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Aula 7 8 e 9 - Oferta de moeda e Política monetária

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1 
 
 
 
 
CAMPUS SANTANA DO LIVRAMENTO 
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
 
 
Economia Monetária 
 
 
 
Aula VII, VIII e IX 
Oferta de Moeda e Política Monetária 
Cap. 12: CARVALHO ET AL. 
 
 
 
 
 
Prof.: Pierre Joseph NELCIDE 
 
 
2 
 
Conteúdo do capítulo: 
 Estrutura operacional da política monetária: objetivos 
finais, metas, instrumentos e funções de reação. 
 Uma introdução aos conceitos operacionais. 
 Instrumentos de política monetária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
12.1. ESTRUTURA OPERACIONAL 
DA POLÍTICA MONETÁRIA: 
OBJETIVOS FINAIS, METAS, 
INSTRUMENTOS E FUNÇÕES DE 
REAÇÃO 
 
 
É útil para entendermos o modus 
operandi da política monetária, 
partirmos de uma estrutura analítica 
básica, dividindo a política monetária 
em objetivos, metas e instrumentos, 
de modo a permitir uma visualização 
mais clara do seu funcionamento. 
 
 
 
 
4 
 
12.1.1. OBJETIVOS FINAIS DA 
POLÍTICA MONETÁRIA 
 
 
A definição dos objetivos finais para a 
política monetária é um tema 
particularmente controverso da teoria 
econômica, envolvendo discussões 
diversas, como a existência (ou não) 
de um trade-off manipulável entre 
inflação e desemprego ou seja, de uma 
relação inversa, estável e 
instrumentalizável entre nível de 
desemprego e inflação (a conhecida 
Curva de Philips). 
 
 
 
 
5 
 
A aceitação dessas (e de outras) 
hipóteses teóricas tem consequências 
diretas sobre a condução da política 
monetária, pois resulta em aceitar ou 
não se esta tem capacidade de afetar 
em longo prazo (ou seja, de forma 
permanente) as variáveis reais da 
economia, como os níveis de produto e 
de emprego, ou se afeta apenas as 
variáveis nominais, como a inflação. 
 
O que está em jogo é saber o que a 
política monetária é capaz de fazer e, 
portanto, se ela deve ser conduzida de 
forma discricionária ou com base em 
uma regra. 
 
 
 
 
6 
 
 
O estatuto de muitos bancos centrais 
estabelece que seu objetivo principal 
(senão o único) é alcançar a 
estabilidade de preços. Na prática, 
contudo, nem sempre isto ocorre, pois 
muitas vezes prevalece o 
pragmatismo na condução da política 
monetária. 
 
 
Na realidade, bancos centrais 
perseguem vários objetivos, além da 
estabilidade de preços, tais: 
 Alto nível de emprego; 
 Maior crescimento econômico; 
 
 
7 
 
 Estabilidade da taxa de câmbio 
(dadas as interações entre taxa de 
juros e taxa de câmbio); 
 Prevenção de falências bancárias e 
manutenção da saúde do sistema 
financeiro (papel de fiscalizador e 
emprestador de última instância 
do sistema); 
 Manutenção da confiança dos 
investidores estrangeiros etc. 
 
A compatibilidade entre estes 
diferentes objetivos, em particular 
entre buscar um alto nível de 
emprego/maior crescimento 
econômico e garantir estabilidade de 
preços, tem sido objeto de persistentes 
disputas. 
 
 
8 
 
12.1.2. INSTRUMENTOS DE 
POLÍTICA MONETÁRIA 
 
Os instrumentos de política monetária 
são os métodos e meios usados na 
implementação desta política que 
afetam diretamente as variáveis 
operacionais, com vistas a alcançar as 
metas intermediárias desejadas. 
 
 
Em geral, utiliza-se o multiplicador 
monetário para aferir (comparar) o 
impacto das alterações na base 
monetária sobre a oferta de moeda da 
economia. 
 
 
9 
 
Trata-se de um conceito que pode ser 
útil operacionalmente, mas é bastante 
simplificador em termos da forma 
como opera a política monetária, já 
que pressupõe uma estabilidade e 
previsibilidade na demanda por 
moeda do público, o que nem sempre 
ocorre. 
 
Os instrumentos clássicos de política 
monetária são três: 
 recolhimento compulsório; 
 redesconto de liquidez e; 
 operações de mercado aberto. 
 
