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NEUROLÓGICAS A hemorragia intracraniana é um dos principais problemas entre os recém-nascidos prematuros, atribuída diretamente à imaturidade da matriz germinativa subependimária com sangramento que pode ou não romper para dentro dos ventrículos. Classifica-se em hemorragia subdural, hemorragia subaracnóidea e hemorragia peri-intraventricular, a qual se divide em periventricular (HPV) e intraventricular (HIV). A hemorragia intraventricular (HIV) caracteriza-se por hemorragia nas primeiras 24 a 48 horas de vida, enquanto na HPV a hemorragia pode ocorrer dentro de 3 dias após o nascimento, acompanhada ou não de convulsões tônicas. • A lesão inicial consiste em um infarto hemorrágico da substância branca periventricular que se rompe secundariamente para dentro dos ventrículos cerebrais. Outros fatores predisponentes são lesão hipóxico- isquêmica, hipotensão, hipervolemia e hipertensão. • Os sinais mais comuns são ausência do reflexo de Moro, hipotonia muscular, letargia, sonolência e apneia. ➔ Fatores predisponentes: prematuridade, estresse respiratório, asfixia, hipotensão ➔ A incidência dessas doenças tem relação com o peso de nascimento = ↓peso ↑ incidência ➔ 80 a 90% dos casos ocorrem até o 3° dia de vida A leucomalácia periventricular é secundária à hipotensão sistêmica com redução do fluxo sanguíneo, caracterizada por lesões focais necróticas na substância branca periventricular, responsável por grande parte das sequelas no neurodesenvolvimento de RNs de extremo baixo peso. Costuma ser assintomática até que as sequelas neurológicas da destruição da substância branca se tornem aparentes com déficit motor espástico. Recomenda-se que os RNs prematuros sejam avaliados de rotina por meio de ultrassonografia transfontanela, a fim de detectar hemorragia, além de avaliar os níveis de gravidade. O diagnóstico definitivo, porém, é feito por meio de tomografia computadorizada ou ressonância magnética. COMPLICAÇÕES → 10 a 15% dos RN de baixo peso com hemorragia intracraniana desenvolvem hidrocefalia Quando se tratar de uma hemorragia intraparenquimatosa, mais comum nos RNs a termo, iremos priorizar a tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM), em detrimento da ultrassonografia (USG). Para diminuir o risco da hemorragia intraventricular, teríamos que diminuir o risco da prematuridade, mas infelizmente isso não é possível. Assim, o que podemos fazer é administrar corticoide nas mulheres com ameaça de trabalho de parto prematuro. • Dexametasona X Betametasona Podemos fazer uso de qualquer um desses corticoides, a fim de tentar diminuir o risco da hemorragia intraventricular, mas algumas literaturas afirmam que apenas a betametasona diminui também o risco de leucomalácia periventricular, sendo – muitas vezes – a droga escolhida. Para RNs com grandes hemorragias de grau 4, não se deve recomendar a cirurgia, pelo risco que ela oferece. Nesses casos, não devemos fazer nada, além de propiciar bons cuidados de enfermagem e tratamento de apoio. CLASSIFICAÇÃO DE PAPILE I – Hemorragia restrita a matriz germinativa II –Hemorragia intraventricular sem dilatação ventricular III – HIV com dilatação ventricular IV – Hemorragia intraparenquimatosa (RN a termo) CLASSIFICAÇÃO DE VOLPE I - Sangramento intraventricular mínimo (<10%) II - 10 a 50% do volume intraventricular III - > 50% da área ventricular, com dilatação IV - Ecodensidade periventricular LESÃO DE NERVOS PERIFÉRICOS Paralisia Braquial Pode ser considerada a pior complicação do trauma ao nascimento e costuma ocorrer em neonatos macrossômicos, associada – na maioria das vezes – à distocia do ombro e tração excessiva do pescoço do RN. A paralisia da parte superior do braço tem prognóstico melhor do que a paralisia da parte inferior. Além disso, pode ser uma lesão permanente. • Distocia de ombro • Reflexo de moro prejudicado • Tratamento: imobilização por 3 a 6 meses e acompanhamento com ortopedista • Avaliar cirurgia, se não houver melhora do quadro O tratamento consiste na imobilização parcial e no posicionamento apropriado para prevenir o desenvolvimento de contraturas. Caso a paralisia persista sem melhora por 3 a 6 meses, está indicado tratamento cirúrgico. Paralisia Facial Costuma ser periférico e pode ser causada por trauma, como uso de fórceps. Apresenta-se com ausência de contração palpebral e elevação do ângulo da boca em um hemilado. Em geral, a recuperação é boa e completa em mais de 90% dos casos. • Trabalho de parto laborioso (uso de fórceps) • O lado paralisado é aquele em que a criança não consegue fechar o olho Paralisias • Erb-Duchenne – 5ª a 6ª raízes cervicais: posição de adução e rotação interna do braço e pronação do antebraço. O reflexo de Moro está presente apenas no lado não comprometido. • Klumpke – 7ª a 8ª raízes cervicais e a 1ª torácica: apresenta paralisia da mão, miose e ptose palpebral ipsilateral. Não há reflexo de preensão palmar no lado acometido. LESÕES HIPÓXICO-ISQUÊMICAS A asfixia perinatal é definida como lesão ao feto ou RN por falta de oxigênio (hipoxemia) e/ou de perfusão (isquemia) de vários órgãos. Vários estudos demonstraram que o Apgar isolado não é bom critério para definir se há asfixia perinatal, porque muitos RNs pré-termo podem ter Apgar baixo e não apresentar lesões hipóxico— isquêmicas. Assim, foram estabelecidos alguns critérios clínico-laboratoriais para diagnosticar essa asfixia, são eles: a) Acidemia metabólica ou mista profunda (pH < 7) b) Apgar no 5° minuto entre 0 e 3 c) Manifestações neurológicas neonatais (convulsões, coma, hipotonia) d) Disfunção orgânica multissistêmica (cardiovascular, gastrintestinal, hematológica, pulmonar ou renal) ➔ São necessários pelo menos 3 critérios positivos. Sinais - EHI • Palidez • Cianose • Apneia • Bradicardia • Falta de resposta a estímulos Aparecimento de convulsões nas primeiras 24 horas de vida é sinal de que houve uma asfixia grave e é consequência de um edema cerebral. Prognóstico → Apgar baixo aos 20 minutos (<3), ausência de respiração espontânea aos 20 minutos e sinais neurológicos anormais com 2 semanas de vida ➔ Taxa de mortalidade elevada ➔ Graves déficits motores e cognitivos nos sobreviventes Possível tratamento: hipotermia induzida CONVULSÕES NEONATAIS As convulsões não costumam ser tônico-clônicas generalizadas. Em geral, são crises localizadas, por isso, são de difícil reconhecimento clínico. São as manifestações neurológicas mais frequentes no período neonatal. • Tremor x convulsão Os tremores aumentam com estímulos externos e cessam quando se muda o membro de posição, além de não apresentarem movimentação ocular, o que auxilia para diferenciar da convulsão. • Quadro clínico → Mastigação, sialorreia, apneia, piscar de olhos, nistagmo, pedaladas • Diagnóstico → Vídeo-EEG Etiologia → encefalopatia hipóxico-isquêmica, alterações metabólicas (hipoglicemia, hiponatremia), infecção, trauma, hemorragia, má formação (citoarquitetura SNC), drogas (anestésicos locais) Além do videoeletroencefalograma, podemos utilizar outros exames na investigação, como: fundo de olho (hemorragia, coriorretinite), exame de sangue (glicemia, cálcio, magnésio, sódio, ureia), punção lombar. ERRO INATO DO METABOLISMO → convulsões + anorexia e vômitos + letargia → COMA Dependência de piridoxina (B6) Trata-se de um erro inato do metabolismo em que, para a formação do GABA (neuroinibidor), há necessidade de um valor supranormal de piridoxina. O quadro ocorre em crianças nascidas aparentemente sem problemas que – nos primeiros dias de vida – convulsionam. Pesquisa-se a causa e não se descobre, trata e a criança não melhora, pois inicialmente responde à medicação, mas logo volta a convulsionar. ➔ Neonato que não tem história de asfixia, prematuridade, alteração metabólica/eletrolítica,infecção, trauma. ➔ Não tendo resposta adequada a fenitoína, fenobarbital, administramos 100mg EV de piridoxina e a convulsão para imediatamente. ➔ Tratamento: reposição diária de piridoxina Necessário suporte ventilatório adequado, porque o GABA anteriormente represado, foi liberado em excesso, causando depressão do SNC e apneia. 