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11/11/20 Hepatites virais de transmissão sanguínea e sexual As hepatites virais são causadas por agentes de diferentes famílias e gêneros que possuem em comum tropismo pelo fígado, levando a alterações hepáticas de gravidade variável. Os vírus da hepatite B (HBV; gênero Orthohepadnavirus, família Hepadnaviridae) e da hepatite C (HCV; gênero Hepacivirus, família Flaviviridae) são transmitidos pela via parenteral e representam os principais agentes etiológicos da hepatite crônica, cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC). A hepatite B é considerada uma DST. Outro vírus hepatotrópico humano conhecido é o vírus da hepatite D (HDV) que é defectivo e associado ao HBV ● O que é hepatite? A hepatite por definição é um processo inflamatório do fígado. Esse processo inflamatório pode ou não vir acompanhado de sinais clínicos. Com a destruição do fígado, haverá acúmulo de toxinas que deveriam estar sendo metabolizadas, causando fadiga, dor abdominal e náuseas. O indivíduo apresentará icterícia, pois a bilirrubina não estará sendo metabolizada e excretada, depositando-se na pele e mucosas. Há enzimas que deveriam existir apenas no interior do hepatócito, como alaminotransferase (ALT), aspartatoaminotransferase (AST) e gamaglutamiltransferase (GGT). Uma vez que elas se encontram livres no sangue, elas são marcadores de lesão hepática. ● Hepatite B → Classificação e características do vírus O HBV pertence à família Hepadnaviridae, gênero Orthohepadnavirus. A doença é causada por vírus de genoma DNA circular de fita parcialmente dupla, com capsídeo de simetria icosaédrica e envelopado. Todo o genoma do HBV é codificante. No capsídeo, há uma proteína denominada HBcAg (antígeno do core). Livre no soro dos indivíduos infectados são encontrados o antígeno HBe (HBeAg), cuja detecção está relacionada com a taxa de replicação viral. No envelope, há uma proteína denominada HBsAg formada pelas proteínas S (pequena), M (média) e L (grande). O HBsAg é formado por três proteínas de envelope diferentes e induz a síntese de anticorpos neutralizantes. A partícula viral pode ser encontrada de 3 formas nos indivíduos infectados: completas esféricas infecciosas (partículas de Dane), incompletas esféricas e incompletas filamentosas Para as partículas completas (vírions) se adsorverem ao hospedeiro, elas necessitam das: Proteína L → Essas proteínas contêm os sítios de ligação do vírus aos receptores específicos nos hepatócitos. Proteína M → Também atua como elemento de ligação para a adsorção do HBV nas células, e possui uma região que mimetiza a albumina sérica humana, o que permite que o HBV penetre via receptores celulares de albumina no citoplasma do hepatócito. Proteína S → É a principal proteína que forma o HBsAg, é capaz de induzir resposta imunológica protetora contra o HBV, e é o antígeno utilizado na formulação de vacinas. → Biossíntese viral 1. Adsorção das partículas aos receptores celulares. 2. Penetração das partículas no citoplasma celular seguida de desnudamento do ácido nucleico. 3. Migração do DNA viral (DNAv) para o núcleo celular. 4. Conversão do DNAv para a forma circular covalentemente fechada (DNAccc). 5. Transcrição do DNAccc em RNA mensageiros (RNAm) de diversos tamanhos que são usados para a tradução de proteínas e como molde para a síntese do RNA pré-genômico. 6. Tradução das proteínas virais. 7. Montagem do capsídeo. 8. Empacotamento do RNA pré-genômico 9. Síntese da fita negativa do DNAv a partir do RNA pré-genômico por transcrição reversa. 10. Síntese da fita positiva do DNAv. 11. Maturação das partículas no retículo endoplasmático rugoso (RER) no qual o HBsAg é incorporado à partícula. Alguns nucleocapsídeos são transportados para o núcleo, onde seus DNA genômicos podem ser convertidos em DNAccc para manter um estoque intranuclear de moldes transcricionais. 