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Fontes do Direito Notarial no Brasil

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1ºAula
Fontes do direito notarial
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de: 
•	 observar a qual ramo do Direito pertence o Sistema Notarial;
•	 compreender a atribuição do notário, a partir de levantamento legislativo;
•	 perceber que o Estado Brasileiro regulamenta a atividade desenvolvida pelos notários.
Caros(as) alunos(as),
A palavra fonte, etimologicamente, do latim, “fons”, significa o nascedouro, origem, causa, sobre a 
qual repousa algo. Segundo Venosa (2014, p. 115), que conceitua não só a etimologia da palavra, mas seu 
amplo significado como meio de expressão do Direito, traduz fonte do Direito como a introdução no 
ordenamento jurídico de novas normas jurídicas, levando-se em consideração fatores históricos, culturais, 
políticos e sociais de uma dada sociedade.
Mas...quais são as fontes do Direito Notarial no ordenamento jurídico brasileiro? Para melhor 
visualização do tema, a ilustração a seguri representa o objeto de nossa primeira aula:
Desta forma, o objetivo desta aula é 
apresentar as fontes do Direito Notarial, isto é, 
a partir de quais regramentos estão pautadas 
as atividades desenvolvidas pelos notários, 
no exercício de função delegada pelo Estado 
Brasileiro, que, por sua vez, regulamenta de forma 
substancial serviço extremamente relevante para 
levar a efeito muitos atos e fatos capazes de 
gerar repercussões jurídicas importantes, seja 
para constituir ou desconstituir, declarar, ou até 
mesmo para constatar determinados fatos em 
torno das mais diversas relações interpessoais que 
cercam a vida social. 
Em nossa primeira Aula, a abordagem gira 
em torno da Constituição Federal de 1988 que trata da atribuição delegada aos notários para o exercício da 
atividade no Brasil, que dependeu de regulamentação específica sobre o assunto, por intermédio da criação 
de legislação infraconstitucional, prioritariamente, através da Lei 8.935 de 1994; Resolução 35 de 2007 do 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ); Lei 10.257 de 2001 (Estatuto da Cidade) e Código Civil de 2002. 
Para que sua aprendizagem seja satisfatória/excelente, sugerimos que leia sempre a página inicial de 
cada Aula, bem como seus objetivos para programar e organizar seus estudos. Lembre-se ainda que nos 
estudos sobre o sistema notarial você precisará fazer da pesquisa uma companheira constante de caminhada.
Esperamos que os estudos sobre as atribuições inerentes aos Cartórios Extrajudiciais possam incentivá-
los a buscar novos horizontes na carreira jurídica, não só os teóricos, como, principalmente, os que levarão 
ao trabalho profissional de qualidade e permeado pelo domínio prático sobre o assunto em tela. 
Ah, você é o protagonista de sua aprendizagem! Portanto, contamos com a sua participação ativa!
Boa Aula!
Bons estudos!
Sistema Notarial 6
1 – Reflexão e Histórico do Sistema Notarial sob a ótica 
da Fé Pública
2 – A Constituição Federal de 1988 e a regulamentação 
da atividade notarial
3 – Fontes Infraconstitucionais
Neste primeiro encontro considerei importante 
apresentar a legislação brasileira que regulamenta o instituto 
do sistema notarial no território nacional. 
Conduziremos nossa aula baseada em estudo 
bibliográfico, prioritariamente, da legislação Constitucional 
e Infraconstitucional, levando-se em consideração a 
compreensão do texto legal. 
 
Antes de iniciar o estudo efetivo de nossa aula, com vistas 
a ampliar nossos conhecimentos sobre o sistema notarial, 
é importante refletir sobre conceito e função desenvolvida 
pelo notário baseando-se nos conceitos de Felipe Leonardo 
Rodrigues e Paulo Roberto Gaiger Ferreira (2013):
O notário é um profissional do direito titular 
de uma função pública nomeado pelo Estado 
para conferir autenticidade aos atos e negócios 
jurídicos integrantes dos documentos que 
redige, assim como para aconselhar e assessorar 
as partes que lhe requerem os serviços.
