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História das cruzadas

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Baixa Idade Média
Cruzadas
Baixa Idade Média
No período que vai do século XI ao século XV, chamado de Baixa Idade 
Média, começaram a se configurar algumas transformações no feudalis-
mo. As origens dessas mudanças estão no esgotamento da autossuficiên-
cia produtiva, progressivamente abalada pelas transformações em curso 
na Europa, sendo a principal delas o surto demográfico verificado
a partir dos séculos X e XI. Com a diminuição progressiva no ritmo das 
invasões, que caracterizaram praticamente toda a Alta Idade Média, as 
condições de vida se tornaram mais estáveis, o que provocou gradativo, 
mas significativo, aumento de população. Na Inglaterra, por exemplo, a 
população teria passado de 2 milhões, no século XI, para cerca de 5 mil-
hões, no início do século XIV. Nas áreas de domínio italiano, o salto no 
mesmo período foi de 5 milhões para 10 milhões; e, na França, a popu-
lação aumentou de 6 milhões para 15
milhões naquele intervalo de três séculos. A expansão demográfica des-
dobrou-se em inúmeros efeitos produtivos e sociais. Exigiu aumento 
das áreas cultivadas, para ampliar a produção, além de um desenvolvi-
mento comercial mais vigoroso, ativando as trocas locais, desbancando a 
tendência ao imobilismo feudal das unidades produtivas autossuficientes. 
A intensificação da circulação de produtos (grãos, ovos, aves, gado, peix-
es, lã, ferramentas, etc.) impulsionou também diversos setores artesanais. 
Muitos deles haviam continuado ativos na Alta Idade Média, servindo a 
nobreza e o alto clero: armeiros, que trabalhavam para os nobres guer-
reiros; ourives, pintores e construtores, que trabalhavam na edificação de 
catedrais e castelos, entre outros. Inovações técnicas aplicadas aos tra-
balhos agrícolas também ganharam força, como a utilização dos arados 
de ferro, mais fortes e eficientes que os de madeira usados até então, e 
o aperfeiçoamento de moinhos hidráulicos. As terras cultiváveis foram 
ampliadas por meio do aterramento de pântanos e a derrubada de flores-
tas. O aumento populacional, aliado às elevadas taxações cobradas pelos 
senhores territoriais, deixou grande quantidade de aldeões à margem da 
atividade rural. Muitos procuraram outras oportunidades de sobrevivência, alguns 
foram expulsos dos feudos. Essa marginalização social não ficou restrita aos servos, 
atingiu também senhores. Nobres sem terra, vítimas do direito de primogenitura, 
que dava apenas ao filho mais velho as terras e os títulos paternos, vagavam pela 
Europa como cavaleiros andantes. Ofereciam seus préstimos militares a outros sen-
hores em troca de terras ou de rendas. Muito mais numerosos e igualmente excluí-
dos, os servos tentavam sobreviver ocultando-se em bosques e reocupando antigos 
centros urbanos abandonados. Por vezes, quando encontrados, eram perseguidos 
pelos nobres. Nesse contexto, assiste-se na Baixa Idade Média a um crescente ex-
pansionismo: o chamado Drang nach Osten (‘marcha para o leste’), isto é, a ex-
pansão germânica em que cavaleiros alemães (ou teutônicos), sob o pretexto da 
propagação do cristianismo, dirigiram-se para o Oriente, para a atual Rússia, sub-
jugando a região báltica; assiste-se à Reconquista cristã dos territórios tomados 
pelos árabes na península Ibérica; e ao movimento cruzadista, que contou com a 
participação de inúmeros cavaleiros de toda a Europa. Era a conquista de novas 
terras e riquezas para enfrentar as dificuldades que marcavam os primeiros séculos 
da Baixa Idade Média. 
O movimento cruzadista
As Cruzadas foram expedições principalmente militares, organizadas pela Igreja 
para reconquistar a região da Palestina, que estava dominada pelos muçulmanos 
desde o século VII. Tratava-se de Jerusalém, a Terra Santa, onde ficam os lugares 
que Jesus percorreu, como também onde se encontra o Santo Sepulcro, local em 
que o corpo de Jesus foi sepultado.
A luta de reconquista já era desejada pelos imperadores bizantinos, que esperavam 
o auxílio do Ocidente no combate aos povos muçulmanos, sobretudo os turcos sel-
júcidas. Esse povo, organizado pela dinastia turca seljúcida (do fundador Seldjuk), 
nos séculos de XI a XIII, tinha no islamismo e na união das tribos sua força expan-
sionista. De Bagdá, conquistada em 1055, dirigia-se para a Ásia Menor, ameaçando 
o reduto cristão bizantino. No século XIII, ganhou força a nova dinastia turca dos 
otomanos, que, no século XIV, lideraria novo processo expansionista na região.
Ao organizar as Cruzadas, a Igreja romana também tinha por objetivo estender sua 
influência ao território bizantino, dominado pela Igreja ortodoxa, a Igreja bizan-
tina criada com o Cisma do Oriente, em 1054, e independente do papa de Roma.
