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Aula 04
ISE-AC - Atualidades - 2021 (Pós-Edital)
Autor:
Raphael de Oliveira Reis
08 de Novembro de 2021
85558788291 - Euller Ditomaso
 
 
 
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Sumário 
O Mundo do Trabalho e a Era Digital ........................................................................................................... 2 
1.1 O Mundo do Trabalho ......................................................................................................................... 2 
1.2 A Era Digital ..................................................................................................................................... 15 
2 – Obras e materiais consultados ............................................................................................................ 34 
Questões Comentadas ................................................................................................................................. 34 
Lista de Questões ........................................................................................................................................ 74 
Gabarito ...................................................................................................................................................... 98 
Resumo ..................................................................................................................................................... 100 
 
 
Raphael de Oliveira Reis
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NÓS NO MUNDO 
Estrategista, 
Passamos pelo "Brasilzão" e, agora, é a vez de discutirmos dois assuntos que afetam diretamente a vida de 
todos nós: o mundo do trabalho e a Era Digital. 
Partiu! 
1.1 O Mundo do Trabalho 
De modo mais geral, trabalho pode ser entendido como dispêndio de energia (física e mental) para a 
realização de uma determinada ação e para satisfazer necessidades individuais e coletivas. 
Na Antiguidade, a partir de reflexões dos filósofos Platão e Aristóteles, o trabalho manual era desprezado, 
inferiorizado, porque esse se assemelhava à atividade dos animais e não permitia tempo para a 
contemplação e exercício da cidadania. Portanto, o trabalho intelectual era o mais valorizado e desejado, 
porque a partir dele poderia se exercer a cidadania, o ócio e a contemplação. 
Na Idade Média, período esse em que a sociedade está dividida em 3 estamentos principais: 1) clérigos 
(aqueles que oram); 2) nobres (aqueles que guerreiam); e 3) servos (aqueles que trabalham), continua a 
valorização do trabalho intelectual. O trabalho estaria associado à provação e fortalecimento do espírito 
para alcançar o reino celeste. Segundo um dos filósofos medievais mais influentes, São Tomás de Aquino 
(1221-1274), o trabalho é um bem árduo, por meio do qual o indivíduo tornaria um ser humano melhor. 
Com o advento da Idade Moderna, a mentalidade começa a ser transformada. Uma das influências foi a 
Reforma Protestante (XVI), que mudou a visão religiosa perante o trabalho. O trabalho na perspectiva 
protestante é bom e deve ser estimulado a todos. Todos devem buscar uma vida de sucesso econômico, de 
uma vida ativa e lucrativa. 
Para o sociólogo Max Weber (1864-1920), a ética protestante valorizava o trabalho e a busca da riqueza, o 
que pode ser observado na vertente protestante do Calvinismo. O desenvolvimento do capitalismo se deu 
justamente naqueles países em que houve a predominância desses valores. 
Na Idade Contemporânea temos vários autores que irão refletir sobre o trabalho, com destaque para dois 
deles, que já introduzimos nesta seção: 
Hegel: recupera o sentido do trabalho como algo positivo, associado à autoconstrução do 
ser humano. Seria uma forma de se aperfeiçoar pelo trabalho, mas também de se libertar 
pelo domínio que exerce sobre a natureza. 
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Karl Marx: diferente de Hegel, enfatiza o aspecto negativo do trabalho nas sociedades 
capitalistas, a qual separou pela primeira vez na História o homem dos meios de 
produção, encontrando-se obrigado a vender sua força de trabalho para sobreviver. 
Ademais, mostra que quem explora (compra essa força de trabalho) é quem enriquece. 
Analisou as condições degradantes nas quais os trabalhadores estavam submetidos 
naquele contexto. 
A forma de organização do trabalho em linhas de operação e montagem do início do século XX, colocando 
o operário em uma função específica no processo de produção (etapas), gerou uma fragmentação do 
trabalho e do saber, fazendo com que o trabalhador perdesse a noção do conjunto do processo produtivo. 
Essa organização da produção produtiva ficou denominada de fordismo-taylorismo: o operário sempre 
repete as mesmas operações, produzindo bens estranhos a sua consciência, a seus desejos e as suas 
necessidades. O resultado não é garantir suas potencialidades, tampouco contemplar suas satisfações, mas 
sim as necessidades do mercado, de outras pessoas. Muitas vezes produzem algo que não conhecem como 
produto final e nem terão condições de adquirir. 
Karl Marx, em seus estudos sobre o sistema capitalista, observou que produção é ao mesmo tempo 
consumo, já que, além do uso de matéria-prima e dos instrumentos de produção, há o consumo das forças 
vitais nesse trabalho. Consumo também é produção, pois os homens se produzem através do consumo, seja 
nos aspectos biológicos (alimentação, cuidado com o corpo), como nos aspectos intelectuais e emocionais. 
Já para o filósofo Jean Baudrillard (1929-2007), a lógica do consumo no mundo capitalista se baseia 
exatamente na impossibilidade de que todos consumam. Para ele, o consumo funciona com uma forma de 
afirmar a diferença de status entre os indivíduos. A propaganda trata de assegurar essa distinção ao associar 
determinadas marcas consideradas de grife a comportamentos e padrões inacessíveis à maioria da 
população. 
Essa necessidade de produzir para um consumo alienado pode ficar evidente na produção de objetos que 
logo ficam ultrapassados como, por exemplo: os celulares, computadores, roupas, etc. Muitos desses 
objetos já têm um período de vida estimável, porque logo depois é estimulado sua troca por versões mais 
atualizadas. 
Uma mudança significativa no mundo do trabalho ocorreu no pós 2ª Guerra Mundial (1939-1945), quando a 
organização produtiva começou a mudar suas características de uma concepção fordista-taylorista para a 
concepção toyotista. 
Com a crise de superprodução na década de 1930 nos E.UA e com a crise do petróleo na década de 1970, 
começaram a surgir novas formas de organização da produção, com objetivo de aumentar a produtividade 
e a eficiência dos trabalhadores, além de expandir os lucros. 
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Esse conjunto de modificações ficou conhecido como toyotismo, que, atualmente, é o modelo 
predominante na produção das grandes indústrias. Está fundamentado na flexibilização dos processos de 
trabalho e de produção, bem como na mobilidade dos mercados de trabalho. 
Através do conceito de automação, no qual as máquinas não precisam ser vigiadas por algum trabalhador, 
há a eliminação do controle manual. O trabalhador agora é multitarefa, isto é, precisa aprender a 
desenvolver várias funções, a lidar com várias máquinas e a adaptar-se às incertezas do mercado. O 
engenheiro é um dos profissionais mais valorizados desse processo, por causa da sua operação de 
planejamento e de intervenção eletrônica. 
Os produtos seguem a lógica do just in time, isto é, produção sob demanda, sem desperdício, produzindo 
somente o que é necessário e no tempo acordado, evitando estoques (crise de superprodução). As matérias 
primas são compradas nos locais de menor custo, inclusive
muitas empresas vão se instalar em países cuja 
remuneração é baixa e as leis trabalhistas flexíveis. Há uma busca pela qualidade total e exigências de 
habilidades e competências como, por exemplo: disciplina, concentração, resiliência, foco, criatividade, 
concorrência interna, etc. 
Essas características se ramificam não somente para a indústria, mas para todas as outras áreas de 
produção. Hoje há uma substituição crescente do emprego regular para os chamados “terceirizados”, 
“temporários”. As leis trabalhistas e a segurança (estabilidade) passam a ser substituídas pela ideia de 
empreendedorismo e parcerias, no qual o trabalhador, sem garantias, presta serviços de sua própria casa, 
de forma autônoma, sem vínculo empregatício. 
Como desdobramento do toyotismo, hoje, se fala em Indústria 4.0, a qual é marcada pela junção das 
tecnologias de automação e fluxo de dados. Cada vez mais as expressões e conceitos, como a internet das 
coisas (tudo conectado à internet), dados em nuvem, ciberespaço são comuns. 
A Indústria 4.0 visa a execução de "fábricas inteligentes", altamente conectadas. As estruturas são 
modulares, as informações e processos são registrados na nuvem e as decisões são descentralizadas. Essas 
mudanças visam agregar valor na produção e proporcionar experiências personalizadas aos clientes, reduzir 
investimentos e aumentar a produtividade. 
Como o tratamento dos dados e a informação são essenciais nesse modelo, o vocábulo "big data" passou a 
ser a expressão da vez: refere-se ao armazenamento de informações e de análise para detectar tendências 
e padrões. Nesse sentido, é empregada também a inteligência artificial, que promove processos 
inteligentes, antes tipicamente humanos, para executar tarefas complexas, capazes de, inclusive, reagir a 
emoções. 
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As mudanças estão em curso, mas, certamente, o grande debate é quais efeitos da Indústria 4.0 causará nos 
postos de trabalho. Há especialistas que apontam o crescente aumento da informalidade e o 
desaparecimento de diversos postos de trabalho. Por outro lado, os defensores alegam que haverá novas 
profissões e novas oportunidade de qualificação. Para além dessa questão, há, também, o debate ético 
sobre a relação homem-máquina, já que o controle das informações pode manipular o comportamento e 
ferir as liberdades individuais. 
 
