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Profa. Ma. Eliana Delchiaro UNIDADE I Alfabetização e Letramento Magda Soares (07/09/1932 – 01/01/2023): Graduada no campo das línguas e literatura, Doutora e Livre-docente em Educação, professora titular emérita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. É uma das principais referências em alfabetização e letramento do país, contribuiu efetivamente para a pesquisa e a prática de ensino da Língua Portuguesa na Educação Básica. “O problema não é o método de alfabetização, é alfabetizar sem método.” Magda Soares Magda Soares – Deixa legado e inspiração Imagem da capa do e-book Cartas para Magda, 2021. Fonte:_https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/Not%C3 %ADcias/Cartas%20para%20Magda.pdf Perceber as relações entre letramento, alfabetização e cidadania. Analisar o sistema de escrita e seus usos práticos em sala de aula. Compreender a linguagem escrita enquanto uma convenção social. Evidenciar o papel do(a) professor(a) como mediador(a) da aprendizagem no desenvolvimento de processos que devem ser cuidadosamente planejados. Blocos da Unidade I: 1. Cidadania e história da escrita. 2. Métodos, fundamentos e críticas. 3. Psicogênese da escrita. 4. Contribuições e equívocos da psicogênese. Objetivos da disciplina e Organização da Unidade I “aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade” (SEVERINO, 1989, p. 9). “A leitura do mundo precede a leitura da palavra [...].” (FREIRE, 1989, p. 11) Para começar a conversa Analfabetismo Alfabetização Cidadania Considerado alfabetizado: Até a década de 1950: quem soubesse assinar o próprio nome. Atualmente: (recém-alfabetizado) que tenha competências de leitura e compreensão de pequenos textos, além da produção autônoma de textos práticos de circulação social. Alfabetismo é a capacidade de compreender e utilizar a informação escrita e refletir sobre ela: um contínuo que abrange desde o simples reconhecimento de elementos da linguagem escrita e dos números até operações cognitivas mais complexas; envolvem a integração de informações textuais e dessas com os conhecimentos e as visões de mundo aportados pelo leitor. Dois domínios: 1. o das capacidades de processamento de informações verbais, que envolvem uma série de conexões lógicas e narrativas, denominado como letramento; 2. o das capacidades de processamento de informações quantitativas, que envolvem noções e operações matemáticas, chamado numeramento (INAF, 2018, p. 4). Alfabetização – hoje e ontem O analfabetismo vai muito além da questão da aprendizagem da leitura e escrita, pois questões de natureza política, social e econômica determinam essa situação, vejamos: 1. Políticas públicas voltadas para a educação. 2. A forma como a escola está desenvolvendo suas práticas pedagógicas. 3. A desigualdade social no Brasil provoca grandes problemas ao país e ao indivíduo. 4. A formação de professores, tanto a inicial de forma aligeirada e com pouco conteúdos sobre alfabetização como a ausência de formação continuada, entre outros. Anos 2020/2021 mais um complicador: a pandemia da Covid-19 causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). UNICEF: Países de baixa e média renda – 70% das crianças de até 10 anos tornaram-se incapazes de ler ou entender um texto simples. No Brasil: 3 em cada 4 estudantes matriculados no 2º ano do EF estão fora do nível esperado – antes era de 1 em cada 2 estudantes. Analfabetismo e fracasso escolar, qual é a relação? A humanidade levou muito tempo para chegar no sistema de escrita alfabético: passou pelos sistemas pictográficos e ideográficos até chegar nos silábicos, o que não foi um processo rápido. É essa perspectiva evolucionista que nos leva a pensar no esforço que o alfabetizando realiza para reconstruir em sua mente, pois trata-se do mesmo caminho que o homem percorreu no seu desenvolvimento para a escrita. A criança primeiramente desenha de memória, depois substitui os traços que lembram o objeto de desenho por sinais indicativos ou figuras e finalmente utiliza os signos. Assim como a humanidade, ela parte do pictórico (desenho) para o alfabeto (simbologia). Vamos entender como chegamos até a escrita atual? Fonte: Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Capivara_pintura_rupestre.jpg. A representação das palavras por desenhos numa certa ordem, criando um significado para cada desenho, foi a tentativa de representar o mundo por diferentes povos – os sumérios, os chineses, os egípcios – que chegaram