considerar os incrementos devidos à inclinação da cobertura e às paredes que interceptam água de chuva que também deva ser drenada pela cobertura, conforme mostra a Figura 5.10. Exemplo de dimensionamento Figura 5.9 Cálculo da área de contribuição de vazão (medidas do telhado). Solução : De acordo com a Figura 5.10, trata-se de uma superfície inclinada (b) A= ( a+i)xb A = ( 5 + 1~6) X 1 O A= (5,8)x 10 A= 58 m2 211 212 Figura 5.10 Esquemas indicativos para cálculos de áreas de contribuição de vazão. (a) Superfície plana horizontal b 1· ·1 ,[B A= a x b (c) Superfície plana vertical única axb A=- 2 (e) Duas superfícies planas verticais opostas ab < cd - A= (c x d - a x b)/2 ab > cd - A = (a x b - c x d)/2 (g) Três superfícies planas verticais adjacentes e perpendiculares b axb A=- 2 Fonte: ABNT, NBR 10844/99. (b) Superfície inclinada A=(a+;)xb (d) Duas superfícies planas verticais opostas axb A=-2- (f) Duas superfícies planas verticais adjacentes e perpendiculares VA1 2 +A22 A= 2 (h) Quatro superfícies planas verticais, sendo uma com maior altura b a axb A=- 2 CALHAS E RUFOS NO PROJETO ARQUITETÔNICO Calhas e rufos têm grande importância nas edificações, sendo que o objetivo das calhas é coletar as águas de chuva que caem sobre o telhado e encaminhá-las aos condutores verticais (prumadas de descida), enquanto os rufos servem para proteger paredes expostas (rufo tipo pingadeira) ou evitar infiltrações nas juntas entre telhado e parede (rufo interno). As calhas e rufos em bom estado evitam diversos danos causados pelas águas pluviais, como o apodrecimento dos beirais das construções e a umidade excessiva nas paredes, que acelera o desgaste da alvenaria e da pintura. No projeto arquitetônico, destacam-se dois tipos de calhas: de beiral e de platibanda. O projetista deve especificar o tipo de calha que será utiliza- do - com ou sem platibanda, com ou sem beiral, com condutores embutidos ou externos - ou se será dispensado seu uso, deixando que as águas pluviais caiam sobre a superfície do terreno. Em tempos de otimização e racionalização de projeto, a Tigre, por exemplo, apresenta calhas pré-fabricadas, em PVC rígido, para instalar em telhados com beiral. Por ter a superfície lisa, esse tipo de calha favorece um melhor escoamento da água, além de evitar o depósito de sujeira em seu interior. Outra grande vantagem diz respeito à resistência química do PVC, pois as calhas metálicas, quando instaladas em cidades litorâneas, podem sofrer corrosão por elementos químicos combi- nados com a água da chuva. É importante ressaltar que as calhas e condutores conectados ao telhado devem ser mantidos limpos para evitar o extravasamento ou o retorno das águas de chuva. As calhas obstruídas podem causar erosão em torno da casa, danos nas paredes exteriores, infiltra- ção de água na estrutura do telhado e, algumas vezes, recalques diferenciais na fundação. A limpeza deve ser feita duas vezes por ano, no mínimo, no final da estação seca e no final da estação das chuvas. Em áreas onde existem muitas árvores a limpeza deve ser feita com maior frequência. Forma da seção das calhas A forma da seção das calhas vai depender exclusivamente do projeto de arquitetura e dos materiais empregados em sua confecção. Na Figura 5.11, apresentam-se as seções mais usuais. 213 214 Figura 5.11 Seções usuais de calhas. UVUv Retangular u V Circular Semicircular Figura 5.12 Disposição na cobertura. D D D D De clividade das calhas A declividade das calhas é de extrema importância para que não ocorra o empoçamento de águas em seu interior. Quando ocorrem chuvas intensas não é raro ocorrer transbor- damento de calhas em algumas edificações. Conforme a intensidade e a duração da chuva, a água extravasada para dentro do ambiente pode representar sérios prejuízos e aborrecimentos para os seus moradores (usuários). Normalmente, isso acontece em virtude da ausência de decli- vidade ou de dimensionamento incorreto das calhas, ou da pouca capacidade dos condutores verticais. A declividade das calhas deve ser a mínima possível e no sentido dos condutores (tubos de queda), a fim de evitar o empoçamento de águas quando cessada a chuva. A inclinação das calhas de bei- ral e platibanda deve ser uniforme, com valor mínimo de 0,5%. As calhas de água furtada têm inclinação de acordo com o projeto de arquitetura. Apesar de a vazão máxima de escoamento aumentar considera- velmente quando se aumenta a declividade da calha, é importante lembrar que o aumento dessa inclinação nem sempre é fisicamente viável, pois acarreta grandes intervenções nos elementos cons- trutivos de apoio. Uma solução para o problema é o aumento da capacidade de escoamento dos condutores verticais. DIMENSIONAMENTO DE CALHAS O dimensionamento de calhas deve ser feito por meio da fórmula de Manning-Strickler, indicada a seguir, ou de qualquer outra fórmula equivalente da hidráulica. Onde: Q= K x S x R;/3 xi112 n Q = vazão de projeto, em L/min; S = área da seção molhada, em m2; n = coeficiente de rugosidade (ver Tabela 5.2); RH = raio hidráulico, em m; i = declividade da calha, em mim ; K = 60 000 (coeficiente para transformar a vazão em m3/spara L/min.). Tabela 5.2 Coeficiente de rugosidade Material Coeficientes de rugosidade (n) Plásti co, fibrocimento, aço, metais não ferrosos 0,011 Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria 0,012 revestida Cerâmica, concreto não alisado 0,013 Alvenari a de tijolos não frevestida 0,015 Além da fórmula de Mannin-Strickler, as calhas também podem ser dimensionadas por meio de tabelas e ábacos que, evidentemen- te, foram calculados por fórmulas a partir de hipóteses quanto a precipitação. 