A função notarial é uma função pública e, 
portanto, o notário tem autoridade de Estado. (...)
Esta função notarial se estende a todas 
as atividades não contenciosas, confere 
ao usuário segurança jurídica, evita possíveis 
litígios e conflitos, que podem ser resolvidos 
por meio do exercício da mediação jurídica. É 
um instrumento indispensável à administração 
de uma justiça eficaz. 
Para entender a regulamentação da prática notarial, é 
importante considerar que a atividade é exercida por indivíduos 
revestidos de munus público, já que conferem autenticidade e 
segurança jurídica aos mais diversos atos e negócios jurídicos, 
a partir de direitos e obrigações contraídas pelos sujeitos nas 
suas relações interpessoais, proporcionando, acima de tudo, 
segurança jurídica aos seus usuários, ao notário é atribuída 
a fé pública, ou seja, indica confiabilidade sobre atos e fatos 
constatados e realizados perante ele. 
O Direito e a Sociedade exigem do Estado, portanto, 
regulamentar atividade que vai repercutir diretamente na vida 
social e sobre a certeza na concretização de determinados atos 
ou fatos. 
Desde os primórdios da sociedade, o homem busca 
documentar e conferir autenticidade (verdade) sobre eventos 
das mais variadas naturezas, como por exemplo, outorgar 
procuração conferindo poderes para que terceiro realize ato, 
substituindo aquele que deveria, pessoalmente, praticá-lo. Para 
melhor compreensão do sistema notarial, vejamos imagem a 
seguir que ilustra o instrumento de procuração pública:
Seções de estudo
1 - Reflexão e Histórico do Sistema 
Notarial sob a ótica da Fé Pública
Minhas anotações
Sistema Notarial 8
No Brasil, o ordenamento jurídico pátrio regulamenta e 
fiscaliza essa atividade exercida pelo notário, conforme vamos 
estudar nas aulas seguintes. 
Para saber mais, leia o artigo que trata da atividade 
notarial e sua regulamentação:
Atividade notarial e sua regulamentação 
1. Origem e Evolução do Notariado
A história do notariado confunde-se com a história do Direito e com a 
da própria sociedade, residindo aí, a sua beleza e importância.
Desde os tempos mais remotos, a sociedade já sentia a necessidade 
de obter meios para fixar e perpetuar os seus convênios, surgindo daí 
os encarregados de redigir os contratos, não obstante a pluralidade de 
denominações e o maior ou menor grau de limitação no desempenho 
da função.
Existia, na civilização egípcia, um personagem de marcantes 
características, de grande importância, o qual, por sua denominação, 
possivelmente poderia ter no antepassado longínquo, o entendimento 
de que o “Notário” era o “escriba”.[1]
Era ele quem atendia e anotava todas as atividades privadas do Estado, 
além de redigir os atos jurídicos para a monarquia.  O “escriba” era acima 
de tudo aquele que sabia exprimir, numa escrita única, a diversidade 
lingüística da sociedade. Na sociedade moderna, o notário é aquele 
que traduz, numa linguagem uniforme, as mais variadas formas de 
vontade manifestadas pelas pessoas sobre os atos e negócios jurídicos 
que celebram.
O “escriba” pertencia às categorias de funcionários mais privilegiados e 
lhe era atribuída uma preparação cultural especialíssima e, por isso, os 
cargos recebiam o tratamento de propriedade privada e, por vezes, se 
transmitiam em linha de sucessão hereditária.
  Entretanto, não era possuidor de  fé pública,  o documento por ele 
redigido; somente alcançava valor como prova quando submetido à 
homologação de uma autoridade superior.[2]
Somente no século XIII aparece o Notário como depositário 
da Fé Pública, dando com sua intervenção, autenticidade aos 
documentos.