a criar uma escrita com 600 pictogramas. Perspectiva histórica Fonte: Adaptado de https://pixabay.com/images/id-597658/ Escrita pictórica e alguns símbolos correlacionados com o alfabeto: Com o tempo, as representações foram perdendo a analogia com o objeto que representavam e evoluíram. Assim, os sumérios chegaram à escrita cuneiforme, totalmente convencional, em que o significante não se assemelha à coisa representada. “O homem percorreu um caminho: do desenho das cavernas, passou pela sofisticação da combinação de gestos e sinais de pictogramas, até desenvolver os símbolos arbitrários, totalmente convencionais, que passaram de geração em geração como herança cultural.” (CÓCCO; HAILLER, 1996, p.17) Perspectiva histórica Exemplo de escrita cuneiforme Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/cuneiforme- roteiro-ancestral-1781019/. Exemplo de escrita cuneiforme: Os sumérios evoluíram a escrita da nossa língua para o mesmo estágio que temos hoje: criaram a fonetização (o uso de signos representativos de uma palavra para representar outra palavra). Perceberam que a fonetização fazia crescer a possibilidade de representação do mundo em volta deles, ou seja, com o uso de signos representativos de palavras no intuito de representar outras, inclusive ideias abstratas. Exemplos: Perspectiva histórica Fontes: https://www.flaticon.com/br/sticker-gratis/banco_8871547?related_id=8871547 https://www.flaticon.com/br/icone-gratis/banco-de-sentar_5995823?related_id=5995823 Banco Banco Foram os fenícios, que realizavam ativamente navegações e atividades comercias com outros povos, que, por uma necessidade de poder e de controle no fluxo de mercadorias, conseguiram organizar um sistema de escrita mais restrito de caracteres que expressavam os sons consonantais. Esse registro orientava-se pelo som das palavras, pelos significantes, não mais pelo significado. Assim surge, em torno de 1200 a.C., o que pode se considerar o primeiro alfabeto: um sistema de representação dos sons das palavras, não de seus significados (SOARES, 2022). Foi a partir dessa referência de escrita criada pela escrita fenícia que os gregos criaram as vogais, o que acabou permitindo a criação da escrita alfabética. A escrita grega acabou servindo de referência, sendo adaptada pelos romanos, que acabaram construindo o sistema de escrita alfabético greco-romano, que deu origem ao alfabeto como conhecemos na atualidade. A conquista do alfabeto Desde o século XX estamos vivendo uma revolução na escrita pela intervenção dos recursos audiovisuais, como a televisão, o computador e os telefones celulares. Eles têm provocado acentuadas modificações nas formas de comunicação, chegando a criar novos gêneros discursivos e o uso de símbolos, como os emojis, que representam sentimentos e emoções. A língua – um instrumento, mudanças presentes Fonte: https://pixabay.com/pt/vectors/emojis-emoji-hipster- engra%c3%a7ado-4518355/. Fonte: Acervo da autora. Essa breve retrospectiva histórica é essencial para que possamos evidenciar que a escrita surge como uma convenção social, desenvolvendo-se historicamente a partir de um esforço de diferentes culturas até que chegássemos ao atual sistema de escrita. Ninguém nasce sabendo ler e escrever, não podemosnaturalizar essa capacidade, já que é algo que precisa ser ensinado para que possa ser aprendido. Quando o indivíduo se alfabetiza, de certo modo reconstrói todo um percurso que a própria humanidade teve que percorrer até chegarmos à escrita que utilizamos hoje. A escrita – uma convenção social Fonte: https://unsplash.com/pt- br/fotografias/h0O5GL0PUjk?utm_source=u nsplash&utm_medium=referral&utm_conten t=creditShareLink https://unsplash.com/pt- br/fotografias/sTnZRUJm- kI?utm_source=unsplash&utm_medium=ref erral&utm_content=creditShareLink Escrita chinesa Escrita árabe O homem pré-histórico já lia os sinais da natureza e os interpretava, assim como tentava reproduzir mensagens nas pedras e rochas. Isso deu origem aos primeiros pictogramas com intenção de se comunicar. Assinale a alternativa que se relacione corretamente com esse fato: a) A criança percorre, no seu desenvolvimento, dentro de seu ambiente cultural, o mesmo caminho percorrido pela humanidade na organização dos símbolos, da linguagem e do conhecimento. b) As crianças pré-históricas já tinham capacidade de desenhar, embora a escrita ainda não tivesse sido inventada. c) O homem pré-histórico tinha a mesma capacidade linguística das crianças de quatro anos. d) A escrita é