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AULA 1 
CONTABILIDADE 
GOVERNAMENTAL 
Prof. Gabriel N. Coelho 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, possui aspectos 
como qualquer outra ciência: um objeto de estudo, um objetivo e campos de 
aplicação. O objeto da ciência contábil, em seu sentido amplo, é o patrimônio 
constituído por bens, direitos e obrigações vinculados a uma entidade. 
Assim como ocorre em outras ciências, a contabilidade possui 
ramificações, seja para fins acadêmicos, seja para profissionais. Por ser a 
contabilidade governamental uma dessas ramificações da ciência contábil, não 
poderia ter um objeto diferente da ciência que a origina. 
O principal objetivo da maioria das entidades do setor público é prestar 
serviços à sociedade, ao invés de buscar o lucro ou o retorno financeiro de 
investidores. Entre esses serviços, podemos citar os programas e políticas de 
bem-estar, educação pública, segurança nacional e defesa nacional (Brasil, 
2018). 
Outras características que diferenciam o setor público do setor privado e têm 
impacto na contabilidade aplicada em cada setor são apresentadas na Figura 1. 
Figura 1 – Diferenças entre setor privado e público 
 
Além das características do setor de atuação, as entidades do setor público 
possuem atributos que as diferem das demais, dentre as quais destacam-se: 
 
 
3 
 A importância do orçamento público: o governo e outras entidades do 
setor público elaboram orçamentos. No Brasil, a Constituição exige a 
elaboração do orçamento anual, a sua aprovação pelo Poder Legislativo e 
a sua disponibilização à sociedade (Brasil, 1988). O orçamento aprovado é 
utilizado como base para a definição dos níveis de tributação e de outras 
receitas, compondo o processo de obtenção de autorização legislativa para 
a realização do gasto público (CFC, 2016). 
 A natureza dos programas e longevidade do setor público: muitos 
programas do setor público são de longo prazo e a capacidade para cumprir 
os compromissos depende dos tributos e das contribuições a serem 
arrecadados no futuro (CFC, 2016). 
 A natureza e propósito dos ativos e passivos no setor público e o 
papel regulador das entidades: no setor público, a principal razão de se 
manterem ativos imobilizados e outros ativos é o potencial de serviços 
desses ativos e não a sua capacidade de gerar fluxos de caixa. Governos 
e outras entidades do setor público podem manter itens que contribuam 
para o legado cultural e histórico da nação ou da região, por exemplo, obras 
de arte, prédios históricos e outros artefatos (CFC, 2016). 
Compreender as características, peculiaridades dessa área da 
contabilidade é útil tanto para futuros servidores públicos quanto para profissionais 
do ramo contábil ou cidadãos que queiram conhecer qual o destino dos recursos 
pagos em forma de impostos e a maneira como estão sendo utilizados. 
Dessa forma, convidamos você a conhecer um pouco mais das 
características da contabilidade governamental, das entidades a que ela se 
destina, das leis e regulamentos aplicados na área, do seu processo de 
convergência com as normas internacionais e a estrutura conceitual vigentes. 
Atenção 
O termo contabilidade governamental é sinônimo de contabilidade aplicada 
ao setor público (Casp) e de contabilidade pública. 
TEMA 1 – CONTABILIDADE GOVERNAMENTAL 
A contabilidade governamental ou contabilidade aplicada ao setor público 
(Casp), por muito tempo, foi sinônimo de orçamento; contudo, ao longo das 
últimas décadas, essa visão passou por mudanças profundas. 
 
 
4 
Coelho e Lins (2010, p. 44) afirmam que a contabilidade é uma ciência 
social capaz de, por meio de um conjunto de conhecimentos sistematizados, 
estudar, registrar, controlar e mensurar as variações ocorridas no patrimônio de 
uma entidade. 
Por meio de normativos emitidos pelo Conselho Federal de Contabilidade 
(CFC) e pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) desde 2008, a contabilidade 
pública passou a olhar para o real objeto de estudo da contabilidade: o patrimônio, 
de modo a evidenciar e controlar os fatos ocorridos no patrimônio público de uma 
entidade. No próximo tópico iremos nos aprofundar um pouco mais sobre o objeto 
e o objetivo da contabilidade governamental. 
1.1 Objeto e objetivo da contabilidade governamental 
Conforme prevê a Lei n. 4.320/1964 (Brasil, 1964), a Casp, no estudo e 
acompanhamento de seu objeto (o patrimônio público), deve evidenciar as 
variações patrimoniais, sejam elas independentes, sejam resultantes da execução 
orçamentária (Brasil, 2018, p. 102). 
 
