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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE DIREITOS FUNDAMENTAIS: Cap. III – Direito ao Convívio Familiar e Comunitário FAMÍLIA SUBSTITUTA – GUARDA e TUTELA Profa. Lilian Mozardo FORMAS DE COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA • Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da criança ou adolescente, nos termos desta Lei. • Formas de colocação em família substituta São três: • Guarda; • Tutela; e • Adoção. Contudo, antes de tais medidas, deve- se observar: • 1º tentativas de manutenção ou reintegração familiar (família natural ou extensa); • 2º acolhimento em programa familiar (art. 34, § 1º); • 3º acolhimento institucional; • 4º por fim, família substituta (guarda, tutela, adoção). Preparação da criança/adolescente • Art. 28. § 3o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou minorar as consequências decorrentes da medida. • Art. 28. § 5o A colocação da criança ou adolescente em família substituta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar. OPINIÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE • 28. § 1o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada. • § 2o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será necessário seu consentimento, colhido em audiência. OPINIÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE • Ouvir a opinião de crianças e adolescentes é uma obrigação quando importar em modificação de guarda (art. 161, § 3º). • Art. 161. § 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12010.htm OPINIÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE • Casos em que a ouvida do menor é obrigatória: • Modificação de guarda (art. 161, § 3º); • No consentimento para seguir à família substituta, quando maior de 12 anos (art. 28, § 2º); • Na definição de medida de proteção (art. 100, p.un., XII); • Na adoção de adolescente (art. 45, § 2º). IRMÃOS • 28. § 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. INDIOS • Art. 28. § 6o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obrigatório: • I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; • II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; • III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adolescentes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofissional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. VEDAÇÕES À COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA • Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natureza da medida OU não ofereça ambiente familiar adequado. • Hipóteses: • 1º incompatibilidade com a natureza da medida (exemplo, avô que deseja adotar – art. 42 §1º); • 2º ambiente familiar inadequado (exemplo: uso de entorpecentes). TRANSFERÊNCIA DE CRIANÇA/ADOLESCENTE SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL e INDELEGABILIDADE • Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transferência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades governamentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. • Exceção = abrigamentos com urgência (art. 93, comunicação posterior à VIJ – até 24 horas). Família Substituta • As obrigações decorrentes da adoção, guarda ou tutela são indelegáveis. A guarda e a tutela, por outro lado, são renunciáveis, ou seja, sempre que o guardião ou o tutor não pretender mais exercer as suas obrigações, poderá ingressar com o pedido judicial a fim de exonerar-se do encargo assumido. Adoção é irrenunciável (Eduardo e Thales, p. 66). FAMÍLIA ESTRANGEIRA • Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui medida excepcional, somente admissível na modalidade de ADOÇÃO. • Aos estrangeiros residentes no Brasil não há essa restrição. A excepcionalidade dessa medida visa evitar o tráfico de crianças, o comércio. Termo de guarda/tutela • Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, mediante termo nos autos. • O fecho formal dos processos de guarda ou tutela é um documento judicial pelo qual a família ou o responsável assume o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo a que se incumbiu. • É o TERMO DE GUARDA ou TUTELA. • É feito em 3 vias: uma fica arquivada no processo; outra no cartório judicial e outra é entregue aos responsáveis da família substituta. COMPETÊNCIA • Eventuais problemas ocorridos em sede familiar, inclusive, que digam respeito à guarda, que não coloquem em risco o desenvolvimento normal da criança ou do adolescente, devem ser resolvidos pela via assistencial jurisdicionais da VARA DA FAMÍLIA E SUCESSÕES. Antonio Cezar Lima da Fonseca, p. 104. • A JUSTIÇA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE será a Vara Competente, quando a criança e o adolescente necessitarem de medidas especiais de proteção, nos termos do artigo 98 do ECA, isto é, hipótese do menor encontrar-se em SITUAÇÃO DE RISCO ou ABANDONO: COMPETÊNCIA • Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: • I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; • II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; • III - em razão de sua conduta. COMPETÊNCIA • Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para: • (...) • III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; • Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: • a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; GUARDA • “A guarda é uma das formas de colocação do menor em família substituta e “atribui ao guardião a tarefa indelegável de prestar assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente na qualidade de responsável legal.” (Eduardo e Thales, p. 72). • Quando é concedida? GUARDA • É concedida sempre que os genitores biológicos não apresentarem condições, ainda que temporariamente, de exercer na plenitude o poder familiar e, ao contrário do que ocorre com a TUTELA e a ADOÇÃO, não há necessidade de prévia suspensão ou supressão do poder familiar, podendo com ele coexistir. GUARDA A OBRIGAÇÃO ENVOLVE : • AssistênciaMaterial; • Moral e Espiritual; e, • Educacional. • Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais • E perdura até que o menor atinja a maioridade civil, aos 18 anos de idade. Artigo 33 do ECA • § 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. • § 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a falta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito de representação para a prática de atos determinados. Artigo 33 do ECA • § 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. • § 4o Salvo expressa e fundamentada determinação em contrário, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessado ou do Ministério Público. GUARDA • Espécies: • DE FATO = não decorre de determinação judicial (é momentânea), está acontecendo e deve ser acertada na via judicial (situação irregular). • DE DIREITO: • provisória (art. 33 § 1º) - {liminar e incidental} • permanente (art. 33 § 2º) • previdenciária (art. 33 § 3º) • especial (art. 34) GUARDA • Revogação e alteração de guarda • Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público. • Ao contrário da TUTELA ou ADOÇÃO, que colocam o menor sob responsabilidade definitiva do tutor ou adotante, a guarda é sempre precária, podendo ser revogada a qualquer momento por decisão interlocutória ou sentença. (Eduardo e Thales, p. 79). TUTELA • Tutela estatutária • A tutela estatutária é uma das espécies de colocação da criança ou adolescente em família substituta (art.28 ECA), que é disciplinada pela lei civil (art. 36 do ECA c/c/ 1.728 a 1.766 do CC). • Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa de até 18 (dezoito) anos incompletos. • Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica necessariamente o dever de guarda. TUTELA • Na SUPENSÃO, EXTINÇÃO ou PERDA do poder familiar surge a tutela, que faz as vezes do poder familiar. Por isso é que se diz que a tutela é sucedâneo ou medida supletiva do poder familiar (tutela e poder familiar não coexistem). • Finalidade • Trata-se de um MUNUS PÚBLICO imposto pelo Estado, com a finalidade de garantir o pleno desenvolvimento de criança/adolescente, além do gerenciamento de seus bens. TUTELA • Serve, também, para que irmãos e avós possam ser representantes do menor, já que a lei veda a adoção pela proximidade sanguínea. • Hipóteses de concessão da tutela (art. 1.728 CC): • I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes; • II - em caso de os pais decaírem do poder familiar. TUTELA • Causas de impedimento ao exercício da tutela: • Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam: • I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens; • II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor; TUTELA • III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela; • IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena; • V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores; • VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela. TUTELA • Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela: • I - mulheres casadas; • II - maiores de sessenta anos; • III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos; • IV - os impossibilitados por enfermidade; • V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela; • VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela; • VII - militares em serviço. TUTELA • Cessação da tutela (art. 1.763 CC) • com a maioridade; • emancipação; • caindo o tutelado sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou adoção. • Cessa a função do tutor (art. 1.764 CC) • ao expirar o termo, em que era obrigado a servir; • ao sobrevir escusa legítima; • ao ser removido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • BARROS, Guilherme Freire de Melo. Direito da Criança e do Adolescente. Coleção Sinopses para Concursos. 9ª. Edição. Bahia: Editora Jus Podivm. • DEL-CAMPO, Eduardo Roberto Alcântara. OLIVEIRA, Thales Cezar de. Estatuto da criança e do adolescente, série leituras jurídicas provas e concursos. 7ª. edição. São Paulo: Editora Atlas, 2012. • FONSECA, Antonio Cezar Lima da. Direitos da criança e do adolescente. São Paulo: Editora Atlas, 2011. • ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente, doutrina e jurisprudência. 13ª. edição. São Paulo: Editora Atlas, 2011. • JOÃO ELIAS, Roberto. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Editora Saraiva, 2010. • JOÃO ELIAS, Roberto. Direitos fundamentais da criança e do adolescente. São Paulo: Editora Saraiva, 2005.
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