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Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 1 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR Sistemas CAD/CAM i. Objetivo: O presente trabalho objetiva apresentar conceitos teóricos e considerações práticas sobre sistemas CAD/CAM para a disciplina específica do Curso de Especialização em Tecnologia para Integração da Manufatura visando: - conceituar as bases dos sistemas CAD/CAM; - apresentar as vantagens e conseqüências da implantação; - conceituar a operação dos sistemas; - apresentar o estado atual desta tecnologia; - projetar a visão futura desta tecnologia e sua integração com outras tecnologias correlatas. ii. Observações iniciais: Neste material que segue são feitas citações e algumas considerações sobre produtos existentes no mercado atual. Destaco inicialmente que: - todos os nomes e marcas citadas são de propriedade de seus respectivos fabricantes; - as citações não visaram e nem visam criticar ou agraciar a nenhum destes; - as referências foram tomadas apenas com aspecto comparativo prático entre alguns dos mais famosos fabricantes e tendo-se a certeza de que não foram citados todos pertencentes a um universo bastante extenso; - as citações não representam em nenhum momento o endosso ou crítica deste profissional ou sequer a posição da instituição perante estas marcas. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 2 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 1. NECESSIDADES DA MANUFATURA: A manufatura atualmente vem sofrendo rápida e larga revolução. A necessidade constante de renovação, imposta especialmente pelo “consumo do novo”, reduz cada vez mais a vida dos produtos no mercado. Aliado a isto, temos a crescente complexidade e sofisticação, aumentando drasticamente o número de componentes no projeto final. Some ainda, a expectativa do consumidor final: baixo custo e alta qualidade. E nunca esqueça de, um fator básico de sua sobrevivência neste mercado, a concorrência. Claramente este cenário é muito diferente daquele avaliado por Taylor ou Ford quando estabeleceram-se as bases da Produção Seriada, e isto impõe às empresas e indústrias uma rápida necessidade de adaptação e atualização em seus sistemas produtivos. Trataremos estes tópicos por partes, à fim de detalharmos em cada um deles quais as demandas, ferramentas auxiliares e tendências futuras para cada um. 1.1. Produtividade: Quando pensamos em produtividade devemos associar imediatamente o conceito de valor agregado x horas trabalhadas. O aumento da produtividade deve então necessariamente estar associado à eficiência do processo produtivo. Nosso estudo é sobre manufatura e sobre este é que concentraremos a nossa avaliação. Existem nos processos produtivos dois tipos básicos de consumo de tempo: aqueles chamados de secundários e os principais. Os tempos secundários são necessários porém não modificam o valor do produto. Os tempos principais são os que efetivamente agregam ou modificam o valor do produto. Uma das maneiras mais tradicionais de melhora de produtividade nos processos de manufatura envolve justamente o ataque à redução dos tempos secundários. Isto tem sido feito historicamente através de maior treinamento de pessoal, utilização de dispositivos, melhora nas metodologias, etc. Hoje porém, devemos atentar para o contexto que está se configurando e ao futuro. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 3 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR Neste novo contexto a solução para a redução dos tempos secundários converge para um único ponto: automação da produção. Dentre os principais motivos estão: o custo da mão-de-obra, problemas sociais, melhora da qualidade e recolocação do ser humano. Devemos perceber que o emprego direto nos processos produtivos tende a reduzir- se drasticamente, restando de 2% a 5% de uma população envolvidos diretamente com a produção de bens de consumo e suprindo ao todo as necessidades de uma nação. Este fato deve-se especialmente à percepção de que o homem não é um robô, e tem custos e problemas maiores que uma máquina. Porém, um homem é muito superior à qualquer máquina devido à sua capacidade intelectual. A melhora sensível do nível de escolaridade causa aumento de produtividade, porém causa dificuldades em encontrar mão- de-obra compatível com o chão-de-fábrica, exigindo melhores salários e condições de trabalho. Também ocorre o aumento razoável do turn-over encarecendo os investimentos em treinamento e prejudicando o bom andamento da produção como um todo. Surgem soluções incompletas de automação como por exemplo a aplicação de máquinas automáticas com assistência humana (um CNC substituindo máquinas