Para esclarecer o que é o patrimônio público, de acordo com a NBC T 16.2, 
temos que: 
patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou 
intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, 
recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que 
seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, 
inerente a prestação de serviços públicos ou a exploração econômica 
por entidade do setor público e suas obrigações. (CFC, 2012) 
O objetivo da Casp, conforme a NBC T 16.1, é fornecer aos usuários 
informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza 
orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor 
público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a 
adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização 
de um controle social (CFC, 2012). 
Além de objeto e objetivo, esse ramo da contabilidade apresenta aspectos 
específicos, como veremos a seguir. 
OBJETO DA CONTABILIDADE 
GOVERNAMENTAL
PATRIMÔNIO 
PÚBLICO
 
 
5 
1.2 Aspectos orçamentário, patrimonial e fiscal 
Para interpretar corretamente as informações contábeis, é importante 
compreender os diferentes aspectos da Casp: orçamentário, patrimonial e fiscal 
(Brasil, 2018, p. 20). 
1.2.1 Aspecto orçamentário 
Os registros de natureza orçamentária impactam e norteiam os registros de 
natureza patrimonial e fiscal. Compreendem o registro e a evidenciação do 
orçamento público, desde sua aprovação até sua execução. 
1.2.2 Aspecto patrimonial 
Os demonstrativos patrimoniais, sendo o balanço patrimonial o mais 
conhecido, são fundamentais para a tomada de decisão e prestação de contas. A 
composição patrimonial do ente público, o registro e sua evidenciação são 
impactados pelas normas de convergência internacional contábil. 
1.2.3 Aspecto fiscal 
O aspecto fiscal compreende a apuração e a evidenciação, por meio da 
contabilidade, dos indicadores estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal 
– LRF (Brasil, 2000). O Relatório de Gestão Fiscal (RGF) e o Relatório Resumido 
da Execução Orçamentária (RREO) representam os principais instrumentos para 
evidenciar o aspecto fiscal. Os relatórios fiscais são utilizados, principalmente, 
para analisar opções de política fiscal, definir políticas e avaliar os seus impactos, 
determinar o seu impacto sobre a economia e comparar os resultados fiscais 
nacional e internacionalmente. 
Após esta introdução, veremos, a seguir, o campo de aplicação da 
contabilidade governamental. Entenda como o Tesouro Nacional contribui para a 
gestão do dinheiro público por meio da contabilidade pública, no vídeo sugerido, 
acessível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6flXO3V6-fM> (Sobre a 
contabilidade, 2019). 
 
 
 
6 
TEMA 2 – ENTIDADES A QUE SE DESTINA A CONTABILIDADE 
GOVERNAMENTAL 
De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público 
(Mcasp), as normas estabelecidas no manual aplicam-se, obrigatoriamente, às 
entidades do setor público (Brasil, 2018). Estão compreendidos no conceito de 
entidades do setor público: os governos nacional (União), estaduais, distrital 
(Distrito Federal) e municipais e seus respectivos poderes (abrangidos os tribunais 
de contas, as defensorias e o Ministério Público), órgãos, secretarias, 
departamentos, agências,autarquias, fundações (instituídas e mantidas pelo 
Poder Público), fundos, consórcios públicos e outras repartições públicas 
congêneres das administrações direta e indireta, inclusive as empresas estatais 
dependentes (Brasil, 2018, p. 21). 
Para um melhor entendimento, a Figura 2 ilustra o campo de aplicação da 
contabilidade governamental, bem como as definições retiradas dos art. 4º e 5º 
do Decreto-Lei n. 200/1967 (Brasil, 1967). 
Figura 2 – O campo de aplicação da contabilidade governamental 
 
Fonte: Brasil, 2019a. 
Segundo o Decreto-Lei n. 200/1967: 
Art. 4° A Administração Federal compreende: 
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na 
estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. 
II - A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias 
de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: 
a) Autarquias; 
b) Empresas Públicas; 
 
