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Madara Uchiha うちはマダラ TÓPICOS EM LIBRAS: SURDEZ E INCLUSÃO (EEX0176/3734144) 9002 Cultura das Comunidades Sinalizantes Tema 1 1. Vimos no começo do primeiro módulo que linguagem se refere a um processo de comunicação por meio de mecanismos que transmitem todo tipo informações. Portanto, qualquer conjunto de sinais/signos pode ser considerado linguagem – uma placa de carro, músicas, gestos e assim por diante. Estudamos que o correto é língua de sinais, não linguagem de sinais. Qual das sentenças abaixo é uma justificativa correta para essa afirmação? a) As línguas de sinais são padronizadas. b) As línguas de sinais têm estrutura complexa e são naturais. c) A linguagem leva em conta a complexidade das línguas. d) As línguas de sinais ainda não são reconhecidas. Parabéns! A alternativa "B" está correta. Diferentemente de linguagem, o conceito de língua remete especificamente a um código verbal, um conjunto de léxico que corresponde a significados dentro de um grupo social. As línguas de sinais possuem todos os níveis linguísticos existentes nas línguas orais, ou seja, fonologia, morfologia, semântica, sintaxe e pragmática – portanto, são línguas naturais e complexas. 2. Chamamos de “surdo oralizado” o indivíduo com perda auditiva que se comunica oralmente e faz leitura orofacial. É comum pessoas que nasceram ouvintes perderem a audição com o tempo. Temos os “surdos sinalizantes”, que se comunicam por meio da Libras. Já o termo “surdo-mudo” é antiquado, ainda muito utilizado por pessoas que não conhecem a comunidade surda. Nesse contexto, analise as afirmativas a seguir. I) Mudez é uma consequência da surdez. II) Surdos podem ser oralizados com fonoterapia. III) A mudez ou afonia é a incapacidade total ou parcial de produzir fala. Das afirmativas acima: a) Somente III é verdadeira b) Somente I é falsa c) Somente II é verdadeira d) II e III são falsas Parabéns! A alternativa "B" está correta. Afonia ou mudez não tem nenhuma relação com a surdez. A pessoa ter deficiência auditiva ou surdez não significa que ela seja muda. Na verdade, é muito raro que uma pessoa surda seja também muda. O que acontece é que, por conta da falta de feedback auditivo, surdos congênitos precisem de treinamento clínico para articular a fala e fazer leitura orofacial, caso desejem. 3. A comunidade surda não é homogênea. Os surdos são atravessados por várias outras questões sociais e individuais. As questões individuais estão fortemente relacionadas à idade da perda auditiva, a processos de escolarização, à utilização ou não de aparelhos auditivos, e assim por diante. Os surdos se identificam entre si especialmente por conta da língua em comum – no caso dos surdos brasileiros, a Libras. A partir do que nos apresenta Gladis Perlin, assinale a alternativa correta da correspondência identidade-característica. I) Identidade de transição II) Identidade inconformada III) Identidade híbrida IV) Identidade surda ( ) Surdos que não se sentem compreendidos por ouvintes e têm sentimento de subalternidade. ( ) Surdos que depois de um tempo vivendo sem língua de sinais encontram a comunidade surda. ( ) Surdos que perderam a audição e se comunicam em língua de sinais e língua oral. ( ) Surdos que utilizam língua de sinais e se orgulham da comunidade surda. a) I, IV, III, II b) IV, III, II, I c) III, IV, I, II d) II, I, III, IV Parabéns! A alternativa "D" está correta. De acordo com Gladis Perlin, temos algumas identidades surdas passíveis de classificação. Surdos oralizados ou sinalizadores podem, por vezes, sentir-se inferiores aos ouvintes, configurando-se como uma identidade inconformada. Pessoas podem perder a audição depois de já terem a língua oral adquirida e optar por aprender a língua de sinais também, o que Perlin chama de identidade híbrida. Surdos podem demorar algum tempo para entrar em contato com a comunidade surda e passar Madara Uchiha うちはマダラ por um período de identidade de transição. Outros surdos se sentem felizes com o fato de serem surdos e têm orgulho da língua de sinais. 