12. Liberação das partículas por brotamento através da membrana celular. → Patogênese e manifestações clínicas A infecção pelo HBV pode levar a uma série de quadros clínicos, que vão desde a infecção assintomática até o desenvolvimento de carcinoma hepatocelular (CHC). Cerca de 90% de indivíduos adultos infectados não desenvolvem sintomas; os demais podem desenvolver hepatite crônica com evolução para cirrose e hepatocarcinoma. Uma pequena proporção pode desenvolver a forma fulminante da doença seguida de óbito e 90% se curam. Os danos aos hepatócitos é causado pela resposta inflamatória e pela ação dos linfócitos T citotóxicos (CTL). Quando o tecido hepático sofre injúria com a morte de hepatócitos, as células estreladas hepáticas respondem produzindo fibras de colágeno (fibrose). A infecção pelo HBV possui período de incubação de 45 a 180 dias (média de 60 a 90 dias). A fase aguda é caracterizada pela presença do HBsAg no soro do indivíduo, seguida pelo aparecimento de IgM anti-HBc e anti-HBc total (IgM + IgG). O HBeAg, indicativo de replicação viral e infecciosidade, surge no final do período de incubação e desaparece pouco antes do HBsAg, no decorrer da fase sintomática. É um marcador geralmente associado à presença do genoma viral. A convalescença ocorre de 2 a 16 semanas a partir da infecção, com declínio de IgM anti-HBc, permanência de IgG anti-HBc e desaparecimento do HBsAg. A cura é caracterizada pela soroconversão do HBsAg para anti-HBs, que confere imunidade ao indivíduo, e pela normalização das enzimas hepáticas. A hepatite fulminante (1 a 2%) é decorrente da necrose maciça do fígado, levando rapidamente ao estabelecimento de encefalopatia, seguida de falência múltipla dos órgãos. Eventos clínicos e sorológicos da hepatite B aguda Na forma crônica (cerca de 40% dos adultos que adquirem hepatite B), o vírus continuará replicando e causando lesão hepática durante toda a vida do indivíduo. Os portadores crônicos apresentam o marcador HBsAg persistente no soro por período igual ou superior a 6 meses, não havendo soroconversão para antiHBs. A infecção crônica pelo HBV desenvolve-se em 3 fases sucessivas: (i) replicação viral ativa, com lesões hepáticas discretas ou ausentes, devido à baixa resposta imunológica do hospedeiro e à alta infecciosidade; (ii) diminuição da replicação viral, com desaparecimento do antígeno HBeAg e surgimento do anticorpo anti-HBe devido à intensificação da reação imunológica, resultando em lesões hepáticas graves e elevado risco e estabelecimento de cirrose; e (iii) inativação da replicação viral com síntese contínua de HBsAg, grande risco de desenvolvimento de CHC (especialmente nos casos de cirrose estabelecida) e possível reativação da infecção e reinstalação da infecciosidade. Existem 3 situações diferentes de infecção crônica pelo HBV que podem se estabelecer conforme a expressão clínica e histológica da doença. Uma delas é a hepatite crônica persistente, que normalmente é assintomática, com exame clínico normal ou com hepatomegalia discreta. Apresenta testes hepáticos normais, exceto para transaminases, que sofrem elevação de até 4 vezes nos valores de referência. A hepatite crônica ativa é caracterizada por enfraquecimento e icterícia, hepatomegalia moderada, esplenomegalia,fosfatase alcalina e gamaglutamiltranspeptidase (GGT) normais ou moderadamente elevadas. Há ainda a cirrose, doença progressiva que consiste na formação excessiva de tecido conjuntivo seguido de endurecimento e contração do fígado e com risco bastante elevado de evolução para CHC. Eventos clínicos e sorológicos da hepatite B crônica. → Diagnóstico laboratorial O diagnóstico da infecção pelo HBV deve ser realizado pela análise conjunta de exames clínicos e laboratoriais para esclarecimento da doença. A hepatite B aguda pode ser identificada por meio de exames bioquímicos que avaliam as taxas de transaminases do indivíduo, mas os testes imunoenzimáticos constituem as principais ferramentas para o diagnóstico das hepatites virais, já que detectam os antígenos e anticorpos presentes no soro do indivíduo portador da infecção e podem também indicar a fase de infecção. A partir da descoberta do antígeno Austrália e de sua associação com hepatite, marcadores sorológicos importantes para o diagnóstico laboratorial da hepatite B foram estabelecidos. São eles: HBsAg, anticorpo contra o HBsAg (anti-HBs), anticorpo contra HBc (anti-HBc), HBeAg e anticorpo contra o HBeAg (anti-HBe). A janela imunológica para os testes sorológicos da hepatite B é de 30 a 60 dias. O HBsAg é o primeiro e principal marcador que aparece no curso da infecção pelo HBV, o qual, na hepatite aguda, declina a níveis indetectáveis em até 24 semanas. A vacina disponível hoje no mercado apresenta somente HBsAg. O anti-HBcAg IgM é o marcador de infecção recente, encontrado no soro até 32 semanas após a infecção. O anti-HBcAg IgG é o marcador de longa duração, presente nas infecções agudas e crônicas, representando contato prévio com o vírus. O HBeAg é o marcador de replicação