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Mudança no conceito de insumo (PIS e COFINS) por parte da Receita Federal_ Analise do Parecer Normativo COSIT_RFB Nº 05, de 17 de Dezembro de 2018 Oliveira Cardoso Advogados

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M u d a n ç a n o c o n c e i t o d e “ i n s u m o ” ( P I S e C O F I N S )
p o r p a r t e d a R e c e i t a F e d e r a l : A n a l i s e d o P a r e c e r
N o r m a t i v o C O S I T / R F B N º 0 5 , d e 1 7 d e D e z e m b r o d e
2 0 1 8
Por Jefferson Souza
09/01/2019
Os comentários que seguirão terão como objetivo evidenciar os principais pontos que foram abordados
através do Parecer Normativo COSIT/RFB Nº 05, de 17 de Dezembro de 2018, que trata da definição do
conceito de insumos para fins de créditos das contribuições sociais PIS e COFINS. Analise do parecer se faz
necessária em virtude do tema ser complexo e gerar bastante controvérsia no meio jurídico.
Conforme é sabido, primeira seção do STJ definiu o conceito de “insumo” no julgamento do Recurso
Especial 1.221.170/PR para efeito da apropriação de creditos das referidas contribuições sociais. Sendo o
recurso julgado conforme procedimento previsto para os recursos repetitivos, a decisão se tornou vinculante
para a Receita Federal nos termos da Lei 10.522/02 e da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1/2014. Dessa
forma o fisco federal deve replicar o entendimento firmado pelo STJ nos seus procedimentos habituais como
fiscalização, compensação e ressarcimento, consulta tributária, dentre outros.
O entendimento fixado pelo STJ é que “o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da
essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de
determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo
contribuinte”.
Importante mencionar que apesar de o STJ ter fixado tal tese, utilizar a palavra “definição” do conceito de
insumo parece, talvez, um pouco inapropriada, haja vista que para que a tese seja aplicada ainda é
necessário utilizar certo grau de subjetividade. O entendimento fixado pelo STJ tenta aproximar ao máximo
os conceitos de relevância e essência quando for necessária identificar um item que esteja relacionado com
o processo de produção de determinado contribuinte.
Mas, isso, na pratica, não elimina a análise casuística e probatória de cada situação, conforme já vinha
ocorrendo anteriormente. Meu posicionamento sobre a mudança no conceito de insumos na legislação do
PIS e da COFINS expresso através deste artigo: O que mudou no conceito de “Insumos” para fins de
créditos do PIS/COFINS: Julgamento do RE nº 1.221.170 – PR
Tanto que a própria Receita Federal se manifestou dizendo que a “aplicação concreta dos critérios definidos
pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça demanda um processo de análise que muitas vezes
pode ser complexo e em alguns casos pode gerar conclusões divergentes.” (Item 4 do Parecer Normativo
COSIT 5/2018)
Sendo assim, se faz necessária uma analise criteriosa do Parecer Normativo me questão a fim de identificar
as possíveis mudanças de entendimento e aplicação de procedimentos por parta da RFB. Isso porque o
próprio STJ manifestou, no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, que “a definição restritiva da
compreensão de insumo, proposta na IN ²⁴⁷⁄���� e na IN ⁴⁰⁴⁄����, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o
comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.⁶³⁷⁄���� e da Lei 10.⁸³³⁄����”.
Desta forma, o fisco federal não mais aplicará o entendimento fixado nos diplomas normativos citados no
parágrafo anterior.
Definição estabelecida no RESP 1.221.170/PR
De acordo com o Parecer Normativo Cosit 05/2018, deve ser aplicado o conceito fixado pelo STJ ao qual
definiu que “conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição
para o PIS/PASEP e da COFINS deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do
bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa
jurídica”.
Ainda, de acordo com o Parecer Normativo Cosit 05/2018, consoante à tese acordada na decisão judicial do
STJ:
https://tributario.com.br/jefferson-souza
https://tributario.com.br/jefferson-souza/o-que-mudou-no-conceito-de-insumos-para-fins-de-creditos-do-pis-cofins-julgamento-do-re-no-1-221-170-pr/
a) o “critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou
o serviço”:
a.1) “constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço”;
a.2) “ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência”;
b) já o critério da relevância “é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração
do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja”:
b.1) “pelas singularidades de cada cadeia produtiva”;
b.2) “por imposição legal”.