4. Pela ótica da Sociologia e de pesquisadores da área dos estudos surdos, a comunidade surda se configura em uma minoria linguística, com histórias de lutas e conquistas que se une enquanto sujeitos com características específicas decorrentes de sua experiência de interação com o mundo. Sobre os artefatos culturais surdos, analise as alternativas a seguir. I) A literatura surda serve como um meio de identificação e representatividade para os seus leitores. II) É possível afirmarmos que os surdos são seres biculturais. III) Humor não faz parte da cultura surda, pois é pejorativo. IV) A literatura surda tem produções originais ou adaptações de clássicos. Qual alternativa está correta? a) I, II, IV b) I, II, III, IV c) I, II, III d) I, IV Parabéns! A alternativa "A" está correta. Vimos que o traço mais importante da cultura surda está relacionado à língua de sinais e ao histórico de luta das comunidades surdas. É possível afirmar que os surdos são seres biculturais – já que, além da cultura surda, experienciam a cultura de seu país, da comunidade ouvinte majoritária – e seres bilíngues. A literatura surda, bem como o humor surdo, são artefatos culturais importantes que valorizam a diferença surda e as línguas de sinais. 5. Estudamos que a língua-padrão pode ser considerada a variável linguística mais difundida e entendida por todos os falantes da língua. No entanto, variações linguísticas ocorrem em todas as línguas e são fenômenos naturais que mostram sua organicidade; no Brasil, o regionalismo é muito comum. Assinale a afirmativa correta sobre o tema. a) O regionalismo é mais frequente na língua inglesa. b) Dialetos são variedades de uma língua falada por comunidades geograficamente mal definidas. c) A língua varia no espaço geográfico, no decorrer do tempo e nos diferentes espaços sociais, bem como nas diferentes situações comunicativas. d) As línguas possuem relação superficial com a sociedade. Parabéns! A alternativa "C" está correta. Vimos no texto que variação linguística é objeto de estudo da Sociolinguística, tendo como seu expoente os estudos de William Labov. Nos estudos seminais do autor, fica claro que língua e sociedade são fortemente correlacionadas. Por conta dessa correlação, a língua varia no espaço geográfico, no decorrer do tempo, e nos diferentes espaços sociais, bem como nas diferentes situações comunicativas. O regionalismo é um fenômeno natural, muito comum no Brasil por conta da riqueza cultural e extensão geográfica 6. O estudo de Eichmann (2009) faz críticas pertinentes aos processos de padronizações que por vezes são impostos e liderados por ouvintes. A autora diferencia dois tipos de padronização linguística. Sobre essa diferenciação, assinale a alternativa incorreta. a) As línguas se transformam naturalmente com o tempo; sendo assim, há uma padronização espontânea. b) Padronizações podem ser impostas de “cima para baixo”. c) Nos processos de padronização, o protagonismo surdo deve ser respeitado. d) A única padronização possível acontece naturalmente. Parabéns! A alternativa "D" está correta. A ausência de código escrito difundido das línguas de sinais faz com que alguma padronização deliberada se faça necessária – como vimos no exemplo do ENEM, uma prova que atinge todo o país e necessita de escolhas lexicais adequadas. Portanto, quando os códigos escritos são inseridos deliberadamente em certo contexto, devem ser procedidos com cuidado e respeito aos direitos linguísticos e ao protagonismo dos surdos em relação à própria língua. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nos três módulos aqui apresentados, compreendemos os conceitos relativos às comunidades surdas e às línguas de sinais. No caso dos surdos brasileiros, a língua utilizada é a Língua de SinaisBrasileira (Libras). Vimos que as línguas de sinais não são universais, mas línguas complexas que surgem naturalmente nas comunidades surdas. As línguas de sinais possuem gramática própria e todos os níveis Madara Uchiha うちはマダラ linguísticos existentes nas línguas orais, ou seja, fonologia, morfologia, semântica, sintaxe e pragmática. Portanto, possuem o mesmo status das línguas orais e sua peculiaridade mais importante é o fato de serem línguas visoespaciais, isto é, expressas pelo