215 216 CALHAS SEMICIRCULARES Uma das características que influem na capacidade de uma calha é sua forma (normalmente retangular ou semicircular). Em função disso, a norma fornece sua capacidade hidráulica. A NBR 10844 fixa a capacidade, em litros por minuto, de calhas semicirculares de acordo com o diâmetro e as declividades. Tabela 5.3 Capacidade de calhas semicirculares (vazão em litros/min) Diâmetro interno (mm) 100 125 150 200 D eclividades 0,5% 1% 2% 130 183 256 236 333 466 384 541 757 829 1167 1 634 Em calhas de beiral ou platibanda, quando a saída estiver a menos de 4 m de uma mudança de direção, a vazão de projeto de- verá ser multiplicada pelos coeficientes da Tabela 5.4. Tabela 5.4 Coeficientes multiplicativos da vazão de projeto Tipo de curva Canto reto Canto arredondado Curva a menos de 2 m da saída da calha 1,20 1,10 Figura 5.13 Mudança de direção na calha. d Condutor vertical Curva entre 2 m e 4 m da saída da calha 1,10 1,05 d CALHAS DE SEÇÃO RETANGULAR Como as calhas não são destinadas a conduzir água de um ponto a outro, mas sim receptáculos das águas da superfície dos telha- dos e conduzindo-as imediatamente aos tubos de queda, para o dimensionamento de calha de seção retangular, confeccionada de chapa galvanizada (tipo mais usado nas edificações, por ser de fácil fabricação), é perfeitamente dispensável a aplicação de fórmulas da hidráulica. Na Tabela 5.5, apresenta-se, de forma simplificada, o dimensio- namento de calha de seção retangular em função do comprimento do telhado.* Entende-se como comprimento do telhado a medida na direção do escoamento da água. Quando temos dois telhados contribuindo para uma mesma calha, para cálculo de comprimento a fim de determinar a largura da calha, somar o comprimento dos dois telhados. Se a calha tiver seção trapezoidal a largura encon- trada será a largura média, ou seja L = (Ll + L2)/2. Tabela 5.5 Dimensões da calha em função do comprimento do telhado Comprimento do telhado (m) Largura da calha (m) Até 5 0,15 5 a 10 0,20 10 a 15 0,30 15 a 20 0,40 20 a25 0,50 25 a 30 0,60 Fonte : MELO, Vanderley de O livei ra; AZEVEDO N ETTO, José M . Instalações prediais hidráulico-sanitárias, cit. Figura 5.14 Dimensões da calha. Dimensões da calha N ota A p rojeção ho rizontal da te lha sobre a ca lha deve s ituar-se a 1 /3 de sua largura. 217 218 CONDUTORES VERTICAIS NO PROJETO ARQUITETÔNICO São tubulações verticais que têm por objetivo recolher as águas coletadas pelas calhas e t ransportá-las até a parte inferior das edificações, despejando-as livremente na superfície do terreno, ou até as redes coletoras, que poderão estar situadas no terreno ou presas ao teto do subsolo (pilotis), por meio de braçadeiras, no caso dos edifícios com esse pavimento. Os condutores verticais devem ser projetados, sempre que possível, em uma só prumada. Quando houver necessidade de desvio, devem ser usadas curvas de 90º de raio longo ou curvas de 45º e previstas peças de inspeção. Quando a edificação estiver localizada em áreas arborizadas, dependendo da altura da cobertura, pode ocorrer o entupimento dos condutores. Nesse caso, é importante que se coloque uma tela no bocal das calhas, evitando, dessa maneira, a introdução de fo- lhas e pequenos galhos dentro das tubulações e permitindo fácil limpeza e manutenção. Os materiais mais comuns na fabricação dos tubos, de maiores aplicações, são o PVC e o ferro fundido (geralmente utilizado nas tubulações aparentes e sujeitas a choques). Figura 5.15 Detalhe da ligação da calha ao condutor. 2 6 7 8 1 - Telhado 2 - Platibanda 3 - Laje de forro 4 - Rufo de chapa galvanizada 5 - Calha de chapa galvanizada 6 - Joelho de 45º 7 - Luva 8 - Condutor de águas pluviais DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES VERTICAIS As condições hidráulicas de funcionamento dos condutores verticais não são perfeitamente conhecidas, pois, normalmente, tem-se uma mistura de ar e água escoando nesse elemento. De qualquer maneira, os condutores deverão ser dimensionados levando em consideração o valor da intensidade da chuva crítica, ou seja, de pequena duração, mas de grande intensidade, e a área de contribuição de vazão. Para o dimensionamento de condutores verticais, a NBR 10844 apresenta ábacos específicos. Adotam-se, na prática, diâmetros maiores ou iguais a 75 mm, em virtude da possibilidade de entupi- mento dos condutores com folhas secas e pássaros