O povo romano, no seu início, dispensava o documento escrito. A lei 
natural e a boa-fé imperavam soberbas e, assim, a palavra dos cidadãos 
fazia fé em juízo. Porém, com a expansão do povo e conseqüente 
multiplicação das relações civis, foram surgindo os vícios, contaminando 
a boa-fé que reinava, fazendo advir a necessidade de dar vigor aos 
contratos, registrando-os em documentos escritos, como forma de 
guardar a palavra. Surgiram, com o advento desse instituto,oficiais dos 
mais variados, dentre os quais os notarii, os argentarii, os  tabularii e 
os tabelliones.[3]
Os  notarii  costumavam escrever com notas abreviadas, registrando 
as declarações de seus clientes para reduzi-las a instrumentos. 
Apesar de terem dado nome ao notário de hoje, suas funções não se 
confundem, porquanto os notarii sequer eram revestidos de caráter 
público.[4]
Os argentarii eram espécies de banqueiros que conseguiam dinheiro 
por empréstimo para particulares, elaborando o contrato de mútuo e 
registrando em livro próprio o nome e cognome do devedor.
Existiam também os tabularii, que eram empregados fiscais, tendo por 
incumbência a direção do censo, a escrituração e guarda de registros 
hipotecários, o registro das declarações de nascimento, a contadoria 
da administração pública, a feitura de inventários das coisas públicas e 
particulares, dentre outras.
Aos  tabelliones, porém, remonta o verdadeiro precursor do notário 
moderno. Eram eles encarregados de lavrar, a pedido das partes, os 
contratos, testamentos e convênios entre particulares, com notável 
aptidão como redator, assessorando as partes embora fossem 
imperitos no direito, além do que, propiciava uma eficaz conservação 
dos documentos.
JUSTINIANO I,  imperador bizantino e unificador do império romano 
cristão, foi o responsável pela transformação da rudimentar atividade 
tabelioa em profissão regulamentada.[5]
Notabilizando-se no plano legislativo, a JUSTINIANO devemos o “Corpus 
Juris Civilis”, obra que emprestou ao direito romano suas dimensões 
elevadas, ainda hoje repercutindo no mundo civilizado.[6]
As principais disposições da legislação Justiniana, no âmbito notarial, 
consistiram na instituição do protocolo; na valorização do pacto pela 
intervenção do notário; na obrigação quanto ao local em que o Tabelião 
e seus auxiliares deveriam permanecer à disposição dos clientes; 
na disciplina rigorosa a que aquele e estes ficavam submetidos no 
exercício da profissão, inclusive quanto a substituições e na obrigação 
de redigir uma minuta do ato, perante testemunhas, dela extraindo 
cópia imediata.[7]
O protocolo determinava que os tabeliães não lavrassem instrumentos 
senão em papel que tivesse a sua marca e nome, bem como a época de 
sua fabricação, era uma folha pregada a certos documentos, contendo, 
em acréscimo, o resumo ou as indicações do conteúdo do ato.
O protocolo era um meio apto para tornar mais difíceis as falsificações, 
como transparece claramente dos motivos pelos quais foi determinado 
o seu uso.
Surgiu, sem dúvida, o ato mais significativo do ponto de vista da lisura 
em que a atividade do oficial público se deveria desenvolver, empregou 
a denominação no sentido de ementa ou anotação autenticante, que 
deveria encimar as folhas em que fossem exarados os atos do tabelião, 
para resguardo da veracidade do documento.
O sentido moderno de protocolo longe está do que lhe deu origem, eis 
que hoje é o arquivo permanente da serventia, composto pelos livros 
em que são inscritos os atos notariais, para posteriormente serem 
trasladados, e pelos documentos referentes aos atos contidos nos 
livros.[8]
Através dos tempos, os notários têm relatado, por seus atos 
documentados, a evolução do direito e da humanidade, registrando na 
história os grandes acontecimentos.