 
 
 
 
10 
 
12.1.3. METAS DE POLÍTICA 
MONETÁRIA 
 
 Metas Intermediárias
 
A atuação da política monetária sobre 
a economia leva tempo para se 
completar. 
 
Entre o momento da decisão política e 
a consecução ou não dos seus 
objetivos decorre, assim, um longo 
período de tempo em que a autoridade 
monetária não sabe o impacto efetivo 
de suas ações. 
 
 
 
 
11 
 
 
Por isso, o Banco Central estabelece 
metas intermediárias: são como sinais 
de estrada que servem para informar 
ao Banco Central se a política está a 
caminho de fazer efeito ou não. 
 
 
 
Duas, normalmente, são as metas 
intermediárias: 
(a) taxa de juros de longo prazo; 
(b) agregados monetários (várias 
medidas de volume de moeda ou de 
crédito bancário). 
 
 
 
12 
 
Através do uso dessas metas delas 
que as autoridades monetárias 
procuram influenciar os objetivos 
finais da política, já que estes últimos 
não podem ser afetados diretamente 
pela política monetária. 
 
 
As metas intermediárias funcionam 
como indicadores de política 
monetária, sumariando o impacto da 
política passada sobre a economia, 
pois: 
(a) fornecem ao Banco Central 
informações imediatas e contínuas, 
importantes para verificar se os 
instrumentos estão tendo o impacto 
desejado; 
 
 
13 
 
(b) mais especificamente, permitem 
aferir se o impacto global das ações da 
política está na direção de uma 
política expansionista ou 
contracionista. 
 
 Metas Operacionais
 
As metas operacionais referem-se 
àquelas variáveis que são resultado 
direto da operacionalização de um 
instrumento de política monetária, 
sendo fortemente associadas às metas 
intermediárias e aos instrumentos de 
política. 
 
 
 
14 
 
O Banco Central, através da mesa de 
operações de mercado aberto, pode 
atuar fixando preços, ou seja, a taxa 
de juros, com o mercado 
determinando a quantidade de 
reservas (de moeda); ou então, 
controlando a quantidade de reservas 
bancárias e, assim, o mercado 
determinando a taxa de juros. 
 
 
São dois os tipos de metas 
operacionais: 
(a) determinação da taxa de juros 
básica de curto prazo (como a taxa de 
overnight); 
(b) controle das reservas bancárias 
agregadas. 
 
 
15 
 
Mudanças nas variáveis operacionais, 
através dos instrumentos de política, 
afetam as metas intermediárias. 
 
Na passagem das metas operacionais 
(reservas) para as intermediárias 
(agregados monetários) opera o 
multiplicador monetário, em que a 
base monetária é transformada em 
um dado volume de meios de 
pagamento. 
 
É importante ressaltar que o Banco 
Central não pode controlar 
simultaneamente a taxa de juros 
básica e o nível de reservas bancárias. 
 
 
 
16 
 
Se o Banco Central pretende alcançar 
uma determinada meta de taxa de 
juros, ele deve abrir mão do controle 
sobre o nível de reservas, que neste 
caso funciona como a variável de 
ajuste. 
 
 
Por outro lado, se o Banco Central 
tenta alcançar uma determinada meta 
monetária agregada, ele perde o 
controle sobre a taxa de juros, pois 
esta deve ser permitida variar de 
modo a alcançar o nível consistente 
com a meta monetária. 
 
 
 
 
17 
 
Ex: Vamos assumir um aumento no 
gasto público financiado com emissão 
de dívida pública. O aumento na 
demanda agregada resultante conduz 
a um nível de gasto e de renda maior 
que, por sua vez, aumenta a demanda 
por moeda na economia. 
 
Supondo que o Banco Central vá 
procurar manter uma determinada 
meta de taxa de juros básica em 
r1(Gráfico 12.1). Esta meta irá 
requerer uma mudança na oferta de 
moeda para compensar o 
deslocamento na função demanda por 
moeda. 
 
 
 
 
18 
 
 
 
O impacto inicial deste deslocamento 
é um aumento na taxa de juros para 
r2, enquanto que a oferta de moeda 
permanece em MS1. O Banco Central 
precisa então aumentar a oferta de 
moeda de MS1 para MS2 para 
compensar o deslocamento na 
demanda por moeda, de modo a 
manter a taxa de juros em r1. Assim, 
ter uma meta de taxa de juros implicauma perda de controle sobre a oferta 
de moeda na presença de um 
deslocamento na demanda por moeda. 
 
