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livro 2 2ª serie

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Prévia do material em texto

ENSINO 
MÉDIO
2asérie MANUAL DO PROFESSOR
GeografiaO Sistema de Ensino pH apresenta um material capaz de 
auxiliar o aluno a enxergar os caminhos que ele poderá 
seguir, possibilitando que, ao final do Ensino Médio, ele 
tenha desenvolvido um pensamento crítico para atuar 
como cidadão, enfrentar os desafios da sociedade e 
obter excelentes resultados no Enem e nos demais 
vestibulares do Brasil.
2Caderno
295764
526257217
CAPAS_PH_GEO_PROF_C2-EM2.indd 2 02/09/16 13:41
Geografia
Manual do Professor
Aluísio de Araújo Costa Júnior
Cláudio Ribeiro Falcão 
Luiz Antônio Duarte
pH_EM2_C2_001a004_IN_Geo_MP.indd 1 02/09/16 10:04
Uma publicação
Sistema de ensino pH : ensino médio : caderno 1 a 4 :
 humanas, 2ª série : professor. -- 1. ed. --
 São Paulo : SOMOS Sistemas de Ensino, 2017.
 Vários autores. 
 Conteúdo: Língua portuguesa I -- Redação -- 
História -- Geografia.
 1. Geografia (Ensino médio) 2. História (Ensino
médio) 3. Livros-texto (Ensino médio) 4. Português
(Ensino médio) 5. Português - Redação (Ensino médio)
I. Hormes, Raphael. II. Caldas, Marcelo. III. Vieira,
Igor. IV. Júnior, Aluísio.
16-01961 CDD-373.19
Índices para catálogo sistemático:
1. Ensino integrado: Livros-texto: Ensino médio 373.19
2017
ISBN 978 85 468 0426-9 (PR)
Código da obra 526257217 
1ª edição
1ª impressão
Impressão e acabamento
Direção de inovação e conteúdo: Guilherme Luz
Direção executiva de integração: Rafaela de Escobar Khouri
Direção editorial: Renata Mascarenhas, Luiz Tonolli e Lidiane Olo
Gerência editorial: Bárbara Muneratti de Souza
Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Coordenação pedagógica e gestão de projeto: Fabrício 
Cortezi de Abreu Moura
Gestão de projeto editorial: Camila Amaral Souza
Desenvolvimento pedagógico: Filipe Couto
Revisão pedagógica: Ribamar Monteiro
Fluxo de produção: Fabiana Manna, Daniela Carvalho e 
Paula Godo
Gestão de área: Alice Silvestre e Camila De Pieri Fernandes 
(Linguagens), Wagner Nicaretta e Cláudia Winterstein (Ciências Humanas)
Edição: Caroline Zanelli Martins (Língua Portuguesa e Redação), 
Cíntia Leitão (Língua Portuguesa e Redação), Eduardo Akio Shoji (Línguas 
Estrangeiras e Arte), Carla Rafaela Monteiro (História), 
Elena Judensnaider (Geografia)
Revisão: Hélia Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni (coord.), Ana 
Curci, Célia da Silva Carvalho, Cesar G. Sacramento, Danielle 
Modesto, Lilian Miyoko Kumai, Luciana Batista de Azevedo, 
Luís Maurício Boa Nova, Marília Lima, Marina Saraiva, Maura 
Loria, Patrícia Travanca, Paula Teixeira de Jesus, Tayra Alfonso, 
Rosângela Muricy, Vanessa Lucena, Vanessa de Paula Santos
Edição de arte: Daniela Amaral (coord.), Catherine Saori 
Ishihara, Daniel Hisashi Aoki
Diagramação: Casa de Tipos, Fábio Cavalcante, 
Luiza Massucato, Renato Akira dos Santos
Iconografia e licenciamento de texto: Sílvio Kligin (superv.), 
Denise Durand Kremer (coord.), Claudia Bertolazzi, Claudia 
Cristina Balista, Ellen Colombo Finta, Jad Silva, Karina Tengan, 
Sara Plaça (pesquisa iconográfica), Liliane Rodrigues, Thalita Corina 
da Silva (licenciamento de textos)
Tratamento de imagem: Cesar Wolf, Fernanda Crevin
Ilustrações: Casa de Tipos, Júlio Dian
Cartografia: Eric Fuzii, Alexandre Bueno
Capa: Gláucia Correa Koller
Foto de capa: Sanjatosi/Shutterstock
Projeto gráfico de miolo: Gláucia Correa Koller
 
Todos os direitos reservados por SOMOS 
Sistemas de Ensino S.A.
Rua Gibraltar, 368 – Santo Amaro
CEP: 04755-070 – São Paulo – SP
(0xx11) 3273-6000
© SOMOS Sistemas de Ensino S.A.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Créditos das imagens de abertura: Ciências Humanas: Marco Antonio 
Sá/Pulsar Imagens, Gleb Tarro/Shutterstock, João Prudente/Pulsar Imagens, 
Edson Grandisoli/Pulsar Imagens, Rubens Chaves/Pulsar Imagens, Tarker/ The 
Bridgeman Art Library/Keystone Brasil (História), Andre Dib/Pulsar Imagens 
(Geografia)
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Sumário 
geral
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS
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M
Ó
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A
FI
A
O espaço rural do 
Brasil
A expansão da 
produção industrial do 
Brasil redemocratizado
Relações de trabalho e 
de poder no meio rural 
brasileiro
Geografia da 
produção de energias 
convencionais no Brasil
Etapas da 
industrialização 
brasileira
Geografia da produção 
de energias renováveis 
no Brasil
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HABILIDADES E COMPETÊNCIAS
Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
 H1 – Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.
 H2 – Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.
 H3 – Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
 H4 – Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.
 H5 – Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.
Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações 
socioeconômicas e culturais de poder.
 H6 – Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.
 H7 – Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.
 H8 – Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem 
econômico-social.
 H9 – Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.
 H10 – Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade 
histórico-geográfica.
Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as 
aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
 H11 – Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.
 H12 – Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades.
 H13 – Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.
 H14 – Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica 
acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.
 H15 – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no 
desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
 H16 – Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.
 H17 – Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.
 H18 – Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações socioespaciais.
 H19 – Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.
 H20 – Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da 
democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
 H21 – Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social.
 H22 – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas.
 H23 – Analisar a importância dosvalores éticos na estruturação política das sociedades.
 H24 – Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades.
 H25 – Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social.
Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos 
históricos e geográficos.
 H26 – Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem.
 H27 – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos.
 H28 – Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos.
 H29 – Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações 
humanas.
 H30 – Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas.
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7
Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
•	Histórico da concentração fundiária brasileira e 
sua estrutura atual
•	Avanço da fronteira agrícola
•	 Impactos da modernização das relações de tra-
balho e das condições de produção agrícola
•	Agricultura alternativa (cultivos agroflorestais, 
orgânicos, unidades extrativistas)
•	Novas relações rural-urbano
•	H15 - Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, po-
líticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.
•	Compreender a concentração fundiária brasileira me-
diante seu processo histórico e as dinâmicas atuais.
•	 Identificar o papel da tecnologia nas práticas agrícolas.
•	Associar a expansão da fronteira agrícola aos proble-
mas ambientais no país.
•	Compreender as formas de associação e de relações 
de trabalho no campo brasileiro.
O espa•o rural do Brasil
INTRODUÇÃO
Concentração de terra cresce e latifúndios 
equivalem a quase três estados de Sergipe
Propriedades privadas no país saltaram de 238 milhões 
para 244 milhões de hectares
O Brasil registrou durante o primeiro governo da presi-
dente Dilma Rousseff um aumento de concentração de ter-
ras em grandes propriedades privadas de pelo menos 2,5%. 
Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma 
Agrária (Incra) revelam que, entre 2010 e 2014, seis milhões 
de hectares passaram para as mãos dos grandes proprietários 
– quase três vezes o estado de Sergipe. Segundo o Sistema 
Nacional de Cadastro Rural, as grandes propriedades priva-
das saltaram de 238 milhões para 244 milhões de hectares. 
A discussão sobre a concentração de terras no país pôs 
em polos opostos os novos ministros do Desenvolvimento 
Agrário, Patrus Ananias, e da Agricultura, Kátia Abreu. Em 
seu discurso de posse, Patrus disse que é preciso “derrubar 
as cercas dos latifúndios”, que, na opinião de Kátia, sequer 
existem mais.
Há 130 mil grandes imóveis rurais, que concentram 
47,23% de toda a área cadastrada no Incra. Para se ter uma 
ideia do que esse número representa, os 3,75 milhões de mi-
nifúndios (propriedades mínimas de terra) equivalem, soma-
dos, a quase um quinto disso: 10,2% da área total registrada. 
No governo Lula, de 2003 a 2010, o aumento das grandes 
propriedades, públicas e privadas, foi ainda maior do que na 
gestão de Dilma. Elas saltaram de 214,8 milhões, em 2003, 
para 318 milhões de hectares em 2010: aumento de 114 mi-
lhões de hectares [...].
Dados do Atlas da Terra Brasil 2015, feito pelo CNPq/
USP, mostram que 175,9 milhões de hectares são impro-
dutivos no Brasil. O conceito de produtividade da terra no 
país, explica o pesquisador Ariovaldo Umbelino de Oliveira, 
responsável pelo atlas, atende a critérios que, se atualizados, 
aumentariam ainda mais a faixa considerada improdutiva.
O índice de produtividade das propriedades agrícolas só 
foi calculado uma vez, em 1980. Desde então, foram reali-
zados quatro censos agropecuários, mas esse índice não foi 
atualizado. Assim, a medição de produtividade é feita com 
dados defasados. No caso da soja, ainda se considera produ-
tiva a propriedade em que são obtidos 1 200 quilos de soja 
por hectare. Caso houvesse uma atualização, levando-se em 
conta a evolução dos meios e das técnicas de produção, o 
índice de produtividade iria para 3 500 quilos por hectare. 