um processo natural na vida da criança. e) A comunicação é uma necessidade do ser humano. Interatividade O homem pré-histórico já lia os sinais da natureza e os interpretava, assim como tentava reproduzir mensagens nas pedras e rochas. Isso deu origem aos primeiros pictogramas com intenção de se comunicar. Assinale a alternativa que se relacione corretamente com esse fato: a) A criança percorre, no seu desenvolvimento, dentro de seu ambiente cultural, o mesmo caminho percorrido pela humanidade na organização dos símbolos, da linguagem e do conhecimento. b) As crianças pré-históricas já tinham capacidade de desenhar, embora a escrita ainda não tivesse sido inventada. c) O homem pré-histórico tinha a mesma capacidade linguística das crianças de quatro anos. d) A escrita é um processo natural na vida da criança. e) A comunicação é uma necessidade do ser humano. Resposta A escrita: É uma criação coletiva, por meio de um processo histórico sociológico, que envolveu a capacidade intelectual do ser humano. Sempre esteve atrelada ao poder, sendo uma resposta do homem às necessidades pessoais, sociais, econômicas e culturais. Com o surgimento das cidades, as relações se intensificaram e se tornaram complexas e impossíveis de serem guardadas somente na memória. Havia a necessidade de registrar: transações comerciais; leis; normas; festas religiosas; pensamentos etc. A escrita foi inventada como uma técnica, uma tecnologia para atender as demandas da sociedade, e foi se tornando grafocêntrica (centrada em imagem escrita ou gráfica). Demandas sociais conduziram a invenção da escrita a seus usos e funções. A escrita representa poder Soares (2022), apresenta uma interpretação do processo vivido pelo homem no surgimento da escrita e alia a essa explicação a construção dos conceitos de alfabetização e letramento. Os conceitos de alfabetização e letramento se originaram a partir do processo histórico da invenção da língua escrita. A invenção da escrita esteve a serviço das necessidades do homem e todo o tempo esteve e está vinculada a seus usos sociais e demandas culturais (SOARES, 2022). As aprendizagens de alfabetização e letramento se diferenciam porque têm processos próprios, mas são interdependentes, como se viu ao longo da história. Vamos entender melhor o significado desses conceitos? Alfabetização e Letramento Alfabetização e Letramento Fonte: https://unsplash.com/pt- br/fotografias/GDokEYnOfnE?utm_sourc e=unsplash&utm_medium=referral&utm_ content=creditShareLinkcriança Processo de apropriação da "tecnologia da escrita", isto é um conjunto de técnicas – procedimentos, habilidades – necessários para a prática da leitura e da escrita. (Soares, 2022, p. 27). Capacidade de uso da escrita para inserir-se nas práticas sociais e pessoais que envolvem a língua escrita e que implica em habilidades várias, tais como capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes objetivos. (Soares, 2022, p. 27). Alfabetização e letramento são processos cognitivos e linguísticas distintos, portanto, a aprendizagem e o ensino de um e de outro é de natureza essencialmente diferente, entretanto, as ciências em que se baseiam esses processos e a pedagogia por elas sugeridas evidenciam que são processos simultâneos e interdependentes. (Soares, 2022, p. 27). História da alfabetização no Brasil: permeada por discussões e embates que envolvem os métodos de alfabetização. Até nos dias de hoje continua com diferentes concepções, prescrições, materiais, normas e regras que acabam por gerar disputas metodológicas e divisões entre os especialistas. A partir do final do século XIX e início do século XX, duas vias didáticas se alternam para alfabetizar. De um lado foi se dando prioridade ao valor sonoro das letras, de forma que a soletração avançou para os métodos silábicos e fônicos (chamados de métodos sintéticos). Por outro lado passou-se a reconhecer a necessidade de tornar a aprendizagem significativa para a criança, dando-se origem aos métodos analíticos. Formas de ensinar – métodos de alfabetização Os métodos tradicionais de alfabetização são utilizados desde o século XVIII e têm como embasamento teórico a visão associacionista empirista da aprendizagem (MORAIS, 2012). São eles: Analíticos a palavração, a sentenciação e o método global. Eles conduzem o aluno a, no final, trabalhar com as unidades menores. Sintéticos os alfabéticos, os silábicos e os fônicos. Todos têm como princípio que o aluno deve partir das unidades menores, ou seja, das letras, sílabas