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Universidade Federal de Uberlândia Faculdade de Engenharia Mecânica Simulação e estudo da formação de tornados Ana Luiza Martins Pires Cláudio Ferreira dos Santos Júnior Evandro Evangelista Guilherme Scarafiz Kévin Yvnec Victor Nunes de Souza Vitor Marques Silva Uberlândia Dezembro de 2019 2 Resumo O trabalho a seguir tem como objetivo estudar e simular a formação de tornados. A motivação para a realização do estudo se dá pela curiosidade em entender a formação dessas estruturas complexas que, em várias ocasiões, promovem catástrofes e geram estragos materiais e humanos. O estudo engloba três vertentes de pesquisa: estudos sobre o fenômeno, construção de um modelo de laboratório simplificado e simulação computacional, embasada nas formulações matemáticas da Mecânica dos Fluidos, com o objetivo de se comparar os resultados computacionais com os obtidos na experimentação desenvolvida utilizando o modelo físico. Para tanto, foram introduzidas condições de contorno bem definidas, utilização das equações de Navier- Stokes nas três direções para realizar um balanço da quantidade de movimento, utilização das equações da continuidade e energia. Com o modelo matemático completo, que é introduzido no software a ser utilizado (MFSim), consegue-se produzir simulações que mostram resultados de vorticidade, campo de velocidades, campo de pressões e campo de temperaturas. Os resultados obtidos computacionalmente são comparados aos obtidos experimentalmente com o modelo físico, de forma a avaliar a consistência das simulações e obter resultados importantes no que diz respeito à formação e à estrutura de tornados, mostrando resultados satisfatórios, que validam os estudos e o trabalho aqui mostrado. Abstract The following work aims to study and simulate the formation of tornadoes. The motivation for conducting the study is the curiosity to understand the formation of these complex structures that, on several occasions, promote catastrophes and generate material and human damage. The study encompasses tree strands of research: studies on the phenomenon, construction of a model simplified physics and computational simulation, based on the mathematical formulations of Fluid Mechanics, in order to compare the computational results with those obtained in the experimentation using the physical model. To this end, weel-defined boundary conditions were introduced, using the Navier-Stokes equations in the three directions to balance the amount of motion, using the continuity and energy equations. With the complete mathematical model, which is introduced in the software to be used (MFSim), it is possible to produce simulations that show results of vorticity, velocity field, pressure field, and temperature field. The results obtained are compared to those obtained experimentally with the physical model, in order to evaluate the consistency of the simulations and to obtain important results regarding the formation and structure of tornadoes, showing satisfactory results, which validate the studies and work here show. 3 Sumário 1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................pg. 4 1.1 A DEFINIÇÃO DE UM TORNADO..................................................................pg. 4 1.2 FORMAÇÃO DE UM TORNADO....................................................................pg. 4 1.3 ESTRUTURA DOS TORNADOS....................................................................pg. 6 1.4 CLASSIFICAÇÃO DOS TORNADOS.............................................................pg. 6 1.5 TORNADOS NO BRASIL................................................................................pg. 8 2 INTRODUÇÃO A SIMULAÇÃO CFD..............................................................................pg. 8 2.1 ESCOAMENTO DE POISEUILLE EM UM CANAL TUBULAR.......................pg. 