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Esse problema ocorre ainda no cálculo de produtividade de 
outras culturas [...].
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/brasil/concentracao-de-terra-cresce-latifundios- 
equivalem-quase-tres-estados-de-sergipe-15004053#ixzz3w8Uc6aPR>. 
Acesso em: 31 maio 2016. Adaptado.
É evidente no Brasil o perpetuamento de uma estru-
tura fundiária extremamente concentrada. A notícia acima 
nos ajuda a entender um pouco por que, mesmo dispon-
do de uma Constituição Federal que prevê a realização 
de uma reforma agrária, o status quo se mantém no país. 
Sabemos que a posse da terra representa concentração 
de poder desde os tempos coloniais e que, embora tudo 
indique que a realização de uma reforma agrária deva tra-
zer inúmeros benefícios (maior segurança alimentar, me-
nor desigualdade social, melhor distribuição de renda, 
aumento do consumo, geração de empregos, etc.) para a 
sociedade como um todo, incluindo seus mais diversos es-
tratos, um pequeno número de famílias detentoras desse 
poder e, consequentemente, donas de um forte braço na 
vida política é capaz de obstruir os caminhos para a rea-
lização da reforma. Assim, nota-se a reprodução de uma 
estrutura de poder baseada na posse da terra, que vem 
desde os tempos coloniais. 
Desde já é fundamental que os alunos comecem a en-
tender a questão agrária no Brasil como um conflito políti-
co e territorial. Por conta disso, o principal objetivo desse 
módulo é traçar um histórico da concentração fundiária no 
país ao longo dos séculos, que se agrava com as transfor-
mações técnicas e tecnológicas observadas no campo a 
partir da segunda metade do século XX, a chamada Re-
volução Verde. O módulo deve ser entendido como um 
alicerce para a compreensão do espaço rural brasileiro 
em maior plenitude, o que deverá ser possível ao final 
do estudo deste e do módulo subsequente (que tratará 
das relações de trabalho no campo, da importância dos 
movimentos sociais ligados ao espaço rural e, com maior 
especificidade, da influência do grupo ruralista no Estado 
brasileiro). 
ESTRATÉGIAS DE AULA
 AULA 1
Procure começar a aula referente ao módulo mos-
trando à turma que desde o período colonial, com a di-
visão do território em capitanias hereditárias (enormes 
faixas de terra doadas aos chamados fidalgos – nobres 
ligados à Coroa portuguesa), uma estrutura fundiária 
concentrada começou a se configurar. É importante escla-
recer que a posterior divisão das capitanias em sesmarias 
não representou uma desconstrução dessa estrutura fun-
diária. As sesmarias, embora fossem subdivisões das capi-
tanias hereditárias, também eram vastas porções de terra, 
oferecidas àqueles que supostamente tinham condições 
de elevar a produtividade das capitanias, fato que nem 
sempre se concretizou.
No século XIX, já em um período pós-independência, 
é assinada a Lei Eusébio de Queirós (1850), que aboliu o 
tráfico intercontinental de escravizados. Apenas quinze 
dias após a sua promulgação, ainda no mesmo ano, foi 
criada a chamada Lei de Terras, que estabeleceu apenas 
dois modos de acesso à terra: compra (mediante paga-
mento à vista) e herança.
A regulamentação dessa lei foi um ato extremamente 
conservador, pois dificultava o acesso à terra por parte 
da população mais pobre, sobretudo ex-escravizados e 
imigrantes – que chegavam cada vez em maior número, 
tendo em vista a diminuição considerável de escraviza-
dos com o advento da Lei Eusébio de Queirós e de ou-
tras leis abolicionistas da segunda metade do séculoXIX, 
até a Lei Áurea (1888). É interessante nesse momento 
estabelecer uma comparação com outra lei de proprie-
dade rural promulgada no mesmo período, porém nos 
Estados Unidos, o Homestead Act (1862). Ao contrário 
do que dispôs a Lei de Terras, a lei norte-americana de-
mocratizou o acesso à terra, estabelecendo as bases 
para uma estrutura fundiária menos concentradora nos 
Estados Unidos. 
Mais adiante, no século XX, uma tentativa de reforma 
agrária proposta pelo presidente João Goulart é aborta-
da pelo golpe civil-militar instaurado em 1964. A princípio, 
contraditoriamente, o mesmo governo militar que se opu-
sera ao projeto de reforma agrária, ainda no ano do golpe, 
lança a primeira lei de reforma agrária no Brasil, que ficou 
conhecida como Estatuto da Terra. Na prática, pouco resul-
tado se viu e a reforma agrária não saiu do papel.
Ao final da Aula 1, resolva com a turma a questão 1 da 
seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos 
que os alunos trabalhem os exercícios 3, 5 e 6 da seção 
Desenvolvendo habilidades.
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utili-
zação das questões da seção Aprofundando o conheci-
mento.
 AULA 2
É ainda na década de 1960 que temos no Brasil a che-
gada da Revolução Verde e também do capitalismo no 
campo brasileiro. A crescente venda de insumos (como 
fertilizantes químicos, agrotóxicos, maquinário agrícola, 
entre outros) promoveu a modernização técnica e tec-
nológica do nosso espaço rural, mas algo permaneceu 
como sempre fora antes: a estrutura fundiária. Na verda-
de, a concentração de terras se agravou, pois a tecnolo-
gia da Revolução Verde nunca esteve igualmente distri-
buída entre os proprietários de terras, mas sim disponível 
6
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para as parcelas capazes de pagar pela sua aquisição, 
grandes proprietários e empresas agrícolas. Os grupos 
mais capitalizados conseguiram a modernização técni-
ca e tecnológica e o aumento de produtividade graças 
a essas inovações. Vieram maiores lucros, capazes de 
permitir a aquisição de mais propriedades, dando início 
ao que chamamos de fagocitose rural. Essa é a chamada 
modernização conservadora. Mostre aos alunos que essa 
expressão contraditória reflete o processo igualmente 
contraditório vivido pelo campo brasileiro naquele mo-
mento: uma modernização técnica e tecnológica, acom-
panhada da manutenção de uma estrutura concentrada, 
já conhecida e cada vez mais agravada. 
Concomitantemente ao início dessa modernização 
conservadora, o Brasil passava por uma intensa indus-
trialização. É fundamental relacionar a todo instante as 
transformações ocorridas no espaço rural com aquelas 
do espaço urbano. Uma vez que o locus da indústria é 
essencialmente a cidade, esta passou a construir novos 
vínculos com o campo, visto que dela partem os insu-
mos, e é nela onde os produtos adquiridos do campo 
são transformados e recebem valor agregado. Em ge-
ral, a cidade é o local de onde partem os capitais na 
forma de crédito, onde se forma a mão de obra quali-
ficada (engenheiros agrônomos, técnicos, veterinários, 
etc.) e ainda onde o grande mercado consumidor dos 
produtos agrícolas reside. Passa-se a notar uma in-
tensa inter-relação dos diversos setores da economia, 
envolvendo a agropecuária, dando origem aos Com-
plexos Agroindustriais. Não restam dúvidas de que a 
Revolução Verde aumentou a dependência do campo 
em relação à cidade. Devemos nos lembrar de que as 
novas tecnologias que chegaram ao campo dispensa-
ram mão de obra rural, a qual passou a procurar na 
cidade, em muitos casos, uma nova ocupação – nem 
sempre encontrada.
Ao final da Aula 2, resolva com a turma as questões 2 e 
4 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugeri-
mos que os alunos trabalhem os exercícios 4 e 10 da seção 
Desenvolvendo habilidades.
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utiliza-
ção das questões da seção Aprofundando o conhecimento.
 I. AS RAÍZES DA CONCENTRAÇÃO FUNDIÁRIA 
NO BRASIL
 ➜ Capitanias hereditárias
•	 Garantir o território e produzir cana-de-açúcar
 ➜ Sesmarias
•	 Tamanho definido pela capacidade de produzir 
(número de escravizados)
 ➜ 1850: Lei de Terras
•	 Acesso à terra por compra ou herança
•	 Restringe o acesso às elites
 ➜ 1850: Lei Eusébio de Queirós
•	 Proibição do tráfico de africanos escravizados
•	 Tornam-se mão de obra barata
 ➜ 1963: ETR (Estatuto do Trabalhador Rural)
•	 Aplicação das leis trabalhistas no campo
•	 Mão de obra mais cara = mais desemprego rural
 ➜ 1964: Estatuto da Terra
•	 Criação do “módulo rural” + observação dos índi-
ces de produtividade
•	 Define bases jurídicas para a reforma agrária
Obs.: ETR + Estatuto da Terra = aproximação da so-
ciedade
•	 Esvaziamento dos movimentos de reforma agrária
 SUGESTÃO DE QUADRO
 II. IMPACTOS DA MODERNIZAÇÃO DO CAMPO
 ➜ 1960: Revolução Verde
•	 “Modernização conservadora”
•	 Forte êxodo rural 
•	 CAIs: Complexos Agroindustriais
– Integração intersetorial da economia envolvendo 
a agropecuária
– Exemplo:
PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO
Matéria-prima Máquinas Transporte
Alimento Insumos Crédito
Beneficiamento Distribuição
Processamento Comércio varejista
 III. EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA
 ➜ Em constante expansão desde o período colonial
 ➜ Anos 1960: Avanço do Sul do Brasil para o Centro- 
-Oeste
 ➜ Atualmente: sul e leste da Amazônia
Obs.: o avanço da fronteira agrícola implicou a de-
vastação de grande parte dos biomas brasileiros
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ATIVIDADE COMPLEMENTAR
A partir da utilização dos dados da tabela abaixo e 
com o auxílio de um software editor de planilhas de sua 
preferência, peça aos alunos que se organizem em grupos 
e criem gráficos de setores que mostrem:
I) A representação (incluindo os respectivos valores em 
porcentagem) das propriedades agropecuárias com me-
nos de 10 ha, entre 10 e 100 ha, entre 100 e 1000 ha e 
mais 1000 ha, em relação ao total de propriedades agro-
pecuárias existentes no Brasil, no ano de 2012.
