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Bens Públicos - Aula 01/2º bi 26/03 1) Noções Gerais Para se falar sobre bens públicos, é preciso tratar primeiramente de dois aspectos, o DOMÍNIO PÚBLICO e o DOMÍNIO EMINENTE. O domínio público está relacionado com o aspecto patrimonial, ou seja, o conjunto de bens móveis e imóveis que integram o patrimônio da administração. Já o domínio eminente, não está ligado a perspectiva patrimonial, no domínio eminente, todo e qualquer bem que se encontre no limite do território do Estado brasileiro está sujeito a INTERVENÇÃO ESTATAL, sendo a desapropriação a sua forma mais severa. Art. 5º,XXII CF/88 – é garantido o direito de propriedade Art.5º,XXIII CF/88 – a propriedade atenderá a sua função social A Constituição no inciso XXII do art. 5º, garante ao cidadão o direito de propriedade, entretanto, observa-se que na mesma medida em que o Estado garante o direito de propriedade, abre uma brecha dentro desse direito. ☞ Se for de interesse público, o Estado pode intervir na propriedade privada. Essa intervenção pode ser de duas formas; ou ela limita ou ela suprime o direito de propriedade. Daí que se fala que há dois tipos de intervenção, as intervenções restritivas (tombamento, ocupação temporária, limitações administrativas, servidão, e a requisição) e a intervenção supressiva que é a desapropriação. O domínio eminente está ligado ao poder soberano do Estado sobre tudo que se encontre na sua base territorial. Tudo o que estiver no território brasileiro está sujeito, está passível de sofrer intervenção estatal. Isso não quer dizer que o poder público seja dono de tudo que se encontra dentro do território brasileiro; dentro do que está dentro da base territorial dele, ele tem o poder em potencial, sendo dono do que integra o domínio público. Entretanto, qualquer bem que se encontre no seu limite territorial, está sujeito a sofrer intervenção do Estado, não por ele ser dono do bem, mas por ser interesse público, por ser essa intervenção retratadora da função social da propriedade, da supremacia do interesse público sobre o interesse particular ☞ SE HOUVER INTERESSE ESTATAL NA PROPRIEDADE PRIVADA, OCORRERÁ A DESAPROPRIAÇÃO DO BEM 2) Conceito Existem duas correntes doutrinárias que a primeira vista, parecem que tratam bens públicos de maneira diferente, quando na realidade não é bem isso. A primeira corrente segue o que está descrito no código civil O código civil conceitua bens públicos em seu art. 98 in verbis “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem” Art. 41 CC – São pessoas jurídicas de direito público interno: I – a União; II – os Estados, o Distrito Federal e os territórios; III – as Autarquias, inclusive as associações públicas PERTENCENDO A QUALQUER UMA DESSAS PESSOAS, O BEM SERÁ PÚBLICO O regramento patrimonial das pessoas que são criadas pelo Estado, porém com personalidade de direito privado, possuem regime jurídico de direito misto, e estas acabam ficando carentes de uma definição de como tratar esses bens. Ex: Os bens das estatais, das fundações (pessoas de direito privado) em regra não serão considerados bens públicos, pois tratam-se de pessoas jurídicas de direito privado. Sendo assim, seus bens jamais poderiam ser considerados bens públicos. Mas pelo regramento patrimonial, por está ligado à função do serviço público, o princípio da continuidade, além de outros aspectos que circulam a natureza da atividade que ela executa. Uma Fundação Pública de Direito Privado, executa uma atividade de interesse social. ➢ Os bens que integram o patrimônio que dará origem a fundação pública de direito privado, serão os bens que outrora eram do próprio Estado, ou seja, eram bens públicos. Mas, o art. 98 CC, afim de evitar tal discussão, conceitua que se os bens não pertencem a uma das pessoas descritas no rol do art. 41 CC, será bem particular INDEPENDENTEMENTE da pessoa que pertencer. ➢ Se os bens pertencem a quem está no rol do art. 41, trata-se de BENS PÚBLICOS ➢ Se os bens pertencerem a qualquer outra pessoa que não esteja no rol do art. 41, tratam-se de BENS PARTICULARES. Existe uma segunda corrente doutrinária que defende que os bens têm que possuir uma finalidade, ou seja, os bens que estão sendo utilizados pela administração pública, e que não pertençam as pessoas jurídicas de direito público também tem que ser considerados bens públicos; a finalidade para a qual eles estão se destinando é a satisfação do interesse da coletividade, portanto, segundo essa corrente os bens que estejam sendo utilizados pela administração pública, também devem ser considerados como bens públicos. Em um primeiro momento, parece que esta corrente está em choque com a corrente anterior, que diz que somente os bens pertencentes as pessoas elencadas no art. 41 é que devem ser considerados como bens públicos. Essa corrente que diz que os bens devem ser considerados bens públicos é uma coisa o bem ser público é outra. O bem ser considerado bem público não diz que o bem é bem público. Ser considerado, ser tratado como não muda a essência. ☞ Pra dizer que o bem é bem público, este deve pertencer alguém do rol do artigo 41CC, porém o bem pode ser considerado como bem público se este estiver afetado por uma finalidade pública. Ex : A CAEMA é uma empresa estatal, é uma sociedade de economia mista, é uma empresa pública com a personalidade de direito privado. Se alguém diz que o bem da CAEMA é um bem particular pura e simplesmente, está admitindo-se a seguinte situação: Fulano, credor da CAEMA numa execução, pode penhorar os bens da CAEMA, qualquer um? Imagine que a CAEMA está devendo milhões para Fulano, o patrimônio que ela tem todinho, não paga a dívida. Fulano resolve então penhorar, pede inclusive os canos da CAEMA do sistema Italuis. Fulano pode penhorar esses canos, pode ajudica-los uma vez que se trata de uma empresa particular? R = Não, uma vez que a CAEMA executa, explora um serviço público e por ela explorar um serviço público, Fulano deve entender que o serviço público tem regras, sendo uma delas o principio da continuidade, outra regra é que o serviço público está ligado ao principio da supremacia do interesse público sobre o interesse particular. Nesse caso, Fulano não poderá penhorar os canos do sistema Italuís que pertencem a CAEMA, tão pouco a sede onde funcione a CAEMA, pois são bens que estão afetados a uma finalidade pública. Se Fulano fizer isso, estará admitindo a possibilidade desse serviço público parar para satisfazer a atividade de um particular credor. Isso não significa que Fulano não tenha direito, importante lembrar que OS BENS DA CAEMA NÃO SÃO BENS PÚBLICOS. Se Fulano quiser, no entanto penhorar uma tubulação antiga, que não esteja mais servindo para o interesse público, esta não terá nenhum problema. ➢ Os bens receberão tratamento de bem público quando houver a necessidade de ter aquele bem para que o serviço