mortos. De acordo com a norma, o dimensionamento dos condutores verticais deve ser feito a partir dos seguintes dados: Q = vazão de projeto, em litros/min; H = altura da lâmina de água na calha, em mm; L = comprimento do condutor vertical, em m. Para calhas com saída em aresta viva ou com funil de saída, deve-se utilizar, respectivamente, os ábaco da Figura 5.16 ou Fi- gura 5.17. Procedimento: a) Levantar uma vertical por Q até interceptar as curvas de H e L correspondentes. b) Se não haver curvas dos valores H e L, interpolar entre as curvas existentes. c) Transportar a interseção mais alta até o eixo D. d) Adotar o diâmetro nominal cujo diâmetro interno seja superior ou igual ao valor encontrado. Dada a complexidade desses ábacos, e na ausência de um cri- tério rigoroso para o dimensionamento dos condutores verticais, apresenta-se como sugestão para o pré-dimensionamento um cri- tério simplificado muito utilizado por alguns projetistas, salvo em casos especiais, e que correlaciona a área do telhado com a seção do condutor. A Tabela 5.6 mostra a relação entre o diâmetro do condutor e o valor máximo da área do telhado drenada pelo tubo. 219 220 Figura 5.16 Ábaco para dimensionamento de condutor normal. (NBR 10844/89). D (mm) 150 140 130 120 110 100 90 80 70 60 50 o 200 400 600 800 1 000 1 200 1 400 1 600 1 800 2 000 2 200 2 400 2 600 2 800 Calha com saída em aresta viva O (l'/ min) Figura 5.17 Ábaco para dimensionamento de condutor com funil de saída. (NBR 10844/89). D(mm) 150~--------~----------------~ 140 130 120 110 500 D~~~ 10001D1~1~1~2~2~2~2~2~ Calha com funil de saída O (e/ min) Tabela 5.6 Área máxima de cobertura para condutores verticais de seção circular Diâmetro Vazão Área máxima de (mm) (1/s) cobertura (m2) 50 0,57 14 75 1,76 42 100 3,78 90 125 7,00 167 150 11,53 275 200 25,18 600 Exemplo de dimensionamento Calcular a quantidade de condutores necessária para o escoamen- to de águas pluviais de um telhado cuja área de contribuição é 150 m2. Adotar diâmetro de 100 mm para os condutores. Solução At n= - Ac Onde: n = número de condutores por calha At = área de contribuição do telhado = 150 m2 Ac = área escoada pelo condutor = 90 m2 150 n = - = l,66 condutor 90 Adotam-se 2 condutores. -------------------------------------------------==..-::..-=..-::..-::..-=..~~-=---=...-=--=..-=--=...-=--=--=--e:-::-::-::-::-::-::-:n:--=-::-::-::-::-::-::-_________________ ----------------=-..:=--=--=--=--=--=---=---=--~-=-...:--..::-..::-.::-..::-~----------------=..-:.-::..-:..-:..-:..-::..-:..-:..-::....-:..-:..-:..-:...-::...-:... Nota Para o pré-dimensiona- mento, fixa-se o diâmetro e determina-se o número de condutores conside- rando-se a área máxima de telhado que cada diâmetro pode escoar. 221 222 CONDUTORES HORIZONTAIS NO PROJETO ARQUITETÔNICO Os coletores horizontais têm a finalidadede recolher as águas pluviais dos condutores verticais ou da superfície do terreno e conduzi-las até os locais permitidos pelos dispositivos legais. Quando esses coletores estiverem situados em terreno firme e não estiverem sujeitos a choques, as tubulações comumente uti- lizadas serão de PVC ou de ferro fundido, quando aparentes, em razão da maior rigidez e maior resistência ao impacto. O autor do projeto de drenagem e captação de águas pluviais deverá verificar a resistência das tubulações subterrâneas quanto às cargas externas, permanentes e eventuais a que estarão expostas, e se necessário, projetar reforços para garantir que as tubulações não sejam danificadas. Nas tubulações aparentes, a NBR 10844 recomenda a instalação de inspeções sempre que houver conexões com outra tubulação, mudança de declividade, mudança de direção e ainda a cada trecho de 20 m nos percursos retilíneos. No caso de as tubulações serem enterradas, em vez de visitas de inspeção, devem ser previstas caixas de inspeção para esses casos. Figura 5.18 Rede coletora de águas pluviais. 3 2 3 ===:=:::> A o "ijj 1/l 1/l l1l e.. ===:=:::> B DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES HORIZONTAIS Os condutores horizontais devem ser projetados, sempre que possível, com declividade uniforme, com valor mínimo de 0,5% . De acordo com a norma NBR 10844, a ligação entre os conduto- res verticais e horizontais deve ser feita com curva de raio longo, com inspeção ou caixa de areia, estando o condutor aparente ou enterrado. Para o dimensionamento dos condutores horizontais de seção circular emprega-se a fórmula de Manning-Stricler, com altura de lâmina d'água igual a 2/3 do diâmetro interno do tubo. A Tabela 5.7, extraída da norma, fornece a capacidade de condutores horizontais de seção circular para vazões em 1/min em função da declividade, do diâmetro e da rugosidade. Tabela 5.7 Capacidade de condutores horizontais de seção circular (vazões em litros/min) Diâmetro (n = 0,011): (n = 0,01 2): PVC, cobre, alumínio e interno fibrocimento Ferro fundido, concreto liso (mm) 0,5% 1% 2% 4% 0,5% 1% 2% 4% 50 32 45 64 90 29 41 59 83 75 95 133 188 267 87 122 172 245 100 204 287 405 575 187 