convencionais). Esta solução, muito empregada no Brasil, mantém um “caráter social do emprego”, mas exige mão-de-obra mais qualificada e que não pode ser muito bem remunerada devido aos custos. O trabalho é desestimulante, repetitivo e exige boa formação educacional para um trabalho monótono. O resultado é sempre o mesmo: busca constante de progressão funcional (nem sempre apoiada pela empresa) e alta rotatividade. A empreitada definitiva seria a automação completa, onde seriam atacados as etapas principais e secundárias como um todo, abandonando a mão-de-obra e buscando ao máximo a aplicação de sistemas automáticos tanto nas etapas diretas como indiretas da fabricação de um produto (chegaríamos a um sistema FMS por exemplo). Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 4 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 1.2. Custos e novo produto: O custo final de um produto está intimamente ligado à produtividade, porém se nos fixarmos aos custos unitários de cada item que compõe um produto verificaremos que as soluções empregadas à cada etapa, tem larga influência no custo final. Existem diversos componentes no preço final de um produto, poderíamos citar: desenvolvimento do produto (projeto), implantação de produção (treinamento, investimentos), a produção (fabricação), transporte, impostos, mão-de-obra, e outros. Estes custos compõe cada qual com seu “peso” o preço final. A produtividade de cada uma destas etapas é também decisiva, em especial frente a concorrência cada vez mais acirrada de preços. Os sistemas CAD podem ajudar a reduzir drasticamente os custos e tempos de desenvolvimento de um novo produto. Também auxiliam na prevenção de erros, no desenvolvimento de sistemas e componentes auxiliares, e na preparação de modelos a serem aproveitados por outros sistemas computacionais. Existe uma tendência forte de mudança na filosofia nos sistemas CAD, migrando dos clássicos desenhos técnicos para a modelagem. A modelagem é a real concepção do produto e os softwares podem extrair automaticamente do modelo as vistas e desenhos no padrão técnico. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 5 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR Os sistemas CAE podem, utilizando modelos CAD, prevenir erros e otimizar projetos, auxiliando em especial nas áreas de: - análise de componentes estruturais (otimização); - análise de comportamento estrutural (crash-test); - análise de funcionamento de ferramentas (moldes e matrizes); - desenvolvimento virtual de ferramentas; Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 6 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR - análise de circuitos eletrônicos; - testes de montagens e lay-out; - desenvolvimento virtual de circuitos eletrônicos, hidráulicos, pneumáticos e mecanismos. Podemos, através de sistemas de shading ou rendering realístico e prototipagem rápida definir com maior facilidade detalhes de design de um produto, inclusive fazer testes de marketing para verificar a real adequação. Os sistemas CAM, utilizam os modelos CAD para a geração de programas CNC de maneira automática, minimizando o tempo, reduzindo erros e permitindo o desenvolvimento de usinagens cada vez mais complexas. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 7 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR Os sistemas CAM, integrados à redes de máquinas CNC, auxiliadas por sistemas de alimentação automáticos e geridas por um controle FMS permitem um warm-up e produção de pré-séries em tempos bastante reduzidos e praticamente isento de erros. A larga aplicação destes sistemas de maneira integrada leva-nos hoje a poder desenvolver cada vez mais rápido e com maior segurança novos produtos. Também contribuem para a redução de mão-de-obra produtiva em várias destas etapas e ainda possibilita a melhora da qualidade final do produto. A automação da produção, também reduz custos (devido aos fatos colocados no item anterior), e ainda, viabiliza custos de produtos que jamais se tornariam populares sem o emprego maciço de automação em sua produção (ind. eletônica por exemplo). Facilita também a manutenção constante do inventário instantâneo da produção, facilitando o emprego de sistemas de estoques reduzidos e de acompanhamento de prazos (just-in-time). 1.3. Qualidade e complexidade: As crescentes demandas e aumento significativo da complexidade dos produtos coloca em xeque a produção no que tange à qualidade garantida. A produção manual está sujeita à maior taxa de erros e também possibilita tolerâncias maiores nos sub-componentes. Os erros, inerentes ao humano, sempre ocorrerão, podendo apenas ser minimizados através de sistemas auxiliares. Estes erros geram prejuízos (perda de material) ou queda da qualidade (produto inadequado). Também surgem as necessidades constantes de retrabalho. Quando pensamos em solucionar estes problemas incorremos no mesmo caminho – automação e eliminação da mão-de-obra. Deixemos claro que a automação não torna um produto ruim em bom, porém evita que um bom projeto incorra em baixa qualidade final por falhas no processo produtivo. Mas o que muda? Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 8 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR A automação apresenta em alguns casos alta flexibilidade, porém, nenhuma automação será mais flexível que um homem. Devido a isto, são necessárias as reduções em tolerâncias de peças e montagens. Quando fazemos um estudo de automatização de um processo, muitas vezes simples, verificamos que ocorre um encadeamento entre diversos pontos da produção e sub-partes que acabam tendo que ser revistos para compatibilizar tolerâncias máximas a automação pretendida. Isto acaba contribuindo para a melhora final do produto. Quando trata-se de produtos muito complexos o número de falhas tende a crescer drasticamente e até pode inviabilizar uma produção. A indústria eletrônica é exemplo disto, sem processos automáticos e máquinas altamente especializadas seria inviável a produção a preço e demandas exigidasa nível mundial. 2. AUTOMAÇÃO: Estas necessidades, que atualmente tornam-se mais evidentes, não são novas. Já no segundo ciclo da produção seriada (40-60), as preocupações com a redução de tempos e aumento de produtividade já se manifestavam e começaram a se difundir sistemas de automatização. Inicialmente os sistemas rígidos e dispositivos auxiliares da produção, mas já se engatinhava na pesquisa de sistemas flexíveis (1952-CN). A decisão de automatizar é quase inevitável, os rumos da manufatura indicam esta como a única solução, e a sobrevivência da indústria estará comprometida caso adie este processo. A decisão correta quanto ao tipo do sistema a ser empregado também é importante. Podemos classificar os processos de automação da seguinte forma: Rígida: é o tipo em que o fluxo de material e informação permanecem constante por longo tempo (linhas transfer). Aplicável a grandes lotes – início dos processos de automação Flexível: sistema com habilidade de se adaptar às mudanças, seja de composição do lote, nos processos ou nas seqüências de usinagem, permitindo rápidas respostas. Aplicável à pequenos lotes ou até peças unitárias – estágio atual. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 9 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR Recomendações quanto a eleição de sistemas de manufatura Autor: Prof. Neri Volpato, Ph.D. Tanto os sistemas rígidos, quantos os flexíveis (e os intermediários) podem e devem ser empregados, bastando uma avaliação criteriosa sobre a estabilidade dos processos e vida dos produtos. Na automação rígida, quando surge a necessidade de alguma mudança, consome- se muito tempo de setup ou às vezes torna-se inviável a adaptação. Os processos altamente flexíveis muitas vezes também podem ser aplicados com sucesso a lotes grandes, porém o custo de implantação se eleva sensivelmente. Também deve-se considerar o mesclado de tecnologias rígidas e flexíveis juntas, atendendo cada uma das necessidades (exemplo linha transfer com sistemas CNC), o que melhora em muito a capacidade de adaptação a novo produto (similar) ou lotes intercalados. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 10 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 3. CNC: Se avaliarmos um dado processo produtivo, poderemos facilmente identificar quais os tempos mais significativos no que tange à produtividade. Vejamos abaixo o exemplo de uma máquina ferramenta: Análise do Ciclo de Trabalho Autor: Prof. Neri Volpato, Ph.D. Observa-se claramente a possibilidade de divisão do tempo consumido no ciclo total de trabalho em tempos úteis e secundários . Tempos secundários são aqueles decorrentes de atos necessários, porém não alteram o valor do produto. Tempos úteis são aqueles que efetivam mudanças no valor do produto, isto é, modificam o valor agregado. No caso de uma usinagem, os tempos de manipulação de matéria-prima, e de produto acabado são tempos secundários. Os tempos de trabalho da máquina são considerados úteis. Devemos observar que, ainda nos tempos úteis, temos uma subdivisão entre principais e secundários. Os conceitos se reaplicam e no caso da usinagem, somente são tempos úteis principais aqueles em que ocorre efetiva remoção de cavaco (corte). Tempos de troca de ferramenta, reposicionamento, etc., são tempos úteis secundários . Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 11 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 3.1. Vantagens do CNC: 3.1.1. Elevada produtividade: Com certeza um dos grandes feitos do CN foi a drástica redução implementada sobre os tempos úteis secundários e sobre os tempos secundários. Os tempos úteis secundários se reduzem especialmente devido às trocas automáticas de ferramentas e às altas velocidades de operação em vazio (até 120 m/min). Devido à sofisticação das máquinas CNC reduz-se também os tempos de fixação, retirada e controle dimensional das peças, possibilitando a operação totalmente automática sem supervisão humana. 3.1.2. Otimização no uso de ferramentas: A alta capacidade de controle de parâmetros de corte, alta rigidez estrutural e abundância de refrigeração permitem à máquina CNC explorar ao máximo a capacidade das ferramentas, reduzindo os tempos úteis principais , intimamente ligados e dependentes das tecnologias de ferramentas. Claramente é inviável o uso indiscriminado de ferramentas de alta tecnologia e performance em máquinas convencionais. Como a vida útil e rendimento de uma ferramenta está ligada àqueles três pontos citados, a utilização da tecnologia CNC consegue reduzir os custos com ferramentas, que, não deixemos de lembrar, são expressivos. 3.1.3. Precisão: Os sistemas CNC, quando aplicados a algum processo, sempre garantem grande precisão de controle dimensional e alta repetibilidade, reduzindo também o tempo consumido em controle dimensional. 3.1.4 Flexibilidade: Pode-se afirmar seguramente que, dentre os sistemas de automação de produção conhecidos, a tecnologia CNC é a que apresenta a maior flexibilidade. Apresenta também a versatilidade em automatizar outros processos (além da usinagem) facilitando a obtenção de geometrias altamente complexas com rapidez e baixo custo. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 12 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 3.1.5. Produção: O uso de máquinas CNC integradas em redes de gerenciamentode produção permite o máximo controle da produção, alternando lotes e processos de maneira otimizada, e ainda, obter-se instantaneamente o estado geral da produção minimizando a necessidade de relatórios e inventários produtivos. 3.2. Desvantagens do CNC: 3.2.1. Custo: Os custos de implantação de sistema CNC são relativamente elevados. Se considerarmos a máquina isoladamente, pode-se dizer até barata, com preços variando entre US$ 45.000 – 1.000.000 genericamente falando. Porém as mais aplicadas ficam na faixa de US$ 45.000 – 250.000. Porém, quando passamos a avaliar a implantação mais completa, num sistema integrado, os custos começam a se elevar, em especial devido aos altos custos de software, hardware e treinamento de pessoal envolvidos. A parte de ferramentas também sofre drástica modificação, exigindo a adoção de sistemas padronizados de boa qualidade e tecnologia, o que incrementa bastante os custos quando comparado aos sistemas convencionais. Este investimento não pode ser desprezado e nem descartado por ser decisivo na produtividade esperada da máquina e qualidade do produto final. 3.2.2. Organização: A implantação do CNC no processo produtivo exige mudanças organizacionais expressivas. No chão-de-fábrica exige-se máxima organização e controle de ferramentas e dispositivos de apoio à usinagem. Mudanças nos processos de preparo de matéria-prima e organização de almoxarifados. A parte responsável por programas e processos também deve sofrer larga revisão, exigindo mudanças em todos os descritivos e necessidade de organização de softwares específicos, programas CNC, parâmetros de corte e outros dados de ferramentas. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 13 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 4. PROGRAMAÇÃO CNC: Vamos relembrar algumas das etapas da programação CNC: a) avaliação do projeto e escolha da concepção de máquina a.1) peças de revolução: centros de torneamento a.2) peças prismáticas e geometrias complexas: centros de usinagem (fresadoras) b) definição de seqüências e processos de usinagem c) seleção de ferramentas e parâmetros de corte d) avaliação de dispositivos de fixação e sujeição e) escolha de superfícies de referência f) codificação do programa CN: f.1) manual: aplicada a peças simples de fresamento com 2,5 eixos e centros de torneamento. f.2) automática: aplicada a peças complexas com superfícies e usinagens de 3 ou mais eixos. Nos casos em que se aplica a programação manual, também pode-se aplicar a programação automática (CAM), mas nos casos de superfícies complexas e usinagens de mais de 3 eixos necessariamente o CAM deve ser empregado. Torna-se inviável técnica e economicamente tentar a execução manual do programa CN nestes casos devido à complexidade de trajetórias a serem executadas. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 14 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 5. CAPP: Devemos observar que as etapas acima descritas de “a” até “e” são etapas de planejamento de processos. Esta brecha existente entre os sistemas CAD e CAM deve ser brevemente preenchida por softwares de CAPP (Planejamento de Processos Auxiliado por Computador). Já existem no mercado aplicativos nesta área, porém de eficiência questionável. Casos de sucesso são conhecidos porém com programas desenvolvidos de maneira quase personalizada. A maior dificuldade do CAPP está no gerenciamento de inúmeras informações e da solução não unitária para cada problema, exigindo capacidade de decisão entre múltiplas alternativas e ainda a combinação não linear de informações. A grande parte do conhecimento em planejamento de processos provém da experiência pessoal dos planejadores. A tradução do conhecimento empírico, e até mesmo envolvendo preferências particulares, dificultam o desenvolvimento dos sistemas. 6. CAM: O sistema CAM ou Manufatura Auxiliada por Computador tem como objetivo unitário a obtenção de programa CN tomando como base um modelo CAD, auxiliado por informações tecnológicas. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 15 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 6.1. Aplicação: Os sistemas CAM, como já fora comentado, podem ser aplicados desde peças muito simples até as mais complexas. Não abordaremos neste estudo o uso em casos simples, pois as decisões são extremamente similares àquelas aplicadas na programação manual, principalmente no que tange às estratégias. No caso de peças torneadas, a similaridade é extremamente evidente. Atualmente, a aplicação prática dos sistemas CAM é também praticamente restrita às peças mais complexas, envolvendo superfícies tridimensionais ou usinagens com mais 3 eixos simultaneamente, restrição imposta pelo alto custo dos sistemas. 6.2. Software e Hardware: 6.2.1. Software adequado: Nunca devemos esquecer que a “alma” da solução computacional de qualquer problema é a eleição de um software adequado. Quando pensamos em tecnologia CAM não podemos deixar de pensar em CAD. Mesmo quando o seu ramo de trabalho não envolve o projeto para se operar um CAM faz- se relevante e necessário algum CAD pois, muitas vezes é necessário editar o desenho recebido para se corrigir alguma falha (um defeito de união de superfícies por exemplo), inserir algum elemento (uma linha auxiliar de definição de barreira) ou, até mesmo, excluir entidades que não serão operacionalizadas pelo CAM e que estejam dificultando o trabalho do aplicativo. Um CAD (low-end) de qualidade pode ser aplicado quando apenas desejamos ler e fazer pequenas edições em desenhos de terceiros (AutoCad1, MicroStation2). Não devemos esquecer de verificar a capacidade de importação e exportação de arquivos em múltiplos formatos e as referidas “perdas” nestes processos. Quanto mais versátil o aplicativo neste aspecto, mais adequado para uso de apoio ele será. Se existe a necessidade de concepção e realização de desenhos técnicos de um produto (departamento de projetos), o ideal é buscar aplicativos de melhor nível(mid-range ou high-end) - Pro-Engineer3, Catia4, SolidWorks5, SolidEdge6, entre outros. Estes 1 AutoCad é marca registrada da Autodesk 2 MicroStation é marca registrada da Bentley 3 Pro-Engineer e Pro-E são marcas registradas. 4 Catia é marca registrada da Dassault Systemes 5 SolidWorks é marca registrada da Dassault Systemes 6 SolidEdge é marca registrada da UGS Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 16 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR aplicativos já estão inseridos numa filosofia voltada ao produto (modelo), tomando como secundária a parte de desenho técnico (gerada automaticamente). Entre os principais formatos de arquivos a serem importados/exportados devemos listar: IGES, STEP, DXF e VDA. Quanto ao CAM, seguem-se as mesmas linhas de raciocínio na avaliação da capacidade de importação adequada dos arquivos CAD. Porém o aspecto mais importante no CAM é a sua capacidade operacional em gerar um programa CNC seguro. Devemos atentar para os recursos de simulação, análise e estratégias de usinagem e em especial na qualidade do pós-processamento. A falta de uma simulação em shading é inaceitável. A visualização em wireframe é bastante prejudicada e ainda normalmente não conta com recursos de identificação de colisões. (vide item 6.5) A análise das trajetórias e estratégias de usinagem, demonstrando a extensão e tempos consumidos são também importantes na fase de otimização da programação. Sistemas de identificação de áreas não usinadas, saídas