O fisco federal seguiu as palavras proferidas inicialmente pela Ministra Regina Helena Costa para criar os
pilares e basear seu posicionamento. Entendimento este que foi seguido pela maioria dos ministros.
Um ponto importante a ser mencionado é que o Parecer destaca que a tese da “subtração”, ou seja, aquela
em que retirado um determinado item de produção ele acabar por gerar perda substancial na qualidade do
produto, pode ser aplicado subsidiariamente na analise da identificação dos itens considerados insumos.
Porem não deve ser considerado única forma de teste, pois tal quesito não consta da tese acordada pela
maioria dos Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça.
Outro entendimento que era aplicado pela Receita Federal, e deixa de valer, era o fato da necessidade de
contato físico do item insumo com o bem de produção para ser considerado como insumo. De acordo com o
novo Parecer, “a interpretação da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça acerca do conceito de
insumos na legislação das contribuições afasta expressamente e por completo qualquer necessidade de
contato físico, desgaste ou alteração química do bem-insumo com o bem produzido para que se permita o
creditamento”. (Item 25 do Parecer Normativo Cosit 05/2018)
Um posicionamento manifestado no Parecer em questão, e que, segundo a Receita, não foi abordado pelos
Ministros do STJ, é que só gera créditos das contribuições PIS e COFINS os insumos que efetivamente
resultar em um bem destinado à venda ou em um serviço disponibilizado ou prestado a terceiros, termo
utilizado pelo fisco como “esforço bem-sucedido”. Logo determinados gastos com projetos que não resultem
na prestação de um serviço ou na produção de um bem, como pesquisas, projetos abandonados, projetos
infrutíferos, (esforço mal-sucedido) excetuadas as situações expressamente previstas em Lei, não darão
direito ao creditamento.
Diferenciação dos termos “produção” e “fabricação
Apesar de parecerem sinônimos, para aplicação do conceito de insumo para efeitos dos creditos das
contribuições PIS e COFINS, a RFB considerou efetuar uma distinção que, talvez, facilite a analise e
aplicação do termo.
De acordo com o Parecer a “fabricação de produtos” é uma hipótese específica que equivale ao conceito e
às hipóteses de industrialização firmadas na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
Já a “produção de bens” é tratada como hipótese geral onde se refere às atividades que, conquanto não
sejam consideradas industrialização, promovem a transformação material de insumo(s) em um bem novo
destinado à venda ou o desenvolvimento de seres vivos até alcançarem condição de serem comercializados.
Tal distinção parece necessária, em princípio, em virtude de que o fisco federal não poderá mais aplicar o
conceito restritivo utilizado com base nas IN SRF 247/2002 e IN SRF 404/2004, que fazia alusão à legislação
do IPI. Assim o conceito de insumo para efeitos de créditos das contribuições PIS e COFINS se torna mais
abrangente alcançando a “fabricação de produtos” (créditos físicos relacionadas com a Legislação do IPI) e a
“produção de bens” (atividades que não se igualam a industrialização, mas que promovem a transformação
material de insumo(s) em um bem novo).
Créditos sobre dispêndiospara produção de um bem-insumo (Insumo do insumo)
Outra novidade bastante interessante que consta no Parecer da RFB foi a extensão da possibilidade de
créditos sobre gastos necessários à produção de um bem-insumo utilizado na produção de bem destinado à
venda ou na prestação de serviço a terceiros (insumo do insumo).
Isso porque, anterior ao posicionamento do STJ, a RFB utilizava um posicionamento mais restritivo e
alegava que só gerava créditos das contribuições os insumos do bem destinado à venda ou do serviço
prestado a terceiros e não aqueles necessários a produção do próprio insumo, ou seja, relacionado a etapa
anterior ao da produção.
Segundo consta no Parecer Normativo Cosit 05/2018, e de acordo com o novo posicionamento do STJ, “o
insumo do insumo constitui elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do
serviço, cumprindo o critério da essencialidade para enquadramento no conceito de insumo.” Nesse quesito
temos então um alargamento de possibilidades de aproveitamento de créditos das contribuições PIS e
COFINS.
Itens utilizados no processo de produção de bens ou de prestação de serviços pela pessoa jurídica
por exigência da legislação e que geram créditos
Por Lei, determinadas empresas são obrigadas a realizar testes para verificação de qualidade nos seus
produtos. Apesar de tais dispêndios não estarem sendo inclusos na etapa anterior de produção, em alguns
casos haverá a possibilidade de creditamento relativos a esses gastos.