(Ano: 2020 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: Prefeitura de Barão de Cocais - 
MG Provas: FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2020 - Prefeitura de Barão de Cocais - MG - 
Assistente Social - CRAS/CREAS) 
Um estudo recente do Senai prevê, entre cinco e dez anos, o surgimento e a consolidação de 30 
novas profissões em oito áreas. [...] No setor automobilístico, é esperada a criação de ocupações 
como a de mecânico de veículos híbridos. [...] No segmento de tecnologias da informação e da 
comunicação, [...] a de analista de internet das coisas. [...] Na área administrativa, [...] entre as 
novas ocupações previstas, estão a de gerente de e.learning [...] e o consultor de transformação 
digital [...]. 
Tecnologia vai criar 30 novas vagas profissões dentro de dez anos. O Tempo, 3 nov. 2019, p. 10. 
Essas novas ocupações apresentadas vêm surgindo e se desenvolvendo em função 
A) da busca, pelo Senai, de garantir formação mais qualificada e imediata de mão de obra, 
aliviando a procura de vagas em cursos superiores. 
B) das crises econômicas que provocam o desaparecimento do emprego, obrigando as pessoas 
a criar novas profissões para sobreviver. 
C) do desenvolvimento do processo de produção industrial, na indústria 4.0, implicando no 
surgimento de novas formas de ocupação. 
D) os desdobramentos da alta tecnologia que vem substituindo o ser humano por computadores 
em todos os processos industriais. 
 
Comentários: 
Perceba que tais profissões estão relacionadas diretamente às características da indústria 4.0, 
que é permeada pela automação, troca de dados e conexão (internet das coisas). O objetivo é a 
eficiência e o aumento da produtividade. 
 
Gabarito: C 
Nesse contexto, os governos têm a tendência de seguir a lógica capitalista e cedem às exigências do 
mercado. Vários países têm permitido flexibilizações trabalhistas que foram conquistas históricas dos 
trabalhadores, a exemplo do Brasil. Como vimos na aula anterior, as reformas trabalhistas e previdenciária 
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estão inseridas em contexto no qual os empresários argumentam a necessidade de redução de gastos para 
terem capacidade de reinvestimento e contratação e, por conseguinte, crescimento econômico. Outro 
argumento para essa precarização é que o mais importante é a empregabilidade, isto é, não adianta ter 
direitos e não tem emprego. Nessa perspectiva, de acordo com as reflexões do sociólogo e filósofo polonês 
Zygmunt Bauman, as mudanças atuais no mundo do trabalho estão entre os reflexos da “modernidade 
líquida”, que é marcada por incertezas, pela insegurança e pelo desemprego em massa; um contexto, para 
ele, no qual os interesses dos grandes capitalistas ditam os governos e geram instabilidades sociais, políticas 
e econômicas. 
Nessa lógica de incentivos ao empresariado e cortes de direitos, o governo apostou que haveria facilidade 
na contratação de novos funcionários (geração de empregos), contudo nem isso foi realidade. A Lei 
13.467/2017 já vai para o seu 4º aniversário e os empregos não vieram - isso antes do contexto de pandemia. 
De acordo com o IBGE, em 2016, o país tinha 10,1 milhões de empregados sem carteira no setor privado e 
22,4 milhões de trabalhadores por conta própria. Já em 2019, eles eram 11,6 milhões e 24,2 milhões, 
respectivamente. 
 
 
Relembre as principais mudanças da reforma trabalhista de 2017: 
1. Acordos coletivos passaram a prevalecer sobre a legislação, permitindo acordos diretos 
entre patrão e empregados; 
2. A contribuição sindical, referente a um dia de trabalho, deixou de ser obrigatória; 
3. A jornada de trabalho pode ser pactuada em 12 horas (antes o limite era de 8 horas); 
4. As férias de 30 dias corridos por ano podem ser fracionadas em até três vezes; 
5. Possibilidade do trabalho intermitente. 
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Outra movimentação recente de mudanças é o incentivo de que as pessoas se tornem “CNPJ”, isto é, 
microempreendedores individuais que prestam serviços para empresas sem a exigência de contratação 
formal via carteira de trabalho, garantindo, assim, redução de custos com salário, previdência social, férias, 
13º, FGTS, etc. Essa "pejotição" faz com que se aumente a instabilidade, uma vez que o trabalhador fica sem 
direitos trabalhistas e se torna responsável por custear seus direitos sociais, além de ficar sem nenhum tipo 
de vínculo que lhe garanta a continuidade na prestação de serviço. 
O número de microempreendedores individuais vem crescendo cada vez mais. Dados do governo federal 
mostram que, em 2020, das 3.359.750 empresas abertas, 2.6663.309 eram MEIs. No final de 2020, o Brasil 
registrava 11.262.383 MEIs, o que representa 56,7% do total de negócios e funcionamento no pais. 
Outro dado do IBGE importante para entendermos a dinâmica do mundo do trabalho é a taxa de 
informalidade, a qual alcançou, no início e 2021, a marca de 39,6%. Em termos absolutos são 34,014 milhões 
de pessoas. 
 
Outro fenômeno recente é a "uberização do trabalho". Esse termo é para indicar a transição para o modelo 
de negócio sob demanda caracterizado pela relação informal de trabalho, que funciona por meio de um 
aplicativo criado e gerenciado por uma empresa de tecnologia que conecta os fornecedores de serviços
diretamente aos clientes. 
No Brasil, o Poder Judiciário não reconhece o vínculo empregatício entre os motoristas e a empresa de 
aplicativo, contudo, no Reino Unido, em março de 2021, a justiça britânica reconheceu que há ligação 
trabalhista entre os motoristas e o app Uber - isso pode influenciar a legislação brasileira em breve. 
No caso da corte inglesa, houve reconhecimento que há a relação de subordinação e dependência, ou seja, 
o app exerce controle dominante sob as horas de trabalho, alocação das viagens, penalidades e tarifas). 
Assim, ficou decido que esses motoristas terão direito a férias, aposentadoria e não poderão receber menos 
que o salário mínimo. 
 
 
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(Ano: 2020 Banca: Instituto Access Órgão: Câmara de Orizânia - MG Prova: Instituto Access 
- 2020 - Câmara de Orizânia - MG - Auxiliar de Serviços Gerais) 
 
 “Uberização cria condições precárias de trabalho [...] Segundo o estudo Síntese dos Indicadores 
Sociais, do IBGE, 40,8% da população brasileira se mantém com trabalhos informais, e a taxa 
representa um aumento na categoria equivalente a 1,2 milhões de pessoas desde a última 
pesquisa, em 2014. A incorporação de ‘bicos’ possibilitados por aplicativos pelo mercado de 
trabalho ganharam um apelido: ‘uberização’, que geralmente vem associada à falta de 
regulamentação, prestação de serviços e neoliberalismo levado ao extremo.” (Site Jornal 
Opção, 18/08/2019, adaptado) De acordo com o texto, 
 
A) o número de trabalhadores com trabalhos informais corresponde a mais da metade da 
população brasileira. 
B) o número de trabalhadores com trabalhos informais corresponde a menos da metade da 
população brasileira. 
C) o aumento no número de trabalhadores com trabalhos informais não tem relação com o 
processo identificado como “uberização” do trabalho. 
D) o número de trabalhadores com trabalhos informais diminuiu desde a última pesquisa, 
realizada em 2014. 
Comentários: 
A alternativa A está incorreta: De acordo com o texto, os trabalhos informais correspondem a 
40%, ou seja, é menos do que a metade. 
A alternativa B está correta. Pela lógica matemática, 40% é menos do que a metade da 
população :) 
A alternativa C está incorreta. Há uma relação direta: quanto mais profissionais na condição de 
trabalho classificado como "uberização" maior a informalidade. 
A alternativa D está incorreta. O número de trabalhadores informais (sem carteira assinada) vem 
aumentando, inclusive no contexto de pandemia). 
 
Gabarito: B 
Outra reforma importante foi a da previdência (parte dela) em 2019. Mais uma reforma que o mercado 
apontou como necessidade absoluta para conter os gastos públicos e assim reduzir a inflação e gerar 
crescimento econômico. 
Uma das principais críticas às mudanças implementadas são as alterações na idade mínima, uma vez que 
não houve o cuidado de perceber que a expectativa de vida é distinta nas regiões brasileiras, bem como não 
atendeu especificidades laborais: o sistema de aposentadoria não pode ser o mesmo para todas as 
categoriais profissionais, por exemplo, um pedreiro e um trabalhador de escritório: o trabalho manual 
pesado e as condições mais insalubres afetam substancialmente a primeira categoria profissional. Outra 
crítica foi que diversos grupos permaneceram com os seus privilégios, a exemplo das Forças Armadas e de 
altos funcionários dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, caindo a conta mais uma vez no lombo 
dos trabalhadores mais pobres. 
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Relembre as principais mudanças da reforma previdenciária de 2019: 
- fixação de idade mínima para se aposentar (65 anos para homens e 62 anos para 
mulheres); 
- tempo mínimo de contribuição (15 anos para mulheres e 20 para homens no setor 
privado; e 20 para homens e mulheres no caso de servidores); 
- regras de transição para o trabalhador ativo tanto do setor privado quanto para 
servidores; 
- o valor da aposentadoria do setor privado e de servidores será calculado com base na 
média de todo o histórico de contribuições do trabalhador (e não descartando as 20% 
contribuições mais baixas, como era feito); 
- para servidores, a regra é semelhante ao do INSS, mas valerá apenas para quem 
ingressou após 2003; para aqueles que ingressaram até 31 de dezembro de 2003, a 
integralidade da aposentadoria (valor do último salário) será mantida para quem se 
aposentar aos 65 anos (homens) ou 62 (mulheres); 
- o valor descontado do salário de cada trabalhador (quem ganha menos vai contribuir 
menos para o INSS; quem ganha mais vai contribuir mais). 
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O sociólogo Robert Castel mostra que o trabalho e a previdência social já não significam segurança, o que 
tem causado transtornos sociais e individuais. Ele destaca quatro aspectos de nossa atualidade que está se 
generalizando mundo afora: 
A desestabilização dos estáveis: antes uma pessoa entrava numa empresa, “crescia” nela, 
passava por várias áreas e se aposentava na mesma empresa (modelo fordista). Hoje, isso é 
praticamente inexistente. As pessoas passam por várias empresas e devido a reformas 
previdenciárias e no processo produtivo, correm o risco de nem aposentarem ou de terem seus 
direitos precarizados (modelo toyotista). 
 