 
 
19 
 
 
 
 
Supondo que o Banco Central está 
comprometido com uma meta de 
oferta de moeda MS1, o que significa 
que ele terá que abrir mão do controle 
sobre a taxa de juros, que neste caso 
passa a ser a variável de ajuste. 
 
 
 
20 
 
A tentativa de manter a oferta de 
moeda em MS1 significará que o 
deslocamento na demanda de moeda 
de MD1 para MD2 requer que o Banco 
Central deixe a taxa de juros se mover 
de r1 para r2 (Gráfico 12.2). 
 
 
 
 
 
 
21 
 
O quadro 12.1 sintetiza a estrutura 
analítica de política monetária. 
 
 
 
Deve-se ressaltar que, ainda que 
alguns bancos centrais estejam 
voltados para o controle de agregados 
monetários, eles conduzem a sua 
política monetária no dia a dia por 
meio da fixação da taxa de juros de 
curto prazo, que é, portanto, na 
prática, a meta operacional de política 
monetária. 
 
 
22 
 
 
No Brasil a taxa de juros básica, 
assim como seu viés ou tendência 
(alta, baixa ou neutra) é definida pelo 
Comitê de Política Monetária do 
Banco Central do Brasil (COPOM), 
que se reúne periodicamente (oito 
vezes ao ano), com a participação do 
presidente do BCB, os sete diretores 
da instituição e outros cinco chefes de 
departamento (estes sem direito a 
voto). 
 
 
A taxa de juros fixada na reunião do 
Copom é a meta para a taxa Selic, a 
qual vigora por todo o período entre 
reuniões ordinárias do Comitê. 
 
 
23 
 
 
Se o viés for de baixa, o presidente do 
BCB poderá reduzir a taxa de juros 
antes da reunião seguinte, se 
considerar adequado; se o viés for de 
alta, os juros podem subir; e se o viés 
for neutro, isto significa que os juros 
não mudam até a próxima reunião 
ordinária. Contudo, isto somente pode 
ocorrer se for convocada uma reunião 
ordinária. 
 
 
Pergunta: Que tipo de regra pode ser 
utilizada pelo Banco Central para 
determinar a taxa de juros de curto 
prazo? 
 
 
 
24 
 
Resposta: A mais conhecida é a 
chamada “Regra de Taylor”, 
formulada inicialmente pelo 
economista norte-americano John 
Taylor, em 1993. 
 
 
12.1.4. FUNÇÃO DE REAÇÃO DO 
BANCO CENTRAL: A REGRA DE 
TAYLOR 
 
A Regra de Taylor tem sido usada 
como uma espécie de função de reação 
do Banco Central na determinação da 
taxa de juros de curto prazo. Serve, 
assim, como um guia operacional que 
o Banco Central pode seguir no 
 
 
25 
 
processo decisório de política 
monetária. 
 
 
A regra relaciona a taxa de juros 
(básica) a: 
i) Desvios da inflação presente (ou 
esperada) em relação à meta 
inflacionária (estabelecida pela 
autoridade econômica); 
ii) ao hiato do produto (ou seja, o 
desvio do produto efetivo de um 
país com relação ao produto 
potencial)3 ; e 
iii) à taxa de juros real de equilíbrio. 
 
 
 
 
 
26 
 
Assim, temos que: 
 
𝑖𝑡 = 𝜋𝑡 + 𝑔(𝑦𝑡 − 𝑦
∗) + ℎ(𝜋𝑡 − 𝜋
∗) + 𝑟𝑓 (1) 
 
 
𝑖𝑡: taxa de juros nominal de curto prazo 
𝜋𝑡: taxa de inflação 
𝜋∗: meta para taxa de inflação 
(𝑦𝑡 − 𝑦
∗): desvio do PIB (𝑦𝑡) com relação ao seu 
potencial (𝑦∗) 
(𝜋𝑡 − 𝜋
∗): desvio da taxa de inflação (𝜋𝑡 ) com 
relação à meta inflacionária (𝜋∗) 
𝑟𝑓: estimativa da taxa real de juros de equilíbrio 
da economia 
𝑔, ℎ > 0; esses parâmetros medem a sensibilidade 
da taxa de juros, respectivamente, ao desvio do 
PIB com relação ao seu potencial e ao desvio da 
inflação com relação à meta. 
 
