Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Centro Universitário Leonardo Da Vinci – UNIASSELVI- Pedagogia 1753 Prática do Módulo IV 23/11/2018 1 Acadêmicas 2 Tutor externo A Ludicidade na Infância Brincar e Aprender Cheila Rossi, Daniela Moura, Eliane Pereira, 1 Ewelize Pereira, Raquel Morales 1 Silvana Dal Castel 2 RESUMO Este artigo fala sobre a importância da ludicidade na infância e como nós, futuros educadores, podemos despertar a aprendizagem com o que elas mais gostam, o brincar. A fundamentação teórica de Jean Piaget e Vigotsky nos ajuda a ver o quanto o brincar é importante para a formação do ser humano, pois é brincando que se aprende. Entre os vários fatores que formam os eixos norteadores da educação infantil, encontram-se as múltiplas linguagens, neste trabalho mostraremos três delas muito presentes no cotidiano da educação infantil. A linguagem auditiva, a linguagem áudio visual e a linguagem corporal. Detalharemos como elas tem um importante papel no amadurecimento da criança como indivíduo. Palavras-chave: Artigo científico. Educação Infantil. Linguagem infantil. 1.INTRODUÇÃO Explorar e conhecer as linguagens utilizadas pelas crianças para expressarem-se significa estar junto com elas e perceber suas características de acordo com gênero, classe social, etnia, faixa etária ou grupo cultural a qual pertencem. A linguagem permeia o trabalho na educação infantil, junto com a brincadeira e a interação, constitui os eixos da ação pedagógica junto as crianças. Trabalhar com a criança é pensar nas diferentes linguagens, no choro, nas expressões, na birra, nos gestos, no balbucio, no movimento, na arte, na música, na escrita, no desenho, no brincar... em outras palavras é compreender o que querem dizer os pequenos. É brincando que a criança exercita e desenvolve suas capacidades motoras, intelectuais e de relacionamento com os demais. A brincadeira ajuda a criança a descobrir formas de expressão e de elaboração de seus sentimentos e emoções. Para alcançar o pensamento adulto a criança precisa percorrer todas as etapas de seu desenvolvimento físico, cognitivo, social e emocional. Brincando ela desenvolve suas potencialidades, ela compara, analisa, nomeia, mede, associa, cria, deduz ... Ela faz amigos, aprende a compartilhar e a respeitar o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo. A rotina diária de creches e pré-escolas precisa contemplar os diversos tipos de linguagem, as brincadeiras devem ser realizadas em diversos ambientes, externos, internos, ampliando a criatividade e a autonomia das crianças. Grande parte dos 2 educadores dedica um tempo da rotina para as atividades lúdicas, é necessário saber porque a brincadeira é tão importante, permitir que ela aconteça de forma natural e utilizá-la como recurso de aprendizagem da criança. Loris Malaguzzi, importante pedagogo italiano, fundador da filosofia educacional de Reggio Emilia, diz em seu famoso poema que a criança tem cem linguagens. Juntamente com o brincar, importantes linguagens se manifestam, por isso nosso grupo priorizou neste trabalho três das múltiplas linguagens presentes no cotidiano da educação infantil. A linguagem musical, a linguagem visual, e a linguagem corporal. As Artes Visuais estão presentes no dia-a-dia da criança, de formas bem simples como: desenhos, fotos, filmes e também feitos por elas mesmas como, rabiscos e desenhos no chão, na areia, em muros, sendo feitos com os materiais mais diversos, que podem ser encontrados por acaso. No processo de aprendizagem em artes visuais a criança traça um percurso de criação e construção individual. É no fazer artístico e no contato com os objetos de arte que parte significativa do conhecimento em artes visuais acontece. No decorrer deste processo, o prazer é o domínio do próprio fazer artístico, da simbolização e da leitura de imagem. Através do corpo, a criança estabelece contato com o mundo e com as pessoas que a rodeiam. É com o próprio corpo que ela experimenta as mais diversas emoções e sensações. As crianças adoram aliar os movimentos gestos, rodopios, pulos, danças, com a música, surgindo então outras linguagens, a linguagem musical e linguagem corporal. Através delas, sensações e sentimentos podem ser experimentados e novos conhecimentos podem ser oportunizados. A educação infantil está protegida por documentos importantes que lhe garantem direitos em relação ao seu atendimento e desenvolvimento entre eles podemos citar o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, RCNEI, as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, o DCNE, e os Parâmetros Nacionais de Qualidade da Educação Infantil, PNQEI, traduzem as políticas estabelecidas em leis nacionais servindo de base para todo país. Conforme o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (Brasil,1998) o movimento para a criança pequena significa muito mais do que mexer partes do corpo ou deslocar-se no espaço. A criança se expressa e se comunica por meio dos gestos e das mímicas faciais e interage utilizando-se a mente e o apoio do corpo. Vamos então 2.