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Direitos Humanos da Criança e do Adolescente 1

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1. Educação em Direitos Humanos para Criança e Adolescente.
Os resultados de uma educação de qualidade devem necessariamente abranger capacidades relativas ao respeito e valorização dos direitos humanos e à cidadania ativa. De acordo com as diretrizes  do ECA e dos documentos internacionais, o desenvolvimento de condições pessoais e sociais mais favoráveis ao exercício de todos esses direitos humanos devem expressar a abertura e a valorização do pluralismo e da diversidade.
Tratar da Educação em Direitos Humanos no Brasil é uma das exigências e urgências para que possamos ter uma formação mais humanizadora das pessoas e o fortalecimento dos regimes políticos democráticos na sociedade.
As expectativas sobre a promoção dos direitos humanos por meio da educação têm implicações diretas no conceito de qualidade e de educação enquanto um direito.
O debate em torno da importância da educação em direitos humanos se intensifica a partir da publicação dos Planos Nacionais de Direitos Humanos. A amplitude do tema demonstrada no documento exemplifica a necessidade de mudança de cultura para que os direito humanos sejam considerados. Para tanto um amplo processo educativo será necessário.
Algumas iniciativas nesse sentido ganham relevância, seja pelo aprofundamento teórico do tema, ou pela publicação de diretrizes sobre o tema quanto pela capilarização do debate, estendido para organizações governamentais e não governamentais. 
Assim, tal como ocorrido em outros países da América Latina, essa proposta de educação no Brasil se apresenta como prática recente.
1. Educação em Direitos Humanos para Criança e Adolescente.
1.1. Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH)
É nesse contexto que surgem as primeiras versões do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), produzidos entre os anos de 1996 e 2002. Dentre os documentos produzidos a respeito desse programa, no que diz respeito ao tema da Educação em Direitos Humanos, destaca-se o PNDH-3, de 2010, que apresenta um eixo orientador destinado especificamente para a promoção e garantia da Educação e Cultura em Direitos Humanos. 
Em 2003, Educação em Direitos Humanos ganhará um Plano Nacional (PNEDH), revisto em 2006, aprofundando questões do Programa Nacional de Direitos Humanos e incorporando aspectos dos principais documentos internacionais de Direitos Humanos dos quais o Brasil é signatário. 
Esse documento é portanto, a política educacional voltada para os direitos humanos e educação. O PNEDH está dividido em cinco áreas: educação básica, educação superior, educação não-formal, mídia e formação de profissionais dos sistemas de segurança e justiça. 
Também define a Educação em Direitos Humanos como um processo sistemático e multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos, articulando as seguintes dimensões: 
a) apreensão de conhecimentos historicamente construídos sobre direitos humanos e
a sua relação com os contextos internacional, nacional e local; 
b) afirmação de valores, atitudes e práticas sociais que expressem a cultura dos direitos humanos em todos os espaços da sociedade; 
c) formação de uma consciência cidadã capaz de se fazer presente em níveis cognitivo, social, cultural e político; 
d) desenvolvimento de processos metodológicos participativos e de construção coletiva, utilizando linguagens e materiais didáticos contextualizados; 
e) fortalecimento de práticas individuais e sociais que gerem ações e instrumentos em favor da promoção, da proteção e da defesa dos direitos humanos, bem como da reparação das violações.
O Conselho Nacional de Educação também tem se posicionado a respeito da relação entre Educação e Direitos Humanos por meio de seus atos normativos. Como exemplo podem ser citadas as Diretrizes Gerais para a Educação Básica, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e para o Ensino Médio. Nas Diretrizes Gerais para a Educação Básica o direito à educação é concebido como direito inalienável de todos/as os/as cidadãos/ãs e condição primeira para o exercício pleno dos Direitos Humanos.
O parecer do CNE/CEB nº 7/2010, recomenda que o tema dos Direitos Humanos deverá ser abordado ao longo do desenvolvimento de componentes curriculares com os quais guardam intensa ou relativa relação temática, em função de prescrição definida pelos órgãos do sistema educativo ou pela comunidade educacional, respeitadas as características próprias da etapa da Educação Básica que a justifica (BRASIL, 2010, p. 24).
Neste sentido, afirma que uma escola de qualidade social deve considerar as diversidades, o respeito aos Direitos Humanos, individuais e coletivos, na sua tarefa de construir uma cultura de Direitos Humanos formando cidadãos plenos.
O parecer do CNE/CEB nº 7/2010, recomenda que o tema dos Direitos Humanos deverá ser abordado ao longo do desenvolvimento de componentes curriculares. 
O Parecer CNE/CEB nº 5/2011 que fundamenta essas diretrizes reconhece a educação como parte fundamental dos Direitos Humanos.