público continue em funcionamento. Aquele bem que está sendo utilizado para que o serviço público continue em funcionamento ele não é bem público, ele só será tratado como bem público, ou seja, não pode ser penhorado em determinadas situações, uma vez que a impenhorabilidade é uma das características dos bens públicos. ➢ Os bens que não estão no rol do art. 41 serão no máximo considerados, tratados como bens públicos, mas não se transformam em bens públicos. Porque quando um bem é público, ele pode ser jogado no lixo, funcionando ou não, quebrado ou não, ele não perderá a sua essência de bem público. Enquanto for bem público, ele é impenhorável, imprescritível e inalienável ➢ Enquanto os bens que estão sendo tratados como bens públicos estiveram correspondendo a sua finalidade, elesterão os mesmos as mesmas características de impenhorabilidade, imprescritibilidade e inalienabilidade, deixando de corresponder a finalidade de bem público, estão passíveis de penhora, prescrição e alienabilidade 3) Classificação Quanto a pessoa a que pertençam Bens Federais – Pertencentes a União Art. 20 CF/88 (rol exemplificativo) Bens Estaduais – Pertencentes aos Estados Art. 26 CF/88 (rol exemplificativo) também aplicado aos bens Distritais naquilo em que for compatível Bens Municipais- Pertencentes aos Municípios A CF não adotou nenhum rol que diz quais são os bens municipais Toda vez que estiver diante de uma questão que estiver bens públicos, a palavra que será levada em consideração será a DESTINAÇÃO. Tudo que se refere a bem público tem que passar pelo exame da destinação. ➢ Bens de uso comum do povo - São aqueles bens que estão destinados a utilização real, indiscriminada, não onerosa. Esses bens são chamados de bens de uso comum do povo, quando este está destinado a utilização geral, sem restrições a quanto quem pode ou não usar. A única restrição que terá será quanto a destinação. Ex: Uma praça, qualquer um pode a qualquer momento sem nenhum ônus utilizar uma praça ( sentar no banco, jogar bola numa quadra) Uma rua também é de uso comum do povo, qualquer um pode transitar nela sem nenhum ônus. ➢ Bens de uso especial – São aqueles bens que estão destinados a servir a administração para que ela possa executar a sua tarefa. Ex: prédio onde funcione um órgão público qualquer que seja ele. ➢ Bens Dominicais/ Dominiais - São bens que integram o patrimônio da administração pública, porém são bens que perderam a sua destinação pública. São bens inservíveis para a administração, são bens que ela não está usando, são bens que não tem mais utilização real, não tem destinação nenhuma. Embora não possuam mais serventia para o poder público, continuam integrando o patrimônio da administração pública, continuam tendo todas as prerrogativas de bens públicos ( impenhorabilidade, inalienabilidade, não onerabilidade, imprescritibilidade) ☞ OS BENS PODEM ENTÃO TER SUA DESTINAÇÃO DE USO COMUM DO POVO, OS BENS PODEM TER SUA DESTINAÇÃO DE USO PELA ADMINISTRAÇÃO OU ELE PODE NÃO TER NENHUMA DESTINAÇÃO. 4) Disponibilidade Têm-se bens indisponíveis ou como alguns chamam materialmente indisponíveis, são bens que são indisponíveis pela sua própria essência, pela sua própria natureza. Ex: O mar, o ar, são bens que por sua própria natureza serão sempre indisponíveis, não possuem aspecto patrimonial, são bens materialmente indisponíveis. Não há o que se discutir quanto a disponibilidade desses bens, uma vez que são bens que não possuem valor comercial, não possuem valor econômico. O que interessa no nosso estudo são os bens patrimoniais indisponíveis e os bens patrimoniais disponíveis. Quem vai definir se o bem é patrimonial disponível ou indisponível será a DESTINAÇÃO. O artigo 100 do Código Civil diz que “Os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial são inalienáveis enquanto mantiverem a sua destinação” o art. 101 diz que “Os bens dominicais são alienáveis na forma da lei”. Quando se diz que os bens de uso comum e os bens de uso especial são inalienáveis, está se dizendo que uma rua, uma praça, um prédio onde funcione um órgão público são bens patrimoniais, pois aferem valor, esses bens estarão indisponíveis enquanto mantiverem a sua destinação. O art. 101 do CC diz que os bens dominicais são bens patrimoniais disponíveis porque são alienáveis na forma da lei. Os bens dominicais, uma vez que perdem a sua destinação e possuem valor econômico, pode a administração dispor deles. ☞ ENQUANTO O BEM FOR DOMINICAL ELE ESTARÁ PASSÍVEL DE SER ALIENADO 5) Afetação e Desafetação ** Ocorre a afetação quando se dá uma destinação a algum bem ** Ocorre a desafetação quando se retira de determinado bem a sua destinação A doutrina entende que a afetação e a desafetação são fatos administrativos, isso quer dizer que são acontecimentos. Quando se da a destinação, está afetando o bem, e quando se retira a destinação está se desafetando esse bem Bens Públicos Aula 02/2ºbi - 23/04/2018 A categoria de bens vai pertencer em relação a ele ser bem de uso comum, bem de uso especial ou bem dominical, o que define isso é a destinação, por consequência vai definir também se é um bem patrimonial disponível ou se é um bem patrimonial indisponível, tudo isso depende da destinação que o poder público está dando ao bem. Lembrando que os bens de uso comum e os bens de uso especial são inalienáveis e os bens dominicais são alienáveis na forma da lei, logo, se o bem pode mudar de uma categoria para a outra, pode-se também pensar que o bem é alienável ou inalienável dependendo da destinação que ele possua, porque enquanto o bem estiver sendo destinado ao uso comum do povo ou a uso especial esse bem será patrimonial indisponível, ou seja, ele é inalienável. Acontece que esse mesmo bem pode sair da categoria de uso comum ou de uso especial e passar para a categoria de dominical e ai nesse momento quando estiver na categoria de bem dominical, ele será um bem patrimonial disponível, portanto alienável, conforme estabelece o artigo 100 e 101 do código civil. 6) Regime Jurídico dos bens públicos Quando se fala em regime jurídico dos bens públicos, pode-se falar que bens públicos tem inalienabilidade, mas não é absoluta ou alienabilidade, estando elas condicionadas a destinação, uma vez que é a destinação que vai definir se o bem é inalienável ou alienável. 