II) Quanto de área cada grupo de estabelecimentos 
agropecuários mencionado na tabela possui (com valores 
percentuais bem evidenciados) em relação à área total de 
estabelecimentos agropecuários existente no Brasil, no 
ano de 2012.
Brasil: estrutura fundiária (2012)
Estrato de área 
(ha)
Número de 
imóveis
Área (ha)
Área média 
(ha)
Menos de 10 1 874 939 8 834 570,5 4,7
10 a 100 2 863 773 95 186 129,3 33,2
100 a 1 000 678 462 181 757 801,3 267,9
1 000 a 10 000 79 228 194 821 102,9 2 459,0
10 000 a 100 000 1 878 43 467 155,0 23 145,5
Mais de 100 000 225 81 320 987,5 361 426,6
TOTAL 5 498 505 605 387 746,5 110,1
FONTE: INCRA. Disponível em: <www.incra.gov.br/media/politica_fundiaria/ 
regularizacao_fundiaria/estatisitcas_cadastrais/imoveis_total_brasil.pdf>. 
Acesso em: 13 jul. 2016.
Nota: Sugerimos a utilização do software Open Office (gratuito), disponível para download no 
endereço: <www.openoffice.org/pt>. Acesso em: 12 jul. 2016.
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
LIVROS
BERTERO, J. F. Lutas & resistências. Londrina: Editora Lon-
drina, 2006.
BORGES, M. E. L. Representações do universo rural e luta 
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VALVERDE, O. A fazenda de café escravocrata no Brasil. 
Revista de Geografia, 1967.
 IV. NOVAS RELAÇÕES CAMPO-CIDADE
 ➜ Pós 1960: aumento da dependência do campo em 
relação à cidade
•	 Atividades oferecidas na cidade para o campo:
 – Crédito 
 – Produção de máquinas 
 – Beneficiamento e processamento dos produ-
tos agrícolas
 – Comercialização dos produtos agrícolas
 – Armazenamento e transporte 
 – Formação de mão de obra qualificada (agrônomos, 
veterinários, técnicos, etc.)
 – Prestação de consultoria financeira e agronômica
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Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/
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Disponível em: <www.incra.gov.br>. Acesso em: 12 jul. 2016.
Ministério da Agricultura 
Disponível em: <www.agricultura.gov.br>. Acesso em: 12 jul. 
2016.
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvol-
vimento Agrário 
Disponível em: <www.mda.gov.br>. Acesso em: 12 jul. 2016.
GABARITO COMENTADO
 PRATICANDO O APRENDIZADO
1. a. Como mencionado corretamente na alternativa a, 
a questão fundiária envolve aspectos sociais e pro-
dutivos; entretanto, ao longo da história tem per-
manecido inalterada a tendência à concentração. 
Estão incorretas as alternativas: b, c e d, porque, 
em razão da concentração fundiária, ou seja, do 
predomínio das grandes propriedades comerciais, 
posterga-se a inclusão social do trabalhador rural, 
reduz-se investimento e capacidade da agricultura 
familiar, e potencializa-se a degradação ambiental; 
e, porque a terra é uma mercadoria e, como tal, 
tem valor de mercado, o que impossibilita o aces-
so democrático a ela. 
2. b. O aluno deverá chegar à alternativa correta (b) 
pelo reconhecimento dos fatores responsáveis por 
uma maior produtividade, que englobam o uso de 
tecnologia (sementes, maquinário e insumos) e a 
aplicação da lógica empresarial, que subentende 
mão de obra assalariada. 
3. b. O Brasil, desde a sua ocupação pelos portugue-
ses, sofreu um processo de ocupação de terra em 
que poucos foram beneficiados. Começou com as 
capitanias hereditárias, Lei de terras (terras adqui-
ridas por meio de leilões), Estatuto das Terras (essa 
reforma, entretanto, não atendeu à grande massa 
de trabalhadores sem terra). Nos latifúndios foram 
priorizados os produtos para exportação (planta-
tions – cana, algodão, café, etc.). 
 Com o processo de globalização, os espaços 
agrários de países mais pobres passaram por 
mudanças, em que grandes grupos transnacio-
nais formaram complexos agroindustriais priori-
zando ainda mais o mercado externo (por exem-
plo, a soja). A formação desses novos espaços 
provocou desemprego, e a monocultura ocasio-
nou impactos ambientais negativos.
4. a. O agronegócio brasileiro sofreu expressiva mo-
dernização nos últimos anos, sendo relevante nas 
exportações de commodities e no abastecimento 
de matérias-primas para a indústria. Assim, os es-
tados do Centro-Oeste, do Sul, São Paulo e Minas 
Gerais são os mais integrados às cadeias produti-
vas e ao mercado externo. 
5. b. O sul do Pará, o norte do Tocantins e o sul do Ma-
ranhão configuram a região do Bico do Papagaio, 
uma das regiões mais violentas do país em assassi-
natos de ambientalistas, posseiros e sindicalistas. 
 DESENVOLVENDO HABILIDADES
1. e. Como mencionado corretamente na alternativa 
e, o processamento industrial sucroalcooleiro 
resulta na geração de resíduos. Estão incorretas 
as alternativas anteriores porque se referem à 
produção agrícola da cana e não a seu processa-
mento industrial. 
2. b. A alternativa a está incorreta porque a estimati-
va da safra corresponde a 163 milhões de tone-
ladas. A alternativa b está correta porque a safra 
de grãos atende tanto ao mercado externo como 
ao interno. A alternativa c está incorreta porque o 
território brasileiro apresenta condições naturais 
para a produção agropecuária, contudo, a região 
leste dos Estados Unidos corresponde às áreas 
montanhosas (Apalaches), sendo a região central 
(Planícies Centrais) a mais produtiva do país. A al-
ternativa d está incorreta porque a região Norte 
apresenta menor produção em relação a fatores 
como recente ocupação da fronteira, deficiência 
de infraestrutura, distância dos mercados consu-
midores. A ocupação e a expansão da fronteira 
agrícola a partir da década de 1970 contaram com 
amplo incentivo do governo federal. A alternati-
va e está incorreta, pois sabe-se que atualmente 
a fronteira agrícola está nas porções sul e leste da 
Amazônia, já tendo atingido estados da região 
Norte.
3. a. O sucesso do agronegócio brasileiro deve-se ao 
aumento de produtividade graças à mecanização, 
ao uso intensivo de insumos e fertilizantes, além 
da aplicação da biotecnologia. O setor articula 
a agropecuária à indústria, a exemplo da produ-
ção de açúcar refinado, etanol, suco de laranja, 
óleo de soja, café solúvel e produtos alimentícios 
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à base de frango e carne bovina. Assim, a pauta 
de exportações apresenta produtos básicos, mas 
também produtos semimanufaturados e manufa-
turados com maior valor agregado. Os principais 
produtos de exportação são produzidos em mé-
dias e grandes propriedades rurais. 
5. c. Levando em consideração a própria caracterização 
do agronegócio, pressupõe-se que haja a necessi-
dade de utilização de grandes extensões de terra 
– concentração de terras – e, com a mecanização 
da produção agrícola, o desemprego no campo. 
6. b. O agronegócio brasileiro é caracterizado por um 
contínuo processo de modernização, sobretudo 
pelo avanço da mecanização, da utilização de 
fertilizantes e da aplicação da biotecnologia. O 
crescimento da mecanização na cana-de-açúcar 
aumenta a demanda por empregos mais qualifica-
dos, a exemplo de tratoristas e agrônomos, porém 
reduz o número de trabalhadores com menor qua-
lificação, como os boias-frias. 
7. d. No Brasil, o avanço de alguns setores do agrone-
gócio nas últimas décadas favoreceu a concentra-
ção fundiária, a exemplo da produção de soja e de 
cana-de-açúcar. O país tornou-se grande exporta-
dor de alimentos, porém não resolveu problemas 
históricos, como a insuficiência de reforma agrária 
e os frequentes conflitos pela posse da terra que 
resultam em violência. 
8. e. O Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricul-
tura Familiar) foi criado em 1996 pelo governo 
FHC com o objetivo de promover o desenvolvi-
mento sustentável da agricultura familiar e, por-
tanto, como mencionado corretamente na alter-
nativa e, está associado à produção de suínos e 
leite. Estão incorretas as alternativas que indicam 
produtos do agronegócio como soja (em a), ar-
roz (em b), cana-de-açúcar (em c), algodão e aves 
(em d). 
9. c. Como mencionado corretamente na alternativa c, a 
agricultura orgânica é um processo comprometido 
com a organicidade e sanidade dos alimentos e, por-
tanto, não utiliza produtos químicos na produção, ou 
farta tecnologia. Estão incorretas as alternativas: a, 
porque o processo não utiliza muita tecnologia; b, 
porque não há utilização de produtos químicos e 
a produção é voltada ao mercado doméstico; d, 
porque a mão de obra é extensiva; e, porque não 
há utilização de muita tecnologia e a produção é 
voltada para o mercadodoméstico. 