 
7 
c) Sociedades de Economia Mista; 
d) fundações públicas. 
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: 
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade 
jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas 
da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor 
funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada. 
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de 
direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, 
criado por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo 
seja levado a exercer por força de contingência ou de conveniência 
administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em 
direito. 
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade 
jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade 
econômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito 
a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da 
Administração Indireta. 
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de 
direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização 
legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam 
execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia 
administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de 
direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras 
fontes. (Brasil, 1967, grifos nossos) 
As empresas estatais dependentes estão inclusas no campo de aplicação 
da contabilidade governamental. Elas são empresas controladas, que recebem do 
ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal, 
despesas de custeio em geral ou despesas de capital, excluídos, no último caso, 
aqueles provenientes de aumento de participação acionária (Brasil, 2018). 
Já para as empresas estatais independentes, a aplicação é facultativa ou 
por determinação dos respectivos órgãos reguladores, fiscalizadores e 
congêneres. Estatais independentes são todas as demais empresas controladas 
pelas entidades do setor público que não se enquadram como dependentes (CFC, 
2012). 
As práticas contábeis do setor público decorrem de leis, decretos e 
portarias. Dessa forma, torna-se oportuno conhecer as principais leis e 
regulamentos dessa área da contabilidade. 
TEMA 3 – LEIS E REGULAMENTOS APLICADOS À CONTABILIDADE 
GOVERNAMENTAL 
A ciência contábil, no Brasil, vem passando por significativas 
transformações rumo à sua convergência com os padrões internacionais. O 
processo de evolução da contabilidade do setor público deve ser analisado de 
forma histórica e contextualizada com o próprio processo de evolução das 
 
 
8 
finanças públicas (Brasil, 2018). Para um melhor entendimento das principais leis 
e regulamentos aplicados no âmbito da contabilidade governamental, a Figura 3 
fornece uma cronologia dos principais eventos que deram origem às leis e 
regulamentos abordados nesse campo. 
Figura 3 – Cronologia das principais leis e regulamentos 
 
Fonte: Adaptado de Brasil, 1964, 1988, 2000, 2009. 
Nos tópicos seguintes, abordaremos cada um desses marcos e sua 
contribuição para a contabilidade governamental. 
3.1 Lei n. 4.320/1964 
A Lei n. 4.320/1964, também conhecida como Lei do Orçamento, 
estabeleceu importantes regras para o controle das finanças públicas, bem como 
criou as bases de uma administração financeira e contábil no país, tendo como 
principal instrumento o orçamento público. Ela estatui normas gerais de direito 
financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos 
estados, dos municípios e do Distrito Federal (Brasil, 1964). 
Trata-se de uma lei fundamental para o estudo e entendimento da 
contabilidade governamental. Embora antiga, essa lei possui diversos dispositivos 
importantes. Vale ressaltar que muitos de seus dispositivos foram alterados por 
outras leis e atualmente não possuem aplicabilidade (Brasil, 1964). 
Com a edição da Lei n. 4.320/1964 (Brasil, 1964), o orçamento público 
ganhou significativa importância no Brasil. Como consequência, as normas 
relativas a registros e demonstrações contábeis, vigentes até hoje, acabaram por 
dar enfoque sobretudo aos conceitos orçamentários, em detrimento da 
evidenciação dos aspectos patrimoniais (Brasil, 2018, p. 18). 
 
 
 
9 
3.2 Constituição Federal de 1988 
A Constituição Federal de 1988 (CF/1988) causou avanços nas normas 
relativas ao orçamento, instituindo matéria a respeito dos instrumentos de 
planejamento: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e 
Lei Orçamentária Anual (LOA) – art. 165 e seguintes da CF/1988. Dentre as 
mudanças ocasionadas pela CF/1988, um dos pontos relacionados à 
contabilidade governamental foi o dispositivo constitucional expresso no art. 163, 
que exige lei complementar para tratar de assuntos específicos (Brasil, 1988). 
Art. 163. Lei complementar disporá sobre: 
I - finanças públicas; 
II - dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações 
e demais entidades controladas pelo Poder Público; 
III - concessão de garantias pelas entidades públicas; 
IV - emissão e resgate de títulos da dívida pública; 
V - fiscalização financeira da administração pública direta e indireta; 
VI - operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; 
VII - compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da 
União, resguardadas as características e condições operacionais plenas 
das voltadas ao desenvolvimento regional. (Brasil, 1988) 
Tal dispositivo foi atendido quando, em maio de 2000, foi sancionada a 
LRF, elaborada para atender às expectativas da sociedade brasileira na busca 
pela responsabilidade e pelo bom uso dos recursos públicos (Brasil, 2000). 
3.3 Lei Complementar n. 101/2000: Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 
A LRF, como a Lei Complementar n. 101/2000 ficou popularmente 
conhecida, foi criada com o propósito de regulamentar a Constituição Federal, 
estabelecendo normas gerais de finanças públicas a serem observadas pelos três 
níveis de governo (federal, estadual e municipal) (Brasil, 1988, 2000). 
A LRF inovou ao conceder à contabilidade pública novas atribuições 
referentes ao controle orçamentário e financeiro. Houve a definição de como as 
contas públicas deverão ser consolidadas e divulgadas à população, tornando as 
informações contábeis acessíveis e compreensíveis não apenas para os gestores 
e membros da Administração Pública, mas para a sociedade (Brasil, 2000). 
Diferentemente da Lei n. 4.320/1964, que instituiu regras para elaboração 
e controle dos orçamentos, a Lei Complementar n. 101/2000 buscou instituir 
regras visando a uma gestão fiscal responsável, traduzida no equilíbrio das contas 
 