8 2.2 MODELO FÍSICO............................................................................................pg. 8 2.3 MODELO MATEMÁTICO DIFERENCIAL E CONTÍNUO (DINÂMICO)..........pg. 9 2.4 MODELO COMPUTACIONAL E RESULTADOS......................................... pg. 11 3 SIMULAÇÃO DE UM TORNADO..................................................................................pg. 17 3.1 MODELO MATEMÁTICO DIFERENCIAL (DINÂMICO E TÉRMICO)...........pg. 18 3.2 MODELO NUMÉRICO...................................................................................pg. 18 3.3 RESULTADOS...............................................................................................pg. 20 3.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS......................................................................pg. 22 4 CONCLUSÃO................................................................................................................pg. 23 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................pg. 24 4 1 Introdução 1.1 A definição de um tornado Para iniciar o trabalho é conveniente expressar o significado de um tornado usando uma expressão formal e bem definida. Portanto, várias fontes de pesquisa definem um tornado de forma diferente, sendo a definição a seguir a mais aceita pelo grupo. Um tornado pode ser definido como uma coluna de ar que gira violentamente, estando em contato com a superfície do solo, pendente ou debaixo de uma nuvem cumuliforme e geralmente visualizada como uma nuvem em forma de funil e/ou com detritos/poeiras circulando junto ao chão (AMERICAN METROLOGICAL SOCIETY, 2013; MARCELINO, 2004). Segundo AHRENS, 2007, os tornados são rotações rápidas de ventos que ocorrem em torno de uma região de intensa baixa pressão e podem estar presentes ou não em super células de tempestade. Portanto, cabe ao leitor interpretar as definições e entender que os tornados são estruturas complexas e interessantes, sendo o estudo sobre o assunto interessante e instigante. 1.2 Formação de um tornado Nesta parte do trabalho, será explicado como um tornado se forma, em termos gerais. Sabe-se que os tornados tendem a se formar em intensos temporais, ou seja, a instabilidade atmosférica é essencial para o desenvolvimento do fenômeno. Na gênese de formação do tornado se observa que parcelas de nuvens rotacionam em um eixo simbólico na base da célula da nuvem. Em seguida observa-se a parede da nuvem descendo em direção ao solo, formando a nuvem funil, (OLIVEIRA et al., 2001, p. 288), movimento descendente da nuvem (parte visível do funil), mesmo não tocando o solo; ao mesmo tempo os vórtices de ar seco e quente levantam bastante poeira e sujeira até que o tornado atinja completamente seu estágio organizado. Segundo Markowski e Richardson (2009, p. 4), uma condição necessária para a formação do tornado é que uma forte vorticidade vertical seja gerada no solo. Ainda segundo Roturno apud Wakimoto e Wildson (1989) para que se forme um tornado é necessária uma superposição de massas de ar ascendentes e campos de rotações de ventos. Os tornados geralmente se formam sob nuvens cumulonimbos. O processo que se inicia no movimento descendente da nuvem é denominado de nuvem funil ou de nuvem de 5 parede; finalizando o processo quando o mesmo se dissipa. A nuvem cumulosnimbos, geralmente conhecida como nuvem de tempestade, é uma nuvem convectiva que produz precipitação, relâmpagos e por muitas vezes temporais severos. Dependendo das condições atmosféricas do ambiente essas nuvens podem produzir fortes frentes de rajada, tornados e precipitar granizo (FELÍCIO, 2007, p. 28). Eles tendem a se formar nesta região devido a posição do ar seco e frio da nuvem sobre o ar quente e úmido, produzindo uma instabilidadeatmosférica. O ar quente e úmido ao encontrar-se com uma massa de ar seca e fria ascende, provocando