Segundo consta no Parecer Normativo Cosit 05/2018, são exemplos de itens utilizados no processo de
produção de bens ou de prestação de serviços pela pessoa jurídica por exigência da legislação que podem
ser considerados insumos para fins de creditamento do PIS e COFINS:
a) no caso de indústrias, os testes de qualidade de produtos produzidos exigidos pela legislação;
b) tratamento de efluentes do processo produtivo exigido pela legislação
c) no caso de produtores rurais, as vacinas aplicadas em seus rebanhos exigidas pela legislação, etc.
De forma contrária, não podem ser considerados para fins de creditamento das contribuições:
a) itens exigidos pela legislação relativos à pessoa jurídica como um todo, como alvarás de funcionamento,
etc;
b) itens relativos a atividades diversas da produção de bens ou prestação de serviços.
Dispêndios realizados posteriormente a produção ou prestação de serviços
Como regra geral, apenas os itens vinculados a etapa de produção ou prestação de serviços geram créditos
das contribuições sociais PIS e COFINS. Porem haverá determinadas situações em que, por força legal,
poderá ser efetuado o creditamento relativo a gastos vinculado a etapas posteriores.
Exemplificativamente não podem ser considerados insumos gastos com transporte (frete) de produtos
acabados (mercadorias) de produção própria entre estabelecimentos da pessoa jurídica, para centros de
distribuição ou para entrega direta ao adquirente, como:
a) combustíveis utilizados em frota própria de veículos;
b) embalagens para transporte de mercadorias acabadas;
c) contratação de transportadoras.
Já os gastos vinculados a etapas posteriores a produção, exigidas por força do cumprimento legal, como
testes de qualidade a serem realizados por terceiros (por exemplo, o Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia – Inmetro) são considerados insumos desde que sejam exigidos para que o bem ou
serviço possa ser disponibilizado à venda ou à prestação.
Sendo assim, temos por final que somente são considerados insumos bens e serviços utilizados pela pessoa
jurídica durante o processo de produção de bens ou de prestação de serviços, excetuadas os bens e
serviços que a legislação específica exige que a pessoa jurídica utilize em suas atividades posteriores a
produção para que seja realizada a venda, como os testes de qualidade, a colocação de selos, lacres,
marcas, etc.
Analogia do insumo com custos de produção com base na legislação do Imposto de Renda
De antemão é importante frisar que o termo “insumos” não se confunde com custos de produção. O que há,
por exemplo, é uma similaridade de definições que podem ser utilizados como forma subsidiaria na análise
do conceito de insumos.
Veja as comparações abaixo:
Alínea “a” do § 1º do art. 13 da Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: (IRPJ)
Inciso II do caput do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003: (PIS e COFINS)
Dessa forma, a RFB sinaliza que, a comparação dos itens insumos com custos de produção pode ser
utilizada como parâmetro para identificação, mas não podem ser utilizados como definitivo, já que ambos os
conceitos não se confundem: (Item 66 e 68 do Parecer Normativo Cosit 05/2018)
Créditos das contribuições com base nos encargos de exaustão
Outra mudança importante de posicionamento da RFB que pode gerar economias para as empresas a partir
da nova possibilidade de creditamento de acordo com o STJ. O crédito relativo as bens do ativo, como regra
geral, são apropriado com base na depreciação mensal. Existe possibilidade também de aproveitamento de
forma única e imediata, com base Lei nº 11.774, de 17 de setembro de 2008.
Porem não existe previsão legal na legislação das contribuições que admita a possibilidade de tomada de
créditos com base nos encargos de exaustão. Como a RFB sempre adotava uma posição restritiva, não
havia autorização para creditamento com base nos encargos de exaustão, nem como enquadramento no
conceito de insumo.
Porém, com o novo conceito firmado pelo STJ, considerando uma definição mais aberta, o fisco feral passou
a afirmar, de acordo com o Parecer Normativo Cosit 05/2018, que os itens que não se enquadram em
nenhuma modalidade específica de creditamento previsto na legislação do PIS e COFINS, poderá se
enquadrar no conceito de insumo, caso atenda os critérios de relevância e essencialidade ditadas pelo STJ.