264 372 527 125 370 521 735 1 040 339 478 674 956 150 602 847 1190 1 690 552 777 1100 1 550 200 1 300 1 820 2 570 3 650 1190 1 670 2 360 3 350 250 2 350 3 310 4 660 6 620 2 150 3 030 4 280 6 070 300 3 820 5 380 7 590 10 800 3 500 1 930 6960 9 870 Exemplo de dimensionamento Dimensionar a rede coletora de águas pluviais em PVC indicada na Figura 5.19, para uma declividade de 2%, supondo uma preci- pitação de 160 mm/h. (n = 0,013): Cerâmica áspera, concreto áspero 0,5% 1% 2% 4% 27 38 54 76 80 113 159 226 173 243 343 486 313 441 622 882 509 717 1 010 1 430 1100 1 540 2180 3 040 1 990 2 800 3 950 5 600 3 230 4550 6420 9 110 Nota As vazões da Tabe la 5.7 foram calculadas pela fór- mula de Manning-Strick- ler, com altura de lâmina de água igual a 2/3 D. 223 224 Figura 5.19 Redes coletoras de águas pluviais. o <:t' A Deságua _ ~ _ ~-111=_ ::=_ ::::,.:::-:_:_:_.,,_=_:~:_:_:.::-:_:_:_.,,_=_:_:_:_:.::-:_:_:~: __ :_:_:_:.:::-::~:=_=_=_=_ ~4~1=_::=_=~=:>:na guia 45º 1 ' 1. 10,0 .1. -;:.;:.;:.;:.;:.;:~::.;:.;:.;:~-;: 2 1 3 1 4 ' ' 10,0 • 1. 10,0 .1 • 10,0 ~ Solução A vazão em cada t recho da rede coletora será: Q = I x A 60 Rede A = Rede B Trecho 1 -2 I = 160 mm/h A= 80 m2 Q = 160 x 80 = 213 1/min. 60 Pela Tabela 5.7 o diâmetro é 100 mm Trecho 2-3 I = 160 mm/h A= 160 m2 Q = 160 x 160 = 427 1/min 60 . Pela Tabela 5.7 o diâmetro é 125 mm Deságua B na guia 45º Trecho 3- 4 I = 160 mm/h A= 240 m2 Q = 160 X 240 = 640 1/min. 60 Pela Tabela 5.7 o diâmetro é 125 mm Trecho 4 -5 I = 160 mm/h A = 320 m2 Q = 160 x 320 = 853 1/min. 60 Pela Tabela 5.7 o diâmetro é 150 mm Observação Para facilita r a organização dos cálculos, é recomendada a elabo- ração de uma planilha de cálculo. Com a vazão calculada em cada trecho encontra-se o diâmetro na Tabela 5.7. Tabela 5.8 Planilha de cálculo Área de contribuição Vazão Diâmetro Rede Trecho (m2) Simples Acumulada (L/ min) (mm) 1-2 80 80 213 100 2-3 80 160 427 125 A 3-4 80 240 640 125 4-5 80 320 853 150 1-2 80 80 213 100 2-3 80 160 427 125 B 3-4 80 240 640 125 4-5 80 320 853 150 225 226 MATERIAIS UTILIZADOS São vários os materiais empregados nas tubulações de águas plu- viais. Os materiais mais comuns são o PVC rígido, o fer ro fundido, o fibrocimento e o aço galvanizado. Quando se optar pelo PVC rígido, nos prédios com mais de t rês pavimentos, é recomendável a utilização de tubos e conexões reforçados, como, por exemplo, os tubos da Série R produzidos pela Tigre. O ferro fundido, por ser um material mais resistente, deve ser utilizado em instalações aparentes sujeitas a choques. CAIXA COLETORA DE ÁGUAS PLUVIAIS É uma caixa detentora de areia e/ou inspeção, que permite a inter- ligação de coletores e a limpeza e desobstrução das canalizações. Também deve ser instalada sempre que houver mudança de direção, de diâmetro e de declividade nas redes coletoras. A caixa de areia é utilizada quando ocorre a possibilidade de arrastamento de lama e de areia para a tubulação; caso contrário, utiliza-se a caixa de inspeção. As caixas deverão ter: seção circular de 0,60 m de diâmetro ou quadrada de 0,60 m de lado, no mínimo, e profundidade máxima de 1 m. As caixas de inspeção também podem ser pré-fabricadas, de plástico (ver "Caixa múltipla") . Em algumas edificações, como postos de serviço de lavagem e lubrificação de veículos, bem como em garagens, as águas utili- zadas não podem escoar diretamente nas redes públicas. Nesses casos, há necessidade de instalar caixas separadoras do óleo, da graxa e da lama, evitando-se o despejo nos coletores públicos, o que certamente traria sérios problemas ambientais. Figura 5.20 Caixa de inspeção de águas pluviais em alvenaria. Tampa d e concreto armad o (gre lha ) Argamassa impermeab com ~ ilizante íl Mínimo 30cm 1 • 1 D 10t D Lastro de concreto Corte • 1 J • 10 1· t 50 10 +-------------1 ••• D ... 50 10 Planta Figura 5.21 Caixa de areia. Tampa com grelha - Brita n. 1 - • - Corte Figura 5.22 Caixa separadora de óleo e graxa. ÁGUAS PLUVIAIS E O PROJETO ARQUITETÔNICO NÍVEI S DO TERRENO E CONDUTORES HORIZONTAI S Os níveis projetados da edificação devem ser convenientemente estudados com relação ao escoamento das águas pluviais por gravidade. As águas pluviais, normalmente, são conduzidas, pelos condu- tores horizontais, à sarjeta da rua, em frente do lote. Se o terreno estiver em nível inferior à rua, deverão correr para a rua mais pró- xima, passando pelo terreno vizinho, conforme previsto no Código Civil Brasileiro. O lote à jusante deve receber as águas pluviais Planta ': - 227 228 * BOTELHO, Manuel H. C.; ANDRADE JR. Geraldo R. Ins- talações hidráulicas prediais feita s para durar (1. ed. - maio 1998) . do lote situado à montante, mas, em razão da desinformação dos moradores, isso acaba gerando problemas. A passagem das águas pluviais pelo lote à jusante deverá ser feita por meio de tubulações, em locais predeterminados. Quando não são estudados convenientemente os níveis do terreno, acaba-se comprometendo a ligação dos condutores hori- zontais de águas pluviais, sendo até necessário, em