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AULA 12

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DELEGADO 
Silvio Maciel 
Direito Penal 
Aula 12 
 
 
ROTEIRO DE AULA 
 
 
Tema: Concurso de Pessoas 
 
 
 
 
Concurso de pessoas 
 
 
 
10- Casos de impunibilidade 
 Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em 
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. (Redação dada 
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 Tem a ver com as etapas do iter criminis. 
 
a- Cogitação 
b- Preparação 
c- Execução 
d- Consumação 
 
• Exaurimento não é etapa do crime 
A cogitação jamais é punida. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art31
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art31
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Preparação são atos que antecedem o início do crime. Também não é punida. 
Se atos, por si só, configuram crime, eles não são atos preparatórios, são crime. 
O crime só é punido a partir do momento que é iniciada a sua execução. 
O ato de combinar um crime não é punido, se sequer chega a ser iniciada a sua execução. 
Não se pune a mera cogitação. 
“Salvo disposição em contrário”: quando a combinação, instigação ou auxílio material, por si só, 
configurarem uma infração penal. 
Exemplo: três pessoas combinam de vender drogas. O simples fato de combinarem pode ser 
configurado crime para associação a tráfico de drogas. 
Exemplo: Três pessoas combinando furtar caixa eletrônico. Associação criminosa. 
Exemplo: Uma pessoa empresta o veneno para outra, que desiste de matar com veneno. Não 
vai responder por nada. Um sujeito pede arma de fogo para o amigo. O amigo se arrepende e 
não comete roubo. Porte ilegal de arma, por si só, já configura crime. 
 
11- Autoria colateral e autoria incerta 
Coautoria imprópria ou autoria aparelhada-aparelha. 
É uma incrível coincidência. 
Ocorre autoria colateral quando duas pessoas coincidentemente executam simultaneamente a 
conduta criminosa, sem que uma saiba da conduta da outra. Ou seja, sem uma aderir a conduta 
da outra. 
Não há concurso de pessoas. 
Não há o requisito do liame subjetivo. 
Não é necessário prévio ajuste, mas é necessário que um deles faça a adesão à conduta do outro. 
Senão não há concurso de pessoas. 
A autoria incerta ocorre dentro da autoria colateral. Quando a autoria colateral não consegue 
identificar qual dos agentes consumou a infração. 
Exemplo: em um prédio tem matador de aluguel “A”, no outro prédio tem o matador de aluguel 
“B”. A vítima caminha entre os dois prédios. Está jurada de morte. Cada matador de aluguel foi 
contratado por uma pessoa. Um não sabe da existência do outro matador de aluguel. Eles 
atiram na vítima. Houve autoria colateral. A vítima morreu, as armas foram apreendidas. O 
laudo necroscópico aponta que só uma das balas perfurou a vítima. Como não há concurso de 
pessoas, eles podem responder por crimes diferentes. O que acertou responde por homicídio 
consumado. O que errou responde por tentativa de homicídio. 
Mas a polícia não conseguiu identificar qual acertou o tiro e qual errou. Nesse caso, os dois 
responderão por tentativa de homicídio. In dubio pro reo. 
Se os dois acertam o tiro, mas a perícia constata que o tiro de “A” acertou a vítima 10 segundos 
antes, matando-a. “B” não responde por nada. Não dá para matar um cadáver. Crime 
impossível. 
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➢ É possível concurso de pessoas em crimes culposos? 
Depende. 
Coautoria: possível. 
Exemplo: dois médicos cirurgiões usam o procedimento errado na cirurgia e matam o paciente. 
Coautores em homicídio culposo. 
 
Participação. 
Primeiro tem que lembrar da homogeneidade de condutas. 
Primeira corrente: não existe participação em crime culposo. Porque cada agente é autor da 
sua própria negligência, imperícia e imprudência. 
Corrente majoritária. 
Segunda corrente: é possível, desde que um dos agentes não cometa o núcleo do tipo. 
Exemplo: O passageiro induz o motorista a acelerar o carro porque eles vão perder um 
compromisso. 
Para primeira corrente, ambos são coautores de homicídio. 
Para a corrente minoritária, o passageiro é o partícipe. 
 
