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Micoses sistemicas endemicas no Brasil

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONGRESSO 
ONLINE DE 
INFECTOLOGIA 
 
 
 
 
 
MATERIAL DE APOIO 
Micoses sistêmicas endêmicas no Brasil 
1ª edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá – MT 
2020 
2 
 
Micoses sistêmicas endêmicas no Brasil 
Congresso Online de Infectologia 
Liga Acadêmica de Doenças Parasitárias e Zoonoses – UFMT 
Liga Acadêmica de Infectologia – UFMT 
1ª edição 
 
Edição 
Ana Flávia De Souza Guimarães 
Dalton Cristofer De Campos 
Guilherme Pinheiro Da Silva 
Samuel Newton Miguel Carvalho Campos 
Edição final 
Isabelle Crystine Flávia Goulart de Pontes 
Michelle Igarashi Watanabe 
Vitória Mayumi Takagi 
Arte 
Ana Julia Lehmkuhl 
Contatos, dúvidas ou feedback 
E-mail: coi.ufmt@gmail.com 
Instagram: @ladopufmt / @laiufmt 
 
 
 
 
 
 
Este material de apoio é um compilado de referências sobre a área da 
infectologia e suas vertentes e foi desenvolvido por alunos ligantes das Ligas 
Acadêmicas de Doenças Parasitárias e Zoonoses (LADOP) e Infectologia 
(LAI) da Universidade Federal de Mato Grosso para utilização durante o 
Congresso Online de Infectologia. 
 
 
 
Cuiabá – MT 
2020 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bianca Borsatto Galera 
Cor Jesus Fernanades Fontes 
Daniela Araujo 
Fabio Massaru Kuroyanagi 
Fabricio Lucema de Almeida 
Márcia Hueb 
Maria Isabel Nadaf 
Reinaldo Gaspar da Mota 
Soraya Rezende Rossi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Sumário 
Introdução ................................................................................................................ 5 
Paracoccidioidomicose .......................................................................................... 5 
Paracoccidioidomicose – infecção....................................................................... 7 
Histoplasmose ..........................................................................................................11 
Coccidioidomicose ................................................................................................20 
Criptococose ...........................................................................................................24 
Exercícios de fixação ..............................................................................................29 
Gabarito ...................................................................................................................34 
Referências ..............................................................................................................35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Micoses sistêmicas endêmicas no Brasil 
Introdução 
As micoses sistêmicas são infecções causadas por fungos, que 
apresentam como característica o dimorfismo térmico, (fungos filamentosos 
na natureza e leveduriformes no hospedeiro, por influência da temperatura). 
As infecções que compõem o grupo das micoses sistêmicas são: 
blastomicose, coccidioidomicose, histoplasmose, criptococose e 
paracoccidioidomicose. 
Neste material, serão abordadas as quatro micoses desse grupo, 
endêmicas no Brasil, sendo elas: a paracoccidioidomicose, causada pelos 
Paracoccidoides brasiliensis e P. lutzii; a histoplasmose, causada pelo 
Histoplasma capsulatum; a coccidioidomicose, causada pelos Coccidioides 
immitis e C. posadasii e a criptococose, causada pelo Cryptococcus 
neoformans. 
Todos esses agentes patogênicos podem causar doença em um 
indivíduo normal, sendo considerados patógenos primários. No entanto, as 
características imunológicas do hospedeiro, bem como a carga fúngica e 
tempo de exposição ao patógeno são importantes no caráter de evolução 
e gravidade da doença. Nessas micoses, a porta de entrada geralmente é a 
via respiratória, com foco inicialmente pulmonar, podendo ocorrer 
disseminação para todos os órgãos do indivíduo infectado. 
Paracoccidioidomicose 
A pararacoccidioidomicose (PCM) é a micose sistêmica de maior 
prevalência na América Latina, sendo o Brasil, a Venezuela e Colômbia 
consideradas zonas endêmicas. Assim como outras micoses sistêmicas, a 
PCM tem as vias respiratórias como porta de entrada para o organismo 
humano e o paciente costuma se contaminar pela inalação das hifas 
durante o trabalho com o solo contaminado, não havendo contágio por 
transmissão interpessoal. 
A maioria dos infectados são indivíduos do sexo masculino, com idade 
entre 40 e 60 anos e atividades ligadas à agricultura, uma vez que este 
microrganismo costuma estar presente nos solos úmidos e restos de vegetais 
das áreas rurais. Apesar disso, essa micose tem sido observada em todas as 
faixas etárias a partir dos dois anos de vida, sendo que, até a puberdade, a 
incidência dessa doença é igual para ambos os sexos, mas na idade adulta, 
mais de 80% dos pacientes são do sexo masculino. Este fato também pode 
ser explicado pela proteção conferida pelo estradiol. Experimentos 
demonstraram que hormônios como o 17-beta-estradiol podem bloquear a 
transformação de conídios em leveduras, oferecendo proteção às mulheres 
das manifestações clínicas da doença. 
6 
 
Estima-se que pelo menos 10% da população de zonas endêmicas, 
como o Brasil, já tenham sido expostos ao fungo, mas a incidência anual 
dessa doença é de apenas 1 a 3 casos para cada 100.000 habitantes. 
• Agentes etiológicos 
o Paracoccidoides brasiliensis e Paracoccidioides lutzii. 
o Observação: essas espécies de fungo possuem termodimorfismo, 
ou seja, apresentam-se de forma filamentosa (hifas) no 
ambiente e assumem forma leveduriforme (unicelular) em 
temperaturas acima 33ºC, o que contribui para sua adaptação 
à vida parasitária. Em meio de cultura, as leveduras formam 
colônias de cor creme com aspecto cerebriforme. 
Patogênese 
A patogênese da PCM ainda é pouco conhecida. Alguns estudos 
relatam que as condições ideais para a vida do fungo estejam situadas 
próximo a rios e lagos. 
A infecção humana ocorre pela inalação de conídios - propágulos 
infectantes que atingem os alvéolos pulmonares e assumem forma de 
levedura. Infecções por lesões em pele ou mucosa são consideradas 
excepcionais e comumente autorresolutivas. Por essa razão, as lesões que 
com frequência surgem nas mucosas oral, retal, intestinal e as lesões 
cutâneas, devem ser consideradas consequências de uma disseminação 
hematogênica da infecção iniciada nos pulmões. 
A mudança de temperatura é considerada um gatilho para o 
dimorfismo do patógeno. Entre 36 e 37ºC, observa-se uma rápida 
remodelação nos componentes polissacarídeos da parede celular, 
transformando os filamentos em leveduras. Acredita-se que isso caracteriza 
um mecanismo de defesa do parasita, pois evita o desencadeamento de 
uma resposta inflamatória letal ao patógeno. 
Em camundongos, a presença do P. brasiliensis no pulmão gera uma 
alveolite, ou seja, defesa inicialmente neutrofílica e posteriormente 
substituída por células linfonodonucleares e macrófagos. Acredita-se que o 
mesmo ocorra no organismo humano, visto que, em pacientes com a forma 
disseminada, normalmente encontra-se disfunção de células T. Dessa 
maneira, a reativação de infecções latentes e a maior incidência de formas 
disseminadas da doença em pacientes portadores de moléstias depressoras 
da imunidade celular (como linfomas e AIDS/SIDA) corroboram para 
comprovar o papel fundamental dos linfócitos T no desenvolvimento da 
PCM. 
A contagem de linfócitos B costuma estar normal em pacientes com 
PCM. Observa-se, porém, aumento nos níveis de IgG, IgA e IgE, que 
provavelmente atuam na opsonização do agente infeccioso com as frações 
do complemento. A formação de imunocomplexos pode ter correlação 
com a depressão da imunidade e a gravidade da doença. 
7 
 
A PCM pode evoluir de três maneiras, a depender da virulência, da 
quantidade de inóculos inalados e das defesas do hospedeiro. Dessa forma, 
pode se manifestar de formaassintomática (paracoccidioidomicose – 
infecção), de forma sintomática, também chamada de 
paracoccidioidomicose – doença e a paracoccidioidomicose residual ou 
crônica. 
Paracoccidioidomicose – infecção 
Na maioria dos casos, a alveolite pulmonar bloqueia o crescimento e a 
disseminação do paracoccos e a infecção involui espontaneamente, 
resultando em um nódulo fibrótico ou complexo primário pulmonar. Dessa 
forma, a infecção primária pode ser subclínica ou oligossintomática, com 
sintomas transitórios e inespecíficos, muitas vezes confundidos com infecções 
virais. 
Paracoccidioidomicose – doença 
Como todo parasita intracelular, o paracoccos apresenta uma forma 
latente, quando há formação de granulomas ou nódulos fibróticos 
pulmonares ou extrapulmonares. Após o período de latência, um 
desequilíbrio na relação entre o parasita e o sistema de defesa do 
hospedeiro pode romper o equilíbrio, causando a progressão da doença 
para a forma crônica (adulta), geralmente em indivíduos com mais de 30 
anos. O tabagismo, alcoolismo, déficits nutricionais e outros fatores 
imunossupressores, como a ADIS/SIDA, podem figurar como fatores de risco 
para o desequilíbrio. 
Figura 1. Propagação de P. brasiliensis (Pb) e P. lutzii (Pl). 
Fonte: 2º Consenso Brasileiro em Paracoccidioidomicose. Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 27( núm. esp.): 
 