Os milhares de indivíduos de alguma maneira excluídos da estrutura social feudal 
foram essenciais na montagem dessas expedições. A espinha dorsal dos exércitos 
cruzados era formada por cavaleiros sem-terra, enquanto a maior parte das tropas 
a pé era constituída de antigos servos. Além disso, milhares de pessoas, incluindo 
mulheres, crianças e idosos, dispunham-se a seguir os cruzados e fazer a peregri-
nação aos locais sagrados após a expulsão dos muçulmanos. 
Havia outros interesses em jogo, como o comércio, atividade até então secundária, 
mas crescente em importância em meio ao surto demográfico que ocorria na 
Europa. Negociantes italianos desejavam conquistar entrepostos e vantagens no 
comércio de produtos orientais, bem como o acesso às rotas comerciais do mar 
Mediterrâneo, dominadas pelos muçulmanos, que impediam a livre navegação. 
Em 1095, o papa Urbano II pronunciou um inflamado discurso no Concílio de 
Clermont, convocando os cristãos a ingressar nas expedições cruzadistas rumo ao 
Oriente. Do século XI ao XIII, partiram da Europa cristã oito expedições, entre as 
quais se destacaram as que apresentamos a seguir: 
• Primeira Cruzada (1096-1099): denominada Cruzada dos Nobres, chegou a con-
quistar Jerusalém e a organizar na região um reino nos moldes feudais.
• Terceira Cruzada (1189-1192): também conhecida como Cruzada dos Reis, devi-
do à participação dos monarcas da Inglaterra (Ricardo Coração de Leão), da França 
(Filipe Augusto) e do Sacro Império Romano- Germânico (Frederico Barba Roxa 
ou Barba Ruiva).
Não tendo atingido seus objetivos militares, resultou no estabelecimento de acor-
dos diplomáticos com os turcos, o que possibilitou as peregrinações.
• Quarta Cruzada (1202-1204): chamada de Cruzada Comercial, por ter sido lid-
erada por comerciantes de Veneza, potência mediterrânea em grande ascensão. Foi 
desviada de Jerusalém, alvo religioso da investida cruzadista, para Constantinopla, 
que acabou sendo saqueada. 
O misticismo e a espiritualidade que impregnavam a época medieval são plena-
mente visíveis na Cruzada das Crianças (1212), organizada com base na crença de 
que somente os “puros” e “inocentes” poderiam libertar Jerusalém. O mesmo acon-
teceu no início do movimento cruzadista, na chamada Cruzada dos Mendigos, or-
ganizada em 1096. Ambas foram dizimadas, principalmente no percurso europeu. 
As expedições cruzadistas não conseguiram resolver totalmente as dificuldades eu-
ropeias decorrentes do aumento populacional, da ambição por novas terras e da 
necessidade de aprimorar a produtividade agrícola para alimentar a crescente pop-
ulação. No entanto, algumas cidades, que nunca deixaram de fazer comércio du-
rante os primeiros séculos da Idade Média, e outras, que emergiram ou ganharam 
impulso com a chegada de camponeses marginalizados nos feudos, tiveram amplas 
vantagens com as Cruzadas. Os exemplos mais marcantes são Gênova e Veneza, 
cujos comerciantes enriqueceram alugando barcos, financiando os cruzados e as-
sumindo a liderança no comércio mediterrâneo.
Não foram somente essas expedições, ocorridas ao longo de quase duzentos anos, 
que levaram ao renascimento comercial da Europa, embora elas certamente tives-
sem contribuído para sua dinamização. Muitos dos nobres, que arcaram com os 
elevados custos militares, empobreceram com as Cruzadas,enfraquecendo-se e fa-
vorecendo o fortalecimento dos governantes. Além disso, em vez de unir a cristan-
dade, criaram oportunidade para divergências entre interesses de algumas regiões 
(como a rivalidade por domínios entre os governantes da Terceira Cruzada), en-
quanto propiciaram muita violência contra os não cristãos. As Cruzadas tiveram, 
contudo, um papel significativo na mentalidade europeia. O espírito dessas expe-
dições foi importante motivação, por exemplo, para a Reconquista cristã da penín-
sula Ibérica, dominada por árabes muçulmanos, e para as Grandes Navegações, 
que levaram à América. Essa mentalidade levou à construção da imagem dos euro-
peus como capazes de impor sua visão de mundo e seus valores a todos
os povos com quem entraram em contato, os quais consideravam “os outros”. Para 
alguns historiadores recentes:
[...] A cruzada emerge, pois, como o ponto de chegada de um lento processo que 
conduz a Igreja, no Ocidente, da não violência, predominante até o século I V, ao 
uso sacralizado e meritório das armas. É essa dimensão sacralizadora que permite 
entender a cruzada como uma guerra santa, a qual tangencia certos aspectos que 
a assemelham com a jihad. Com efeito, durante vários séculos, as Cruzadas opus-
eram a cristandade e o mundo muçulmano pela posse de Jerusalém e dos lugares 
santos, posse que ainda hoje é mobilizadora nos intermináveis conflitos entre jude-
us e palestinos.
Para grande parte da historiografia dos países árabes, as Cruzadas e a ocupação de 
Jerusalém foram a primeira manifestação do imperialismo ocidental, que iria rev-
elar-se de modo mais incisivo nos séculos seguintes.

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