viral, tendo sua positividade como indicativo de alta infecciosidade. O anti-HBeAg surge após o desaparecimento do HBeAg, indicando fim da fase replicativa. O anti-HBsAg é o único anticorpo que confere imunidade ao HBV e está presente no soro após o desaparecimento do HBsAg, sendo indicador de cura e imunidade. Além desses marcadores sorológicos, a pesquisa do ácido nucleico viral (DNA do HBV), pode ser realizada por meio de técnicas de biologia molecular quantitativa e qualitativa, como a reação em cadeia da polimerase (PCR). A janela imunológica para os testes moleculares da hepatite B é de 25 dias. → Prevenção e controle O programa de prevenção busca reduzir os casos de hepatite, tanto aguda quanto crônica, através da seleção e controle de doadores de sangue, sêmen, tecidos e da educação da população em relação às formas de transmissão, por meio de programas de conscientização e treinamento de profissionais de saúde. Apesar disso, o modo mais eficaz de prevenir a hepatite B é por meio das vacinas, incluindo programas de vacinação que englobe crianças e adolescentes em todo o mundo, além de adultos que constituam uma população com especial risco para essa doença. No Brasil, a vacina contra a hepatite B foi implantada em 1992 e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). A imunização contra a hepatite B é realizada em 3 doses, com intervalo de 1 mês entre a 1 a e a 2 a , e de 6 meses entre a 1 a e a 3 a (0, 1 e 6 meses). A vacina deve ser aplicada no músculo deltoide. Após administração do esquema completo, a vacina induz imunidade em 90 a 95% dos casos vacinados. A imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) usualmente é administrada em dose única, 0,5 ml para recémnascidos ou 0,06 mℓ/kg de peso corporal (máximo de 5 mℓ) para as demais idades. A IGHAHB deve ser aplicada por via intramuscular, inclusive na região glútea. É indicada para pessoas não vacinadas, após exposição ao vírus da hepatite B, nas seguintes situações: prevenção da infecção perinatal pelo vírus da hepatite B; vítimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente suspeito de infecção por HBV, sem vacinação para hepatite B; comunicantes sexuais de casos agudos de hepatite B; vítimas de abuso sexual; e imunocomprometidos após exposição de risco, mesmo que previamente vacinados. → Tratamento Não há indicação de tratamento para a forma aguda. Na forma crônica, o tratamento visa eliminar o vírus ou inibir sua replicação, diminuindo a inflamação hepática e diminuindo a progressão para cirrose e câncer. As duas drogas utilizadas são o interferon-alfa (IFN-α) e a lamivudina. O IFN-α apresenta baixa resposta e significativos efeitos colaterais. A lamivudina é uma análogo de nucleosídeo que bloqueia diretamente a replicação do HBV ao inibir a DNA polimerase. Como o tratamento com lamivudina é longo, podem aparecer linhagens resistentes. O desenvolvimento do adefovir dipivoxil permitiu o tratamento de infecções causadas por estirpes resistentes à lamivudina. Além dos 3 antivirais mencionados anteriormente existem ainda entecavir, interferon peguilado α-2a e α-2b, telbivudina e tenofovir. ● Hepatite C → Classificação e características do vírus O HCV é classificado na família Flaviviridae, gênero Hepacivirus (do grego hepar, hepatos, fígado), sendo um pequeno vírus com tropismo por células hepáticas, esférico, envelopado e que possui como material genético uma molécula de RNA de fita simples de polaridade positiva. Seu envelope glicolipoproteico é derivado da membrana da célula hospedeira e apresenta 2 glicoproteínas denominadas E1 e E2, responsáveis pelo reconhecimento e ligação aos receptores celulares, que permitem a entrada da partícula viral no hepatócito. O genoma contém apenas uma única sequência de leitura aberta que codifica uma poliproteína. OBS.: A RNA polimerase-RNA dependente do vírus não possui a capacidade de realizar correção de erros durante replicação. Assim, esses vírus apresentam altíssima variabilidade genética, formando quasispecies, uma complexa população de vírus, formada por subpopulações do vírus, dentro de um mesmo indivíduo. Devido a essa alta variabilidade, é muito difícil para o sistema imune combater a infecção, tornando a chance de cronicidade muito alta (MOTIVO QUE NÃO HÁ VACINA E O VÍRUS FACILMENTE GANHA RESISTÊNCIA AOS ANTIVIRAIS) A elevada taxa de replicação do HCV (estimada em 10¹² vírions por dia), somada à ausência de atividade de correção de erros