Nesse sentido, todos os órgãos do SGD precisam estar atentos à educação em direitos humanos nos processos de formação de seus agentes. É necessário implementar processos educacionais que promovam a cidadania, o conhecimento dos direitos fundamentais, o reconhecimento e a valorização da diversidade étnica e cultural, de identidade de gênero, de orientação sexual, religiosa, dentre outras, enquanto formas de combate ao preconceito e à discriminação. 
O CNE ainda aborda a temática dos Direitos Humanos na Educação por meio de normativas específicas voltadas para as modalidades da Educação Escolar Indígena, Educação Para Jovens e Adultos em Situação de Privação de Liberdade nos Estabelecimentos Penais, Educação Especial, Educação Escolar Quilombola (em elaboração), Educação Ambiental (em elaboração), Educação de Jovens e Adultos, dentre outras. 
Quanto às escolas, atores que não estão tão integradas ao SGD, mas que compõem esse sistema, precisam ser agregadas cada vez mais pois nesse contexto assumem papel decisivo na garantia dos Direitos Humanos.
	PRINCIPAIS REFERÊNCIAS NORMATIVAS E POSICIONAMENTOS TÉCNICOS
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2191-plano-nacional-pdf&Itemid=30192
 
Decreto Nº 186/08 - Aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de março de 2007.
Decreto nº 6.949/09 - Promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007.
Decreto Nº 6.214/07 - Regulamenta o benefício de prestação continuada da assistência social devido à pessoa com deficiência.
Decreto Nº 6.571/08 - Dispõe sobre o atendimento educacional especializado - AEE.
Decreto nº 5.626/05 - Regulamenta a Lei 10.436 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.
Decreto nº 5.296/04 - Regulamenta as Leis n° 10.048 e 10.098 com ênfase na Promoção de Acessibilidade.
Decreto nº 3.956/01 – (Convenção da Guatemala) Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência.
Parecer do CNE/CEB nº 7/2010
Nota Técnica nº 04 - Orientação quanto a documentos comprobatórios de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação no Censo Escolar.
Nota Técnica nº 24 - Orientação aos Sistemas de Ensino para a implementação da Lei nº 12.764-2012.
Nota Técnica nº 28 - Uso do Sistema de FM na Escolarização de Estudantes com Deficiência Auditiva.
Nota Técnica nº 29 - Termo de Referência para aquisição de brinquedos e mobiliários acessíveis.
Nota Técnica nº 35 / 2016 / DPEE / SECADI / MEC - Recomenda a adoção imediata dos critérios para o funcionamento, avaliação e supervisão das instituições públicas e privadas comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos especializadas em educação especial. 
2. Estudo
de Caso.
João Carlos, pai de Davi, criança com deficiência física de 7 anos, procura o Conselho Tutelar para denunciar que tentou matricular seu filho em uma escola particular e foi impedida porque  o diretor alegou que não tem acessibilidade na estrutura física de escola.   Como o Conselho deve agir?
Uma das principais decorrências do estabelecido na Constituição Federal, em relação à educação, é que a mesma é um direito de todos (CF. Art. 205). Logo, toda criança ou adolescente tem o direito à educação, pouco importando as suas características pessoais ou eventuais deficiências. 
Como consequência desta regra constitucional, as escolas estaduais, municipais e particulares devem se preparar para receber o citado aluno, não somente em relação à eventual acessibilidade, mas também no aspecto pedagógico.
Destarte, ainda que haja resistência das instituições privadas ao oferecimento de atendimento educacional especializado às pessoas com deficiência, pode-se afirmar que estas exercem atividade estatal de forma delegada, não podendo sobrepor os seus interesses particulares aos princípios constitucionais, dentre os quais, podemos destacar a formação de uma sociedade livre justa e solidária, em igualdade de condições.
Percebe-se, portanto, que por força do dever constitucional constante do artigo 205 da Lei Maior, compete às instituições públicas e privadas providenciar a adaptação necessária ao efetivo desenvolvimento dos alunos portadores de deficiência. Isto porque, apenas com a efetivação da educação inclusiva nas escolas regulares é que os fundamentos e objetivos da República Federativa do Brasil serão atingidos.
Assim, o Conselho Tutelar deve requisitar a inclusão da criança e caso não seja atendido deve comunicar ao Ministério Público. 
 
IMPORTANTE. A autoridade, o agente público ou funcionário que rejeitar a requisição pode ser processado no âmbito criminal por cometer crime de impedir ou embaraçar a ação de membro do Conselho Tutelar no exercício de sua função, o que deve ser provado (artigo 236 do ECA), ou na Justiça da Infância e da Juventude por infração administrativa de descumprir, dolosa ou culposamente, determinação do Conselho Tutelar, tudo com amplo direito de defesa aos acusados (artigo 249 do ECA).