e fonemas, e a aprendizagem é gradativa e cumulativa. Vamos ver o que os métodos tradicionais têm em comum? Velhos métodos ainda presentes Os textos repetitivos e descontextualizados da realidade do aluno. Grande ênfase no domínio do código escrito. Atividades pautadas na cópia e na memorização. Considera o aluno como uma tábula rasa. A aprendizagem era considerada como simples acúmulo de informações e o objeto de conhecimento. Caracterizam a escrita com um mero código de transcrição da língua oral. O que os métodos tradicionais têm em comum Cartilha Caminho Suave Fonte: https://cutt.ly/e9A9TI5. b) Reprodução Cartilha Caminho Suave (LIMA, 2019, p. 60) Teoria da Psicogênese da Escrita – Marcada pela função social da escrita Métodos de alfabetização, fundamentos e críticas SoletraçãoAntiguidade e Idade Média Métodos Analíticos e SintéticosSéculos XVI e XVIII até 1960 1980 Reinvenção da alfabetização2000 até hoje Para você ter uma visão da linha histórica dos Métodos “Desinvenção” da Alfabetização – “Fenômeno bem brasileiro” Letramento – Década de 1970 Soares (2016) aponta que os métodos de alfabetização no Brasil sempre foram uma questão e apresenta um sentido duplo para a palavra questão: 1. significa dificuldades a serem resolvidas; 2. é um objeto de muitas divergências. O conceito de alfabetização, para as ciências linguísticas, a psicologia cognitiva e a psicologia do desenvolvimento, é “um processo complexo que envolve vários componentes, ou facetas, e demanda diferentes competências” (SOARES, 2016 ). Soares (2016) apresenta três principais facetas presentes nos métodos: 1. A faceta linguística, que diz respeito à representação visual da cadeia sonora da fala, o que representa a alfabetização. 2. A faceta interativa, que apresenta a língua escrita como veículo de comunicação entre as pessoas. 3. A faceta sociocultural, que está vinculada aos usos e funções e também aos valores atribuídos à escrita. As duas últimas facetas são consideradas letramento. Os métodos de alfabetização sempre foram uma questão Soares(2016) afirma que os diferentes métodos de alfabetização estão atrelados a seus diferentes objetos de conhecimento, uma vez que eles definem o que se ensina e quando se ensina: “métodos de alfabetização como um conjunto de procedimentos que, fundamentados em teorias e princípios, orientam a aprendizagem inicial da leitura e da escrita” (SOARES, 2016, p. 16). A aprendizagem inicial da língua escrita – um fenômeno complexo que envolve duas funções: ler; escrever. considerando as facetas linguísticas, interativas e culturais, que se distinguem pela natureza de cada uma, mas que se complementam como facetas de um mesmo objeto de estudo. Métodos, fundamentos e críticas Escolha a alternativa correta, considerando os pressupostos da alfabetização hoje: a) Podemos considerar alfabetizados aqueles que sabem o suficiente para assinar o nome e tomar ônibus. b) O desenvolvimento da competência de ler e escrever é um longo processo que vai além do domínio do sistema da escrita. c) A atividade de sondagem tem por objetivo a atribuição de notas aos alfabetizandos. d) Alfabetizado é o sujeito que sabe codificar e decodificar. e) A alfabetização começa antes de a criança entrar na escola. Interatividade Escolha a alternativa correta, considerando os pressupostos da alfabetização hoje: a) Podemos considerar alfabetizados aqueles que sabem o suficiente para assinar o nome e tomar ônibus. b) O desenvolvimento da competência de ler e escrever é um longo processo que vai além do domínio do sistema da escrita. c) A atividade de sondagem tem por objetivo a atribuição de notas aos alfabetizandos. d) Alfabetizado é o sujeito que sabe codificar e decodificar. e) A alfabetização começa antes de a criança entrar na escola. Resposta Psicogênese da Escrita “Ler não é decifrar, escrever não é copiar.” Emília Ferreiro “Quando uma criança escreve tal como acredita que poderia ou deveria escrever certo conjunto de palavras, está oferecendo um valiosíssimo documento que necessita ser interpretado para ser avaliado. Aprender a tê-las, interpretá-las é um longo aprendizado que requer uma atitude teórica definida.” Emília Ferreiro Fonte: https://novaescola.org.br/conteudo/ 940/entrevista-com-emilia-ferreiro Emília Ferreiro tornou-se conhecida ao desenvolver pesquisas sobre a gênese ou a origem do conhecimento explicando as formas como a criança demonstra conhecer a escrita em cada etapa do processo de alfabetização. O termo psicogênese pode ser