8 
 
O Paracoccidioides pode disseminar-se por via linfática, 
hematogênica, canalicular e por contiguidade. A disseminação linfática, 
através do fluxo retrógrado da linfa (dos hilos pulmonares até a periferia do 
parênquima pulmonar) pode justificar a imagem radiológica no padrão “asa 
de borboleta” nos pacientes com a forma crônica da doença. 
A manifestação de sintomas logo após a infecção primária é menos 
frequente, mas pode ocorrer em indivíduos jovens (forma jovem), 
caracterizando a forma aguda da doença, a qual pode ser consequência 
de uma incompetência dos mecanismos de defesa do indivíduo. Dessa 
forma, o descontrole da infecção pode ser atribuído à falha nos mecanismos 
de defesa do hospedeiro, à inoculação de grande quantidade de conídios 
ou ainda à infecção por uma cepa muito virulenta. 
Quadro clínico 
As manifestações clínicas da 
PMC podem ser muito variadas, uma 
vez que esta pode comprometer 
qualquer órgão para o qual se 
dissemina. 
Forma jovem 
Forma clínica de evolução 
rápida, com ampla disseminação do 
fungo. A adenopatia, principalmente 
da cadeia ganglionar do segmento 
cefálico, pode ser a principal queixa 
do paciente jovem com a forma 
aguda ou subaguda da doença. Os 
linfonodos mais atingidos são os 
submandibulares e a cadeia cervical 
Figura 2. Esquema hipotético sobre a patogênese da PCM. 
Fonte: Fonte: Focaccia, et al. 2015 
 
 
Figura 3. A = abscessos em regiões frontal e clavicular, 
resultantes do acometimento osteoarticular; B = criança do 
sexo feminino apresentando importante acometimento 
linfático abscedado; C = linfoadenomegalia inguinal; D = 
acometimento linfático-abdominal com ascite e 
hepatoesplenomegalia. 
Fonte: 2º Consenso Brasileiro em Paracoccidioidomicose. 
Epidemiol. Serv. Saude, Brasília, 27( núm. esp.):e0500001, 
2018. 
 
9 
 
anterior e posterior, contudo, os submentonianos, pré e retroauriculares e 
suboccipital também podem estar comprometidos, embora menos 
frequentemente. Na evolução, os pacientes podem apresentar supuração, 
fistulização linfonodal e hepatoesplenomegalia, além de manifestações 
digestivas, lesões cutâneas (ou de mucosas), envolvimento osteoarticular e, 
raramente, comprometimento pulmonar. Por vezes, as lesões mucosas são 
dolorosas, principalmente quando alimentos quentes são ingeridos. Muitos 
pacientes referem amolecimento dos dentes, confirmado pelo exame físico, 
que também revela lesões periodontais. 
Queixas digestivas, tais como dor abdominal, diarreia crônica 
disabsortiva e vômitos também são bastante frequentes. Febre e perda de 
peso completam o quadro clínico. A presença de tumoração ou de dor em 
região óssea requer a identificação de lesões ósseas. 
Quadro clínico típico da PCM aguda 
1. Adenopatia de cadeia cervical anterior e posterior e 
submandibulares 
2. Fístula e supuração linfonodal 
3. Hepatoesplenomegalia 
4. Lesões cutâneas 
5. Manifestações cutâneas e osteoarticulares 
6. Queixas digestivas (dor abdominal, diarreia crônica disabsortiva 
e vômitos) 
7. Febre e perda de peso 
 
Forma crônica (adulta) 
É a manifestação mais prevalente da PCM, acometendo 
principalmente indivíduos do sexo masculino, entre 30 e 60 anos. Na maioria 
das vezes, a doença instala-se de forma mais lenta, com duração da 
sintomatologia, por vezes, acima de um ano. Em alguns casos, a instalação é 
silenciosa e a doença só é descoberta por exame de rotina. O 
comprometimento pulmonar está presente em 90% dos pacientes. A forma 
crônica pode ser classificada em: leve, moderada e grave. Os casos graves 
10 
 
são definidos quando o paciente apresenta três ou mais dos seguintes 
critérios: 
1. Perda ponderal > 10% do peso 
2. Comprometimento pulmonar grave 
3. Comprometimento de outros órgãos (ex.: SNC, adrenais, ossos...) 
4. Acometimento linfonodal em múltiplas cadeias do tipo tumoral 
(diâmetro >2cm) ou tipo supurativo 
5. Título de anticorpos elevados 
Os critérios de gravidade acima descritos auxiliam no planejamento 
da terapêutica do paciente. Além disso, são considerados graves pacientes 
com instabilidade clínica devido à insuficiência respiratória, disfunção 
adrenal, síndrome neurológica ou abdome agudo. Há pacientes que 
apresentam manifestações clínicas agudas/subagudas associadas a outras 
manifestações usualmente associadas à forma crônica. Esses pacientes 
costumam ser detentores de grave imunossupressão. 
Formas residuais (sequelas) 
As formas residuais, também chamadas sequelares, caracterizam-se 
pelas manifestações clínicas decorrentes de alterações anatômicas e 
funcionais causadas pelas cicatrizes que se seguem ao tratamento da PCM. 
As sequelas são observadas em vários órgãos, com maior incidência em 
pulmões, pele, laringe, traqueia, glândulas adrenais, mucosa das vias 
aerodigestivas superiores, sistema nervoso central e sistema linfático, o que 
explica a diversidade do quadro clínico. 
Avaliação clínica 
A presença de linfadenomegalia em várias cadeias linfáticas, de 
lesões cutâneas, da hepatoesplenomegalia ou de massas abdominais 
podem ser confirmadas durante o exame físico do paciente com a forma 
subaguda/aguda. Além disso, o exame clínico pode ainda detectar a 
presença de icterícia, de ascite e de edema periférico. O envolvimento da 
suprarrenal e do SNC são raros nesta forma clínica. 
Pode-se observar alteração na função pulmonar, com achado de 
padrão obstrutivo. A regressão das lesões não é acompanhada de melhora 
da função pulmonar. 
Na forma crônica, a anamnese e o exame físico devem 
obrigatoriamente incluir a pesquisa de sinais e sintomas relacionados ao 
envolvimento pulmonar, tegumentar e laríngeo (tosse, dispneia, 
expectoração mucopurulenta, lesões ulceradas de pele e de mucosa da 
naso-orofaringe, odinofagia, disfagia e disfonia); linfático (adenomegalia); 
adrenal (astenia, emagrecimento, hipotensão, escurecimento da pele, dores 
11 
 
abdominais); do sistema nervoso central (cefaleia, déficit motor, síndrome 
convulsiva, alteração de comportamento e/ou nível de consciência); e 
comprometimento digestivo (diarreia e síndrome de má absorção). 
Dispneia é a queixa mais frequente e costuma ter caráter progressivo. 
Aproximadamente 57% dos pacientes podem apresentar tosse algumas 
vezes acompanhada de expectoração mucosa e raramente há presença 
de hemoptoico. Os doentes também podem se queixar de dor torácica não 
referida. 
Exames laboratoriais 
● Hemograma e VHS 
● Bioquímica hepática (alanina aminotransferase, fosfatase 
alcalina) 
● Proteínas totais e frações 
●Avaliação da função renal e metabólica e eletrólitos 
● Raio x de tórax 
O padrão ouro para o diagnóstico de PCM é o encontro de elementos 
fúngicos sugestivos de Paracoccidioides spp em exame a fresco de escarro 
ou outro espécime clínico (raspado de lesão, aspirado de linfonodos) e/ou 
fragmento de biópsia de órgãos supostamente acometidos. 
Tratamento 
● Formas leves e moderadas: monoterapia com itraconazol 200mg/dia 
de 9 a 18 meses ou Bactrim: 160+800 mg de 8/8 horas 
● Formas graves e disseminadas: monoterapia com anfotericina B de 0,5 
a 0,7/mg/kg/dia (no máximo 50mg/dia de 2 a 4 semanas ou até 
melhora. 
Histoplasmose 
A histoplasmose também é conhecida como doença de Darling e figura 
entre as micoses sistêmicas endêmicas no país. É considerada uma zoonose 
pela OMS. 
● Agente etiológico: Histoplasma capsulatum. 
O H. capsulatum pode ser encontrado em animais como morcegos, 
aves, roedores e marsupiais. É um fungo dimórfico, apresentando duas 
formas: miceliana (hifas e esporos assexuados – conídios) e leveduriforme 
(esporos assexuados gemulantes). A forma miceliana saprofítica tem no solo 
seu reservatório. O crescimento do fungo é favorecido por solo com altos 
níveis de composto nitrogenados e fósforo, ambos presentes em excretas de 
12 
 
morcegos e aves, além de temperatura entre 18-28°C, umidade > 60% e 
pouca luminosidade. Esses fatores tornam locais como minas, poços, ocos 
de árvore, construções antigas, forros, porões, grutas e cavernas locais 
propícios para o crescimento e desenvolvimento do fungo, sendo locais de 
alto risco para infecção. 
 