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Abordamos nossa fundamentação teórica em Piaget e Vigotsky, São dois teóricos que viveram na mesma época e tem metodologias parecidas. No tocante à linguagem, Piaget considera que primeiro se tem o conhecimento enquanto fala, depois é que se desenvolve a linguagem. Já para Vygotsky, pensamento e linguagem andam primariamente paralelos e posteriormente juntos (por volta dos 2 anos de idade), onde o significado, a partir de então, ocupa lugar central. O desenvolvimento do pensamento para Piaget se dá através de estágios: sensório- motor; pré-operacional; operatório concreto e operações formais, e o mesmo enaltece a fala. Sendo assim, como diz De Vitto (1998), a criança piagetiana tem um longo caminho a percorrer antes de se poder dizer que suas ações sejam socializadas e sua linguagem comunicativa. Já para Vygotsky, esse desenvolvimento se dá através da linguagem (enquanto pensamento e linguagem) facilitados pelos instrumentos linguísticos/psicológicos/signos e experiência sociocultural da criança, enaltecendo, portanto, o contato social com mediação. 3 Para Vigotsky “A brincadeira é uma necessidade da criança”, assim sendo, ela se desenvolve no contexto das práticas histórico-culturais e surge do interesse de dominar o mundo e, por este motivo, ela age sobre os objetos como fazem os adultos. “Durante o desenvolvimento das brincadeiras, são estabelecidas relações humanas e sociais, é com o brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, exercendo uma enorme influência no seu desenvolvimento, ou seja, a brincadeira tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, porque permite que ao substituir um objeto por outro, ela opere com o significado das coisas, dando um passo importante em direção ao pensamento conceitual, que se baseia nos significados e não nos objetos. ” Em suas pesquisas Vigotsky diz que, os processos de criação manifestam-se na mais tenra infância. Esses processos se expressam melhor em suas brincadeiras. A criança que monta em um cabo de vassoura se imagina cavalgando um cavalo, a menina que brinca de boneca se imagina mãe, a que brinca com panelinhas se imagina cozinhando. Todas representam exemplos da mais autentica e verdadeira criação. E é claro que em suas brincadeiras elas reproduzem muito do que veem e vivenciam. As brincadeiras na verdade são um elo do que a criança viu e ouviu dos adultos. Jean Piaget destacava a ação sobre o brincar como elemento que estrutura a situação simbólica inerente a brincadeira. A criança que brinca está desenvolvendo sua linguagem oral, seu pensamento associativo, suas habilidades auditivas e sociais, construindo conceitos de relações de conservação, classificação, seriação, aptidões viso espaciaise muitas outras... As crianças na etapa da educação infantil têm necessidade de aprender através do concreto, manuseando objetos, vendo, sentindo, ou seja, experimentando sensações e movimentos. Neste caso o brinquedo é muito importante, ele não tem função de dar apenas prazer à criança, mas também de libertá-la de frustrações, canalizar sua energia, dar motivo a sua ação, explorar sua criatividade e imaginação. Por isso devemos compreender a mente dessa criança e com cuidado e critério, selecionar cada brinquedo dado, pois ensinar a criança a brincar é ir muito além, é de verdade educar. “Por isso as atividades como cantar com gestos, dançar, bater palmas, pés são experiências importantes para criança, pois ela permite que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o processo e aquisição de leitura e escrita.” (PIAGET, 1996) Podemos ressaltar que, embora Vygotsky e Piaget tenham trilhado pelo rumo da psicologia do desenvolvimento, sendo Piaget com um olhar psicobiológico na cognição humana, e Vygotsky com o medicinal (orgânico) e psicopedagógico (na perspectiva social) no desenvolvimento das funções mentais superiores, Piaget construiu sua teoria centrada em estágios, onde a capacidade para adquirir a linguagem segue caminhos maturacionais consecutivos ascendentes. “O processo evolutivo do funcionamento cognitivo, segundo Piaget, tem um movimento ascendente, no qual cada nova estrutura envolve, ao mesmo tempo, superação e conservação da anterior” (ARAÚJO, 1998, p.34). Já Vygotsky, centrou sua teoria na construção da linguagem onde a criança a desenvolve reciprocamente, no sentido de que a “zona de desenvolvimento” proximal migra para a “zona de desenvolvimento real”, ou seja, nível de desenvolvimento já alcançado/consolidado com capacidade de realizar tarefas individualmente, tornando a se voltar para o “desenvolvimento proximal” e assim sucessivamente, onde o desenvolvimento potencial entra nesta relação como estimulador e desencadeador de atitudes e desenvolvimento, cuja característica seria a de desempenhar tarefas com ajuda 4 (direta ou indiretamente) através de orientações. Neste entrelace, as escolas podem se ver como propulsoras do desenvolvimento, e, sem este resultado (de impulsionar e estimular o desenvolvimento), parece que seu objetivo final não foi atingido. O processo do brincar dentro da educação infantil, não pode acontecer de qualquer forma sem planejamento, deve-se tomar muito cuidado na aplicação de atividades lúdicas, para que possa privilegiar a todos e promover um bom desenvolvimento dos alunos, a linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de conhecimento mais importantes a serem trabalhadas na educação infantil, ao lado da linguagem oral e escritas, raciocínio lógico-matemático, artes cênicas, etc. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (Brasil 1998 pág. 89), na infância as artes visuais estão presentes desde muito cedo. As crianças rabiscam, desenham, mesmo que não tenham papel e lápis utilizam-se do próprio corpo usam gravetos, rabiscam na areia, mas já se expressam através dessa linguagem. As artes visuais devem ser concebidas como uma linguagem que tem estrutura e características próprias. A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o “não-brincar”. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir- lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada. 3. MATERIAIS E MÉTODOS Para o desenvolvimento deste trabalho utilizamos os mais variados métodos, dentre eles a pesquisa em bibliotecas, livros e artigos, a pesquisa na Internet, a pesquisa de campo e a prática na inserção das atividades lúdicas em sala de aula ou recreação. O conhecimento adquirido através das pesquisas em livros e artigos, bem como o uso da Internet, nós permitiu obter a base teórica necessária para conhecer a importância da ludicidade na educação como um todo e, em especial, na educação infantil. A visitação ao ambiente educacional escolhido nos permitiu introduzir muitos dos conhecimentos adquiridos anteriormente nas pesquisas e nos exigiu pesquisar ainda mais para suprir necessidades diferenciadas de alguns educandos. A prática da atividade lúdica é de extrema importância para que possamos implantar o conhecimento adquirido e identificar as melhorias à serem realizadas. 5 Em nossa visita a Casa Creche da Tia Lu observamos a rotina diária e diferença entre o dia em que as atividades lúdicas foram adotadas e o dia em que elas não foram utilizadas. No primeiro dia de visitação encontramos crianças inquietas e receosas com a nossa presença. No segundo dia, ao adotarmos as brincadeiras, a hora da leitura, a hora de música e seus amigos instrumentos e o jogo de bafo as crianças foram extremamente receptivas. Percebemos que, ao introduzir as dinâmicas, as crianças desenvolveram diversas modalidades, entre elas o companheirismo, o respeito ao colega, a alegria, o encantamento pelo mundo imaginário da literatura e pelo mundo fenomenal da música e seus sentidos. Compreendemos que, brincar não é apenas um ato e sim uma arte de desenvolver habilidades e indivíduos. 