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Inflamação- Parte II PADRÕES MORFOLÓGICOS DA INFLAMAÇÃO AGUDA ❏ Inflamação Serosa É marcada pelo extravasamento de fluido aquoso pobre em proteína, com poucas células nos espaços criados pela lesão celular ou em cavidades corporais revestidas pelo peritônio, pleura e pericárdio. Em cavidades corporais, o fluido pode ser derivado do plasma (como resultado do aumento da permeabilidade vascular) ou das secreções de células mesoteliais (como resultado de irritação local); o acúmulo de fluidos nessas cavidades é chamado de efusão. (As efusões também ocorrem em condições não inflamatórias, como, por exemplo, na redução do efluxo sanguíneo na hipótese de insuficiência cardíaca, ou em níveis reduzidos de proteínas plasmáticas de certas doenças renais e hepáticas. A bolha na pele resultante de uma queimadura ou infecção viral representa acúmulo de fluido seroso, dentro ou imediatamente abaixo da epiderme). ❏ Inflamação Fibrinosa Com maior aumento na permeabilidade vascular, grandes moléculas, tais como fibrinogênio, passam para fora do vaso, e a fibrina é formada e depositada no espaço extracelular. Um exsudato fibrinoso se desenvolve quando ocorrem grandes extravasamentos ou na presença de um estímulo pró-coagulante local (p. ex., células neoplásicas). O exsudato fibrinoso é característico de inflamação no revestimento das cavidades do corpo, tais como meninges, pericárdio e pleura. Histologicamente, a fibrina se assemelha a uma rede de fios eosinofílica ou, algumas vezes, a um coágulo amorfo. Os exsudatos fibrinosos podem ser dissolvidos pela fibrinólise e removidos pelos macrófagos. Quando a fibrina não é removida, ao longo do tempo ela pode estimular o crescimento dos fibroblastos e vasos sanguíneos e, então, levar à cicatriz. A conversão do exsudato fibrinoso em tecido cicatrizado (organização) dentro do saco pericárdico produz um espessamento fibroso opaco do pericárdio e do epicárdio na área de exsudação e, se a fibrose é extensa, ocorre obliteração do espaço pericárdico. ❏ Inflamação Purulenta (Supurativa) e formação de abscesso A inflamação purulenta é caracterizada pela produção de pus, um exsudato constituído por neutrófilos, resíduos liquefeitos de células necróticas e fluido de edema. A causa mais frequente da inflamação purulenta (também chamada supurativa) é a infecção por bactérias que causam a necrose por liquefação de tecidos, como os estafilococos; esses patógenos são chamados de bactérias piogênicas (produtoras de pus). Um exemplo comum de inflamação supurativa aguda é a apendicite aguda. Abscessos são coleções localizadas de tecido inflamatório purulento, causados por supuração mantida em um tecido, um órgão ou um espaço confinado. São produzidos pela inoculação de bactérias piogênicas dentro de um tecido. Os abscessos têm uma região central que se parece com uma massa de leucócitos necróticos e células teciduais. Em geral, existe uma zona de neutrófilos preservados em torno desse foco necrótico e, fora dessa região, podem ocorrer dilatação vascular e proliferação parenquimatosa e fibroblástica, indicando inflamação crônica e reparo. Em tempo, o abscesso pode tornar-se confinado por cápsula e, finalmente, ser substituído por tecido conjuntivo. ❏ Úlceras Uma úlcera é um defeito local ou escavação da superfície de um órgão ou tecido, que é produzida por perda (desprendimento) de tecido necrótico inflamado. A úlcera pode ocorrer somente quando a necrose do tecido e a inflamação resultante existem na superfície ou em suas proximidades. É mais comumente encontrada (1) na mucosa da boca, estômago, intestinos ou trato genitourinário e (2) na pele e no tecido subcutâneo das extremidades inferiores em pessoas mais velhas com distúrbios circulatórios que predispõem a uma extensa necrose isquêmica. INFLAMAÇÃO CRÔNICA A inflamação crônica é a inflamação de duração prolongada (semanas ou meses) em que a inflamação, a lesão tecidual e as tentativas de reparo coexistem em variadas combinações. Ela sucede a inflamação aguda, ou pode se iniciar insidiosamente (silenciosa), como uma resposta de baixo grau e latente, sem nenhuma manifestação prévia de uma reação aguda. Características morfológicas: ● Infiltração