uma inversão de temperatura. Esse fenômeno de inversão é o principal responsável pela formação de nuvens cumulosnimbos logo após algumas horas do início da manhã. Segundo Ahrens (2007, p. 278) a inversão térmica tem um papel importante na atmosfera, pois evita a formação de pequenas e constantes tempestades. Os jatos de baixos níveis arrastam o ar quente e úmido para dentro da nuvem, gerando uma condição de instabilidade do ar, e rapidamente pode se desenvolver uma tempestade. No entanto, essa condição de instabilidade não indica a formação de um tornado. Em sequência, para uma tempestade desenvolver um tornado, a massa de ar ascendente deve estar em rotação, no entanto, nas tempestades severas os tornados somente se desenvolvem em locais com fortes cortes verticais do vento. Um estudo do National Weather Service (NWS) dos Estados Unidos, define que as tempestades severas são as que possuem ocorrências de tornados, com ventos resultantes acima de 26 m/s e danos associados à rajadas ou granizos de 1,9 cm de diâmetro ou mais (MCNULTY, 1995). Segundo Ahrens (2007, p. 273) as tempestades severas formam-se em regiões de longos cortes verticais de ventos. O rápido aumento da velocidade do vento e a mudança na direção do vento pela altitude – do vento vindo de uma direção em baixos níveis e para outra direção em altos níveis – causa a ascensão da massa de ar, originando uma vorticidade devido ao cisalhamento do vento, para dentro da tempestade gerando um ciclone. Esta ascendente rotação da coluna de ar vertical com 5 a 10 km de diâmetro é denominado de mesociclone. O mesociclone ao se esticar verticalmente e estreitar horizontalmente faz a velocidade tangencial aumentar rapidamente. Dentro dele a velocidade do vento aumenta e pode ser visto uma parede de nuvem descendo gradativamente. 6 1.3 Estrutura dos tornados A Figura 1.2 apresenta cinco regiões de escoamento em um tornado típico (LEWELLEN, 1976). Estas regiões são as seguintes: a) escoamento exterior (Ia): região acima da camada limite, prolongando-se por, pelo menos, 1 km para fora a partir do núcleo do vórtice. O ar girando na região externa se aproxima do eixo, enquanto vai subindo. A velocidade de rotação do escoamento aumenta à medida que se aproxima do eixo. b) núcleo (Ib): região que envolve o eixo do vórtice e se torna mais ampla à medida que se desloca a jusante (para cima). O núcleo do vórtice se estende para fora até o raio da velocidade tangencial máxima e varia, em tamanho, de dezenas a centenas de metros. Velocidades axiais ascendentes ou descendentes são observadas na região do núcleo, dependendo da estrutura de vórtice. 1.4 Classificação dos tornados Para avaliar a magnitude e a intensidade de um tornado, existem escalas que os avaliam de acordo com sua velocidade e as consequências que são deixadas por tal magnitude e tal intensidade. Neste trabalho, apresentaremos a Escala Fujita Melhorada (National Weather Service), a fim de expor o método e os parâmetros que são levados em conta ao se avaliar um tornado. Seguem, abaixo, as tabelas retiradas do site National Weather Service, que apresentam a Escala Fujita melhorada. Como pode ser visto na tabela abaixo, nesta escala os tornados recebem um número de zero a cinco, sendo zero o tornado menos intenso Figura 1 - Esquema das regiões da estrutura de um tornado. 