1. Direito à Convivência Familiar e Comunitária.
A Constituição Federal (CF/88), em seu art. 226, reconhece a família como a base da sociedade. Relacionando diversas formas de família: 
a) Formal – decorrente do casamento;
b) Informal – decorrente da união estável;
c) Monoparental – formada por apenas um dos pais e os filhos. 
Já o ECA traz uma classificação trinária de família:
a) natural – de origem biológica; 
b) extensa ou ampliada – vai além da unidade pais e filhos ou unidade do casal, engloba parentes com os quais a criança e/ou adolescente convivem e mantém vínculos de afinidade e afetividade; 
c) substituta – aquela exercida mediante guarda, tutela e adoção.
O rol do art. 226, da CF/88, é exemplificativo, no entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) e da maioria dos doutrinadores, consagrando o princípio da pluralidade das famílias. A CF não esgota o tema. Outras formas de famílias são admitidas no direito brasileiro, a fim de que se acompanhe a evolução da sociedade.
O STF entendeu que o art. 226 traz implícito o princípio do pluralismo familiar. A doutrina moderna defende que as famílias não devem estar arroladas na CF e nem em legislação infraconstitucional, não há como delimitar ou prever todas as formas de família.
A família deve ser compreendida como parte formadora de cada indivíduo que a acompanha, sendo certo que todo ser humano nasce sem direção e merece a oportunidade afetiva de que lhe sejam impostos limites capazes de construir ideais dignos, possíveis de englobar o indivíduo num meio social harmônico e coerente. 
O direito à convivência familiar e comunitária é um direito fundamental de toda criança e adolescente, considerados pessoas em estágio peculiar de desenvolvimento físico, moral e psicológico.
O art. 19, do ECA, com redação dada pela Lei 13.257/2016, diz que: 
É um direito da criança e adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
A Lei 12.010/2009, Lei Nacional de Adoção, trouxe várias mudanças ao ECA, sedimentando a afinidade e a afetividade como elementos consagradores de novas famílias.
Em regra, a criança e o adolescente devem ser mantidos junto à família natural. 
Em casos excepcionais, tais como falta de alimentação, maus tratos ou violência, o afastamento temporário da criança ou adolescente de sua família natural torna-se necessário para garantir sua segurança e integridade física e psicológica. 
Num primeiro momento, o afastamento deve ser temporário, a fim de que a situação seja solucionada, não podendo o juiz determinar a retirada da família natural e imediata colocação para adoção.
Há uma sequência que deve ser respeitada após o afastamento da criança e do adolescente:
1º.  Família extensa ou ampliada: avós, tios, irmãos;
2º.  Terceiros que convivam e que mantenham vínculos de afinidade e afetividade com a criança ou adolescente, tais como vizinhos e padrinhos;
3º.  Acolhimento familiar: medida de proteção em que a criança ou adolescente irá conviver com certas pessoas, por um determinado período, não se confundindo com adoção. Essa medida é utilizada toda vez que a criança ou adolescente esteja em situação de risco, seja por sua própria conduta, dos pais ou do Estado;
4º.  Acolhimento institucional: crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e que são recebidas em entidades. Esta é a última alternativa, não se confundindo com as instituições destinadas ao cumprimento de medida socioeducativa de internação.
Em caso de maus tratos, é possível que o juiz decrete a perda do poder familiar e a criança ou adolescente seja disponibilizado para adoção. Até 2017, era preciso uma manifestação formal de não interesse, em audiência, de todas as pessoas da família extensa, aptas a recebê-las. A partir de uma alteração legal, a omissão dos membros da família extensa, como o seu não comparecimento à audiência, é suficiente para o juiz decretar a perda do poder familiar.
Essa modalidade de proteção é utilizada também pelo Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte - PPCAAM (Instituído pelo Decreto Presidencial 6.231/2007), casos em que a criança e o adolescente possuem necessidade de proteção, porém não possuem uma retaguarda familiar para acompanhá-lo.
	O QUE DIZ A LEI?
No máximo a cada três meses, a criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada. A autoridade judiciária competente, baseada em relatório elaborado por equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidirá de forma fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em família substituta (artigo 19, § 1º, do ECA).
A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não ultrapassará o prazo máximo de dezoito meses, exceto se comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse, desde que fundamentada por autoridade judiciária (artigo 19, § 2º, do ECA).
1. Direito à Convivência Familiar e Comunitária.
1.1. Direito Fundamental da criança e do adolescente
A convivência familiar e comunitária é um direito fundamental da criança e do adolescente garantido pela CF/88 e pelo ECA. Esse direito é tão importante quanto o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito e à liberdade.