Epidemiologia 
A histoplasmose apresenta distribuição mundial, é endêmica nas 
Américas, África, Austrália e partes da Ásia, como China, Índia, Malásia e 
Tailândia. Além disso, homens e mulheres são igualmente infectados, no 
entanto, a doença apresenta maior probabilidade de desenvolvimento no 
primeiro grupo. 
Fatores de risco 
O ato de revolver e escavar terra em locais como grutas e cavernas, a 
varredura e limpeza de galinheiros, construções abandonadas, sótãos e 
forros e manipulação de fertilizantes orgânicos são atividades de risco. 
Ademais, bombeiros, espeleólogos e arqueólogos são profissionais mais 
expostos ao H. capsulatum. 
Fatores de risco para histoplasmose disseminada 
Pacientes imunodeprimidos, idade (< 12 anos) e uso de medicação 
imunossupressora: corticosteroides e inibidor de fator de necrose tumoral-alfa 
(tumor necrosis factor, TNF-α). 
Fisiopatologia 
A infecção ocorre por meio da inalação de conídios. Essas formas são 
fagocitadas por células mononucleares e convertidas na forma invasiva do 
fungo, a qual passa a multiplicar-se no interior da célula fogocitária. Nesse 
processo, ocorre a formação de 
focos inflamatórios inespecíficos 
no pulmão, revelando uma 
resposta imunoinflamatória para a 
invasão. Todavia, por diversos 
fatores, o parasito pode se 
disseminar pelo organismo, por 
meio das vias linfática e/ou 
hematogênica, se transportando 
principalmente para linfonodos 
mediastinais, baço, fígado e 
tecidos distantes. 
A contenção da infecção fica a cargo da imunidade adquirida, 
sendo mediada por linfócitos T. Esse processo envolve a liberação de 
 
Figura 4. Ilustração do processo fisiopatológico do 
contágio. 
Fonte: abcdamedicina.com 
13 
 
citocinas, em especial IL-12, TNF-α e IFN-γ. A partir da ativação da imunidade 
adaptativa, a inflamação deixa de ser inespecífica e inicia-se a formação 
de granulomas, com os mononucleados infectados no centro. Os 
granulomas podem cursar com necrose caseosa, evoluindo para fibrose e 
calcificação. 
A maior parte das pessoas apresenta uma resposta imunológica 
eficiente, freando a progressão da doença. No entanto, em alguns 
indivíduos em que a resposta adaptativa não é efetiva ou a carga 
parasitária é muito elevada, a infecção não é controlada, podendo 
cronificar ou disseminar-se para outros locais. Por exemplo, em crianças e 
imunocomprometidos, existe maior tendência à doença disseminada, visto 
que não ocorre a formação de um granuloma efetivo e isso permite a 
disseminação das células parasitadas para baço, fígado, linfonodos e 
medula óssea. Em pacientes tabagistas e pneumopatas crônicos, a 
histoplasmose pode induzir à doença obstrutiva crônica progressiva, com 
destruição de parênquima pulmonar, formação de cavitações e fibrose. 
Formas clínicas 
Menos de 1% dos pacientes infectados por H. capsulatum 
desenvolvem doença sintomática. Já a histoplasmose disseminada é 
definida pela identificação de H. capsulatum em locais extrapulmonares, 
associada a evidências clínicas, radiológicas e/ou post-mortem. 
Forma Clínica Características 
Forma 
pulmonar 
assintomática 
● Maioria das infecções humanas por H. capsulatum; 
● Conversão da reação intradérmica, outrora negativa, 
em positiva; 
● Até 30% dos infectados podem desenvolver nódulos 
calcificados em pulmões, linfonodos e/ou baço. 
Histoplasmose 
pulmonar 
aguda não 
grave 
● Inalação maciça de conídios de H. capsulatum; 
● Crianças expostas pela 1ª vez aos esporos representam 
o maior grupo nessa forma clínica; 
● Sintomas inespecíficos (febre, calafrios, cefaleia, mialgia, 
inapetência, tosse não produtiva e dor subesternal) após 
1-3 semanas de exposição; 
● Radiografia de tórax evidencia infiltrado de aspecto 
micronodular, pneumonia uni ou bilateral; 
● Linfonodos hilares e mediastinais aumentados são 
frequentes; 
● 5-10% dos pacientes podem apresentar artrite asséptica 
14 
 
ou artralgia associada a eritema multiforme ou nodoso. 
As formas dermatológicas são mais comuns em mulheres 
jovens; 
● A maioria dos casos recupera-se sem tratamento 
específico em 1-3 semanas; 
● A cicatrização das lesões deixa pequenos nódulos 
calcificados nos campos pulmonares. 
Histoplasmose 
pulmonar 
aguda grave 
● Inalação maciça de conídios de H. capsulatum e/ou 
longos períodos de exposição e/ou deficiência 
imunológica; 
● Infecção pulmonar progride com febre, tosse, dispneia 
importante, broncoespasmo frequente e dor torácica; 
● Radiografia evidencia infiltrado reticulonodular bilateral 
difuso; 
● Pode ocorrer síndrome de desconforto respiratório do 
adulto nos primeiros dias de doença; 
● A cicatrização das lesões deixa pequenos nódulos 
calcificados nos campos pulmonares. 
Histoplasmose 
cavitária 
pulmonar 
crônica 
● Forma lenta e progressiva, predileção por tabagistas 
com mais de 50 anos; 
● Geralmente encontrada em pacientes com doença 
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) prévia; 
● Manifestações clínicas: tosse seca ou produtiva, 
podendo ocorrer hemoptise, dispneia progressiva, 
inapetência, febre moderada, sudorese noturna, astenia 
e emagrecimento; 
● Radiografia evidencia lesão intersticial densa localizada 
em terço superior de um dos pulmões, normalmente o 
direito. Em alguns, associada a outras lesões 
disseminadas nos pulmões; 
● Cavitações em lobos superiores são observadas na 
maioria dos pacientes; 
● Espessamento da pleura adjacente é comum, mas 
efusão pleural é rara; 
● A lesão pulmonar aumenta com o tempo, podendo 
evoluir bilateralmente e cursar com insuficiência 
respiratória, levando o paciente ao óbito. Algumas 
15 
 
complicações: infecções bacterianas e pneumotórax; 
● Faz-se necessário diagnóstico diferencial com 
tuberculose; 
● Nódulos calcificados podem ser identificados no 
mediastino. Pode ocorrer compressão de traqueia, 
brônquios e esôfago, com sintomas relacionados à 
estrutura. Os nódulos podem drenar para tecidos 
adjacentes; 
● A fibrose mediastinal ou mediastinite fibrose é rara, mas 
quando ocorre, geralmente é letal; 
● Pode ocorrer pericardite, embora seja um evento raro. 
Histoplasmose 
disseminada 
aguda 
● Forma mais grave da doença; 
● Acomete principalmente imunossuprimidos e crianças 
menores de 12 anos; 
● Evolui para o óbito em semanas/meses,se não tratada; 
● Manifesta-se com tosse, dispneia importante, febre 
elevada, adinamia, emagrecimento, linfadenomegalia, 
hepatoesplenomegalia, pancitopenia; 
● Lesões cutâneas são comuns e múltiplas, principalmente 
em imunodeprimidos (HIV/AIDS). As lesões são 
polimórficas, formam pápulas, nódulos eritematosos ou 
vegetativos e úlcera e acometem principalmente face, 
tronco e membros superiores; 
● Lesões em mucosa oral e tubo digestivo são comuns; 
● Radiografia evidencia infiltrado difuso, micronodular ou 
reticulonodular; 
● Pode apresentar-se como síndrome séptica, hipotensão, 
coagulação intravascular generalizada, insuficiência 
renal e desconforto respiratório agudo. 
Histoplasmose 
disseminada 
subaguda 
● Lesões e processo inflamatório menos agressivos e com 
evolução mais lenta; 
● Febre e hepatoesplenomegalia estão presentes; 
● Lesões intestinais são frequentes, principalmente em 
região ileocecal, favorecendo quadros de dor 
abdominal, diarreia e complicações, como perfuração 
ou suboclusão intestinal e sangramentos. 
16 
 
Histoplasmose 
disseminada 
crônica 
● Lesões geralmente limitadas à mucosa da boca, lábios e 
laringe; 
● As lesões cutâneas são polimórficas, podem apresentar-
se em pápulas, nódulos eritematosos ou vegetativos e 
úlceras; 
● Os pacientes geralmente são adultos, não 
imunossuprimidos; 
● Não há comprometimento do estado geral, e o curso 
da doença pode estender-se por meses ou anos. 
Histoplasmose 
como doença 
oportunista em 
AIDS 
● Ocorre em pacientes com contagem de linfócitos 
TCD4+ abaixo de 150 células/mL, e a doença tende a se 
agravar como o aumento da imunodepressão; 
● A frequência é de 2-8% dos pacientes com AIDS em 
região endêmica; 
● Os sintomas da forma disseminada com AIDS: febre, 
fadiga, emagrecimento, sintomas respiratórios, dor 
torácica e dispneia; 
● A síndrome de choque séptico é rara e manifestações 
no SNC, gastrointestinal e cutâneas acometem pequena 
parcela dos casos; 
● É frequente a associação da histoplasmose com outras 
doenças oportunistas em um paciente com AIDS, como 
tuberculose, candidíase, pneumocistose e 
toxoplasmose. 
 