7 e cinco o tornado mais intenso. Essa numeração é obtida em função da velocidade que o mesmo atinge, em milhas por hora. A Escala Enhanced Fujita ou EF Scale (Escala de Fujita melhorada), que entrou em operação em 1º de fevereiro de 2007, é usada para atribuir a um tornado uma 'classificação' com base nas velocidades estimadas do vento e nos danos relacionados. Quando os danos relacionados ao tornado são pesquisados, ele é comparado a uma lista de indicadores de dano e graus de dano, que ajudam a estimar melhor a faixa de velocidade do vento que o tornado provavelmente produziu. A partir disso, é atribuída uma classificação (de EF0 a EF5). A Escala EF foi revisada a partir da Escala Fujita original para refletir melhores exames dos levantamentos de danos causados por tornados, a fim de alinhar as velocidades do vento mais de perto com os danos causados pelas tempestades. Tabela 1 - Escala Fujita melhorada NUMBER (Details Linked) DAMAGE INDICATOR ABBREVIATION 1 Small barns, farm outbuildings SBO 2 One- or two-family residences FR12 3 Single-wide mobile home (MHSW) MHSW 4 Double-wide mobile home MHDW 5 Apt, condo, townhouse (3 stories or less) ACT 6 Motel M 7 Masonry apt. or motel MAM 8 Small retail bldg. (fast food) SRB 9 Small professional (doctor office, branch bank) SPB 10 Strip mall SM 11 Large shopping mall LSM 12 Large, isolated ("big box") retail bldg. LIRB 13 Automobile showroom ASR 14 Automotive service building ASB 15 School - 1-story elementary (interior or exterior halls) ES EF SCALE EF Rating 3 Second Gust (mph) 0 65-85 1 86-110 2 111-135 3 136-165 4 166-200 5 Over 200 Tabela 2 - Escala Fujita melhorada http://www.spc.noaa.gov/efscale/1.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/2.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/3.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/4.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/5.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/6.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/7.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/8.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/9.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/10.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/11.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/12.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/13.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/14.html http://www.spc.noaa.gov/efscale/15.html 8 1.4 Tornados no Brasil No Brasil, segundo Marcelino et al. (2004, p. 750), o país é atingido anualmente por fenômenos extremos que ocasionam desastres naturais de origem atmosférica. Dentre os estados, o mais atingido é, Santa Catarina afetada por variados fenômenos de origem atmosférica, uma vez que, oferece condições climáticas propícias às ocorrências de tornados. Em Santa Catarina, o levamento dos prejuízos socioeconômicos causados por alguns tornados são da ordem de US$ 1.800.000,00. Estes eventos afetaram diversos setores socioeconômicos, tais como agropecuário, comercial, industrial e público, como o abastecimento de água, energia elétrica e telefonia. Além disso, causaram 11 mortes e deixaram 294 feridos (MARCELINO, 2004, p. 27). No Brasil o maior tornado já registrado ocorreu em 30 de setembro de 1991, na Cidade de Itú – SP, atingindo a escala de classificação Fujita F4 (BECK; VERZENHASSI, 2008, p. 194). O evento provocou cerca de 16 mortes e vários feridos que representou a grande maioria, além de, um ônibus que foi capotado pelos fortes ventos, árvores foram arrancadas e outras retorcidas, empilhou carros e destruiu um posto de combustível (POMPÉIA, 2008). 2 Introdução à simulação CFD (Computational Fluid Dynamics) Neste trabalho, faremos o uso da simulação CDF (Computational Fluid Dynamics). Como sugestão do professor responsável pela disciplina, o grupo desenvolveu uma simulação de um escoamento de Poisseulli ao longo de um tubo, a fim de adiquirir conhecimentos e fazer uma introdução ao software MFSim, de propriedade do Laboratório de Mecânica dos Fluidos da Universidade Federal de Uberlândia (MFlab). 2.1 Escoamento de Poiseuille em um canal tubular O escoamento de Poiseuille tem como característica a formação de um escoamento devido a um gradiente de pressão. Para escoamentos laminares é possível obter o perfil de velocidades por meio das propriedades do fluido e do escoamento. Primeiro, serão derivadas as equações referentes ao escoamentoem análise e posteriormente serão detalhadas as informações que devem ser inseridas na interface do software MFSim para análise. 