6.1 Inalienabilidade ou alienabilidade condicionada. O bem será inalienável, quando for de uso comum do povo ou quando ele for um bem de uso especial, e será alienável quando for um bem dominical. A destinação pode fazer com quem o bem seja alienável ou inalienável. ☞ OS BENS MANTEM A SUA INALIENABILIDADE ENQUANTO MANTIVEREM A SUA DESTINAÇÃO ☞ O REGIME JURIDICO É MARCADO PELA INALIENABILIDADE PORQUE ENQUANTO ELES MANTIVEREM A SUA DESTINAÇÃO, ESTES SÃO INALIENÁVEIS, MAS TAMBÉM SE FALA NA ALIENABILIDADE, POIS ENQUANTO ELES ESTIVEREM SEM DESTINAÇÃO, PODEM SER ALIENADOS. ☞ A INALINABILIDADE E ALIENABILIDADE ESTÃO CONDICIONADAS A DESTINAÇÃO DO BEM 6.2 Impenhorabilidade Os bens dominicais são alienáveis, os bens de uso comum são inalienáveis, mas nenhum deles é penhorável. O fato de um bem dominical ser alienável não o torna penhorável. Sendo assim, os bens públicos gozam de impenhorabilidade. A impenhorabilidade é absoluta! Existem dois fundamentos que justificam a impenhorabilidade dos bens públicos, um fundamento de ordem processual e um fundamento de ordem constitucional. Processualmente, a penhora é a constrição dos bens, é a garantia do juízo, quando o devedor tem seus bens penhorados para que seja garantido o processo executivo. A penhora existe por conta do risco da insolvência do devedor, só existe a penhora com a única finalidade de garantir o juízo, ou seja, garantir que o credor ao final do processo executivo tenha algo para materializar o seu crédito, ou em dinheiro ou em bem que permita que ele satisfaça o seu crédito. Quando o devedor é o Estado, a penhora perde a sua principal função que é a garantia de numa eventual insolvência o devedor não pagar, pois nessa situação o Estado não chega na situação de insolvência a ponto de não ter como não pagar. O segundo fundamento, de ordem constitucional, diz que o credor da fazenda pública deve receber por meio de precatório (Ao final do processo executório, o juiz de base envia ao Presidente do TJ um oficio solicitando o precatório, o presidente do TJ determina que o governador ou o prefeito reserve no orçamento o valor correspondente a dívida). Quando esse oficio sai do juiz de base e é protocolado para o presidente do TJ, ele entra numafila, esta se forma no dia 1º de julho de um ano até 30 de junho do ano seguinte pra ser pago no ano posterior. Os bens públicos são impenhoráveis, pois o Estado não é um devedor insolvente e porque a Constituição determina que o credor da Fazenda Pública será pago por meio de precatório. ☞ NÃO TEM PENHORA SOBRE BENS PÚBLICOS QUALQUER QUE SEJA A SUA DESTINAÇÃO 6.3 Não onerabilidade A essência é semelhante da impenhorabilidade. Onerar um bem é gravar com ônus, ou seja, dá o bem como garantia de uma dívida. Como a Constituição determina que a forma de pagamento é o precatório, o credor não pode ficar com o bem público. 6.4 Imprescritibilidade Os bens públicos não sofrem usucapião. Não há o que se confundir imprescritibilidade com crédito. A prescrição aqui descrita é referente a aquisição de propriedade pelo decurso do tempo, o individuo mesmo que de forma mansa e pacífica não tem direito a usucapião quando o bem for público 7.0 Aquisição de Bens Públicos A Administração adquire bens através de ➢ Contratos Forma de aquisição através de compra e venda, permuta, doação. É a forma mais usual de aquisição de propriedade. ➢ Desapropriação A desapropriação decorre do poder eminente que o Estado detém sobre tudo o que está dentro do seu território. A desapropriação é a retirada do bem de um particular que passa a integrar o patrimônio público. Como a aquisição é forma de aquisição de propriedade, se as vezes o estado desapropria em favor de terceiros, como por exemplo para fins de reforma agrária? Mesmo nos casos em que a destinação (chamada nesse caso de destinação provisória) em que o Estado desapropria e não fica com bem, mas o bem entra no patrimônio público e desse patrimônio o Estado dá a destinação que pode ser assentamento de família, colonos, etc. ☞ MESMO NOS CASOS EM QUE HÁ DESAPROPRIAÇÃO E A SUA DESTINAÇÃO SEJA PARA TERCEIROS, O BEM INTEGRA-SE AOS BENS DO PODER PÚBLICO. ➢ Usucapião O poder público não perde por usucapião, mas ele ganha. É válido a aquisição por usucapião pelo poder público. ➢ Acessão Acessão é acréscimo. Existem 5 formas de acessão • Aluvião – Acréscimo feito pela força das águas que podem fazer com que partículas de terra formem um terreno • Avulsão – Quando um pedaço considerável de terra se desprende de um terreno acomodando-se em outro local. • Formação de Ilhas – Ilhas que se formam naturalmente, e passam a integrar o patrimônio da União. Se for um rio que corte duas propriedades particulares, metade da ilha fica para um e metade para outro. • Abandono de álveo – Rico secou, álveo é o fundo do rio. Denomina-se álveo abandonado o chão que fica onde outrora era rio. • Construções e Plantações – Aquilo que for construído e/ou plantado no terreno pertencerá ao proprietário deste. ➢ Adjudicação Ocorre quando o bem é penhorável e o credor deseja ficar com o bem, ao ficar com o bem o credor adjudica o bem, não chegando nem a acontecer um leilão. ➢ Arrematação Aquisição em leilão judicial ou extrajudicial. Se houver interesse da administração pública sobre o bem, esta pode arrematá-lo ➢ Causa mortis Ocorre quando o de cujus não tem herdeiros ou quando o individuo deixa seus bens em testamento para a administração pública. ➢ Resgate da enfiteuse Enfiteuse é direito real sob coisa alheia. Ela acontece quando o individuo que é dono da terra nua, concede a outro o direito de usar aquela terra como bem entender. Ocorre o resgate da enfiteuse, quando o senhorio direito quer repassar a outrem o total domínio pleno sobre aquele pedaço de terra, passando a ter o direito de propriedade. Ex: A Ilha de São Luís era foreira a União, pertencia a União. Desde a EC 45 as Ilhas que sediassem as capitais deixaram de pertencer a União. A Ilha de São Luís é foreira, mas têm-se alguns pedaços (denominado de glebas) essas glebas são terrenos próprios, terreno próprio é quando a terra já é de um particular não é mais do Estado. ➢ Ex vi legis É a aquisição em virtude do que a lei estabelece. O Poder público adquire através do que a lei estabelece ( ex : construção de praças, ruas em determinado loteamento) Ex: Fulano tem um terreno e decide lotear esse terreno para construir casas. Para que as casas possam ser construídas, é necessário submeter o projeto a administração (poder de polícia) faculdade de uso e ocupação do espaço urbano que deve ser submetido ao poder público para que ele saiba se o projeto está de acordo com o que a lei de zoneamento urbano estabelece. Em São Luís, a ilha é divida por zonas, tem a zona de preservação ambiental, zona residencial, zona comercial, cada local da ilha de acordo com a lei de zoneamento urbano, tem uma identificação e de acordo com a zona onde o terreno está localizado a sua construção acontecerá de determinada forma. Imagine que Fulano tenha um loteamento, e este quer lotear para construir casas, o projeto será submetido a Secretaria Municipal de Urbanismo que analisará se o projeto está de acordo com a lei. ☞ A LEI DE ZONEAMENTO URBANO DEFINE QUANDO, ONDE E COMO VAI SE CONSTRUIR ALGO. ELA VAI DIZER QUAL A METRAGEM DOS LOTES QUE O PROPRIETÁRIO DO TERRENO IRÁ CONSTRUIR, DEFININDO A CONSTRUÇÃO DE RUAS E SUA METRAGEM. QUANDO A LEI MANDA QUE O INDIVIDUO LOTEEI UM TERRENO, MAS QUE DEIXE UMA RUA, ELA ESTÁ MANDADO EM OUTRAS PALAVRAS QUE