1. A paralisia obstétrica é definida como uma lesão por tração ou compressão do plexo braquial decorrente das manobras de parto. O recém-nascido que apresenta atitude de rotação interna, em pronação e com abdução ativa impossível, evidencia a paralisia: a) Total do plexo braquial b) Baixa tipo Klumpke c) Alta tipo Erb-Duchenne d) Total do plexo braquial, com sinal de Claude Bernard- Horner 2. A hemorragia intracraniana observada no RN prematuro é na maioria dos casos (localização anatômica): a) Intraventricular b) Periventricular c) Intraparenquimatosa d) Difusa 3. Um RN a termo com apgar 9 e 10 (1° e 5° min), boa vitalidade, AIG, sem alterações ao exame físico, alimentando-se adequadamente ao seio materno, apresenta nos primeiros dias de vida quadro de convulsões de difícil controle. Não há boa resposta aos anticonvulsivantes de rotina, porém a administração de uma vitamina por via IV consegue interromper as crises. Qual deve ter sido esta vitamina? a) Vitamina A b) Vitamina B1 (tiamina) c) Vitamina B6 (piridoxina) d) Vitamina C e) Vitamina K 4. Durante todo o período de internação na UTI neonatal, o sistema nervoso central do prematuro está muito vulnerável aos eventos adversos pela sua imaturidade e ocorrência de morbidades clínicas diversas. O subsequente desenvolvimento neurológico, sensorial e comportamental deve ser monitorizado regularmente a fim de detectar quaisquer desvios e/ou atrasos e intervir precocemente. Sobre essa monitorização, é correto afirmar que: a) O desenvolvimento depende fundamentalmente do peso de nascimento, e não da idade gestacional b) Até 2 anos de idade, transtornos neuropsiquiátricos (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e transtorno bipolar do humor) são anormalidades comumente observadas c) A hemorragia da matriz germinativa é a lesão cerebral mais comum no recém-nascido prematuro de muito baixo peso ao nascer, não sendo facilmente identificada na ultrassonografia transfontanela d) A nutrição adequada durante o 1° ano de vida deve ser uma meta na assistência a essas crianças, no sentido de prevenir a deficiência de micronutrientes, como zinco e outros oligoelementos, e ácidos graxos essenciais, a qual pode prejudicar o neurodesenvolvimento. 5. Recém-nascido de termo, masculino, adequado para a idade gestacional, 39 1/7 semanas, com peso de 4100g e estatura de 52 cm, nascido de parto vaginal, e mãe primigesta de 22 anos. Ao primeiro exame físico, sem anormalidades significativas, exceto por reflexo de Moro assimétrico à direita, com membro superior direito com menos força, voltado medialmente, estendido e pronado. Baseado no diagnóstico principal, a conduta é: a) Ultrassonografia transfontanela b) Observação clínica c) Imobilização do membro d) Fisioterapia motora 6. Recém nascido prematuro, apresentando infecção neonatal tardia com enterocolite necrosante. Está em dieta zero, com nutrição parenteral e desenvolve convulsão focal. Exames laboratoriais mostram: leucograma normal, glicemia 75mg/dl, PCR 1,2mg/dl, sódio 115mg/dl, potássio 3,8mg/dl, cálcio 10,2mg/dl. Qual a conduta mais adequada a seguir? a) Fenobarbital + reposição de cálcio b) Fenitoína + troca de antibiótico c) Diazepam + reposição de potássio d) Fenobarbital + reposição de sódio e) Diazepam + troca de antibióticos GABARITO 1) C 6) D 2) A 3) C 4) D 5) D GASTRINTESTINAIS ENTEROCOLITE NECROSANTE A enterocolite necrosante neonatal (ECN) é uma doença inflamatória do trato gastrointestinal do recém- nascido (RN) prematuro que provoca desde isquemia leve até necrose completa da parede intestinal. ➔ A localização geralmente é de íleo distal/cólon proximal. ➔ Para manifestação da doença, é necessária a tríade: isquemia intestinal, alimentação (substrato metabólico) e presença de microrganismos. ➔ O início geralmente ocorre nas primeiras 2 semanas de vida e um dos principais fatores de risco é a prematuridade. Apresenta quadro clínico inespecífico, quadro radiológico sugestivo e alterações histológicas características. A doença inicia na mucosa intestinal, a camada mais suscetível à hipóxia, podendo atingir a submucosa e progredir para a necrose completa da parede. • Os casos com necrose parcial geralmente se recuperam com tratamento clínico, já os com necrose completa progridem para a perfuração livre ou bloqueada e requerem tratamento cirúrgico. A apresentação clínica pode ter início súbito ou insidioso. Os bebês com ECN podem apresentar grande variedade de sintomas e sinais, que podem ser sistêmicos e/ou gastrointestinais. SINTOMAS SISTÊMICOS SINTOMAS GASTRINTESTINAIS Letargia Distensão abdominal Crises de apneia Intolerância alimentar Bradicardia Resíduo gástrico aumentado Instabilidade térmica Sangue nas fezes Vômitos biliosos Achados radiológicos Os sinais radiológicos precoces não específicos, mas suspeitos, são distensão generalizada de alças, espessamento da parede das alças e assimetria do padrão aéreo das alças intestinais. Os sinais definitivos incluem a presença de pneumatose intestinal (gás intramural) e gás na veia porta. A presença de pneumatose indica a realização de radiografias seriadas em AP e em decúbito lateral esquerdo. O tempo de observação depende do estado clínico da criança. Se estável, pode-se descontinuar o período de observação após 2 a 3 dias, pois a maioria das perfurações (70%) ocorre nos dois primeiros dias do diagnóstico. Além do gás na veia porta, outro sinal que certamente é marcador de doença mais avançada é o da alça persistente, isto é, uma alça dilatada de intestino que permanece relativamente sem mudança em sua aparência ou sua posição em radiografias obtidas em 24 a 36 horas de intervalo. Achados ultrassonográficos A ultrassonografia pode detectar a presença de gás na veia porta/parênquima hepático, pneumatose intestinal e ascite, além de identificar alças intestinais com gangrena. A USG é claramente mais sensível que a radiografia convencional em detectar gás venoso portal. Também tem sido utilizada para avaliar a presença e o caráter da ascite e ajudar a definir o local da paracentese. CLASSIFICAÇÃO DE BELL É uma classificação que combina dados da história clínica com os exames físico e radiológico. I. Suspeita Crianças com achados leves sugestivos de ECN, como distensão abdominal, vômitos, enterorragia, presença de resíduo gástrico e íleo paralítico e edema de parede de alça na radiografia de abdome. II. Definida Crianças com achados definitivos de ECN (preenchem o diagnóstico, todos os sinais do estádio I + sangramento gastrointestinal + pneumatose e/ou portograma), mas sem indicação de cirurgia. ➔ Peritonite, eritema ou celulite de parede abdominal, ascite, acidose metabólica e trombocitopenia. III. Complicada Crianças com necrose intestinal, sinais de piora clínica (choque, CIVD) e perfuração intestinal (pneumoperitônio). TRATAMENTO • Clínico O tratamento inicia-se pelo diagnóstico preciso e precoce. A maioria dos casos pode ser tratada sem cirurgia. Um componente