Mais tarde, no século XIII na Itália, mais precisamente na Universidade 
de Bolonha, com a instituição de um curso especial, a arte notarial 
tomou um incremento tal a ponto de os autores considerarem-na a 
pedra angular do ofício de notas do tipo latino, tendo acrescentado 
uma notável base científica ao notariado, passando, assim, a aprimorar-
se cada vez mais, até tomar as feições exatas que vemos hoje.[9]
Porém, no Brasil, levou muito tempo para se projetar. Como nosso 
país era colônia de Portugal, simplesmente teve nosso notariado 
regulamentado por simples transplante da legislação portuguesa, 
trazendo para cá os mesmos defeitos de uma instituição jurídica já 
ultrapassada, pois, ao tempo do Brasil colônia, o direito português 
emanava quase todo de ordenações editadas pelo rei e as Ordenações 
Filipinas, que vigoravam  em Portugal e passaram a vigorar aqui 
também, transformando-se na principal fonte do direito no Brasil, 
onde tiveram vigência por longo período, sendo aplicadas até o início 
do século XX.[10]
9
2.     O Notariado no Brasil. 
O notariado brasileiro possui grande influência portuguesa, pois, no 
período histórico do descobrimento da América e do Brasil, o tabelião 
acompanhava as navegações, fazendo parte da armada das naves, 
tendo papel extremamente relevante no registro dos acontecimentos 
e, inclusive, do registro das formalidades oficiais de posse das terras 
descobertas. O primeiro tabelião a pisar em solo brasileiro foi Pero Vaz 
de Caminha, português, que narrou e documentou minuciosamente 
a descoberta e a posse da terra, com todos os seus atos oficiais.[11]
Assim, o direito português foi simplesmente trasladado para o Brasil, 
sendo aqui aplicado tal qual era em Portugal e, da mesma forma se deu 
a regulamentação do notariado brasileiro.
O provimento dos cargos de Tabelião se dava por meio de nomeação 
real, sendo o beneficiado investido de um direito vitalício. Dessa forma, 
por óbvio, não havia como exigir-se o preparo e aptidão tão necessários 
para o exercício da função. Muitos dos cargos podiam ser comprados, 
ou adquiridos como recompensa oferecida pela Coroa.[12]
Nesse mesmo período, o notariado europeu e o da América espanhola 
sofreu rígidas mudanças, o que lhe dá, até os dias atuais, o título de 
mais desenvolvido do mundo, porém, no Brasil, tais modificações não 
se fizeram sentir, pois, foi mantido o notariado ultrapassado herdado 
de Portugal.[13]
Em 11 de outubro de 1827, foi editada, em nosso país, uma lei regulando 
o provimento dos ofícios da Justiça e da Fazenda. Dita lei passou a 
proibir que tais ofícios fossem transmitidos a título de propriedade, mas 
que fossem conferidos a título de serventia vitalícia a pessoas dotadas 
de idoneidade para tanto e que servissem pessoalmente aos ofícios. 
Porém, a dita lei pecou por não exigir formação jurídica dos aspirantes 
aos ofícios ou, sequer determinado tempo de prática na função, bem 
como por não instituir uma organização profissional corporativa. 
A introdução dessa lei teve pouca influência  no tratamento jurídico 
do notariado, pois, até anos recentes, persistiu, embora de modo 
dissimulado, o regime de sucessão, a transmissão do cargo de pai para 
filho.[14]
Assim, a legislação brasileira, por muito tempo, manteve-se 
estática, regida pelas Ordenações importadas de Portugal, alheia 
às transformações e avanços mundiais, situação essa, totalmente 
contrária à política peculiar ao direito notarial, que deve seguir os 
fatores sócio-políticos  reinantes no Estado em cujo território se aplica.
Durante longo período, a política brasileira foi de profundo descaso 
para com a instituição notarial, que, em uma sociedade evoluída e 
bem organizada, tem vital importância. Desse descaso resultou na 
dependência imposta pelos portugueses e ineficiência na formação 
e prestação dos serviços. Sua evolução foi atrofiada e prejudicada 
ao ponto de ser classificada por eminentes autores estrangeiros na 
especialidade como  Notariado de evolução frustada ou atrasada.[15]
O mais grave e prejudicial – para a instituição notarial como para o 
serviço público – é o desprestígio  em que caiu o notário, no Brasil, 
a ponto de até hoje, parte da sociedade, considerá-lo como mero 
parasita, que, portanto, deve desaparecer.