3. LINGUAGEM MUSICAL A música é comunicação, e por sua vez se faz de diversas maneiras, seja instrumental ou vocal, com um ou vários instrumentos. O ambiente sonoro, tem diferentes variações e situações do cotidiano que fazem com que os bebês e crianças iniciem seu processo de musicalização de forma intuitiva. Do primeiro ao terceiro ano de vida, os bebês ampliam os modos de expressão musical pelas conquistas vocais e corporais. A expressão musical das crianças nessa fase é caracterizada pela ênfase nos aspectos intuitivo e afetivo e pela exploração (sensório-motora) dos materiais sonoros. As crianças integram a música às demais brincadeiras e jogos: cantam enquanto brincam, acompanham com sons os movimentos de seus carrinhos, dançam e dramatizam situações sonoras diversas, conferindo “personalidade” e significados simbólicos aos objetos sonoros ou instrumentos musicais e à sua produção musical. Os conteúdos podem ser tratados em contextos que incluem a reflexão sobre aspectos referentes aos elementos da linguagem musical. Deverão ser propostos, também, jogos de improvisação que estimulem a memória auditiva e musical, assim como a percepção da direção do som no espaço. Os bebês ampliam os modos de expressão musical pela conquista vocais e corporais. Podem articular e entoar um maior número de sons, inclusive o da língua materna, reproduzindo letras, refrãos, onomatopeias, entre outros explorando gestos sonoros, como bater palmas, pernas, pés, especialmente depois de conquistada a marcha, a capacidade de correr, pular e movimentar-se acompanhando com a música. A expressão musical das crianças nessa fase é caracterizada pela ênfase nos aspectos intuitivo e afetivo e pela exploração (sensório-motora) dos materiais sonoros. As crianças integram a música as demais brincadeiras e jogos: cantam enquanto brincam, 6 acompanham com sons os movimentos de seus carrinhos, dançam e dramatizam as situações sonoras diversas conferindo “personalidade” e significados simbólicos aos objetos sonoros ou instrumentos musicais e a sua produção musical. O trabalho com a música deve se organizar de forma a que as crianças desenvolvam plenamentesuas capacidades cognitivas, ouvir, perceber e discriminar eventos sonoros diversos, fontes sonoras e produções musicais, brincar com a música, imitar, inventar e reproduzir canções musicais. O fazer musical deve explorar a expressão e produção do silêncio e de sons com a voz, o entorno e materiais sonoros diversos, trabalhar interpretação de música e canções diversas, estimular a participação em brincadeiras e jogos cantados e rítmicos. No primeiro ano de vida, a prática musical poderá ocorrer por meio de atividades lúdicas. O professor estará contribuindo para o desenvolvimento da percepção e atenção dos bebês quando canta para eles; produz sons vocais diversos por meio da imitação de vozes de animais, ruídos, etc., ou sons corporais, como palmas, batidas nas pernas, pés, etc., embala-os e dança com eles. As canções de ninar tradicionais, os brinquedos cantados e rítmicos, as rodas e cirandas, os jogos com movimentos, as brincadeiras com palmas e gestos sonoros corporais. Os primeiros anos de aprendizagem são propícios para que a criança comece a entender o que é a linguagem musical, aprenda a ouvir sons e a reconhecer diferenças entre eles. Todo o trabalho a ser desenvolvido na educação infantil deve buscar a brincadeira musical, aproveitando que existe uma identificação natural da criança com a música. A atividade deve estar muito ligada à descoberta e à criatividade. Nessa perspectiva, Vygotsky dedicou-se ao estudo do processo de desenvolvimento cognitivo relacionando-o à aprendizagem. Suas ideias pioneiras continuam influenciando professores e pesquisadores envolvidos no ato de educar e contribuindo significativamente no âmbito da psicologia cognitiva. A produção musical de cada região do país é muito rica, de modo que se pode encontrar vasto material para o desenvolvimento do trabalho com as crianças. O contato das crianças com produções musicais diversas deve, também, prepará-las para compreender a linguagem musical como forma de expressão individual e coletiva e como maneira de interpretar o mundo. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil do MEC recomenda a Iniciação Musical na pré-escola e dá ênfase à escolha do repertório, uma das chances que o professor tem de ampliar a visão (e a audição) de mundo do aluno. A música deve ser de boa qualidade, variando desde MPB, músicas folclóricas, cantigas de roda, regionais, até eruditas. Trabalhar com música na educação infantil melhora a sensibilidade, o raciocínio lógico e a expressão corporal. A música é a linguagem que organiza som e silêncio. A criança vai tomar consciência da linguagem musical se conseguir ouvir e diferenciar sons, ritmos e alturas, saber que um som pode ser grave ou agudo, curto ou longo, forte ou suave. 