 
10 
públicas, na preservação do patrimônio público e na transparência das ações 
governamentais (Brasil, 1964, 2000; Ravanello; Marcuzzo; Frey, 2015, p. 117).A LRF tem como objetivo principal, de acordo com o caput do seu art. 1º, 
“[...] estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na 
gestão fiscal” (Brasil, 2000). Por sua vez, o parágrafo primeiro desse mesmo artigo 
procura definir o que se entende como responsabilidade na gestão fiscal, 
estabelecendo os seguintes postulados (Brasil, 2000): 
 Ação planejada e transparente; 
 Prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o equilíbrio das 
contas públicas; 
 Garantia de equilíbrio nas contas, via cumprimento de metas de resultados 
entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia de 
receita e a geração de despesas com pessoal, seguridade, dívida, 
operações de crédito, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar. 
Os instrumentos preconizados pela LRF para o planejamento do gasto 
público são os mesmos já adotados na CF/1988 (Brasil, 1988, 2000): o PPA, a 
LDO e a LOA. O que a LRF busca, na verdade, é reforçar o papel da atividade de 
planejamento e, mais especificamente, a vinculação entre as atividades de 
planejamento e de execução do gasto público (Nascimento; Debus, 2001). 
3.4 Manual de contabilidade aplicada ao setor público (Mcasp) 
O órgão central de contabilidade do governo federal, a STN, cuja função 
foi-lhe atribuída pelo Decreto n. 6.976/2009, é responsável pela elaboração do 
Mcasp (Brasil, 2009, 2018). A STN edita o Plano de contas aplicado ao setor 
público – Pcasp (Brasil, 2019b) e o Mcasp, com abrangência nacional, que 
permitem e regulamentam o registro da aprovação e execução do orçamento, 
resgatam o objeto da contabilidade – o patrimônio – e buscam a sua convergência 
com os padrões internacionais, tendo sempre em vista a legislação nacional 
vigente e os princípios da ciência contábil (Brasil, 2018, p. 18). 
O Mcasp não é propriamente um normativo, mas sim um agrupamento de 
procedimentos que visa orientar o processo de elaboração e execução 
orçamentária (Brasil, 2018). 
 
 
 
11 
Saiba mais 
Atualmente, o Mcasp está dividido em cinco partes e está em sua 8ª edição, 
com validade a partir de 2019: 
1. Procedimentos contábeis orçamentários; 
2. Procedimentos contábeis patrimoniais; 
3. Procedimentos contábeis específicos; 
4. Plano de contas aplicado ao setor público; 
5. Demonstrações contábeis aplicadas ao setor público. 
O Pcasp contido na parte 4 do Mcasp apresenta metodologia, estrutura, 
regras, conceitos e funcionalidades que possibilitam a obtenção de dados que 
atendam aos diversos usuários da informação contábil. Segundo o Mcasp (Brasil, 
2018, p. 18), a elaboração de um plano de contas com abrangência nacional surge 
da necessidade de evidenciar com qualidade os fenômenos patrimoniais e da 
busca por um tratamento contábil padronizado dos atos e fatos administrativos no 
âmbito do setor público. 
Saiba mais 
Entenda o papel da STN: 
<https://www.youtube.com/watch?v=2ASbQY5uUH8> (Sobre o Tesouro, 2019). 
TEMA 4 – CONVERGÊNCIA DA CONTABILIDADE GOVERNAMENTAL COM OS 
PADRÕES INTERNACIONAIS 
Assim como aconteceu com a contabilidade societária, a contabilidade 
governamental está passando por um processo de reformulação, buscando a sua 
convergência (também conhecida como harmonização) com as normas 
internacionais de contabilidade pública. 
O setor público segue as Normas Internacionais de Contabilidade 
Aplicadas ao Setor Público, no inglês International Public Sector Accounting 
Standards (Ipsas), que são editadas pela Federação Internacional de Contadores 
(Ifac, do inglês International Federation of Accounts), uma organização mundial 
composta por 173 membros e associados, incluindo o Brasil, que tem como 
objetivo contribuir para o desenvolvimento da economia internacional e é 
responsável pela edição das Ipsas. 
No Brasil, o processo de convergência das normas contábeis aos padrões 
internacionais de contabilidade teve início em 2004, quando o CFC instituiu um 
 
