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Educacao Pre-escolar e Educacao Primaria na Formacao da Personalidade da Crianca

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 (
Eugídio
 Bernardo
A 
Educação
 Pré-escolar e a 
Educação
 Primária na 
Formação
 da Personalidade da 
Criança
Instituto Superior de 
Ciências
 e 
Gestão
 (INSCIG)
Nacala, Fevereiro de 2021
)
Eugídio Bernardo
A Educação Pré-escolar e a Educação Primária na Formação da Personalidade da Criança
 (
Trabalho Individual de caráter avaliativo, a ser submetido 
no INSCIG,
 em cumprimento parcial dos requisitos exigidos para a aquisição do grau de 
Licenciatura
 em 
Administração
 e 
Gestão
 Escolar (AGE).
Docente: 
dr.
 Elias 
Damião
 
)
Instituto Superior de Ciencias e Gestao (INSCIG)
Nacala, Fevereiro de 2021
 (
iii
)Índice	
Introdução	4
1. Educação pré-escolar	5
1.1. As características próprias da educação pré-escolar	6
1.2. Perspetival histórica da educação pré-escolar	7
1.3. Os objetivos pedagógicos gerais da educação pré-escolar	7
1.4. Fatores a ter em conta ao levar uma criança a pré-escola	9
1.5. Benefícios e vantagens da educação pré-escolar	9
2. A Educação Primária	11
2.1. Características da educação primária	12
2.2. Objetivos da educação primária	13
3. A formação da personalidade da criança	14
Conclusão	17
Bibliografia	18
Introdução
O processo de educação tem em vista a preparação do homem para sua melhor inserção na sociedade. Esta preparação é guiada no sentido de alcançar determinados objetivos que variam com o tempo, de acordo com as exigências da sociedade, tendo em conta que os objetivos da educação são dinâmicos.
Neste sentido este trabalho, intitulado A Educação Pré-escolar e a Educação Primária na Formação de Personalidade da Criança, visa abordar sobre as influências tanto da educação pré-escolar como da educação primária na formação de personalidade da criança em todas as suas fases de desenvolvimento. Em termos mais concretos, tal abordagem é feita partindo do pressuposto de que a pré-escola e a escola constituem um dos fatores preponderantes para a a aquisição de conhecimentos, habilidades, valores, atitudes e comportamentos que conduzem ao individuo a integrar-se de modo melhor na sociedade.
 Como forma de pontapear as discussões arroladas neste trabalho, far-se-á uma breve definição dos termos-chave antes do seu desenvolvimento, de modo a facilitar o pleno entendimento dos conteúdos em alusão. Entrementes, tais explanações são expostas de tal sorte que são adaptáveis ao contexto da educação moçambicana e como exemplos do nosso quotidiano.
Nestes moldes, nota-se que este tema é de suma importância dado que permite que os formandos tenham uma nocao global sobre o funcionamento do Processo de Ensino e Aprendizagem (PEA), nas suas diversas especificidades. Portanto, quanto a estrutura, o trabalho encontra-se organizado em Introdução, Desenvolvimento e Conclusão, sem no entanto descorar da apresentação das fontes bibliográficas.
1. Educação pré-escolar
O nascimento de cada criança representa um grande desafio para todos aqueles que se responsabilizam pelo seu cuidado e pela sua educação. Simultaneamente, representa a renovação das esperanças de homens e mulheres, pois nasce com ela uma nova oportunidade de alcançar a plena humanização do sujeito, com a consolidação de capacidades práticas, intelectuais e artísticas e de afetos constituídas na sua integração à vida social, as quais se expressam na sua forma singular de ser, de sentir e de agir. Como a escola da infância pode contribuir no processo de desenvolvimento da personalidade de cada criança? Qual a função da Educação Infantil na formação integral dos pequenos e pequenas, propalada pelos textos acadêmicos e legais, mas nem sempre concretizada nas práticas educativas em creches e pré-escolas. Antes de tudo, porém, é essencial conceituarmos os termos educação e pré-escolar.
Segundo Richards & Schmidt (2010, p.189), educação, num sentido global, é um processo formal ou informal de ensino e aprendizagem usado para desenvolver conhecimentos, habilidades, atitudes e entendimentos pessoais, num determinado domínio ou área. Para este autor, há que fazer uma distinção entre os objetivos gerais da educação e os da instrução, que refere ao processo usado para ensinar habilidades práticas específicas. 