10. a. A soja é o principal produto agrícola de exporta-
ção no Brasil. Sua expansão deve-se a políticas 
govenamentais de incentivo à migração de traba-
lhadores sulistas para zonas de fronteira agrícola 
(Centro-Oeste, parte do Nordeste e Norte) a partir 
da década de 1970, ao desenvolvimento da bio-
tecnologia para a agropecuária tropical (criação 
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
– Embrapa) e à concessão de crédito agrícola em 
bancos estatais. Por sua vez, a iniciativa privada 
teve papel fundamental, a exemplo dos inves-
timentos de médios e pequenos produtores na 
compra de terras, mecanização agrícola e utiliza-
ção de insumos (fertilizantes, agrotóxicos e cala-
gem para a correção da acidez do solo). 
 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
1. a. O agronegócio brasileiro apresenta alta produtivi-
dade devido à mecanização, ao uso da biotecno-
logia e à utilização de insumos (agrotóxicos e fer-
tilizantes). Desse modo, o Brasil tornou-se grande 
exportador de commodities agrícolas como soja, 
açúcar, café e suco de laranja. No Brasil, prevale-
cem as rodovias, modal de transporte de carga 
de alto custo. A Petrobras pesquisa e desenvolve 
biocombustíveis, a exemplo do biodiesel. Nos úl-
timos anos, o setor terciário (serviços, comércio 
e finanças) foi o que mais cresceu, sendo domi-
nante na geração de empregos e na composição 
do PIB brasileiro. Embora a pluriatividade tenha 
crescido no Brasil, não se pode dizer que ela tem 
causado crises de abastecimento de alimentos no 
país.
2. b. Como indicado corretamente na afirmativa b, 
a agricultura familiar é o cultivo da terra por pe-
quenos proprietários cuja mão de obra se apoia 
essencialmente no núcleo familiar, com produção 
policultora que atende ao mercado interno, como 
demonstrado na tabela. Estão incorretas as afirma-
tivas: a, porque, por absorver a força de trabalho, 
a agricultura familiar não é a principal motriz do 
êxodo rural; c, porque os produtos para exporta-
ção estão associados às grandes propriedades; 
d, porque a agricultura familiar está associada a 
pequenas propriedades; e, porque a latifundia-
rização decorre de vários processos, como o de 
modernização agrícola e, nesse caso, poderá ab-
sorver também a pequena propriedade. 
3. e. Como mencionado corretamente na alternativa e, o 
escoamento da produção de grãos do Centro-Oes-
te é feito pelo sistema de portos do Centro-Sul, em 
razão da deficiência na infraestrutura de transportes 
do restante do país. Estão incorretas as alternativas: 
a, porque o relevo da região não é acidentado; b, 
porque a questão discutida no enunciado é o es-
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coamento da produção e não o processo de cultivo; 
c, porque a produção é voltada ao mercado exter-
no; d, porque o escoamento não demanda somen-
te rodovias, mas também a estrutura intermodal e 
os portos. 
4. b. O avanço das frentes agropecuárias sobre o “Arco 
de Desmatamento” da Amazônia ocorre em razão 
da produção bovina e de lavouras, contudo, as in-
dicações do enunciado, como os elevados preços 
internacionais e o favorecimento do crédito agrí-
cola, remetem à lavoura de soja, como menciona-
do corretamente na alternativa b. Estão incorretas 
as demais alternativas porque não correspondem 
às referências do enunciado. 
5. a. Como mencionado corretamente na alternativa a, 
o Brasil se destaca por ocupar a posição de grande 
exportador de soja, embora também seja um gran-
de importador de trigo. Estão incorretas as alter-
nativas: b, porque o país tem grande parte de sua 
balança apoiada na exportação de produtos agrí-
colas; c, porque é exportador da produção sucroal-
cooleira; d, porque o agronegócio no país atende 
ao mercado externo; e, porque a produção para ex-
portação está associada às grandes propriedades. 
ANOTA‚ÍES
 
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Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
•	As atuais relações de trabalho no meio rural 
brasileiro
•	A atuação dos movimentos sociais na luta pela 
terra no Brasil
•	O poder político dos ruralistas no Brasil
•	H10 - Reconhecer a dinâmica da organização dos mo-
vimentos sociais e a importância da participação da 
coletividade na transformação da realidade histórico-
-geográfica. 
•	Problematizar as transformações nas relações de traba-
lho no campo brasileiro a partir dos anos 1960.
•	Avaliar os desdobramentos das disputas políticas bra-
sileiras no que diz respeito à questão agrária.
Relações de trabalho e de 
poder no meio rural brasileiro
12
INTRODUÇÃO
Código Florestal: segundo pesquisa Datafolha, 
79% dos brasileiros são contra perdão de multas a 
quem desmatou ilegalmente
Pesquisa Datafolha encomendada por ONGs ambien-
talistas sobre o que o brasileiro pensa sobre a reforma do 
Código Florestal aprovada na Câmara revela que 79% são 
contra o perdão de multas impostas a produtores rurais que 
desmataram ilegalmente. Perguntados se o novo texto deve-
ria anistiar de multa quem desmatou e desobrigar o infrator 
de recuperar a área degradada, apenas 5% dos entrevistados 
aceitaram essa possibilidade. O levantamento foi feito com 
1 286 pessoas maiores de 16 anos no campo e nas cidades 
entre os dias 3 e 7 de junho.
A pesquisa mostra que a maioria dos entrevistados dis-
corda do texto aprovado por ampla vantagem de votos dos 
deputados e que agora aguarda a aprovação dos senadores. 
Para 85%, a legislação deve priorizar a proteção das florestas 
e dos rios mesmo que isso prejudique a produção agropecuá-
ria. O levantamento mostra que mais da metade da popula-
ção (62%) tomou conhecimento da votação do último 24 de 
maio [de 2011], quando os deputados aprovaram o relatório 
de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e ainda a emenda 164, que au-
toriza a manutenção de atividades agropecuárias em áreas de 
preservação permanente (APPs).
A emenda classificada pela presidente Dilma Rousseff 
de “vergonhosa” também é rejeitada por 91% da população 
– 66% defendem que apenas as culturas que fixam o solo 
devem ser mantidas, e 25% são a favor de retirar todos os 
cultivos das APPs. Além disso, 77% acham que a discussão 
do código deve ser adiada para que a ciência possa se mani-
festar. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e 
a Academia Brasileira de Ciências pedem que o Congresso 
espere dois anos para que todos os estudos técnicos sejam 
feitos [...].
Disponível em: <http://oglobo.globo.com/politica/codigo-florestal-segundo-pesquisa- 
datafolha-79-dos-brasileiros-sao-contra-perdao-de-multas-quem-desmatou-ilegalmente- 
2876725#ixzz3wQfBEM90>. Acesso em: 31 maio 2016. Adaptado.
Fechando o estudo da geografia agrária do Brasil, 
iniciado no módulo anterior, o presente módulo procura 
elucidar os alunos das degradantes condições de trabalho 
encontradas ainda hoje no campo brasileiro, e mostrar um 
pouco do histórico de luta dos movimentos sociais pela 
tentativa de superação desses e de outros problemas do 
espaço rural brasileiro, sobretudo através da luta pela re-
forma agrária. Por outro lado, é notória a expressiva força 
dos ruralistas na vida pública nacional, capaz de influenciar 
decisões não apenas legislativas, mas também judiciárias 
e as de alçada do executivo. 
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Como os interesses de um pequeno grupo podem se 
sobrepor aos da maior parte da população? A pesquisa do 
Datafolha trazida na notícia anterior parece nos fornecer 
um exemplo de lei que contraria a opinião pública, ten-
do em vista que em 2012 foi aprovado o Novo Código 
Florestal. Entre outros aspectos favoráveis às pretensões 
da bancada ruralista no Congresso Nacional, foram anis-tiados desmatamentos ilegais no entorno de nascentes, 
permitida a recomposição de margens de rios e outras 
APPs (Áreas de Preservação Permanente) com vegetações 
como o eucalipto – cujas implicações ecológicas negativas 
são bastante conhecidas –, e diminuída a proteção em to-
pos de morros. No desenvolver das aulas deste módulo, é 
fundamental que o professor reforce um enfoque político, 
trazendo para a sala de aula discussões complementares 
aos objetos de conhecimento centrais dessa unidade, 
como os limites da nossa democracia representativa.
ESTRATÉGIAS DE AULA
 AULA 1
A primeira aula do módulo pode ser iniciada com 
uma exposição do histórico de luta por direitos por parte 
dos trabalhadores no Brasil. Mostre à turma que apenas 
na década de 1940 os empregados foram assegurados 
por lei de algumas conquistas, como 48 horas de jornada 
de trabalho, salário mínimo, férias anuais, entre outros 
benefícios trazidos na Consolidação das Leis Trabalhistas 
(CLT). Destaque que tais medidas só eram válidas para 
os trabalhadores urbanos; os milhares de camponeses 
brasileiros da época tiveram que esperar até 1963, ano 
em que assistimos à expansão das garantias trabalhis-
tas para o campo, por meio do Estatuto do Trabalhador 
Rural (ETR). 
A aplicação da CLT ao campo não levou em conside-
ração as particularidades das relações de trabalho ali já 
existentes e, assim, indiretamente implicou a deterioração 
delas, visto que encareceu a mão de obra e, consequen-
temente, estimulou a substituição de parceiros e arren-
datários pela figura do trabalhador temporário (boia-fria). 
Explique aos alunos no que consiste a parceria, incluindo 
quem é o chamado de meeiro (um exemplo de parceiro). 
Apresente, ainda, a definição de arrendatário, posseiro, 
grileiro e trabalhador temporário. Cabe nesse instante a 
explicação do papel exercido pelos gatos ou turmeiros, 
indivíduos que agenciam trabalhadores temporários. É 
importante frisar que os posseiros, parceiros e arrendatá-
rios não desapareceram do espaço rural brasileiro. Esses 
personagens continuam existindo ao lado de trabalhadores 
assalariados fixos e temporários.
