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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BRAGANÇA FACULDADE DE EDUCAÇÃO- FACED Disciplina: Psicogênese da Linguagem Oral e Escrita Professora: Neide M. F. R. de Sousa Período: 08/02 a 26/02/2021 PL 2020/4 Turno: noite Nome do aluno Matrícula 2º Exercício avaliatório Com base no artigo “Contribuições de Ferreiro e Teberosky na alfabetização no Brasil”, responda as questões. Qual o objetivo e a questão problema do artigo R: A presente pesquisa teve como objetivo refletir sobre as implicações dos estudos de Ferreiro e Teberosky na alfabetização no Brasil, explicitando suas contribuições e equívocos aqui no Brasil. A pesquisa das autoras causou uma “revolução conceitual” e avanços na alfabetização, pois, ao contrário dos métodos de alfabetização os quais enfatizavam apenas os procedimentos de como ensinar, as pesquisadoras procuraram, por meio de seus estudos, mostrar como as crianças aprendem, bem como os níveis/hipóteses muito lógicos que elas constroem antes de se apropriarem sistemas de escrita alfabética. Por outro lado, estes estudos foram alvo de debates e discussões por conta de alguns equívocos de determinados estudiosos e professores alfabetizadores. Qual o objeto de estudo das pesquisas de Ferreiro e Teberosky na década de 1980? R: A partir da década de 80 a alfabetização no Brasil foi marcada por uma mudança de paradigma inspiradas nos estudos de Piaget sobre a psicologia e na epistemologia genética, Ferreiro e Teberosky pesquisaram sobre a alfabetização, tomando como foco central a compreensão de como os alunos aprendem a ler e escrever, em outras palavras, como as crianças pensam e organizam seus conceitos a respeito da escrita. Quais os princípios que nortearam os trabalhos das autoras ? R: Emilia Ferreiro e Ana Teberosky partiram do pressuposto da teoria piagetiana – de que todo conhecimento possui uma origem – e, pelo método clínico de Piaget, observaram 108 crianças e seu funcionamento do sistema de escrita. Cite e comente os níveis de que a criança constrói no desenvolvimento da escrita R: De acordo com Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (1989), a criança passa por um processo de aquisição de escrita baseado em cinco níveis de hipóteses: pré-silábica, intermediário, hipótese silábica, hipótese silábico-alfabética e hipótese alfabética. No nível da hipótese pré-silábica, a diferenciação entre a grafia de uma palavra e outra é inexistente, uma vez que os traços são muito semelhantes entre si. Somente o autor da escrita pré-silábica é capaz de identificar o que fez. Desta forma, a escrita nesta fase pode não funcionar como veículo de comunicação. No nível de hipótese intermediário, a criança começa a ter consciência de que existe alguma relação entre a pronúncia e a escrita, além de começar a desvincular a escrita das imagens, dos números e das letras. Já no nível de hipótese silábica, as letras começam a serem usadas com valores silábicos fixos e o conflito entre a nova fase e a fase anterior provoca na criança um amadurecimento educacional. Quando a criança passa da hipótese silábica para a silábico-alfabética, ela inicia uma busca por símbolos para expressar a escrita dos objetos referidos, tentando aproximar ao máximo a representação sonora da representação gráfica. De tal modo, a criança pode combinar só vogais ou só consoantes, fazendo grafias equivalentes para palavras diferentes ou combinar vogais e consoantes numa mesma palavra, na tentativa de ajustar os sons, mas sem tornar ainda sua escrita socializável. Na última hipótese do processo de aquisição da escrita, o nível de escrita da criança é classificado como alfabético. Nesta fase, a criança compreende que a escrita tem uma função social: a comunicação. Quais os impactos dos estudos de Ferreiro no Brasil ? R: Os estudos de Ferreiro e Teberosky foram amplamente divulgados no Brasil a partir do Programa de Formação de Alfabetizadores (PROFA), política de Alfabetização do Governo Federal para as escolas brasileiras. A partir deste trabalho e discussões realizadas, houveram mudanças significativas nas concepções dos professores alfabetizadores e nas suas práticas pedagógicas, o aluno passou visto como um ser cognoscente que tem ideias sobre o objeto de aprendizagem, ideias estas até então ignoradas pelos educadores. Quais as principais conclusões das autoras sobre as contribuições de Ferreiro e Teberosky na alfabetização no Brasil? R: A alfabetização no Brasil passou por mudanças bastante significativas a partir da introdução dos estudos de Ferreiro e Teberosky. Um dos grandes avanços foi a percepção do professor em ver a criança como um ser cognoscente, que possui ideias próprias sobre a escrita, que constroem hipóteses diferenciadas, de acordo com suas elaborações mentais. No entanto é válido ressaltar, que o conhecimento dos níveis de escrita sem a intervenção efetiva e assertiva do professor, em nada colabora ou favorece o processo de aquisição da linguagem escrita. O diagnóstico de escrita apresenta-se como possibilidade de conhecer de que forma a criança pensa a escrita, a partir daí criar estratégias e propor intervenções adequadas, mediando a relação entre a criança e o objeto social que é a escrita. A pesquisa de Ferreiro e Teberosky é esclarecedora, contudo informações que poderiam facilitar o trabalho do professor e beneficiar diretamente os alunos não tem sido devidamente utilizadas, ou seja, em muitas escolas e salas de aula, instalou-se uma visão de que as crianças cometiam erros “construtivos” em função do nível de escrita que se encontravam, mas também a impressão, de que superariam seus erros por conta própria, desmaterializando a importância do papel do professor no processo de ensino-aprendizagem.