Para Campos & Rosemberg (1995, p. 48), o termo pré-escolar é um adjetivo que é usado para denominar a etapa do processo educativo que antecede a escola primária. Isto significa que, antes de se iniciar a educação primária, as crianças passam por um período qualificado como pré-escolar. Estes autores salientam que não se deve confundir “pré-escolar”, que é uma etapa do processo educativo, com “pré-escola”, que é o lugar onde esse processo educativo é desenvolvido.
O Número 1 do Artigo 10 da Lei 18 de 2018 define a Educação Pré-escolar como a educação “que se realiza em creches e jardins de-infância para crianças com idade inferior a 6 anos, como complemento da ação educativa da família com a qual as instituições cooperam estreitamente”.
Portanto, pode se dizer que a educação pré-escolar é considerada a primeira etapa da educação elementar e visa contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o sucesso educativo, através da realização de atividades educativas pensadas para o desenvolvimento intelectual e aprendizagem da criança, com recurso a linguagens múltiplas que promovem os conhecimentos e capacidades, mas também a sua sensibilidade emocional, moral e estética e a adequação aos seus interesses e necessidades, bem como das respetivas famílias.
1.1. As características próprias da educação pré-escolar
A educação pré-escolar funciona como um contexto educativo facilitador do desenvolvimento de competências fundamentais para uma integração plena e de sucesso das crianças no 1º ciclo do ensino primário. É ainda um espaço único de novas vivências e diferentes experiências! No jardim-de-infância a criança cresce e aprende sem pressões curriculares.
É por isso que a educação pré-escolar tem uma terminologia muito própria:
· Em vez de ensino usa-se a palavra educação!
· Não há professores, mas sim educadores!
· Os facilitadores das aprendizagens não dão aulas, antes organizam atividades!
Assim, o ambiente educativo é verdadeiramente motivador e facilitador de experiências que permitem aprendizagens diversificadas de comunicação, de criatividade, de interação, de resolução de problemas, de questionamento, entre outras. A verdade é que todas as experiências educativas promovidas por uma excelente educação pré-escolar contribuem para o desenvolvimento pleno da criança, tendo efeitos positivos na prevenção do abandono escolar e da exclusão social.
As características da educação pré-escolar dependem de cada sistema educativo. Em geral, trata-se de uma etapa que não é obrigatória: os pais dos meninos, por conseguinte, podem decidir se mandam os seus filhos para esses estabelecimentos de ensino ou não. Em alguns países, de qualquer forma, o nível pré-escolar faz parte da educação.
Existem diversas formas de evocar os estabelecimentos que oferecem serviços educativos de nível pré-escolar. Pode tratar-se de um jardim-de-infância, de uma escolinha, de um infantário ou de outro tipo de centro. O habitual é receberem crianças de entre alguns meses de vida até aos seis anos, idade a partir da qual o pequeno deve dar entrada na escola primária.
1.2. Perspetival histórica da educação pré-escolar
O modo de lidar com as crianças na Idade Média era baseado em alguns costumes herdados da Antiguidade. O papel das crianças era definido pelo pai. Os direitos do pai no mundo grego que o pai, além de incluir total controlo sobre o filho, incluía também de tirar-lhe a vida, caso o rejeitasse. No mundo germânico, além do poder do pai exercido no seio da família, existia o poder patriarcal, exercido pela dominação política e social. Nas sociedades antigas, o status da criança era nulo. Sua existência no meio social dependia totalmente da vontade do pai, podendo, no caso das deficientes e das meninas, ser mandadas para prostíbulos em lugar de serem mortas, em outros casos, (as pobres) eram abandonadas ou vendidas. 
Com a ascensãodo cristianismo, o modo de lidar com as crianças mudou, apesar da mudança ter sido um processo lento. Maria Montessori foi uma das precursoras do tema. 
1.3. Os objetivos pedagógicos gerais da educação pré-escolar
Segundo Barreto (2008, p. 68), constituem os objetivos pedagógicos globais da educacao pré-escolar os seguintes:
· Promover o desenvolvimento pessoal da criança com base em experiência de vida democrática numa perspetiva de educação para a cidadania;
· Fomentar a inserção da criança em grupos sociais diversos, no respeito pela pluralidade das culturas, favorecendo uma progressiva consciência como membro da sociedade;
· Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o sucesso da aprendizagem;
· Estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas suas características individuais, incutindo comportamentos que favoreçam aprendizagens significativas e diferenciadas;
· Desenvolver a expressão e a comunicação através de linguagens múltiplas como meios de relação, de informação, de sensibilização estética e de compreensão do mundo;
· Despertar a curiosidade e o pensamento crítico;
· Proporcionar à criança ocasiões de bem-estar e de segurança, nomeadamente, no âmbito da saúde individual e coletiva;
· Proceder à despistagem de inadaptações, deficiências ou precocidades e promover a melhor orientação e encaminhamento da criança;
· Incentivar a participação das famílias no processo educativo e estabelecer relações de efetiva colaboração com a comunidade.
Ademais, para o caso concreto de Moçambique, o Número 2 do Artigo 10 da Lei 18 de 2018 diz que São objetivos de educação Pré-Escolar:
a) Estimular o desenvolvimento psíquico, físico e intelectual da criança;
b) Contribuir para a formação da personalidade da criança;
c) Integrar a criança num processo harmonioso de socialização favorável para o pleno desabrochar das suas aptidões e capacidades; 
d) Preparar a prontidão escolar da criança.
1.4. Fatores a ter em conta ao levar uma criança a pré-escola
Antes de tomar qualquer decisão entre contratar uma ama para cuidar da criança e levá-la a uma pré-escola, é necessário tomar em conta os seguintes aspetos.
· Compreender que o cérebro de uma criança, nos primeiros anos de vida, evolui a uma velocidade incrível. 
· Relembrar que cada criança tem um ritmo de aprendizagem diferente;
· Relembrar que o ritmo de aprendizagem de uma criança ocorre de acordo com as suas capacidades individuais;
Uma educação pré-escolar de qualidade tem estes aspetos em consideração. Só assim, contribui para o bom desenvolvimento pessoal e social das crianças entre os 3 e os 5 anos. 
Posto isto, torna-se fundamental averiguar quais as vantagens da educação pré-escolar num ambiente educativo fora do contexto familiar.
1.5. Benefícios e vantagens da educação pré-escolar
Conforme foi afirmado a prior, a educação pré-escolar deve ser considerada como a primeira etapa do processo educativo das crianças, complementar ao familiar, favorecendo um desenvolvimento pessoal equilibrado e uma inserção salutar na sociedade. Os estudos académicos confirmavam que a frequência na educação pré-escolar promove uma inserção positiva no 1º ciclo do ensino primário, ao contribuírem para oportunidades de sucesso escolar, especialmente, nas aprendizagens de leitura, escrita e contagem. Isto decorre do facto de, na educação pré-escolar serem fomentadas atividades como contar histórias, folhear livros, revistas ou jornais, realizar jogos de letras e palavras, jogos com figuras geométricas e números, entre outros de estímulo cognitivo, fundamentais para incutir futuros hábitos de leitura e de cálculo mental.
Atualmente, estudos recentes apontam essas e outras vantagens, considerados primordiais na socialização das crianças e no desenvolvimento das suas habilidades e competências, como:
· A capacidade de aprender a aprender ‒ as competências sociais de cooperação, através da realização de atividades de grupo ou em pares. Permitem uma verdadeira partilha de ideias e o desenvolvimento de tarefas comuns, colaborando entre si para o mesmo fim.
· A autoestima ‒ através da criação de situações que possibilitem o reforço da concentração numa tarefa e o contacto e a exploração sensorial, nas quais as crianças possam pesquisar o que as rodeia e descobrir por si próprias materiais e objetos, desenvolvendo o autocontrolo e a autoconfiança.
· A capacidade de resiliência ‒ através da realização de atividades que permitam dinâmicas criativas face às contrariedades. Assim é possível promover a imaginação e o sentido crítico da criança, reforçando o otimismo face às adversidades e aceitação positiva de novos desafios. 
Portanto, torna-se vital que os pais, aquando a idade pré-escolar do seu filho, sejam capazes de fazer uma escolha educacional fundamentada. É importante que a criança usufrua de atividades educativas essenciais ao seu bom desenvolvimento cognitivo e comportamental.
Além disso, importa também apontar para os benefícios na frequência de uma educação pré-escolar num estabelecimento apropriado para o efeito:
· Promove o desenvolvimento social da criança;
· Fomenta a inserção da criança em grupos de outras crianças social e culturalmente heterogéneos;
· Promove o respeito pelas características individuais;
· Promove o desenvolvimento das relações interpessoais com outras crianças e adultos;
· Possibilita o despiste de inadaptações, deficiências e precocidades;
· Possibilita o desenvolvimento de competências comunicativas;
2. A Educação Primária 
Segundo a Lei 18 de 2018, a Educação Primária ou o Ensino Primário é o nível inicial de escolarização da criança na aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes fundamentais para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade.
A Educação Primária ou o Ensino Primária constitui o primeiro estágio da educação escolar de diversos países, sendo normalmente realizado por crianças com idade a partir dos seis anos. Conforme o sistema educativo, a sua duração pode variar, sendo normalmente, precedido pela educação pré-escolar e seguido pelo ensino secundário. 
A designação oficial da educação primária também pode variar de país para país, sendo frequentes denominações alternativas como "ensino fundamental", "ensino elementar" ou "ensino de base". No caso do nosso país (Moçambique), a educação primária é também denominada como Educação Básico que, segundo o plasmado no Número 2 do Artigo 6 da Lei 18 de 2018, compreende o ensino primário e o primeiro ciclo do ensino secundário, o primeiro recebendo alunos a partir dos 6 (seis) anos de idade.
Na grande maioria dos países, o ensino primário é obrigatório para as crianças dentro certos limites de idade. Além de ser realizado em escolas primárias, em certos países o ensino primário pode alternativamente ser ministrado em casa pelos próprios pais do aluno, os quais recebem autorização para isso dentro de certas condições. 
Nesse contexto, a transição do ensino primário para o ensino secundário pode variar de acordo com o sistema educativo, mas geralmente ocorre por volta dos 11 ou 12 anos de idade.
2.1. Características da educação primária
Tipicamente, o ensino primário é realizado em classes sequenciais, com os alunos a transitarem para a classe seguinte em cada ano, até o completarem totalmente e transitarem para o seguinte estágio educativo. As crianças são normalmente integradas numa turma a cargo de um único professor que será o responsável principal pela sua educação. Este professor pode ser auxiliado por outros professores especializados em certas disciplinas como a música ou a educação física. Normalmente, o mesmo professor continua a ter a seu cargo a mesma turma durante toda a sua permanência no ensino primário, acompanhando-a nas transições de classe. A continuidade com o mesmo professor e a oportunidade que isso permite de construir uma relação de proximidade com o aluno é uma das caraterísticas mais notáveis do ensino primário.
No caso de Moçambique, o Ensino Primário público é gratuito e está dividido em dois graus:o Ensino Primário do 1º grau (EP1, da 1ª à 5ª classe) e o Ensino Primário do 2º grau (EP2, 6ª e 7ª classes). Com a introdução do novo currículo em 2004, este ensino foi estruturado em 3 ciclos de aprendizagem numa perspetiva de oferecer um ensino básico de sete anos para todos: o 1º ciclo (1ª e 2ª classes), o 2º ciclo (3ª à 5ª classe) e o 3º ciclo (6ª e 7ª classes). A idade oficial de ingresso na 1ª classe é de seis anos, completados no ano de ingresso.
As escolas primárias em Moçambique funcionam normalmente em dois turnos de 6 tempos letivos (45 minutos por tempo letivo), um de manhã e outro à tarde. Para acomodar a expansão do sistema, algumas escolas primárias, principalmente nas cidades, funcionam em três turnos de 5 tempos letivos (40 minutos). Algumas escolas lecionam também o EP2 no turno noturno, mas esta situação tende a diminuir. Menos de 2% dos alunos frequentam o ensino primário em escolas privadas ou comunitárias.
Depois de concluir o Ensino Primário, os alunos podem continuar os seus estudos no Ensino Secundário Geral ou no Ensino Técnico-Profissional de nível básico.
2.2. Objetivos da educação primária
Na ótica de Gasperini (1989, p. 34), os principais objetivos do ensino primário são fazer com que os seus alunos obtenham a literacia e a numeracia básicas, bem como conhecimentos elementares de ciências, geografia, história, matemática e outras ciências sociais. A prioridade relativa das várias áreas, bem como os métodos para as ministrar, são assunto de acesos debates políticos e pedagógicos.