Diagnóstico diferencial 
Forma aguda Forma crônica 
Paracoccidiodomicose Paracoccidiodomicose 
Pneumonia por Mycoplasma Tuberculose 
Pneumonia por Clamydia Micobacterioses atípicas 
Pneumonia por Legionella Esporotricose 
 Sarcoidose 
17 
 
Diagnóstico 
Exames laboratoriais 
Análise de secreção pulmonar, pus 
e crosta de lesão cutânea, aspirado 
de medula óssea ou ganglionar, 
sangue, outros líquidos e tecidos. 
Alterações laboratoriais 
inespecíficas ocorrem 
particularmente na histoplasmose 
disseminada aguda, destacando-se 
anemia, leucopenia e/ou 
plaquetopenia. São frequentes as 
elevações discretas de enzimas 
hepatocitárias e canaliculares e da 
desidrogenase láctica. 
Exame direto da amostra: exame 
microscópico p/ diagnóstico 
presuntivo. Corante de Leishman, 
May-Grunwald-Giemsa ou Wright. O 
resultado positivo é dado pela 
presença de pequenas células 
leveduriformes, redondas ou ovais, 
de cor arroxeada, em gemulação 
única, circundadas por fino halo 
incolor correspondente à parede 
celular fúngica. 
Histopatológico: coloração de 
hematoxilina-eosina. Observam-se 
células leveduriformes em 
brotamento único, coradas em cor 
roxo-azulada e circundadas por 
halo incolor. Pode-se usar a técnica 
de Gomori-Grocott em esfregaços 
de amostras nas quais as células 
fúngicas coram-se de preto. 
Acurácia de aproximadamente 
80%. 
Cultura: teste ouro para diagnóstico, 
no entanto, não oferece 
diagnóstico rápido. Cultura em meio 
 
Figura 6. Histoplasmose pulmonar crônica: 
infiltrado intersticial, traves fibróticas e retração da 
metade superior do pulmão direito, além de 
comprometimento mais discreto no terço médio à 
esquerda. 
Fonte: Salomão R, 2017. 
Figura 5. Histoplasmose pulmonar aguda 
cicatrizada: pequenos nódulos calcificados 
dispersos no parênquima pulmonar e em 
linfonodos hilares. 
Fonte: Salomão R, 2017. 
18 
 
ágar sangue, BHI ou Sabouraud, 
com cloranfenicol por até seis 
semanas. 
Teste imunológicos 
Esses testes podem ser realizados em 
amostras de soro, sangue, líquido 
pleural, lavado broncoalveolar, 
líquido cefalorraquidiano e urina. 
Testes sorológicos são positivos em, 
aproximadamente, dois terços dos 
casos de histoplasmose. 
Intradermorreação com 
histoplasmina: Essa prova tem maior 
significado no diagnóstico de 
indivíduos sintomáticos de áreas não 
endêmicas. Em regiões endêmicas 
50-80% da população apresenta 
intradermorreação positiva. 
Pesquisa de anticorpos: ELISA tem 
alta especificidade e sensibilidade 
na detecção dos antígenos M e H 
na fase inicial da forma pulmonar 
aguda da histoplasmose. 
Pesquisa de antígenos: Os testes 
para pesquisa de antígeno têm 
como base a reação de 
radioimunoensaio e ELISA em 
distintos formatos. 
Testes moleculares 
Feitos em amostras de soro, urina, 
secreções respiratórias. Embora 
eficazes no diagnóstico rápido da 
histoplasmose, as ferramentas de 
análise molecular ainda são caras e 
carecem de padronização e 
validação para uso em laboratórios 
de rotina diagnóstica. 
Reação em cadeia da polimerase 
(PCR): Pesquisa-se o gene Hcp100 
(sensibilidade de aproximadamente 
90% e especificidade de ~ 99%). 
Loop mediated isothermal 
amplification (LAMP): amplificação 
do gene Hcp100, apresenta alta 
sensibilidade e especificidade. 
Apresenta menor custo que a PCR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7. Células leveduriformes de H. 
capsulatum, em gemulação única, circundadas por 
halo incolor, dentro de fagócito de sangue (1000x, 
Giemsa). 
Fonte: Focaccia, et al. 2015 
 
Figura 8. Células leveduriformes (blastoconídios) e 
hifas de cultura de H. capsulatum (400x, 
Leishman). 
Fonte: Focaccia, et al. 2015 
19 
 
 
Tratamento 
O tratamento se dá pelo uso da anfotericina B e substâncias azólicas. A 
corticoterapia pode ser utilizada em alguns casos: 
● Anfotericina B: é a droga de escolha para imunocomprometidos com 
a forma disseminada ou pulmonar grave. Em gestantes é a droga de 
escolha devido ao risco de teratogenicidade das drogas azólicas. 
● Em formas menos graves, como a crônico-disseminada com lesões 
localizadas, o Itraconazol é o fármaco de escolha. Fluconazol é o 
medicamento de segunda linha e o Cetoconazol é pouco utilizado 
devido à alta toxicidade. 
Forma clínica Tratamento 
Pulmonar aguda não 
grave 
Sintomas < 4 semanas: observação. 
Sintomas > 4 semanas: Itraconazol 200 mg 2x/dia 
por 6-12 semanas. 
Sintomas reumatológicos: AINES/Corticoides por 2 
semanas. 
Pulmonar aguda grave 
Anfotericina B (Anfotericina B lipídica 3-5 mg/kg/d 
ou Anfotericina B desoxicolato 0,7-1 mg/kg/dia) 
por 1-2 semana. Seguido de Itraconazol 200 mg 
2x/dia por 12 semanas. 
Associar metilprednisona (0,5-1 mg/kg/d por 1-2 
semanas). 
Pulmonar crônica 
Itraconazol 200 mg 1-2x/dia por 1-2 anos. 
Em casos graves pode-se associar Anfotericina B. 
Disseminada 
aguda/subaguda 
grave 
Anfotericina B lipossomal (3,0 mg/kg/d) ou 
Anfotericina B lipídica (5,0 mg/kg/d) ou 
Anfotericina B desoxicolato (0,7-1,0 mg/kg/d 
[crianças 1 mg/kg/dia durante 4-6 sem]) por 1-2 
semanas, seguido de Itraconazol 200 mg 1-2x/dia 
por 12 meses. 
Em caso de AIDS: profilaxia. 
Disseminada subaguda 
não grave ou crônica 
Itraconazol 200 mg 1-2x/dia por 12 meses. 
Em caso de AIDS: profilaxia. 
 