 
12 
grupo de estudos com a finalidade de analisar, elaborar e propor normas técnicas 
de contabilidade aplicadas ao setor público que fossem alinhadas com os padrões 
das Ipsas (Feijó, 2013, p. 53). 
Feijó (2013) esclarece que o processo de convergência da contabilidade 
brasileira com os padrões internacionais foi desmembrado em duas fases. 
Inicialmente, decidiu-se promover o seu alinhamento aos padrões internacionais, 
no qual o propósito básico seria editar normas técnicas brasileiras que refletissem 
o espírito do modelo das Ipsas. Paralelamente, seria buscada a convergência de 
nossa contabilidade com os padrões das Ipsas. Nessa fase, as normas alinhadas 
seriam paulatinamente substituídas por normas individualmente convergidas com 
um correspondente padrão das Ipsas, preservadas as particularidades do 
contexto brasileiro. A Figura 4 demonstra o processo e a participação de vários 
órgãos no processo de convergência. 
Figura 4 – Normas e órgãos participantes no processo de convergência 
 
Fonte: Adaptado de Brasil, 2019b. 
Seguindo a estratégia de convergência adotada, nos últimos anos foi 
emitida uma série de normas, sendo algumas revogadas e substituídas por novas 
normas convergidas. Portanto ao se consultar os normativos, deve ser respeitada 
uma ordem de observância, como na Figura 5. 
Figura 5 – Ordem de observância das normas 
 
Fonte: Adaptado de Brasil, 2019b. 
MCASP NBC TSP
NBC T 16
(nas partes 
não 
revogadas)
NBC TSP 
Estrutura 
Conceitual
 
 
13 
Saiba mais 
Você pode conferir as normas vigentes em: 
<https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/nbc-tsp-do-setor-
publico/> (CFC, [201-]). 
4.1 Benefícios da convergência 
O novo modelo objetiva resgatar a essência da contabilidade aplicada ao 
setor público, um ramo da ciência contábil, dando o enfoque adequado ao seu 
objeto, o patrimônio público. Dentre os benefícios gerados com a adoção dos 
procedimentos e normas internacionais de contabilidade, destacam-se (Brasil, 
2013): 
 Geração de informação útil para a tomada de decisão, por parte dos 
gestores públicos; 
 Comparabilidade entre os entes da federação e entre diferentes países; 
 Registro e acompanhamento de transações que afetam o patrimônio antes 
de serem contempladas no orçamento; 
 Melhoria no processo de prestação de contas, tanto por parte dos tribunais 
e órgãos de controle, quanto pela sociedade; 
 Elaboração do Balanço do Setor Público Nacional (consolidação nacional 
das contas dos entes da Federação), conforme previsto na LRF; 
 Racionalização e melhor gestão dos recursos públicos; 
 Reconhecimento do profissional contábil no setor público. 
A adesão às Ipsas, no Brasil, é vista como relevante e vantajosa, uma vez 
que, por ser um país em desenvolvimento, que busca aumentar sua credibilidade 
entre os demais países, as normas internacionais de contabilidade são uma 
estratégia de aumento da confiança diante dos investidores internacionais (Zeff, 
2014). 
TEMA 5 – ESTRUTURA CONCEITUAL APLICADA À CONTABILIDADE 
GOVERNAMENTAL (NBC TSP) 
Uma das normas brasileiras de contabilidades aplicadas ao setor público 
(NBC TSP), a que versa sobre a estrutura conceitual para elaboração e divulgação 
de informação contábil de propósito geral pelas entidades do setor público, vigente 
 