Ainda hoje, como fruto dessa política notarial encravada, reina 
obscuridade a respeito da instituição notarial e de sua função, levando 
a devaneios, desprovidos de fundamento jurídico, que visam reduzir o 
alcance de sua função, ou até mesmo, estatizar os seus serviços, o que 
não prospera, porque é inviável para os cofres públicos, bem como 
acarretaria na diminuição da qualidade dos serviços, o que prejudicaria 
o público usuário.[16]Essa situação, congelada em relação aos notariados evoluídos de 
outros países, fez com que renomados juristas, inclusive pertencentes 
à classe notarial, clamassem por uma legislação orgânica que 
elevasse o notariado brasileiro ao seu papel de relevo na sociedade, 
desvinculando-o do quadro de servidores da Justiça e exigindo a 
preparação jurídica adequada ao exercício da função notarial.
3. O Artigo 236 da Constituição Federal
Depois de tanto descaso e muita pressão, finalmente a Constituição 
Federal de 1988, no seu Art. 236, trouxe profundas e essenciais 
mudanças para os notários e registradores pátrios.
O simples fato da inserção desse artigo na nossa Carta Magna, teve 
o efeito arrebatador de principiar a retirada da instituição notarial do 
obscurantismo que a envolvia, tornando-a mais conhecida, inclusive 
pelos juristas e dando notícia do seu  relevo social e jurídico.
4.  A Lei 8.935/94 e o Notariado Brasileiro
E, nesse novo contexto, finalmente em 18 de novembro de 1994, erigiu 
do Poder Legislativo Federal a Lei nº 8.935, a Lei Orgânica dos Notários 
e Registradores que, com os defeitos que possa ter, com a amplitude 
que talvez lhe tenha faltado, inaugurou, sem dúvida, uma nova fase 
para o notariado brasileiro, que paulatinamente tomará o lugar de 
relevo que lhe é devido no meio jurídico.
A mencionada lei regulamenta o art. 236 da Constituição Federal, 
dispondo sobre serviços notariais e de registro, sendo que os 
parágrafos 1o e 2o do citado dispositivo Constitucional, já previam a 
necessidade de ser elaborada uma lei para regulamentar as atividades, 
disciplinar a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais 
de registro e de seus prepostos, definir a fiscalização de seus atos 
pelo Poder Judiciário e estabelecer normas gerais para a fixação de 
emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e 
de registro.
Essa lei, que fora editada depois de mais de seis anos da promulgação 
da Constituição Federal de 1988, sendo de há muito aguardada, 
regulamentou uma situação jurídica que já existia há muito tempo, 
antes mesmo da Constituição Federal.
Por força do seu art. 54, entrou em vigor no dia 21 de novembro de 
1994, data em que fora publicada no DOU, tendo eficácia imediata a 
partir de então.
Tal como estabelece o Art. 1º da Lei nº 8. 935, de 18 de novembro de 
1994, “serviços notariais e de registro são os de organização técnica 
e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, 
segurança e eficácia dos atos jurídicos”.  O dispositivo em apreço, no 
contexto legal, conceituou o que são serviços notariais e de registro.
A citada lei orgânica trouxe profundas e importantíssimas inovações 
para a classe notarial.
Um ponto atacado pela Lei no  8.935/94 e que consistia em antiga 
reivindicação, foi a questão da capacitação jurídica adequada para 
exercer a função de notário, passando a exigir o bacharelado em 
Direito, além do que, por óbvio, a aprovação em concurso público, este 
último item, já previsto no texto constitucional, no parágrafo 3o, do 
artigo 236.[17]
Uma vez tendo a Carta Maior de 1988 determinado a obrigatoriedade 
de concurso público para o ingresso na atividade notarial e de registro, 
as serventias que vagassem a partir da sua promulgação, não mais 
incidiriam no privilégio previsto no artigo 208 da constituição de 1969, 
eis que instituída uma nova ordem.