A precariedade do trabalho: o mercado de reserva de mão de obra tem aumentado, gerando 
desemprego constante e a maioria dos que conseguem emprego encontram-se em situações 
instáveis, informais, de baixa remuneração, ocupando postos de trabalho que não têm nada a 
ver com sua formação. 
 
Déficit de Lugares: as pessoas consideradas mais “velhas” (com mais de 50 anos) são 
consideradas inúteis para a maioria das funções. Jovens encontram dificuldades para entrar no 
mercado de trabalho devido à inexperiência. É incentivado aos desempregados que se 
qualifiquem, imputando-lhes uma responsabilidade individual quando é, sobretudo, 
coletiva, a sua requalificação permanente e adaptação às novas exigências do mercado. 
 
Qualificação do emprego: o mercado de trabalho cada vez mais é exigente com a qualificação 
do profissional, inclusive para atividades que nem necessitam de conhecimento formal, para as 
quais bastaria simplesmente a experiência. 
No que tange ao atual governo no Brasil (Bolsonaro 2019-2022), cabe destacar ainda mais duas ações 
importantes: a reforma verde-amarela e a relação com os caminhoneiros. 
A reforma "verde e amarelo", na verdade, foi uma medida provisória que já perdeu a validade. Ela dispunha 
a redução de encargos trabalhistas para fomentar contratações de jovens no mercado de trabalho, 
apresentada em novembro de 2019, mas recebeu um recorde de emendas no Congresso Nacional: 2 mil! 
Na proposta do Poder Executivo, a ideia da MP era desburocratizar e desonerar as contratações para 
facilitar a obtenção do primeiro emprego por jovens que ainda não tiveram carteira assinada (menor 
aprendiz, contrato de experiência, trabalho intermitente ou avulso não foram considerados como vínculos). 
Foram os principais pontos da proposta: 
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Como são pontos de muita discordância, o Senado não votou a MP no prazo e, assim, ela perdeu validade. 
De acordo com a Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), a medida provisória 905 
é uma agressão aos direitos básicos dos trabalhadores. 
Nesse contexto de mudanças e reivindicações relacionadas ao mundo do trabalho, os caminhoneiros 
ganharam destaque. Em 2018, eles realizaram uma
greve histórica, devido ao aumento do diesel e à 
exigência de uma tabela mínima para os valores de frete: pararam por 11 dias. 
Com os caminhões parados, o caos social foi instalado: escassez de combustíveis e de abastecimento, o que 
elevou a pressão ao governo Temer de resolver a situação. Para tanto, Temer utilizou as forças militares 
para desbloquear as vias e multar manifestantes, com respaldo do STF, mas a greve continuou em vários 
pontos. Além disso, foi acordado com a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) o fim das 
paralisações e o atendimento de algumas reivindicações, a exemplo da diminuição de impostos incidentes 
no Diesel e nova construção da tabela sobre o frete. No entanto, parte dos caminhoneiros rejeitou o acordo 
e continuou a paralisação, a qual perdeu força, respaldo público e teve a atuação das Forças Armadas e da 
PRF para dispersar os grevistas. 
A situação não foi resolvida em sua totalidade e ficou para a próxima gestão. Em maio de 2021, Bolsonaro 
acenou aos caminhoneiros com um pacote de medidas que devem ser implementadas por etapa até o final 
de 2022. Dentre essas medidas estão: 
 
- Gigantes do Asfalto: redução de custos e de tempo nas paradas de fiscalização, com o 
objetivo de reduzir o frete (a ideia é que seja implementado a partir de julho de 2021); 
- A pesagem (limites de tolerância) foi alterada de peso para eixo. O aumento desse limite 
será de 10% para 12,5% e fica extinta a tolerância de peso por eixo em veículos com peso 
bruto inferior a 50 toneladas; 
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- Se o caminhão ficar retido no final de semana não será necessário pagar estada; 
- Aumento do número de postos de parada e descanso; 
- Facilitação de crédito aos caminhoneiros; 
- Renegociação de dívidas; 
- Modernização de rodovias federais. 
Cabe destacar, também, as mudanças no mundo do trabalho no contexto de pandemia (a partir de março 
de 2020). Devido às orientações de distanciamento social e à proibição do funcionamento de alguns 
estabelecimentos comerciais, muitos setores e trabalhadores foram impactados. Assim, o teletrabalho ou 
trabalho remoto foi adotado não somente por empresas privadas, mas também no serviço público. 
De acordo com dados da PNAD, em maio de 2020, havia 65,4 milhões de pessoas ocupadas (excluindo 
aqueles que estavam afastados): dentre esses, 13,3% (cerca de 9 milhões de pessoas) estavam trabalhando 
em home-office. 
Nesse contexto, podemos apontar três impactos básicos: a falta de infraestrutura para que o trabalhador 
pudesse realizar suas atividades, uma vez que há a necessidade do uso da internet e de computadores; a 
questão de gênero pesou ainda mais a rotina das mulheres, porque as creches (públicas e privadas) 
paralisaram os seus serviços; e a desigualdade regional e de especialização do trabalho se ampliou, pois 
somente atividades que podem ser exercidas mediadas por tecnologias puderam ser adaptar ao novo 
contexto. 
Essa adaptação, em que o tempo de trabalho se mistura ao tempo familiar, bem como as mudanças nas 
relações sociais, contribuiu para um ambiente de trabalho que passou a exigir a resolução de muitas 
demandas. Somado a isso, visto o crescimento do desemprego, a instabilidade e a insegurança 
intensificaram o prolongamento do estresse: distúrbios de sono, alteração no humor, perda ou ganho de 
peso. 
Conforme o médico da Fundação Dom Cabral, Roberto Aylmer, esse quadro fez com que aumentasse os 
casos de profissionais com Síndrome de Burnout (esgotamento no trabalho). Na lista das profissões que 
mais sofrem com essa síndrome, segundo dados da Internacional Stress Management Association, estão: 
professores, advogados, policiais e bombeiros, profissionais da saúde e jornalistas. No contexto de 
pandemia, os profissionais de saúde passaram a ser os mais afetados devido às condições de trabalho, 
pressão, maior possibilidade de contaminação e maior quantidade de mortes presenciadas. 
Para encerramos este capítulo, não poderia falta as discussões sobre o trabalho análogo à escravidão. 
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Esse tema ainda está presente em pleno o século XXI. Mesmo após 131 anos da Lei Áurea, que colocou fim 
à escravidão, ainda há condições de trabalho análogas ao passado escravocrata. 
No Código Penal brasileiro, em seu artigo 149, o Estado reconhece que reduzir alguém a condição análoga 
à de escravo, por meio de trabalhos compulsórios ou de jornadas exaustivas, sujeitando a pessoa a 
condições degradantes, se assemelha ao trabalho escravo do período colonial e imperial. 
O trabalho escravo contemporâneo vai além de uma mera infração trabalhista, porque é um crime contra o 
princípio básico da Constituição de 1988: a dignidade humana, ferindo, assim, os direitos humanos. São 
elementos que definem o trabalho escravo contemporâneo: 
Trabalho forçado; 
Jornada exaustiva; 
Servidão por dívida; e 
Condições degradantes. 
O Estado brasileiro reconhece que há em várias regiões o trabalho escravo e foi uma das primeiras nações 
a reconhecer isso perante a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Embora seja empregada em 
atividades econômicas concentradas na zona rural (pecuária, produção de carvão, plantio de cana-de-
açúcar, soja e algodão), há casos encontrados em zonas urbanas que empregam o trabalho escravo, 
principalmente, na produção têxtil e na construção civil. 
 