 
 
PARTE ESPECIAL 
 
 
Crimes contra as pessoas 
 
1) Homicídio. 
 
a- Objetividade jurídica. 
Objeto jurídico do crime. Bem jurídico protegido. 
Vida humana extrauterina, que começa com o início do parto. 
Quando é o início do parto? 
Para alguns é o completo desprendimento das entranhas da mãe. Para outros, pelas dores do 
parto. Para outros, com a dilatação do colo do útero. 
Para existir homicídio não é necessário existir vida viável. 
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Exemplo: Se a criança nasceu com uma doença gravíssima, que vai matá-la em horas, pode ser 
vítima de homicídio durante essas horas. 
Da mesma forma que é homicídio abreviar a vida de pacientes terminais. A eutanásia é 
homicídio. Tanto a ativa quanto a passiva. A chamada ortoeutanásia é considerada crime de 
homicídio. 
Exemplo: eutanásia ativa, ministra droga no paciente. A orto é a interrupção do tratamento. 
Morre naturalmente pelos processos naturais da doença. 
 
Distanásia. Vem de distender. Prolongar. A distanásia é o contrário da eutanásia. 
 
 
b- Formas de conduta. 
 
➢ É possível mediante ação e omissão? 
Sim. 
Homicídio por omissão, desde que tenha o dever jurídico de evitar a morte. 
Art. 13 - § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para 
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Exemplo: Salva vidas que vê um sujeito se afogando e nada faz porque ambos são inimigos. 
Homicídio doloso por omissão. 
 
c- Sujeitos do crime. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa. 
Não exige condição especial do sujeito ativo. 
 
Sujeito passivo é a pessoa já nascida e vida. 
 
 
d- Consumação e tentativa 
É crime material ou de resultado. Ou seja, exige a ocorrência de um resultado naturalístico, que 
é a morte. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art13
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Consuma-se com a ocorrência do resultado naturalístico morte. 
Consuma-se com a morte real da vítima. 
Se dá com a morte encefálica. Ainda que as funções respiratórias e circulatórias continuem 
funcionando normalmente. 
Esse entendimento tem fundamento na lei de doação de órgãos. Já que permite-se a doação de 
órgãos com a morte encefálica da vítima. O legislador considera, portanto, que a morte 
encefálica é a morte real. Senão, não autorizaria o transplante. 
 
A tentativa ocorre quando a vítima não morre, por circunstâncias alheias ao agente. 
Exemplo: O criminoso, com o dolo de matar, dá dois tiros na vítima e para de airar, aindacom 
munição. A vítima é socorrida, vai para hospital e não morre. 
Exemplo: O homicida com dolo de matar, dá os cinco tiros todos. Leva a vítima para hospital e 
ela não morre. 
Esses são exemplos de desistência voluntária e o arrependimento eficaz. Ambos afastam a 
tentativa do crime inicialmente pretendido. 
O agente só responde pelos atos já praticados. (Lesões corporais, no caso) 
 
1.1 Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
 
Não é crime hediondo. 
Nunca foi, em regra. 
Ocorre que, na lei de crimes hediondos há uma previsão de homicídio hediondo, quando 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio. Ainda que praticado por um só. 
Até pouco tempo, a doutrina explicava que o homicídio simples não é hediondo, salvo se 
praticado em atividade típica de grupo de extermínio. A doutrina chamava de homicídio simples 
condicionado. Para ser hediondo, o homicídio simples dependia dessa condição. Condição de 
ser praticado por grupo de extermínio. 
Isso gerava um questionamento: se no Tribunal do Júri tinha que ser indagado se o sujeito 
participava de um grupo de extermínio. 
1º corrente: grupo de extermínio é uma elementar do crime de homicídio. Portanto, tem que 
os jurados responderem sobre essa elementar. 
2º corrente: não é elementar do crime de homicídio simples. É apenas uma condição para o 
crime ser hediondo. Cabe ao juiz togado e não aos jurados. Essa era a corrente que prevalecia. 
 
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Houve uma alteração no Código Penal e foi acrescentada a causa de aumento de pena de grupo 
de extermínio. Portanto, tem que ser quesitado. Tem que ser decidido pelo conselho de 
sentença. 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia 
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de 
extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de 2012) 
 
Não existe mais nenhum homicídio simples hediondo no Brasil. 
 