 
 
 
 
27 
 
A meta inflacionária pode ser 
explícita (no caso de um país que 
adote um regime de metas de inflação) 
ou implícita (isto é, o Banco Central 
trabalha com uma meta inflacionária 
não anunciada). 
 
 
 
Segundo essa regra, o Banco Central 
eleva (ou diminui) a taxa de juros 
quando a inflação aumenta (diminui) 
em relação à meta de inflação 
almejada pela autoridade econômica 
e/ou quando o produto real efetivo da 
economia supera (ou está abaixo) o 
nível compatível com a taxa potencial 
do produto. 
 
 
 
28 
 
Assim, se houver a necessidade de se 
elevar a taxa de juros, o Banco 
Central, com base na decisão do 
Comitê de Política Monetária, deverá 
por intermédio da mesa de mercado 
aberto realizar vendas de títulos 
públicos, contraindo assim a base 
monetária o que, por sua vez, 
pressiona a taxa de juros para cima. 
 
 
O quadro abaixo sintetiza os 
movimentos da taxa de juros em 
respostas a mudanças nas variáveis da 
Regra de Taylor. 
 
 
 
 
29 
 
 
 
 
 
John Taylor sugere que os pesos 
dados pela autoridade monetária aos 
parâmetros g e h correspondam a 0,5, 
embora em outros trabalhos este 
economista reconheça que outras 
estimativas sugerem pesos diferentes. 
 
 
EX: Supondo que a taxa de inflação 
acumulada no ano ( 𝜋𝑡 ) em 
determinado período seja 5,0%, a 
meta de inflação do período (𝜋∗) igual 
a 4,0%, o produto real efetivo ( 𝑦𝑡 ) 
 
 
30 
 
5,0% e o produto potencial estimado 
(𝑦∗) 4,0%, e a taxa real de juros de 
equilíbrio (𝑟𝑓) 2,0%, então segundo a 
Regra de Taylor a taxa de juros 
nominal de curto prazo deve ser igual 
a 8,0%, já que it = 5,0 + 0,5 (5,0 – 
4,0) + 0,5 (5,0 – 4,0) + 2,0. 
 
 
 
A regra de política monetária na 
prática, segundo John Taylor, não 
deve ser utilizada de forma mecânica, 
sendo necessário que o Banco Central 
observe o comportamento de outras 
variáveis econômicas relevantes na 
determinação da taxa de juros. 
 
 
 
 
31 
 
Em particular, em momentos de 
choques temporários de grande 
magnitude, a taxa de juros não deve 
sofrer movimentos abruptos. Neste 
caso, a taxa de juros deve ser 
calibrada de forma gradual de modo 
que a inflação corrente convirja mais 
lentamente para a meta e o PIB 
também convirja gradualmente para 
o seu potencial. 
 
 
 
Tal procedimento leva em conta os 
custos do processo de ajuste em 
termos de produto e emprego. Ou 
seja, o Banco Central deve considerar 
a volatilidade do nível de atividade 
em sua tomada de decisão, sem 
 
 
32 
 
desconsiderar o objetivo de atingir as 
metas de inflação. 
 
 
Deve-se acrescentar, ainda, que 
outros instrumentos de política 
econômica podem ser utilizados para 
atingir o objetivo de estabilidade de 
preços de forma a não sobrecarregar a 
taxa de juros em sua tarefa de 
combater a inflação, já que os custos 
do processo de ajuste pode ser 
demasiado elevado. 
 
Ex: Uma quebra na safra agrícola 
elevando a inflação acima da meta e 
reduzindo o PIB abaixo do seu 
potencial, o governo pode adotar uma 
política de regulação de estoques de 
 
 
33 
 
produtos agrícolas para evitar que 
eventuais quebras de safra elevem 
excessivamente a inflação. 
 