com células mononucleares, que incluem macrófagos, linfócitos e plasmócitos. ● Destruição tecidual, induzida pelo agente agressor persistente ou pelas células inflamatórias. ● Tentativas de reparo pela substituição do tecido danificado por tecido conjuntivo, realizadas pela proliferação de pequenos vasos sanguíneos (angiogênese) e, em particular, fibrose. Causas: 1. Infecções persistentes por microrganismos que são difíceis de eliminar, tais como micobactérias e certos vírus, fungos e parasitas. Esses organismos frequentemente estimulam uma reação imunológica chamada de hipersensibilidade do tipo tardia. Algumas vezes, a resposta inflamatória tem um padrão específico chamado de reação granulomatosa (ver adiante). Em outros casos, uma inflamação aguda não resolvida pode progredir para uma inflamação crônica, como ocorre na infecção bacteriana aguda pulmonar, que evolui para um abscesso crônico. ❏ Sífilis É uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária). Nos estágios primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. A sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, ou para a criança durante a gestação ou parto (sífilis congênita). Sinais e sintomas: Sífilis primária ● Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias. ● Normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. Sífilis secundária ● Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. ● Pode ocorrer manchas no corpo (exantema) (2 a 4 semanas), que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias. ● Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça, ínguas pelo corpo. Sífilis latente – fase assintomática ● Não aparecem sinais ou sintomas. ● É dividida em sífilislatente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção). ● A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária. Sífilis terciária ● Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção. ● Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte. Sífilis congênita É uma doença transmitida para criança durante a gestação (transmissão vertical). São complicações da doença: aborto espontâneo, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e/ou morte ao nascer. Diagnóstico- FTA ABS ( teste de imunofluorescência para confirmar o diagnóstico de sífilis usando anticorpos específicos contra a bactéria Treponema pallidum). Tratamento- Penicilina benzatina. 2. Doenças de hipersensibilidade: A inflamação crônica desempenha papel relevante no grupo de doenças que são causadas pela ativação excessiva ou inapropriada do sistema imunológico. Sob certas circunstâncias, as reações imunológicas se desenvolvem contra os tecidos do próprio indivíduo, levando às doenças autoimunes. ❏ Psoríase Doença relacionada ao sistema imunológico, às interações com o meio ambiente e à suscetibilidade genética. Acredita-se que ela se desenvolve quando os linfócitos T liberam substâncias inflamatórias e formadoras de vasos. Iniciam-se, então, respostas imunológicas que incluem dilatação dos vasos sanguíneos da pele e infiltração da pele com células de defesa chamadas neutrófilos, como as células da pele estão sendo atacadas, sua produção também aumenta, levando a uma rapidez do seu ciclo evolutivo, com consequente grande produção de escamas devido à imaturidade das células. Esse ciclo faz com que ambas as células mortas não consigam ser eliminadas eficientemente, formando manchas espessas e escamosas na pele. 3. Exposição prolongada a agentes potencialmente tóxicos, tanto exógenos quanto endógenos. Um exemplo de agente exógeno é a partícula de sílica, um material inanimado não degradável que, quando inalado por períodos prolongados, resulta em uma doença inflamatória pulmonar chamada silicose, que geralmente não tem cura, com tratamento somente sintomático. CÉLULAS E MEDIADORES DA INFLAMAÇÃO CRÔNICA ❏ Macrófagos As células dominantes na maioria das reações inflamatórias crônicas são os macrófagos, que contribuem com a reação ao secretar citocinas e fatores de crescimento que agem em várias células, destruindo invasores estranhos e tecidos, bem como ativando outras células, em especial os linfócitos T. Os macrófagos são células teciduais derivadas de células-tronco hematopoiéticas na medula