 
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A maioria das pessoas submetidas ao trabalho escravo nas zunas rurais são do sexo masculino e exercem 
tarefas musculares. Essas pessoas, em sua maioria, migram de regiões pobres para áreas de expansão 
agrícola, nas quais o agronegócio predomina. Já nas zonas urbanas, é comum o trabalho de imigrantes 
como bolivianos, peruanos, haitianos e venezuelanos. Ademais, cabe destacar a prostituição infantil que, 
infelizmente, cada vez mais é utilizada em regiões pobres como sustento familiar. 
De acordo com dados do antigo Ministério do Trabalho, nas últimas duas décadas, foram encontradas e 
resgatadas mais de 50 mil pessoas em situação semelhante à escravidão. 
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Em 2014, o Congresso aprovou a PEC do Trabalho Escravo, tornando a Lei rigorosa como, por exemplo, a 
previsão de que as terras e os imóveis nos quais fossem flagrados trabalhadores em condições semelhantes 
à escravidão seriam expropriados e destinados à reforma agrária e a programas de habitação popular, além 
de prever punições penais aos responsáveis. Contudo, aqui é Brasil: até hoje a Lei não entrou em vigor, visto 
a resistência, principalmente, da bancada ruralista no Congresso Nacional. 
Conheça a PEC: 
 https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/105791 
1.2 A Era Digital 
É hora de falar da revolução mais significativa da nossa era, que afetou a socialização, o trabalho, a 
transmissão de informações e praticamente todas as facetas da vida humana: o nascimento e a 
popularização da internet. 
A extensão das influências e mudanças causadas por essa ferramenta é tamanha, que diversos filósofos e 
estudiosos propuseram termos para definir o tempo presente com base, justamente, na prevalência dos 
aparatos e tecnologias digitais. Vamos começar chamando a atenção para um deles: o sociólogo Manuel 
Castells, atualmente, Ministro das Universidades da Espanha, que produziu reflexões sobre vários temas 
longo de sua carreira acadêmica até se debruçar sobre o fenômeno que ele chama de Era Digital.
A Era Digital é definida por alguns pontos basilares. O primeiro deles é a evidente penetração da internet e 
dos aparatos eletrônicos em todos os campos da vida, tornando-se necessário em diversas áreas. Observe-
se que, no campo da Teoria da Comunicação, entende-se que cada nova tecnologia amplia os sentidos do 
homem (com o rádio, por exemplo, passa a ouvir o que é dito a longas distâncias), tornando-se, aos poucos, 
imprescindível, uma vez que não desejamos regredir a um estado de menor potencialidade; no caso da Era 
Digital, a sociedade passa a depender da internet para um conjunto extraordinário de fatores - situação que, 
com a emersão da pandemia do coronavírus, tornou-se ainda mais latente. Desde a educação, que precisou 
adotar o modelo de educação a distância para continuar cumprindo sua função, até a medicina, que migrou 
para o teleatendimento, diversas áreas deram um salto ainda mais largo na direção da dependência do 
mundo virtual. 
O segundo ponto é uma transição extraordinária no fluxo do poder. Para Castells, na Era Industrial, os 
detentores do poder eram, sobretudo, os donos dos meios de produção. Isso é o mesmo que dizer que o 
poder ficava concentrado nas mãos de quem possuía domínio do fluxo de produção e capital político, 
instrumentos capazes, inclusive, de influenciar ou mesmo submeter políticos aos interesses dos detentores 
de tais meios. Hoje, embora tal mecanismo da Era Industrial permaneça extremamente relevante, há 
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enorme poder nas mãos de quem é capaz de gerar, processar e transmitir dados e informações. Não é 
possível negar, por exemplo, que Mark Zuckerberg, dono do Facebook, do Instagram e do WhatsApp, é uma 
das figuras mais poderosas do planeta, embora suas posses não sejam, em absoluto, meios de produção: 
são mecanismos de coleta de dados em escala imensa. 
 
Finalmente, a Era Digital possui um caráter ambíguo: quando seus recursos são utilizados adequadamente, 
é possível ampliar o bem-estar coletivo, fortalecer e revitalizar a democracia e ampliar riquezas em favor de 
mais tempo livre. Ao mesmo tempo, exatamente por ela ser praticamente compulsória, aqueles que não 
possuem acesso à rede e a aparatos eletrônicos se veem ainda mais afastados das possibilidades, da 
ascensão social, do acesso à informação, enfim, veem-se cada vez mais marginalizados e excluídos: a Era 
Digital amplia a desigualdade, seja entre pessoas, seja entre nações. 
 
Vamos entender isso melhor: de acordo com a últimas pesquisa do IBGE sobre o tema, em 2019, 82,7% dos 
domicílios brasileiros possuíam acesso à internet. Um acesso, inclusive, desigual em qualidade e em 
possibilidades: ainda conforme o IBGE, quase 20% da população acessa a web apenas com dados móveis, 
e, segundo a TIC Domicílios, pesquisa de referência na área, 98% das pessoas acessam a rede pelo 
smartphone, sendo que, entre as classes D e E, 85% acessam apenas pelo celular, pois não possuem outros 
dispositivos. Entre os que não usam, 28% afirma que não o faz por causa do preço e 19,8% porque não sabe 
utilizar - demonstrando que a falta de conhecimentos e a desigualdade impedem a democratização digital. 
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Isso tem graves implicações, desde o maior gasto de tempo para descobrir uma informação até a limitação 
dos estudos e das chances de conseguir um emprego. Assim, os excluídos digitais encontram inúmeras 
barreiras para gozar plenamente da cidadania. Isso também se manifesta na diferença entre países: 
enquanto alguns possuem acesso extremamente restrito (O continente africano, por exemplo, tem em 
média 16% das pessoas conectadas, com destaque para a Eritreia, com 2%), outros estão completamente 
integrados à rede (na Estônia, pequeno país europeu, é possível resolver questões burocráticas e mesmo 
votar pela web!). Por isso, países à periferia do desenvolvimento tecnológico e da popularização digital se 
afastam ainda mais daqueles que estão na ponta de lança, ocupando papéis distintos no mercado global - 
por exemplo, os EUA possuem empresas do ramo da internet que lidam com dados do mundo inteiro, e o 
Congo vende lítio para ser usado nas baterias dos celulares e computadores. O mesmo ocorre com cidadãos, 
visto que a rede se torna um meio de desenvolvimento pessoal, de trabalho, de estudo e de integração. 
Tendo tudo isso em vista, a internet parece ser um problema central da nossa vida, sendo imprescindível 
para todos. Contudo, sabemos que ela nem sempre existiu. Aliás, em termos de transmissão de 
informações, podemos dizer que a rede mundial de computadores é uma revolução extremamente recente, 
ainda em movimento, que transformou o mundo de maneira única, principalmente pela velocidade com 
que se expandiu. 
E qual foi a primeira tecnologia de transmissão de informações do ser humano? Adivinhou quem pensou: a 
oralidade. Afinal, era por meio da fala que comunidades tradicionais passavam – e ainda passam – seus 
conhecimentos aos seus pares e às futuras relações. Em sociedades ágrafas (que não dominaram a escrita), 
o poder da informação está na palavra dita. 
A escrita foi inventada há pouco mais de 5.000 anos na Suméria, no Oriente Médio. De lá, ela se expandiu 
ao longo da costa do Mediterrâneo, rapidamente chegando a Cartago e Grécia, que desenvolveram seus 
próprios alfabetos. O Império Romano adaptou as letras e fonemas gregos à língua latina, e daí vieram os 
caracteres que você lê agora. A invenção de um código capaz de reproduzir a linguagem – o alfabeto – e 
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mantê-la registrada, em vez de apenas na oralidade, foi uma das tecnologias mais impressionantes que a 
humanidade já inventou e, talvez, a única que se compare à internet. 
 
Tábua de argila suméria com escrita cuneiforme 
O livro, aos poucos, se tornou o veículo dos conhecimentos escritos – aos poucos porque, na Antiguidade 
Clássica e ao longo da Idade Média, os materiais necessários para um livro eram extremamente caros. Além 
disso, a única forma de registrar os saberes era escrevendo à mão, um ofício que só os monges puderam 
fazer durante muitos séculos. Um dos problemas fundamentais da difusão de informações era, portanto, o 
preço e a restrição de acesso aos livros. Um outro entrave, não menos importante, era a ausência de 
educação universal: poucos eram capazes de ler. 
Esses dois empecilhos começaram a ser enfrentados nos séculos XV e XVI. Na década de 1440, um alemão 
chamado Johannes Gutenberg inventou a prensa hidráulica – instrumento capaz de reproduzir, por meio da 
pressão de uma placa metálica forjada com as letras de uma lauda, qualquer número de cópias de uma 
mesma página. Em cinco anos, conseguiu imprimir entre trezentas e quinhentas bíblias, feito notável em 
uma era marcada pela lentidão da cópia manual dos monges. No século seguinte, outro alemão, Martinho 
Lutero, abalou o mundo com uma série de críticas à Igreja Católica que levaram ao nascimento do 
Protestantismo, corrente Cristã que valorizava a capacidade de leitura individual dos textos sagrados. 
Assim, a expansão da educação e da alfabetização da população ganhou impulso, principalmente em países 
protestantes. Daí em diante, a prensa foi sendo aperfeiçoada de diversas maneiras, permitindo a 
proliferação dos jornais e o barateamento da produção de materiais didáticos no século XVIII. 
O século XX viu nascer o computador e as máquinas de fotocópias, popularmente conhecidas como “xerox”, 
que causaram breve reviravolta no mundo da difusão da informação. Revolução mesmo começaria em 
meados da década de 1990, quando a internet, inventada na década
anterior, chegava aos poucos às casas 
da população. Daí por diante, você conhece muito bem: os anos 2000 viram nascer a Wikipedia, o YouTube, 
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o Facebook e, principalmente, o smartphone em 2007, artefato que colocou o mundo na palma das mãos. 
Hoje, apenas treze anos depois da invenção desses “computadores portáteis”, há 230 milhões deles em uso 
em nosso país, conforme pesquisa divulgada pela FGV em abril de 2019. O acesso total à rede do brasileiro 
gira em torno de 70%, de acordo com o levantamento da TIC Domicílios 2019, sendo que 97% dos usuários 
utiliza smartphones para navegar na web. A inclusão digital é um caminho sem volta. 
 