corpo no espaço e compreendidas visualmente. Estudamos que é uma língua recombinativa e arbitrária, apesar de ter presente a iconicidade. Entramos em contato com o universo da cultura surda, com artefatos culturais riquíssimos como a literatura surda, o humor surdo e assim por diante. As identidades surdas são diversas e heterogêneas, atravessadas pela cultura ouvinte. Nesse sentido, temos uma percepção sociológica dos indivíduos surdos e não clínica e normatizadora, que se preocupa apenas com reabilitação e grau de perda auditiva. Por conta da enorme variabilidade das línguas de sinais, o que as torna complexas, vivas e orgânicas, estudamos também o desafio dos processos de padronização das línguas de sinais. Esperamos que a história da comunidade surda inspire você a lutar por uma sociedade mais acessível e inclusiva, e que o conteúdo aqui disponibilizado lhe seja útil caso receba um aluno surdo em sala de aula ou encontre uma pessoa surda na sua trajetória de vida. Políticas de Inclusão dos Surdos Tema 2 7. Identificamos os conceitos básicos de políticas linguísticas e suas aplicações e intervenções, positivas e negativas, essenciais para a reflexão de novos comportamentos e novas práticas sociais de uso da língua e das relações entre as línguas em contato. Marque a alternativa correta sobre os avanços de direitos dos surdos como sujeitos coletivos: a) Uma planificação da Libras como prática social dentro da comunidade surda para que os surdos não sejam guetos sociais. b) Um planejamento linguístico de uso da Libras como língua reconhecida legalmente, com efeitos substanciais na Educação, seja na formação de docentes, seja para política de tradução. c) Participação em debates de intérpretes de Libras-Português para garantir o direito constitucional de ouvintes bilíngues à escolha de assistir ao evento em uma das duas línguas brasileiras. d) A inclusão da Libras em todos os cursos superiores para que formandos ouvintes sejam bilíngues. Parabéns! A alternativa "B" está correta. O planejamento linguístico favorece a construção, as estratégias e as ações de políticas linguísticas a favor das comunidades de línguas de minorias. Nesse ponto, a comunidade surda ganha espaço nos eixos políticos educacionais e tradutórios. 8. O Decreto de Libras nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, no capítulo I, art. 2º, parágrafo único, classifica a definição das pessoas com deficiência auditiva. A ideia de definir a caracterização do indivíduo no documento jurídico significa: a) Usar um instrumento de proteção, preservação e promoção de língua para fortalecer a concepção clínica sobre os sujeitos linguístico-identitários, incorrendo em equívoco. b) Estabelecer garantias de direitos linguísticos para os sujeitos surdos pelo uso, ensino, pela tradução e disseminação da Libras. c) Interferir nos comportamentos linguísticos e sociais dos sujeitos das línguas em contato. d) Reconhecer os sujeitos surdos como sujeito identitários, de cultura e línguas próprias. Parabéns! A alternativa "A" está correta. A preocupação de definir a deficiência auditiva num instrumento legal é um equívoco por enxergar o surdo, ainda, como um grupo social não linguístico e por manter a visão patológica sobre a surdez. 9. No paradigma da inclusão, as políticas inclusivas voltadas para as pessoas com deficiências e surdas, se não forem bem refletidas e a terminologia e as ações corretamente aplicadas, incorrem nos reforços de práticas discriminatórias e excludentes. Com base neste tema, tais exercícios intitulados inclusivos, mas com incoerências conceituais e terminológicas, são entendidos como: a) Exclusão generalizada e exclusão específica, pois declaram abertamente a ausência de garantia de direito das pessoas com deficiência e surdas. b) Sociedade inclusiva e inclusão plena porque são programas e projetos sociais e inclusivos em que o valor humano é núcleo para todas as ações. c) Inclusão marginal e ensaio inclusivo por não atenderem a uma série de necessidades e recursos para contemplar todos os tipos de gente que possam usufruir do programa, do projeto. d) Educação inclusiva e sociedade inclusiva, visto que todos os tipos de gente são Madara Uchiha うちはマダラ legitimados e sua participação ativa respeitada. Parabéns! A alternativa "C" está correta. A inclusão marginal e o ensaio inclusivo carregam em si a semântica, ou seja, a proposta de serem programas, ações etc. inclusivos, mas fomentam ainda mais estereótipos e práticas excludentes, quando não são pensados quais tipos de gente podem frequentar e se apropriar deles. 