O PROPRIETÁRIO DEIXE UM BEM PÚBLICO 8. Uso dos Bens Públicos 8.1 - Uso Comum – Também chamado de uso normal, é um bem de livre utilização (utilização e destinação para a mesma coisa) Ex: Passar pela rua (a rua é um bem de uso comum, usada para tráfego de pessoas e veículos, uma rua que está tendo essa utilização, está sendo usada de forma comum , uso normal) Ex: Uma escola que está tendo aulas normalmente (é um bem de uso especial, mas que está sendo de forma comum, usado de maneira normal, para a destinação que a ela foi incumbida) ☞ EM REGRA, OS BENS DEVEM SER USADOS DE FORMA COMUM Ex: praça que serve para ser praça, rua que serve para ser rua, colégio que serve para dá aula, hospital para receber doentes, ginásio que tem competições esportivas ☞ O QUE MUDA A CATEGORIA DE UM BEM É A SUA DESTINAÇÃO E NÃO A UTILIZAÇÃO 8.1.1 – Características * compatibilidade entre destinação e utilização – Quando o uso do bem está normal, sem mudar a sua essência, sua destinação não muda (ocorre quando o uso e destinação de um bem estão sendo usados exatamente para o que foram criados) * O uso comum não é oneroso - Não há nenhuma cobrança para o individuo que está utilizando o bem * generalidade e indiscriminação – Generalidade pois qualquer um pode usar, e não há descriminação sobre quem possa ou não utilizar o bem, observando sempre as regras de acordo com a destinação que o bem recebe. 8.2 – Uso especial - Também chamado de uso anormal. A essência do bem não muda, o que muda é a sua utilização. Ex: Uma rua que é fechada para a apresentação de um boi durante os festejos juninos (a rua vai continuar sendo uma rua, continuará sendo um bem de uso comum, entretanto, quando estiver acontecendo a apresentação, estará sendo usada de forma anormal, uma vez que a passagem de qualquer pessoa, não estará acontecendo normalmente) ☞ USO ANORMAL NÃO QUER DIZER QUE SEJA ILEGAL 8.2.1 – Privativo – Concessionária que ganha licitação para a construção de uma rodovia Características * O uso privativo é precário, porque a adm pública pode deixar e pode impedir a qualquer momento. Ex: Marafolia * Sujeito ao regime jurídico público – a adm pública tem superioridade, depende da vontade da administração pública * Instrumentalidade formal – Tem que haver uma permissão, um contrato de concessão, tem que ter um instrumento que formalize que o bem seja usado de forma privativa * Privatividade – O indivíduo que se encontra com o bem, define quem teráacesso a ele ☞ O USO PRIVATIVO NÃO SERÁ REMUNERADO OBRIGATORIAMENTE ☞ Ex: Show aberto ao público em espaço público que não é cobrado a permanência do indivíduo no local. 8.2.2 – Remunerado – Indivíduo que paga para passar na rodovia com o pedágio 8.2.3 Características do Uso Especial * Incompatibilidade entre destinação e utilização – Há uma mudança na destinação/utilização do bem * Pode ser gravado com ônus – É possível que tenha ônus * Privatividade e exclusividade – O indivíduo que estiver com o bem define quem irá usá-lo Todos os bens (uso comum, uso especial e dominical) podem ser usados de forma comum? Não! O dominical não pode. Pois, o uso comum é a destinação que ele tem e a utilização que está compatível com essa destinação, só que o bem dominical ele se caracteriza por não ter destinação, então o bem dominical JAMAIS terá utilização comum, pois na hora que ele tiver uma utilização ele deixará de ser dominical e passará a ser especial ou comum. Então, O BEM DOMINICAL NÃO VAI SER USADO DE FORMA COMUM pois são duas coisas incompatíveis, pois no uso comum a destinação é para uma coisa e ele não possui a destinação. O uso comum não ocorrerá no bem dominical, o uso comum só ocorre com o bem de uso comum e com o bem de uso especial. Mas, o bem dominical pode ser usado de forma especial Ex: praça desativada (bem dominical) um indivíduo pede autorização para que durante um evento ele possa utilizar a praça como estacionamento. A praça não deixa de ser bem dominical, o bem só deixa de ser dominical quando o poder público dá a ele uma destinação. ☞ A MERA UTILIZAÇÃO NÃO IMPLICA DIZER QUE ESTÁ HAVENDO UMA DESTINAÇÃO Intervenção do Estado na Propriedade Privada Aula 03/2ºbi – 30/04 Noções Gerais O que dá ensejo da possibilidade do Estado intervir na propriedade privada é exatamente o poder em potencial que ele tem sobre tudo que está no seu limite territorial, e esse poder em potencial está previsto na própria Constituição quando ela assegura em seu art. 5º,XXII “ É garantido o direito de propriedade” mas no inciso seguinte, ela coloca que “ A propriedade atenderá a sua função social” e ai quando ela coloca essa função social, ela deixa exatamente o espaço para que o poder público venha intervir na propriedade privada limitando ou suprimindo esse direito, tudo se justificado pela satisfação do interesse público. Fundamentos As formas de intervenções têm todas elas origem, respaldo, nesse fundamento constitucional. Vão ter respaldo nessas duas perspectivas: a função social da propriedade e da supremacia do interesse público sobre o interesse particular. Então, os dois fundamentos que são COMUNS A TODA E QUALQUER FORMA DE INTERVENÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA serão esses dois: a supremacia do interesse público e a função social da propriedade. ☞ A FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E DA SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INTERESSE PARTICULAR, SÃO OS FUNDAMENTOS COMUNS DA INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE PRIVADA QUALQUER QUE SEJA A SUA FORMA. Nesses casos, o Estado vai poder intervir, mas não vai suprimir o direito de propriedade. O indivíduo não perde o direito de propriedade, mas sofre uma limitação, não podendo usar a sua propriedade como bem entender. Essas limitações, recebem o nome de limitações restritivas, pois ela vai restringir o direito de propriedade. ☞ As formas restritivas de intervenção do Estado são: requisição, servidão, limitações administrativas, tombamento e ocupação temporária. ☞ A forma supressiva de intervenção do Estado é a desapropriação. Formas Restritivas de Intervenção do Estado ➢ Requisição A requisição, é uma forma de intervenção que se dá numa situação de perigo público iminente. Perigo público iminente, é o perigo público real, tendo que ser superado de forma imediata. Quando se fala de requisição, está se falando, numa possibilidade de o poder público ocupar bens, dessa forma o objeto da requisição é o mais amplo de todos, porque a aquisição incide sobre bens móveis, imóveis e até serviços. Na requisição, têm-se uma situação de perigo e para sair desse perigo o poder público precisará usar a propriedade privada, a requisição não depende de autorização, sendo decorrente de ato administrativo auto executório, não tendo que existir autorização judicial para que aconteça. A requisição acontece de forma imediata por meio de um ato, onde o poder executivo