Prensa hidráulica, invenção de Gutenberg que revolucionou a distribuição das informações e todo o mundo 
Veja uma lista cronológica de fatos importantes na evolução das TICs: 
2300 a.C.: invenção da escrita na Suméria. Usavam-se espécies de estiletes de madeira 
para escrever na argila, que era queimada caso se desejasse preservar o texto. 
600 a.C.: invenção do alfabeto latino, usado, com adaptações, por nós até hoje. 
1448: invenção da prensa, por Gutenberg, acelerando o processo de reprodução de livros 
em uma velocidade jamais imaginada anteriormente. 
1946: invenção do ENIAC, primeiro computador digital eletrônico. 
1959: invenção da máquina fotocopiadora, mais uma vez acelerando a difusão da 
informação e barateando livros. 
1980: início da comercialização de computadores para uso doméstico e construção da 
internet. 
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1996-8: início da inclusão digital no Brasil. 
2007: invenção do smartphone, anunciado por Steve Jobs. 
2014: pela primeira vez, mais de 50% da população brasileira tem acesso à internet. 
HOJE: 74% da população brasileira tem acesso à internet; há mais smartphones em uso 
no Brasil (230 milhões) do que habitantes (209 milhões) 
 
Nessa longa história, há alguns desdobramentos específicos da era da internet que são dignos de nota e 
merecem análise mais aprofundada. Comecemos com o contexto do seu nascimento: A internet foi criada 
em 1969, nos Estados Unidos. Chamada de Arpanet, tinha como função interligar laboratórios de pesquisa 
e instituições militares. Vivia-se a Guerra Fria, que abordamos na nossa aula 00, e o intuito da rede era 
garantir que, mesmo sob ataque, militares e cientistas pudessem se comunicar. A estrutura estava sob 
responsabilidade do Departamento de Defesa norte-americano - nasceu, portanto, como um recurso para 
soberania militar. 
A partir de 1982, o uso da Arpanet tornou-se maior no âmbito acadêmico. Inicialmente, o uso era restrito 
aos EUA, mas se expandiu para outros países, como Holanda, Dinamarca e Suécia. Desde então, começou 
a ser utilizado o nome internet. Por quase duas décadas, apenas os meios acadêmico e científico tiveram 
acesso à rede. Em 1987, pela primeira vez foi liberado seu uso comercial nos EUA. Em 1992, começaram a 
surgir diversas empresas provedoras de acesso à internet naquele país. No mesmo ano, o Laboratório 
Europeu de Física de Partículas (Cern) inventou a World4 Wide Web, que começou a ser utilizada para 
colocar informações ao alcance de qualquer usuário da internet. No Brasil, a exploração comercial foi 
liberada em 1995. Universidades como as federais do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro estavam 
conectadas à rede desde 1989. A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo) conectou-se um 
ano depois. Na década de 1990, a ferramenta começou a se popularizar no Brasil. 
Para que essa popularização fosse possível, o Windows foi essencial. Antes do lançamento do sistema 
operacional mais utilizado no mundo, os softwares eram bem diferentes do que vemos hoje em dia. Não 
havia janelas, papéis de parede, efeitos e nem mouse: tudo era feito a partir de linhas de comando 
consideravelmente complicadas. Isso começou a mudar a partir de 1981, quando a Microsoft iniciou o 
desenvolvimento de um Gerenciador de Interface (Windows), possibilitando o uso do mouse em um 
ambiente cheio de janelas. Este foi um grande passo para o mundo da informática, pois deu início a uma 
nova geração de sistemas que possuíam interface gráfica, nos quais os usuários viam o que desejavam e 
simplesmente clicavam. Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo e a mente por trás da Microsoft, 
foi e ainda é um dos nomes mais importantes quando se pensa no mundo digital. 
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Logo do Windows em 1995 
Obviamente, não podemos deixar de falar do Google. Foi fundado por Larry Page e Sergey Brin em 4 de 
setembro de 1998. A missão declarada da empresa desde o início foi "organizar a informação mundial e 
torná-la universalmente acessível e útil". O rápido crescimento do Google desde sua incorporação culminou 
em uma cadeia de outros produtos, aquisições e parcerias que vão além do núcleo inicial como motor de 
buscas. A empresa oferece softwares de produtividade online, como o software de e-mail Gmail, e 
ferramentas de redes sociais, incluindo o Google+. É o site mais acessado do planeta, com um mecanismo 
de busca extremamente eficiente e que possui um volume de dados extraordinário dos usuários. 
 Em 2007, uma nova revolução acontece com a invenção do iphone, o primeiro smartphone, anunciada pelo 
então presidente da Apple, Steve Jobs. No anúncio do produto, ele afirmou que seria um instrumento para 
mudar a indústria da tecnologia - e estava certo: com o modelo reproduzido por todas as empresas do 
mesmo mercado em diferentes versões do smartphone, o dispositivo colocou o mundo "na palma da mão" 
das pessoas. Permitiu que diversos aparelhos fossem combinados em um único (você se lembra que havia 
o aparelho de mp3, mp4, mp5 e vários outros? Pois é, eles foram unidos ao telefone) e tornou mais acessível 
a possibilidade de acesso à internet, visto que seu preço é bem mais baixo do que o de um computador. 
Finalmente, podemos dizer que a possibilidade de instantaneidade tão marcada da internet hoje se deve a 
essa invenção, que faz o acesso ao mundo e à informação esteja sempre no nosso bolso. 
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Steve Jobs no lançamento do Iphone 
Finalmente, é fundamental falarmos das redes sociais, meio virtual de relacionamento entre as pessoas e, 
hoje, de trabalho, estudo, diálogo e o que mais se desejar. Talvez você, brasileiro, lembre-se do Orkut, rede 
lançada em 2004 que teve grande adesão de brasileiros e indianos. Contudo, a história das redes que 
alcançaram quase todo o globo começa antes, com o nascimento do Facebook, programado por Mark 
Zuckerberg e Dustin Moskovitz para ser, inicialmente, um domínio exclusivo para o campus - no caso, a 
Universidade de Harvard. Em 2004, Zuckerberg lançou o thefacebook.com, que se tornou o Facebook no 
ano seguinte. Ele se expandiu, primeiramente, no mundo das universidades, até que seu acesso foi aberto 
a todos em 2006. Hoje, a rede é a mais acessada do mundo, e possui 2,7 bilhões de usuários ativos. 
A trajetória de Zuckerberg não para por aí: em 2012, ele adquiriu o Instagram pelo valor de 1 bilhão de 
dólares, em dinheiro e em ações. O Instagram foi criado por Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger 
em 2010. Poucos meses depois, a rede social se tornou um dos aplicativos mais promissores da App Store. 
Antes que alcançasse a grandeza atual - há 1 bilhão de usuários ativos na rede -, o Instagram já foi integrado 
ao império Facebook - literalmente: os dois aplicativos possuem diversas
conexões. 
Além disso, Zuckerberg comprou também o WhatsApp em 2014 por aproximadamente 22 bilhões de 
dólares. Hoje com dois bilhões de usuários ativos, o aplicativo de mensagens já dava sinais de se tornar 
indispensável na vida prática de muita gente quando foi comprado, mas o valor pago foi visto por muitos 
como excessivo - compare-se, por exemplo, o dinheiro pago ao Instagram, apenas dois anos antes. Isso 
ocorreu porque os donos do WhatsApp não queriam fazer a venda, e Zuckerberg pagou uma soma muito 
maior do que o valor de mercado da empresa. Por qual motivo ele o fez? Muitos especialistas da área dizem 
que, no mundo da tecnologia, hoje impera o lema "o vencedor leva tudo"; o monopólio é visto como única 
forma de limitar a concorrência, que tenderá naturalmente a florescer se não for comprada. Esse 
comportamento, inclusive, motiva diversas críticas ao magnata da comunicação digital (falarmos disso logo 
adiante). 
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Encerrando as redes mais relevantes da atualidade, é preciso falar do Twitter. O Twitter foi criado em Março 
de 2006 por Jack Dorsey, Evan Williams, Biz Stone e Noah Glass e foi lançado em Julho de 2006 nos EUA. A 
ideia inicial dos fundadores era que o Twitter fosse uma espécie de "SMS da internet" com a limitação de 
caracteres de uma mensagem de celular. Embora ele tenha "apenas" 335 milhões de usuários ativos, número 
abaixo das outras abordadas, há grande uso nos EUA (69 milhões de usuários) e tem sido usado por políticos 
do mundo inteiro como espaço para dar declarações e informações sobre o governo. Em breve falaremos 
mais sobre isso também. 
Por fim, lembre-se de que estamos em franca corrida pela conexão 5G, que permitirá muito maior 
estabilidade e velocidade de conexão, abrindo portas para um mundo ainda não explorado com automação, 
inteligência artificial e cidades inteligentes (nós tratamos do 5G no âmbito das discussões sobre a Guerra 
Fria 2.0, na aula 00). 
Para percebermos, em mais um viés, como o mundo tecnológico é, sem dúvidas, o que há de mais marcante 
da nossa era, observemos a lista das empresas mais valiosas do mundo, segundo o levantamento realizado 
pela consultoria global Kandar Brandz em 21 de junho: 
Ranking 2021 
Amazon: US$ 683,852 
Apple: US$ 611,997 
Google: US$ 457,998 
Microsoft: US$ 410,271 
Tencent: US$ 240,931 
Facebook: US$ 226,744 
Alibaba: US$ 196,912 
Visa: US$ 191,285 
McDonald's: US$ 154,921 
MasterCard: US$ 112,876 
Observe-se que as empresas destacadas - os seis primeiros lugares do ranking - são todas empresas de 
tecnologia (a Amazon, no topo da lista, ostenta as funções de gigante da tecnologia e do varejo). 
Percebe-se com clareza, portanto, que as empresas fornecedoras dos bens e serviços que estão no cerne da 
Era Digital assumem cada vez mais importância e estendem seus domínios de maneira ininterrupta. Elas 
são detentoras, cada uma a seu modo, de um conjunto extraordinário de dados - no caso do império 
Zuckerberg, quando combinadas, as três redes oferecem um gps preciso das atividades, demandas, 
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desejos, hábitos e preferências linguísticas dos usuários, um prato cheio para as próprias companhias que 
se utilizam desses dados para realizar direcionamento preciso e eficiente de propagandas. Mas há, aí, um 
risco, que representa a fonte do conjunto mais complexo de problemas relacionados ao mundo conectado: 
os dados disponíveis para essas redes sociais estão seguros? Eles podem ser acessados por terceiros? Tal 
discussão se soma à grande questão dos nossos dias: como indivíduos e países podem garantir a segurança 
dos próprios dados? 
 