20 
 
 
Tratamento profilático 
● A profilaxia para histoplasmose não é rotineira, no entanto, em alguns 
casos, é realizada para pacientes com comprometimento imunológico 
residentes em locais que apresentam uma taxa de mais de 10 
casos/paciente/ano. 
● A droga de escolha é o Itraconazol 200 mg/dia. 
● Pacientes em AIDS devem realizar profilaxia enquanto a contagem de 
linfócitos CD4 estiver menor que 150/µ.Prognóstico 
A maioria dos pacientes com histoplasmose evoluem para cura, sendo 
importante o diagnóstico precoce e o tratamento adequado. A letalidade 
associa-se a casos graves como a meningite (20% de mortalidade). Até 15% 
dos pacientes podem apresentar recidivas e em alguns casos podem evoluir 
com sequelas ou incapacidades funcionais a depender da evolução da 
doença, por exemplo, evolução com doença de Addison por destruição 
necrótica de ambas suprarrenais. 
Coccidioidomicose 
● Agentes etiológicos: Coccidioides immitis e Coccidioides posadasii 
(fungos dimórficos e geofílicos). 
São fungos também dimóficos, porém, apresentam a característica de 
atração por solos que possuam resíduos de queratina animal, habitando 
preferencialmente regiões desérticas, de clima semi-árido, com solos 
alcalinos e vegetação xerófila. Os Coccidioides se mantêm viáveis durante 
anos e com grande poder infeccioso. 
Epidemiologia da coccidioidomicose 
A coccidioidomicose (CDM) é endêmica em regiões específicas das 
Américas, com aproximadamente 150.000 novas infecções anualmente. No 
Brasil, o maior número de casos vem da região Nordeste, tendo ligação com 
a caça de tatus - da espécie Dasypus novemcinctus - já que a sua toca 
favorece o crescimento de Coccidioides spp. 
Fatores de Risco 
● Residência em ambiente rural de área endêmica; 
● Identificação das atividades ocupacionais ligadas à exposição do 
solo; 
● Indivíduos do sexo masculino; 
21 
 
● Migração para áreas endêmicas. 
Formas de Infecção e o ciclo de vida do fungo. 
● A infecção é causada pela inalação de esporos do fungo, 
principalmente (Figura 8). O fungo tem o homem como hospedeiro 
final, mas outros animais, como tatu, gato, cães e cavalos também 
desenvolvem a doença. Alguns casos sugerem a possibilidade de 
infecção por traumas na derme. 
● A fase saprofítica ocorre no ambiente, enquanto a parasitária se dá 
em hospedeiro específico (Figura 9). Assim, filamentos de micelas 
crescem no solo e formam artroconídios. Então, são dispersos pelo ar, 
sendo possível a re-implantação no solo ou inalação por algum 
hospedeiro. Se inalado, é transformado em esférula no pulmão, essa 
esférula libera o endósporo, que se desenvolve em esférula 
novamente no tecido do hospedeiro. Não há transmissão de indivíduo 
para indivíduo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manifestações clínicas 
A CDM pode se manifestar como uma infecção respiratória aguda e 
autolimitada e progredir de maneira crônica e disseminada. O quadro 
abaixo exemplifica a classificação da doença de acordo com as 
manifestações clínicas. 
Classificação Sinais Clínicos Acometimento dos 
órgãos 
Pulmonar primária 
(maioria dos casos) 
Aguda 
Tosse, febre, dispneia, 
dor torácica e perda 
de peso. 
Autolimitada, < 2 
Reação alérgica devido 
à formação de 
imunocomplexo, exibindo 
sinais no corpo como 
erupção macular 
eritematosa, eritema 
 
Figura 10. Fonte: Modificade de Vaz et all., 1998 Figura 9. Fonte: infungicas.blogspot 
22 
 
meses 
Pode ser 
assintomática ou 
similar a alguma 
infecção do trato 
respiratório superior 
multiforme e eritema 
nodoso. (Figura 3, 4 e 5) 
Pulmonar progressiva 
(imunossuprimidos) 
Normalmente Crônica 
Dois meses ou mais 
Perda de peso, suores 
noturnos, fadiga 
muscular, hemoptise 
e tosse crônica. 
 
Lesões nodulares ou 
cavitárias, disseminação 
miliar pulmonar, além de 
denotar presenças 
clínicas e radiológicas 
inespecíficas. 
Disseminada 
(Pode acometer ossos, 
articulações, sistema 
nervoso central e o 
aparelho gênito-
urinário) 
Crônica quando não 
tratada corretamente 
ou tratada 
tardiamente. 
Mais comum em 
adultos 
imunossuprimidos – 
pacientes com AIDS, 
linfomas ou 
transplantados. 
Aparecimento de lesões 
cutâneas dispostas 
principalmente pela 
face, meningite, doença 
miliar óssea, abcesso dos 
tecidos moles, doenças 
de pele e infecção 
conjunta. 
Diagnóstico 
 
Figura 11. Eritema multiforme 
Fonte: Deus-filho et al. 2010 
Figura 12. Eritema nodoso 
Fonte: Deus-filho et al. 2010 
Figura 13. Eritema maculo-papular 
Fonte: Deus-filho et al. 2010 
23 
 
A CDM não é uma doença de notificação compulsória e ainda existem 
divergências literárias nas formas de manifestações pulmonares. Por ser uma 
doença endêmica em populações negligenciadas, falta apoio científico e 
político no combate a ela. Dessa forma, o quadro a seguir exemplifica os 
métodos diagnósticos utilizados para a infecção. 
Método diagnóstico Exemplos 
Laboratorial 
● Cultivo in vitro (padrão ouro): cultura (alto risco de 
contaminação). 
● Exame direto: Observações micromorfológicas dos 
espécimes por meio de um microscópio óptico (após a 
cultura). 
● Exame histopatológico: identificação do fungo na fase 
leveduriforme (realizado a partir de tecidos ou líquidos 
de biópsias de lesão tegumentar). 
Teste imunológico 
● Precipitação em tubo IgM: os anticorpos IgM são os que 
surgem primeiro, nas formas agudas primárias, esses 
serão precipitados. 
● Reação de fixação do complemento (FC) IgG: surgem 
tardiamente, nas formas mais progressivas do caso, 
esses serão fixados na reação. 
● Imunodifusão em gel de ágar (IMDF): também faz 
fixação IgM e IgG, diminui a chances de resultados 
falso-negativos (o mais utilizado). 
Identificação 
Molecular 
● PCR: depende de interpretação para revelar se o 
resultado positivo advém de um microrganismo viável 
ou de colonização transitória de uma infecção antiga. 
Avaliação cutânea 
● Intradermorreação: utilizam-se os antígenos esferulina e 
coccidioidina (pode continuar positivo após melhora e 
pode haver hipersensibilidade ao antígeno). 
Exames 
inespecíficos 
● Exame radiológico: revela lesões pulmonares, lesões 
nodulares, adenopatia do hilo, entre outros. 
Tratamento e Profilaxia 
Não possui vacina e não se recomenda quimioprofilaxia. São medidas 
de prevenção e controle a detecção de surtos e disponibilização do 
24 
 
tratamento adequado. Para trabalhadores suscetíveis, não existem medidas 
específicas, porém, umedecer campos de pouso, utilizar máscaras e instalar 
ar refrigerado nos veículos é recomendado. 
*Contradições podem ser encontradas em relação aos esquemas 
terapêuticos. 
Classificação Tratamento Posologia 
Pulmonar primária 
(Aguda) 
Drogas antifúngicas e cirurgia 
(para nódulos). 
1-Fluconazol é a droga de 
escolha. 
1- 400 mg/dia (3 a 6 
semanas, ou até a 
melhora). 
Pulmonar 
progressiva 
Pulmonar 
disseminada 
(inicialmente) 
Cirúrgico (para nódulos) 
1-Anfotericina B (Grave). 
2- Fluconazol (moderado, 
Imunossuprimidos). 
1- varia de 0,5mg a 3g (4 e 
12 semanas até a dose 
total). 
2-dose varia de 200 mg, 
400 mg até 1,2g. Podem 
ser usados de 6 a 12 meses 
ou por toda a vida 
dependendo do caso. 
 