4. LINGUAGEM VISUAL Linguagem visual é todo tipo de comunicação que se dá através de imagens e símbolos. Os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos, são a matéria- prima de toda informação visual. Através das artes visuais, a criança trabalha sua criatividade e imaginação e consegue adquirir novas formas de olhar o mundo. 7 Fotografias, filmes, quadros, desenhos, pintura, escultura, modelagem e a colagem, fazem parte da linguagem visual que é uma das múltiplas linguagens presentes na educação infantil. Abordaremos um pouco sobre a importância de trabalhar essa linguagem com as crianças e as técnicas de representar figuras, imagens, objetos, pessoas, animais ou formas que podem ser produzidas com a combinação de elementos, cores, linhas e texturas. “As artes, principalmente esculturas colagem e pintura são formas de linguagem que expressam comunicam e atribuem sentido a sensações sentimentos pensamentos e a realidade por meio da organização de vários elementos como linhas formas pontos tridimensionais estruturados ou não além de volume, espaço, cor e Luz.” (RCNEI 1998) A linguagem visual dispõe para a criança uma experiência estética que aguça sua sensibilidade e envolve assuntos de aspectos cognitivos e culturais. As artes visuais possibilitam as crianças que por meio do contato com suas próprias obras e de outras crianças, amplie seu conhecimento do mundo da cultura e oferece para criança que ela ao produzir arte na atividade de desconstruir e construir peças, pintar, rabiscar, colar, descolar, sobrepor materiais, desenvolva o gosto, o cuidado e o respeito pelo processo de produção e criação como forma de comunicação e expressão. Através da apreciação de obras famosas ou de outros por meio da observação e leitura de alguns dos elementos da linguagem plástica, ponto, linha, forma, cor, volume contraste luz, textura a criança trabalha a leitura de obras de arte a partir da observação narração descrição e interpretação de imagens e de objetos. Podemos perceber que a brincadeira com a modelagem, com a colagem, com a pintura a partir do jogo de construção e desconstrução na produção com massinha por exemplo, vai dando forma, vai sendo transformada pelo imaginário da criança e assim ganhando novos significados, a fantasia do real entra em cena. Trabalhar com artes visuais na educação infantil deve ser imposta de forma lúdica e que ajude a desenvolver a criatividade das crianças, a imaginação, a fantasia, a realidade e a inovação. A sensibilização assim como a brincadeira na arte convida a abrir novos horizontes e o envolvimento da criança na produção de esculturas, colagens e pinturas pode inclusive para ela, ser um momento de relaxamento de contato consigo mesmo já que para a criança não é associação ao trabalho como para nós adultos, para ela tem um sentido de entrega. A linguagem por meio da arte vai estabelecendo uma forma de interação entre a obra produzida pela criança com a própria criança, essa comunicação entre a imaginação e a linguagem vai enriquecendo o pensamento da criança tornando mais ágil sensível e pleno influenciando diretamente nas suas produções artísticas. “Para Vygotsky a essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento e situações reais.” (Vygotsky1998) Toda a imagem expressa conceitos, sensações e emoções e é por meio da Linguagem Visual que podemos compreender o mundo que nos cerca, é através dos elementos visuais que desenvolvemos os pensamentos. A comunicação visual é fundamental no currículo da Educação Infantil, a Linguagem das Artes Visuais, especialmente a escultura, modelagem, colagem e a pintura, que estão presentes na educação das crianças. As Artes Plásticas são técnicas que representam figuras e imagens (objetos, pessoas, animais, formas abstratas). Podem ser produzidas com a combinação de elementos, cores, formas e linhas. 8 As Artes Visuais têm um papel fundamental na Educação Infantil ajudando a criança a desenvolver nos aspectos cognitivos e culturais. Assim elas aprendem a expressar seus sentimentos, ideias, desejos e pensamentos. Considerando que o cuidar, educar e brincar são princípios básicos desenvolvidos na Educação Infantil, os alunos descobrem o mundo através de sensações, brincando experimentando, manipulando os objetos de diferentes texturas, cores, formas e construindo uma visão de mundo e de si mesmo. Na alfabetização Visual dos educandos da educação infantil, dentro do contexto vivenciados pela criança, eles apreciam a imagem, desenhos animados, filmes, jogos, o que estimula a criança a pensar, recriar, transformar, sempre contribuindo para seu desenvolvimento. 