A CF/88 diz que a “família é a base da sociedade” (art. 226) e que compete a ela, ao Estado, à sociedade em geral e às comunidades “assegurar à criança e ao adolescente o exercício de seus direitos fundamentais” (art. 227).
O art. 226, § 8º, da CF/88, também determina que o Estado deve dar assistência aos membros da família
e impedir a violência dentro dela. O art. 229 diz que “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.
Com exceção de situações de emergência, a decisão de afastar a criança ou o adolescente da sua família de origem deve ser baseada em recomendação técnica, a partir de um diagnóstico elaborado por equipe qualificada de psicólogo, assistente social e em articulação com a Justiça da Infância e da Juventude e o Ministério Público.
O diagnóstico deve incluir uma avaliação dos riscos que a criança ou adolescente corre, levar em conta sua segurança, seu bem-estar, cuidado e desenvolvimento a longo prazo e as condições da família para superar as violações e dar-lhe proteção.
A análise deve incluir todas as pessoas envolvidas, inclusive a criança ou adolescente, pois a decisão pelo afastamento do convívio familiar é extremamente séria e terá profundas implicações, tanto para a criança ou adolescente, quanto para a família. Portanto, deve ser aplicada apenas quando representar o melhor interesse da criança ou do adolescente e o menor prejuízo ao seu processo de desenvolvimento.
Antes de se encaminhar a criança ou adolescente para um abrigo, é preciso verificar se entre os parentes ou na comunidade há pessoas que lhe tenham afeto e queiram se responsabilizar pelos seus cuidados e proteção. Nos casos de violência física, abuso sexual ou outras formas de violência intrafamiliar, a medida prevista no art. 130, do ECA (afastamento do agressor da moradia comum) deve sempre ser considerada antes de se recorrer ao encaminhamento para serviço de acolhimento.
Tem-se ainda o Plano Nacional de Proteção, Promoção e Defesa do Direito da Criança e do Adolescente à Convivência Familiar e Comunitária - PNCFC (2006) que visa fortalecer, detalhar e aprofundar os conceitos básicos definidos pelo ECA. Prioriza a família como núcleo do desenvolvimento e reafirma apoio e proteção para que possa cuidar de seus filhos e protegê-los.
Três áreas temáticas compõem o Direito à Convivência Familiar e Comunitária:
1º.  A primeira diz respeito à importância de preservar os vínculos familiares e comunitários e do papel das políticas públicas de apoio sociofamiliar;
2º.  A segunda aborda a necessidade de intervenção institucional nas situações de rompimento ou ameaça de rompimento dos vínculos familiares, do reordenamento dos Programas de Acolhimento Institucional e da implementação dos Programas de Famílias Acolhedoras (observado o caráter de excepcionalidade destas medidas);
3º.  Por último, a adoção.
2. Crianças e Adolescentes em Situação de Acolhimento.
O relatório do Unicef Pobreza na infância e na adolescência, divulgado em agosto de 2018, revela que, no Brasil, a pobreza na infância e na adolescência é complexa e tem múltiplas dimensões, que vão além do dinheiro e da legislação.
Afirma o coordenador da Comissão da Infância e do Juventude do Condepe (Conselho Estadual de Direitos Humanos de São Paulo), Ariel de Castro Alves: "O Brasil tem uma das legislações mais avançadas do mundo para proteger crianças e adolescentes, mas também é um dos países onde crianças e adolescentes estão mais desprotegidos".
Conforme dados do Cadastro Nacional de Crianças Acolhidas (CNCA), coordenado pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Brasil têm mais de  47 mil crianças e adolescentes em situação de acolhimento, que vivem atualmente nas quase 4 mil entidades credenciadas junto ao Judiciário de todo o País, 
As famílias acolhedoras se responsabilizam por cuidar da criança ou adolescente até que este retorne à família de origem ou seja encaminhado para adoção. Assim, não se comprometem a assumir a criança ou adolescente como um filho, mas a acolher e prestar cuidados durante o período de acolhimento. A família se torna, dessa forma, parceira do serviço de acolhimento na preparação da criança ou adolescente para o retorno à convivência familiar ou para a adoção, se for o caso.
De acordo com o censo do Sistema Único de Assistência Social (Suas), de 2016, o serviço de acolhimento está presente em 522 municípios brasileiros e, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), há 2.341 famílias cadastradas para acolher 1.837 mil crianças e adolescentes. 
Quase sempre o acolhimento ocorre quando o Conselho Tutelar entende necessário o afastamento do seu convívio familiar e comunica o fato ao Ministério Público, prestando esclarecimento sobre os motivos de tal entendimento e sobre as providências já tomadas no sentido da orientação, apoio e promoção social da família.
