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Disciplina de Análises Toxicológicas TOXICOLOGIA OCUPACIONAL AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A AGENTES QUÍMICOS Prof. Dr. GUILHERME LUZ EMERICK SINOP-MT “The objective of the occupational toxicologist is to prevent adverse health effects in workers that arise from exposures in their work environment.” (Peter S. Thorne). 22/02/2021 2 • Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (Paracelsus), 1493-1541 • 1567- Primeira monografia dedicada a doenças ocupacionais de trabalhadores de minas e fundição. • Detalhada descrição de sintomas de exposição a metais HISTÓRICO 22/02/2021 3 Bernardino Ramazzini, 1633-1714 Pai da medicina ocupacional 1700- De Morbis Artificum Diatriba Considerado a obra clássica mais importante de doenças ocupacionais 22/02/2021 4 GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 5 DOENÇAS OCUPACIONAIS NO BRASIL (POR REGIÃO) 1. Conceitos Toxicologia: estudo dos efeitos adversos de agentes químicos ou físicos nos organismos vivos. Toxicologistas: são treinados para examinar e comunicar a natureza dos efeitos nos humanos, animais e ambiente. Avaliação de risco: Análise quantitativa dos possíveis efeitos na saúde humana e no ambiente causados pelos vários tipos de exposição. GUILHERME L. EMERICK 7 1. Conceitos Agente tóxico/toxicante/xenobiótico: substância química que, interagindo com um organismo, produz um efeito nocivo. Toxicidade: potencial que as substâncias químicas possuem, em maior ou menor grau, de exercer um efeito nocivo. Periculosidade (relação com risco): probabilidade da substância entrar no organismo e atingir o sítio de ação e provocar o efeito a uma determinada concentração. Intoxicação: Conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma ação tóxica proveniente da interação de um agente tóxico em um organismo vivo. Toxina: Substância natural (biotoxina) que provoca efeitos tóxicos. A toxicologia ocupacional é uma área da toxicologia, voltada para o estudo dos efeitos adversos das substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho. GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 8 O que são riscos? A palavra risco deriva do italiano antigo risicare, que por sua vez origina-se do baixo-latim risicu, riscu, a qual significa "ousar" (BERNSTEIN,1997). , Seu significado gera controvérsias, pois é muito comum a utilização dos vocábulos risco e perigo como sinônimos. Risco Real - é o estatisticamente medido e calculado, caso se disponha de todos os dados que conduzem a ocorrência de determinado evento indesejado. Também é denominado risco objetivo. Algumas pessoas apresentam maiores riscos de desenvolver doenças respiratórias do que outras. O tráfego urbano (fonte de perigo) representa uma ameaça a elas, pois quando expostas continuamente a poluição intensa (perigo), podem apresentar asma ou bronquite. Risco Percebido - é o percebido pelo indivíduo, independente ou não dos valores encontrados pela análise científica. Fonte de Perigo - Partindo da definição estabelecida no OXFORD (1995), “é algo que pode ser perigoso ou provocar danos, ou o que pode expor alguém ao perigo”, ou ainda, segundo REJDA (1995), uma condição que gera ou aumenta a possibilidade de riscos. GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 9 Categorias de compostos tóxicos Asfixiantes: compostos que diminuem a absorção de oxigênio pelo organismo. (nitrogênio, monóxido de carbono, cianetos); Irritantes: materiais que causam inflamação nas membranas mucosas (ácido sulfúrico, sulfeto de hidrogênio, HCs aromáticos); Carcinogênicos: provocam câncer (benzeno, aromáticos policíclicos); Neurotóxicos: danos ao sistema nervoso (compostos organometálicos, organofosforados); Mutagênicos: causam mutações genéticas; Teratogênicos: provocam malformações congênitas; Hepatotóxicos: danos ao fígado (tetracloreto de carbono); GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 10 • Na maioria das vezes é muito difícil relacionar a doença do trabalhador e o trabalho. 1)Manifestações clínicas de doenças ocupacionais são pouco específicas; 2) Existe um período de latência entre a exposição e o aparecimento da doença; 3) Manifestação da doença depende de fatores ligados ao toxicante e ao indivíduo. TOXICOLOGIA OCUPACIONAL GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 11 2. Processo de Exposição ➢ A simples existência de uma fonte de perigo também não se constitui, obrigatoriamente, em um risco. É necessário que haja um processo de exposição, voluntário ou não, à fonte de perigo. ➢ A dose é definida como a quantidade de agente tóxico que atinge o tecido alvo ao longo de um período de tempo definido. Condições de exposição • Exposições crônicas- São as que duram entre 10% a 100% do período de vida do ser. Para os seres humanos entre 7 e 70 anos. • Exposições subcrônicas – São aquelas de curta duração, menores do que 10% do período vital. • Exposições agudas.- São exposições de um dia ou menos e que ocorrem em um único evento. GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 12 GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 13 FATORES QUE INFLUENCIAM A DOSE A absorção de hidrocortisona através do arco plantar dos pés é 1/25 menor do que no calcanhar e menor de 1/300 através da pele escrotal. GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 14 4. Interações entre substâncias A exposição simultânea a várias substâncias pode alterar uma série de fatores (absorção, ligação protéica, metabolização e excreção)que influem na toxicidade de cada uma delas em separado. Assim, a resposta final a tóxicos combinados pode ser maior ou menor que a soma dos efeitos de cada um deles, podendo-se ter: Efeito Aditivo - efeito final igual à soma dos efeitos de cada um dos agentes envolvidos; Efeito Sinérgico - efeito maior que a soma dos efeitos de cada agente em separado; Potencialização - o efeito de um agente é aumentado quando em combinação com outro agente; Antagonismo - o efeito de um agente é diminuído, inativado ou eliminado quando se combina com outro agente. GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 15 Curva dose x resposta Casarett and Doull’s Toxicology: the Basic Science of Poisons, 7th ed., 2007. pp. 107-128. • Estudos de campo, como por exemplo, estudos epidemiológicos relacionando as doenças provocadas (resposta) pela variação de concentração de poluentes (dose); • Procedimentos experimentais controlados. • Exposições não ocupacionais podem confundir e o toxicologista deve estar atento. 