alguns casos, o bombeamento das águas de chuva de pontos localizados abaixo do nível da rua. Essa solução sempre é desaconselhável, em vista de seu custo e manutenção. Em períodos de estiagem, o sistema não funciona e, por essa razão, pode ocorrer algum defeito. Além disso, quedas de energia, muito comuns em dias de tempestade, interrompem o funcionamento do sistema, causando a inundação dos pavimen- tos localizados abaixo do nível da rua. Por isso, é necessário um sistema alternativo, com utilização degerador de energia elétrica. Esse sistema deve ser previsto pelo arquiteto e pelo engenheiro hidráulico na fase de projeto, e funcionar por comando automático. Assim, quando faltar energia elétrica, o gerador fará com que o sistema funcione automaticamente.* Quando o nível do terreno está abaixo do nível da rua, às ve- zes, para não adotar o sistema descrito, acontecem ligações clan- destinas das águas pluviais na rede de esgoto, sobrecarregando e comprometendo a rede pública de coleta de esgoto, pois ela não é dimensionada para suportar essa vazão. Conforme dito anteriormente, as águas pluviais não devem ser lançadas em redes de esgoto, pois as instalações prediais de águas pluviais se destinam exclusivamente ao recolhimento e à condução das águas pluviais, não se admitindo, em hipótese alguma, quais- quer interligações com outras instalações prediais. Figura 5.23 Rede coletora de águas pluviais em terreno com declividade acentuada para o fundo (necessidade de bombeamento). -1,40 ~ H1 0,00 ~ Guia (Águas Pluviais) P rf·1 natural do terreno H2 e 1 0 100 (decl. mín. = 0,5%) Água Pluvial Figura 5.24 Bomba submersível automática para água limpa ou ligeiramente suja. ~· Figura 5.25 Detalhe de bomba submersível automática. Fonte: Claridon Máquinas e Materiais Ltda. 229 230 POSICIONAMENTO DE CALHA EM TELHADOS De acordo com a NBR 10844, as calhas de beiral e platibanda devem, sempre que possível, ser fixadas centralmente sob a extremidade da cobertura e o mais próximo desta. A inclinação das calhas deve ser uniforme, com valor mínimo de 0,5%, e no sentido dos condutores verticais, a fim de evitar o empoçamento de águas quando cessada a chuva. Já as calhas de água furtada têm inclinação de acordo com o projeto da cobertura. O posicionamento incorreto de calha em telhados (ver Figura 5.26), quando a altura entre a calha e a laje de cobertura é insu- ficiente, não permitindo, assim, a declividade mínima necessária para o escoamento das águas pluviais no sentido dos coletores, pode ocasionar o empoçamento de águas na calha quando cessada a chuva. Nos projetos arquitetônicos, particularmente nos cortes, deve ser prevista uma altura mínima que permita a declividade da calha, evitando, dessa maneira, o empoçamento. Figura 5.26 Posicionamento errado de calha. Altura entre a calha e a laje não permite a declividade da calha Figura 5.27 Posicionamento correto de calha. Altura ent re a ca lha e a laje permite a d eclividad e d a ca lha CONDUTORES EMBUTIDOS E APARENTES De acordo com a NBR 10844, os condutores de águas pluviais podem ser colocados externa e internamente ao edifício, dependendo de considerações de projeto, do uso e da ocupação do edifício e do material dos condutores. É recomendável que as tubulações fiquem aparentes e inde- pendentes das alvenarias e das estruturas. Dispostas dessa ma- neira, as tubulações ficam perfeitamente inspecionáveis. Além da facilidade de acesso, essa disposição possibilita, de forma rápida e eficiente, a identificação de vazamentos, gerando também signifi- cativa economia na hora de fazer reparos, pois não há necessidade de quebrar paredes. O estudo das características e do posicionamento das pruma- das, juntamente com os projetistas de estrutura e de hidráulica, possibilitará ao arquiteto compatibilizar as exigências técnicas das instalações com a arquitetura. Sob o ponto de vista estético, as prumadas de águas pluviais também podem ser ut ilizadas como elementos de fachada, depen- dendo do projeto arquitetônico. Os condutores verticais de PVC podem ser expostos ao sol sem qualquer risco de perder sua resistência à pressão hidrostática interna. Entretanto, a ação dos raios ult ravioletas do sol provocará descoloração (perda de pigmento) das peças. Essa ação provocará um "ressecamento" da superfície externa dos tubos e das conexões e os mesmos ficarão mais suscetíveis a rompimento por impactos externos. Por isto, o ideal é evitar que os tubos de PVC fiquem expostos diretamente ao sol e às intempéries. Caso seja realmente necessário, os tubos devem ser pintados com tinta adequada. Os tubos de PVC podem ser pintados, desde que se utilizem tintas à base de esmalte sintético bastando, para isso, um leve lixamento na superfície de PVC antes da aplicação da tinta. Essa prática é recomendada para evitar o "ressecamento" de sua superfície externa pela ação de raios ultravioletas. Os tubos de ferro fundido possuem alta resistência a choques e ação do sol. Por essa razão, são mais utilizados nas instalações aparentes. 