crítico do tratamento é a observação rigorosa, com exame físico do abdome e estudos radiológicos seriados nas primeiras 72 horas da doença ou até que o paciente esteja estável clinicamente. Os principais cuidados são: ▪ Dieta zero (VO), a fim de prevenir lesão adicional da mucosa e reduzir as necessidades metabólicas do intestino. ▪ Sonda gástrica, indicadapara manter o trato gastrointestinal descomprimido. ▪ Nutrição parenteral, deve ser iniciada para facilitar a cicatrização dos tecidos doentes e repor as necessidades nutricionais e metabólicas; ▪ Reposição hídrica, deve ser realizada com 125 a 300 mL/kg/dia, sempre acompanhada da monitoração do débito urinário. ▪ Culturas - sangue, urina, cicatriz umbilical e fezes; ▪ Antibióticos devem ser instituídos visando à presença de enterococos, enterobactérias e anaeróbios. o O tempo de tratamento sugerido varia de 14 a 21 dias, e o tratamento preferencialmente utilizado consta de vancomicina, cefotaxima ou amicacina e metronidazol (Tratado de Ped.). o Ampicilina + gentamicina + metronidazol (MEDCEL) Segundo alguns autores, o reinício da alimentação está indicado 72 horas após a resolução das anormalidades radiográficas e entre 7 e 14 dias, aproximadamente, após a cirurgia. O reinício da via oral deve ser lento e cauteloso, com progressão gradual. • Cirúrgico A única indicação absoluta universalmente aceita é a evidência de perfuração intestinal, diagnosticada pela presença de pneumoperitônio ou por paracentese abdominal. Nesses casos, é indicada a realização de laparotomia exploradora. DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG (ou megacólon congênito ou aganglionose intestinal congênita) Doença congênita que cursa com disfunção do peristaltismo intestinal, porque existe uma porção do intestino em que não há células nervosas intramurais (plexos nervosos de Meissner e Auerbach), provavelmente pela interrupção da migração dos neuroblastos, prejudicando – assim – o trajeto do alimento no intestino. ➔ É cerca de quatro vezes mais comum no sexo masculino, sendo exceção a aganglionose cólica total, cuja distribuição é igual em ambos os sexos. ➔ Na forma clássica, que corresponde à maioria dos casos (75 a 80%), o segmento aganglionar corresponde ao reto e ao sigmoide. A propulsão do conteúdo intestinal é obtida pelo movimento de ondas peristálticas propulsivas em determinado segmento e de ondas de relaxamento no segmento que vem logo em seguida. A coordenação entre ondas propulsivas e ondas de relaxamento é mediada pela inervação mural intrínseca do tubo digestivo. O segmento agangliônico apresenta incoordenação do peristaltismo. Não há progressão do conteúdo e, funcionalmente, equivale a um segmento atrésico ou estenosado, isto é, ocluído ou subocluído. O cólon distal encontra-se estreitado, enquanto o proximal dilata-se pelo acúmulo de conteúdo e as camadas musculares hipertrofiam-se em consequência de excesso de atividade, na tentativa de vencer a pressão representada pelo segmento agangliônico. Nas formas clássicas e longas, entre o segmento agangliônico e o segmento dilatado existe uma zona de transição (cônica). O conceito de que praticamente todos os recém-nascidos apresentam um retardo da eliminação de mecônio não é verdadeiro. Na realidade, somente a metade dos recém-nascidos com Hirschsprung apresenta retardo na eliminação de mecônio, ao redor de 36 a 48 horas. Dessa forma, sua ausência não deve invalidar essa suspeita, quando outros sinais e sintomas sugerirem tal diagnóstico. Entre as manifestações clínicas, temos: retardo da eliminação de mecônio, distensão abdominal, recusa alimentar, vômitos. O exame físico revela distensão e timpanismo abdominal. Ao toque retal, sente-se o ânus tônico e o reto está vazio, já que o conteúdo colônico está retido acima do segmento agangliônico, costuma provocar eliminação brusca e ruidosa de grande quantidade de ar e mecônio. Se houver demora no diagnóstico e o abdome não for descomprimido, há risco de enterocolite grave, podendo causar perfuração e peritonite. O abdome torna-se intensamente distendido, timpânico e doloroso. O que define o diagnóstico é a ausência de plexos nervosos na parede do intestino, dessa forma, o diagnóstico definitivo é dado por meio da biópsia intestinal (padrão ouro) e do estudo histológico do tecido obtido. Outros exames importantes são a manometria anorretal e os exames radiológicos. • O enema opaco com bário é capaz de identificar o segmento agangliônico e sua extensão, além do cone de transição e o segmento dilatado, na maioria das crianças. Em recém-nascidos, porém, esses achados são difíceis de demonstrar, uma vez que o cólon ainda não está muito dilatado e a identificação da zona de transição é difícil. • A manometria anorretal é um procedimento que mede basicamente as pressões dos músculos do esfíncter anal, a sensação no reto e os reflexos neurais que são necessários para executar os movimentos normais do intestino. Assim, pode confirmar ou excluir um diagnóstico ou, melhor ainda, selecionar pacientes para a realização de biópsia retal O tratamento consiste na ressecção do segmento aganglionar e a reconstituição do trânsito fecal mediante uma anastomose entre a porção terminal do intestino normal e a porção terminal do reto, ao nível da linha pectínea. Um pouco mais sobre a Doença de Hirschsprung 1. Qual é o maior fator de risco da enterocolite necrosante? a) Alimentação por via oral b) Infecção c) Asfixia neonatal d) Prematuridade e) Jejum prolongado 2. Em um neonato com 5 dias de vida, um quadro de obstrução intestinal por mecônio pode estar associado a qual doença de base? a) Doença celíaca b) Fibrose cística c) Divertículo de Meckel d) Doença inflamatória intestinal e) Estenose hipertrófica do piloro 3. De acordo com os critérios de Bell para estadiamento de enterocolite necrotizante, no estágio 2 observamos: a) Sinais e sintomas clínicos suspeitos, sem anomalias a radiografia de abdome b) Sinais e sintomas clínicos suspeitos, com distensão abdominal a radiografia de abdome c) Sinais e sintomas clínicos definidos e leves, com distensão de alças intestinais a radiografia de abdome d) Sinais e sintomas clínicos definidos e moderados, com pneumatose intestinal a radiografia de abdome e) Sinais e sintomas clínicos definidos e avançados, com pneumatose intestinal e pneumoperitônio a radiografia de abdome 4. Uma criança, na 2ª semana de vida, inicialmente apresenta episódios de vômitos não biliosos, que evoluem na 2ª semana para vômitos em jato. A ultrassonografia demonstra imagem em alvo em topografia duodenal, o que deve corresponder a: a) Polipose gástrica b) Hipertrofia de piloro c) Duplicação pancreática d) Cisto de colédoco 5. Um recém-nascido de parto cesárea, com 2800 gramas, 48cm, apgar 7 e 8 e história de polidrâmnios. No 2° dia de vida, após a mamada ao seio, apresentou peristaltismo de luta e vômitos biliosos, sem distensão abdominal. O exame de imagem a ser solicitado para o diagnóstico é: a) Clister opaco b) Ultrassonografia abdominal c) Seriografia esofagogástrica d) Radiografia simples ortostática e) Trânsito contrastado de delgado 6. Um recém-nascido de 18 dias de vida, com aleitamento materno exclusivo, vem apresentando distensão abdominal e vômitos biliosos persistentes desde o nascimento. Além disso, a radiografia de abdome evidenciou imagem da “dupla bolha”. O diagnóstico provável, nesse caso, é: a) Refluxo gastroesofágico b) Estenose hipertrófica de piloro c) Atresia duodenal d) Alergia ao leite de vaca e) Atresia de esôfago 7. Durante o