Contraditoriamente, à medida que na década de 
1960 vemos o avanço do capitalismo no campo do país, 
também notamos o perpetuamento de relações de tra-
balho não capitalistas, como as apontadas – que, embora 
tenham diminuído, ainda fazem parte da nossa realida-
de –, e de condições de trabalho análogas à escravidão. 
Nesse instante cabe a explicação da chamada escravi-
dão por dívida. Diferentemente do escravo do século 
XIX, que representava um alto custo de aquisição e até 
de sustento para os seus proprietários, na escravidão por 
dívida o novo escravo (aliciado) quase não traz qualquer 
custo para o fazendeiro que o mantém preso. Isso explica 
a agilidade com que diversas vezes assassinatos são rea-
lizados por jagunços a mando de fazendeiros no campo 
brasileiro. Diferentemente dos dias atuais, no século XIX 
os fazendeiros pagavam caro pelos escravos e não os 
descartavam facilmente por conta do valor ali investido. 
Estaríamos vivendo uma outra escravidão, ainda mais 
cruel que aquela que durou até o século XIX?
Comente com a turma a situação dos pequenos 
proprietários de terra no Brasil, apresentando as carac-
terísticas da agricultura familiar e seu papel fundamen-
tal no abastecimento interno de alimentos. Demonstre 
que esses pequenos proprietários, na maioria das vezes, 
carecem de condições financeiras e técnicas para obter 
grandes rendimentos a partir das suas atividades. Atual-
mente, alternativas vêm surgindo no meio rural como 
possibilidades de geração de incrementos na renda des-
sas famílias: é o caso da organização em cooperativas, do 
trabalho com a agricultura orgânica (cujos produtos são 
mais caros) e da pluriatividade no campo – realização de 
atividades rurais não agrícolas, como turismo ecológico, 
hotel fazenda, pesque e pague, artesanato, pequenos 
comércios, etc. 
Embora a geração de renda complementar seja o prin-
cipal ponto positivo dessa pluriatividade, existem diversos 
casos em que a atividade não agrícola complementar foi 
capaz de gerar mais rendimentos que a atividade agrícola 
tradicionalmente desenvolvida, gerando o abandono des-
ta última. Notamos aqui um possível ponto negativo do 
crescimento da pluriatividade no campo: poderia ela gerar 
uma crise de abastecimento de alimentos em determina-
das áreas?
Ao final da Aula 1, resolva com a turma as questões 1, 2 
e 4 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugeri-
mos que os alunos trabalhem os exercícios das seções De-
senvolvendo habilidades, sobretudo as questões: 3, 4 e 9.
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a uti-
lização das questões da seção Aprofundando o conhe-
cimento.
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I. RELAÇÕES DE TRABALHO NO CAMPO
A) 1963: Estatuto do Trabalhador Rural
 ➜ Aplicação da CLT no campo
 ➜ Resultou na diminuição do número de:
•	 Colonos: trabalhadores a quem é concedida uma 
porção de terra do proprietário em troca do seu 
trabalho
•	 Arrendatários: trabalhadores que pagam uma es-
pécie de aluguel ao proprietário pelo uso da terra
•	 Parceiros: trabalhadores que pagam ao proprietário 
pelo uso da sua terra com parte da produção (Exem-
plo: meeiro)
 ➜ E no aumento do número de:
•	 Trabalhadores temporários (sazonais): não pos- 
suem carteira de trabalho assinada e são remune-
rado por tarefa ou período
Obs.: Escravidão por dívida
 ➜ Proprietários de terra aliciam trabalhadores para que 
estes se encontrem endividados e presos ao trabalho 
na expectativa de um dia conseguirem quitar suas 
dívidas
II. PEQUENOS PROPRIETÁRIOS DE TERRA
A) Agricultura familiar
 ➜ Produzem em pequenos ou médio lotes de terra
 ➜ Hortifrutigranjeiros
 SUGESTÃO DE QUADRO
 ➜ Mão de obra familiar
 ➜ Agricultura de subsistência
 ➜ Mercado interno
B) Pluriatividade no campo
 ➜ Atividades rurais não agrícolas
•	 Hotéis fazenda
•	 Pesque e pague
•	 Turismo ecológico
•	 Pequenos comércios
Obs.: A pluriatividade contribui para a geração de ren-
da complementar
III. MOVIMENTOS SOCIAIS DO CAMPO
 ➜ Principal agenda comum: reforma agrária
 ➜ Ligas Camponesas (1945)
 ➜ Contag (1964)
 ➜ Pastoral da Terra (1975)
 ➜ MST (1984)
IV. A BANCADA RURALISTA
 ➜ Deputados federais e senadores
 ➜ Defesa dos interesses dos latifundiários e empresá-
rios do agronegócio
 ➜ Novo Código Florestal (2012)
•	 Flexibilização de leis ambientais
•	 Aproxima-se dos interesses ruralistas
14
 AULA 2
Também é objeto deste módulo a atuação dos mo-
vimentos sociais rurais brasileiros. O assunto pode ser 
introduzido a partir de perguntas aos alunos que tragam 
para a discussão um pouco de como eles enxergam mo-
vimentos como o MST. É possível também pedir aos alu-
nos que pesquisem sobre as principais reivindicações 
do grupo e eventos notórios, de grande repercussão 
na mídia, envolvendo o movimento. Mostre que o MST, 
embora mais conhecido, não é o único movimento so-
cial contemporâneo que tem como principal causa a re-
forma agrária. Apresente outros exemplos, assim como 
seus antecessores.
Se, por um lado, movimentos sociais como o MST 
lutam pelos interesses de pequenos agricultores, extra-
tivistas, indígenas e outros diversos grupos, por outro, é 
na bancada ruralista do Congresso Nacional que se en-
contram os principais defensores do interesse do agrone-
gócio. Em 2015, com o resultado das últimas eleições, a 
bancada ruralista da Câmara dos Deputados se fortaleceu. 
Um levantamento inicial realizado pela Frente Parlamentar 
da Agropecuária (FPA) ao fim das eleições de 2014 apon-
tou que 263 deputados, de um total de 513, seriam liga-
dos ao setor, ou seja, mais da metade do número total 
de deputados (51%). Outros levantamentos apontam que 
esse número pode ser um pouco menor, porém ainda bas-
tante significativo.
Ao fim da Aula 2, resolva com a turma preferencial-
mente as questões 3 e 5 da seção Praticando o apren-
dizado. Paracasa, sugerimos que os alunos trabalhem os 
exercícios das seções Desenvolvendo habilidades, so-
bretudo as questões: 6, 7 e 10.
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a uti-
lização das questões da seção Aprofundando o conhe-
cimento.
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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
 SUGESTÃO I
Peça aos alunos que investiguem e apresentem em sala 
de aula os desdobramentos dos casos de assassinatos de 
líderes como o seringalista Chico Mendes e a missionária 
Dorothy Stang, que lutavam pelos direitos de pequenos 
agricultores e povos tradicionais da Amazônia. Como se 
deu a punição aos criminosos em cada caso? Procure mos-
trar à turma que a falta de rigor na aplicação de penalida-
des no Brasil colabora para a ocorrência de novos crimes.
 SUGESTÃO II
Estimule os alunos a pesquisar sobre os estados que 
mais apresentam mortes por conflitos rurais ou os maiores 
índices de violência no campo. Avaliem se é coerente rela-
cionar esses dados com a expansão do agronegócio para 
as mesmas áreas, sobretudo da agricultura empresarial e 
moderna, ou seja, latifúndios de monocultura voltados à 
exportação.
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
LIVROS
BERTERO, José Flavio. Lutas & resistências. Londrina: Edi-
tora Londrina, 2006.
BORGES, Maria Eliza Linhares. Representações do uni-
verso rural e luta pela reforma agrária no leste de Minas 
Gerais. São Paulo: Revista Brasileira de História, v. 24, 
n. 47, 2004.
FERNANDES, B. M.; STEDILE, J. P. Brava gente: a trajetó-
ria do MST e a luta pela terra no Brasil. São Paulo: Funda-
ção Perseu Abramo, 1999.
GRAZIANO DA SILVA, José (Coord.). Estrutura agrária e 
produção de subsistência na agricultura brasileira. São 
Paulo: Hucitec, 1978.
______. O que é questão agrária. São Paulo: Brasiliense, 
1988. (Coleção Primeiros Passos, 18.)
MESQUITA, Helena Angélica de. Espaço Agrário brasileiro: 
exclusão e inclusão social. Boletim Goiano de Geografia do 
Instituto de Estudos Socioambientais, 2008.
MULLER, Geraldo. Agricultura e industrialização do campo 
no Brasil. Revista Economia Política, v. 2/2, n. 6, 1982.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. A agricultura camponesa 
no Brasil. São Paulo: Contexto, 1991. (Coleção Caminhos 
da Geografia.)
PATARRA, Neide L. United Nations, The Deteminants and 
consequences of population trends, v. 1, 1973. 
PORTO-GONÇALVEZ, Carlos Walter. A globalização da 
natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Ci-
vilização Brasileira, 2006.
RUA et. al. Para ensinar Geografia. Rio de Janeiro: Access, 
1993.
SZMRECSÁNYI, TAMÁS. Nota sobre o complexo agroin-
dustrial e industrialização da agricultura no Brasil. Revista 
de Economia Política, v. 3, n. 2, 1983.
VALVERDE. Orlando. A Fazenda de café escravocrata no 
Brasil. Revista de Geografia, 1967.
SITES
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Disponível em: <www.mst.org.br>. Acesso em: 30 jun. 
2016.
Comissão Pastoral da Terra (CPT)
Disponível em: <www.cptnacional.org.br>. Acesso em: 30 
jun. 2016.