3. Os Desafios dos Espaços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes no Brasil.
Diante de relações fragilizadas tanto na família como na escola – o que comporta fator de risco na vida dos sujeitos em desenvolvimento – surge o grande desafio das instituições no resgate à proteção da criança e do adolescente em situação de vulnerabilidade. 
Os profissionais que compõem a rede socioassistencial de crianças e adolescentes precisam estar atentos às questões que aumentam a vulnerabilidade desse público e ferem as construções familiares e o ambiente escolar, assim como aos preconceitos e estigmas que geram, pois são estes espaços de socialização que compõem as primeiras relações das crianças e dos adolescentes e, quando bem trabalhadas, são importantes redes de apoio ao seu desenvolvimento saudável.
Sabe-se que a criança e o adolescente que estão sob a medida protetiva de abrigo (Art. 101, ECA), aguardando retorno à família de origem ou encaminhamento para família substituta, precisam ter nesses contextos (em um caso ou em outro) figuras de autoridade, de proteção e cuidado para seu desenvolvimento saudável. 
As famílias devem ser auxiliadas na construção de novas possibilidades de convivência, apesar da separação vivida. Os serviços socioassistenciais devem propiciar novas formas de interação da criança e do adolescente com a família e a escola, buscando uma vinculação de melhor qualidade. 
As condições adversas vividas por essas crianças e adolescentes, e suas famílias, exercem forte influência também sobre as crenças dos profissionais acerca de suas histórias de vida e do modo como devem se relacionar com elas. 
Nesse sentido, os próprios profissionais precisam estar preparados para receberem a criança ou adolescente sem discriminação e preconceito; precisam estar atentos às suas crenças que, por vezes, os impedem de olhar para as pessoas que compõem essas redes com legitimidade. 
Quando o serviço de atendimento não é de qualidade ou prolonga-se desnecessariamente, o afastamento do convívio familiar pode ter consequências negativas sobre o processo de desenvolvimento dos sujeitos. Por isso, a articulação e bom funcionamento intra e intersetorial da rede institucional é fundamental na efetividade do seu trabalho que, apesar de transitório, deve ser reparador. 
Com relação à escola, deve-se favorecer a sua articulação com a família e sensibilizar os educadores para que atuem como agentes facilitadores da integração da criança e do adolescente em situação de abrigo no contexto escolar, resgatando a autoridade perdida, incentivando o protagonismo juvenil, fortalecendo os vínculos sociais e evitando possíveis situações de preconceito e discriminação. 
Tanto para os profissionais que atuam diretamente com esta problemática como para todos aqueles que lutam pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, o enfoque das ações deve ser no sentido da “prática de redes sociais”. 
Para isso, é preciso primeiramente compreender o que são “redes sociais”, destacar sua importância na vida das pessoas, para em seguida apresentar uma forma de se pensar o atendimento à criança e ao adolescente em situação de abandono ou afastamento do convívio familiar a partir da sua “prática”. 
4. Guarda Subsidiada, Família Acolhedora e Apadrinhamento Afetivo.
A modalidade de famílias acolhedoras, também conhecida como guarda subsidiada, permite que famílias recebam, em suas casas,
crianças e adolescentes que foram afastados do convívio de sua família biológica. 
As famílias acolhedoras não se comprometem a assumir a criança ou adolescente como um filho, mas a acolher e prestar cuidados durante o período de acolhimento. A família se torna, dessa forma, parceira do serviço de acolhimento na preparação da criança para o retorno à convivência familiar ou para a adoção, se for o caso.
A criança ou o adolescente é encaminhado a um serviço de acolhimento quando se encontra em situação de risco, teve seus direitos violados e foram esgotadas as possibilidades que permitiriam colocá-lo em segurança. 
O apadrinhamento de crianças e adolescentes em situação de acolhimento ou em famílias acolhedoras pode ser afetivo ou financeiro, sendo este último caracterizado por uma contribuição financeira à criança ou adolescente institucionalizada, de acordo com suas necessidades. 
Já o apadrinhamento afetivo tem o objetivo de promover vínculos seguros e duradouros entre eles e pessoas da comunidade que se dispõem a ser padrinhos e madrinhas. As crianças e adolescentes aptos a serem apadrinhados têm, quase sempre, mais de dez anos e, portanto, chances remotas de adoção.
A ideia é possibilitar um vínculo afetivo fora da instituição de acolhimento. O apadrinhamento consiste em proporcionar e estimular que a criança ou adolescente que estejam em abrigos (acolhimento institucional) ou em acolhimento familiar possam formar vínculos afetivos com pessoas de fora da instituição ou da família acolhedora onde vivem e que se dispõem a ser “padrinhos”.
	O QUE DIZ A LEI?