5. LINGUAGEM CORPORAL O corpo fala, e a linguagem do nosso corpo é a comunicação não verbal, pois utilizamos gestos, posturas e movimentos. Ela está no teatro, na dança, nas imitações e também nos jogos e brincadeiras. Enquanto as crianças brincam, muitas coisas importantes ocorrem: assimilação e apropriação da realidade humana; construção de hipóteses; elaboração de soluções para problemas; e enriquecimento da personalidade. É brincando que ela, desde os primeiros meses,começa a se descobrir e a estabelecer uma relação com o mundo. A seleção de brincadeiras e a maneira de brincar vão sofrendo mudanças de acordo com as etapas de desenvolvimento da criança. É nesses momentos que ela exercita e organiza o pensamento, a noção de individualidade e a capacidade de conviver com o outro. Simbolicamente, brincar e mexer o corpo torna-se um meio espontâneo de expressão, porque, sem se dar conta, a criança exprime seus medos, desejos e experiências. De acordo com o Referencial Curricular Nacional, (Brasil,1998),”a dimensão corporal integra-se ao conjunto da atividade da criança; pode-se dizer que no início do desenvolvimento predomina a dimensão subjetiva da motricidade que encontra sua eficácia e sentido principalmente na interação com o meio social junto às pessoas com quem a criança interage diretamente, a internalização de sentimentos emoções e estados íntimos poderão encontrar na expressividade do corpo um recurso privilegiado” É importante destacar que o professor, ao orientar as primeiras atividades de expressão, precisa considerar, antes de tudo, suas manifestações espontâneas, a única coisa que permitirá a ela exteriorizar sua personalidade. Muitas sequelas podem ser deixadas por uma condução irresponsável no que diz respeito à prática dessas atividades, dentre elas um bloqueio, que pode resultar em vários problemas, como timidez, agressividade, falta de fluência verbal e gestual, dificuldade de relacionamento com os companheiros. O professor deve ter o cuidado de deixar a criança percorrer livremente seu caminho de descobertas, permitindo assimilá-las, transformá-las e expressá-las com prazer e naturalidade, ele estará criando um clima de liberdade e respeito em sala de aula, em que a criança expressa seus sentimentos e sensações sem medo de censura, em um clima de brincadeira. Perspectiva que a concepção de teatro na educação infantil deve acontecer. As atividades teatrais, mais especificamente, o jogo dramático, são atividades orientadas, que dão oportunidade à criança para vivenciar situações que possibilitam a construção do conhecimento e o desenvolvimento de uma expressão ampla, verbal, gestual, criadora. Viver uma história, imitar, fantasiar na imaginação e na realidade, refletir-se na própria ação, dividir, esperar e reconhecer a ação de um companheiro ou um grupo, tudo isso faz parte do campo de experiências dos jogos dramáticos, 9 imprescindíveis para essa faixa etária. Para isso, podem ser abordados assuntos como: linguagem teatral; as características do teatro na educação infantil; critérios de escolha e adaptação dos textos; adequação à linguagem e à idade; como é a criação; tipos de materiais usados. Pode conter ainda, informações sobre a preparação das crianças para a peça, ensaios, teatro de bonecos, fantoches, marionetes, teatro de mímica, sombra e luz. Os professores que fazem o uso do teatro na educação infantil são unânimes em afirmar que é muito prazeroso e, principalmente, muito proveitoso para as crianças, no que tange ao seu desenvolvimento. Assim como no teatro as danças devem levar em conta a brincadeira o improviso e a criação de formas que compreenda a orientação do professor e o que as crianças trazem de seus universos sociais e familiares, de maneira que a criança possa inventar e reinventar suas danças seus movimentos, suas fantasias. Arrumar um bom texto, fazer o cenário, o figurino e, ainda, fazer crianças, tão pequenas, decorarem falas, danças, movimentos e representar pode parecer difícil, mas no final dá muito certo, pois para as crianças tudo não passa de uma grande brincadeira. 