óssea, bem como de células progenitoras no saco vitelino embrionário e no fígado do feto durante o desenvolvimento inicial. As células circulantes dessa linhagem são conhecidas como monócitos. Os macrófagos estão normalmente espalhados de maneira difusa na maioria dos tecidos conjuntivos. Além disso, são encontrados em locais específicos, em órgãos como fígado (onde são chamados de células de Kupffer), baço e linfonodos (chamados de histiócitos sinusais), sistema nervoso central (micróglias) e pulmões (macrófagos alveolares). Juntas, essas células compõem o sistema fagocitário mononuclear, também conhecido pelo nome mais antigo (e incorreto) de sistema reticuloendotelial. Progenitores comprometidos na medula óssea dão origem aos monócitos, que entram no sangue, migram para o interior de vários tecidos e se diferenciam em macrófagos. A meia-vida dos monócitos sanguíneos é de cerca de 1 dia, enquanto a vida dos macrófagos teciduais é de vários meses ou anos. Nas reações inflamatórias, os monócitos começam a migrar para dentro dos tecidos extravasculares de forma bem rápida e, no intervalo de 48 horas, podem constituir o tipo celular predominante. O extravasamento dos monócitos é regido pelos mesmos fatores envolvidos na emigração dos neutrófilos; ou seja, as moléculas de adesão e os mediadores químicos com propriedades quimiotáticas e de ativação. Há duas vias principais de ativação dos macrófagos, chamadas de clássica e alternativa. ● A ativação clássica dos macrófagos pode ser induzida por produtos microbianos como a endotoxina, que se liga aos TLRs e outros sensores; pelos sinais derivados de células T, com destaque para a importância da citocina IFN-γ, nas respostas imunológicas; ou por substâncias estranhas incluindo cristais e partículas. Os macrófagos classicamente ativados (também chamados de M1) produzem NO e ERO, além de suprarregular as enzimas lisossômicas, resultando no aumento da habilidade de eliminar organismos ingeridos e secretar citocinas que estimulam a inflamação. ● A ativação alternativa dos macrófagos é induzida por outras citocinas além do IFN-γ, tais como a IL-4 e a IL-13, produzidas pelos linfócitos T e por outras células. Esses macrófagos não são ativamente microbicidas, e as citocinas podem inibir a via clássica de ativação; em vez disso, a principal função dos macrófagos (M2) ativados de maneira alternativa consiste em atuar no reparo tecidual. Eles secretam fatores de crescimento que promovem a angiogênese, ativam os fibroblastos e estimulam a síntese de colágeno. Parece plausível que, em resposta à maioria dos estímulos lesivos, a primeira via de ativação seja a clássica, projetada para destruir os agentes agressores, seguindo-se, então, a ativação alternativa, que dá início ao reparo tecidual. No entanto, essa sequência tão precisa não é bem documentada na maioria das reações inflamatórias. ESTÍMULOS LESIVOS -> MACRÓFAGOS ATIVADOS -> VIA CLÁSSICA (ELIMINAM O AGRESSOR) OU VIA ALTERNATIVA (INICIA O REPARO). Os produtos dos macrófagos ativados eliminam os agentes lesivos da mesma forma que fazem os microrganismos e o início do processo de reparo, mas também são responsáveis por grande parte da lesão tecidual na inflamação crônica. Várias funções dos macrófagos são vitais para o desenvolvimento e a persistência da inflamação crônica e da lesão tecidual que a acompanha. ● Os macrófagos, como o outro tipo de fagócito, os neutrófilos, ingerem e eliminam os microrganismos e os tecidos mortos. ● Os macrófagos iniciam o processo de reparo tecidual e estão envolvidos na formação de cicatrizes e fibrose. ● Os macrófagos secretam mediadores da inflamação, tais como as citocinas (TNF, IL-1,quimiocinas e outras, e eicosanóides). Dessa forma, os macrófagos são essenciais para a iniciação e a propagação das reações inflamatórias. ● Os macrófagos apresentam antígenos para os linfócitos T e respondem a sinais das células T, configurando, dessa forma, uma cadeia de retroalimentação que é essencial para a defesa contra muitos microrganismos por respostas imunológicas mediadas por células. *Célula gigante- Fusão de vários macrófagos. é uma massa de vários núcleos formada a partir da união de macrófagos, que muitas vezes formam granulomas. *Células