Abaixo um exemplo citado no Parecer Normativo Cosit 05/2018: (Item 78)
a) no caso de pessoa jurídica industrial, os dispêndios com serviço de manutenção de uma máquina
produtiva da pessoa jurídica que enseja aumento de vida útil da máquina superior a 1 (um) ano (essa regra
será detalhada adiante) não permitem a apuração de créditos das contribuições na modalidade aquisição de
insumos, pois tais gastos devem ser capitalizados no valor da máquina, que posteriormente sofrerá
depreciação e os encargos respectivos permitirão a apuração de créditos na modalidade realização de ativo
imobilizado (salvo aplicação de regra específica);
b) no caso de pessoa jurídica que explora a extração de florestas, os dispêndios com a plantação de floresta
sujeita a exaustão permitirão a apuração de créditos das contribuições na modalidade aquisição de insumos
e os encargos de exaustão não permitirão a apuração de qualquer crédito.
Manutenção e substituição de partes e peças
custo de produção dos bens ou serviços vendidos (…) quaisquer outros bens ou
serviços aplicados ou consumidos na produção
bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou
fabricação de bens ou produtos destinados à venda
a relação entre os custos de produção e o conceito de insumos estabelecido pela
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça é muito próxima, de maneira que a
caracterização do item como custoserve de indício forte para sua caracterização
como insumo.
Deveras, dadas as próprias definições de custo e despesa firmadas pela contabilidade
de custos, são raras as hipóteses em que um item classificado como despesa (não
custo) poderá cumprir os requisitos para se enquadrar como insumo (relação de
essencialidade ou relevância com a produção de bens destinados à venda ou à
prestação de serviços). Entretanto, em tese, há a possibilidade.
Os gastos com manutenção periódica dos ativos de produção da pessoa jurídica gerava crédito das
contribuições PIS e COFINS, porem era tomado como base sempre no posicionamento restritivo da RFB. O
fisco federal entendia que somente poderiam ser considerados como insumos geradoresde créditos das
contribuições os bens e serviços utilizados na manutenção dos ativos diretamente responsáveis pela
produção dos bens efetivamente vendidos ou pela prestação dos serviços prestados a terceiros.
Porem como o novo posicionamento do STJ, considerando a relevância e essencialidade do item a ser
analisado, os créditos como manutenção periódica passa a valer em qualquer etapa do processo de
produção de bens destinados à venda e de prestação de serviços, e não somente na etapa-fim deste
processo, como considerava a RFB.
Bens de pequeno valor
Os bens aqui tratados pelo Parecer Normativo remete a legislação do imposto de renda, a considerar o art.
15 do Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, transcrito abaixo:
Nesse caso tais bens não devem ser capitalizados, sendo tratados como despesa do período. Geralmente
esses bens são usados na manutenção periódica dos ativos da companhia e por seu valor irrisório acabam
não se tornando parte do imobilizado.
De acordo com o Parecer Normativo, são exemplos de bens que geralmente se enquadram como bens de
pequeno valor:
a) moldes ou modelos;
b) ferramentas e utensílios;
c) itens consumidos em ferramentas, como brocas, bicos, pontas, rebolos, pastilhas, discos de corte e de
desbaste, materiais para soldadura, oxigênio, acetileno, dióxido de carbono, etc.
Quanto as moldes ou modelos, podem ser considerados, a depender da especificidade do processo de
produção em questão, como essenciais a fabricação do produto ou do serviço, podendo ser apropriado o
devido crédito, desde que esses itens não sejam capitalizados no ativo da companhia.
Quanto às ferramentas, restou malogrado seu uso como insumo, de acordo com o STJ, assim como os
demais itens que possam vir a ser consumidos nas ferramentas. Os demais itens vão depender da analise
casuística e probatória caso a caso. Conforme informado na introdução desse texto, alguns casos irão
requerer certo grau de subjetividade de analise, o que pode acarretar divergências de entendimentos entre o
contribuinte e o fisco.
Inspeções regulares
Nesse quesito, o Parecer Normativo Cosit 05/2018 limitou-se a citar o item 14 da NBC TG 27 (R3) – Ativo
Imobilizado que exige que o valor gasto com determinadasinspeções em alguns ativos seja “reconhecido no
valor contábil do item do ativo imobilizado como uma substituição”.
Note o termo usado na NBT TG 27: Determinada inspeções. Nem tudo poderá ser considerado como
insumo, logo será necessária a analise como fundamento na tese do STJ, considerando os critérios da
essencialidade e relevância.
Ativo intangível
O inciso XI do caput c/c inciso III do § 1º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003,
prevê a possibilidade de creditamento referente aos dispêndios com bens incorporados ao ativo intangível,
adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços.