 
14 
a partir de 1º de janeiro de 2017, ofereceu um novo arcabouço conceitual para a 
contabilidade pública e é conhecida como NBC TSP Estrutura Conceitual. Seu 
conteúdo contempla conceitos, características, metodologias, princípios e 
regramentos para nortear a elaboração das demais normas específicas, sendo 
sua aplicação obrigatória (Brasil, 2016). 
A Figura 6 apresenta as principais características e funções da NBC TSP 
Estrutura Conceitual. 
Figura 6 – Principais características e funções da NBC TSP Estrutura Conceitual 
 
Fonte: Adaptado de Brasil, 2016. 
Um tema recorrente na norma é a definição da sociedade como principal 
usuária da informação contábil,apresentando a importância dos Relatórios 
Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs) para 
prestação de contas, tomadas de decisão e responsabilização (accountability) 
(Brasil, 2016). 
5.1 Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público 
(RCPGs) 
Segundo a NCB TSP Estrutura Contábil, os RCPGs são relatórios 
contábeis elaborados para atender às necessidades dos usuários em geral, não 
tendo o propósito de atender a finalidades ou necessidades específicas de 
determinados grupos de usuários (Brasil, 2016). 
Os RCPGs são os componentes centrais da transparência da informação 
contábil dos governos e de outras entidades do setor público; fornecem 
 
 
15 
informações aos seus usuários para subsidiar as avaliações de algumas 
questões, tais como: 
 Se a entidade prestou seus serviços à sociedade de maneira eficiente e 
eficaz; 
 Quais são os recursos atualmente disponíveis para gastos futuros e até 
que ponto há restrições ou condições para a utilização desses recursos; 
 Se a extensão da carga tributária que recai sobre os contribuintes em 
períodos futuros para pagar por serviços correntes tem mudado; 
 Se a capacidade da entidade para prestar serviços melhorou ou piorou, em 
comparação com exercícios anteriores. 
Saiba mais 
O que é o accountability? Accountability é um termo da língua inglesa 
frequentemente usado no estudo da Administração Pública e da contabilidade 
governamental, frequentemente traduzido como responsabilização, prestação de 
contas ou responsabilidade ética. 
Os RCPGs abrangem as demonstrações contábeis, incluindo as suas notas 
explicativas; contudo, abrangem ainda a apresentação de outras informações que 
dão suporte a inúmeros relatórios. A Figura 7 apresenta alguns dos relatórios que 
se encaixam no conceito de RCPGs. Esses relatórios e demonstrações atendem 
a diversos usuários da informação, auxiliando na prestação de contas, 
responsabilização (accountability) e tomada de decisão. 
Figura 7 – Exemplos da utilidade dos RCPGs 
 
Fonte: Adaptado de Brasil, 2019b. 
RCPG
Demonstrações Contábeis e 
Notas Explicativas
Demonstrativos 
Fiscais 
Relatórios 
Gerenciais
Relatórios para 
fins de 
Transparência
 
 
16 
Diversos são os usuários das informações contidas nos RCPGs. Como 
exemplo, podemos elencar consultores, auditores, analistas, agências 
reguladoras, grupos de interesse público ou privado e a própria sociedade. 
Muitos dos conceitos aplicados atualmente na contabilidade governamental 
são oriundos da NBC TSP Estrutura Conceitual. Futuramente, iremos explorar 
mais outros conceitos e definições contidos no normativo (Brasil, 2016). 
FINALIZANDO 
Com base no conteúdo apresentado, pudemos ver alguns aspectos 
introdutórios do ramo da contabilidade que tem como objeto o patrimônio público. 
Verificamos que a contabilidade governamental ou Casp tem seu campo de 
aplicação específico, assim como uma série de leis, normas e regulamentos que 
embasam a sua aplicação. Enfatizamos que a contabilidade governamental está 
passando por um processo de reformulação, buscando a sua convergência com 
as normas internacionais de contabilidade pública, e atualmente tem seu 
arcabouço conceitual regido pela NBC TSP Estrutura Conceitual (Brasil, 2016). 
A intenção desta aula foi apresentar de forma introdutória os principais 
conceitos e características da contabilidade governamental para, posteriormente, 
avançarmos no conteúdo. 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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