 
GABARITO COMENTADO
 PRATICANDO O APRENDIZADO
3. b. A concentração fundiária no Brasil é um processo 
que se caracteriza como herança histórica e cultu-
ral, remontando ao período colonial. A partir da 
década de 1960, o crescimento populacional e a 
falta de políticas públicas distributivas e de refor-
ma agrária agravaram os conflitos por posse de 
terra em todo o país, com auge na segunda me-
tade da década de 1980. A expansão do agrone-
gócio reflete-se no aumento da concentração de 
terras, aumentando a luta dos camponeses pela 
posse da terra.
 A alternativa a é falsa, no período os migrantes 
deslocam-se para as áreas urbanas.
 A alternativa c é falsa, a Comissão Pastoral da Terra 
apoiava movimentos de resistência e não de vio-
lência em relação a questões fundiárias.
 A alternativa d é falsa, as regiões Norte e Nordeste, 
em geral, praticam uma agricultura menos moderna.
 A alternativa e é falsa, não existe legislação federal 
sobre questões referentes a ocupação de terras. 
4. c. Como mencionado corretamente na alternativa c, 
o “novo rural” caracteriza-se pela expansão de 
atividades não agrícolas, como lazer, prestação 
de serviços e indústrias. Estão incorretas as al-
ternativas seguintes porque não correspondem 
à definição do enunciado.
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 DESENVOLVENDO HABILIDADES
1. d. Em países capitalistas, a população trabalhadora 
normalmente se localiza entre o capital e o Esta-
do. Para mediar o cada vez mais complexo diálogo 
entre as partes, surgiram organizações da socieda-
de civil como formas ordenadas e expressivas de 
apoio às demandas civis de quem não tem institui-
ções em defesa de seus interesses. Organizações 
não governamentais e grupos como a Pastoral da 
Terra, entre outras formas de auxílio, encaminham 
denúncias e promovem ações de conscientização 
e organização de trabalhadores.
 A alternativa a é falsa, não há esse tipo de acordo 
com proprietários de terra.
 A alternativa b é falsa, sociedades civis em áreas 
muito isoladas não conseguem esse nível de pe-
netração.
 A alternativa c é falsa, sociedades civis constitucio-
nalmente não substituem as autoridades policiais 
e judiciais na resolução de conflitos.
 A alternativa e é falsa, não se estruturam a essas fun-
ções de capacitação junto à administração pública. 
2. c. A modernização da agricultura ampliou a concen-
tração fundiária, que no Brasil tem origens colo-
niais, gerando dificuldades na empregabilidade 
e insegurança trabalhista (contratos, jornadas de 
trabalho reguladas, política salarial, entre outros 
aspectos).
3. a. O Brasil é talvez o único país do mundo que ainda 
não encerrou sua reforma agrária. A população rural 
migrou em massa para as cidades nos anos 1960-
-1980, e a década perdida (1980-1989) dificultou 
muito a agricultura familiar. Com a estabilização eco-
nômica, o produtor rural conseguiu planejar seus 
custos e ganhos. Mas, mesmo assim, o período de 
estabilidade econômica favoreceu o agronegócio, 
que iniciou um novo ciclo de concentração fundiária. 
As populações rurais de áreas mais afastadas criam 
estratégias de sobrevivência como os grileiros, que 
se apossam de terras alheias de modo ilegal.
5. d. Como mencionado corretamente na alternativa d, os 
trabalhadores descritos no texto são os boias-frias, 
mão de obra temporária empregada nos períodos 
de colheita ou corte de cana. Estão incorretas as 
alternativas: a, b e c porque, embora os conceitos 
citados estejam corretos, as categorias de trabalho 
indicadas não correspondem à descrição do texto; 
e, porque além de os posseiros não corresponderem 
à descrição do texto, eles não têm a posse legal da 
terra.
 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
1. a. Os grileiros [I] são latifundiários ou seus represen-
tantes que ampliam suas terras de modo ilegal por 
meio de títulos falsos de propriedades. A grilagem 
é um processo predominante na Amazônia Legal e 
está relacionada aos graves conflitos pela posse da 
terra e ao desmatamento ilegal. Os posseiros [II] são 
agricultores que ocupam pequenas áreas com sua 
família e produzem para subsistência. Não apresen-
tam título de posse, mas podem conquistá-lo com 
a lei de usucapião rural. Por vezes, são expulsos em 
processos de reintegração de posse perpetrados 
por fazendeiros ou pelo próprio governo no caso de 
terras devolutas, gerando episódios de violência.
ANOTA‚ÍES
 
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Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
•	Raízes históricas do processo de industrializa-
ção brasileira
•	Era Vargas e “Revolução Industrial brasileira”
•	Os anos JK para a indústria nacional
•	 Impactos do milagre econômico e da década 
perdida para a industrialização
•	H7 - Identificar os significados histórico-geográficos 
das relações de poder entreas nações.
•	H18 - Analisar diferentes processos de produção ou cir-
culação de riquezas e suas implicações socioespaciais.
•	Reconhecer a influência do contexto político e econô-
mico do século XIX e do início do XX para a industria-
lização brasileira.
•	Compreender o modelo de substituição de importações.
•	 Identificar as características das diferentes etapas da in-
dustrialização brasileira.
Etapas da industrialização 
brasileira
INTRODUÇÃO
Qual é a importância da indústria para a economia bra-
sileira? Quais são os setores industriais que mais se desta-
cam? Como se deu a industrialização do país até aqui? 
Que transformações ocorrem no parque industrial brasi-
leiro atualmente e quais são suas implicações socioespa-
ciais? Esses e outros questionamentos nos fazem perceber 
a importância de trazer para a sala de aula o debate acerca 
da industrialização brasileira, os diferentes modelos ado-
tados ao longo da história e seus reflexos em nossa vida. 
Para melhor compreensão da industrialização brasi-
leira por parte dos alunos, sugerimos relembrar alguns 
aspectos fundamentais das revoluções industriais vividas 
no mundo desenvolvido. É importante que eles estabele-
çam uma comparação e tenham em mente desde o início 
que o Brasil se industrializou tardiamente, em um proces-
so bastante acelerado e regionalmente desigual.
ESTRATÉGIAS DE AULA
 AULA 1
Com a chegada da corte portuguesa em 1808 ao Brasil 
e a elevação da colônia a Reino Unido de Portugal e Algar-
ves, chega ao fim também o pacto colonial e as primeiras 
indústrias ganham permissão para funcionar legalmente. 
Entretanto, as bases econômicas coloniais pautadas na pro-
dução e na exportação de bens primários, com utilização 
de mão de obra escravizada, perduraram, e assim continua-
ram existindo até mesmo em um período pós-independên-
cia. Sabe-se que essas bases eram verdadeiros empecilhos 
para qualquer empreendimento industrial. 
A inexistência de um mercado consumidor e a falta 
de incentivos dos diferentes governos que se sucede-
ram, fortemente influenciados por uma elite rural, não 
permitiam a arrancada industrial no Brasil. Como exem-
plo disso, lembre aos alunos que a tarifa Alves Branco de 
1844, que taxava seletivamente os produtos estrangei-
ros de acordo com sua disponibilidade ou não no país, 
em 1860 já fora revogada. Ainda, como pensar em um 
mercado consumidor interno motivando a industrializa-
ção se o país permanecia escravocrata? A Lei Eusébio 
de Queirós de 1850, ao proibir o tráfico intercontinental 
de escravizados, estimulou a vinda de imigrantes livres 
(alemães, italianos, mais adiante japoneses, entre outras 
nacionalidades) para o trabalho nas lavouras de café, 
substituindo a mão de obra escravizada, que passara a 
entrar em declínio. Nesse sentido, podemos entender 
que a lei colaborou para que se formasse um peque-
no mercado consumidor, muito pobre e restrito. Mostre 
aos alunos que a elite econômica tinha certa preferência 
pelos produtos importados, apreciáveis por apresentar 
mais qualidade e por lhe conferir certo status.
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O Brasil permanecia essencialmente como país primário- 
-exportador, mas os lucros dos fazendeiros de café aos pou-
cos contribuíam para o desenvolvimento industrial, tendo 
em vista que geraram capitais, que, por meio dos bancos, 
eram direcionados para a indústria, sobretudo a de bens de 
consumo não duráveis – que exigiam menos investimento 
e traziam retorno financeiro mais rapidamente. Mostre aos 
alunos que a industrialização do século XIX era bastante in-
cipiente e que, quando nos referimos à contribuição da eco-
nomia cafeeira para a industrialização do país, não podemos 
esquecer a participação dos bancos como intermediários 
dessa transferência de capital.
Com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas chegou ao 
poder por meio de um golpe e apoiado por setores ur-
banos da sociedade brasileira, inclusive uma burguesia 
industrial. A conjuntura internacional de recessão, provo-
cada pela crise de 1929, foi favorável à industrialização do 
país, pois gerou grande ‘vácuo’ de produtos, incentivando 
as elites a consumir os bens fabricados pela indústria bra-
sileira – efeito parecido com aquele causado pela Primeira 
Guerra Mundial no início do século. 
Por outro lado, o cenário internacional era adverso às 
exportações de café. Era necessário diminuir a dependên-
cia estrangeira, fortalecer o mercado interno e produzir 
no Brasil aquilo que antes se importava. Vargas, em uma 
tentativa de construir um capitalismo próprio, iniciou a po-
lítica de substituição de importações. Um governo brasi-
leiro finalmente passava a ter um projeto industrial para 
o Brasil, muito pautado no intervencionismo do Estado, 
no protecionismo econômico e na criação de indústrias de 
base, de capital estatal. 
Assim, assistimos à criação da Companhia Siderúrgica 
Nacional (CSN) em 1941; da Companhia Vale do Rio Doce 
(CVRD) e da Fábrica Nacional de Motores, ambas em 
1942; e da Companhia Nacional de Álcalis em 1943. Em 
seu segundo governo – para o qual, diferentemente do 
primeiro, se elegeu democraticamente –, Vargas criou a 
Petrobras, em 1953.