16 • Um dos papéis do toxicologista é contribuir no processo de determinação dos TLVs; • Existem limites de exposição para agentes químicos, físicos e biológicos; • Limites ocupacionais são estabelecidos pelas agências regulatórias ou pelos manuais propostos por pesquisadores; • Nos EUA: Occupational Safety and Health Administration (OSHA); • No Brasil: NRs do MT. GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 17 1) Limite de tolerância-Concentração média ponderada pelo tempo (TLV-TWA - time-weighted average): Concentração média ponderada pelo tempo para uma jornada de trabalho de 8h/dia e 40h/semana a qual quase todos os trabalhadores podem se expor, continuamente, sem que apareçam efeitos nocivos a saúde (Estes limites são geralmente aplicados aos agentes tóxicos que exercem os seus efeitos ao longo de grandes períodos). 2) Limite de tolerância-Concentração teto (TLV-C): Concentração do agente químico no ambiente de trabalho que não pode ser ultrapassada em nenhum momento (Estes limites são geralmente aplicados aos agentes tóxicos que causam efeitos agudos, por exemplo, asfixia ou irritação sensorial potente). GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 18 3) Limite de tolerância-limite de concentração para exposição de curta duração (TLV-STEL - short-term exposure limit): Concentração do agente químico na atmosfera de trabalho à qual os indivíduos podem estar expostos por um curto período de tempo, sem sofrer irritação, alterações de tecidos crônicas ou irreversíveis ou narcose em grau suficiente para aumentar o risco de acidente, reduzir a eficiênciano trabalho ou impedir o auto-salvamento. Exposição no máximo 15 min de duração, 4 vezes ao dia (intervalo de 60 min entre exposições sucessivas no valor limite). GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 19 P.C.M.S.O- Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (NR-7) (monitoramento biológico, IBMPs) • Deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores. • Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na execução do PCMSO, podendo os mesmos ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. • Compete ao empregador: custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados ao PCMSO; Legislação Brasileira para saúde ocupacional GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 20 NR7 NC = Momento de amostragem "não crítico": pode ser feita em qualquer dia e horário, desde que o trabalhador esteja em trabalho contínuo nas últimas 4 (quatro) semanas sem afastamento maior que 4 (quatro) dias; SC = Além de mostrar uma exposição excessiva, o indicador biológico tem também significado clínico ou toxicológico próprio, ou seja, pode indicar doença, estar associado a um efeito ou uma disfunção do sistema biológico avaliado; Ellman, (1961) GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 21 P.P.R.A - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (NR- 9) (monitoramento ambiental, LTs): - Esta NR estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 22 NR 6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL • Para os fins de aplicação desta NR, considera-se Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho. • O EPI, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego. • A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento. 22/02/2021 23 Metais (chumbo, mercúrio, arsênio, cádmio, níquel, crômio) Solventes (benzeno, tolueno, hexanos, cetonas) Vapores (CO2, SO2, CO) Praguicidas (Organofosforados, Carbamatos) Silicatos PRINCIPAIS TOXICANTES ENCONTRADOS NO AMBIENTE DE TRABALHO GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 24 -Tumores -Sangue e dos órgãos hematopoéticos -Endócrinas, nutricionais e metabólicas -Transtornos mentais e do comportamento -Sistema nervoso -Olho e anexos -Doenças do ouvido (cisplatina e neomicina) -Sistema circulatório -Sistema respiratório -Sistema digestivo -Pele e do tecido subcutâneo -Sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo -Sistema gênito-urinário OMS – DOENÇAS OCUPACIONAIS GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 25 DOENÇAS OCUPACIONAIS RESPIRATÓRIAS • Devido à via inalatória ser a via de exposição mais comum em ambiente ocupacional, muitas doenças afetam os pulmões e vias aéreas; • Asbestos e sílica são os principais agentes envolvidos (causam doenças que incapacitam os indivíduos). • Não existem (até o momento) marcadores seletivos de rotina para se avaliar a exposição ocupacional. • Ambos induzem a formação de espécies reativas de oxigênio. GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 26 22/02/2021 27 Mais de 6.0 milhões expostos só no Brasil -4 milhões em construção civil -500 mil em mineração e garimpos -2 milhões em industrias de transformação de minerais, metalurgia, cerâmicas, etc.. Na Africa do Sul só uma empresa de mineração subterrânea emprega 350 mil funcionários. Cerca de 31% apresentam silicose. Occupational Safety and Health Adminisitration (OSHA) - 59.000 de cada 1 milhão de trabalhadores expostos à sílica desenvolverão alguma doença pulmonar. Exposição ocupacional à sílica GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 28 Doenças Causadas por Inalantes GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 29 GUILHERME L. EMERICK22/02/2021 30 22/02/2021 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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