Pulmonar 
disseminada 
 
Cirúrgico (para nódulos e 
osteomielite) 
1-Anfotericina B (Grave). 
2-Fluconazol (moderado, 
meníngea, imunossuprimidos). 
1- dose varia de 0,5mg a 
3g (4-12 sem.). 
2- dose varia de 200 mg, 
400 mg até 1,2g. Podem 
ser usados de 6 a 12 meses 
ou por toda a vida 
dependendo do caso. 
Critérios para interromper tratamento: remissão clínica e radiológica, com 
cicatrização das lesões; negativação ou diminuição dos títulos das provas 
sorológicas e negativação dos exames micológicos nos pacientes. 
Criptococose 
A criptococose é uma micose profunda, cosmopolita, causada por 
fungos do gênero Cryptococcus. Pelo fato de possuir caráter oportunista, ela 
se apresenta comumente em pacientes com imunodepressão. 
Etiologia 
Duas espécies são importantes na patologia humana, sendo elas a C. 
neoformans (Fig 1) e a C. gattii. O C. neoformans é a espécie mais comum, 
inclusive no Brasil, e também está associado à doença em imunossuprimidos, 
25sendo o principal agente presente em pacientes com AIDS (Síndrome da 
Imunodeficiência Adquirida). Por sua vez, o C. gattii é limitado às regiões 
tropical e subtropical e apresenta associação com a doença em 
imunocompetentes. Entretanto, apesar das diferenças epidemiológicas, as 
características da doença causada por essas espécies são as mesmas, bem 
como a sensibilidade à anfotericina B. 
O ciclo de vida do fungo possui uma fase 
sexuada e uma assexuada. Na fase sexuada 
ocorre reprodução após a conjugação de duas 
cepas compatíveis. Em seguida, como resultado 
da conjugação há a formação de células 
leveduriformes, responsáveis pela fase 
assexuada do ciclo. Essa última forma 
geralmente é encontrada na doença humana. 
Epidemiologia 
A criptococose é mais comum em 
homens, com cerca de 70% dos casos, e em adultos entre 30 e 60 anos, 
sendo rara em crianças. O patógeno é encontrado no mundo todo, estando 
presente em diversos tipos de solos, tecidos, secreções e excreções dos 
animais e do próprio homem. Pelo fato das fezes de pombos serem ricas em 
bases nitrogenadas, que atuam como nutriente para o fungo, tais aves são 
consideradas grandes disseminadoras da doença. Vale lembrar que 
raramente o pombo se infecta, devido sua temperatura corpórea elevada 
(42°C), que inibe o crescimento do criptococo. Não há contágio entre 
humanos, e a doença vem apresentando um aumento de casos pelo 
aumento de indivíduos imunossuprimidos. 
A associação à imunossupressão se dá pelo comprometimento da 
imunidade celular, e a patologia pode se apresentar em pacientes com 
linfomas, leucemias crônicas, diabetes, lúpus eritematoso sistêmico, 
sarcoidose, uso de corticoides, transplantes de órgãos e AIDS. Nos pacientes 
com AIDS, é considerada a terceira ou quarta infecção oportunista, em 
frequência e mortalidade. Em tais pacientes, 5 a 13% irão apresentar a 
doença, sendo que, nesses casos de coinfecção, a criptococose é incurável 
e requer terapêutica supressiva antifúngica. 
A mortalidade de tal patologia é alta, mesmo com tratamento 
correto, e, nos casos de cura, é comum a presença de sequelas 
neurológicas. A criptococose é a causa mais comum de morte entre os 
fungos que acometem pacientes com AIDS. 
Patogenia e patologia 
A infecção humana ocorre por meio da inalação de formas 
leveduriformes não encapsuladas ou com cápsula pouca espessa que 
acabam por atingir as vias respiratórias baixas. Sugere-se que a maior parte 
das infecções sejam subclínicas e a resistência natural humana ao 
Figura 14. Cryptococcus neoformans 
(1.100x). Preparação com tinta da 
China. 
Fonte: Focaccia, et al. 2015 
26 
 
criptococo faz com que o surgimento da infecção seja um importante sinal 
de imunossupressão. 
Na patogênese do fungo dois fatores são fundamentais: a virulência 
do fungo e a resposta imune do hospedeiro, principalmente a celular. Nesse 
sentido, o principal atributo de virulência do fungo é a cápsula composta 
por material mucopolissacarídeo (glicuronoxilomanose) que possui 
propriedades deletérias e antifagocitárias, permitindo a proliferação do 
fungo. Por outro lado, a produção de enzimas (fosfolipase e proteinase) é 
responsável por proteger o fungo dos radicais livres sintetizados pelas células 
efetoras do hospedeiro. 
Já a resposta imune do hospedeiro preservada é capaz de eliminar ou 
sequestrar o fungo, que pode permanecer latente no organismo. Alguns 
estudos demonstraram que a participação de interleucinas como as IL2, IL12, 
IL18 e interferon-y estão envolvidas na evolução favorável da doença. As 
células T auxiliares do tipo 1 (Th1) têm participação fundamental na defesa 
imunológica celular, podendo estar envolvidas no controle da infecção. A 
participação da imunidade humoral na defesa contra o criptococo é 
controversa. 
Outro ponto importante é que a infecção criptocóccica ativa uma 
resposta inflamatória mínima. Desse modo, as lesões orgânicas estão 
relacionadas com a duração da doença. Logo, as lesões mais recentes são 
de aspecto gelatinoso nodular (criptococomas) e as mais antigas, granuloso, 
e, embora possam ter necrose caseosa, dificilmente se observa cavitações. 
Os criptococomas ou granulomas se localizam principalmente na substância 
cinzenta periventricular, nos aquedutos e nos gânglios da base. 
Quadro clínico 
As principais formas da doença são a pulmonar e a do sistema nervoso 
central. Na forma pulmonar, o quadro clínico varia de casos assintomáticos a 
formas graves de disseminação local, provocando a síndrome do 
desconforto respiratório do adulto. 
• Principais sintomas da criptococose pulmonar: febre, tosse, 
expectoração, dor do tipo pleurítica, dispneia, emagrecimento e mais 
raramente hemoptise. 
o A criptococose pulmonar é mais comum em pacientes 
imunossuprimidos. Já em pacientes imunocompetentes, é 
possível a apresentação de uma forma pulmonar localizada, 
geralmente em forma de nódulo pulmonar isolado, com 
resolução espontânea, sem tratamento. 
• Principais sintomas da criptococose do SNC: cefaleia, febre, vômitos, 
alterações visuais, rigidez de nuca e outros sinais de irritação 
meníngea, podendo durar dias ou semanas. Quando a infecção 
acomete o encéfalo, outros sintomas podem surgir, como distúrbios 
visuais, e alterações mentais (confusão, distúrbios de personalidade e 
memória) com duração de semanas ou meses, e convulsões. 
27 
 
o A criptococose do SNC, principalmente meníngea, é a 
manifestação clínica mais frequente, representando cerca de 
70% dos casos. Pode apresentar início brusco ou insidioso. 
o O grande problema na meningite criptococócica é o aumento 
da pressão intracraniana (PIC), provavelmente relacionada com 
o bloqueio na reabsorção liquórica nas vilosidades aracnoides, 
pela presença do microrganismo, bem como seu polissacarídeo. 
• Principais sinais e sintomas da criptococose cutânea: apresenta 
diversas manifestações, desde pápulas, pústulas, abscessos e 
ulcerações de pele até nódulos e úlceras de mucosas. Entretanto, é 
importante ressaltar que raramente a doença se limita ao tegumento, 
sendo sempre necessária a investigação clínica e laboratorial 
sistêmica. 
Diagnóstico 
• Pesquisa do Cryptococcus neoformans a fresco ou após colorações 
especiais em material orgânico suspeito, como escarro, líquido 
cefalorraquidiano, sangue, fragmentos de tecidos obtidos por biópsia, 
lavado broncoalveolar e aspirados da medula óssea, gânglios ou 
tumorações. 
o A pesquisa negativa no líquor não exclui o diagnóstico. 
o O comprometimento frequente do SNC torna obrigatória a 
punção liquórica em doentes com criptococose. 
o Achados normalmente presentes no líquor: hipercelularidade 
com predomínio de leucócitos linfomononucleares, aumento de 
proteínas e diminuição não acentuada da glicorraquia. 
• Padrão ouro: cultura, também auxilia no acompanhamento do 
tratamento. 
• Recentemente a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) 
também começou a ser empregada no diagnóstico dessa doença. 
• Exames de imagem 
o Radiografia dos pulmões: pode-se observar desde um nódulo 
solitário até consolidações ou pneumonia intersticial extensa, e 
derrame pleural. 
o Ressonância magnética ou tomografia computadorizada de 
crânio: achados compatíveis com a normalidade ou alterações 
inespecíficas, como atrofia cortical, dilatação ventricular, realce 
difuso na leptomeninge, hidrocefalia, lesão parenquimatosa 
com efeito de massa, pseudocisto gelatinoso, edema cerebral e 
a dilatação dos espaços perivasculares geralmente estão 
associadas a complicações da doença. 
28 
 
Tratamento 
O tratamento da criptococose deve feito observando a apresentação 
clínica da doença, a presença e o tipo de imunossupressão e as drogas 
disponíveis. 
Em pacientes adultos infectados com o vírus HIV, na fase de indução, 
deve ser empregada anfotericina B deoxicolato(anfBd) (0,7 a 1,0 mg/kg/dia) 
associada a fluocitosina (100mg/kg/dia)ou anfBd associada ao 
fluconazol(800 mg/dia) por duas semanas. Na fase de consolidação, deve 
ser empregado o fluconazol (400 a 800mg/dia) por 8 semanas e na fase de 
manutenção secundária, o fluconazol (200 mg/dia) por período de tempo 
igual ou maior que um ano. 
Em pacientes receptores de órgãos transplantados, a diferença básica 
no esquema é que a fase de indução deve ser feita com anfotericina B 
lipossomal (anfBL) (3 a 4 mg/kg/dia) ou anfotericina B em formulação lipídica 
(ANLC) (5 mg/kg/dia) associada à fluocitosina (100 mg/kg/dia). 
Em pacientes não infectados com o vírus HIV e não receptores de 
órgãos transplantados, a fase de indução deve ser feita com anfBd (0,7 a 
1,0 mg/kg/dia) associada à fluocitosina (100 mg/kg/dia) por duas semanas, 
nos casos sem complicação neurológica e por seis semanas, nos casos com 
complicação neurológica. Na fase de consolidação deverá ser empregado 
o fluconazol (400 a 800 mg/dia) por oito semanas, e na fase de manutenção 
secundária o fluconazol (200 mg/dia) por período de tempo de 6 a 12 meses. 
Na fase de indução, há indicação de coleta de líquor, para exame 
quimiocitológico, pesquisa e cultura para fungos para avaliar a eficácia do 
tratamento. 
 