acompanhamento da gestante, foi notado o sinal da “dupla bolha” na ultrassonografia pré-natal, que foi confirmado na radiografia de abdome do recém-nascido realizada logo após o nascimento. Dentre os diagnósticos abaixo, o mais provável é: a) Estenose de piloro b) Divertículo de Meckel c) Doença de Hirschsprung d) Atresia de esôfago sem fístula e) Atresia duodenal 8. Recém-nascido prematuro, 880g de peso ao nascimento. Com 7 dias de vida, passou a apresentar distensão abdominal, secreção esverdeada pela sonda gástrica e enterorragia. Achados físicos: dor abdominal à digito- palpação superficial e massa palpável emfossa ilíaca direita. Foi submetido à radiografia simples de abdome e iniciado tratamento clínico com sonda gástrica em drenagem, jejum com nutrição parenteral e antibióticos. Qual o diagnóstico provável, o achado de imagem e a conduta mais adequada neste caso, respectivamente? a) Megacólon congênito, pneumoperitônio, cirurgia b) Enterocolite necrotizante, pneumoperitônio, cirurgia c) Enterocolite necrotizante, obstrução intestinal, tratamento clínico d) Megacólon congênito, obstrução intestinal, tratamento clínico 9. Um lactente de 5 semanas de vida está há 1 semana apresentando vômitos não biliosos, piorando progressivamente, mamando avidamente, mesmo assim perdendo peso. Ao exame, alterna irritabilidade com letargia, palpação de abdome sem distensão ou massas palpáveis. O melhor exame para confirmar o diagnóstico e a alteração laboratorial esperada são, respectivamente: a) Ultrassonografia e hipercalemia b) Endoscopia digestiva alta e hipocalemia c) Raios x contrastados e acidose metabólica d) Ultrassonografia e alcalose hipoclorêmica e) Triagem para erro inato do metabolismo e hiperamonemia 10. Com relação à estenose hipertrófica de piloro, considere as afirmativas a seguir: I- A presença de ondas de Kussmaul e a palpação da oliva pilórica são sinais suficientes para a conclusão diagnóstica II- O distúrbio metabólico associado mais comum é a alcalose hipoclorêmica III- O recém-nascido geralmente encontra-se calmo e bem hidratado IV- Os vômitos iniciam-se geralmente na 1ª semana de vida do recém-nascido e apresentam coloração amarelada. a) I e II b) I e IV c) III e IV d) I, II e III e) II, III e IV 11. Atribua V (verdadeira) ou F (falsa) às seguintes afirmativas sobre o tratamento e a etiologia da enterocolite necrosante em recém-nascidos: ( ) Frequentemente RNs submetidos a drenagem peritoneal tiveram de realizar laparotomia em um 2° momento, além de terem um maior comprometimento do desenvolvimento neuropsicomotor no seguimento pós alta. ( ) Não há consenso para o início da dieta em quadro de ECN. Indica-se, com base na prática clínica, um intervalo de 10 dias, com a recomendação de que esse prazo seja flexível, na observância de critérios clínico- laboratoriais e de imagem. ( ) Pneumatose intestinal, gás no sistema portal, alça distendida, neutrofilia e plaquetopenia indicam a intervenção cirúrgica. ( ) O uso do corticoide antenatal é o maior fator de risco para RNs desenvolverem ECN. Assinale a alternativa correta: a) VFFF b) FVVF c) FVFF d) VFFV e) VVFF 12. Um recém-nascido de 21 dias de vida, nascido de parto normal, apresenta vômitos “em jato”, com conteúdo lácteo, sem bile, com aumento progressivo dos vômitos em frequência. Ao exame físico, observam-se peristaltismo visível no epigástrio e nódulo palpável no local. Considerando que a hipótese diagnóstica desse caso é estenose hipertrófica de piloro, assinale a alternativa correta: a) A criança deve ter corrigido o distúrbio metabólico que apresenta antes do ato cirúrgico b) A criança deve ser submetida imediatamente ao procedimento cirúrgico c) A mãe deve ser orientada a interromper o aleitamento materno e observar a melhora do quadro em casa d) O tratamento consiste apenas em jejum, passagem de sonda orogástrica e utilização de antiespasmódicos e) O tratamento consiste apenas na correção do distúrbio hidroeletrolítico 13. Recém-nascido com 34 semanas de idade gestacional apresentou asfixia moderada no nascimento. Evoluiu bem até o décimo dia, quando apresentou diarreia sanguinolenta, aumento do resíduo gástrico, distensão abdominal e letargia. A radiografia simples de abdome mostrou alças intestinais dilatadas com paredes edemaciadas. O procedimento indicado é prescrever: a) Nutrição parenteral total b) Leite humano por gavagem c) Hidrolisado proteico por via oral d) Solução elementar a débito contínuo e) Leite artificial para prematuro por gavagem GABARITO 1) D 6) C 11) C 2) B 7) E 12) A 3) D 8) B 13) A 4) B 9) D 5) D 10) A RESPIRATÓRIAS Durante o parto vaginal, a compressão intermitente do tórax facilita a remoção do fluido pulmonar. A respiração é um processo complexo que envolve os sistemas nervoso, respiratório e muscular. No RN prematuro, a imaturidade do centro respiratório provoca resposta atenuada ao CO2 e resposta paradoxal à hipóxia. APNEIA IDIOPÁTICA DA PREMATURIDADE Imaturidade do centro respiratório leva a uma resposta atenuada ao CO2, ou seja, o acúmulo de CO2 (hipercapnia) não leva à hiperventilação, pelo contrário, causa uma resposta paradoxal à hipóxia, não havendo mecanismo compensatório (hipoventilação). O quadro clínico é composto de interrupção do fluxo de ar por um período ≥ 20 segundos ou por um período menor, mas acompanhado de bradicardia com FC < 100bpm ou hipoxemia/queda da saturação. Por ser um problema relacionado à prematuridade, todo RN com menos de 34 semanas deve ser monitorizado. • Incidência inversamente proporcional à idade gestacional (quanto mais prematuro, maior o risco); • Acima de 36 semanas, já não temos mais apneia idiopática da prematuridade • Rara no primeiro dia de vida, começa do segundo e dura até o sétimo dia. Apneia grave • Duração > 20s • Associação à bradicardia e hipoxemia Qual é o tratamento medicamentoso da apneia idiopática da prematuridade? R- Aminofilina (metilxantinas) Tratamento • Metilxantinas (teofilina, cafeína) • CPAP nasal Acompanhamento • Resolve com 36 semanas de idade gestacional corrigida • Recomenda-se alta cerca de 7 a 10 dias após o último episódio de apneia DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA (DMH) É uma das maiores causas de morbidade e mortalidade associadas ao nascimento prematuro e resulta da imaturidade pulmonar pela deficiência e inatividade do surfactante, desenvolvimento pulmonar incompleto e complacência exagerada da caixa torácica. O RN com membrana hialina apresenta dificuldade respiratória desde o momento do nascimento, piorando progressivamente nas primeiras 72 horas. O risco da doença é diminuído em gestações com hipertensão, seja ela crônica ou associada à gravidez, uma vez que em ambiente de hipóxia intrauterina ocorre aceleração da maturidade pulmonar. Outros fatores de proteção são uso materno de opiáceos, casos de rotura prolongada das membranas ou casos em que houve uso de corticoide antes do nascimento. • O surfactante é uma substância lipoproteica, produzida nos pneumócitos II cuja principal ação é diminuir a tensão superficial dos alvéolos da interface líquido-ar, diminuindo a necessidade de grandes pressões para mantê-los abertos. Embora comece a ser produzido entre 30 e 33 semanas de gestação, os níveis adequados estão frequentemente presentes depois de 35 semanas. Os sinais frequentemente aparecem nos primeiros minutos depois do nascimento, com respirações rápidas (FR > 60irpm), piora progressiva com cianose e dispneia – tiragens intercostal, subcostal e de fúrcula, gemência, batimento de asa de nariz. Ao auscultar