10. Materializar e instrumentalizar as políticas inclusivas no âmbito de políticas públicas sociais a fim de fomentar os direitos elementares das pessoas com deficiência e surdas configura elevada valia para o respeito e a legitimação de grupos sociais mais vulneráveis. Mas esses documentos ainda podem refletir termos e percepções comuns do imaginário social. Com base neste tema, pode-se afirmar que: a) Os problemas terminológicos e conceituais alusivos à comunidade surda reafirmam os mitos sobre as pessoas surdas e a Libras. b) Os direitos fundamentais das pessoas surdas, garantidos por mecanismos legais, importam mais do que erros e equívocos conceituais ou de termos. c) As pessoas que redigiram os textos das leis e dos decretos fazem parte do coletivo do senso comum, por isso houve esses problemas de afirmação da Libras como língua e dos surdos como sujeitos. d) Na planificação de políticas sociais inclusivas, os equívocos conceituais terminológicos podem ser corrigidos a cada 4 anos, sempre com a transição de presidentes e parlamentares. Parabéns! A alternativa "A" está correta. A questão conceitual e terminológica agrava mais ainda as concepções equivocadas sobre as pessoas surdas e a Libras. Pedagogicamente, deveriam fomentar as alusões corretas sobre a comunidade surda e não atribuir mitos a ela. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos, as políticas linguísticas consistem em um campo de estudos científicos por serem um saber, um conhecimento sobre objetos observáveis e analisáveis. Elas também podem ser vistas como ações, programas e estratégias para a efetivação dos direitos das comunidades de fala, que buscam a equitativa, justa, inclusiva e equilibrada democratização dos direitos constituintes, dentre eles, o de ter sua língua falada e usada em todos os espaços sociais. A Libras é a língua natural da comunidade surda brasileira e, pela força da legislação, os surdos têm o uso da língua de sinais garantido para acessibilidade linguística deles por meio da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, os quais dão à Libras segurança, proteção, preservação de uso, ensino, tradução e disseminação. As comunidades linguísticas ou de fala e as minorias linguísticas não podem ser medidas pela quantidade de falantes, pelo padrão de quantificação. Elas são estigmatizadas pelo processo de minorização, de um entendimento abaixo da real concepção de comunidades. E, com este tema, apresentamos elementos para superar esse estigma. As políticas inclusivas somam-se às políticas linguísticas visando à ascensão social das pessoas surdas e funcionam como ferramentas de proteção e promoção dos seus direitos elementares. Para compreensão dos campos apresentados, foi necessárioque alguns termos fossem explicados, tais como diversidade humana, valor humano, preconceito e convivência. Aspectos Sociolinguísticos da Língua Brasileira de Sinais Tema 3 Leia o texto a seguir para responder às perguntas 1 e 2: [...] Levanta, preta, que o Sol tá na janela Leva a gamela pro xaréu do pescador A alforria se conquista com o ganho E o balaio é do tamanho do suor do seu amor Mainha, esses velhos areais Onde nossas ancestrais acordavam as manhãs Pra luta sentem cheiro de angelim E a doçura do quindim Da bica de Itapuã [...] (G.R.E.S. UNIDOS DO VIRADOURO. Samba- enredo 2020 – Viradouro de Alma Lavada.) 11. As palavras “balaio” e “mainha” são muito usadas na região da Bahia, sobre a qual o enredo se refere. Em outros locais do Brasil, as formas utilizadas para tais conceitos podem ser “cesto” e “mãezinha”. O tipo de variação linguística que aponta para diferenças no âmbito regional é denominado: a) Variação diafásica b) Variação diatópica c) Variação diastrática Madara Uchiha うちはマダラ d) Diacronia e) Mudança Parabéns! A alternativa "B" está correta. O tipo de variação que espelha diferenças regionais de uso da língua é chamado de variação diatópica, manifestando falares regionais, dialetos ou expressões tipicamente regionalistas. 