e entradas inadequadas e colisões com elementos secundários (dispositivos de fixação, suportes de ferramentas) são importantíssimos e não devem ser desprezados. Os programas de CAM tipo low-end sequer devem ser avaliados, salvo para aplicações muito simples. Na mid-range já podemos encontrar programas de alta qualidade e grande garantia operacional (segurança), como por exemplo o Power Mill7. Também já encontramos pacotes integrados (cad/cae/cam ou cad/cam) como por exemplo o Cimatron it8. Se passarmos para a faixa high-end praticamente todos os pacotes são integrado ou integráveis (aquisição separada de vários módulos), porém os custos alavancam significativamente. Os softwares Catia e UGS são exemplos citáveis. A grande vantagem de sistemas integrados é a perfeita conexão entre os aplicativos, incluindo a propagação de alterações automaticamente entre os diversos módulos. Alguns ainda incluem aplicativos para redes DNC (vide item 6.4). Não devemos esquecer ainda da importância do software possuir uma interface amigável possibilitando a rapidez de familiarização e aprendizagem. Neste aspecto, os pacotes integrados levam expressiva vantagem pois, normalmente os menus e comandos seguem padrões fixos entre os diversos módulos. 7 Power Mill é marca registrada da Delcam 8 Cimatron it é marca registrada da Cimatron ltd Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 17 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 6.2.2. Hardware adequado: Há alguns anos atrás os softwares de CAM tinham aplicação exclusiva em estações RISC/Unix, o que dificultava a proliferação da tecnologia devido aos custos e a mão-de-obra altamente especializada. Claramente, a possibilidade do uso de sistemas em UNIX ainda existe, porém, deve-se levar em conta os investimentos em hardware e a maior dificuldade de integração entre os diversos sistemas. A vantagem esta necessariamente no desempenho e robustez da plataforma. Hoje temos os mais diversos softwares disponíveis em sistemas multiplataforma, envolvendo desde os clássicos UNIX9, PC10 – Windows 9x11, e até mesmo para plataformas Apple – PowerPC12. A escolha deve permear os seguintes passos: - custo do investimento x necessidade de desempenho - pessoal especializado - integração de redes e sistemas de arquivos - integração com os softwares já existentes - investimentos indiretos decorrentes. A possibilidade de trabalharmos com sistemas padrão PC – Win (extremamente difundidos do Brasil) somente deve ser descartada em casos em que o máximo desempenho será exigido. Nunca devemos descartar ainda as possibilidades de utilização de estações multiprocessadas, com grande memória RAM (1 Gb ou mais) e com discos rígidos de alto desempenho. Esta solução minimiza, em especial para pequenas e médias empresas, as dificuldades de integração e custos indiretos decorrentes da migração de plataforma, e ainda, não deixam muito a desejar perante as estações Unix. Outros aspectos como monitores de grande tamanho e resolução e até mesmo sistemas com dois monitores podem auxiliar o desempenho dos operadores dos aplicativos CAD/CAM. 9 UNIX é trade mark da Unisis Systems. 10 PC é marca registrada da IBM. 11 Windows, Win, Windows 9x são marcas registradas da Microsoft Inc. 12 PowerPC é marca registrada da PowerPC Aliance Inc (Apple, IBM e Motorola). Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 18 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 6.3. Necessidades operacionais: Conforme comentado no item 5, existe a necessidade de conhecimento de tecnologia de planejamento de processos para a eficiente operação do CAM. 6.3.1. Seleção de Ferramentas: São aplicados três tipos básicos de fresas na definição dos processos num CAM: Também deve-se adequar o magazine de ferramentas da máquina às definições de ferramentas efetuadas no CAM. 6.3.2. Parâmetros de corte: É necessário que o operador de CAM especifique aos parâmetros de corte a serem aplicados com as ferramentas. Definições como velocidade de corte, avanço, e profundidades máximas devem ser detalhadamente especificados. Alguns parâmetros como avanço e deslocamento entre passadas podem ser definidos automaticamente pelo CAM com base em parâmetros de rugosidade especificados. Estes parâmetros de acabamento normalmente se baseiam no scallop ou cusp height desejado, e automaticamenteo software calcula os outros parâmetros (avanço e distância entre passadas). Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 19 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 6.3.3. Estratégias de usinagem: Além das informações acima, são necessárias as definições de estratégias de usinagem a serem aplicadas. Deve-se buscar a otimização em termos de tempo e número de passes, visando explorar ao máximo as capacidades das ferramentas. Nas fases de acabamento e semi-acabamento não existem tantas alternativas quanto nas fases de desbaste, porém, as alternativas existentes visam, conforme inúmeros experimentos, os melhores resultados finais. 