o tórax, encontra-se uma baixa entrada de ar, traduzida pela diminuição do murmúrio vesicular. A radiografia de tórax típica mostra infiltrado retículo-granular difuso distribuído de maneira uniforme (vidro fosco), broncograma aéreo periférico e aumento de líquido pulmonar. A gasometria arterial revela hipoxemia importante em ar ambiente. Com a evolução do quadro há retenção de CO2, que pode estar inicialmente normal ou até diminuído em razão da taquipneia compensatória. A acidose, inicialmente do tipo respiratório, costuma progredir para acidose mista. Adequada assistência pré-natal para diminuir a incidência de parto prematuro, incentivo ao parto normal, não indicação de cesarianas eletivas sem comprovação da maturidade fetal e reanimaçãoneonatal apropriada são estratégias para prevenir a ocorrência dessa doença. Além disso, é de eficácia comprovada, o uso de corticoterapia antenatal, em curso único de betametasona 12 mg IM, 2 doses com intervalo de 24 horas, nas gestações entre 26 e 34 semanas de idade gestacional. Tratamento O tratamento é multifatorial e inicia-se na prevenção com uso de corticosteroide antenatal, em gestante em trabalho de parto prematuro. A utilização de métodos de ventilação assistida, reposição de surfactante exógeno, medidas gerais de controle térmico, metabólico, hídrico e ainda a importância de um suporte nutricional agressivo e precoce são fundamentais para o sucesso do tratamento desses bebês. A meta primordial para essas crianças é manter uma boa oxigenação, e, para isso, é necessário um rápido e efetivo recrutamento de áreas colapsadas comum nessa patologia decorrente da falta de surfactante. A intenção é diminuir a necessidade de suporte ventilatório, reduzir as necessidades de oxigênio e evitar uma maior agressão pulmonar • O quadro clínico da doença da membrana hialina e da sepse de início precoce são bem semelhantes e, por isso, colhemos cultura e começamos antibióticos. • Surfactante na traqueia logo após o nascimento (de preferência, na 1ª hora) • Suporte ventilatório (CPAP iniciado precocemente em prematuros com risco de DMH diminui a necessidade de suporte ventilatório invasivo) • Líquidos e calorias devem ser oferecidos pela via endovenosa, mas em excesso podem levar a uma descompensação (persistência do canal arterial – PCA, displasia broncopulmonar) Se houver falência respiratória, precisa ir para ventilação mecânica: • pH < 7,20 (acidose) • PCO2 ≥ 60mmHg (respiratória) • SatO2 < 90% (já em uso de CPAP com FIO2 40-70%) Prevenção • Evitar a prematuridade o Betametasona (ou dexametasona) 48 horas antes do parto de fetos entre 24 e 34 semanas Displasia broncopulmonar A displasia broncopulmonar é uma doença pulmonar crônica, de etiologia multifatorial e complexa, que acomete – em geral – prematuros submetidos à oxigenoterapia e à ventilação mecânica nos primeiros dias de vida, que se tornam dependentes de oxigênio em concentrações > 21% por um período ≥ 28 dias, o que acaba resultando numa fibrose pulmonar. Tratamento • Suporte de O2 • Profilaxia contra o vírus sincicial respiratório (bronquiolite) o Anticorpo monoclonal (palivizumabe) 5 doses por ano (01 a cada 30 dias), nos meses que antecedem o pico de incidência da doença na região, durante 2 anos É comum ser feita terapia com diurético, atualmente, espironolactona ou hidroclorotiazida. A furosemida está indicada nos quadros agudos até estabilização hemodinâmica. Os broncodilatadores têm uso controverso. O uso de corticoides não é recomendado, de acordo com o tratado de pediatria (Nelson). TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA DO RN (TTRN) Trata-se de uma doença respiratória neonatal benigna, autolimitada, que acomete o RN a termo ou próximo ao termo, principalmente nascido de parto cesárea sem que o trabalho de parto tenha se iniciado, porque é no trabalho de parto em que há o estímulo da ativação dos canais de sódio e a eliminação do líquido dos alvéolos e a doença é provocada pela presença de transudato alveolar, o que acarreta distúrbio de troca gasosa no capilar. Os bebês iniciam com taquipneia logo após o nascimento, com uma frequência respiratória que pode chegar a 100 a 120 movimentos por minuto, gemência, batimentos de asas de nariz, tiragem intercostal e aumento do diâmetro anteroposterior do tórax. Seu quadro clínico é mais suave, e sua duração, mais curta comparada à síndrome do desconforto respiratório. Não é comum observar hipoxemia, hipercapnia e acidose. A TTRN deve ser um diagnóstico de exclusão. O tratamento inclui medidas de suporte geral e oxigenoterapia através de capacete ou CPAP nasal. Ter sempre em mente os riscos do uso indevido de oxigênio e de antibióticos. A necessidade de ventilação mecânica é rara nessa doença e, caso isso ocorra, devemos descartar outros diagnósticos mais compatíveis, como DMH, pneumonia e cardiopatia. Que vitamina dada ao RN de muito baixo peso pode diminuir o risco de aparecimento de broncodisplasia pulmonar? R- Vitamina A SÍNDROME DE ASPIRAÇÃO MECONIAL A aspiração meconial é mais comum em RN a termo e pós-termo. Trata-se de uma síndrome que pode provocar quadros graves de insuficiência respiratória determinada pela quantidade de mecônio no parênquima pulmonar e pela frequente associação à hipertensão pulmonar persistente. A aspiração pode ocorrer intraútero ou, na maioria dos casos, durante os primeiros movimentos respiratórios. • Principais fatores de risco → pós-maturidade, retardo do crescimento intrauterino, feto com apresentação pélvica e asfixia perinatal. O mecônio pode provocar alterações obstrutivas e inflamatórias. As vias aéreas com obstrução completa evoluem com áreas de atelectasia, alterando a relação ventilação-perfusão (V/Q) e provocando hipóxia, com posterior hipercapnia e acidose. Nos locais com obstrução parcial, observa-se um mecanismo valvular, onde o ar entra, mas tem dificuldade para sair, ocasionando áreas hiperinsufladas, facilitando o escape de ar. O quadro de desconforto respiratório é precoce, mas de intensidade variável. Muitas vezes, a sintomatologia predominante é de depressão respiratória (taquipneia, retrações intercostais, gemido e cianose) e neurológica pelo insulto hipóxico-isquêmico. • O exame radiológico mostra opacidades irregulares, áreas de atelectasia, áreas hiperinsufladas, retificação do diafragma e aumento do diâmetro anteroposterior. • O RN com sinais de asfixia e mecônio nas vias aéreas não se recomenda a aspiração direta da traqueia antes do início da ventilação. O tratamento da pneumonia por aspiração meconial inclui terapia de suporte e manejo do estresse respiratório. Pacientes que não respondem à ventilação mecânica convencional podem se beneficiar da ventilação de alta frequência, do uso de surfactante e óxido nítrico ou, ainda, da oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO). O prognóstico vai depender da extensão da lesão do SNC provocada pela asfixia e da presença de problemas associados, como a hipertensão pulmonar. 