Porem, como era de praxe, o fisco federal utilizava sua tese restritiva e não admitia o crédito relativo a
gastos com desenvolvimento interno de ativos intangíveis, já que considerava que apenas os ativos já
concluídos ensejariam o direito de creditamento.
O custo de aquisição de bens do ativo não circulante imobilizado e intangível não
poderá ser deduzido como despesa operacional, salvo se o bem adquirido tiver valor
unitário não superior a R$ 1.200,00 (mil e duzentos reais) ou prazo de vida útil não
superior a 1 (um) ano. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014).
A partir da nova tese fixada pelo STJ, a RFB passou a ter agora o seguinte entendimento, conforme o item
105 do Parecer Normativo Cosit 05/2018, transcrito a seguir:
Porém, neste caso em específico, os contribuintes devem se resguardar e ficarem tentos, pois relativamente
à produção interna de um ativo intangível o fisco federal não considerará os dispêndios da pessoa jurídica
com pesquisa, por entender que tais gastos não podem ser considerados insumos para fins de créditos da
legislação das contribuições. Segundo a RFB, tais dispêndios não guardam qualquer relação com o
processo de produção de bens ou de prestação de serviços.
O mesmo ocorre também com os gastos em desenvolvimento de ativos intangíveis que não chegam a ser
concluídos (esforço malsucedido) ou que sejam concluídos e explorados em áreas diversas da produção de
bens e da prestação de serviços. Os valores em questão não ensejaram nenhum tipo de crédito.
Em resumo, conforme relatado no item 114 do Parecer Normativo Cosit 05/2018:
Contratação de mão de obra terceirizada
Assim consta do item 129 do Parecer Normativo Cosit 05/2018:
105. Entretanto, consoante conclusão entabulada na discussão acima sobre ativos
imobilizados sujeitos a exaustão, a apuração de créditos na modalidade aquisição de
insumos é a regra geral de creditamento aplicável às atividades de produção de bens
e de prestação de serviços no âmbito da não cumulatividade das contribuições e,
consequentemente, se o dispêndio efetuado pela pessoa jurídica não se enquadrar
em nenhuma outra modalidade específica de creditamento, ele permitirá a apuração
de créditos das contribuições caso se enquadre na definição de insumos e não haja
qualquer vedação legal, independentemente das regras contábeis aplicáveis ao
dispêndio.
106. Daí, conclui-se que bens e serviços utilizados pela pessoa jurídica no
desenvolvimento interno de ativos imobilizados podem estar contidos no conceito de
insumos e permitir a apuração de créditos das contribuições, desde que preenchidos
os requisitos cabíveis e inexistam vedações.
Somente podem ser considerados insumos para fins de apuração de créditos da
Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS os dispêndios da pessoa jurídica
ocorridos após o reconhecimento formal e documentado do início da fase de
desenvolvimento de um ativo intangível que efetivamente resulte em:
a) um insumo utilizado no processo de produção de bens destinados à venda ou de
prestação de serviços (exemplificativamente, um novo processo de produção de bem);
b) produto destinado à venda ou serviço prestado a terceiros.
Nesses termos, pode-se concluir que, na hipótese de contratação de pessoa jurídica
fornecedora de mão de obra, somente haverá a subsunção ao conceito de insumos
geradores de créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS se a mão de
obra cedida pela pessoa jurídica contratada atuar diretamente nas atividades de
produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços protagonizadas
pela pessoa jurídica contratante.
 Diferentemente, não haverá insumos:
Gastos para a viabilização da mão de obra
Nessa questão a RFB emitiu no Parecer Normativo Cosit 05/2018 que os gastos para viabilizar a atividade
da mão de obra empregada no processo de produção de bens ou de prestação de serviços, tais como
alimentação, vestimenta, transporte, educação, saúde, seguro de vida, não geram créditos para a pessoa
adquirente.
Tal premissa se baseia no fato de que, segundo o entendimento do fisco, a legislação que tratada das
contribuições em comento tratou essa questão (capital humano) de forma mais restritiva, reforçando, por
exemplo, que os gastos com mão de obra da pessoa física não geram direito aos créditos. (Art. 3°, § 2°, I,
das Leis 10.833/03 e 10.637/02)
Diferente do que ocorre como as maquinas e equipamentos (capital produtivo) onde há um alargamento da
possibilidade de creditamento relativos aos itens destinados a manter tais equipamentos em produção.