entendido como origem, gênese, ou mesmo a história da aquisição de conhecimentos e funções psicológicas de cada ser humano no seu processo de desenvolvimento ao longo da vida. Aquisição da escrita: refere-se às concepções dos estudos psicogenéticos voltados para a apropriação do sistema de escrita. Emília Ferreiro nasceu na Argentina e, radicada no México, fez doutorado em Genebra sob orientação de Jean Piaget. Iniciou suas pesquisas empíricas ao lado de Ana Teberosky. Ferreiro e Teberosky comprovaram que as crianças elaboram hipóteses, argumentam e discutem as ideias que têm sobre a linguagem escrita. Utilizaram-se de concepções construtivistas quando realizaram seus estudos. Psicogênese da Escrita Os conhecimentos prévios são os saberes que as crianças já possuem e são essenciais para a construção de novos conhecimentos. As crianças pensam, refletem sobre o objeto de conhecimento e têm um papel ativo na aprendizagem. O erro é um fator importante e não deve ser evitado, mas sim problematizado, pois faz parte do processo de evolução da aprendizagem. O aprendiz é um protagonista, um sujeito do seu processo e capaz na produção do conhecimento. Os desafios devem fazer parte do processo porque favorecem a reflexão. São as resoluções de problemas que favorecem a aprendizagem. O aprendiz precisa transformar a informação. Só assim ele poderá assimilá-la (BRASIL, 2003). Pressupostos da Teoria da Psicogênese da Escrita A teoria de Ferreiro e Teberosky, a partir de 1979, apresentou a conceitualização da escrita pela criança por meio da definição de níveis no processo com a sua progressiva compreensão do sistema de escrita. O foco da pesquisa se deu sob o ponto de vista do processo cognitivo da criança, tendo como objeto de conhecimento a escrita, um sistema de representação sob a perspectiva da psicogênese e dentro da teoria piagetiana. A Teoria da Psicogênese da Escrita será apresentada sob a perspectiva e as interpretações dos autores estudados, e algumas delas não estão presentes na teoria original, uma vez que já trazem as contribuições e dificuldades encontradas na prática, como analisado por Morais (2012) e aqui apresentado para você. Adotaremos, a exemplo de Morais (2012), o alfabeto como um sistema de escrita ou um Sistema de Escrita Alfabética (SEA). Vejamos a seguir os níveis, etapas, períodos ou níveis de hipótese de escrita. Teoria da Psicogênese da Escrita A divulgação da teoria da psicogênese da escrita a partir da década de 1980 trouxe mudanças significativas na alfabetização, revisando princípios, tais como o entendimento da escrita como um sistema notacional e o seu aprendizado como um processo evolutivo. Ferreiro e Teberosky, ao proporem a Teoria dos Níveis de Leitura e Escrita, utilizam como referência a Teoria de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget e dizem que se trata de uma apropriação do conhecimento e não propriamente aprendizagem. Importante compreender que a Teoria da Psicogênese da Escrita, numa ótica construtivista, se propõe a explicar o processo evolutivo da escrita pela criança, as hipóteses que ela formula para responder o que a escrita nota ou representa, e como a escrita cria representações ou notações (SOARES, 2016). As respostas para essas dúvidas variam por etapa ou fase, dependendo do momento que o aprendiz se encontra (MORAIS, 2012). Psicogênese da Escrita O processo de aquisição da escrita é evolutivo e será preciso entender dois aspectos do sistema alfabético: um de natureza conceitual; e outro convencional, os quais criam um conjunto de propriedades para que o aprendiz possa reconstruir e compreender o sistema alfabético. Os estudos apresentam uma variabilidade de respostas que uma mesma criança pode dar ao escrever uma palavra, assim como há uma variabilidade de percursos para um mesmo grupo de alunos durante o primeiro ano de ensino regular da alfabetização. Outro ponto importante da Teoria da Psicogênese da Escrita é que os conhecimentos do Sistema de Escrita Alfabética (SEA) se constroem num percurso evolutivo, em fases que são universais e comuns para todos os aprendizes. Diferentes oportunidades socioculturais exercem influência no ritmo de apropriação do sistema de escrita alfabética. Psicogênese da Escrita Nível 1 Diferenciação entre as duas modalidades básicas de representações gráficas: o desenho e a escrita. Uso de grafismos que imitam as formas básicas de escrita: linhas onduladas (garatujas), se o modelo é a escrita cursiva, e linhas curvas e retas, ou combinação