baixa um ato requisitando, porque ele precisa suprir a situação de perigo que está acontecendo de forma imediata, que decorre de calamidade pública, catástrofes, e em casos de guerra. Existem dois tipos de requisição, a requisição civil e a requisição limitada. ☞ Em casos de guerra, ocorre a requisição limitada ☞ A propriedade pode ser usada também para afastar a situação de perigo. Ex: Policial que em meio a uma perseguição, para qualquer carro para que a perseguição continue. A propriedade particular é então usada, para afastar a situação de perigo que está acontecendo. Em termos gerais, as formas de intervenção por si só não dão direito a indenização, intervir na propriedade privada, é um direito que o Estado tem, então quando ele requisita, ele está no exercício regular do direito. Entretanto, quando isso é extrapolado, quando gera um prejuízo, um prejuízo comprovado, o particular terá direito de pedir uma indenização, ou seja, se o Estado faz a requisição, utiliza o bem, e não causar nenhum prejuízo, o particular não tem direito a indenização, o simples fato da utilização da propriedade, não gera a caracterização do prejuízo, não tendo assim, direito imediato a indenização. A indenização só ocorrerá com a demonstração comprovada do prejuízo, O simples fato de ter ocorrido a requisição, ou qualquer uma das formas de intervenção, por si só não acarreta esse prejuízo, e como consequência não gera direito a indenização, o que vai garantir a indenização é se houver prejuízo. Entretanto, existem intervenções que elas de cara vão dá direito a indenização, pois elas de cara vão ocasionar um prejuízo, como por exemplo: a servidão, a desapropriação, são formas de intervenção, que pela maneira como se processam, vai ocorrer um prejuízo. Assim, entende-se que a indenização é cabível desde que fique demonstrado pelo particular, a ocorrência do prejuízo que ele suportou devido a intervenção, o que não quer dizer, que o simples fato de ocorrer a intervenção já gera o prejuízo, isso dependerá da forma de intervenção, só assim poderá se verificar a possibilidade ou não da indenização. A requisição então ocorre numa situação de perigo público iminente, é instituída por ato administrativo auto executável, ou seja, não precisa de autorização judicial, está prevista no art.5º, XXV da CF/88, e recai sobre bens móveis, imóveis e até mesmo sobre serviços como forma de afastar uma situação de perigo. Da mesma maneira que ela é instituída pela situação de perigo através de um ato administrativo, a extinção dela está vinculada também a situação de perigo, acabando a situação de perigo acaba a requisição. Fundamento: Art. 5º, XXV CF/88: “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano” Tipos: Civil – Decorre de casos fortuitos e força maior Militar – Decorrente de estado de guerra Objeto: O objeto é o mais amplo possível, envolve bens móveis, imóveis e serviços Indenização: Só ocorrerá se o particular comprovar o prejuízo, e será paga de forma posterior Instituição: Instituída por ato administrativo, auto executável, ou seja, não precisa de lei nem de autorização judicial A administração pública já está autorizada a baixar o ato instituindo a requisição. Extinção: Fica vinculada ao perigo, cessando o perigo, cessa a requisição. O próprio ato queinstituiu também extingue. Características: ✓ É direito pessoal da administração ✓ Tem como pressuposto perigo público iminente ✓ Incide sobre bens móveis, imóveis e serviços ✓ Tem caráter de transitoriedade ✓ Instituída por ato administrativo, auto executável ✓ Indenização se houver, é posterior. ➢ Servidão Administrativa A servidão administrativa, é uma forma de intervenção que terá lugar, quando a administração pública utiliza a propriedade privada para viabilizar a execução de um serviço, de uma obra. A servidão é instituída por acordo com o particular ou judicialmente se o particular se opuser, a indenização é paga de forma imediata. A servidão tem caráter de permanência. Ex: A administração pública precisa passar uma tubulação de esgoto, dentro de uma propriedade particular com o intuito de despoluir um rio. A servidão sendo autorizada, seja pelo particular seja judicialmente, limitará em 6m o direito de propriedade do particular, nesse caso, como ocorre um prejuízo para o particular, visto que sua propriedade teve uma diminuição, ou seja, ele tem um prejuízo, terá ele indenização paga previamente. Assim, entende-se que a servidão é uma limitação na propriedade privada com o intuito de viabilizar um serviço, ou uma obra. Ex: Colocação de postes de energia, tubulação de gás, água, esgoto que precisam cruzar a propriedade privada. ☞ A SERVIDÃO SÓ INCIDE SOBRE BENS IMÓVEIS A servidão é instituída por acordo com o particular ou judicialmente se o particular se opuser, entretanto além dessas duas formas, existe uma forma anômala de servidão chamada de “manu militare” (com mão militar) que ocorre quando a administração pública faz o serviço, sem acordo, sem autorização judicial, vai agindo até que o particular apareça. (C* de bêbado não tem dono). A servidão manu militare ocorre quando a administração pública intervém na propriedade particular sem autorização nem do particular nem da justiça, até que o proprietário tome conhecimento. ☞ É POSSIVEL A SERVIDÃO DE BENS PÚBLICOS, DESDE QUE OBSERVADA A HIERARQUIA ADMINISTRATIVA. UNIÃO > ESTADOS > MUNICÍPIOS ☞ O MUNICÍPIO NÃO PODE INSTITUIR SERVIDÃO SOBRE BENS PÚBLICOS SOMENTE DE BENS DA ADMNISTRAÇÃO INDIRETA DO PRÓPRIO MUNICÍPIO Fundamento: Art. 40 Decreto 3.365/41 “O expropriante poderá constituir servidões mediante indenização na forma desta lei” Objeto: Somente imóvel alheio. Pode ocorrer de forma excepcional a servidão de bens públicos respeitando a hierarquia federativa e mediante autorização legislativa Formas de instituição: Acordo entre as partes ou autorização judicial, excepcionalmente pode ocorrer a “manu militare” quando a Adm.Pública não pede autorização nem para o particular nem judicialmente Extinção Desaparecimento da coisa Desinteresse da Adm. Pública Se a adm. pública adquire a propriedade (desapropriação) Indenização A indenização é paga anteriormente, ou por acordo com o particular ou por uma decisão judicial condicionada com a existência de prejuízo Características: ✓ Direito real da administração ✓ Incide sob bem imóvel ✓ Tem caráter de definitividade ✓ Inexiste auto executoriedade ✓ A indenização é prévia condicionada a existência do prejuízo ➢ Limitações Administrativas São limitações incidentes sobre as faculdades de uso, ocupação, e modificação da propriedade. Estão diretamente ligados ao poder de polícia da administração. São decorrentes de leis que limitam o uso da propriedade privada, são situações que dão ensejo as fiscalizações (poder de polícia da administração pública), que pode ocasionar uma desapropriação caso o proprietário não atenda a ordem urbanística e