epitelióides: São macrófagos modificados por ação de linfocinas secretadas. ❏ Linfócitos Produzidos na medula óssea a partir de células precursoras, tem 3 tipos: linfócito T, B e natural killer. Os microrganismos e outros antígenos do ambiente ativam os linfócitos T e B, o que amplifica e propaga a inflamação crônica. Embora a função principal desses linfócitos seja a de mediadores da imunidade adaptativa, que fornece defesa contra patógenos infecciosos, essas células estão frequentemente presentes na inflamação crônica. Quando são ativadas, a inflamação tende a ser persistente e grave. Reconhecem moléculas de organismos e/ou partículas estranhas em agentes infecciosos e combatem-nas através da resposta citotóxica mediada por células ou por resposta humoral produzindo imunoglobulinas. Os linfócitos T e B (efetor e memória) estimulados pelos antígenos usam vários pares de moléculas de adesão (selectinas, integrinas e seus ligantes) e quimiocinas para migrar para os locais de inflamação. As citocinas dos macrófagos ativados, principalmente TNF, IL-1 e quimiocinas, promovem o recrutamento de leucócitos, preparando o campo para a persistência da resposta inflamatória. ● Linfocitose: Aumento no número de linfócitos no sangue. Em adultos, a linfocitose absoluta está presente quando a contagem absoluta de linfócitos é maior que 4.000 por microlitro. ● Linfopenia: Diminuição no número de linfócitos no sangue. Em adultos, a linfopenia absoluta está presente quando a contagem absoluta de linfócitos é menor que 1500 por microlitro. Pode ser por conta do HIV (T), deficiência anticorpo (B). ❏ Eosinófilos Os eosinófilos são abundantes nas reações imunológicas mediadas por IgE e em infecções parasitárias. Os eosinófilos têm grânulos contendo a proteína básica principal, uma proteína altamente catiônica que é tóxica para parasitas, mas também causa lise das células epiteliais dos mamíferos. Por isso os eosinófilos são benéficos ao controle das infecções parasitárias, mas também contribuem para o dano tecidual nas reações imunológicas, como, por exemplo, alergias. ❏ Plasmócitos Os plasmócitos são células diferenciadas a partir dos linfócitos B e especializadas na produção de anticorpos. O processo de diferenciação dos plasmócitos envolve alterações morfológicas e, principalmente, alterações na expressão gênica, afim de promover a síntese dos anticorpos. Além disso o processo de diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos envolve um período de grande proliferação celular. Tais alterações, eventualmente, podem acarretar em mutações gênicas e, consequentemente, no desenvolvimento de neoplasias malignas de plasmócitos. ❏ Mastócitos Amplamente distribuídos no tecido conjuntivo. Participam da inflamação aguda e crônica. Expressam receptores que se ligam a IgE. Nessa interação os mastócitos desgranulam e liberam mediadores como histamina e produtos do ácido araquidônico. ❏ Neutrófilos Embora os neutrófilos sejam característicos da inflamação aguda, muitas formas de inflamação crônica que duram por meses continuam a mostrar grandes números de neutrófilos, induzidos tanto por microrganismos persistentes quanto por mediadores produzidos pelos macrófagos ativados e linfócitos T. ● Gengivite e Periodontite ● Hepatites Inflamação do fígado. Pode ser causada por vírus ou pelos medicamentos, álcool e outras drogas, assim como doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. Em muitos casos não há nenhum sintoma e isso aumenta os riscos da infecção vir a evoluir. Sinais e sintomas: ● Febre; ● Fraqueza; ● Mal-estar; ● Dor abdominal; ● Enjoo/náuseas; ● Vômitos; ● Perda de apetite; ● Urina escura (cor de café); ● Icterícia (olhos e pele amarelados); ● Fezes esbranquiçadas (como massa de vidraceiro). Cirrose é a cicatrização do fígado resultante de doença hepática crônica (a longo prazo). O tecido de fígado normal é substituído por tecido cicatricial. As causas mais comuns da cirrose são: alcoolismo, vírus da hepatite B e C e doença gordurosa do fígado. Visualiza-se fibrose e formação de nódulos que bloqueiam. O fígado processa mais de 90% do consumo de álcool, o resto é eliminado pela urina, suor e respiração.
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