entre elas, se o modelo é a escrita de imprensa. Reconhecimento de duas características básicas do sistema de escrita: a arbitrariedade e a linearidade. Fases da Escrita Fonte: Brasil, 2001, p. 138. Nível 2 Uso de letras sem correspondência com seus valores sonoros e sem correspondência com as propriedades sonoras das palavras (número de sílabas), em geral respeitando as hipóteses da quantidade mínima (não menos de três letras) e da variedade (letras não repetidas), nível a que se tem atribuído a designação de pré-silábico Fases da Escrita Fonte: Brasil, 2001, p. 139. Nível 3 Uso de uma letra para cada sílaba da palavra, inicialmente reunidas de forma aleatória, sem correspondência com as propriedades sonoras das sílabas; em seguida, letras com valor sonoro representando um dos fonemas pelas sílabas (nível silábico). Fases da Escrita Fonte: Brasil, 2001,p. 139 e 141. Talita JÁ analisa a pauta sonora (o som da palavra) e escreve sempre uma letra para cada silaba oral, menos em "bis" porque não aceita que, escrevendo apenas uma letra, esteja escrita uma palavra. Mas essa análise é só quantitativa. Do ponto de vista qualitativo, basta-lhe não repetir a mesma letra dentro da palavra, nem repetir a mesma escrita para palavras diferentes. 7 – Talita (7 anos, 1ª série) brigadeiro pipoca suco bis Nível 4 Passagem da hipótese silábica para a alfabética, quando a sílaba começa a ser analisada em suas unidades menores (fonemas) e combinam-se, na escrita de uma palavra, letras representando uma sílaba e letras representando os fonemas das sílabas (nível silábico-alfabético). Fases da Escrita Fonte: Morais, 2012, pp. 64; 65. Juliana (5 anos e 6 meses) Ana (5 anos e 7 meses) Juliana (6 anos e 2 meses) Nível 5 A escrita alfabética, para Ferreiro e Teberosky, é a fase final do processo, momento em que a criança compreendeu que nessa escrita as palavras são representadas por combinações de grafemas (letras) e fonemas (sons). Fases da Escrita Fonte: https://cutt.ly/R9HM9Fv. Fonte: Brasil, 2001, M1U5T6, p. 5. As crianças também criam hipóteses para a leitura. Não sabem que para escrever é preciso registrar um conjunto de palavras que vão expressar o que se quer comunicar. Os estudos que Emília Ferreiro fez com as crianças entre três e quatro anos revelaram que para elas as letras são apenas letras e não representam o nome de um algum objeto. Um pouco mais tarde, passam a pensar que as letras se tornam objetos substitutos e costumam achar que qualquer coisa que esteja escrito perto de uma figura deve ser o nome da figura. Essa associação sistemática que as crianças realizam é chamada da “hipótese do nome” (BRASIL, 2001, p.164). Há uma total dependência entre o texto e o contexto. A interpretação do texto ao lado da imagem também traz interpretações coerentes realizadas pela criança e permite ao professor explorar essas hipóteses como um eficaz material de reflexão, um estímulo à aprendizagem do que está escrito e um procedimento de leitura. O que está escrito e o que se pode ler As crianças, ao longo de seu processo de compreensão do que se lê, vão descobrindo as propriedades quantitativas do texto e começam também a perceber as propriedades qualitativas. Da mesma forma que há uma variedade de interpretações para o que está escrito, as crianças também têm um conjunto de ideias do que se pode ler, e quase sempre essas ideias são hipóteses muito interessantes. Com relação à letra, a maioria concorda num ponto: deve haver pelo menos três letras e elas devem ser diferentes entre em si. Sobre o conceito de letras, há opiniões diferentes dependendo da cultura de cada criança (CURTO; MORILLO; TEIXIDÓ, 2000). O que está escrito e o que se pode ler Como o professor alfabetizador pode intervir na reconstrução da escrita da criança? a) Partindo de dois eixos básicos de trabalho: textual e análise linguística. b) Corrigindo prontamente todas as hipóteses de escrita da criança. c) Fornecendo cópias para que a criança treine seus acertos. d) Usando a técnica do ditado para que a criança escreva as palavras ditas pelo professor. e) Simplesmente acompanhando a escrita, sem nenhuma intervenção. Interatividade Como o professor alfabetizador pode intervir na reconstrução da escrita da criança? a) Partindo de dois eixos básicos de trabalho: textual e análise linguística. b) Corrigindo prontamente todas as hipóteses de escrita da criança. c) Fornecendo cópias para que a criança treine seus acertos. d) Usando a técnica do ditado para que a criança escreva as