sancionatória, caso ele não obedeça a ordem de manter um terreno limpo, por exemplo. São formas decorrentes principalmente de leis que estabelecem limitações a utilização da propriedade privada Ex: Imposição da construção de muro e calçadas, limitações quanto a altura de prédios, etc. Essas limitações administrativas, são marcadas pelo seu caráter de generalidade, pois são decorrentes de lei, assim todos são obrigados a respeitar essas limitações (caráter erga omnes). Nas limitações administrativas há unilateralidade, pois, a lei é quem decide, não dependendo da anuência da outra parte. Nas limitações administrativas há imperatividade, em decorrência do caráter coagente da lei, uma vez que a lei deve ser cumprida. Nas limitações administrativas há a não confiscatoriedade, uma vez que o proprietário não perde a sua propriedade. As limitações administrativas consistem em obrigações de fazer, não fazer e deixar fazer, retratando assim os três tipos de obrigações Limitações positivas – São as limitações que impõem uma obrigação de fazer. Ex: Lei de muros e calçadas, pois exige que o proprietário construa muro e calçadas na sua propriedade. Limitações Negativas – São as limitações que impõem uma obrigação de não fazer Ex: Proibição de construção de edifícios de x andares, proibição de construção em áreas de preservação permanente. Etc. Limitações Permissivas – São as limitações de deixar fazer, por conta da decorrência da previsão legal, o poder público tem o direito de fiscalizar para saber se a lei está sendo cumprida. Ex: Se o particular vai construir, o poder público tem o direito e o particular a obrigação de permitir que a adm. pública vá até a obra fiscalizar para saber se a obra está de acordo com a lei. Fundamentos: Exercício do poder de polícia da Administração Pública Indenização Praticamente não existe, pois é um ato administrativo, é uma lei. A indenização nesse caso só poderia ser visualizada caso ocorra um abuso de poder, e esse abuso de poder venha acarretar prejuízo para o particular. Ex: Agente que danifica equipamento numa fiscalização. Características ✓ São atos legislativos ou administrativos de caráter geral ✓ Tem caráter de definitividade ✓ Ausência de indenização ✓ Motivada por interesse público abstrato (pois decorrem de lei) Intervenção do Estado na Propriedade Privada (Cont.) Aula 04/2º bi - 14/05/2018 ➢ Tombamento O tombamento é uma forma de intervenção, que se dá sobre um único fundamento a necessidade da preservação do patrimônio histórico, sociológico e cultural. O tombamento não serve, não é forma de intervenção apta para casos de preservação de meio ambiente, fauna e flora. ☞ NÃO EXISTE TOMBAMENTO DE FLORESTA O tombamento vai acontecer na necessidade de preservar o patrimônio histórico, a sua presunção é o indivíduo é dono de um bem, só que esse bem é retratador de um valor histórico e não pode ficar limitado, não pode ficar sujeito a vontade privatista desse dono, de modo que o Estado intervém e protege esse bem ( não gera perda da propriedade) ele preserva o bem pois se pressupõe que aquele bem tem/deve ser desfrutado por todos, pois o bem tem um valor que não é do particular. A necessidade de preservar o ambiente sociológico, histórico e cultural, é que leva o poder público a tombar um bem O tombamento é vinculado, pois ele só vai acontecer se estiver presente esse ambiente histórico, se não estiver presente não ocorre o tombamento. Só que ele tem uma fase antecedente que é uma fase discricionária, uma vez que, dependendo da maneira como se inicia o processo de tombamento, pode iniciar de forma discricionária, Ex: Chefe do Executivo pode julgar, ele faz um juízo de valor prévio sobre determinado bem entendendo que determinado bem deve ser preservado, isso não vai vincular, ou seja, isso não vai conduzir necessariamente ao tombamento, e é aí que está a fase discricionária do tombamento. A partir desse juízo de valor o processo é deflagrado, mas quem assume é o IPHAN, é ele quem assume a condução do processo de tombamento. A discricionariedade então acaba, pois não existe mais a opinião do chefe do executivo,a opinião dele só leva a uma possibilidade de um bem ser tombado, mas a decisão final é do órgão técnico que vai apurar o valor histórico e cultural. ☞ O TOMBAMENTO É INSTITUÍDO POR ATO VINCULADO DO PODER EXECUTIVO, É UM ATO ADMINISTRATIVO, MAS QUE INICIA COM UMA FASE DISCRICIONÁRIA, ELE NÃO É INSTITUÍDO POR ATO DISCRICIONÁRIO, O PODER EXECUTIVO ESCOLHE OS BENS QUE SERÃO AVALIADOS (FASE DISCRICIONÁRIA) COM BASE NESSE JUÍZO DE VALOR, INICIA-SE O PROCESSO QUE PODE CONCLUIR QUE TRATA-SE OU NÃO DE CASO DE TOMBAMENTO (FASE VINCULADA). O tombamento está previsto em regras gerais no Decreto Lei 25/37, são regras abstratas, uma vez que o tombamento é específico. Em que pese ter esse decreto com regras gerais, têm-se algumas situações onde a própria Constituição estabelece tombamentos constitucionais (ex: sítios arqueológicos), como nos descritos nos artigos 215, 216, sendo assim, existem tombamentos que não são feitos por ato administrativo, pois o próprio texto constitucional o estabelece. Em regra, é ato do poder executivo, ato administrativo, mas tem esses casos excepcionais que a própria Constituição já diz que é caso de tombamento Art. 216 §1º “O Poder Público, com colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento, e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação Art. 216 §5º “Ficam tombados todos os documentos e sítios detentores de reminiscência histórica dos antigos quilombos”. ☞ O tombamento é uma restrição ao direito de propriedade Uma vez que o proprietário não pode fazer o que bem entender com seu bem. O tombamento desenvolve-se em três momentos: o processo administrativo inicia com a provocação do próprio interessado, após instaurado o procedimento é emitido um parecer prévio pelo órgão técnico responsável, após esse parecer o proprietário é notificado para se manifestar e se defender dessa proposta depois dessa manifestação é instituído um conselho para que seja tomada a decisão se o bem é ou não caso de tombamento. Toda vez que o imóvel é tombado, quando acontece essa notificação para o proprietário, na qual ele recebe um parecer prévio, notificando-o que existe um processo de tombamento em andamento ocorre o que se chama de tombamento provisório, ou seja, quando o poder público já informa ao proprietário que o imóvel está sendo objeto de processo de tombamento, a partir desse momento, o proprietário já fica impedido de fazer qualquer alteração no imóvel até a conclusão do processo de tombamento. O tombamento definitivo só acontecerá ao fim do processo de tombamento. O tombamento será voluntário, quando o particular não se opõe ao processo, e compulsório quando ele não concorda. Quando ocorre o tombamento, o particular assume algumas responsabilidades, dentre as quais estão: o dever de conservação, direito de