Sistema Notarial 10
De acordo com o artigo 236, caput, da Constituição Federal e pela Lei 
no  8.935/94,  notários passaram  a ser agentes delegados do Poder 
Público. Poder Público, que é formado pelos três poderes do Estado: 
Executivo, Legislativo e Judiciário. Todavia, é ao Poder Executivo que 
cabe a incumbência de delegar os serviços notariais e registrais.
A Lei dos Notários constitui um verdadeiro marco na história do 
notariado brasileiro e, se por si só não servir para acabar com os 
problemas que permeiam a instituição notarial, como de fato não 
servirá, será o instrumento que, aliado aos próprios notários, levará o 
notariado brasileiro, tão enfraquecido pelos erros até então cometidos, 
ao lugar de reconhecimento social e jurídico.
Disponível em: <https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.
asp?id=683>. Acesso em: 10  mar. 2018.
1.1 - O Ordenamento Jurídico Brasileiro 
sobre Direito Notarial
O sistema notarial é regido, em nosso ordenamento 
jurídico pátrio, precipuamente, pela Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988. 
Importante um questionamento, para que não se faça 
nenhuma confusão entre Serventia Extrajudicial e Poder 
Judiciário. As serventias notariais fazem parte do Poder 
Judiciário? A resposta é NÃO! O Poder Judiciário visa resolver 
conflitos e administrar interesses por intermédio da figura do 
juiz togado, que por sua vez, é revestido no Poder-Dever de 
dizer o direito e aplicá-lo ao caso concreto. O notário, apesar 
de se submeter a concurso público para exercer a atividade, ao 
contrário do juiz, não decide sobre a vida e as relações sociais. 
Sua função, que fora delegada pelo Estado, é destinada à 
conservação, reconhecimento e à garantia do direito em 
estado normal. Exemplo de ato praticado pelo notário é o 
reconhecimento (por fé pública) de firma (assinatura) de 
determinada pessoa física. A seguir, para melhor compreensão 
da diferença entre Poder 
Judiciário e Serventias 
Extrajudiciais foi traçado um 
paralelo entre 
NORMALIDADE X 
CONFLITO:
Fonte: <http://slideplayer.com.br/
slide/2374633/>. Acessado em 04/03/2018.
O ordenamento jurídico brasileiro, como será visto a 
partir da seção 2, alicerçou a atividade na Constituição Federal 
 <https://www.google.com.br/
search?q=normalidade+x+conflito&-
source=lnms&tbm=isch&sa=X&ve-
d=0ahUKEwi7q62g_fjZAhVCfpAKH-
cRXD24Q_AUICygC&biw=1024&-
bih=662#imgrc=kn60DldO40uTdM:>. 
Acessado em 19/03/2018.
de 1988, que dependeu de regulamentação própria prevista 
em legislações infraconstitucionais esparsas sobre o sistema 
notarial. 
Nota-se, destarte, que não há um Código ou Lei específica 
sobre o assunto, que é tratado sob forma de Leis e Resoluções 
diversas sobre a regulamentação sistêmica do serviço notarial 
no Brasil. 
2.1 – Fonte Constitucional do direito 
notarial
O direito notarial é sub-ramo do Direito Civil. O Direito 
civil é ramo do direito privado que regulamenta relações entre 
pessoas e coisas, como por exemplo, direitos e obrigações 
inerentes a um negócio jurídico entabulado entre indivíduos 
(compra e venda). Regulamenta o Código Civil, ainda, a título 
de exemplo, sobre o casamento, união estável, entre outras 
relações corriqueiras da vida humana e social. Partindo do 
Direito Civil, pergunta-se: Quem celebra o casamento civil, 
reconhece união estável ou, ainda, lavra escritura pública de 
compra e venda? 
A resposta é o notário, detentor de fé pública para 
constituir, autenticar, declarar e reconhecer um ato ou fato 
jurídico.