2.2 Modelo físico 9 Como o escoamento em análise desenvolve-se em um canal tubular, os modelos serão desenvolvidos considerando coordenadas cilíndricas. Na Figura 1 é possível observar o perfil de velocidades no interior do canal de raio R considerando um escoamento em regime laminar. Figura 2 - Esboço do modelo físico Podem ser assumidos para este escoamento: escoamento permanente, escoamento desenvolvido (vr=vθ=0), escoamento isotérmico, escoamento incompressível, fluido newtoniano, canal na direção de z. 2.3 Modelos Matemáticos diferencial e contínuo (dinâmicos) As equações de Navier-Stokes em coordenadas cilíndricas são representadas por: 𝑟: 𝜌 ( 𝑑𝑣𝑟 𝑑𝑡 + 𝑣𝑟 𝑑𝑣𝑟 𝑑𝑟 + 𝑣𝜃 𝑟 𝑑𝑣𝑟 𝑑𝜃 − 𝑣𝜃 2 𝑟 + 𝑣𝑧 𝑑𝑣𝑟 𝑑𝑧 ) = − 𝑑𝑃 𝑑𝑟 + 𝜌𝑔𝑟 + 𝜇 [ 𝑑 𝑑𝑟 ( 1 𝑟 𝑑(𝑟𝑣𝑟) 𝑑𝑟 ) + 1 𝑟2 𝑑2𝑣𝑟 𝑑𝜃2 − 2 𝑟2 𝑑𝑣𝜃 𝑑𝜃 + 𝑑2𝑣𝑟 𝑑𝑧2 ] 𝜃: 𝜌 ( 𝑑𝑣𝜃 𝑑𝑡 + 𝑣𝑟 𝑑𝑣𝜃 𝑑𝑟 + 𝑣𝜃 𝑟 𝑑𝑣𝜃 𝑑𝜃 + 𝑣𝜃𝑣𝑟 𝑟 + 𝑣𝑧 𝑑𝑣𝜃 𝑑𝑧 ) = − 𝑑𝑃 𝑑𝜃 + 𝜌𝑔𝜃 + 𝜇 [ 𝑑 𝑑𝑟 ( 1 𝑟 𝑑(𝑟𝑣𝜃) 𝑑𝑟 ) + 1 𝑟2 𝑑2𝑣𝜃 𝑑𝜃2 + 2 𝑟2 𝑑𝑣𝑟 𝑑𝜃 + 𝑑2𝑣𝜃 𝑑𝑧2 ] 𝑧: 𝜌 ( 𝑑𝑣𝑧 𝑑𝑡 + 𝑣𝑟 𝑑𝑣𝑧 𝑑𝑟 + 𝑣𝜃 𝑟 𝑑𝑣𝑧 𝑑𝜃 + 𝑣𝑧 𝑑𝑣𝑧 𝑑𝑧 ) = − 𝑑𝑃 𝑑𝑧 + 𝜌𝑔𝑧 + 𝜇 [ 𝑑 𝑑𝑟 (𝑟 𝑑(𝑣𝑧) 𝑑𝑟 ) + 1 𝑟2 𝑑2𝑣𝑧 𝑑𝜃2 + 𝑑2𝑣𝑧 𝑑𝑧2 ] 10 Por meio das características do escoamento definidas no modelo físico, pode ser obtido o modelo dinâmico a partir da equação de Navier Stokes na direção z: 𝑑𝑃 𝑑𝑧 = 𝜎 = 𝜇 [ 1 𝑟 𝑑 𝑑𝑟 (𝑟 𝑑(𝑣𝑧) 𝑑𝑟 )] em que: 𝑑𝑣𝑧 𝑑𝑟 | 𝑟=0 = 0 𝑒 𝑣𝑧(𝑟 = 𝑅) = 0 Por meio da equação diferencial temos: 𝜎 𝜇 = [ 1 𝑟 𝑑 𝑑𝑟 (𝑟 𝑑(𝑣𝑧) 𝑑𝑟 )] 𝜎𝑟 𝜇 = 𝑑 𝑑𝑟 (𝑟 𝑑(𝑣𝑧) 𝑑𝑟 ) 𝜎𝑟 𝜇 𝑑𝑟 = 𝑑 (𝑟 𝑑(𝑣𝑧) 𝑑𝑟 ) Integrando a equação, temos: 𝜎 𝜇 𝑟 2 2 + 𝑎 = 𝑟 𝑑𝑣𝑧 𝑑𝑟 𝜎 𝜇 𝑟 2 + 𝑎 = 𝑑𝑣𝑧 𝑑𝑟 Sabendo que: quando r = 0, 𝑑𝑣𝑧 𝑑𝑟 = 0 então a constante resultante da integração (a) é nula: 𝜎 𝜇 𝑟 2 = 𝑑𝑣𝑧 𝑑𝑟 Integrando novamente: 𝑣𝑧 = 𝜎 𝜇 𝑟2 4 + 𝑏 Como 𝑣𝑧(𝑅) = 0, logo: 𝑏 = − 𝜎 𝜇 𝑅2 4 11 Com isso o perfil de velocidades é dado por: 𝒗𝒛(𝒓) = 𝝈 𝟒𝝁 (𝒓𝟐 − 𝑹𝟐) 𝒐𝒖 𝒗𝒛(𝒓) = − 𝟏 𝟒𝝁 𝒅𝑷 𝒅𝒛 (𝟏 − 𝒓𝟐 𝑹𝟐 ) Para o cálculo da velocidade média temos primeiro que determinar a vazão volumétrica no canal: 𝑄 = ∫ �⃗� 2𝑅 𝐴 𝑑𝐴 = ∫ 𝑣𝑧2𝜋𝑟𝑑𝑟 2𝑅 0 = ∫ − 1 4𝜇 𝑑𝑃 𝑑𝑧 (1 − 𝑟2 𝑅2 )2𝜋𝑟𝑑𝑟 2𝑅 0 𝑄 = − 1 8𝜇 𝑑𝑃 𝑑𝑧 Desse modo, a velocidade média é dada por: 𝒗𝒛̅̅ ̅ = 𝑸 𝑨 = 𝑸 𝝅𝒓𝟐 = − 𝑹𝟐 𝟖𝝁 ( 𝒅𝑷 𝒅𝒛 ) Por último a velocidade máxima é dada por: 𝒗𝒛(𝒓 = 𝟎) = 𝒗𝒛(𝒎á𝒙) = − 𝟏 𝟒𝝁 𝒅𝑷 𝒅𝒛 , logo: 𝒗𝒛(𝒎á𝒙) = 𝟐 𝒗𝒛̅̅ ̅ 2.4 Modelo numérico-computacional e resultados Para resolver o problema usando um computador, precisamos de software que atenda as necessidades do caso estudado. Para isso, como já foi dito, o grupo fez uso do software MFSim, que permite a criação das malhas euleriana e lagrangiana, que são a base de toda a simulação. O software permite também impor todas as condições de contorno necessárias para a solução do problema, sejam elas condições de Dirichlet ou condições de Neumann. Portanto, a interface do programa nos permite fazer todas as alterações e todas as configurações por meio de botões, caixas de texto e outros mecanismos, ou seja, não é necessário, neste trabalho, escrever um código computacional do início para a simulação. 12 O programa utilizado trabalha em seu código com as equações essenciais da Mecância dos Fluidos: equações de Navier-Stokes, equação da continuidade e equação da energia. Nesta etapa do trabalho, não será feito o estudo térmico do problema, mas apenas o estudo dinâmico. Portanto, não será utilizada a equação da energia. Adiciona-se o termo forçante afim de garantir que a velocidade na fronteira imersa seja zero. Para estudar e simular o problema, opta-se por representar apenas um quarto do tubo. Com isso, pode-se realizar as simulações e as milhares iterações de forma mais rápida, reduzindo o custo computacional, porém mantendo a qualidade dos resultados obtidos em comparação com a realidade. Inicialmente, são definidas condições de contorno referentes