6. MÉTODOS DE ENSINO E ATIVIDADES Para as crianças da educação infantil, os conteúdos relacionados ao brincar deverão ser trabalhados em situações lúdicas, fazendo parte do contexto global das atividades. A escuta é uma das ações fundamentais para a construção do conhecimento referente à brincadeira. O professor deve procurar ouvir o que dizem e cantam as crianças, a “paisagem sonora” de seu meio ambiente e a diversidade musical existente: o que é transmitido por rádio e TV, as músicas de propaganda, as trilhas sonoras dos filmes, a música do folclore, a música erudita, a música popular, a música de outros povos e culturas. O professor deve observar como as crianças cantam, tentando aproximar-se, ao máximo, de sua intenção musical. Após a fase de definição dos materiais, a interpretação do trabalho poderá guiar-se pelas imagens do livro, que funcionará como uma partitura musical. Os contos de fadas, a produção literária infantil, assim como peças de teatro são ótimos materiais para o desenvolvimento de atividades em que poderá utilizar-se de sons vocais, corporais, produzidos por objetos do ambiente, brinquedos sonoros e instrumentos musicais. As marcas e lembranças da infância, os jogos, brinquedos e canções significativas da vida do professor, assim como o repertório musical das famílias, vizinhos e amigos das crianças, podem integrar essas atividades. É importante desenvolver nas crianças atitudes de respeito e cuidado com os materiais musicais, artísticos, teatrais de valorização da voz humana e do corpo como materiais expressivos. Brincando as crianças estarão exercitando as habilidades que serão exigidas durante os anos seguintes. Algumas atividades à serem desenvolvidas que enriquecem o processo evolutivo no universo infantil nas variadas faixas etárias: Com histórias, fantoches, dramatizações, cativar a criança para que comece a frequentar a aula de música perdendo o medo do novo; Exploração de alguns instrumentos de pequena percussão como, guizos, chocalhos, castanholas, tambores, podem ser utilizados livremente; Dançar as músicas ouvidas para vivenciar os movimentos corporais e explorar o movimento corporal; 10 Cantar canções curtas e de fácil memorização com temas sobre o corpo, como: bater palmas, bater pés, gestos com os dedos, tornozelos, etc.; Diferenciação de sons, agudos e graves, através da audição de músicas direcionadas à sua idade específica. 7. A CRIANÇA E SEU MUNDO DOS SONHOS As crianças dependem cada vez mais da intervenção dos adultos para brincar. Basta observar as festas infantis e colônias de férias, onde meninos e meninas ficam dependentes das intervenções de animadores e monitores. Em ambientes coletivos as crianças adoram, já em casa os brinquedos eletrônicos e jogos deixam pouco espaço para a expansão da criatividade. Diante desse quadro, cresce a responsabilidade da escola e dos educadores de ajudar as crianças a vivenciarem a ludicidade, enriquecendo seu repertório de brincadeiras. Um super-herói, uma princesa, um monstro ou uma bruxa... estão no imaginário infantil e poder se vestir como eles ajuda a criança a entrar nesse mundo lúdico da fantasia. Ao imitar algo ou alguém, a criança vive a ilusão de ser ou ter aquilo que desejaria para se sentir mais forte, protegida, segura e até mais amada. Essa imitação a ajuda a se expressar, se fortalecer, se exibir, buscando seu lugar dentro e fora da família. Vestir a fantasia facilita essa incorporação do personagem e a vivência de suas habilidades, ajudando o enfrentamento dos obstáculos do cotidiano. As crianças nos mostram que existem vários caminhos, várias possibilidades para estabelecermos uma pedagogia na infância que trabalha no cotidiano delas por meio das brincadeiras e das interações. Todas as múltiplas dimensões corporal, expressiva, estética, lúdica, psicológica, social, afetiva, cognitiva e as múltiplas linguagens possíveis musical, plástica, corporal, dramática, oral, proporcionando às crianças na construção de suas identidades da forma mais rica possível tornando o espaço da creche um lugar de pertencimento e de vivências socioculturais onde as crianças se sintam à vontade para viajar no imaginário e construir conhecimento, caminhando para construção efetiva da cidadania e do bem comum. O grupo realizou uma visita na Creche da tia Lu, situada noBairro Moradas do Bosque. A proprietária, Luciana Amaral dos Santos nos conta como são as atividades lúdicas na escola, que recebe crianças de 4 a 6 anos em Cachoeirinha RS. A escola funciona a mais de 5 anos e conta com diversas atividades pedagógicas, mas as mais apreciadas pelos alunos são o teatro, as aulas de dança, as atividades com músicas em geral e as brincadeiras ao ar livre. As crianças mais novas conseguem se sentir mais seguras e começam a interagir com os demais na aplicação das atividades. Depois de um mês ou menos, as crianças já se mostram bem mais tranquilas e entram na recreação querendo ficar porque gostam das atividades que fazemos. Além disso, conseguimos ensinar várias coisas importantes, como respeitar a sua vez, respeitar o colega e seu tempo para realizar a tarefa, trabalhar em grupo, afetividade uns com os outros e conosco. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O educador que tem a percepção de que aprende enquanto ensina, também é capaz de enxergar com outros olhos suas crianças, valorizando-as, compreendendo-as em suas diferenças e dificuldades. Preocupa-se em ofertar para elas um ambiente escolar rico e 11 desafiador, que realmente as prepare para a vida, em todos os níveis do comportamento humano: biológico, psicológico e social. O professor da educação infantil deve ter uma postura pedagógica que articule as múltiplas linguagens com o objetivo de atingir suas metas educativas. Ele precisa despertar nas crianças o desejo de aprender, construir, e de vivenciar o conhecimento em todas as suas vertentes, através da música, da arte da dança, da escrita da fala, do teatro, do raciocínio lógico matemático, da relação com a natureza, da inventividade, da criatividade, da autonomia, da interação com os colegas e professores e especialmente da Alegria. Podemos dizer que, ao expor a contribuição de Vygotsky e Piaget no tocante ao desenvolvimento infantil, estamos evidenciando um movimento educacional ativo, contextualizado e real. Dessa maneira, cabe destacar que a relação entre as múltiplas linguagens e a aprendizagem, pode impulsionar o processo de apropriação, e a escola possibilita essa aproximação quando toma consciência de seus atributos educacionais e formador. Para tanto, a educação deve valorizar o potencial das crianças, e dessa forma, a autonomia das mesmas. As atividades relacionadas as linguagens corporal, visual e musical, devem ser inseridas na rotina diária das crianças e realizadas da maneira planejada. Para tanto algumas condições são essenciais como, espaços seguros, brinquedos em quantidade e variedade adequadas a cada faixa etária atendida, tempo suficiente para o desenvolvimento das atividades e educadores conscientes da importância desses momentos na educação e no desenvolvimento das crianças. Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. Concluímos que, as três formas de linguagens que abordamos neste artigo nos trazem inúmeras possibilidades de novas vivências e de novas experiências que ampliam com veemência o repertório cultural das crianças, oportunizando diversas interações delas com suas obras, com o material utilizado e com seus colegas. Se bem aplicadas, todas as formas de linguagem em forma de brincadeiras lúdicas trarão resultados extremamente positivos aos educandos das mais diferentes faixas etárias, em especial, aos pequenos da educação infantil, sempre lembrando que o professor é o mediador entre a criança e a linguagem, organizando, e propiciando ambientes e situações de aprendizagem significativas. Com as linguagens conseguimos desenvolver temas imprescindíveis ao processo evolutivo da criança, entre eles, o trabalho em equipe, o respeito às características dos colegas, a memorização, a afetividade, o desenvolvimento corporal e especialmente, a alegria da descoberta e da aprendizagem. Que possamos nós, futuros educadores, absorver e aplicar de formas memoráveis todas as técnicas de linguagem buscando a ludicidade em todos os momentos do nosso processo de aprender e ensinar, pois somente assim seremos profissionais de destaque na formação de indivíduos mais sociáveis, estáveis e diferenciados. 12 REFERÊNCIAS ANTUNES, Celso – O Jogo e a Educação Infantil, Editora Vozes, RJ,2014. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF MEC, 1998 LOBO, Adelina Soares – Educação Motora Infantil EDUCS-Editora da Universidade de Caxias do Sul, RS,2010. MALUF, Ângela Cristina Munhoz - Atividades Lúdicas Para a Educação Infantil, Editora Vozes, RJ. PIAGET, Jean – A Psicologia da Inteligência, Editora Vozes, RJ, 2013. PALANGANA, Isilda Campaner – Desenvolvimento e Aprendizagem em Piaget e Vygotsky, Sumus, SP 1998. STELLA, Ana Lucia – Imaginação e Criação na Infância Lev S. Vygotsky, Editora Vozes, 2008.
Compartilhar