O artigo 19-B, caput e § 1º, inseridos pela Lei n. 13.509/2017 do ECA diz:
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhimento institucional ou familiar poderão participar de programa de apadrinhamento.
§ 1º. O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcionar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro.
O programa é voltado para as crianças e adolescentes que vão ficando anos no abrigo ou na família acolhedora, justamente por isso, o legislador previu no novo § 4º do art. 19-B do ECA:
Art. 19-B [...]
§ 4º O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento, com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibilidade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva.
	COMO FUNCIONA O APADRINHAMENTO?
O padrinho ou madrinha detém a guarda da criança ou adolescente?
NÃO. O apadrinhamento é diferente de adoção. Assim, o padrinho ou a madrinha será uma referência afetiva na vida da criança, mas não possui a sua guarda. A guarda continua sendo da instituição de acolhimento ou da família acolhedora. 
Pessoas Jurídicas podem apadrinhar crianças ou adolescentes?
SIM. Pessoas jurídicas também podem apadrinhar criança ou adolescente a fim de colaborar para o seu desenvolvimento (art. 19-B, § 3º). 
Em caso de violação das regras, o que deve ser feito?
Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os responsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão imediatamente notificar a autoridade judiciária competente.
1. O Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE.
O SINASE é instrumento normativo que estabelece as diretrizes para a execução das medidas socioeducativas no Brasil. A elaboração desse instrumento procurou além de definir parâmetros consonantes com o ECA, também unificar os formatos de execução de medidas socioeducativas no Brasil.
Criado pela Lei 12.594/12 após uma série de debates realizados desde 2004, estabelece um conjunto ordenado de princípios, regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeducativas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas estaduais, distrital e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas específicos de atendimento a adolescente em conflito com a lei. As medidas socioeducativas serão aplicadas em caso de prática de ato infracional (crime ou contravenção), por adolescente.
O Art. 35 da Lei 12.594/12 estabelece os princípios que regem a execução de medidas socioeducativas.
2. O Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo.
A partir da necessidade de monitoramento da aplicação do SINASE, foi instituído o PLANO NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO. A ideia é envolver diversos atores e dar unidade a aplicação do sistema no Brasil.
O Plano é organizado em quatro eixos:
·      Princípios e diretrizes
·      Marco situacional geral
·      Modelo de gestão
·      Metas, prazos e responsáveis
	PRINCÍPIOS DO PLANO NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO:
 
1. Os adolescentes são sujeitos de direitos, entre os quais a presunção da inocência.
2. Ao adolescente que cumpre medida socioeducativa deve ser dada proteção integral de seus direitos.
3. Em consonância com os marcos legais para o setor, o atendimento socioeducativo deve ser territorializado, regionalizado, com participação social e gestão democrática, intersetorialidade e responsabilização, por meio da integração operacional dos órgãos que compõem esse sistema.
	DIRETRIZES DO PLANO NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO:
 
a) Garantia da qualidade do atendimento socioeducativo de acordo com os parâmetros do SINASE.
b) Focar a socioeducação por meio da construção de novos projetos pactuados com os adolescentes e famílias, consubstanciados em Planos Individuais de Atendimento.
c) Incentivar o protagonismo, participação e autonomia de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e de suas famílias.
d) Primazia das medidas socioeducativas em meio aberto.
e) Humanizar as Unidades de Internação, garantindo a incolumidade, integridade física e mental e segurança do/a adolescente e dos profissionais que trabalham no interior das unidades socioeducativas.
f) Criar mecanismos que previnam e medeiem situações de conflitos e estabelecer práticas restaurativas.
g) Garantir o acesso do adolescente à Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública) e o direito de ser ouvido sempre que requerer.
h) Garantir as visitas familiares e íntimas, com ênfase na convivência com os parceiros/as, filhos/as e genitores, além da participação da família na condução da política socioeducativa.
i) Garantir o direito à sexualidade e saúde reprodutiva, respeitando a identidade de gênero e a orientação sexual.
j) Garantir a oferta e acesso à educação de qualidade, à profissionalização, às atividades esportivas, de lazer e de cultura no centro de internação e na articulação da rede, em meio aberto e semiliberdade.
k) Garantir o direito à educação para os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas e egressos, considerando sua condição singular como estudantes e reconhecendo a escolarização como elemento estruturante do sistema socioeducativo.
l) Garantir o acesso à programas de saúde integral .
m) Garantir ao adolescente o direito de reavaliação e progressão da medida socioeducativa.
n) Garantia da unidade na gestão do SINASE, por meio da gestão compartilhada entre as três esferas de governo, através do mecanismo de co-financiamento.
o) Integração operacional dos órgãos que compõem o sistema (art. 8º, da LF
nº 12.594/2012).
p) Valorizar os profissionais da socioeducação e promover formação continuada.
q) Garantir a autonomia dos Conselhos dos Direitos nas deliberações, controle social e fiscalização do Plano e do SINASE.
r) Ter regras claras de convivência institucional definidas em regimentos internos apropriados por toda a comunidade socioeducativa.
o) Garantir ao adolescente de reavaliação e progressão da medida socioeducativa.