Figura 15. Tomografia de crânio (fase contrastada) de paciente com neurocriptococose e AIDS, 
apresentando lesão nodular na região nucleocapsular à direita, com realce anelar periférico. 
Fonte: Focaccia, et al. 2015. 
29 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
1. Dentre as alterações radiológicas do Rx de tórax, assinale a mais sugestiva 
de paracoccidioidomicose: 
a) Espessamento pleural. 
b) Adenomegalia hilar. 
c) Imagem do complexo primário. 
d) Infiltrado em “asa de borboleta”. 
2. (USP-RP, 2011) No diagnóstico clinico das infecções fúngicas sistêmicas, 
como Histoplasmose, criptococose e paracoccidioidomicose, têm 
importância as exposições prévias a, respectivamente: 
a) Papagaio , eucalipto, tatu. 
b) Galinha, cultivo de soja, gambá. 
c) Roedores, macaco, cana de açúcar. 
d) Morcego, pombo, cultivo de café. 
3. Homem, 42 anos, natural de Pirapora, MG, trabalhador rural, tabagista a 
28 anos e etilista a 30 anos. Comparece a consulta queixando-se de tosse 
produtiva com escarro de cor creme a 3 meses, dispneia e 
emagrecimento. Há cerca de 3 semanas vem apresentando dificuldade 
para alimentar-se devido a odinofagia além de perceber alteração na 
voz. Pesquisa de BAAR negativo. Ao exame clinico apresentava-se 
emagrecido, foram identificados presença de linfadenomegalias 
cervicais, lesão ulcerada no palato mole. Exame respiratório com leves 
crepitações em ambas as bases pulmonares. Rx de tórax apresentou 
infiltrado difuso com aspecto de asa de borboleta. Considerando o caso 
é correto afirmar que: 
a) O acometimento pulmonar e linfonodal sugeram sarcoidose como 
principal hipótese. 
b) A principal suspeita é paracoccidioidomicose e deve ser feito raspado 
da lesão ou aspirado de linfonodo para exame a fresco. 
c) O mais provável é que seja tuberculose, uma vez que a pesquisa de 
BAAR possui baixa sensibilidade. 
d) As principais impressões são de CA de pulmão e boca, ambos 
associados ao tabagismo. 
4. (Adaptada de UFPR – 2011) Paciente masculino de 40 anos é admitido ao 
hospital por anorexia, emagrecimento, sudorese noturna e febre há 3 
semanas. Hepatoesplenomegalia foi observada ao exame físico. 
Apresentava candidíase oral e o teste anti-HIV (Elisa) foi positivo. 
Hemograma apresentou 1.200 leucócitos/mm3 , hemoglobina 8,5 g/dl e 
80.000 plaquetas/mm3 . Na investigação da pancitopenia, biópsia de 
medula óssea revelou granulomas com a presença de pequenas 
leveduras. Considerando os dados apresentados, assinale a alternativa 
correta. 
a) Histoplasmose disseminada é o diagnóstico mais provável. Histoplasma 
capsulatum é um fungo dimórfico, isto é, existe na forma de levedura à 
30 
 
temperatura corpórea (37 °C) e como fungo filamentoso à 
temperatura ambiente (25 a 30 °C). 
b) A presença de emagrecimento, sudorese noturna e granulomas na 
medula óssea nesse paciente são característicos, quase um 
patognômico, de tuberculose disseminada. 
c) Provavelmente esse paciente apresenta candidíase disseminada, 
micose sistêmica mais frequente em pacientes com AIDS. 
d) Os diagnósticos mais prováveis desse caso são linfomas e leucemias. 
e) Fluconazol, itraconazol e, mais recentemente, caspofungina estão 
entre os agentes terapêuticos mais indicados nesse caso. 
5. Em relação as manifestações clínicas da histoplasmose, marque a 
alternativa incorreta: 
a) Forma pulmonar assintomática é a manifestação clínica mais comum, 
sendo que 1/3 dos pacientes podem evoluir com calcificações 
pulmonares assintomáticas. 
b) A histoplasmose pulmonar crônica é comum em indivíduos de meia 
idade, com quadros pulmonares crônicos prévios. A doença 
apresenta-se estável não ocorrendo evolução das lesões pulmonares. 
c) Histoplasmose disseminada aguda é a manifestação clínica mais 
grave, sendo comum em indivíduos com comprometimento de 
resposta imunológica Th1 e de produção de citocinas inflamatórias 
como IFN-γ e TNF-α. 
d) Na histoplasmose pulmonar crônica a lesão pulmonar, na maioria das 
vezes, se assemelha a da tuberculose pulmonar, sendo esta o principal 
diagnóstico diferencial a ser descartado. 
e) Na histoplasmose pulmonar aguda grave a radiografia de tórax 
evidência, normalmente, um infiltrado pulmonar reticulo-nodular difuso 
bilateral. 
6. Um homem com cinquenta e cinco anos de idade, procedente do 
estado do Mato grosso, onde trabalhava como agricultor, relatou 
dispneia progressiva, iniciada havia cinco meses, associada à tosse 
pouco produtiva, com escarro amarelado. O paciente relatou tabagismo 
de 40 maços/ano. A radiografia do tórax mostrou opacidades peri-hilares 
bilaterais com certa simetria, tipo retículo-nodular, que ocupavam 
campos pulmonares médios e inferiores, além de uma pequena lesão 
cavitária em ápice direito. Em análise microscópica de secreção 
pulmonar identificou-se células leveduriformes circundadas por halo 
incolor dentro de fagócitos. Qual o diagnóstico mais provável e qual a 
conduta terapêutica adequada? 
a) Tuberculose pulmonar. Iniciar rifampicina, isoniazida, pirazinamida e 
etambutol. 
b) Paracoccidioidomicose. Iniciar Itraconazol 200 mg 1x/dia por 1 ano. 
c) Histoplasmose. Iniciar Itraconazol 200 mg 1x/dia por no mínimo 1 ano. 
31 
 
d) Pneumonia por germe típico. Iniciar azitromicina 500 mg VO 1x/dia por 
5 dias ou levofloxacino 500 mg VO 1x/dia por 7 dias, podendo estender 
o tratamento até 10 dias. 
e) Pneumonia por germe atípico. Iniciar levofloxacino 500 mg VO 1x/dia 
por 7-10 dias, podendo estender o tratamento até 14 dias. 
7. Assinale a alternativa que contemple apenas fatores que tornam a 
Coccidioidomicose ainda um problema de saúde pública, uma doença 
limitada cientificamente e com poucas políticas públicas de detecção, 
tratamento e prevenção. 
1. Coccidioidomicose não é endêmica em nenhum Estado do Brasil. 
2. Coccidioidomicose é uma doença causada por um agente 
extremamente mutável e por isso não é possível estudos mais 
aprofundados no assunto. 
3. Coccidioidomicose busca regiões com climas desérticos e semi-
árido, no Brasil é endêmica em Estados da região Nordeste, mais 
comum em homens que trabalham com o solo na região, 
indivíduos economicamente mais vulneráveis, por esse motivo a 
falta de atenção. 
4. Coccidioidomicose ou Paracoccidioidomicose é uma doença 
negligenciada por estar ligada a pessoas que vivem em regiões 
ribeirinhas. 
5. Coccidioidomicose é uma doença que atinge povos 
negligenciados em várias regiões da América do Norte, Central e 
do Sul. 
6. Coccidioidomicose pode ser prevenida com o uso de EPI, no 
entanto pode ser economicamente inviável para agricultores 
familiares. 
a) 1, 2, 3 
b) 2, 3, 4 
c) 3, 4, 5 
d) 3, 5, 6 
e) 1, 4, 5 
8. A forma do Coccidioides immitis quepossui maior probabilidade de 
alcançar os brônquios por ter formato denominado de “barril” é: 
a) Artroconídios. 
b) Micélio. 
c) Endósporos. 
d) Hifas. 
e) Esférulas. 
9. Assinale a alternativa incorreta: 
a) As lesões cutâneas podem estar presentes nas três fases da 
coccidioidomicose. 
b) Perda de peso é um sinal clínico sugestivo de coccidioidomicose 
c) Anfotericina B pode ser administrada por via intravenosa. 
32 
 