Podemos começar abordando um caso já clássico dessa história: a trajetória de Julian Assange. Assange é 
um ativista, programador e jornalista australiano que se notabilizou pela divulgação de dados sigilosos do 
governo dos EUA. No ano de 2006, fundou o portal WikiLeaks, cuja função era justamente a publicação de 
documentos e dados vazados de governos ou empresas sobre assuntos considerados sensíveis e de 
interesse público. Em 2010, o portal passou a divulgar uma série de documentos secretos sobre as ações 
americanas nas guerras do Iraque e do Afeganistão, demonstrando uma série de violações e crimes 
cometidos pelo país. Por conta disso, o governo dos EUA acusou o jornalista de violar leis de espionagem e 
iniciou uma investigação contra ele e o WikiLeaks, ainda em 2010. 
Naquele ano, ele foi procurado pela polícia da Suécia, país sede da WikiLeaks, em decorrência de uma 
acusação de agressão e estupro contra uma sueca. Ele se entregou, então, à Polícia do Reino Unido, pagou 
fiança e foi libertado com as condições de entregar seu passaporte, viver sob toque de recolher e a usar uma 
pulseira dotada de um dispositivo eletrônico que indica sua localização. Em 2012, sob ameaça de ser 
extraditado para a Suécia, onde ainda corria o processo contra ele, violou os termos da fiança e fugiu para a 
embaixada do Equador em Londres, livre de ser coagido pela justiça a depor ou mesmo ser preso. Ficou 
morando lá por sete anos, até ter seu asilo suspenso pelo presidente do Equador, em 11 de abril de 2019, 
sob a alegação de que Assange violou convenções internacionais e acessou arquivos de segurança da 
embaixada. 
Neste momento, ele permanece em poder do sistema penitenciário do Reino Unido. A ação contra ele na 
Suécia foi arquivada por falta de provas, ou seja, ele não corria risco de ser enviado para lá; porém, ainda 
restava um pedido de extradição feito pelos Estados Unidos. Em 04 de janeiro de 2021, no mais recente 
desdobramento desta questão, o Reino Unido terminou de julgar essa demanda, negando o pedido dos 
EUA. Segundo a juíza responsável pela decisão, Vanessa Baraitser, o juízo foi motivado por preocupações 
com a saúde mental de Assange e o risco de suicídio nos EUA. 
 
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Outra questão premente relacionada à espionagem entre países emerge na contemporaneidade pela 
grande ascensão chinesa no provimento de linhas de transmissão, sobretudo no caso da Huawei, e de 
aplicativos populares, como o TikTok. Uma lei chinesa de 2017 levanta a suspeita de que o governo chinês 
possa acessar os dados dos usuários de equipamentos e softwares chineses com uma simples determinação, 
o que gera insegurança com relação ao tráfego de dados e várias consequências de cunho geopolítico - 
falamos bastante sobre isso na aula 00, e aqui, tudo se conecta novamente. 
Voltemos ao Facebook: em 17 de março de 2018, os jornais "New York Times" e "Guardian" revelaram que 
os dados de mais de 50 milhões de usuários do Facebook foram usados sem o consentimento deles pela 
Cambridge Analytica. A empresa de análise de dados acessou esse grande volume de dados após um teste 
psicológico que circula na rede social coletar as informações. Os dados recolhidos não eram apenas os de 
usuários que fizeram o teste, mas também os de seus amigos. O escândalo criou dúvidas quanto à 
transparência e à proteção de dados dos usuários do Facebook. 
 
Ocorre que a empresa esteve envolvida em duas campanhas seminais nas definições dos rumos da 
geopolítica internacional: as eleições de Donald Trump, em 2016, e o referendo do Brexit, também em 
2016. Ambas as campanhas foram marcadas por notícias falsas, largamente espalhadas por todas as redes 
mas, sobretudo por grupos de WhatsApp. O mais importante aqui é perceber que essas notícias podiam ser 
precisamente direcionadas, perfeitamente adequadas ao modo de pensar de cada um, afinal, essas 
preferências são detectadas pelas redes e armazenadas como
dados. As repercussões negativas foram 
tamanhas, que Zuckerberg, o qual retificou o número de usuários afetados para 87 milhões, foi chamado 
para depor no Senado dos EUA. 
Em uma das sessões parlamentares mais icônicas da nossa era, um dos homens mais poderosos do mundo 
digital é chamado a prestar contas diante do parlamento do país mais rico do mundo no dia 10 de abril de 
2018. Ao longo de cinco horas de depoimento, Zuckerberg respondeu aos seus inquisidores com clareza na 
maior parte das vezes, mas com calculada esquiva em alguns momentos. Assumiu que a empresa cometeu 
erros e se comprometeu em trabalhar para ampliar a segurança dos usuários. Disse também que a empresa 
estava projetando mudanças em termos de segurança para os próximos anos que iriam, inclusive, afetar a 
rentabilidade da empresa, mas a segurança dos usuários seria colocada em primeiro lugar. Ele confirmou o 
uso dos dados pela Cambridge Analytica e disse que, mesmo com o escândalo, o número de usuários do 
Facebook não caiu. 
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Zuckerberg em depoimento no Senado dos EUA 
A fala de Zuckerberg vinha lastreada por um conjunto de medidas adotadas no sentido de realmente 
ampliar a segurança dos usuários, a qual, segundo ele, já era completamente diferente a partir de 2014 (os 
dados usados pela Cambridge Analytica são anteriores a essa data). Veja as alterações anunciadas pela 
plataforma cerca de três semanas antes do depoimento de Zuckerberg: 
- investigação de aplicativos que tiveram acesso a grandes quantidades de informações de 
usuários antes da alteração na plataforma feita em 2014; 
- realização de auditoria em apps que tiverem atividade considerada suspeita; 
- todos os desenvolvedores terão de concordar em receber auditoria ou serão banidos da 
plataforma; 
- caso sejam identificadas más práticas, uso das informações coletadas por parceiros será 
proibido e o Facebook vai informar as pessoas afetadas - isso inclui usuários afetados no 
caso Cambridge Analytica; 
- o Facebook vai impedir que apps não usados por mais de 3 meses acessem a dados de 
usuários; 
- dados informados a um app ao fazer login será restrito a nome, foto do perfil e email 
Raphael de Oliveira Reis
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- desenvolvedores precisarão de aprovação e também de contrato assinado para ter 
acesso a postagens e dados privados de usuários; 
- no mês seguinte ao anúncio, o Facebook mostrou na parte superior do feed de notícia 
quais apps foram usados e como revogar as permissões dadas a eles. 
O desfecho dessa história não foi nada bom para a Cambridge Analytica, que fechou suas portas, mas nada 
mau para o Facebook: no dia do depoimento do CEO, as ações da empresa fecharam com alta de 4,5%, a 
maior em quatro anos. Os EUA, no entanto, preparam, no momento da escrita deste material, um conjunto 
de dispositivos legais para aumentar a competitividade do mercado digital, buscando, por exemplo, impedir 
que as BigTechs comprem seus concorrentes - uma clara cutucada não só ao Facebook, mas a outros 
grandes nomes como Amazon, Google e Apple. 
 