à dimensões do tubo, valores de pressão no início e no final do trecho, número de Reynolds 10 e 100 para comparação, entre outras condições básicas para modelar o problema. O comprimento do tubo mede 2 metros e seu diâmetro é de 0,64 metros. Os valores de pressão e velocidade para cada caso podem ser obtidos pelos gráficos na sequência. Após criar a malha lagrangiana no Gmesh é necessário criar a malha euleriana no software MFSim, que vai permitir definir as condições de controle do domínio de cálculo. Observa-se que o comprimento do elemento da malha lagrangeana foi definido com base no comprimento da malha euleriana. Assim, no software MFSim, definimos condições de dirichlet na pressão sobre as faces no eixo Z para impor o gradiente de pressão que vai promover o escoamento do fluido no canal. O gradiente de pressão é determinado de tal maneira que nós obtemos uma velocidade média do fluido que permite obter os números de Reynolds escolhidos. Uma vista das duas malhas usadas para as simulações é mostrada abaixo. Primeiramente, foi feita uma simulação com Re = 10. Para visualizar os resultados da mesma, utiliza-se o software VisIt. Seguem, abaixo, imagens referentes aos resultados para essa primeira simulação. Figura 3- Domínio de cálculo. 13 Figura 4 - Campo de pressão para Re= 10. y = -2,5585x + 6,1107 R² = 1 0 2 4 6 8 0,00E+00 5,00E-01 1,00E+00 1,50E+00 2,00E+00 P re ss ao ( Pa ) x(m) P = f(x) Figura 5– Perfil de pressão para Re = 10. Figura 6- Campo de velocidades para Re = 10 14 Observando-se os resultados, pode-se perceber que a pressão cai linearmente ao longo do trecho do tubo, como previsto pela teoria. Para avaliar a solução proposta pelo software MFSim, representamos também o perfil de velocidade analítico. Ao comparar os dois perfis, ambos parecem seguir a mesma tendência, com uma velocidade nula na parede e uma velocidade máxima ao centro do cilindro. Pequenas diferenças podem ser observadas na proximidade da parede, que podem ocorrer devido a uma malha não suficientemente refinada na parede. Agora, serão apresentados os resultados de simulação para um número de Reynolds igual a 100. Figura 7 - Comparação entre a velocidade teórica e experimental para Re= 10. 0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,00E+00 5,00E-02 1,00E-01 1,50E-01 2,00E-01 2,50E-01 U (m /s ) R(m) U_exp vs U_teo MFSim Teoria Figura 8 - Campo de pressões para Re = 100. Figura 3 - Distribuição de pressão para Re= 100 15 y = -25,485x + 52,102 R² = 1 -8 2 12 22 32 42 52 0 0,5 1 1,5 2 P re ss ao ( Pa ) X(m) P = f(x) Figura 9 - Perfil de pressão para Re= 100. Figura 10 - Campo de velocidades para Re= 100. 0 0,1 0,2 0,3 0,4 -5,00E-02 5,00E-02 1,50E-01 2,50E-01 U (m /s ) R(m) U_exp vs U_teo MFSim Teoria Figura 11- Comparação dos perfis de velocidade teórico e experimental para Re = 100. 16 Analisando os resultados obtidos, podemos ver que o comportamento também está de acordo com a teoria, com a pressão caindo linearmente ao longo do tubo e os resultados do MFSim extremamente próximosao da teoria. Abaixo, segue um gráfico comparativo entre os perfis de velocidade para os dois números de Reynolds. Após a realização de todas as simulações e obtenção de todos os resultados, concluímos que a modelagem foi feita com sucesso, obtendo valores próximos aos valores da teoria. Assim, pode-se validar o aprendizado do grupo quando à introdução aos softwares utilizados e aos princípios básicos das simulações CFD, tópico extremamente importante para a pesquisa e o desenvolvimento na área de Mecânica dos Fluidos. Dessa forma, pode-se dizer que o grupo está apto a iniciar as simulações referentes à formação de um tornado, objetivo principal do trabalho. 