6.3.3.1.Desbaste: normalmente aplicam-se trajetórias em camadas (Z constante), vejamos alguns tipos básicos. 6.3.3.2.Semi-acab.: aplicam-se trajetórias similares àquelas aplicadas no acabamento. O que se altera é a profundidade da passada, normalmente maior. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 20 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 6.3.3.3.Acabamento: usualmente aplicam-se trajetórias de em linhas (raster), ou projeções de trajetórias 2D sobre superfícies 3D. Vejamos alguns casos. Raster Exemplos de trajetórias 2d Projeção Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 21 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 6.3.3.4.Auxiliares: são estratégias destinadas ao retrabalho (re-machining) de partes não atingidas pelas ferramentas anteriormente aplicadas nas operações de desbaste (sobras em pequenos raios, cantos, ...) 6.3.4. Pós-processamento: Após todo o trabalho sobre um CAM, ainda não temos um programa CN. Todas as ações, definições de ferramentas, parâmetros e estratégias ficam armazenadas e salvas em formato próprio do software CAM, existindo a necessidade de traduzir-se estas informações para a linguagem de máquina (padrão ISO – G00, G01, G02,..., X, Y, Z,...). O pós-processamento é quem realiza esta tarefa. Utilizando as informações geradas no CAM e informações de máquina, escreve o programa CNC que pode ser enviado e executado pela máquina. Devido às pequenas variações existentes entre cada padrão de comando existente no mercado, é necessário que o pós-processador seja desenvolvido para cada máquina ou grupo de máquinas que possuam comandos similares. Existe um custo neste desenvolvimento. Destaca-se que geralmente os softwares de CAM são incapazes de pós-processar para comando com linguagens proprietárias13 (fora do padrão ISO). Estas linguagens normalmente interativas exigem sistemas CAM específicos, desenvolvidos pelas empresas que detém a tecnologia da linguagem. Casos típicos são o Mazatrol-T3214 e o Fanuc Interact15. Portanto deve-se avaliar bem a compra de uma máquina CNC com estas tecnologias e jamais esquecer de solicitar a inclusão de sistemas compatibilizadores com a linguagem ISO (normalmente opcionais). 13 São consideradas tecnologias proprietárias aquelas cujo fabricante não compartilha informações técnicas em nenhum nível. 14 Mazatrol e Mazatrol Cam são marcas registrdas da Yamazak Machinery Inc e Mitsubishi Machinery Inc. 15 Fanuc Interact é marca registrada da Fanuc. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 22 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 6.4. Outras necessidades: Os programas CN gerados por um CAM são normalmente bastante extensos, uma vez que o pós-processamento aproveita alguns recursos apenas do comando (poucos ciclos), e até mesmo porque as trajetórias complexas criadas no CAM, raramente se enquadrariam num ciclo preexistente na máquina. Outro fator relevante é que a grande maioria das trajetórias são criadas com uma combinação de retas, e devido à precisão especificada no acabamento final geram-se micro-retas às vezes menores que 0,01 mm. Este detalhe computacional do CAM gera programas CN com milhares de linhas que acabam sendo difíceis ou impossíveis de serem carregados na máquina CNC. Não devemos esquecer que a maioria das máquinas não possui memória superior a 128 Kb, e que um programa com 8.000 linhas teria algo em torno de 110 Kb. Se existir parte da memória da máquina ocupada, será impossível a transferência do arquivo. Neste momento mister é a presença de uma rede DNC, capaz de transferir por partes (linha a linha) o programa simultaneamente com a execução do mesmo pela máquina. Também pode-se facilmente copiar os arquivos da memória, liberando espaço. Os sistemas DNC também podem ser utilizados para enviar para a máquina outros dados - tais como: informações de ferramentas e zero-programa – minimizando a chance de erros e acidentes, e também agilizando a execução de troca de processo. 6.5. Vantagens do CAM: A utilização dos sistemas CAM apresentam vantagens indiscutíveis, além da agilidade na execução da programação CNC poderíamos citar: - capacidade de geração de programas CN para superfícies altamente complexas, inviáveis de serem programadas manualmente, e cada vez mais presentes em nossos produtos; - aumenta a confiabilidade do CN pois apresenta capacidade de simulação com detecção automática de colisões e visualização das barreiras existentes. - simulação das trajetórias da ferramenta detectando automaticamente áreas ainda não usinadas, evitando erros geométricos. - maior segurança, pois podemos visualizar todas a ações da máquina tendoa certeza das trajetórias serem adequadas e seguras. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 23 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR No aspecto da simulação devemos dar preferência aos programas que possibilitam a visualização de sólidos (shading) pois apresentam uma imagem mais real, melhorando a capacidade de visualização de erros. A riqueza de detalhes apresentada também é importante: suportes de ferramentas, dispositivos de fixação, eixo-árvore. Simulação em Shading Simulação em Wireframe Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 24 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 6.6. Conseqüências da Implantação do CAM: A implantação do CAM, como qualquer outro novo sistema, gera sempre alguma perturbação no ambiente da empresa. As principais são: - modificação nos sistemas de documentação; - necessidade de maior organização e familiarização com o novo sistema; - especialização da mão-de-obra, necessariamente mais qualificada. Claramente estas conseqüências geram custos de implantação que, diluem-se com os ganhos de produtividade e aumento do valor das ações dos profissionais. 7. TENDÊNCIAS: As projeções futuras no ramo automação da manufatura e de sistemas auxiliados por computador apontam para um único horizonte, aumento da eficiência e produtividade. Se considerarmos a manufatura observaremos uma crescente tendência a eliminação completa da mão-de-obra direta, substituindo totalmente o homem por sistemas automáticos totalmente integrados a redes de gerenciamentos de vendas, projetos e gestão da produção. Isto é, o crescimento de aplicações de sistemas FMS e CIM. Nas áreas de engenharia veremos a crescente integração dos softwares, minimizando o processo de comunicação, sendo que as informações de alteração de projeto, produto ou partes serão automaticamente propagadas por todos os níveis da empresa que dependem daquela informação. As decisões de engenharia visarão não somente a otimização operacional, estrutural e de design, mas também estarão integradas às áreas de gerenciamento. Esta integração instantânea permitirá integrar as decisões operacionais às decisões gerenciais, por exemplo: “Se o projetista poupa um dólar em uma nova peça, mas a empresa precisa acrescentar outro fornecedor, é preciso saber se o preço da contratação desse fornecedor - custos de comunicação e pessoal - vale a pena. No passado, Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 25 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR os softwares de engenharia, por si sós, não reconheciam esse custo. Assim, o projeto do software deve estar atrelado ao software de gestão da cadeia de fornecimento. Unir sistemas dessa maneira é difícil. Por isso, as indústrias hoje gastam metade do orçamento da área de tecnologia da informação em serviços – como consultoria, instalação e integração de sistemas - e a outra metade, em hardware e outros produtos.”16 De forma simples poderíamos dizer que, o futuro ruma para uma integração cada vez mais crescente dos braços do “Y de Scher17”, utilizando a tecnologia da informação como ferramenta única capaz de fazê-lo com eficiência e custo aceitável. 16 Exemplo citado por Stephen M. Ward Jr., gerente geral da divisão IBM para serviços industriais globais. 17 Y – modelo proposto por August Scher, daí o nome. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Departamento Acadêmico de Mecânica Curso de Tecnologia Mecânica ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ CAM – Manufatura Auxiliada por Computador 26 Prof. Maro Rogér Guérios UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PR 8. BIBLIOGRAFIA: GROOVER, M.P. & ZIMMERS Jr. E.W..CAD/CAM Computer Aided Design and Manufacturing. Prentice Hall, 1986 LORINI, Flávio J..Tecnologia de Grupo e Organização da Manufatura.UFSC, 1993 REMBOLD, U. & NNAJI, B.O..Computer Integrated Manufacturing and Engineering. Addison-Wesley Publishing Company Inc., 1996 TEICHOLZ, Eric.CAD/CAM Handbook.McGraw-Hill, 1990 UGS, DELCAM, CIMATRON, UNICAM, I-DEAS, VERO.Catálogos, folders e manuais diversos. VOLPATO, Neri. notas de aula do curso de engenharia mecânica. Cefet-PR, 1995 Observação: Este material encontra-se disponível na internet para download no endereço: http://agp.ainfo.cefetpr.br/bscw/bscw.cgi Ao acessar será solicitado um login de usuário: username: mecalunos password: mecanica Acesse então a pasta FABRICAÇÃO e MARO, baixe o arquivo: CAM.PDF
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