Reforçando essa tese, cita se a possibilidade de obter créditos da aquisição combustíveis e lubrificantes.
(art. 3º, II, das Leis 10.637/02 e 10.833/03)
Importante frisar também que a tese ora em comento não prejudica a modalidade específica de creditamento
instituída no inciso X do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003). Não alcança também
o bem ou serviço que seja especificamente exigido pela legislação, como os testes de qualidade de produtos
produzidos, vacinas obrigatórias em animais, etc.
Porem a vedação ao creditamento com dispêndios para viabilizar a mão de obra alcança ainda ositens
destinados a proporcionar a atividade da mão de obra utilizada em qualquer área da pessoa jurídica como
produção, administração, contabilidade, jurídica, dentre outras.
Ressalte-se ainda que o fisco federal admitiu o direito de créditos com dispêndios na aquisição de EPI –
Equipamentos de proteção individual ,conforme consta no item 137 do Parecer Normativo Cosit 05/2018:
Combustíveis e lubrificantes
Relativamente aos combustíveis e lubrificantes a RFB matinha o entendimento de que apenas considerava
insumos os combustíveis e lubrificantes consumidos em itens que promovessem a produção dos bens
efetivamente destinados à venda ou a prestação de serviços ao público externo (bens e serviços finais).
Com o novo entendimento firmado pelo STJ, o conceito foi ampliado e passa abarcar os combustíveis e
lubrificantes consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos responsáveis por qualquer etapa do
processo de produção de bens ou de prestação de serviços, inclusive pela produção de insumos do
insumo efetivamente utilizado na produção do bem ou serviço finais disponibilizados pela pessoa jurídica
(insumo do insumo).( Item 141 do Parecer Normativo Cosit 05/2018 )
a) se a mão de obra cedida pela pessoa jurídica contratada atuar em atividades-meio
da pessoa jurídica contratante (setor administrativo, vigilância, preparação de
alimentos para funcionários da pessoa jurídica contratante, etc.);
b) se, por qualquer motivo, for declarada irregular a terceirização de mão de obra e
reconhecido vínculo empregatício entre a pessoa jurídica contratante e as pessoas
físicas.
137. Nesse sentido, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu, no
acórdão em comento, que os equipamentos de proteção individual (EPI) podem se
enquadrar no conceito de insumos então estabelecido. Conquanto não tenha havido
ressalva no referido acórdão em relação a tais equipamentos, decorre dos critérios
para definição do conceito de insumos firmados por aquela Seção e explanados acima
que somente os equipamentos de proteção individual fornecidos a trabalhadores
alocados pela pessoa jurídica nas atividades de produção de bens ou de prestação de
serviços podem ser considerados insumo.
Exclui-se a regra à apuração de crédito em relação a combustíveis consumidos em máquinas, equipamentos
ou veículos utilizados nas demais áreas de atividade da pessoa jurídica como a áreas administrativa,
contábil, jurídica.
Importante mencionar que o Parecer Normativo Cosit 05/2018 destaca que os “gastos com veículos” não
ensejam, em regra, a apropriação de créditos das contribuições. Porem este é um ponto que vai depender
da analise de caso, já que em algumas hipóteses os veículos participam efetivamente do processo produtivo
e, consequentemente, os combustíveis consumidos podem ser considerados insumos.
Em resumo, de acordo com o item 144 do Parecer Normativo Cosit 05/2018, permitem a apuração de
créditos na modalidade aquisição de insumos combustíveis consumidos em:
a) veículos que suprem as máquinas produtivas com matéria-prima em uma planta industrial;
b) veículos que fazem o transporte de matéria-prima, produtos intermediários ou produtos em elaboração
entre estabelecimentos da pessoa jurídica;
c) veículos utilizados por funcionários de uma prestadora de serviços domiciliares para irem ao domicílio dos
clientes;
d) veículos utilizados na atividade-fim de pessoas jurídicas prestadoras de serviços de transporte, etc.
Já em relação a “gastos com veículos” que não permitem a apuração de tais créditos, citam-se,
exemplificativamente, gastos com veículos utilizados:
a) pelo setor administrativo;
b) para transporte de funcionários no trajeto de ida e volta ao local de trabalho;
c) por administradores da pessoa jurídica;
d) para entrega de mercadorias aos clientes;
e) para cobrança de valores contra clientes; etc.
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