d) Uma medida preventiva é o uso de óculos e luvas, o uso da máscara é 
opcional e um fator de risco é a migração para áreas endêmicas. 
e) Pessoas diagnosticadas com a coccidioidomicose precisam ficar em 
isolamento para não contaminar outras pessoas. 
10. A criptococose é uma micose sistêmica causada por fungos do gênero 
Cryptococcus. Possui caráter oportunista, sendo uma importante 
entidade nosológica em pacientes imunossuprimidos. Acerca de tal 
patologia, é correto afirmar: 
a) Acomete principalmente mulheres entre 30 e 60 anos, sendo rara em 
crianças. 
b) O ciclo de vida do fungo possui uma fase sexuada e uma assexuada, 
sendo que o microrganismo na fase sexuada é o responsável pela 
infecção humana. 
c) A criptococose cutânea é a mais comum, ocorrendo muitas vezes na 
ausência de um quadro sistêmico. 
d) O papel da resposta imune celular é descrito no controle da infecção, 
enquanto o papel da resposta imune humoral ainda permanece 
controverso. 
11. G.B.H., 35 anos, masculino, se apresenta na Unidade de Pronto 
Atendimento do Hospital Universitário Júlio Muller apresentando cefaleia, 
febre e vômitos com início há 2 dias. Apresenta histórico de tabagismo (40 
maços-ano) e utilização de drogas endovenosas há 20 anos. Além disso, 
é HIV+ com diagnóstico há 10 anos, porém nunca fez utilização de 
terapia antirretroviral (TARV). Trabalha como zelador e possui contato 
diário com fezes de pombos. No exame físico apresenta sinal de Brudzinski 
e sinal de Kernig positivos. Foi solicitada avaliação do líquor do paciente. 
Considerando a principal hipótese diagnóstica, as alterações liquóricas 
geralmente encontradas são: 
a) Hipercelularidade com predomínio de neutrófilos, aumento de 
proteínas e diminuição não acentuada da glicorraquia. 
b) Hipercelularidade com predomínio de leucócitos linfomononucleares, 
aumento de proteínas e elevação acentuada da glicorraquia. 
c) Hipercelularidade com predomínio de leucócitos linfomononucleares, 
aumento de proteínas e diminuição não acentuada da glicorraquia. 
d) Hipercelularidade com predomínio de neutrófilos, diminuição de 
proteínas e diminuição não acentuada da glicorraquia. 
12. E.M.C.E, 40 anos, feminino, portadora de lúpus eritematoso sistêmico, em 
tratamento de nefrite lúpica com altas doses de corticosteroides. Se 
apresenta no serviço de atendimento com febre, dispneia, tosse, 
expectoração e dor do tipo pleurítica. Após solicitação dos exames 
adequados foi diagnosticada portando criptococose pulmonar. Acerca 
de tal patologia, assinale a alternativa incorreta: 
33 
 
a) Duas espécies de Cryptococcus, o C. neoformans e o C. gatti, causam 
a maioria dos casos de criptococose em humanos. 
b) A mortalidade da criptococose é alta, mesmo com tratamento 
correto, porém, a presença de sequelas neurológicas após o 
tratamento é rara. 
c) Os principais fatores de virulência do Cryptococcus são a cápsula 
mucopolissacarídeo e a produção de enzimas, como a fosfolipase e a 
proteinase. 
d) A criptococose é a causa mais comum de morte entre os fungos que 
acometem pacientes com AIDS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
GABARITO 
1. D. A disseminação linfática, através do fluxo retrogrado da linfa, dos hilos pulmonares 
até a periferia do parênquima pulmonar, pode justificar a imagem radiológica no 
padrão “asa de borboleta” nos pacientes com a forma crônica da doença. 
2. D. O Histoplasma capsulatum é encontrado em solos ácidos e úmidos ricos 
em compostos nitrogenados, e particularmente em solos enriquecidos com fezes de 
aves e morcegos. A criptococose é causada pelo fungo Cryptococcus 
neoformans ou pelo Cryptococcus gattii, frequentemente encontrados em detritos 
de pombos. Paracoccidoides brasiliensis e Paracoccidioides lutzii são os fungos 
causadores da paracoccidioidomicose e costuma estar presente nos solos úmidos e 
restos de vegetais das áreas rurais. 
3. B. A PMC acomete principalmente indivíduos do sexo masculino, entre 30 e 60 anos. 
A semiologia pulmonar não costuma apresentar achados expressivos e, com 
frequência, apresenta-se sem alterações. Já a função pulmonar frequentemente 
revela-se comprometida, o que justifica os poucos achados no exame físico 
pulmonar, apesar da dispneia. Além do envolvimento pulmonar, a PMC pode causar 
lesões tegumentares e laríngeas (tosse, dispneia, expectoração mucopurulenta, 
lesões ulceradas de pele e de mucosa da naso-orofaringe, odinofagia, disfagia e dis-
fonia). O padrão ouro para o diagnóstico de PCM é o encontro de elementos 
fúngicos sugestivos de Paracoccidioides spp em exame a fresco de escarro ou outro 
espécime clínico (raspado de lesão, aspirado de linfonodos) e/ou fragmento de 
biópsia de órgãos supostamente acometidos. 
4. A. A histoplasmose disseminada acomete principalmente imunossuprimidos e 
crianças menores de 12 anos. Pode manifestar-se com tosse, dispneia importante, 
febre elevada, adinamia, emagrecimento, linfadenomegalia, 
hepatoesplenomegalia e pancitopenia. É frequente a associação da histoplasmose 
com outras doenças oportunistas em um paciente com AIDS, como tuberculose, 
candidíase, pneumocistose e toxoplasmose. 
5. B. A histoplasmose pulmonar crônica é comum em indivíduos de meia idade com 
quadros pulmonares crônicos prévios. No entanto, a lesão pulmonar pode aumentar 
com o tempo, podendo evoluir bilateralmente e cursar com insuficiência respiratória 
levando o paciente ao óbito. Além disso, facilita complicações como infecções 
bacterianas e pneumotórax. 
6. C. O Histoplasma capsulatum no exame microscópico apresenta-se como células 
leveduriformes circundadas por halo incolor dentro de fagócitos. O tratamento da 
forma crônica pulmonar é realizado inicialmente com Itraconazol 200 mg 1x/dia por 
no mínimo um ano, podendo ser estendido até dois anos. Em casos mais graves 
pode-se associar Anfotericina B. 
7. D. A coccidioidomicose atinge em maior número populações negligenciadas, por 
isso, ainda é um problema de saúde pública em alguns Estados do Brasil. Além disso, 
falta interesse no estudo para a formulação de ações eficazes contra o fungo. 
8. A. A forma é a dos artroconídios, estruturas que possuem aparência de barril, 
medindo cerca de 2-4μm por 3-6µm de diâmetro. Por causa do formato e de outros 
fatores, essa forma do Coccidioides immitis tem uma maior probabilidade de chegar 
aos brônquios. 
9. D. Uma medida preventiva essencial é o uso da máscara, já que a inalação é o 
modo de contágio. 
10. D. A criptococose é mais comum em homens, o que invalida a alternativa A. O 
fungo na fase assexuada é responsável pela infecção humana, o que invalida a 
alternativa B. A criptococose do sistema nervoso central, principalmente meníngea, 
é a manifestação clínica mais frequente, representando cerca de 70% dos casos, 
35 
 
além disso, a criptococose cutânea geralmente é acompanhada de um quadro 
sistêmico, o que invalida a alternativa C. 
11. C. Devido à epidemiologia do paciente com contato com pombos, o estado de 
imunossupressão apresentado e o quadro clínico característico, a hipótese mais 
provável é a meningite criptocócica. Nesse caso, as alterações liquóricas mais 
encontradas são hipercelularidade com predomínio de leucócitos 
linfomononucleares, aumento de proteínas e diminuição não acentuada da 
glicorraquia. 
12. B. A alternativa errada da questão é a B, pois além da mortalidade de tal patologia 
ser alta, ainda é comum a presença de sequelas neurológicas.As outras alternativas 
estão corretas e são autoexplicativas. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Brasília, 2018. 
 
Deus Filho A; Deus ACB ; Meneses AO; Soares AS; Lira ALA. Manifestações 
cutâneo-mucosas da coccidioidomicose: estudo de trinta casos 
procedentes dos estados do piauí e maranhão. Anais Brasileiros de 
Dermatologia, [s.l.], v. 85, n. 1, p. 45-51, fev. 2010. 
 
FOCACCIA R, VERONESI R. Veronesi: tratado de infectologia. In: Veronesi: 
tratado de infectologia. 2005. p. [1649]-[1659]. 
 
Salomão R. Infectologia: Bases clínicas e tratamento / Reinaldo Salomão - 1. 
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Santos CCB. Coccidioidomicose no Brasil: uma revisão de literatura. 2019. 61 
f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Ciências Biológicas) – 
Unidade Acadêmica de Serra Talhada, Universidade Federal Rural de 
Pernambuco, Serra Talhada, 2019. 
 
Silva GLF. Situação evolutiva da coccidioidomicose no Brasil. 2018. 54 f. 
Monografia (Graduação em Biomedicina) - Curso de Biomedicina, Centro 
de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2018. 
Turissini DA, Gomez OM, Teixeira MM, Mc Ewen JG, Matute DR. Species 
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Biology. 2017.

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