231 232 * BOTELHO, M anu el H . C.; AN DRADE, Geraldo R. Jr. Ins- talações hidráulicas prediais feitas p ara durar, c it. Figura 5.28 Condutores embutidos em alvenaria. SOBREPOSIÇÃO DE TELHADOS Sabe-se que telhados são estruturas delicadas e, portanto, não devem receber vazões concentradas, que se transformem em car- ga de impacto sobre eles. Quando isso acontece, são inevitáveis danos à edificação, podendo ocasionar umidade no madeiramento de sustentação, devido a infiltrações pelo telhado. Portanto, não é recomendável coletar águas de chuva em um telhado, em nível mais elevado, e jogar em um telhado em nível mais baixo. Caso o telhado mais baixo não tenha sido calculado para rece- ber esse impacto (vazão concentrada), o correto seria transportar a água coletada do telhado, em nível superior, até a guia (sarjeta) ou calha, em nível mais baixo, por meio de um condutor. Dessa maneira, evita-se o impacto da vazão concentrada sobre o telhado, que se encontra em cota inferior.* Figura 5.29 Água jogada de telhado em telhado. COBERTURAS HORIZONTAIS DE LAJE É muito comum o empoçamento de água em coberturas horizontais de laje, mesmo não ocorrendo tempestades. Isso, normalmente, acontece em virtude da declividade incorreta da laje para o es- coamento da água e a obstrução ou quantidade insuficiente de ralos. Para evitar isso, as superfícies horizontais de laje devem ter declividade mínima de 0,5%, de modo que garanta o escoamento das águas pluviais até os pontos de drenagem. A drenagem deve ser feita por mais de uma saída, exceto nos casos em que não houver risco de obstrução. Quando necessário, a cobertura deve ser subdividida em áreas menores, com caimentos de orientações diferentes, para evitar grandes percursos de água. De acordo com a NBR 10844, os trechos da linha perimetral da cobertura e das eventuais aberturas (escadas, claraboias etc.) que possam receber água, em virtude do caimento, devem ser dotados de platibanda ou calha. Os ralos hemisféricos (ralos cuja grelha é hemisférica) devem ser usados onde os ralos planos possam causar obstruções. Além da declividade necessária para o escoamento das águas e do posicionamento correto de ralos de drenagem, a cobertura 233 234 horizontal de laje deve ser especialmente projetada para ser im- permeável. Para que isso ocorra é importante uma boa compatibi- lização do sistema de drenagem com o de impermeabilização, uma vez que são necessárias algumas perfurações para acomodar os dispositivos de coleta de águas da chuva como, por exemplo, os ralos. O arquiteto deve consultar um especialista em impermeabilização para adequar o projeto e os respectivos detalhes de acabamento, a fim de garantir o pleno funcionamento dos dois sistemas. Para a drenagem de terraços, marquises e varandas de pavi- mentos sobrepostos, podem também ser utilizados buzinotes, tubos de pequeno diâmetro e extensão, que esgotam as águas que neles chegam. Utilizam-se buzinotes com diâmetro mínimo de 50 mm, para evitar o entupimento, devendo haver um para cada 13,5 m2, sendo um mínimo de dois por marquise. A desvantagem de se uti- lizarem buzinotes para a drenagem de águas pluviais em terraços e marquises é que eles ficam pingando em cima do transeunte. Para evitar a obstrução dos ralos (buzinotes) com detritos, folhas e poeira, é recomendável promover uma limpeza periódica nascoberturas horizontais de laje, bem como fazer a inspeção do sistema de drenagem no período anterior às chuvas. Figura 5.30 Escoamento por meio de buzinote. SISTEMA SIFÔNICO DE DRENAGEM PLUVIAL O sistema sifônico de drenagem pluvial foi desenvolvido com a finalidade de otimizar a captação de águas pluviais em coberturas planas e semiplanas com grandes áreas. O sistema altera a forma dos dispositivos de captação, melhorando o desempenho hidráulico do sistema. Esse sistema se baseia na adoção de disposit ivo de captação (coletor sifônico de águas pluviais) na cobertura ou na calha, que minimiza a introdução de ar no escoamento dos condutores. Dessa maneira, no interior das tubulações, o escoamento hi- dráulico ocorre a conduto forçado, permitindo que as tubulações tenham diâmetros menores que as do sistema convencional (escoa- mento a conduto livre) e corram aparentes e paralelas à cobertura, sem declividade, eliminando os condutores verticais e os coletores horizontais, com declividade. Nesse novo sistema, as tubulações enterradas no interior do edifício são eliminadas. A ausência de ar no sistema permite que este trabalhe a 100% (seção cheia) aumentado significativamente a vazão de escoamento com velocidade dez vezes superiores aquelas de um sistema de drenagem tradicional. Figura 5.31 Sistemas de escoamento. 