3 Simulação de um tornado Nessa seção, vamos descrever como foi feita a simulação de um tornado no caso experimental e no caso de uma simulação numérico computacional. As duas simulações foram feitas usando uma caixa retangular de dimensões 50cmx50cmx1m com frestas em cada face e uma fonte de calor na parte baixa da caixa como mostrado na figura abaixo. 0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,00E+005,00E-02 1,00E-01 1,50E-01 2,00E-01 2,50E-01 U (m /s ) R(m) Re_10 vs Re_100 Re_100 Re_10 Figura 12- Gráfico comparativos para Re = 10 e Re = 100. 17 Figura 13: Representação da caixa 3.1 Modelo Físico No nosso caso, não existe um modelo analítico para descrever o escoamento. Para resolver este escoamento, é necessário considerar a equação da conservação da massa e as três equações de Navier-Stokes no referencial cartesiano. As equações no referencial cartesiano são apresentadas abaixo 𝜕𝜌 𝜕𝑡 + 𝜕(𝜌 ⋅ 𝑢) 𝜕𝑥 + 𝜕(𝜌 ⋅ 𝑣) 𝜕𝑦 + 𝜕(𝜌 ⋅ 𝑤) 𝜕𝑤 = 0 𝜕𝑢 𝜕𝑡 + (𝑢 ⋅ 𝜕𝑢 𝜕𝑥 + 𝑣 ⋅ 𝜕𝑢 𝜕𝑦 + 𝑤 ⋅ 𝜕𝑢 𝜕𝑤 ) = −1 𝜌 ⋅ 𝜕𝑝 𝜕𝑥 + 𝑔𝑥 + 𝜈 ⋅ ( 𝜕2𝑢 𝜕𝑥2 + 𝜕2𝑢 𝜕𝑦 + 𝜕2𝑢 𝜕𝑧2 ) 𝜕𝑣 𝜕𝑡 + (𝑢 ⋅ 𝜕𝑣 𝜕𝑥 + 𝑣 ⋅ 𝜕𝑣 𝜕𝑦 + 𝑤 ⋅ 𝜕𝑣 𝜕𝑤 ) = −1 𝜌 ⋅ 𝜕𝑝 𝜕𝑦 + 𝑔𝑦 + 𝜈 ⋅ ( 𝜕2𝑣 𝜕𝑥2 + 𝜕2𝑣 𝜕𝑦 + 𝜕2𝑣 𝜕𝑧2 ) 𝜕𝑤 𝜕𝑡 + (𝑢 ⋅ 𝜕𝑤 𝜕𝑥 + 𝑣 ⋅ 𝜕𝑤 𝜕𝑦 + 𝑤 ⋅ 𝜕𝑤 𝜕𝑤 ) = −1 𝜌 ⋅ 𝜕𝑝 𝜕𝑧 + 𝑔𝑧 + 𝜈 ⋅ ( 𝜕2𝑤 𝜕𝑥2 + 𝜕2𝑤 𝜕𝑦 + 𝜕2𝑤 𝜕𝑧2 ) 18 Por meio dessas equações de quantidade de movimento linear é possível modelar fenômenos com propriedades do fluido constantes. Como o fenômeno do tornado a ser modelado tem efeitos térmicos torna-se necessário a aplicação do termo de aproximação de boussinesq para modelar corretamente a variação de massa específica devido ao gradiente de temperatura. 3.2 Modelo Numérico No caso do modelo numérico as equações de Navier-Stokes são resolvidas discretizando o domínio de cálculo em uma malha e aplicando condições de contorno na malha. No nosso caso, a malha Eulerianna, que compõe todo o domínio de cálculo foi dividido em 64 células no eixo x, 64celulas no eixo y e 128 células no eixo z, ou seja, em um número total de células de 524,288. Só um nível de refinamento foi usado para a simulação. Então a malha usada é uniforme. Isso permite reduzir o tempo da simulação, mas pode provocar uma perda de informação desde que uma malha mais fina permite capturar variações mais importantes das grandezas envolvidos no escoamento. Na caixa apresentada acima, impomos uma temperatura na parte baixa da placa e nas faces laterais o escoamento fica livre. Logo, na parte baixa da caixa, aplicamos uma condição de tipo Dirichlet para impor um valor fixo da temperatura. Nas faces laterais, impostamos uma condição de tipo Neumann para a velocidade. Na parte baixa da caixa, a velocidade deve ser nula, então impomos uma condição de tipo Dirichlet. Nas faces laterais, o escoamento estando promovido por variações de pressão, impomos condições de tipo Dirichlet. As condições de contorno usadas são resumidas na tabela seguinte. Face Velocidade Temperatura Pressão West Neumann Neumann Dirichlet East Neumann Neumann Dirichlet South Neumann Neumann Dirichlet North Neumann Neumann Dirichlet Bottom Dirichlet Dirichlet Neumann Top Neumann Neumann Dirichlet Tabela 3 - Relação das condições de contorno 𝝆 ⋅ 𝑪𝒑 ⋅ 𝝏𝑻 𝝏𝒕 + (𝑽 ⋅ 𝛁) ⋅ 𝑻൨ = 𝒌 ⋅ 𝛁𝟐𝑻 + 𝝁 ⋅ [𝟐 ⋅ ൫𝝐𝒙𝒙 𝟐 + 𝝐𝒚𝒚 𝟐 + 𝝐𝒛𝒛 𝟐 ൯ + 𝝐𝒙𝒚 𝟐 + 𝝐𝒙𝒛 𝟐 + 𝝐𝒚𝒛 𝟐 ] 19 Durantes as simulações, testamos diferentes condições físicas para avaliar o processo de formação do tornado. Fazemos várias as dimensões da placa, a temperatura da placa, e o tamanho das frestas nas faces laterais. As diferentes condições de simulação são resumidas na tabela seguinte: Simulação Temperatura da placa Tempo de simulação Tamanho da placa Fresta parcial ou total 1 303 50s 22cm Total 2 330 30s 30cm Total 3 318 40s 22cm Total 4 360 16s 15cm Total 5 330 50s 22cm Total 6 318 50s 22cm Parcial Tabela 4 - Condições de simulação 3.3 Resultados a) Simulação 1 Figura 14 : Contorno de temperatura 20 Figura 15: Isolinhas Figura 16 : Vorticidade em diferentes instantes 21 B) Simulação 2 Figura 4: Vorticidade por diferentes instantes Figura 17 : Contorno de temperatura