preferência ao poder público (caso o proprietário venda sem oferecer primeiro ao poder público, o negócio é nulo, e o proprietário paga multa de 20% referente ao valor da negociação), restrições ao direito de vizinhança (os vizinhos ao imóvel tombado podem sofrer algumas restrições caso a mudança cause impactos a harmonia histórico cultural do local) Fundamento: Decreto 25/37; artigo 215 e 216§5º da CF/88 Objeto: Bens Móveis e Imóveis Instituição: Instituído por ato administrativo (tem uma fase que inicia discricionária e tem que tá vinculado ao ambiente histórico) Efeitos: Dever de conservar, restrições de vizinhança, direito de preferência do poder público Quanto a eficácia do ato: • Provisório – Determinação cautelar anterior ao processo de tombamento. • Definitivo – Depois de concluído o processo de tombamento. ➢ Ocupação Temporária A ocupação temporária está prevista no artigo 36 decreto lei 3364/41“É permitida a ocupação temporária, que será indenizada, afinal, por ação própria, de terrenos não edificados, vizinhos às obras e necessários à sua realização”. A ocupação temporária ocorre quando o poder público usa a propriedade privada como ponto de apoio para executar uma obra. Ex: Na duplicação da BR 135, é muito comum ao passar pela BR é comum verificar que maquinário e materiais fiquem guardados em terrenos e casas próximas da construção, isso é uma ocupação temporária. É a ocupação mais comum, e segundo o decreto que a rege, a indenização será paga ao final, essas indenizações só acontecem quando as ocupações estão atreladas a processos de desapropriação. Entende-se que por estarem atreladas a um processo de administração, essa ocupação vai demorar, então nesse caso ela é indenizada, indenização esta que é prevista pelo próprio decreto 3364/41. Em regra, a ocupação não é indenizada, mas caso se trate de uma obra vinculada a uma desapropriação, essa ocupação será indenizada, da mesma forma que será indenizada caso cause algum prejuízo para o proprietário. Fundamento: Art.36 do decreto lei 3364/41 Modalidades: • Ocupação ligada a desapropriação – Gera Indenização • Ocupação desvinculada da desapropriação – Em regra não gera indenização, mas poderá indenizar caso gere prejuízo para o proprietário Instituição: Ocupação vinculada a desapropriação – ato formal Ocupação desvinculada a desapropriação – ato auto executável Extinção: Se dá com o fim da obra ou serviço. ➢ Desapropriação É a forma mais agressiva de intervenção na propriedade, se a intervenção já é algo excepcional nas modalidades restritivas, na modalidade supressiva, a desapropriação é a forma mais drástica. A desapropriação só ocorrerá se o interesse público for latente. A desapropriação tanto limita quanto suprime o direito de propriedade do proprietário do bem, ela retira o direito de propriedade, sendo assim a forma mais drástica de intervenção. A desapropriação ela tem natureza jurídica de procedimento, é um procedimento administrativo mas que quase sempre desencadeia uma fase judicial, pois pode acontecer do particular não concordar. Se a desapropriação tem natureza de procedimento, é porque o que vai acontecer na desapropriação é apenas a maneira como vai ocorrer a expropriação do bem. Não se discute numa desapropriação se o poder público tem ou não o direito de expropriar o bem, por isso que diz que tem natureza jurídica de procedimento, pois não se discute numa ação de desapropriação se o poder público tem ou não o direito material, porque ele tem o direito material, isso é indiscutível, o que vai ser analisado é tão somente o procedimento, se ele foi correto ou não, daí se dá o nome de desapropriação, ou seja, retirar a propriedade de alguém. Então, a desapropriação é um procedimento, ou seja, não vai se discutir o direito material, pois ele está na Constituição, então é direito do poder público intervir na propriedade restringindo ou suprimindo, agora, o que tem que ser observado é o procedimento, a desapropriação é somente o mecanismo que vai ser utilizado para que o poder público possa “pegar” o bem. Numa ação desapropriação, será analisado apenas o procedimento, a análise da existência de algum vício, que caso tenha, o particular possa resolver, mas se o procedimento não tiver nenhum vício, o particular poderá apenas discutir valores. O que será analisado num processo de desapropriação será :o procedimento, a regularidade e o valor da indenização. Se houver regularidade, o único ponto a ser discutido será o valor da indenização. A natureza jurídica da desapropriação é de procedimento que tem a fase administrativa e pode ter a fase judicial. ☞ A DESAPROPRIAÇÃO SÓ OCORRERÁ SE HOUVER INTERESSE PÚBLICO QUE JUSTIFIQUE A DESAPROPRIAÇÃO Os pressupostos ensejadores da desapropriação são: utilidade pública, necessidade pública e interesse social. Ex: A construção de uma ponte, de uma avenida, estão atreladas ao pressupostode utilidade pública, pois vão causar melhorias. Entretanto, se essa ponte for a única ligação entre duas cidades a construção dessa ponte que passará por um terreno particular, será uma utilidade pública. Entretanto, o decreto 3365/41 ele regula os casos de desapropriação por utilidade pública, entretanto no contexto do decreto, ele trata de casos de necessidade e de utilidade pública. Então, têm-se faticamente duas situações distintas, mas que mesmo assim ambas estão reguladas no mesmo diploma legal. Ocorrerá o interesse social, quando a adm. pública desapropriar para resolver problemas sociais, por ex: desapropriação para assentar famílias. A desapropriação, está fundamentada no Decreto 3365/41(regula os casos de desapropriação por necessidade e utilidade), Lei 4132/62 (regula os casos de desapropriação por interesse social). O artigo 2º do decreto lei 3365/41 diz que “Todos os bens podem ser desapropriados”, entretanto existem alguns casos em que a desapropriação é vedada, como por exemplo em propriedades produtivas que não poderão ser objeto de desapropriação para fins de reforma agrária, é uma limitação jurídica, impossibilidade esta, prevista na CF/88. Isso quer dizer que se por acaso o poder público precisar construir uma BR e está passar por dentro de uma fazenda produtiva, ela poderá ser desapropriada, pois não será para fins de reforma agrária. ☞ É VEDADA A DESAPROPRIAÇÃO DE TERRAS PRODUTIVAS PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA Os bens desapropriados, necessariamente vão entrar nos bens do patrimônio público. Se a administração pública desapropria e fica com o bem, a destinação é definitiva. Entretanto, tem casos em que o bem entra nos bens do estado, mas não permanece. Ex: A desapropriação por interesse social, porque quando se desapropria um prédio para assentar 100 famílias a destinação é provisória (pois passou ele para terceiros). Se caso fosse construída uma escola a destinação seria definitiva (pois ele permanece com o Estado) ☞ A DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL, ENSEJARÁ NA DESTINAÇÃO PROVISÓRIA ☞ A DESAPROPRIAÇÃO POR NECESSIDADE E UTILIDADE PÚBLICA, ENSEJARÁ NA DESTINAÇÃO DEFINITIVA Também existe a DESAPROPRIAÇÃO POR ZONA um pedaço maior de terra é desapropriado, desse pedaço maior (destinação definitiva) sobrou uma pequena parcela do terreno desapropriado e isso gerou uma valorização para aquele terreno, sendo que esse pedaço que sobrou é um bem dominical, podendo ser alienado. Assim, quando esse pedaço for alienado, a destinação dele será provisória. A DESAPROPRIAÇÃO URBANÍSTICA acontece quando uma área é desapropriada, e nessa área será construída uma indústria, pois com a construção dessa empresa, dessa fábrica, vai ensejar no crescimento urbanístico no local. É uma forma de destinação provisória, pois quem vai ficar no local será a empresa. A adm. desapropria para que a empresa se instale naquela localidade A DESAPROPRIAÇÃO CONFISCO ocorre quando o bem que está sendo usado para o plantio de psicotrópicos é desapropriado não dando ensejo a indenização ao proprietário. Será uma destinação provisória, pois a adm., pública passará esse bem para outra pessoa fazer o plantio de outras espécies Existe no direito adm. A teoria dos direitos determinantes: o motivo vincula o ato. (A desapropriação só ocorrerá decorrente de um motivo que decorra de utilidade, necessidade ou interesse social) Se a adm. publica desapropria e não dá a destinação que ela prometeu dá ao bem, se ela não usa para nada, ou usa para finalidade diversa ocorre a TREDESTINAÇÃO. A predestinação acontecerá de duas formas: ela pode ser lícita e ilícita. Ex: A adm. pública desapropria com o intuito de construir uma escola, mas acaba construindo um hospital (ocorre uma tredestinação lícita) Ex: A adm. pública desapropria com o intuito de construir uma escola, mas acaba concedendo a um particular a construção de um estacionamento (ocorre uma tredestinação ilícita) Podendo nesse caso o particular reaver o seu bem que fora desapropriado ☞ SOMENTE A UNIÃO TEM COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE DESAPROPRIAÇÃO Processo Administrativo Aula 05/2º bi – 21/05/2018 Processo é o instrumento por meio do qual efetiva-se um direito, então têm-se a lei 9784/99 estabelece algumas regras de como a Administração Pública deve caminhar, como ela deve proceder nas mais diversas demandas que lhe são postas. Trata-se de uma lei geral do processo administrativo. O processo administrativo visa o formalismo moderado, que não tem o mesmo rigor existente no processo civil e no processo penal. Isso não significa que não se respeita o processo administrativo, significa dizer, que o processo administrativo tem uma margem, uma maleabilidade maior. Ex: No processo administrativo disciplinar (PAD) têm-se uma situação inusitada: a vítima vai julgar o autor (servidor público é o autor) quando este faz algo errado, a administração pública que é a vítima vai julgar o autor que é o servidor. No processo administrativo, a administração julga e é parte ao mesmo tempo, por isso que se diz que não há o mesmo rigor existente no processo civil e no processo penal. ☞ É O INSTRUMENTO UTILIZADO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA MANTER A ORDENAÇÃO DE SUAS ROTINAS E PRESERVAR OS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS ATRAVÉS DE PROTOCOLOS QUE DEVEM SER SEGUIDOS Os princípios inerentes ao processo administrativo são: ➢ Contraditório Direito de contradizer, é o direito de opor. Significa a participação do interessado na integralidade do processo administrativo, no exercício do direito de influenciar ativamente a decisão a ser proferida • Informação geral: dever de informar a parte, a parte deve ser informada sobre tudo o que está acontecendo, sobre o que ela está sendo investigada • Oitiva das partes: direito da parte ser ouvida • Motivação: as decisões devem ser motivadas (QUE TIRO FOI ESSE? = DECORRE QUE TODA DECISÃO TEM QUE SER MOTIVADA) ➢ Ampla defesa Garantia de poder defender-se e articular suas razões e que essas razões sejam apreciadas e levadas em conta. • Caráter preventivo: deve ocorrer ANTES da decisão • Recurso administrativo: direito de não se conformar • Defesa técnica: assistência de advogado ou técnico especialista na área do processo ☞ A SÚMULA VINCULANTE Nº05 DIZ QUE NÃO É NULO PROCESSO ADMINISTRATIVO SEM DEFESA TÉCNICA ➢ Oficialidade Impulso oficial. A autoridade competente tem o poder-dever de inaugurar e impulsionar o processo, até que se obtenha um resultado conclusivo (A adm. Pública tem interesse como parte e como julgadora) ➢ Verdade Material (Real) O administrador deve se valer da verdade efetiva, real, independentemente de se ater as provas e demandas do processo ➢ Formalismo Moderado Embora não possa o administrador abdicar das formas essenciais, pode empregar formas mais simples quando suficientes para proporcionar a devida informação aos administrados Tipos de Processo Administrativo ➢ De expediente Procedimento burocrático da rotina administrativa. Não altera, nem gera, nem suprime direitos dos administrados, servidores, ou da Administração. Ex: pedido de certidões, apresentação de documentos para registro interno, etc. ➢ Por outorga Por ele se pleiteia algum direito ou situação individual perante a administração. Ex: licença, alvará, permissão ➢ De controle Também chamado de verificação, permite que a Administração controle, determine ou verifique a regularidade ou irregularidade de serviços públicos, comportamento e situação de seus integrantes. Ex: Auditoria, Fiscalização, Prestação de Contas ➢ Punitivo Instaurado para averiguar ato ou fato ilegal de servidor, administrado ou contratado. Podendo ser: • Externo – Quando a parte ré não integra a Administração Pública • Interno – Quando a parte ré integra a Administração PúblicaProcesso Disciplinar É o instrumento destinado a apurar a responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas funções ou que tenha relação com as atribuições de seu cargo. O Processo Administrativo poderá ser precedido ou não de Sindicância. Sindicância é o procedimento investigatório que tem por objetivo apurar a autoria ou materialidade de irregularidade praticada no serviço público. Da sindicância pode resultar • Arquivamento do processo – quando não houver provas do cometimento de irregularidade • Aplicação de penalidades de advertência ou suspensão – quando ficar comprovado que o servidor incorreu em faltas ( menos gravosas) puníveis com advertência ou suspensão • Instauração de Processo Disciplinar - quando há indícios suficientes de cometimento de falta grave, assegurado ao acusado o contraditório e ampla defesa ☞ O PAD NÃO É INSTAURADO SÓ PARA APURAR FALTAS GRAVES, DEVE SER INSTAURADO SEMPRE QUE A AUTORIDADE TIVER NOTICIA DE COMETIMENTO DE IRREGULARIDADE ☞ PODE SER PRECEDIDO OU NÃO DE SINDICÂNCIA
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