8 • 8 • 0100 01CX) 8 • 0150 8 • Laje Sistema convenc ional Co letor sifôn ico Laje 050 050 075 075 Sistema sem dec lividade Dreno Dreno 075 Fonte: GONÇALVES, O restes M. Avanços conceituais e tecnológicos, c it. Detalhe do coletor sifônico 235 236 UTILIZAÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA EM EDIFICAÇÕES Atualmente, temos dois problemas críticos no cenário de desenvol- vimento urbano: a escassez de recursos naturais, especialmente, a da água em decorrência da degradação de sua qualidade, e as inundações ocasionadas pelo aumento das áreas impermeáveis e da deficiência dos sistemas de drenagem urbana. O aproveitamento da água pluvial em atividades que não neces- sitem de água potável pode reduzir significativamente o consumo no edifício, contribuir para o combate à escassez de água, além de controlar o escoamento superficial nas vias urbanas. Portanto, a ut ilização de águas de chuva em edificações é uma prática cada vez mais comum nas grandes cidades e regiões metropolitanas. Algumas pesquisas desenvolvidas mostram que os sistemas de aproveitamento de água pluvial podem gerar impacto de redução de cerca e 30% do consumo de água potável e, desta forma, contribuir para a redução da demanda no sistema público de abastecimento de água potável. É importante ressaltar, porém, que a água da chuva deve ser armazenada em reservatório independente, pois não é indicada para o consumo humano. Deve ser armazenada, preferencialmente, em reservatórios subterrâneos, tipo cisternas. O sistema predial de aproveitamento de água pluvial para usos domésticos não potáveis é formado pelos seguintes subsistemas ou componentes: captação, condução, t ratamento, armazenamento, tubulações sob pressão, sistema automático ou manual de comando e utilização. Entende-se por usos domésticos não potáveis aqueles que não requerem características de qualidade tão exigentes quanto à potabilidade tais como: a descarga de bacias sanitárias e mictó- rios, a limpeza de pisos e paredes, a rega de jardins, a lavagem de veículos e a água de reserva para combate a incêndio. O funcionamento do sistema é muito simples: as águas pluviais são captadas por meio de calhas, passam por um filtro, que separa de impurezas a água da chuva, e seguem para a cisterna ou para o reservatório subterrâneo. Não devem, porém, ser misturadas com a água potável, destinada a alimentar torneiras de cozinha, filtros, chuveiros, banheiras e lavatórios, pois é inadequada para consumo humano. Sempre que houver reúso das águas pluviais para finalidades não potáveis, inclusive quando destinado a lavagem de veículos ou áreas externas, deverão ser atendidas as normas sanitárias vigen- tes e as condições técnicas específicas estabelecidas pelo órgão municipal responsável pela Vigilância Sanitária, visando: • Evitar o consumo indevido, definindo sinalização de alerta padronizada a ser colocada em local visível junto ao ponto de água não potável e determinando os tipos de utilização admitidos para a água não potável; • Garantir padrões de qualidade de água, apropriadas ao tipo de utilização previsto, definindo disposit ivos, proces- sos e tratamentos necessários para a manutenção dessa qualidade; • Impedir a contaminação do sistema predial destinado à água potável proveniente da rede pública ou de sistema particular, sendo terminantemente vedada qualquer comu- nicação entre esse sistema e o sistema predial destinado à água não potável. Figura 5.32 Esquema de soluções de captação e alimentação do reservatório de água pluvial por gravidade. Supe rfície de captação----. Reservação----. .-Reservação _--1 Su perfície de captação----. t 1 1 ----lê ~- • ~ Reservação 237 238 Figura 5.33 Sistema de utilização de água de chuva em edificações. Legenda 1 - Reservatório de água fria 2 - Reservatório de água filtrada e reutilizada 3 - Filtro 4 - Reservatório subterrâneo 5- Bomba DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO DE ÁGUA PLUVIAL Os sistemas de aproveitamento de água de chuva estão ligados di- retamente ao dimensionamento do reservatório de armazenamento. O ideal é que o reservatório não fique ocioso por longos períodos e, por outro lado, não provoque o desperdício de água que poderia ser coletada. Geralmente o que se busca no cálculo do dimensio- namento do reservatório é atender à demanda de água pelo maior período possível, com o menor custo de implantação e manutenção. É importante lembrar que nem sempre haverá chuva suficien- te para atender à toda a demanda estabelecida em projeto, e nem sempre será possível armazenar toda a chuva precipitada (por questões físicas e econômicas). Portanto, os estudos de dimensionamento de reservatórios para armazenamento de águas pluviais devem levar em consideração a produção e a demanda, para tornar o sistema mais eficiente e com o menor gasto possível. Para o dimensionamento do reservatório de água pluvial são necessárias as seguintes informações: • Valores médios mensais de intensidades pluviométricas locais relativas aos últimos anos, a fim de estimar os futuros valores de intensidade pluviométrica; • Demanda de água em função das atividades a serem de- senvolvidas com a água pluvial; • Área de contribuição, determinada conforme recomenda- ções da NBR 10844; • Coeficiente de escoamento superficial ou coeficiente de runoff; em função do material da área de contribuição. O dimensionamento do reservatório pode ser feito utilizando-se vários métodos, sendo que alguns deles estão apresentados na NBR 15527 (ABNT, 2007) - Água de chuva - Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis - Requisitos. 