1. Qual dos fatores abaixo não é fator de risco para a síndrome da morte súbita do lactente? a) Apneia da prematuridade b) Dormir em posição prona c) Exposição ao fumo d) Aquecer muito o lactente 2. A taquipneia transitória do recém-nascido está relacionada principalmente a: a) Partos vaginais com tocotraumatismo b) Partos de filhos prematuros de mães diabéticas c) Partos a termo, de filhos de mães com infecções congênitas d) Cesarianas em gestantes que não entraram em trabalho de parto e) Trabalho de parto prolongado 3. No neonato prematuro, a imaturidade dos centros respiratórios do tronco cerebral se manifesta pela atenuação da resposta ao dióxido de carbono e uma resposta paradoxal à hipóxia que irá resultar em: a) Apneia em vez de hiperventilação b) Taquipneia sem esforço respiratório c) Taquipneia com esforço respiratório d) Taquicardia reflexa e) Hipertensão e bradicardia 4. A apneia recorrente da prematuridade não relacionada a nenhum fator precipitante pode ser tratada com teofilina ou: a) Piridoxina b) Cafeína c) Óxido nítrico d) Corticoide e) B2 adrenérgico 5. Recém-nascido de parto cesárea de mãe com doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), GIPIAO, IG de 31 semanas (Ballard), AIG, pré-natal completo, sem outras intercorrências, evolui com sofrimento respiratório progressivo. A principal hipótese diagnóstica é: a) Pneumonia neonatal b) Taquipneia transitória c) Síndrome de aspiração meconial d) Síndrome do desconforto respiratório e) Hérnia diafragmática 6. Um recém-nascidode 48 horas de vida e idade gestacional de 31 semanas, além de peso de 1500g, apresenta 3 episódios de pausa respiratória, de 20 a 25 segundos de duração cada, nos quais a frequência cardíaca caiu de 140 para 100bpm, e a criança permaneceu sem movimentação e com oximetria de 75%. Dentre os episódios, entretanto, o bebê apresenta atividade normal e FR=50irpm. A dosagem de glicose no sangue é de 50mg/dl, e o cálcio sérico, de 8mg/dl. Os episódios de pausa respiratória são, provavelmente, por: a) Imaturidade do centro respiratório b) Respiração periódica c) Manifestação de epilepsia d) Doença pulmonar de base e) Manifestação de hipoglicemia 7. Considere um recém-nascido com 36 semanas de idade gestacional, nascido por cesariana eletiva, sem trabalho de parto. Apgar 8 e 9. Evoluiu com FR entre 80 e 90irpm e discreta tiragem intercostal. Foi colocado em CPAP nasal e manteve saturação de O2 > 90%. Radiografia de tórax mostrando pulmões hiperinsuflados com congestão peri-hilar, espessamento da cisura do pulmão direito e inversão do ângulo costofrênico bilateral. Qual é sua hipótese diagnóstica? a) Quilotórax congênito b) Taquipneia transitória do recém-nascido c) Derrame parapneumônico d) Linfangiectasia pulmonar e) Broncopneumonia por Streptococcus do grupo B 8. Um recém-nascido com 6 horas de vida apresenta batimento de asa nasal, gemência, taquidispneia e retração intercostal. Tem história materna de diabetes mellitus, sendo indicado parto cesárea por sofrimento fetal. O peso ao nascer foi de 2650g, com idade gestacional de 35 semanas. A radiografia de tórax mostra infiltrado reticulogranular difuso, presença de broncograma aéreo e aumento do líquido pulmonar. Qual é a hipótese diagnóstica mais provável? a) Cardiopatia congênita b) Taquipneia transitória do recém-nascido c) Pneumonia precoce d) Hipertensão pulmonar persistente neonatal e) Síndrome do desconforto respiratório neonatal 9. Recém-nascido de 32 semanas de idade gestacional e 1 hora de vida apresenta desconforto respiratório. Nasceu de parto vaginal após genitora chegar em período expulsivo a serviço de emergência obstétrica. Apresentou Apgar 1’: 7 e 5’: 9 e recebeu ventilação com pressão positiva ao nascer. Exame físico: estado geral regular, dispneico, TSC + e TIC +, gemente, corado, hipoativo. AR: murmúrio vesicular presente sem ruídos, pouca expansibilidade torácica, FR: 74 irpm, SatO2 91% em CPAP com FiO2 50%. Uma radiografia de tórax desse paciente deve mostrar a) Retificação de arcos costais com campos pulmonares limpos b) Broncograma aéreo e infiltrado reticulo granular fino e difuso c) Pneumotórax e enfisema pulmonar d) Broncograma aéreo e atelectasia lobar à direita e) Infiltrado nodular grosseiro e irregular com áreas de hipoinsuflação 10. Um recém-nascido de 30 semanas de idade gestacional, pesando 1250g, é encaminhado para a UTI neonatal por apresentar desconforto respiratório progressivo após o nascimento. A radiografia de tórax apresentou opacificação completa dos campos pulmonares e imagem cardíaca não visualizada. Com relação a este caso, qual é o diagnóstico provável: a) Pneumonia congênita b) Taquipneia transitória do recém-nascido c) Síndrome de aspiração meconial d) Hipertensão pulmonar do recém-nascido e) Doença da membrana hialina GABARITO 1) A 6) A 2) D 7) B 3) A 8) E 4) B 9) B 5) D 10) E HEMATOLÓGICAS DOENÇA HEMOLÍTICA NEONATAL Eritroblastose fetal (ou Incompatibilidade Rh) • Antígeno D do fator Rh • Raramente ocorre na 1ª gravidez • Exposição da mãe ao antígeno no periparto (IgM não atravessa a placenta) • Incompatibilidade Rh + Incompatibilidade ABO = essa associação gera certa proteção da sensibilização materna, ou seja, há um menor risco da mãe ser sensibilizada pelo fator Rh e, assim, o quadro é menos grave. o Pela mãe ser do grupo sanguíneo O, ela naturalmente já tem anticorpos contra os outros tipos de sangue, isso faz com que antes de acontecer a sensibilização pelo fator Rh, os seus anticorpos já destruam as hemácias “estranhas” • Piora a cada gestação • Quadro clínico: anemia, hepatoesplenomegalia, icterícia Quando a capacidade compensatória do sistema hematopoético é excedida, o paciente apresenta: anemia profunda (palidez, descompensação cardíaca e anasarca). • Laboratório: ↑reticulócitos, coombs direto positivo o Coombs direto: quer dizer que o anticorpo está ligado ao antígeno (criança) o Coombs indireto: mãe • Diagnóstico pré-natal o Grande titulação de IgG anti-D na mãe o Amniocentese: presença de bilirrubina em excesso observada por espectrofotometria ▪ Mãe com evidência de sensibilização (pelo menos 1:16) ▪ Sinais de hemólise ou hidropisia ao USG • Hidropisia fetal é o acúmulo de líquido em pelo menos 2 compartimentos do feto onde não esperaríamos líquido, tudo decorrente da descompensação cardíaca, que vem da anemia. Pode levar à morte intrauterina. o Ex: pele, pleura, pericárdio, peritônio • Tratamento: evitar a morte por anemia/asfixia; evitar a neurotoxicidade pela hiperbilirrubinemia (kernicterus) o Intraútero (hidropisia ou anemia fetal – HT < 30%) → transfusão pela veia umbilical (sedação com Diazepam, paralisia fetal com pancurônio) o Reserva de sangue O- cruzado com sangue materno o Ao nascimento, acompanhar Hg, Ht, bilirrubina sérica a cada 4/6 horas o Exsanguineotransfusão: 2 volemias (O Rh negativo): 2 x 85 x peso (kg) o Podemos fazer sangue A ou B Rh negativos em casos selecionados PREVENÇÃO • Anti-D gamaglobulina (Rhogam) feito na mãe até 72 horas após o nascimento da criança • Ideal → 2 doses o 1ª – 28 a 32 semanas de gestação o 2ª – até 72 horas após nascimento Incompatibilidade ABO • Causa mais comum de doença hemolítica do RN • Menos grave • Mãe O e RN A ou B • Laboratório: ↑reticulócitos, coombs direto positivo (fraco a moderado) o O coombs direto pode acabar sendo negativo mesmo com doença (diferente da incompatibilidade Rh) • Tratamento o Fototerapia o Exsanguineotransfusão sangue O, mesmo Rh do RN ▪ Indicação plena para exsanguinotransfusão total: kernicterus Que tratamento, além da fototerapia, pode ser instituído caso a bilirrubina chegue a níveis alarmantes em pacientes com anemia hemolítica autoimune, como forma de evitar a exsanguineotransfusão total? R- Imunoglobulina intravenosa, eficaz para reduzir a bilirrubina em pacientes com anemia hemolítica e coombs direto positivo. É importante lembrar que infecções congênitas podem se manifestar com hemólise, icterícia, hepatoesplenomegalia, mas o teste de coombs direto é negativo, sendo importante fazer esse diagnóstico diferencial. DOENÇA HEMORRÁGICA NEONATAL A presença de sangramento