12. Considere as afirmativas a seguir: I - O uso da palavra “mainha” está fortemente associado a contextos de menor grau de formalidade; se um falante do dialeto baiano, em situações de registro formal, preferir o uso da forma “mãe” no lugar de “mainha”, evidenciará uma variação diafásica. II - A forma verbal “tá” no lugar de “estar”, caracterizando um registro informal da língua e muito próximo da oralidade, não é uma variação linguística, já que a única maneira da língua a ser considerada é a língua-padrão. III - A letra de um samba-enredo pode conter registros mais coloquiais ou informais da língua para efeitos de expressividade e adequação ao seu contexto, caracterizando uma variação diafásica. IV - Se o baiano prefere a forma afetuosa “mainha” e o povo de outros lugares prefere a forma carinhosa “mãezinha”, estão todos usando termos de diferentes lugares para a mesma doce figura, caracterizando a variação diatópica. Estão corretas somente as afirmativas: a) I e II. b) I e III. c) I, II e III. d) I, III e IV. e) II, III e IV. Parabéns! A alternativa "D" está correta. O tipo de variação que espelha as diferenças de registro de uso da língua é chamado de variação diafásica, conforme ilustrado nas afirmativas I, II e III. No entanto, a afirmativa II contém erro ao não reconhecer que o uso da forma verbal “tá” é uma variação e que devemos considerar as formas de variação da língua e não apenas a língua-padrão ou culta. A afirmativa IV apresenta corretamente uma situação de variação diatópica, ou seja, diferentes expressões ou palavras para um mesmo referente em função da região dos falantes ou usuários da língua. 13. A relação da Sociolinguística com o campo educacional nos ajuda a pensar sobre as noções de adequação e de aceitabilidade linguísticas. Essas noções seriam as mais corretas tanto no ensino de línguas maternas quanto no ensino de línguas adicionais, ao mesmo tempo que nos levam a questionar determinadas atitudes diante da falta de domínio que um aluno possa ter da língua ou variante de maior prestígio social. Considerando essas afirmações e o que você estudou neste módulo, assinale a alternativa correta. a) A adequação linguística consiste na ideia de que um texto não possibilita o ato comunicativo se estiver, de alguma maneira, contrário às normas ortográficas e de concordância previstas na gramática tradicional. b) A Sociolinguística não contribui para o desenvolvimento de propostas educacionais de qualidade porque condena e rejeita a gramática tradicional e o uso culto da língua. c) A noção de erro, pautada no ensino da gramática tradicional, não contempla o fato da diversidade linguística. d) A sala de aula de língua materna possui propostas sociolinguísticas absolutamente distintas da sala de línguas adicionais, pois a Sociolinguística não se aplica a ambas. e) A Sociolinguística traz implicações ao campo educacional estabelecendo quais usos da língua não podem ser aceitos na escola ou nos atos comunicativos em geral. Parabéns! A alternativa "C" está correta. A visão tradicional de erro ignora o fato da diversidade linguística e de usos diversos. A Sociolinguística contribui para que a abordagem educacional ou didática do ensino- aprendizado da língua não negligencie nem estigmatize os usos ou registros da língua distantes do padrão ou da norma culta, ainda que a escola tenha a missão de tratar da gramática tradicional e levar o aluno também ao domínio da língua culta. 14. Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta sobre a relação entre a Sociolinguística e o contexto educacional da Libras: a) O reconhecimento de que a sinalização também é uma forma de oralidade é desnecessário, pois a Sociolinguística enfatiza a superioridade do letramento. b) Quem usa Libras com desempenho satisfatório, produzindo textos com literariedade em Libras, não tem como Madara Uchiha うちはマダラ dominar com bom desempenho a L2 escrita na sua experiência de aprendizado na escola. c) Tanto nas aulas de L1 quanto nas de L2, a escola deve restringir sua proposta de ensino à oralidade, no caso do português, ou à sinalidade, no caso da Libras. d) No ensino de Libras como L1 e do PBL2 de surdos, parte do conteúdo deve contemplar as práticas de oralidade em Libras e as práticas de letramento na L2. e) As situações de comunicação em Libras e em PBL2 não são respaldadas como objeto de ensino e aprendizado a partir da Sociolinguística Interacional. Parabéns! A alternativa "D" está correta. Os estudos sociolinguísticos nos ajudam a compreender que, em Libras, parte do conteúdo previsto no objetivo de ensino deve tratar da oralidade ou “sinalidade”, assim como no estudo da língua portuguesa como L2 do aluno surdo se deve trabalhar parte do conteúdo programático com práticas de letramento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos que a Sociolinguística nos ajuda a identificar os tipos de variação que podem existir em determinada língua, além de perceber que parte dessas variações pode resultar em uma mudança na própria língua. Também verificamos que a Sociolinguística é uma área que contribui para o entendimento da Libras, sua descrição e seu entendimento, e para o fortalecimento da comunidade surda. Ao tratar dos aspectos inerentes à variação e mudança das línguas, a abordagem sociolinguística apresenta uma das diversas características que definem a Libras como língua natural, por mostrar suas semelhanças com outras línguas orais. Ao tratarmos dos aspectos linguísticos e sociais envolvidos no processo de construção interacional, você aprendeu que a Sociolinguística mostra como o uso da língua reflete o comportamento ideológico e social de sua comunidade linguística, revelando aspectos importantes sobre seu funcionamento interno. Outra grande contribuição da Sociolinguística para a comunidade surda tem a ver com seu papel na construção de uma prática educacional mais adequada para o ensino de línguas. Assim, ao se dedicar aos estudos voltados para a interface língua/sociedade, é possível desfazer preconceitos sobre a natureza e função da linguagem, contribuindo com princípios mais consistentes sobre seu ensino. Especificidades Linguísticas da Língua Brasileira de Sinais Tema 4 15. Quantos e quais são os parâmetros que compõem os sinais da Libras? a) Centenas, uma vez que cada palavra tem um sinal diferente. b) Cinco parâmetros: configuração de mãos (CM), ponto de articulação (PA), movimento (M), orientação da palma/direção (OP) e expressão corporal (EF). c) Cinco parâmetros: configuração de mãos (CM),ponto de articulação (PA), movimento (M), orientação da palma/direção (OP) e componentes não manuais, que podem ser expressões faciais (EF) e expressões corporais (EC). d) Dez parâmetros: configuração de mãos (CM), que pode ser dorsal ou ventral; ponto de articulação (PA), também dorsal ou ventral; movimento (M), lento ou rápido. orientação/direção (O), dorsal ou ventral, e expressões não manuais (ENM), lentas ou rápidas. Parabéns! A alternativa "C" está correta. É por meio da combinação dos cinco parâmetros – configuração de mãos (CM), ponto de articulação (PA), movimento (M), orientação/direção (O) e componentes não manuais – que se formam os sinais da Libras. A partir deles, em suas inúmeras expressões e combinações, é possível descrever todos os sinais. 16. O que faz da Libras uma língua e não uma linguagem? a) Sua riqueza de componentes. b) A possibilidade de as expressões faciais do sinalizante suprirem a ausência de entonação oral. c) A oficialização da língua em território brasileiro. d) Seus componentes linguísticos: gramática, semântica, pragmática e sintaxe. Parabéns! A alternativa "D" está correta. Os estudos descritivos das línguas de sinais começaram nos anos 1960 com Stokoe, que provou que a ASL (American Sign Language) era uma língua natural, dotada de elementos linguísticos característicos de uma língua. No Brasil, os primeiros trabalhos sobre a Língua Brasileira de Sinais são de Ferreira Brito, nas décadas de 1980 e 1990 e, posteriormente, de Quadros e Karnopp (2004). 