O SINASE é fruto de uma construção coletiva que envolveu várias organizações governamentais e não governamentais, distintas áreas do governo, representantes de entidades e especialistas no tema, além de uma série de debates protagonizados por operadores do Sistema de Garantia dos Direitos em encontros regionais
que cobriram todo o País.
A necessidade de intensa articulação dos distintos níveis de governo e da corresponsabilidade da família, da sociedade e do Estado demandam a construção de um amplo pacto social em torno deste instituto denominado SINASE.
Tendo como premissa básica a necessidade de se construir parâmetros mais objetivos e procedimentos mais justos que evitem ou limitem a discricionariedade, o SINASE reafirma a diretriz do ECA sobre a natureza pedagógica da medida socioeducativa. Para tanto, este sistema tem como plataforma inspiradora os acordos internacionais sobre direitos humanos dos quais o Brasil é signatário, em especial na área dos direitos da criança e do adolescente.
2. O Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo.
A partir da necessidade de monitoramento da aplicação do SINASE, foi instituído o PLANO NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO. A ideia é envolver diversos atores e dar unidade a aplicação do sistema no Brasil.
O Plano é organizado em quatro eixos:
·      Princípios e diretrizes
·      Marco situacional geral
·      Modelo de gestão
·      Metas, prazos e responsáveis
PRINCÍPIOS DO PLANO NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO:
 
1. Os adolescentes são sujeitos de direitos, entre os quais a presunção da inocência.
2. Ao adolescente que cumpre medida socioeducativa deve ser dada proteção integral de seus direitos.
3. Em consonância com os marcos legais para o setor, o atendimento socioeducativo deve ser territorializado, regionalizado, com participação social e gestão democrática, intersetorialidade e responsabilização, por meio da integração operacional dos órgãos que compõem esse sistema.
DIRETRIZES DO PLANO NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO:
 
a) Garantia da qualidade do atendimento socioeducativo de acordo com os parâmetros do SINASE.
b) Focar a socioeducação por meio da construção de novos projetos pactuados com os adolescentes e famílias, consubstanciados em Planos Individuais de Atendimento.
c) Incentivar o protagonismo, participação e autonomia de adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e de suas famílias.
d) Primazia das medidas socioeducativas em meio aberto.
e) Humanizar as Unidades de Internação, garantindo a incolumidade, integridade física e mental e segurança do/a adolescente e dos profissionais que trabalham no interior das unidades socioeducativas.
f) Criar mecanismos que previnam e medeiem situações de conflitos e estabelecer práticas restaurativas.
g) Garantir o acesso do adolescente à Justiça (Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública) e o direito de ser ouvido sempre que requerer.
h) Garantir as visitas familiares e íntimas, com ênfase na convivência com os parceiros/as, filhos/as e genitores, além da participação da família na condução da política socioeducativa.
i) Garantir o direito à sexualidade e saúde reprodutiva, respeitando a identidade de gênero e a orientação sexual.
j) Garantir a oferta e acesso à educação de qualidade, à profissionalização, às atividades esportivas, de lazer e de cultura no centro de internação e na articulação da rede, em meio aberto e semiliberdade.
k) Garantir o direito à educação para os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas e egressos, considerando sua condição singular como estudantes e reconhecendo a escolarização como elemento estruturante do sistema socioeducativo.
l) Garantir o acesso à programas de saúde integral .
m) Garantir ao adolescente o direito de reavaliação e progressão da medida socioeducativa.
n) Garantia da unidade na gestão do SINASE, por meio da gestão compartilhada entre as três esferas de governo, através do mecanismo de co-financiamento.
o) Integração operacional dos órgãos que compõem o sistema (art. 8º, da LF
nº 12.594/2012).
p) Valorizar os profissionais da socioeducação e promover formação continuada.
q) Garantir a autonomia dos Conselhos dos Direitos nas deliberações, controle social e fiscalização do Plano e do SINASE.
r) Ter regras claras de convivência institucional definidas em regimentos internos apropriados por toda a comunidade socioeducativa.
o) Garantir ao adolescente de reavaliação e progressão da medida socioeducativa.
O SINASE é fruto de uma construção coletiva que envolveu várias organizações governamentais e não governamentais, distintas áreas do governo, representantes de entidades e especialistas no tema, além de uma série de debates protagonizados por operadores do Sistema de Garantia dos Direitos em encontros regionais que cobriram todo o País.