no recém-nascido (RN) pode estar associada a quadros graves de infecção, doenças hematológicas ou deficiência de vitamina K. Para o tratamento correto, é necessário que se obtenha o diagnóstico preciso. Em alguns casos, como na doença hemofílica, o diagnóstico só poderá ser confirmado por testes laboratoriais específicos; em outros, por exemplo, na doença hemorrágica do RN, a associação de um bom exame clínico, anamnese e provas de coagulação fazem o diagnóstico. ANAMNESE • História familiar de sangramento, • História das gestações anteriores, • História de doenças de coagulação na família, • Doenças maternas (principalmente infecções), • Drogas usadas na mãe e no neonato, • Certeza da administração da vitamina K no RN As crianças que são amamentadas ao seio devem ter suas mães investigadas para fissura mamária. A deglutição de leite materno com sangue é um fator de confusão para diagnósticos de sangramento digestivo. A presença de situações de estresse deve ser valorizada, sendo comum a ocorrência de hemorragia digestiva em RN internados em unidades de terapia intensivaneonatal, provocada por úlceras EXAME FÍSICO • Sangramento é localizado ou difuso? • Aspecto clínico é de uma criança doente ou saudável? Um RN saudável normalmente apresenta petéquias onde houve congestão venosa ou traumatismo no parto. A presença de petéquias exclusivamente na face é consequência de circular de cordão ou apresentação de face. Essas petéquias comumente aparecem imediatamente após o parto, desaparecendo com o passar dos dias, não estando associadas com outros sangramentos. Doença hemorrágica do recém-nascido por deficiência de vitamina K O uso profilático da vitamina K reduziu drasticamente o número de crianças com doença hemorrágica do RN. A vitamina K está relacionada com a síntese da protrombina (fator II) e com a produção dos fatores VII, IX e X, que são sintetizados no fígado. Na ausência da vitamina K, o fígado sintetizará proteínas precursoras inativas. Por ser uma vitamina lipossolúvel, só pode ser absorvida no intestino na presença de sais biliares. Como a capacidade de armazenagem da vitamina K é baixa e a meia-vida dos fatores dependentes da vitamina K é curta, ocorre deficiência desses fatores rapidamente quando a ingesta é insuficiente. Nos primeiros dias de vida, a única fonte de vitamina K para o RN provém da alimentação. São considerados fatores de risco para doença hemorrágica do RN as seguintes situações: uso de anticonvulsivantes na gestação (fenitoína ou fenobarbital); não receber vitamina K profilática ao nascimento; jejum crônico sem suplementação de vitamina K; uso de antibióticos de largo espectro e RN com mucoviscidose. O diagnóstico da deficiência de vitamina K deve ser feito com base no quadro clínico e nos exames laboratoriais. O RN com deficiência de vitamina K possui três apresentações clínicas: precoce, clássica e tardia. • Quadro precoce A apresentação precoce está relacionada com o uso de medicações maternas durante a gestação que interferem nos depósitos ou na função da vitamina K. A população de risco são os RN filhos de gestantes que fazem uso de anticoagulantes ou antibióticos de largo espectro. O quadro clínico inicia-se nas primeiras 24 horas de vida. Observam-se hemorragia umbilical, hematomas e sangramento em locais de punção nas primeiras 24 horas de vida. O diagnóstico é feito por apresentar um quadro clínico precoce associado à história de medicação durante a gestação. ➔ As gestantes que fazem uso dessas medicações devem receber vitamina K no último trimestre da gestação para assegurar uma oferta adequada para o feto. Sendo assim, o quadro precoce não está relacionado com a falta de profilaxia, mas, sim, associado ao uso de drogas utilizadas pela gestante. • Quadro clássico Usualmente, são crianças com aspecto saudável, sem quadro clínico de asfixia ou infecção, mas que apresentam sangramento. Este ocorre durante a primeira semana de vida, a partir do segundo dia, frequentemente em sistema digestivo, umbigo ou após algum procedimento invasivo. • Quadro tardio O RN em bom estado geral que apresenta sangramento tem diagnóstico provável de doença hemorrágica do RN, alterações plaquetárias ou deficiência dos fatores de coagulação. Quadros de hepatoesplenomegalia e icterícia sugerem quadro infeccioso e coagulação intravascular disseminada (CIVD). EXAMES LABORATORIAIS Para a investigação inicial, devem ser solicitados: tempo de protrombina (TP), tempo parcial de tromboplastina ativada (TTPA), international normalised ratio (INR), fibrinogênio, contagem de plaquetas e teste de Apt-Downey. o Esse teste diferencia a hemoglobina materna da hemoglobina fetal ▪ Coloração marrom-amarelada (+) → hemoglobina de adulto; ▪ Coloração rósea (-) → hemoglobina fetal. O quadro tardio é encontrado em crianças entre 8 dias e 12 semanas de idade. Está associado a uma baixa ingesta, deficiência na absorção ou produção diminuída de vitamina K. A população de risco em que ocorrem esses casos é: RN em nutrição parenteral total, diarreia crônica, fibrose cística, deficiência de alfa- 1-antitripsina, hepatite, doença celíaca e distúrbios da absorção de gorduras. Nesses casos, deverá ser suplementada a vitamina K em intervalos regulares, conforme indicação específica de cada doença. ➔ É de extrema importância atentar para a hemorragia intracraniana, pois possui alta mortalidade Diagnóstico laboratorial Fibrinogênio e plaquetas Normais TP e TTPA Prolongados (aumentados) INR Superior a 1 A normalização dos valores laboratoriais após o uso de vitamina K confirma o diagnóstico, o quadro hemorrágico é interrompido em 12 a 24 horas após a sua administração. Profilaxia ➔ O uso de vitamina K via IM (1mg) reduz a incidência do quadro clássico de doença hemorrágica do RN. Tratamento Em situações em que o sangramento é pequeno e o diagnóstico de doença hemorrágica for a maior suspeita, deverá ser administrada vitamina K na dosagem de 1 a 2 mg, EV (a dosagem pode ir até 5mg). Nas situações em que a gestante está fazendo uso de hidantoinatos, fenobarbital ou outros anticonvulsivantes, está indicado o uso de 10 mg de vitamina K na gestante, 24 horas antes do parto, e deve ser feita a profilaxia com 1 mg de vitamina K no RN, repetindo a dose após 24 horas. Se houver sinais de sangramento no RN, deverão ser colhidas provas de coagulação (plaquetas, TP e TTPA). Síndrome do sangue deglutido A síndrome do sangue deglutido, em que sangue ou fezes com sangue são eliminados pela via retal, frequentemente no segundo ou no terceiro dia de vida, pode ser confundida com a hemorragia do trato gastrintestinal. O sangue pode ser deglutido durante o parto ou até de uma fissura no mamilo materno durante o aleitamento. A diferenciação com hemorragia do trato gastrintestinal baseia-se no fato de que o sangue da criança contém predominantemente hemoglobina fetal, que é álcali resistente, enquanto o sangue da mãe deglutido pela criança contém hemoglobina do tipo adulto, que é prontamente mudada para hematina alcalina depois de ser adicionada ao álcali, dessa forma, realizamos o teste de Apt-Downey para confirmação. POLICITEMIA NEONATAL A policitemia, definida como hematócrito central de 65% ou mais, ocorre em 3 a 5% dos RNs, aumentando a sua incidência para cerca de 30% nos RNs de mães diabéticas. Esses RNs e aqueles com RCIU podem ter sido expostos à hipóxia fetal crônica, que estimula a eritropoetina e, dessa forma, a produção de hemácias. Pode ainda acontecer nas seguintes condições: hipertransfusão placentária, como na transfusão