Em termos mais específicos, os objetivos da educação primária são os seguintes:
· Que os alunos sejam capazes de compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito;
· Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
· Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente;
· Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;
· Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis como um dos aspetos básicos da qualidade de vida e agindo com responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;
· Utilizar as diferentes linguagens – verbal, matemática, gráfica, plástica e corporal – como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
· Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;
· Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.
Quanto ao caso mais específico e concreto de Moçambique, a educação primária, segundo a Lei 18 de 2018, tem os seguintes objetivos:
a) Proporcionar uma formação inicial nas áreas da comunicação, ciências sociais, ciências naturais, matemática, educação física, estética e cultura;
b) Desenvolver conhecimentos socialmente relevantes, técnicas básicas e aptidões de trabalho manual, atitudes e convicções que proporcionem maior participação social para o ingresso na vida produtiva.
3. A formação da personalidade da criança
Segundo Ramos (1991, p.2) a personalidade é tudo aquilo que distingue um indivíduo de outros indivíduos, ou seja, o conjunto de características psicológicas que determinam a sua individualidade pessoal e social. A formação da personalidade é processo gradual, complexo e único a cada indivíduo, modificado para melhor ou pior, tudo dependendo da presença e ausência de fatores positivos ou negativos para a sua formação e desenvolvimento.
Ramos destaca que:
Cada Personalidade ou Indivíduo ou Tipo Constitucional é ímpar, ou seja, apresenta caracteres somáticos e psicológicos que poderão se semelhantes, porém, nunca iguais ao de outra personalidade no decorrer de toda duração das vidas físicas e psíquica. Cada personalidade, cada indivíduo é um só e nunca uma personalidade ou indivíduo é exatamente igual a uma outra personalidade, mesmo que a engenharia genética possa reproduzir. Isso quer dizer que a personalidade é o resultado das experiências e influências que recebemos durante toda nossa vida. (RAMOS, 1991, p. 3)
A criança assimila inconscientemente não só o que existe ao seu redor, mas através do clima emotivo que a circunda, o caráter e os sentimentos das pessoas que a rodeiam, a forma como se expressam como agem diante de determinadas situações, tudo isso reflete sobre sua personalidade. Significa dizer que a criança imita e age de acordo com o que vê em seu dia a dia e o que percebe ao seu redor. Os comportamentos dos adultos sejam no modo de falar, as maneiras à mesa, seus gestos. A criança em seu pequeno mundo imaginário e real baseia-se na identificação do imitar a sua mãe ou o seu pai e até mesmo a empregada em qualquer situação diária. 
Partindo deste pressuposto, pode-se afirmar que o educador infantil tem em suas mãos a chave e o conhecimento necessário para realizar suas tarefas escolares, entrando no mundo imaginário da criança. Com base nesta afirmação, salienta-se que a formação da personalidade da criança é influenciada na educação infantil. O sistema educacional, ou seja, as escolas devem ser moldadas e mantidas de tal forma que qualquer ser humano tenha a possibilidade de aprender e de receber uma formação, que vise o pleno desenvolvimento de sua personalidade, e não somente o preparo profissional.
Segundo Golias (1993, p. 34), Faz-se necessário, que toda criança independentemente de sua origem ou raça, condição social, política ou econômica, receba o mesmo tipo de educação, que lhe faculte o pleno desenvolvimento de sua personalidade humana, exercendo assim influências conjuntamente trazidas da sua vivência familiar associada a escolar.
Então as principais fontes de aprendizado da criança no decorrer na fase educacional são família e escola, sendo que estes deverão influenciá-la de forma a construir uma formação clara e organizada para a construção da sua personalidade. Nós como educadores temos um papel relevante junto aos alunos. É papel de liderança que deve estar presente todo dia na vida das crianças estimulando assim o seu desenvolvimento.