de incorporação de nucleotídeos de sua RNA polimerase durante a replicação do genoma, possibilita o acúmulo de mutações que produz grande variabilidade de sequências entre os isolados do HCV. → Biossíntese viral A replicação do HCV segue a estratégia básica de outros vírus de RNA de polaridade positiva e ocorre no citoplasma da célula. A entrada do vírus na célula hospedeira envolve uma série de interações complexas que permitem a adsorção, entrada e fusão do HCV por meio da ligação das glicoproteínas E1 e E2 a receptores celulares. Após a adsorção, o HCV é internalizado na célula via endocitose pH-dependente mediada por clatrina. O genoma é liberado no citoplasma da célula após ocorrer fusão da partícula viral com um compartimento endossomal celular. O RNAde polaridade positiva é, então, dirigido ao retículo endoplasmático rugoso onde se liga através da sequência IRES presente na porção 5′ não traduzida. Ali, inicia-se a tradução do genoma viral produzindo a poliproteína do HCV, posteriormente clivada por proteases virais e celulares para gerar as 10 proteínas do vírus. A poliproteína é induzida pela proteína NS4B e é o local provável da replicação do RNA viral onde a fita positiva serve de molde para a síntese de uma fita negativa complementar (intermediário replicativo) pela ação da enzima NS5B RNA polimerase-RNA dependente que, por sua vez, serve de molde para a síntese de novos genomas de RNA de polaridade positiva. As novas fitas positivas de RNA são traduzidas em novas poliproteínas virais ou direcionadas para a montagem de novas partículas infecciosas. Os processos de montagem e liberação de partículas virais ainda não são inteiramente compreendidos; no entanto, estudos mostram que estão intimamente relacionados com o metabolismo celular de lipídios. → Patogênese e manifestações clínicas A transmissão do HCV ocorre principalmente por contato com sangue contaminado, sendo a via sexual responsável pela minoria dos casos. O período de incubação é de 2 a 26 semanas. A detecção do RNA do HCV no soro de pacientes infectados ocorre após 7 a 21 dias da exposição ao vírus. Assim como o HBV, o HCV não é citopático, fato este comprovado por diversos argumentos tais como falta de correlação entre carga viral, lesão hepática e prognóstico da doença. A resposta imunológica do tipo celular dirigida contra os hepatócitos, na tentativa de controle da infecção viral, acaba levando à agressão do tecido hepático Apesar de os níveis de RNA viral no soro aumentarem rapidamente e alterações nos marcadores bioquímicos hepáticos, como a ALT e a bilirrubina, serem indicativas de lesão hepática e observadas nas semanas seguintes à infecção, menos de 20% dos indivíduos infectados apresentam sintomas na fase aguda e, quando estes existem, raramente são associados com a hepatite C. Isso ocorre porque as manifestações inespecíficas como dor abdominal, anorexia, prostração, náusea ou vômito geralmente precedem os sintomas clássicos de hepatite. Os sintomas clássicos são icterícia, colúria (urina escura cor de café, apresentando espuma amarela, por acúmulo de bilirrubina direta no sangue e consequente excreção pela urina) e acolia fecal (fezes esbranquiçadas pela ausência de estercobilina derivada da bilirrubina direta), cuja duração é de 2 a 12 semanas. As formas de hepatite fulminante são raras, porém podem ser observadas em co-infecções com o HBV ou o HAV. A definição de um caso de hepatite C aguda se dá da seguinte maneira: soroconversão recente (menos de 6 meses) do anti-HCV documentada (anti-HCV não reagente no início dos sintomas ou no momento da exposição, convertendo para anti-HCV reagente na segunda dosagem, realizada com intervalo de 90 dias); ou anti-HCV não reagente e detecção do HCV-RNA por volta de 90 dias após o início dos sintomas ou da data da exposição, quando esta for conhecida em indivíduos com histórico de exposição potencial ao HCV. Já a definição de um caso de hepatite C crônica segue o seguinte critério: anti-HCV reagente por mais de 6 meses; e confirmação diagnóstica com HCV-RNA positivo. Na infecção crônica a replicação viral persiste no fígado e provavelmente em outros tecidos, mesmo após o aparecimento de anticorpos circulantes específicos. O grande problema associado à infecção crônica pelo HCV é o dano hepático contínuo que acaba levando ao desenvolvimento de cirrose hepática (em 15 a 50% dos casos) e, posteriormente, à descompensação hepática (3 a 6% dos pacientes com