de gêmeo a gêmeo, transfusão materno-fetal, ligação tardia do cordão, ordenha do cordão, insuficiência placentária, problemas endócrinos e metabólicos – hiperplasia adrenal congênita, tireotoxicose neonatal – e outros, como síndrome de Down, trissomia 13 e trissomia 18, síndrome de Beckwith-Wiedemann e uso materno de drogas, como o propranolol. O aumento na produção de eritrócitos causa uma hiperviscosidade sanguínea, que – por sua vez – promove a estase na microcirculação e, consequentemente, o aparecimento dos sintomas de policitemia, que são: cianose, insuficiência cardíaca congestiva, agitação, irritabilidade, apneia, desconforto respiratório, intolerância alimentar, regurgitação, vômitos ou aumento do aspirado gástrico várias horas após a alimentação. Os RNs apresentam, com maior frequência, hipoglicemia, hipocalcemia, hiperbilirrubinemia e trombocitopenia. São complicações graves: convulsões, hipertensão pulmonar, enterocolite necrosante, falência renal e trombose da veia renal. O tratamento da policitemia consiste na exsanguineotransfusão parcial (com SF a 0,9%), que irá diminuir o hematócrito e a viscosidade, aliviando os sintomas agudos. Esse procedimento está indicado nos pacientes com Ht central ≥ 70% ou Ht menor com sinais de hiperviscosidade. 1. Uma primípara de 19 anos desenvolve toxemia noúltimo trimestre da gravidez e, durante o curso do seu trabalho de parto, é tratada com sulfato de magnésio. Com 38 semanas de gestação, deu à luz uma criança com 2300g e escore de Apgar 7. Os estudos laboratoriais com 18 horas de vida revelaram hematócrito de 79%, glicose 38mg/dl e cálcio de 8,7mg/l. Logo após, esta criança apresentou uma convulsão generalizada. A causa mais provável da convulsão é: a) Policitemia b) Hipoglicemia c) Hipocalcemia d) Hipermagnesemia e) Hipomagnesemia 2. Um recém-nascido a termo, com peso ao nascer de 3150g, inicia icterícia com 18 horas de vida, sem apresentar outras alterações ao exame físico. A tipagem sanguínea materna é O negativo, e a do recém- nascido, A positivo. Coombs direto: negativo. A hipótese diagnóstica é: a) Icterícia fisiológica b) Doença hemolítica pelo sistema Rh c) Doença hemolítica pelo sistema ABO d) Doença hemolítica pelos sistemas Rh e ABO e) Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase 3. Considere um recém-nascido a termo, com 6 horas de vida, filho de mãe primípara sem registro de intercorrências no pré-natal e no parto, tendo dificuldade com a amamentação. Ao exame clínico, o único sinal observado foi icterícia na face e na parte superior do tronco. Quais são o diagnóstico e a conduta mais prováveis? a) Quadro normal; apenas observar a evolução b) Icterícia fisiológica; avaliar bilirrubina direta e total no recém-nascido c) Icterícia por baixa ingesta; estimular a mamada d) Icterícia; avaliar bilirrubinas direta e total no recém-nascido e suspender o leite materno e) Icterícia hemolítica; avaliar bilirrubinas diretas e totais no recém-nascido e, na mãe e no recém- nascido, verificar tipo sanguíneo e fator Rh e realizar teste de Coombs 4. Um recém-nascido que nasceu de parto domiciliar há cerca de 3 horas, pesando 3200g, chega à Unidade Básica de Saúde. A mãe refere que a gestação era a termo (39 semanas) e sem intercorrências durante o pré- natal. A acompanhante relata que o recém-nascido apresentou choro forte ao nascimento. A laqueadura do cordão umbilical ocorreu somente no momento do atendimento médico na UBS. Ao exame, o recém- nascido apresentava-se pletórico, hipoativo e com cianose de extremidades. Qual dos exames a seguir é fundamental para o esclarecimento diagnóstico nesse caso? a) Ultrassonografia cerebral b) Gasometria arterial c) Dosagem de metahemoglobina d) Dosagem de cálcio sérico e) Hematócrito 5. Um menino de 10 dias de vida é trazido ao pronto socorro por sangue nas fezes há 2 dias. Nasceu com idade gestacional de 39 semanas e 2 dias, por via vaginal, com boletim de Apgar 9/10/10. As triagens neonatais indicadas foram realizadas e resultaram normais. Na maternidade, recebeu 1mg de vitamina K por via intramuscular e as vacinas para hepatite B e BCG-ID. Permaneceu em alojamento conjunto com alta da maternidade no 3° dia de vida, sem intercorrências. Atualmente está em aleitamento misto, com leite materno e fórmula láctea, que a mãe iniciou após a alta da maternidade, pois sentia que tinha pouco leite. A mãe usa carbamazepina há 6 anos, para controle de epilepsia. No exame clínico, encontra-se em bom estado geral. Semiologia abdominal sem alterações. Não há fissuras ou outras lesões perineais. A mãe traz fralda com presença de sangue (confirmado pelo teste de catalase, que veio positivo). O restante do exame clínico da criança é normal. Também foram examinadas as mamas da mãe, sem fissuras ou quaisquer outras lesões. Qual é a principal hipótese diagnóstica para o sangramento do recém-nascido? a) É compatível com sangramento por deficiência de vitamina K forma tardia, devendo-se administrar uma dose de 2mg de vitamina K intravenosa, com parada do sangramento esperada em, no máximo, 4 horas b) É a forma clássica do sangramento por deficiência de vitamina K, devido à baixa quantidade dessa vitamina na fórmula derivada do leite de vaca. Devem-se administrar 2mg de vitamina K por via oral e reforçar o aleitamento materno exclusivo c) É decorrente do uso de anticonvulsivante, que interfere na absorção intestinal da vitamina K pelo RN, levando a uma coagulopatia, sendo denominado sangramento dependente da deficiência de vitamina K forma precoce d) É sugestivo de alergia à proteína do leite de vaca, não podendo ser classificado como sangramento dependente de deficiência de vitamina K, nas formas clássica ou tardia 6. Menino com 16 horas de vida, em alojamento conjunto, apresenta icterícia em região de face e tronco, pouco acima do umbigo. Nasceu por via vaginal, com idade gestacional de 35 semanas e 4 dias. Apresentava máscara equimótica em face, devido a 2 circulares cervicais de cordão umbilical. Seu peso ao nascer foi 2620g e seu boletim de Apgar 8/10/10. Dentre as alternativas a seguir, qual está correta sobre a icterícia desse recém-nascido? a) Trata-se de icterícia neonatal precoce decorrente da prematuridade, com quadro clínico diverso da icterícia fisiológica do RN a termo b) É decorrente de colestase transitória, encontrada no prematuro nas primeiras 24 horas de vida, e deve desaparecer com 3 a 5 dias de vida c) É causada pela reabsorção do sangue extravasado em face (máscara equimótica), e espera-se que desapareça entre 24 e 48 horas de vida d) Deve ser iniciado tratamento com fototerapia e investigada doença hemolítica (decorrente da incompatibilidade sanguínea, por exemplo) 7. Um RN a termo com 22 horas de vida apresenta, durante o exame físico diário, icterícia em face que se estende até a região dos tornozelos. A mãe, sem gestações anteriores, é de tipo sanguíneo O negativo, e o pai, A negativo. Em relação ao caso exposto, é correto afirmar que: a) A mãe deve receber imunoglobulina anti-Rh pelo fato de ser O negativo b) Não há necessidade de nenhuma intervenção no bebê, pois se trata de icterícia fisiológica do recém- nascido c) A contagem de reticulócitos e a dosagem de hematócrito e hemoglobina do recém-nascido não ajudam na confirmação da existência de hemólise d) Exclui-se doença hemolítica pela ausência de sensibilização prévia e) O teste de coombs direto muitas vezes é de difícil interpretação nesses casos GABARITO 1) A 6) D 2) C 7) E 3) E 4) E 5) D
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