No Brasil, também tivemos vazamentos de dados que ganharam repercussão na mídia e no debate público. 
No ano de 2012, um grupo de hackers invadiu o e-mail da atriz Carolina Dieckmann e teve acesso a 36 fotos 
íntimas. Em seguida, tentaram extorqui-la, exigindo dinheiro para não divulgar as imagens. A atriz não 
aceitou, as fotos vazaram e estourou uma discussão sobre privacidade nas redes. Os envolvidos foram 
presos e, em 30 de novembro do mesmo ano, foi sancionada a Lei 12.737/2012, também conhecida como 
Lei Carolina Dieckman. Nela, foram tipificados, pela primeira vez na legislação brasileira, os crimes 
especificamente cometidos no ambiente virtual, como a invasão de dispositivos. 
No ano de 2014, o Brasil deu mais um passo na ampliação da legislação relacionada à internet: a aprovação 
do Marco Civil da rede. O texto tratava de temas como neutralidade da rede, privacidade, retenção de 
dados, a função social que a rede precisará cumprir (especialmente garantir a liberdade de expressão e a 
transmissão de conhecimento), além de impor obrigações de responsabilidade civil aos usuários e 
provedores. Vejamos os pontos principais: 
A neutralidade da rede, como ficou conhecida, obriga empresas que oferecem internet a 
não discriminar sites, apps e plataformas com preços maiores ou separação por pacotes. 
Empresas como Facebook, Twitter ou Google (mediante o YouTube) não serão 
responsabilizadas por um conteúdo postado em suas plataformas, mas, caso sejam 
comunicadas judicialmente que um conteúdo é calunioso ou ofensivo, por exemplo, e as 
empresas mantiverem esse material no ar, elas poderão ser punidas. 
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Foram criadas regras claras, como os provedores de internet só poderem guardar registros 
de conexão dos usuários por no máximo um ano; empresas que operam na internet têm 
prazo limite de seis meses. 
As autoridades só podem ter acesso a dados de indivíduos mediante ordem judicial (na 
verdade, nas vezes em que uma ordem judicial foi emitida, no caso, contra o WhatsApp, 
entre 2014 e 2016, o aplicativo se recusou a ceder os dados). 
A legislação é considerada pioneira em todo o mundo pela transparência com que foi construída e pela 
ampla liberdade dada ao usuário da rede, ao mesmo tempo em que as ações das empresas passavam por 
regulamentação - ainda que pontual. A iniciativa foi elogiada por analistas e especialistas em todo o mundo, 
inclusive Tim Berners-Lee, cientista britânico considerado o pai da internet moderna. De acordo com ele, o 
Marco Civil ajudaria "a iluminar uma nova era na qual os direitos dos cidadãos serão protegidos por leis 
digitais em todos os países do mundo". 
Um novo e importante passo é dado em 14 de agosto de 2018, com a promulgação da Lei Geral de Proteção 
de Dados, conhecida também como LGPD. Ela cria um conjunto de novos conceitos jurídicos, como "dados 
pessoais" e "dados pessoais sensíveis", estabelece as condições nas quais os dados pessoais podem ser 
tratados, define um conjunto de direitos para os titulares dos dados, gera obrigações específicas para os 
controladores dos dados e cria uma série de procedimentos e normas para que haja maior cuidado com o 
tratamento de dados pessoais e compartilhamento com terceiros. As normas são baseadas na GDPR, um 
conjunto de regras específico da União Europeia. 
 
A partir dessa legislação, dado pessoal passou a ser definido como toda informação relacionada à pessoa 
natural “identificada” ou “identificável”; já os "dados pessoais sensíveis" são dados sobre origem racial ou 
étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, 
filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico. Tal separação 
aumenta a transparência exigida nos contratos de serviços das empresas de tecnologia. 
Além disso, para que os dados pessoais possam ser coletados e tratados, é necessário que o titular, a pessoa 
com direitos sobre eles e sobre a qual os dados se referem, consinta explicitamente com a sua utilização. 
Este consentimento deve ser fornecido apenas após o titular ter sido devidamente informado sobre os 
termos de uso, as extensões da autorização e a necessidade da aquisição de tais dados. A lei também 
fornece ao cidadão o controle sobre os seus dados e uma série de garantias, entre as quais, o direito de 
requerer a exclusão dos seus dados e de cancelar o consentimento. Sua aprovação se deu em 2018, com 
determinação para que passasse a vigorar a partir
de 2020. 
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Mesmo com todas essas inovações legislativas, em 2021, no dia 19 de janeiro, o "dfndr lab", laboratório de 
cibersegurança da Psafe, anunciou que os dados de 223 milhões de pessoas podem ter sido vazados na rede 
- o número é maior do que o da população brasileira, pois dados de falecidos também foram expostos e há 
registros duplicados. Quase dois meses depois, esses dados apareceram à venda em um fórum hacker, no 
valor de aproximadamente 95 mil reais. No anúncio, o vazamento era atribuído ao Poupatempo, programa 
paulista que oferece serviços públicos como emissão de carteira de identidade e de habilitação, e ao Serasa, 
empresa de análise de crédito. Ambas negaram ter sido invadidas e as investigações não conseguiram 
comprovar que o alvo foram as duas. 
A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) obriga as empresas a notificarem os titulares dos dados em caso 
de vazamentos. Em caso de violações no tratamento das informações, a lei prevê sanções que vão de 
advertência a multa de até 2% do faturamento anual, limitada a R$ 50 milhões, por infração. Porém, as 
investigações não concluíram quem seria o culpado. 
Vejamos como está o nosso fluxo até agora com uma questãozinha de leve! 
 
(Ano: 2021 Banca: Prof. Raphael Reis - inédita) 
 
 “A entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) busca dar ao cidadão brasileiro 
maior controle sobre um patrimônio que deveria ser inalienável: as informações pessoais. A 
nova legislação, apesar de ter lacunas, segundo especialistas, traz clareza sobre o que empresas 
e governos podem ou não fazer com esses dados, que vão desde nomes e números de 
documentos a históricos de compras e de crédito – e, até, médicos. Colhidas quase sem critérios 
até a adoção da LGPD, as informações pessoais de milhões de brasileiros são mercadoria para 
empresas de vários ramos, desde pesquisas políticas até a venda de produtos para públicos 
personalizados.” 
Retirado de: https://www.metropoles.com/brasil/empresas-especializadas-em-vender-dados-
pessoais-serao-travadas-por-nova-lei 
 
Tendo o texto acima apenas como motivador, complete corretamente a seguinte afirmação: a 
LGDP irá impactar o mercado de dados pois 
 
a) ela estabelece impostos a serem cobrados sobre movimentações de dados de usuários, 
garantindo transparência no processo. 
b) a lei dispõe tratamentos específicos que podem ser feitos com os dados e o consentimento 
pleno do usuário para uso de dados pelas empresas. 
c) somente passam a ser passíveis de comercialização os dados relacionados às preferências 
políticas dos usuários, impactando mercados de diferentes ramos. 
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d) fica proibida a coleta de dados dos usuários sob qualquer circunstância, com o fim de 
preservar a privacidade individual. 
 
Comentários: 
A alternativa A está incorreta: não há nenhuma imputação de impostos sobre a venda de dados, 
mas sim uma regulamentação a respeito de quais dados podem ser armazenados, por quanto 
tempo e sob quais tratamentos. 
A alternativa B está correta. Isso é justamente o que a LGDP propõe: dados de usuários não 
podem ser utilizados ao bel-prazer das empresas de tecnologia, mas sim mobilizados apenas 
mediante autorização expressa. Além disso, eles passam a poder ficar armazenados por período 
de tempo definido - um ano a seis meses, a depender da empresa. 
A alternativa C está incorreta. Não há nenhuma delimitação específica sobre as preferências 
políticas; há, no entanto, diferença entre "dados pessoais" e "dados pessoais sensíveis". As 
informações em questão se enquadram no segundo grupo. 
A alternativa D está incorreta. Não é, sequer, possível manter o funcionamento dos serviços da 
rede sem a coleta de dados dos usuários. 
 
Gabarito: B 
Por fim, para encerrarmos a nossa discussão sobre a Era Digital, vamos abordar o assunto Fake News, o 
qual ganhou imensa repercussão nos últimos anos. As “Fake News” ou “notícias falsas” são informações 
que, na verdade, desinformam, que deturpam os fatos em prol da defesa de convicções pessoais ou, 
simplesmente, geram conteúdos de forma proposital para manipular comportamentos e pensamentos. 
O uso da desinformação para tais propósitos é antigo: por exemplo, a queda do regime monárquico no Brasil 
(1889) se deu por uma notícia falsa disseminada pelo movimento republicano de que o Imperador D. Pedro 
II iria mandar prender oficiais do Exército. Contudo, na atualidade, devido ao advento das redes sociais e 
aplicativos, tal instrumento de manipulação é usado de modo a atingir um grande número de pessoas de 
forma instantânea, ou seja, a reprodutibilidade de uma notícia falsa atinge um público grande em curto 
espaço de tempo. Para se ter uma ideia, inclusive, do potencial de propagação dessas mentiras, atente-se a 
uma pesquisa do MIT que afirma que no Twitter, notícias falsas se propagam 6 vezes mais e 70% mais rápido 
do que as reais. 
Para o pensador Noam Chomsky, essa distorção deliberada que se faz da realidade com o objetivo de 
moldar a percepção e a opinião das pessoas faz parte da “pós-verdade”, resultado das políticas públicas 
implementadas pelo Neoliberalismo nas últimas décadas do século XX. Essas políticas, de acordo com o 
pensador supracitado, contribuíram para o aumento da pobreza e do desemprego no mundo. Assim, grande 
parte da população perdeu qualidade de vida e poder de consumo, desacreditando que as soluções coletivas 
partiriam do tradicional sistema político. 
Nesse contexto de descrença geral e de crise das instituições democráticas, intensificada pela crise 
econômica mundial de 2008, surgiram como alternativa na política os discursos autoritários/extremistas, 
que colocam em xeque a própria existência do ideal humanitário e democrático. Esse tipo de discurso visa 
estabelecer um inimigo comum como culpado pelas mazelas sociais. 
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Para mobilizar a população frustrada com a sua condição de vida, adotaram como prática o discurso de ódio, 
a xenofobia e o desejo de vingança. Para isso, utilizaram os mecanismos das redes sociais para bombardear 
as pessoas com notícias falsas, com o intuito de manipular suas respectivas percepções. Por exemplo, na 
Europa e nos EUA, o imigrante passou a ser o responsável pelo desemprego, pelas altas taxas de 
criminalidade, pelo terrorismo e por acabar com os valores nacionais. No Brasil, as políticas sociais e os atos 
de corrupção do governo do Partido dos Trabalhadores (PT) foram associadas a uma tentativa comunista 
de destruir o país. 
Com a circulação dessas notícias em diversos veículos de comunicação virtual, reforçaram-se as emoções 
básicas de ódio àquilo que se tornou o grande inimigo da nação, pois, em vez de checar a fonte das 
informações e os dados apresentados, simplesmente, muitas pessoas passaram adiante os conteúdos 
recebidos, como se fossem verdades. 
Para se ter uma ideia da proporção em nosso país, de acordo com dados do Instituto Ideia Big Data, 
divulgados pela revista Veja, os grandes alvos de conteúdos checados como notícias falsas são o ex-
presidente Lula, a ex-presidenta Dilma, o ex-presidente Temer e o juiz Sérgio Moro. Isso, a priori, pode 
parecer que é liberdade de expressão ou briga de oposicionistas, mas o fato é que, com a disseminação de 
notícias falsas, há abalos na democracia, porque isso pode alterar resultados de eleições, impedir a 
pluralidade de ideias e incentivar as mais diversas intolerâncias. 
 