Figura 18 : Estruturas turbilhonarias (isoq) 22 Figura 19 : Isolinhas Figura 20 : Vorticidade em diferentes instantes 23 c) Simulação 3 Figura 21 : Contorno de temperatura Figura 22 : Estruturas turbilhonarias (isoq) 24 Figura 23 : Isolinhas Figura 24 : Vorticidade em diferentes instantes 25 D) Simulação 4 Figura 25: Contorno de temperatura Figura 26: Isolinhas 26 Figura 27: Vorticidade por diferentes instantes 27 E) Simulação 5 Figura 28: Contorno de temperatura Figura 29: Isolinhas 28 Figura 30: Vorticidade por diferentes instantes 29 F) Simulação 6 Figura 31: Contorno de temperatura Figura 32 : Estruturas turbilhonarias (isoq) 30 Figura 33: Isolinhas Figura 34: Vorticidade por diferentes instantes 31 3.4 Analise dos resultados a) Influencia da temperatura Ao observar os resultados, podemos observar que a temperatura influencia muito sobre o tempo de formação de estruturas de vórtice. Temperatura da placa Tempo de formação do tornado 303K 45s 318K 20s 330K 16s 360K 9s Tabela 5 - Temperatura e tempo de simulação Essa diferencia no tempo de formação do tornado é devido ao fato que o gradiente de temperatura influencia muito sobre o gradiente de pressão que influa sobre a rotação da estrutura de vórtice. Assim, melhor é o gradiente de temperatura com o meio ambiente e melhor será a formação do tornado. A temperatura de referência que foi usada por o meio ambiente é de 300K. Na simulação com uma temperatura de 360K foi muito corto, mas permite ver a importância deste gradiente de temperatura com o meio exterior. Nesse caso a formação do tornado é muito rápido. A avaliação da influência do gradiente de temperatura é importante para avaliar se na naturaliza pode-se encontrar a formação de tornados por um dado gradiente de temperatura. b) Influência do tamanho da placa. A influência do tamanho da placa vai ser o mesmo que a influência da temperatura. O tamanho da placa influa sobre o gradiente de temperaturae logo no gradiente de pressão. Mas grande a placa é, mais rápido o tornado vai formar. c) Influência do tamanho da fresta O tamanho da fresta tem uma importância no desenvolvimento da estrutura de vórtice. Quando a fresta está aberta, isso promove um escoamento cisalhante que vai permitir a formação do tornado. Quando a fresta vai ser fechada, o ar não vai entrar mais na caixa, sendo o tornado livre e ele vai perder energia até que a estrutura de vórtice desaparece. 32 4 Conclusão Através do estudo realizado, foi possível entender o processo de formação de um tornado. Pôde-se notar a semelhança entre os resultados obtidos computacionalmente com os obtidos experimentalmente com o modelo físico, assim, verificou-se a consistência das simulações e podemos entender a formação e a estrutura dos tornados reais. Além disso, foi possível estudar a influência que a temperatura da placa (superfície aquecida) e tamanho da placa tinham sobre a formação do tornado. Tais parâmetros possuem grande influência sobre o gradiente de pressão gerado e, portanto, conforme eles variam muda-se o tempo que o tornado leva para se formar. Finalizando, comparando os resultados encontrados experimentalmente e computacionalmente com os tornados reais podemos verificar grande semelhança. Concluímos também, que o processo de formação de um tornado real se dá através dos mesmos mecanismos descritos ao longo deste trabalho (gradiente de temperatura, gradiente de pressão, entre outros). 5 Referências bibliográficas básicas 1 - CÂNDIDO, 2012, "TORNADOS E TROMBAS-D’ÁGUA NO BRASIL: MODELO DE RISCO E PROPOSTA DE ESCALA DE AVALIAÇÃO DE DANOS"; 2 - AGUIRRE, 2017, "Simulação Numérica de Tornados usando o Método dos Elementos Finitos"; 3 - Jornal da Unicamp, 2012, "Na rota dos tornados"; 4 - Arhens, 2007; 5 - National Weather Service website; 6 - WHITE, Frank, "Mecânica dos fluidos";
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