A criança convencida de sua própria identidade e de que pode decidir livremente o que quer fazer, deverá descobrir agora o tipo de pessoa que poderá vir a ser. Para Ramos (1991), a personalidade que está se formando se expõe a desafios que precisam ser vencidos com saldo positivo para que essa personalidade tenha efetivamente uma produtividade útil para si própria e para a sociedade na qual está vivendo.
A maioria dos estabelecimentos escolares não está preparada para enfrentar esse tipo de problema, por isso os educadores infantis precisam estar conscientes que a escola assume importância na função social e influencia os comportamentos que são traços da personalidade, e que estarão mais fortalecidos no final dos anos pré-escolares. É dentro da escola de educação infantil que se exerce a influência na construção de valores e na formação da personalidade da criança, pois é através dela que a criança aprende a lidar com seus desejos e suas deceções.
É de primordial importância que os problemas sejam analisados e resolvidos ainda na infância, para que mais tarde as crianças não se tornem adultosviolentos com dificuldades de regeneração, visto que sua personalidade já estará construída e será difícil a modificação e a construção de novos valores.
Conclusão
Neste trabalho, ficou claro que compete aos estabelecimentos de educação pré-escolar tomar conta dos meninos e estimular os seus sentidos. Deste modo, conseguem gerar as estruturas mentais necessárias para o desenvolvimento da aprendizagem formal que iniciarão nos anos seguintes.
Na pré-escola as crianças participam de atividades que ajudam a estimular seus sentidos, que ajudam no desenvolvimento da interação social, de suas capacidades motoras, físicas e cognitivas, a passar a explorar, entre outros. Para isso são usadas atividades lúdicas e também jogos e brincadeiras, e conceituais sobre temas transversais como: ética, amor, verdade, responsabilidade, respeito mútuo, amizade, prudência e coragem construindo assim os valores no dia-a-dia da criança. 
Os valores humanos são construídos nos primeiros anos de vida de uma criança, é a partir desses primeiros anos, que nós educadores e pais, podemos transmitir os valores que irão ser construídos através de ensinamentos. Tais ensinamentos podem se dar através de dinâmicas, encenações teatrais, jogos educativos e atitudes em sala de aula e no âmbito familiar.
Desta forma motivando o aluno em seu dia a dia de forma criativa podemos incentivá-lo a ter atitude em seus atos ajudando a formar sua personalidade de forma estruturada no decorrer de sua vida. Os valores que são passados em sala de aula como: verdade, ação correta, amor, não-violência, podem ser trabalhadas no dia-a-dia da criança de forma a discipliná-las em sala de aula e a ensiná-las a viver em sociedade de forma correta.
Portanto, o ensino dos valores como paciência, alegria, curiosidade, autoconhecimento são pontos essenciais para a construção de uma boa personalidade para a criança. Então utilizar o exemplo diariamente é uma das melhores formas a serem trabalhadas na construção do caráter do sujeito, sendo ele para o aluno um espelho a ser visto por ele, de forma a aprender tudo o que seu espelho lhe passar.
Bibliografia
Barreto, A. M., Pelo direito à Educação Infantil, Brasília, n. 46, Dezembro, 2008
Campos, M. M., & Rosemberg, F., Creches e pré-escolas no Brasil 2ª Ed. São Paulo: Cortez, 1995
Gasperini, L., Moçambique: Educação e Desenvolvimento Rural, Roma: Edizioni Lavoro, 1989
Golias, M., Sistema de Ensino em Moçambique. Maputo: Escolar, 1993
Lei 18 de 2018 que estabelece o regime jurídico do Sistema Nacional de Educação (SNE) na República de Moçambique
Ramos, J. J., Personalidade, São Paulo: Sarvier, 1991
Richards, J. C. & Schmidt, R., Longman Dictionary of Language Teaching and Applied Linguistics, 4th Ed. Great Britain: Pearson Educational, 2010
https://edu.azores.gov.pt/seccoes/a-educacao-pre-escolar/?cn-reloaded=1 Consultado aos 20 de Fevereiro e 2021
https://www.dge.mec.pt/educacao-de-infancia Consultado aos 22 e Fevereiro de 2021
 
 
 
Eugídio Bernardo
 
 
 
 
 
A 
Educação
 
Pré
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escolar e a 
Educação
 
Primária na 
Formação
 
da Personalidade da 
Criança
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de 
Ciências
 
e 
Gestão
 
(INSCIG)
 
Nacala, Fevereiro de 2021

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