1.2 Homicídio Privilegiado 
Art. 121. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob 
o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode 
reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Privilégio é causa de diminuição de pena. 
Atenção à palavra “pode”. A diminuição de pena é opção do juiz ou direito subjetivo do réu? Os 
jurados que decidem e o juiz fica obrigado a reduzir a pena. Cabe ao juiz diminuir a pena, sob 
pena de não respeitar a soberania dos vereditos. Onde está escrito pode, leia-se deve. 
A expressão pode não está se referindo à diminuição de pena, mas sim a quantidade de 
diminuição de pena. O quantum é atividade discricionária do juiz. 
 
a- Relevante valor moral 
b- Relevante valor social 
É um princípio básico de hermenêutica, de que a lei não contém palavras inúteis. Se o tipo penal 
fala relevante, esta expressão relevante tem um significado. O significado de que o homicídio só 
será privilegiado, se o valor moral ou social for reconhecido por toda a sociedade, pelo senso 
comum. 
Exemplo: pai matou o homicida da filha. 
 
Exemplo: Matou o outro porque levou uma fechada no trânsito. Segundo o valor pessoal dele, 
não pode levar desaforo para casa. Não é relevante. 
Moral – o valor particular do assassino. 
Social – valor de toda a sociedade. 
 
c- Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da 
vítima. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art2
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Só há homicídio privilegiado se o indivíduo está dominado, tomado pela violenta emoção. 
Porque se estiver apenas sob influência, que é algo controlável, será homicídio simples com 
possibilidade de atenuante genérica do art. 65. 
Logo em seguida: se a reação for muito tempo após a provocação, esse indivíduo já não está 
mais sobre o domínio de violenta emoção. Se passou muito tempo, não está mais sobre o 
domínio. Violenta emoção é um estado transitório passageiro. 
 
➢ Atenção! A expressão “logo em seguida” deve ser entendida levando-se em conta, 
não o momento em que ocorreu a provocação, mas o momento em que o homicida 
tomou ciência da injusta provocação. 
Exemplo: Homem casado recebe um DVD, com cenas de adultério, que a mulher praticou 15 
dias antes. Dominado pela violenta emoção, ele mata a esposa. O ato do adultério aconteceu 
15 dias antes. No entanto, ele só tomou ciência disso no momento do homicídio. 
Onde está escrito logo em seguida, deve ser logo em seguida à ciência da provocação. 
 
A mulher não quis provocar o homem. Para que ocorra homicídio privilegiado não é necessária 
a intenção da vítima de provocar. Basta que o homicida sinta-se provocado. 
Essa provocação pode ser dirigida a terceiro e não ao homicida. E mesmo assim isso não afasta 
o privilégio. 
Exemplo: Alguém dá um tapa no rosto de uma mulher, o pai vê isso e mata o agressor. 
 
➢ Atenção! O examinador troca a palavra provocação por agressão. 
Se está reagindo a uma injusta agressão, ainda que dominado pela violenta emoção, isso é 
legítima defesa e não homicídio. 
 
As circunstâncias do privilégio são pessoais. Não se comunicam ao coautor ou partícipe. Se 
referem ao infrator. 
São circunstâncias subjetivas. 
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Exemplo: O pai da vítima pega a arma emprestada do vizinho para matar o assassino do filho. 
Quem está agindo por relevante valor moral é o pai da vítima. O vizinho não. O vizinho que 
emprestou a arma não terá direito ao privilegiado. O vizinho responde por homicídio simples. 
 
1.3 Homicídio qualificado 
 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art30
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I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo futil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, 
ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossivel a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
Qualquer forma é crime hediondo. 
 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
a- Recompensa 
Esse é o crime do matador de aluguel. 
Nomes doutrinários. Também chamado de homicídio mercenário. Ou ainda, homicídio por 
mandato remunerado. 
Haverá qualificadora, ainda que a recompensa não seja efetivamente paga. A simples promessa 
já qualifica o homicídio. 
Prevalece o entendimento de que essa recompensa, não tem que ser necessariamente 
patrimonial. Quando o Código se referir à vantagem econômica, ele menciona vantagem 
econômica. Se fosse a intenção limitar, teria dito. Pode ser uma recompensa moral, sexual. 
Exemplo: título de cidadão do ano, paga com sexo, etc. 
No homicídio mercenário nós temos necessariamente dois autores. É crime de concurso 
necessário. Tem que ter o mandante do crime e o executor do crime. O mandante partícipe e o 
executor autor. 
 