O caso mais concreto foram as eleições de Donald Trump, que abusou do uso das redes sociais e da 
divulgação de “Fake News” para influenciar eleitores
indecisos em diversos estados norte-americanos. A 
situação se torna ainda mais grave quando ocorre a infodemia, ou seja, uma espécie de epidemia de 
informações, em que muito conteúdo sobre um mesmo tema é produzido e espalhado de uma só vez, 
tornando cada vez mais difícil distinguir o que é verdadeiro e o que é falso. 
Porém, erra quem crê que as notícias falsas impactam somente o campo político. Recentemente, houve 
uma notícia falsa de que a Pepsi passaria a Coca-Cola em vendas no Brasil porque suas latinhas viriam com 
a imagem do atual presidente. Essa postagem atingiu um público de 1,8 milhão de pessoas e, em poucas 
horas, contava com mais de 20 mil curtidas. Ou seja, fica evidente que as notícias falsas podem impactar 
outras áreas, como a comercial. 
Nessa perspectiva, as empresas gestoras dessas redes sociais possuem sua parcela de responsabilidade, já 
que os seus algoritmos não filtram nem detectam conteúdo de ódio e notícias deliberadamente falsas. Para 
elas, na verdade, isso é bem cômodo, pois os anúncios contratados geram bilhões, independentemente de 
qual conteúdo seja. No entanto, os governos e empresas contrários ao discurso de ódio vêm pressionando 
o Google, o YouTube, o Facebook, o Instagram, o Twitter, etc., para que adotem procedimentos que não 
permitam a propagação de mensagens falsas nem a promoção da intolerância. 
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 Diversas empresas que gastam milhões em anúncios passaram a boicotar as instituições que gerenciam as 
redes sociais com objetivo de forçar mudanças nos algoritmos e no combate ao discurso de ódio. No Brasil 
e no mundo, esse movimento foi reforçado pelos “Sleeeping Giants”, ou, em português, “gigantes 
adormecidos”, perfil virtual que denunciava para empresas que suas propagandas estavam aparecendo em 
sites reconhecidos por postagens de notícias falsas. Com isso, diversas delas pediram a suspensão dos 
anúncios nesses sites, desmonetizando, ao menos parcialmente, os meios dos propagadores de notícias 
falsas. 
 
As próprias redes sociais, em alguns momentos, optaram por excluir postagens notadamente falsas. No 
caso no Brasil, em 29 de março de 2020, o Twitter apagou duas publicações da conta oficial do presidente 
Jair Bolsonaro. A rede afirmou que as postagens violavam os termos de uso, uma vez que propagavam 
informações que podiam levar a intepretações erradas sobre a pandemia de covid-19 e levar a um aumento 
de casos. Pouco tempo depois, o Facebook excluiu, em 08 de julho de 2020, uma rede de contas, páginas e 
grupos ligados à família do presidente Jair Bolsonaro e a deputados do Partido Social Liberal (PSL). As 
remoções ocorreram na própria rede social e também no Instagram. De acordo com a empresa, a rede 
removida nesta ação atuava desde as eleições de 2018 enganando sistematicamente o público, utilizando 
contas duplicadas e falsas, envio de spam e ferramentas artificiais para aumentar a presença nas 
plataformas sociais, estratégias proibidas pelas normas da rede social. Como forma de coibir essa atitude 
das BigTechs, o governo brasileiro prepara um meio de impedir que as redes sociais apaguem postagens, 
exceto em caso de pedido judicial; mas, até a conclusão deste texto, a maneira como será proposta essa 
medida ainda não está definida. 
 
O caso mais paradigmático, no entanto, de supressão feito por redes sociais se deu com Donald Trump, ex-
presidente dos EUA. A motivação se deu em 06 de janeiro de 2021, quando, ao não aceitar o resultado das 
urnas, que dava a vitória ao democrata Joe Biden, Trump incitou manifestantes a invadirem o Capitólio, o 
prédio destinado ao Legislativo do país, para anular a eleição, que ele alegava ter sido fraudado sem 
nenhuma prova. Quatro manifestantes e um policial morreram nos conflitos e o prédio ficou depredado em 
diversas áreas. Por causa disso, primeiro o Twitter, o Facebook e o Instagram suspenderam a conta de 
Trump, por causa da exposição de notícias falsas que poderiam causar grandes danos políticos e sociais. Em 
seguida, o Twitter baniu permanentemente a conta do republicano – que era o mais seguido do mundo na 
rede, com 89 milhões de seguidores. 
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Invasão do Capitólio dos EUA 
O evento levantou diversas discussões a respeito da liberdade de expressão e do papel 
das redes na democracia. Os críticos afirmam que a supressão da conta de Trump é uma 
violação do direito à liberdade de expressão, abrindo precedentes para a mesma regra 
ser aplicada a outros governantes e figuras públicas. Os que defenderam a ação 
argumentam que a plataforma digital dava acesso a milhões de pessoas por Trump, que 
a utilizava não como um político responsável, mas sim para espalhar insistentemente 
notícias falsas – desde a respeito de vacinas até sobre uma suposta ligação de Barack 
Obama com o Estado Islâmico. 
Os Estados Unidos e boa parte da Europa, que tiveram as eleições de 2016 e o referendo do Brexit 
influenciados por uma enxurrada de notícias falsas direcionadas de maneira estratégica para o público, 
usando os dados mobilizados pela Cambridge Analytica, ainda não avançaram de maneira precisa no 
combate às fake news. Busca-se formular leis na Alemanha, França, Singapura e Brasil, mas a legislação 
está longe de ser um consenso, pelo necessário cuidado em se preservar a liberdade de expressão ao mesmo 
tempo em que se limita o potencial de divulgação das notícias falsas. 
 
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O destaque em solo brasileiro é a CPMI das fake news, comissão parlamentar mista cujo objetivo é 
investigar a existência de uma rede de produção e propagação de notícias falsas e o assédio virtual nas redes 
sociais. O alvo da CPMI, iniciada em setembro de 2019, foi a campanha de Jair Bolsonaro e de seus 
apoiadores. O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) afirmou em depoimento que o então 
presidente havia utilizado “milícias digitais” para realizar ataques virtuais e promover uma rede de 
desinformação em benefício de Bolsonaro. Pouco depois, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) revelou a 
existência de um “gabinete do ódio”, integrado por assessores especiais da Presidência da República, cujo 
objetivo seria a propagação de notícias falsas e campanhas difamatórias. Essa foi, inclusive, a grande 
motivação para o Facebook excluir as contas ligadas à família e aos gabinetes dos Bolsonaro. 
 
2 – Obras e materiais consultados 
Arquivo de notícias de jornais e revistas: Folha de São Paulo, G1, Estadão, O Globo, Carta Capital, Veja, 
Mundo Educação, El País, Politize, Exame, Valor Econômico. 
AMER, K; NOUJAIM, J. Privacidade Hackeada. 113 minutos, Netflix, 2019. 
BAUMAN, Z. Vida para o consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Ed. Zahar, 2008. 
CASTEL, R. La Insegurid Social. Ed. Manantial, 2004. 
CASTELLS, M. A galáxia da internet. Ed Zahar, 2003. 
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Ed. Penso, 2012. 
IMBROISI, W. & REIS, R (Orgs). Revista de Atualidades Centro do Mundo. Edições de nº02/2020 e 03/2021. 
MARX, K. O Capital. Vol.2. Ed. Civilização Brasileira, 1999. 
LÉVY, P. O que é o virtual. Editora 34, 2011. 
 
 
 
 
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1. (Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: SEE -PB Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - SEE -PB - 
Professor - Geografia) 
As transformações ocorridas no padrão demográfico brasileiro constituem uma das mais importantes 
modificações estruturais verificadas na sociedade. Devido a essas transformações, discussões sobre a

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