A necessidade de intensa articulação dos distintos níveis de governo e da corresponsabilidade da família, da sociedade e do Estado demandam a construção de um amplo pacto social em torno deste instituto denominado SINASE.
Tendo como premissa básica a necessidade de se construir parâmetros mais objetivos e procedimentos mais justos que evitem ou limitem a discricionariedade, o SINASE reafirma a diretriz do ECA sobre a natureza pedagógica da medida socioeducativa. Para tanto, este sistema tem como plataforma inspiradora os acordos internacionais sobre direitos humanos dos quais o Brasil é signatário, em especial na área dos direitos da criança e do adolescente.
3. O SINASE e a Complementaridade de Outros Sistemas.
O sucesso de um sistema de atendimento especializado dependerá certamente do grau de articulação com outros sistemas de políticas públicas. No caso do SINASE esse desenho de atuação previu atuação conjunta com os sistemas e políticas de educação, saúde, trabalho, previdência social, assistência social, cultura, esporte, lazer, segurança pública, entre outros.
Chama-se a atenção para as interfaces abaixo descritas:
·      SINASE e SUAS - A política de proteção básica ou a política de proteção especial têm que ser acionadas em relação ao envolvimento de adolescentes com a prática de atos infracionais e suas famílias. 
·      SINASE e SISTEMA DE SEGURANÇA e de JUSTIÇA - O atendimento inicial ao adolescente em conflito com a lei deve ser integrado e realizado entre o Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e Segurança Pública.
·      SINASE e SUS - A atenção básica deve ser prestada nos próprios espaços de atendimento socioeducativo, em especial nas unidades de internação, além da garantia da referência aos serviços de média e alta complexidade.
·      SINASE e Educação - É garantida a inserção e permanência na escola dos adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas.
4. Metodologias de Prevenção, Mediação e Resolução de Conflitos.
Devem ser usadas as práticas restaurativas como formas de gerenciamento de conflitos, através das quais um facilitador auxilia as partes direta e indiretamente envolvidas no conflito, a realizar um processo dialógico visando transformar uma relação de resistência e de oposição em relação de cooperação.
Diversas são as práticas restaurativas que podem ser utilizadas no contexto escolar, entre outras, o diálogo e o perguntar restaurativo, a mediação escolar, a mediação de pares, os encontros restaurativos, os círculos de paz e de diálogo e os círculos restaurativos. 
. Risco e Gerenciamento de Crises no Sistema Socioeducativo.
Como funciona? A rede de gerenciamento de crise é composta por um conjunto de instituições, profissionais e pessoas indispensáveis ou extremamente importantes para a gestão de crise de segurança instalada em unidade de privação de liberdade. 
A rede possui duas dimensões: a dimensão intra-unidade e a extra-unidade.
A dimensão intra-unidade é composta pelos diferentes setores da unidade de privação de liberdade – direção, setor de segurança, técnico, administrativo, logístico, pedagógico e outros. É a equipe responsável pelo controle da crise em seus primeiros minutos, bem como da convocação dos demais elementos da rede.
A dimensão extra-unidade é composta pela diretoria da SECJ (Secretária/o, Coordenação de Socioeducação e Diretoria Geral), Poder Judiciário, Ministério Público, Conselho Tutelar, Policia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Serviços de Saúde de Emergência Móveis. 
Essas organizações
participarão da resolução do evento crítico a partir de sua notificação pela direção da unidade ou, preferencialmente, pelo responsável de informações. As atribuições de cada organismo abaixo elencadas são as principais medidas e procedimentos que cada uma deverá realizar em seu papel na rede de gerenciamento. Todavia, a ausência de uma atribuição prevista em lei nessa relação não prejudicará sua realização no gerenciamento da crise. 
O QUE DIZ A LEI?
As medidas socioeducativas estão previstas no art. 112 da Lei no 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
A Resolução 119/2006 do CONANDA dispõe sobre o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo e á outras providências.
A Lei 12.594/2012, em ser art. 35, determina que a execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes princípios: 
I - legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento mais gravoso do que o conferido ao adulto; 
II - excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos; 
III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas; 
IV - proporcionalidade em relação à ofensa cometida; 
V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em especial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente); 
VI - individualização, considerando-se a idade, capacidades e circunstâncias pessoais do adolescente; 
VII - mínima intervenção, restrita ao necessário para a realização dos objetivos da medida; 
VIII - não discriminação do adolescente, notadamente em razão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação religiosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qualquer minoria ou status; e 
IX - fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no processo socioeducativo. 
Portaria MS/SEDH/SPM 1.426/2004 (Saúde no SINASE)

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