cirrose ao ano) e ao carcinoma hepatocelular (1 a 5% dos pacientes cirróticos ao ano). A evolução para a cirrose é consequência da progressão da fibrose e diversos fatores estão associados a isso como a duração da infecção; idade; sexo masculino; consumo de álcool; infecção em indivíduos com idade acima de 40 anos; coinfecção com o HIV e/ou HBV; e baixa contagem de linfócitos TCD4 +. Alterações metabólicas como obesidade e diabetes também são apontadas como cofatores para a fibrogênese. A infecção pelo HCV está associada à crioglobulinemia mista essencial (presença anormal de crioglobulinas no sangue), glomerulonefrite membranoproliferativa (lesão da membrana basal e mesângios dos glomérulos dos néfrons), porfiria cutânea tardia (acúmulo de uroporfirina e 7-carboxil porfirinogênio, principalmente no fígado), tireoidite autoimune, doenças linfoproliferativas, síndrome de Sjögren (distúrbio do sistema imunológico caracterizado por secura nos olhos e na boca e destruição de glândulas exócrinas) e líquen plano. → Diagnóstico laboratorial O diagnóstico pode ser bem mais simples do que para a hepatite B. Devido a dificuldade de detectar antígeno e anticorpo deve ser efetuado um anti-HCV geral e uma RT-PCR. Se for feito o exame molecular e resultar em positivo para RNA, então o paciente terá contraído hepatite C. Caso após seis meses o paciente ainda estiver infectado com o RNA, então ele terá desenvolvido a forma crônica. OBS.: A dificuldade de detectar antígeno e anticorpo na hepatite C se deve a quantidade de vírus C no sangue infectado ser menor que os da hepatite B e também não se observa antígenos no sangue, ao contrário da hepatite B. A janela imunológica para os testes sorológicos da hepatite C é de 33 a 129 dias (ELISA 2ª geração) ou 49 a 70 dias (ELISA 3ª geração). Esse teste, entretanto, não diferencia uma infecção ativa de outra já resolvida. Portanto, o marcador anti-HCV serve apenas para indicar exposição prévia ao vírus. A detecção de RNA do HCV é indicada para confirmar o diagnóstico de hepatite C; caracterizar transmissão vertical; em acidentes com materiais biológicos, para definir a transmissão; e no monitoramento clínico, para avaliar a resposta virológica. A janela imunológica para os testes moleculares é de 22 dias. → Prevenção e controle Até o momento, não existe vacina contra o HCV. Desta forma, a maneira mais adequada para a prevenção da infecção é a identificação da via de transmissão mais frequente em determinada localidade e a criação de medidas específicas para evitar a exposição a sangue e materiais contaminados. A prevenção é feita através da seleção de doadores de tecido, órgão e sangue, modificação de comportamento de alto risco (como usuários de drogas injetáveis), precaução com sangue e fluidos corpóreos. http://www.hepcentro.com.br/hepatite_b.htm http://www.hepcentro.com.br/hepatite_b.htm → Tratamento Assim como demonstrado nos últimos anos para o tratamento contra o HIV, novas terapias contra o HCV buscando a inibição de diferentes alvos enzimáticos (proteases, helicases e polimerase viral) essenciais para a replicação viral têm sido desenvolvidas. O tratamento é recomendado para pacientes com níveis elevados de ALT por mais de 6 meses, presença de anticorpos anti-HCV, RNA viral detectávele biópsia hepática demonstrando algum grau de fibrose, inflamação e necrose. O objetivo final do tratamento contra o HCV é atingir uma resposta virológica sustentada, caracterizada por níveis indetectáveis de RNA após 24 semanas do término do tratamento, o que, na maioria dos casos, representa a eliminação (clearance) do vírus. A determinação do genótipo do HCV é importante para a definição da estratégia terapêutica. Assim, as diretrizes médicas atuais indicam que pacientes infectados com os genótipos 2, 3, 4, 5 e 6 devem ser tratados com IFN-α PEG e ribavirina. Os pacientes infectados com o genótipo 1, mais resistente ao tratamento com IFN, devem receber uma terapia combinada com o IFN-α PEG, ribavirina e um inibidor de protease (telaprevir ou boceprevir). O monitoramento dos níveis de RNA viral deve ser realizado periodicamente após o fim do tratamento para a definição do tipo de resposta alcançada por cada paciente. Em 2013, a agência americana Food and Drug Administration (FDA) aprovou as drogas simeprevir (Olysio®), inibidor da protease do HCV, e sofosbuvir (Sovaldi®), que atua inibindo a RNA polimerase viral.
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