palavras ditas pelo professor. e) Simplesmente acompanhando a escrita, sem nenhuma intervenção. Resposta Sobre a diferença entre pensar o processo de alfabetização como um sistema de codificação e decodificação para um sistema notacional, como já vimos nos métodos tradicionais, para o estudante aprender, ele precisava treinar e memorizar, decorando a equivalência entre as formas gráficas (letras) e os sons (fonemas), ou seja, ele precisava “decodificar” ou “codificar” as palavras. Ferreiro e Teberosky defendem, na Teoria da Psicogênese da Escrita, que a tarefa do estudante não é aprender um código e sim um sistema notacional. Nas situações de notação da escrita exige-se do aprendiz um trabalho cognitivo que não se dá rapidamente. A escrita é um sistema de registro, ou seja, notacional, com suas regras e convenções que o aprendiz precisa compreender para que possa se apropriar delas e reconstruí- las em sua mente. Pressupõe gradativamente ir dominando as regras do sistema alfabético como um sistema notacional, ou seja, as letras notam, ou representam, ou substituem os sons (MORAIS, 2012). Contribuições e equívocos da Psicogênese da escrita É possível reinventar o processo de alfabetização; iniciando-se com um bom investimento na formação do docente, para que se aproprie de saberes para fazer escolhas; contestar algumas distorções e práticas que trouxeram a prevalência do letramento e a perda da especificidade da alfabetização (SOARES, 2003). De acordo com Soares (2003) é necessário e metodologicamente conveniente reconhecer a especificidade da alfabetização como um processo de aquisição e apropriação do sistema de escrita. O letramento precisa ser entendido como a imersão da criança na cultura da escrita com a possibilidade de sua participação em diferentes experiências com a leitura e a escrita como também o acesso a diversos tipos e gêneros de material escrito. Embora com diferentes facetas, a alfabetização e o letramento exigem múltiplas metodologias, algumas mais direcionadas ao sistema de escrita e outras voltadas ao letramento, uma vez que a natureza de cada um determina procedimentos de ensino específicos (SOARES, 2003). Contribuições e equívocos da Psicogênese O construtivismo não é um método, e sim uma fundamentação conceitual do processo de aprender e que trouxe uma ruptura para com os métodos tradicionais no que se refere à mudança de paradigma. Nos métodos tradicionais, o estudante recebe o conhecimento pronto de forma passiva. Na perspectiva do construtivismo, o estudante ocupa a figura central. Como protagonista do seu próprio saber, o indivíduo constrói de forma progressiva o conhecimento do princípio alfabético, como um sistema de representação dos sons da fala por sinais gráficos. Isso irá ocorrer pela mediação do docente por meio de oportunidades e situações didáticas que colocará o aprendiz em contato com textos reais que circulam nas esferas sociais, diferentemente dos textos artificiais elaborados para “aprender a ler” dos métodos tradicionais (SOARES, 2016). Contribuições e equívocos da Psicogênese Para Soares (2016), os métodos tradicionais foram rejeitados justamente por contrariarem o processo psicogenético de aprendizagem da criança e também o objeto de aprendizagem, a língua escrita. No construtivismo, o foco da aprendizagem é transferido da centralidade do professor que carrega consigo um método pré-concebido para uma prática pedagógica que estimula, acompanha, orienta a aprendizagem do estudante respeitando suas singularidades. Nessa linha, é inadmissível a adoção de um único método para ensinar. Ferreiro e Teberosky nos permitiram saber como a criança se apropria do processo de escrita durante o processo de alfabetização. Com esse conhecimento foi possível construirmos uma ação didática que permite ao professor intervenções e diálogo com os aprendizes por meio das hipóteses que eles apresentam, pois eles trazem conhecimentos prévios sobre a escrita quando chegam à escola ou quando são expostos à cultura letrada. Contribuições e equívocos da Psicogênese Observe a escrita de Fábio e indique em qual hipótese ele se encontra. a) Silábico com valor sonoro (qualitativa). b) Pré-silábico. c) Silábicosem valor sonoro (quantitativa). d) Silábico-alfabético. e) Alfabético. Interatividade Fonte: https://cutt.ly/R9HM9Fv. Observe a escrita de Fábio e indique em qual hipótese ele se encontra. a) Silábico com valor sonoro (qualitativa). b) Pré-silábico. c) Silábico sem valor sonoro (quantitativa). d) Silábico-alfabético. e) Alfabético. Resposta Fonte: https://cutt.ly/R9HM9Fv. Ensinar implica “selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização” (BRASIL, 2018, p. 17). “Um saber ampliado e mutante caracteriza o estágio do conhecimento na atualidade. Essas alterações refletem-se sobre as tradicionais formas de pensar e fazer educação. Abrir-se para as novas educações, resultantes de mudanças estruturais nas formas de ensinar e aprender possibilitadas pela atualidade tecnológica, é o desafio a ser assumido por toda a sociedade.” (KENSKI, 2012, p. 41) “A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.” (FREIRE, 1989, p. 9) Não se esqueça BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Programa de Formação de Professores Alfabetizadores. Guia do Formador. Módulo 1. Brasília: MEC, 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Profa/guia_for_1.pdf. Acesso em: 3 mar. 2023. CÓCCO, M. F.; HAILER, M. A. Didática de alfabetização: decifrar o mundo: alfabetização e socioconstrutivismo. São Paulo: FTD, 1996. CURTO, L. M.; MORILLO, M. M; TEIXIDÓ, M. M. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e a ler. Porto Alegre: Artmed, 2000. FERREIRO, E. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 2009. FERREIRO, E. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 2010. FERREIRO, E. O ingresso na escrita e nas culturas do escrito: seleção de textos de pesquisa. São Paulo: Cortez, 2013. FERREIRO, E. Reflexões sobre alfabetização. 23. ed. São Paulo: Cortez, 1995. Referências FERREIRO, E; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. FERREIRO, E. Cultura escrita e educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001. FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados; Cortez, 1989. MACIEL, F.; CAFIERO, D.; RANGEL, E. de O. Cartas para Magda [E-book]. 1. ed. São Paulo: Parábola, 2021. Disponível em: https://www.ceale.fae.ufmg.br/files/uploads/Not%C3%ADcias /Cartas%20para%20Magda.pdf. Acesso em: 03 mar. 2023. MORAIS, A. G. de. Concepções e metodologias de alfabetização: por que é preciso ir além da discussão sobre velhos “métodos”? UFPE – Centro de Educação e CEEL – Centro de Estudos em Educação e Linguagem, 2006. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alf_moariscon cpmetodalf.pdf. Acesso em: 03 mar. 2023. Referências MORAIS, A. G. de. Discursos recentes sobre a alfabetização no Brasil: por que é preciso ir além da discussão sobre velhos métodos? In: SILVA, A. M. M.; MELO, M. M. O. (org.). Educação, questões pedagógicas e processos formativos: compromisso com a inclusão social. Recife: Bagaço, 2006. MORAIS, A. G. de. Sistema de escrita alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012. SEVERINO, A. J. In: FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. Coleção Polêmicas do Nosso Tempo. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. SOARES, M. A reinvenção da alfabetização. Presença Pedagógica. v. 9, n. 52, p. 1-7, jul./ago. 2003. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40142/1/01d 16t07.pdf. Acesso em: 03 mar. 2023. SOARES, M. Alfaletrar: toda criança pode aprender a ler e a escrever. São Paulo: Contexto, 2022. Referências SOARES, M. Alfabetização e letramento: caminhos e descaminhos. Revista Pátio. n. 29, 2009. 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Perspectiva histórica Perspectiva histórica Perspectiva histórica A conquista do alfabeto A língua – um instrumento, mudanças presentes A escrita – uma convenção social Interatividade Resposta A escrita representa poder Alfabetização e Letramento Alfabetização e Letramento Formas de ensinar – métodos de alfabetização Velhos métodos ainda presentes O que os métodos tradicionais têm em comum Métodos de alfabetização, fundamentos e críticas Os métodos de alfabetização sempre foram uma questão Métodos, fundamentos e críticas Interatividade Resposta Psicogênese da Escrita Psicogênese da Escrita Pressupostos da Teoria da Psicogênese da Escrita Teoria da Psicogênese da Escrita Psicogênese da Escrita Psicogênese da Escrita Fases da Escrita Fases da Escrita Fases da Escrita Fases da Escrita Fases da Escrita O que está escrito e o que se pode ler O que está escrito e o que se pode ler Interatividade Resposta Contribuições e equívocos da Psicogênese da escrita Contribuições e equívocos da Psicogênese Contribuições e equívocos da Psicogênese Contribuições e equívocos da Psicogênese Interatividade Resposta Não se esqueça Referências Referências Referências Referências Número do slide 53