Mas... Quem legisla sobre essa atribuição? 
A competência para legislar é privativa da União 
(Estado Brasileiro), conforme prevê o artigo 22, inciso I da 
Constituição Federal de 1988, in verbis:
Art. 22. Compete privativamente à União 
legislar sobre:
I- direito civil, comercial, penal, processual, 
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e do trabalho; (grifos nossos)
A Lei infraconstitucional regulamenta a atividade notarial, 
atividade essa delega pelo Poder Público, através de concurso 
público, conforme estabelece a CF/88 em seu artigo 236:
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são 
exercidos em caráter privado, por delegação 
do Poder Público. (Regulamento)
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a 
responsabilidade civil e criminal dos notários, 
dos oficiais de registro e de seus prepostos, e 
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder 
Judiciário.
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais 
para fixação de emolumentos relativos aos 
atos praticados pelos serviços notariais e de 
registro. (Regulamento)
§ 3º O ingresso na atividade notarial ede 
registro depende de concurso público de 
provas e títulos, não se permitindo que 
qualquer serventia fique vaga, sem abertura de 
concurso de provimento ou de remoção, por 
mais de seis meses.
2 - A Constituição Federal de 1988 
e a regulamentação da atividade 
notarial
11
Por se tratar de atividade DELEGADA pelo Estado, 
o notário está sujeito aos princípios que norteiam a 
administração pública, conforme preceitua o caput do artigo 
37 da Carta Maior:
Art. 37. A administração pública direta e 
indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 
1998). 
Destaca-se, portanto, que apesar de a atividade ser 
desempenhada por particular, o notário exerce função 
pública, sujeito às sanções administrativas, cíveis e criminais, 
caso haja qualquer transgressão aos princípios da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
A legalidade representa dizer que o agente público ou 
particular que exerce função pública (notário) está limitado 
pelo que a Lei estabelece sobre o exercício de sua atividade, 
não podendo ir além nem aquém da norma. Significa dizer 
que o tabelião, dentro de suas competências previstas em 
norma infraconstitucional, mesmo vinculado à legalidade, 
poderá instrumentalizar, discricionariamente, atos e negócios 
jurídicos além daqueles tipificados no Código Civil, desde que 
admitidos em direito (RODRIGUES, 2013, p. 40-41).
O princípio da impessoalidade representa dizer que o 
tabelião não pode praticar atos que digam respeito ao seu 
próprio interesse, estendendo essa vedação ao cônjuge, aos 
parentes em linha reta ou colateral até o terceiro grau, conforme 
disciplina o artigo 27 da Lei 8.935/94 (RODRIGUES, 2013, 
p. 42).
Pelo princípio da moralidade, nas palavras de Rodrigues, 
entende-se que (2013, p.43) “os agentes públicos devem 
buscar, além da própria lei, fundamentos morais e éticos para 
a sua atuação. O tabelião deve agir e demonstrar boa-fé de sua 
conduta em relação aos próprios atos”. 
Sobre o princípio da publicidade, como os atos praticados 
pelo tabelião constituem delegação atribuída pelo Poder 
Público, até para fins de fiscalização do ato, devem a eles, 
via de regra, ser dada amplo conhecimento geral e irrestrito, 
reservado o direito à intimidade e à vida privada, em relação a 
determinados atos, como por exemplo, o testamento. 
Por último, mas não menos importante, o princípio da 
eficiência, nas palavras de Rodrigues (2013, p.46) significa 
dizer que deve o notário “buscar a via mais econômica, seja 
para a administração da serventia, para consecução do ato 
notarial, ou, ainda, para os usuários que buscam o seu serviço”. 
As Leis infraconstitucionais que tratam sobre o assunto 
serão abordadas na próxima seção. 
Na próxima seção, convidamos você a continuar os estudos sobre 
serviço notarial! Não se esqueçam de fazer uma leitura pormenorizada 
dos dispositivos constitucionais mencionados durante esta seção!