239 240 SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL INTEGRADO AO SISTEMA DE INFILTRAÇÃO Várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas em nosso país com ob- jetivos de ut ilização da água pluvial em atividades domésticas ou industriais, mas nenhuma para sistema de aproveitamento de água pluvial integrado a um sistema de infiltração na fonte, aumentando o controle do escoamento superficial e reduzindo os problemas causados pelas enchentes urbanas. Os sistemas integrados de aproveitamento de água pluvial e poços de infiltração de águas pluviais destacam-se pelo seu poten- cial de reduzir o consumo de água potável no edifício e, também, por contribuir para o controle do escoamento superficial. De acordo com a Agenda 21 para a Construção Sustentável (CIB, 2000), um conceito mais preciso e adequado de construção sustentável seria "a redução do uso de recursos naturais e a con- servação da função que suporta a vida do meio ambiente, por meiode processos construtivos, edifícios e do ambiente construído sob a premissa de que a qualidade de vida seja mantida". Dessa maneira, o edifício mais sustentável do ponto de vista de gestão de água pluvial será aquele que conseguir aproveitar a água pluvial e infiltrar o excedente de tal forma que o sistema de drenagem urbana não receba nenhuma gota de água pluvial. Figura 5.34 Sistema de aproveitamento de água pluvial integrado ao sistema de drenagem de água pluvial por poço de infiltração. 1 1 '1 1 1 1 1 1 ',' ', 1 : ', ' ' ' ' ' ' ' ' ' ' 1 1 I I I 1 1 li Ili 1 11111 1 J 1 1 / 1 : 1 i' li / li I 1 1 1 'i(pUVa 1 : I 1 1 1 1 1 '' ,, ' ''' ' ' ' ' '' ' '' '' ''' ''' ' ' ' ' '' ' ' '' ' '' ' ' ' ' /' '' ' ,' ' ' ' ''' ' '' ~' ' ' ' ' ' ' '' ' ' '' '' ''' ' II I I I ' ',' / ' ' Consumo Fonte: John; Predo, 2010. Sistema de Extra- vas Poço de infiltração N.A. ........... V ...... . RPAP INSTALAÇÃO DE CISTERNAS As cisternas para armazenamento de águas pluviais podem ser moldadas in loco (concreto, alvenaria etc.) ou industrializadas, como, por exemplo, de polietileno. As principais vantagens dessas cisternas são: flexibilidade, durabilidade, estanqueidade, economia de espaços na hora da instalação, além de serem mais leves e fáceis de instalar e mais práticas na hora da limpeza, em virtude de sua superfície interna. A Acqualimp apresenta uma linha de cisternas projetadas es- pecialmente para armazenamento de água abaixo do nível do solo (enterradas) com volumes de 2.800 L, 5.000 L e 10.000 L. Porém, é importante ressaltar que esse tipo de cisterna pode ser instalada se, e somente se, o lençol freático estiver abaixo de sua base de assentamento. A distância mínima aconselhada pelo fabricante é de 1 m entre a base e o nível máximo que o lençol freático poderá atingir em períodos de cheia. Antes da escavação do solo e exe- cução da base de assentamento para a colocação da cisterna, bem como para a instalação de todos os acessórios (necessários para o seu funcionamento adequado) é importante consultar o manual do fabricante.* Sempre que houver reúso das águas pluviais para finalidades não potáveis, inclusive quando destinado a lavagem de veículos ou áreas externas, deverão ser atendidas as normas sanitárias vigen- tes e as condições técnicas específicas, estabelecidas pelo órgão municipal responsável pela Vigilância Sanitária, visando: • Evitar o consumo indevido, definindo sinalização de alerta padronizada a ser colocada em local visível junto ao ponto de água não potável e determinando os tipos de utilização admitidos para a água não potável; • Garantir padrões de qualidade de água apropriadas ao t ipo de utilização previsto, definindo os dispositivos, processos e tratamentos necessários para a manutenção dessa qualidade; • Impedir a contaminação do sistema predial destinado à água potável proveniente da rede pública ou de sistema particular, sendo terminantemente vedada qualquer comu- nicação entre esse sistema e o sistema predial destinado à água não potável. 241 Dimensionamento Cálculo do volume de água que se pode esperar de uma chuva mé- dia. Dados: área de telhado (A): 120 m2; intensidade pluviométrica (I): 150 mm/h = 2 ,5 mm/min.; tempo de duração da chuva (t): 5 min. Solução: Volume = I x t x A; V = 2,5 mm/min x 5 min x 120 m2; V= 1,50 m3 = 1 500 litros. Figura 5.35 Uso de cisternas para captação de água pluvial. Figura 5.36 Dimensões aproximadas das cisternas. 1. 1,58 m J 242 Fonte: Acqualimp. Cisterna 2.800 L Cisterna 5.000 L 2,24 m Cisterna 10.000 L p_203 p_204 p_205 p_206 p_207 p_208 p_209 p_210 p_211 p_212 p_213 p_214 p_215 p_216 p_217 p_218 p_219 p_220 p_221 p_222 p_223 p_224 p_225 p_226 p_227 p_228 p_229 p_230 p_231 p_232 p_233 p_234 p_235 p_236 p_237 p_238 p_239 p_240 p_241 p_242 p_243
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