Na década de 1950, sob influência da Comissão de Es-
tudos Econômicos para a América Latina (Cepal), assistimos 
no Brasil à chegada de ideias desenvolvimentistas durante 
o governo de Juscelino Kubitschek. O modelo industrial 
vigente visava um crescimento econômico acelerado. Para 
isso, Juscelino colocou em prática o chamado Plano de Me-
tas, um ambicioso programa de modernização que incluía 
os setores de energia, transporte, alimentação, indústria de 
base e educação, e tinha como propaganda a construção 
da nova capital federal, Brasília. 
É fundamental mostrar para os alunos nesse instante 
que o crescimento acelerado desenvolvimentista se deu 
a todo e qualquer custo, gerando problemas para o Bra-
sil que podem ser facilmente identificados ao analisarmos 
dados do período, como a priorização do rodoviarismo – 
estratégia para atração das montadoras estrangeiras de 
automóveis, em detrimento do investimento em outros 
sistemas de transporte mais favoráveis para as grandes di-
mensões do território nacional –, bem como o aumento da 
dívida externa e da dependência internacional. 
Esse período marca o ingresso de um grande fluxo de 
capital internacional não apenas na indústria automobilís-
tica, mas também na indústria de bens de consumo durá-
veis como um todo. 
Terminado o governo de Juscelino, desenvolveu-se um 
tripé econômico por indústrias de bens de consumo não du-
ráveis, principalmente de capital privado nacional; indústrias 
de base, em grande parte de capital estatal; e indústrias de 
bens de consumo duráveis, sobretudo de capital estrangei-
ro. Esse tripé foi mantido até o fim dos anos 1980.
Além disso, era visível uma grande discrepância ma-
crorregional no Brasil: o Sul e o Sudeste se apresentavam 
muito mais desenvolvidos, contrastando com as demais 
regiões. Assim, em 1959, foi criada a Superintendência do 
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), com o objetivo 
de diminuir o descompasso de desenvolvimento daquela 
região. Outras superintendências regionais, para a Ama-
zônia, regiões Centro-Oeste e Sul, foram criadas um pou-
co mais adiante, com o mesmo objetivo, pelos governos 
militares.
Ao final da Aula 1, resolva com a turma as questões 1, 
2, 3 e 5 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, 
sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios 4 e 6 da 
seção Desenvolvendo habilidades. 
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utili-
zação das questões da seção Aprofundando o conheci-
mento.
 AULA 2
Durante a ditadura militar (1964-1985), a política eco-
nômica desenvolvimentista continuou em prática. Desta-
que para os alunos o período compreendido entre 1968 e 
1973, correspondente ao “milagre econômico brasileiro”. 
Nesse intervalo,observou-se um crescimento médio 
do PIB em torno de 10% ao ano, com inflação contro-
lada. No entanto, o milagre econômico brasileiro, com 
base na poupança externa, mostrou-se insustentável a 
partir de 1973, ano em que ocorreu o primeiro choque 
do petróleo. Com a alta dessa commodity, as taxas de 
juros no mundo inteiro também dispararam. Como o 
governo brasileiro tomava empréstimos a juros flutuan-
tes, logo vimos a dívida brasileira crescer com os credo-
res internacionais. 
No entanto, temendo desagradar a classe média e as-
sim desgastar o regime, o governo militar preferiu manter 
a política de crescimento econômico, com a realização de 
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investimentos – muitas vezes de qualidade duvidosa – e 
a contração de empréstimos. Dessa forma, a década de 
1970 ficou conhecida como “marcha forçada”. A solução 
para o pagamento da dívida estava no aumento das expor-
tações, que, para se tornarem competitivas no mercado 
internacional, vieram acompanhadas de arrocho salarial, 
subsídios fiscais para exportadores e grande descaso com 
a natureza. 
Na década de 1980, estourou a chamada “crise da 
dívida”, e o Brasil passou por um período de baixo cres-
cimento econômico (até mesmo recessão – algo inédito 
desde 1929), desemprego e inflação descontrolada – épo-
ca que, não à toa, é chamada de “década perdida”. 
No geral, podemos concluir que, embora os governos 
militares tenham conseguido alcançar consideráveis taxas 
de crescimento econômico durante grande parte do pe-
ríodo da ditadura, elas não foram acompanhadas da dimi-
nuição da desigualdade social, que, na realidade, aumen-
tou significativamente. 
Ainda na década de 1980, e sobretudo na década 
seguinte, o Brasil passou a receber ajuda financeira do 
Fundo Monetário Internacional, mediante exigências que 
trouxeram grandes impactos na vida da população. Por 
sinal, não apenas essas exigências, mas também a “falên-
cia” do Estado – que implicava a perda de qualidade dos 
serviços públicos, seja em suas empresas estatais, seja em 
instituições de saúde, educação, etc. – abriria espaço para 
grandes mudanças no seu papel na economia e na organi-
zação da vida da população a partir da década de 1990 – o 
que deverá ser trabalhado detalhadamente com os alunos 
no módulo seguinte.
Ao final da Aula 2, resolva com a turma a questão 4 da 
seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos 
que os alunos trabalhem os exercícios 8, 9 e 10 da seção 
Desenvolvendo habilidades.
Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utili-
zação das questões da seção Aprofundando o conheci-
mento.
 SUGESTÃO DE QUADRO
 I. ASPECTOS GERAIS
 ➜ País bastante industrializado
•	 25% do PIB no setor secundário 
•	 Nacional: siderurgia, alimentos, têxtil, etc. 
•	 Instalações de multinacionais
 ➜ Modelo de industrialização tardia
•	 Acelerado
•	 Queimando etapas
•	 Criando dependências
 II. HISTÓRICO DE EVOLUÇÃO
A) Implantação (1808-1850)
 ➜ Chegada da família real portuguesa
•	 Enxurrada de produtos externos
•	 Estruturação produtiva (por ex.: setor bancário)
 ➜ 1844: tarifa Alves Branco
•	 Estímulo à produção secundária nacional – taxação 
seletiva dos produtos externos
B) Primeiros surtos (1850-1929)
 ➜ 1850: Lei Eusébio de Queirós
•	 Capital do tráfico negreiro
•	 Novas técnicas (imigrantes europeus)
•	 Início do mercado interno
 ➜ Primeira Guerra Mundial
•	 Instabilidade na Europa
•	 Diminuição das importações
 ➜ Crise de 1929
Obs.: as heranças do café
– Mão de obra assalariada (mercado consumidor)
– Ferrovias e infraestrutura urbana
– Acumulação de capital no setor bancário
C) “Era Vargas”
 ➜ Marco de transformação
•	 Oligarquias rurais – sociedade urbano-industrial
•	 Menor consumo de café
•	 Menor oferta de produtos
•	 Substituição de importações
 ➜ Estratégias de Vargas
•	 Fortes incentivos fiscais
•	 Criação de indústrias de base
•	 Leis trabalhistas (CLT)
•	 Protecionismo alfandegário
D) Anos JK (1956-1960)
 ➜ Crescimento imediatista
•	 50 anos de crescimento em 5 anos de governo
•	 Rompimento com o nacionalismo de Vargas
•	 Nova injeção de multinacionais: internacionalização 
da economia
•	 Plano de Metas: investimentos infraestruturais
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ATIVIDADES COMPLEMENTARES
SUGESTÃO I
Juntamente à equipe de professores de História, pode-
-se pedir aos alunos para buscar dados sobre as exporta-
ções brasileiras de café, ano a ano, do fim do século XIX ao 
início do século XXI. Questione se esses dados, confronta-
dos com a quantidade de firmas industriais criadas, tam-
bém ano a ano, no mesmo período, poderiam indicar que 
os lucros do café eram reinvestidos na produção industrial. 
Experimente realizar essa pesquisa com os alunos.
SUGESTÃO II
A década de 1980 foi marcada pelo descontrole da in-
flação. Embora hoje em dia a inflação brasileira esteja em 
um nível muito mais baixo do que naquela época, ainda 
assim ela pode ser sentida. Programe duas visitas com os 
alunos, em momentos diferentes do ano, a um supermer-
cado próximo da escola. Peça a eles que, nos dois mo-
mentos, levem a mesma quantia de dinheiro (pequenos 
valores são suficientes para a realização da atividade) e 
tentem comprar exatamente os mesmos produtos (esco-
lha produtos que geralmente encontram-se disponíveis 
no mercado). Foi possível comprar os mesmos produtos, 
nas mesmas quantidades, nas duas visitas? O troco da pri-
meira visita foi o mesmo da segunda? Essas são algumas 
perguntas que podem ser feitas para os alunos em sala 
de aula e que os ajudam a compreender como a inflação 
impacta o consumo das famílias.
MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR
LIVROS
BECKOUCHE, P. Indústria: um só mundo. 5. ed. São Paulo: 
Ática, 2002. (Geografia Hoje)
CANÊDO, L. B. A Revolução Industrial. 22. ed. São Paulo: 
Atual; Campinas: Unicamp, 2003.
CANO, W. Raízes da concentração industrial em São Paulo. 
São Paulo: Hucitec, 1990.
CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Ter-
ra, 1999. v. 1. (A era da informação: economia, sociedade 
e cultura)
CÔRREA, R. L. Trajetórias geográficas. Rio de Janeiro: Ber-
trand Brasil, 1997.
FANI, A. Espaço e indústria. São Paulo: Contexto, 1992.
HARVEY, D. A condição pós-moderna: uma pesquisa 
sobre as origens da mudança cultural. 2. ed. São Paulo: 
Loyola, 1993.