3 - Fontes infraconstitucionais
Observem que falamos na seção anterior sobre a 
fonte constitucional da atividade notarial no Brasil. A 
Constituição Federal trata das diretrizes sobre a implantação 
do Sistema Notarial que dependeu de legislação federal para 
regulamentar a atividade. Passamos a falar, agora, da legislação 
infraconstitucional sobre os Cartórios Extrajudiciais: 
• Lei 7.433/85 e seu regulamento, o Decreto n. 
93.240/86, legislações que regulamentam sobre as 
escrituras públicas;
• Lei 8.935/94 que regulamenta o artigo 236 da 
CF/88, dispondo sobre os serviços notariais e de 
registro;
• Resolução 35/2007 do Conselho Nacional de 
Justiça (CNJ);
• Lei n. 10.257/2001, Estatuto das Cidades que exige, 
para realização de determinados atos, a escritura 
pública;
• Lei 10.406/2002 que instituiu o Código Civil.
Serão abordadas, no decorrer da disciplina, sobre as 
peculiaridades mais relevantes da legislação infraconstitucional 
sobre a atividade notarial.
Iniciamos a nossa primeira aula da disciplina de Sistema 
Notarial. 
Neste primeiro encontro considerei importante 
apresentar a legislação brasileira que regulamenta o instituto 
do sistema notarial no território nacional. 
Conduziremos nossa aula baseada em estudo 
bibliográfico, prioritariamente, da legislação Constitucional 
e Infraconstitucional, levando-se em consideração a 
compreensão do texto legal. 
1 – Reflexão e Histórico do Sistema Notarial sob a 
ótica da Fé Pública
Na primeira seção, tivemos a oportunidade de iniciar 
nossas reflexões sobre o sistema notarial, cujos pensamentos 
nos prepararam para iniciar o estudo efetivo nas demais 
seções. 
Nessa etapa, adentramos na relação que o ordenamento 
jurídico pátrio mantém com o sistema notarial, já que se trata 
Nossa! Fizemos uma caminhada interessante nesta aula, não acham? 
Adquirimos conhecimentos interessantes e essenciais para a nossa 
formação enquanto profissionais e pessoas. Para fundamentar e 
melhorar ainda mais a nossa aquisição de saberes, iremos, a seguir, 
dar sugestões de leituras, sites e vídeos que vocês podem acessar para 
otimizar as informações dadas nesta Aula.
Retomando a aula
Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar 
nossa primeira aula, vamos recordar:
Sistema Notarial 12
de prática regulamentada pelo Estado.
2 – A Constituição Federal de 1988 e a regulamentação 
da atividade notarial
Na segunda seção mencionamos e refletimos sobre 
os artigos da Constituição Federal que tratam da atividade 
notarial. Importante manter estudo direito a partir da análise 
legislativa dos artigos 22, 37 e 236 da Carta Maior haja vista 
serem vetores básicos do instituto. 
3 – Fontes Infraconstitucionais 
Na última seção, tratamos das principais legislações 
infraconstitucionais que regem o sistema notarial. Lembre-se 
que tais Leis serão estudadas de forma aprofundada a partir 
da segunda aula.
Vale a pena
ANTUNES, Luciana Rodrigues. Introdução ao Direito 
Notarial e Registral. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, 
Teresina, ano 10, n. 691, 27 maio 2005. Disponível em: 
<https://jus.com.br/artigos/6765>. Acesso em: 11 mar. 
2018.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 
17. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
RODRIGUES, Felipe Leonardo, GAIGER 
FERREIRA, Paulo Roberto, Tabelionato de Notas, São Paulo, 
Saraiva, 2013.
SANDER, Tatiana. A Atividade Notarial E Sua 
Regulamentação. Boletim Jurídico, Uberaba/MG, a. 3, no 132. 
Disponível em: <https://www.boletimjuridico.com.br/
doutrina/texto.asp?id=683>. Acesso em: 11 mar. 2018.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Introdução ao estudo do direito: 
primeiras linhas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Vale a pena ler
Minhas anotações

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