17. Quanto às bases instrumentais da Libras, pode-se dizer que: Madara Uchiha うちはマダラ a) A língua é pobre por não existir flexão de gêneros nos substantivos. b) A Libras não apresenta aspectos pontuais, continuativos ou durativos. c) Há apenas uma maneira de usar a negativa. d) Existem sinais simples e compostos. Parabéns! A alternativa "D" está correta. As bases instrumentais da Libras apresentam sinais simples e compostos, ao menos duas maneiras de expressar sentenças negativas, aspectos pontuais, continuativos e durativos (obtidos por intermédio de alterações na CM e no M), e mesmo que a língua não apresente flexão de gênero, suas bases instrumentais são variadas e ricas, seja na formação das palavras ou na estrutura das frases. 18. Quanto à estrutura linguística da Libras, é correto dizer que: a) É composta por empréstimo lexical, inicialização, empréstimo de itens lexicais de outras línguas de sinais, empréstimo de domínio semântico e empréstimo de ordem fonética. b) É composta pelo alfabeto da língua portuguesa, pela datilologia, pelo empréstimo de léxico de outras línguas de sinais, empréstimo de ordem fonética e empréstimo semântico. c) É composta somente das configurações de mão (CM) constitutivas dos sinais que representam as letras do alfabeto da língua portuguesa. d) É composta pelo alfabeto manual, pela datilologia, pelas configurações de mãos e pelo empréstimo de itens lexicais de outras línguas de sinais. Parabéns! A alternativa "A" está correta. São vários os aspectos que constituem a estrutura linguística de Libras. Entre eles, a ocorrência de alguns empréstimos (FERRERA BRITO, 1995). As demais alternativas estão parcialmente corretas, incompletas e falsas. 19. Ao se comparar a estrutura das sentenças na língua portuguesa e na Libras, pode-se dizer que: a) Uma reproduz exatamente a outra. b) O português apresenta a ordem usual Sujeito+Verbo+Predicado, enquanto a Libras usa Predicado+Sujeito+Verbo. c) A Libras inverte a ordem Sujeito+Verbo+Predicado, apresentando frases na sequência Predicado (ou Objeto)+Verbo+Sujeito. d) Não há regra para ordenação da frase na Libras. Parabéns! A alternativa "B" está correta. A estrutura das frases em Libras apresenta primeiro o predicado, ou objetos (direto e indireto), em seguida o sujeito, e só então o verbo. Mas vale lembrar que muitos surdos alteram a estrutura frasal para facilitar o entendimento de pessoas mais acostumadas com a ordem da língua portuguesa. 20. O elemento dêitico na Libras constitui um importante recurso para a compreensão do discurso imagético. Quanto a seu uso, é correto afirmar: a) Esse elemento não trata sobre os usos dos verbos na Libras. b) No uso temporal, a ausência do uso dos sinais de PASSADO para indicar ações que já aconteceram, ou do FUTURO, é normal. c) No uso temporal, a ausência do sinal que indica PRESENTE é comum. d) Indica que o sujeito está implícito no sinal. Parabéns! A alternativa "C" está correta. O componente dêitico é um componente morfológico importante para a compreensão do discurso imagético. Na dêixis temporal é necessário indicar o sinal PASSADO ou FUTURO para completar o entendimento do tempo do verbo. Quando não há o sinal HOJE ou AGORA, entende-se que, ainda assim, a ação é presente. Por fim, não há sujeito implícito em Libras, de modo que a dêixis de pessoa também é obrigatória. CONSIDERAÇÕES FINAIS Toda língua tem características próprias e comuns às outras. E com a Libras não é diferente. Mas essa língua tem uma peculiaridade: é de modalidade diferente da língua hegemônica no Brasil, a língua portuguesa, que é uma língua oral. Assim como outras línguas de sinais, a Libras é visoespacial. Aprendemos como ela se baseia nos cinco parâmetros – configuração de mãos, ponto de articulação, movimento, orientação da palma da mão/direção, componentes não manuais –, de compreensão indispensável para qualquer um que deseja aprendê-la. São as combinações desses parâmetros que formam todo o léxico da Libras. Também aprendemos outras especificidades como a representação dos números, do gênero, dos comparativos, da negação, entre outros, além da importância dos modais e do elemento dêitico.
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