LACERDA, A. C. et al. Economia brasileira. São Paulo: 
Saraiva, 2000.
LIPIETZ, A. Audácia: uma alternativa para o século XXI. São 
Paulo: Nobel, 1991.
MARCONDES FILHO, C. Sociedade tecnológica. São Pau-
lo: Scipione, 1994. (Ponto de Apoio)
•	 Integração econômica: criação das superintendências 
de desenvolvimento regional
•	 Construção de Brasília
•	 Integração territorial (superintendências de desen-
volvimento regional)
•	 Modelo rodoviarista
 ➜ Tripé econômico
•	 Capital estatal: bens de produção: intermediárias 
e de capital
•	 Capital privado nacional: bens de consumo não 
duráveis
•	 Capital privado internacional: bens de consumo 
duráveis
 ➜ Consequências
•	 Aumento do PIB
•	 Maior diversidade de produtos
•	 Maior geração de empregos
•	 Maior dependência tecnológica
•	 Aumento da dívida externa
•	 Maior concentração de renda
E) “Milagre econômico brasileiro”
 ➜ Características
•	 Período da ditadura militar
•	 Forte crescimento econômico
•	 Contração de empréstimos no exterior
 ➜ Particularidades
•	 Arrocho salarial (mão de obra barata)
•	 Obras faraônicas
Obs.: “década perdida” (anos 1980)
– Crise econômica
Endividamento 
Recessão 
Hiperinflação
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MENDONÇA, S. A industrialização brasileira. São Paulo: 
Moderna, 1997.
MOREIRA. Ruy. Formação espacial brasileira. Rio de Janeiro: 
Consequência, 2012.
SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, ra-
zão e emoção. São Paulo: Hucitec, 1996.
SITES
CNI: Confederação Nacional daIndústria. Disponível em: 
<www.cni.org.br>. Acesso em: 5 jul. 2016.
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 
Disponível em: <www.mdic.gov.br>. Acesso em: 5 jul. 2016.
FILMES
Dossiê Jango. Direção de Paulo Henrique Fontenelle, 
2013.
O dia que durou 21 anos. Direção de Camilo Tavares, 2012.
Os anos JK: uma trajetória política. Direção de Silvio Ten-
dler, 1980.
Um sonho intenso. Direção de José Mariani, 2015.
GABARITO COMENTADO
 PRATICANDO O APRENDIZADO
1. b. Os dados demonstram o crescimento da produção 
industrial no Brasil no início do século XX, princi-
palmente após a Revolução de 1930, que condu-
ziu Getúlio Vargas ao poder. Também é possível 
observar o crescimento da produção no estado 
de São Paulo devido à substituição de impor-
tações e ao investimento de capital acumulado 
pelas exportações de café. O crescimento da po-
pulação na capital paulista entre 1920 e 1940 tam-
bém reflete a rápida industrialização da cidade 
de São Paulo. 
3. a. Considerando o período após a Era Vargas, a po-
lítica econômica do Brasil passou a se caracterizar 
pela maior abertura aos investimentos estrangei-
ros, inclusive aos transnacionais, sendo o auge o 
governo de Juscelino Kubitschek, no fim da dé-
cada de 1950. A influência dos Estados Unidos foi 
marcante, a exemplo do apoio à implantação da 
CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), ainda no 
governo Vargas. 
 DESENVOLVENDO HABILIDADES
2. e. O Brasil é classificado como país de inserção tar-
dia na economia mundial. Uma das justificativas 
para essa classificação é o desenvolvimento re-
tardatário no setor industrial, cerca de 100 anos 
em relação aos centros mundiais do capitalismo. 
A indústria acabou favorecendo uma maior e 
mais rápida integração do espaço brasileiro. As 
condições naturais, históricas, econômicas, finan-
ceiras e sociais favoreceram a concentração in-
dustrial em São Paulo, que acabou comandando 
as relações, transformando o Sudeste em espa-
ço central e de comando mais amplo, o Centro- 
-Sul e as regiões limítrofes ao Sudeste, como Sul 
e Centro-Oeste, em regiões complementares. A 
alternativa a é falsa, pois a agroindústria resulta 
da integração a partir da industrialização, que de-
senvolveu a urbanização, que passou a demandar 
produtos agropecuários em quantidades cres-
centes. A alternativa b é falsa, pois a integração 
econômica do território ficou mais visível com 
a industrialização. A alternativa c é falsa, pois a 
interiorização é fundamental para desenvolver a 
integração nacional. A alternativa d é falsa, pois as 
áreas de produção de borracha estão na Amazô-
nia, região de ocupação esparsa.
3. b. O Brasil é classificado como um país que passou 
por um processo de industrialização tardia, com a 
adoção de um planejamento nacional para o setor 
a partir da Era Vargas, após a revolução de 1930. 
Apesar de tardia, o fato é que a industrialização no 
Brasil, a despeito da de outras nações industriali-
zadas há mais tempo, provocou uma revolução no 
país, nos hábitos e nos costumes da população, 
fato expresso principalmente no processo de ur-
banização. A alternativa a é falsa, porque o pro-
cesso é de grande relevância social, notadamente 
nas regiões de forte urbanização, posteriormente 
classificadas como regiões metropolitanas. A alter-
nativa c é falsa, porque não houve esse prejuízo, 
uma vez que o setor automobilístico demanda um 
perfil de mão de obra diferente daquele do setor 
têxtil. A alternativa d é falsa, porque o apito de fá-
brica existe até hoje, em várias unidades de pro-
dução. A alternativa e é falsa, porque a industria-
lização promoveu forte movimento migratório do 
campo para a cidade (êxodo rural), que provocou 
ao longo do tempo um desequilíbrio populacional 
com predomínio crescente de população urbana 
em relação à população rural.
5. d. A alternativa a é falsa, pois as economias definidas 
com ganho de produtividade atribuído à aglo-
meração geográfica se traduzem pela concentra-
ção industrial, mais intensa no Sudeste brasilei-
ro, alavancando o processo de metropolização, 
ou seja, favorecendo o crescimento das grandes 
cidades. A alternativa b é falsa, pois a concentra-
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ção industrial do país coincide com as áreas de 
maior aglomeração humana e, portanto, de alta 
densidade demográfica. A alternativa c é falsa, 
pois as áreas pioneiras da industrialização con-
centraram os investimentos, criando o núcleo 
financeiro do país. A alternativa d é verdadeira, 
pois os governos Vargas e JK nas décadas de 
1930 e 1950, respectivamente, direcionaram os 
investimentos para o Sudeste brasileiro, criando 
infraestrutura para as indústrias e gerando con-
centração de produção e capital. A alternativa e 
é falsa, pois as fronteiras agrícolas estendiam- 
-se pelo interior do país, compondo-se pelas re-
giões Centro-Oeste na década de 1940 e Norte 
na década de 1970. 
6. a. A crise financeira mundial de 1929 levou à queda 
dos preços do café, principal produto de exporta-
ção do Brasil. A partir de então, houve o estímulo 
à industrialização por meio do método de substi-
tuição de importações (incentivo ao investimento 
industrial interno e ao protecionismo contra a en-
trada de importados). 
10. d. Entre 1990 e 2010, houve um grande crescimen-
to do faturamento da indústria automobilística. O 
avanço na década de 2000 foi decorrente do cres-
cimento do PIB brasileiro e do aumento do nú-
mero de consumidores decorrente do avanço das 
classes médias, da redução da pobreza e do maior 
acesso ao crédito. 
 APROFUNDANDO O CONHECIMENTO
3. d. No estado de São Paulo, existem importantes 
tecnopolos, isto é, municípios que apresentam se-
tores industrial e terciário de alta tecnologia cujo 
desenvolvimento está relacionado à presença de 
universidades e institutos de pesquisa. A mão de 
obra qualificada é fundamental para a indústria 
aeronáutica, como a Embraer, o que explica a im-
portância de São José dos Campos, no Vale do Pa-
raíba (presença do Instituto Tecnológico de Aero-
náutica – ITA), e da região de São Carlos (presença 
de USP, Fatec e Ufscar). 
4. a. O processo de industrialização tardia afetou a 
capacidade de investimento interno e externo e 
pautou a balança comercial brasileira, caracteri-
zada até hoje por um perfil de exportações pri-
márias e com pequena participação no comércio 
internacional. 
5. d. No Brasil, o período de 1968 até 1973 foi marca-
do pelo “milagre econômico brasileiro”, ou seja, 
uma fase de alto crescimento do PIB, entrada de 
transnacionais e intervenção do Estado por meio 
de investimentos em estatais responsáveis pela 
implantação das infraestruturas de transportes, 
energia e telecomunicações. No entanto, o perío-
do também foi marcado pela repressão política do 
regime militar, pela concentração de renda e pelo 
endividamento externo. 
ANOTA‚ÍES
 
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Módulo
OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES
•	 Impactos do neoliberalismo sobre a indústria e 
a sociedade brasileiras
•	Governos Collor, FHC, Lula e Dilma no processo 
de industrialização
•	Processo de desconcentração industrial no 
Brasil
•	H7 - Identificar os significados histórico-geográficos 
das relações de poder entre as nações.
•	H17 - Analisar fatores que explicam o impacto das 
novas tecnologias no processo de territorialização da 
produção.
•	H18 - Analisar diferentes processos de produção ou cir-
culação de riquezas e suas implicações socioespaciais.
•	Compreender as causas e os impactos da desconcen-
tração industrial.
•	Avaliar os resultados socioeconômicos da adoção de 
políticas neoliberais no Brasil.
A expansão da produção 
industrial do Brasil 
redemocratizado
INTRODUÇÃO
[...] Em 2012, de cada 100 empregos criados no Brasil 
apenas 3 foram gerados na indústria. A participação do setor 
no estoque total de empregos

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