➢ Essa qualificadora também se aplica ao mandante do crime? Também responde pela 
qualificadora da recompensa ou não? 
Na doutrina o posicionamento majoritário é de que o mandante não responde. Primeiro porque 
não agiu por cupidez. Ele deu o dinheiro, ele gastou o dinheiro. Ele não agiu movido por 
dinheiro. 
O segundo argumento daprimeira corrente é de que essa qualificadora é uma circunstância 
subjetiva, porque é um motivo pessoal. Não se comunica. 
O STJ, contrariando a doutrina, entende ser uma circunstância que se comunica ao mandante. 
A qualificadora se aplica ao mandante. Às vezes até aparece como elementar, o que é uma 
heresia. 
 
b- Motivo torpe 
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A recompensa é um motivo torpe. 
Qualquer outro motivo torpe. É motivo abjeto, repugnante. 
Exemplo: matar o irmão para ficar com toda herança dos pais. Matar o marido para ficar com o 
seguro de vida. 
 
II - por motivo fútil 
É motivo insignificante. 
Motivo desproporcional em relação a conduta da vítima. 
Exemplo: matar a vítima porque levou uma fechada no trânsito. 
• A vingança é motivo fútil ou torpe? 
Não é nenhum dos dois. A vingança não está prevista como qualificadora do homicídio. 
A vingança pode ter origem em um motivo fútil, torpe ou não. 
Pode ter origem até em um motivo de relevante valor social. 
Então, tem que analisar o motivo que originou a vingança. 
Exemplo: O pai da vítima matou o assassino da filha. É vingança, mas o que originou foi relevante 
valor moral. Será homicídio privilegiado. 
 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, 
ou de que possa resultar perigo comum 
No caso do veneno, a doutrina diz que essa qualificadora só se aplica se a vítima não sabe que 
está sendo envenenada. Se o veneno é aplicado de forma violenta na vítima e ela sabe que é 
veneno, aí é qualificadora de meio cruel. 
Tortura. Distinção clássica entre o crime de homicídio qualificado pela tortura e o crime de 
tortura qualificada pela morte (lei de tortura). 
Homicídio qualificado pela tortura: 
• Dolo de matar 
A tortura é apenas o meio escolhido para a execução. 
• É hediondo 
• Crime doloso 
• Crime admite tentativa 
 
Tortura qualificada pela morte (lei 9.455/97): 
• Dolo de torturar. 
• Crime preterdoloso 
Há o dolo de torturar e sem querer ele acaba matando a vítima. 
• Equiparado a hediondo, mas não é hediondo. 
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Sofre a mesmas consequências práticas. 
• Não admite tentativa. 
 
Meio cruel: 
O número excessivo de disparos ou facadas, o número excessivo de golpes na vítima, configura 
necessariamente um meio cruel? 
Depende do dolo do agente. Se ficar comprovado que o número excessivo de golpes teve como 
objetivo aumentar o sofrimento da vítima, qualifica o crime, configura o meio cruel. 
Se o excesso de golpes decorreu do nervosismo, da adversidade da situação, não configura o 
meio cruel. 
 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne 
impossível a defesa do ofendido 
São todos recursos utilizados para dificultar a defesa da vítima. 
Quanto a traição, diz a doutrina que pode ser física ou moral. Ou seja, tiro pelas costas é 
homicídio qualificado pela traição. 
 
Recurso que impossibilitou a defesa da vítima. 
Se circunstâncias naturais dificultaram a defesa da vítima, isso não qualifica o homicídio porque 
não foi um recurso criado pelo infrator. Essa qualificadora só existe se ele cria essa situação de 
dificuldade para a vítima. 
Exemplo: Superioridade física. Se o homicida é muito mais forte que a vítima. É uma condição 
natural. 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. 
Nesse caso, o homicida mata a vítima para manter impune outro crime. Nesse caso, está sempre 
conexo a outro crime. 
Crime de homicídio e crime visado. 
Se for para garantir a execução do outro crime, trata-se de homicídio qualificado pela conexão 
teleológica. 
Se for para assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime, trata-se de 
homicídio qualificado pela conexão consequencial. 
 
Há o crime mesmo que o homicida não consiga o seu objetivo: a execução, a ocultação, 
Imunidade ou vantagem, de outro crime. 
Exemplo: O criminoso mata o gerente do banco do supermercado que reconheceu que era ele 
o assaltante. Mata gerente para ocultar o roubo que mesmo assim é descoberto. 
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Exemplo: Mata comparsa para ficar com todo dinheiro, mas é preso na sequência. Não 
conseguiu a vantagem. 
 
Essa qualificadora só se aplica se a finalidade envolver outro crime. 
Se o homicida quer garantir a vantagem, ocultação ou impunidade de uma contravenção penal 
aplica-se a qualificadora do motivo torpe.

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