 
A regra de Taylor estimada para ser 
adotada pelo Banco Central do Brasil: 
 
𝑖𝑡 = 𝛼𝑖𝑖𝑡−1 + (1 − 𝛼1)[𝛼0 + 𝛼2(𝐸𝑡𝜋𝑡+𝑗 − 𝜋𝑡+𝑗
∗ ) + 𝛼3𝑦𝑡−1 + 𝛼4∆𝑒𝑡−1] (2) 
 
 
𝑖𝑡: taxa de juros (Selic) estabelecidos pelo COPOM; 
𝐸𝑡𝜋𝑡+𝑗: expectativas inflacionárias, referente a algum 
período no futuro; 
𝜋𝑡+𝑗
∗ : meta de inflação no ano 
𝑦𝑡−1: hiato do produto 
∆𝑒𝑡−1: variação da taxa de câmbio nominal 
 
 
 
 
 
 
34 
 
12.2. UMA INTRODUÇÃO AOS 
CONCEITOS OPERACIONAIS 
 
 
12.2.1. MERCADO DE RESERVAS 
BANCÁRIAS 
 
 
Este mercado destina-se à negociação 
das reservas bancárias entre os 
bancos, e entre estes e o Banco 
Central. 
 
 
O mercado de reservas bancárias é o 
espaço institucional onde o Banco 
Central executa a política monetária. 
 
 
 
 
35 
 
Pode ser separado em dois mercados: 
 
a) O mercado primário é aquele em 
que ocorre uma transação entre o 
Banco Central e os bancos, que 
ocasiona a criação ou destruição de 
reservas. 
 
 
Ex: A venda de títulos públicos por 
parte do Banco Central em leilões 
formais para instituições bancárias, 
que é considerada uma operaçãode 
venda definitiva, que, como será 
visto, difere das operações 
compromissadas, usadas para efetuar 
o controle discricionário da liquidez 
por parte do Banco Central. 
 
 
 
36 
 
 
b) O mercado secundário é aquele 
em que ocorre uma transação 
interbancária, que resulta numa 
permuta de reservas entre bancos. 
Neste caso, não há criação ou 
destruição de reservas. Trata-se do 
mercado conhecido como 
interbancário, que pode incluir 
operações compromissadas realizadas 
entre os próprios bancos. 
 
 
 
É importante saber que a conta 
reservas é a conta de depósito em 
espécie que todos os bancos mantêm 
junto ao Banco Central, com o 
objetivo de registrar e receber os 
 
 
37 
 
recolhimentos compulsórios dos 
bancos, a liquidação de transações 
entre cada banco e o Banco Central, 
além de efetuar a liquidação e 
compensação dos pagamentos e 
recebimentos entre os próprios bancos 
(transações interbancárias). 
 
 
 
12.2.2. GERENCIAMENTO DIÁRIO 
DE LIQUIDEZ E SINALIZAÇÃO DO 
RUMO DA POLÍTICA MONETÁRIA 
 
 
Por meio do gerenciamento diário de 
liquidez, o Banco Central procura 
contrabalançar os movimentos de 
liquidez das variações autônomas das 
 
 
38 
 
reservas bancárias, de modo a manter 
em equilíbrio o mercado de reservas, 
visando neutralizar as oscilações da 
taxa de juros básica decorrentes 
dessas variações. 
 
 
O pressuposto é que existe um nível 
de reservas bancárias que garante a 
estabilidade da taxa de juros e é este 
nível que deve ser perseguido pelas 
ações compensatórias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
12.2.3. SINALIZAÇÃO DA POLÍTICA 
MONETÁRIA 
 
 
 
O Banco Central busca também 
efetuar a sinalização para o mercado 
do rumo da política monetária, de 
modo a influenciar a estrutura de 
taxa de juros da economia por meio 
da variável operacional básica, ou 
seja, a taxa de juros de curto prazo, 
com a finalidade de atingir objetivos 
mais amplos de política monetária, 
relacionados a uma estratégia de 
prazo mais longo. 
 
 
 
 
 
40 
 
Ex: Na adoção de uma política 
monetária restritiva, o Banco Central 
deve colocar o maior volume possível 
de títulos junto ao mercado para 
alcançar uma redução das reservas 
bancárias e, consequentemente, um 
menor crescimento dos agregados 
monetários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
12.3. INSTRUMENTOS DE POLÍTICA 
MONETÁRIA 
 
 
12.3.1. RECOLHIMENTOS 
COMPULSÓRIOS 
 
 
Os recolhimentos compulsórios são 
depósitos, sob a forma de reservas 
bancárias, que cada banco é obrigado 
legalmente a manter no Banco 
Central em reserva bancária, sendo 
calculados como um percentual sobre 
os depósitos. Tais depósitos podem ser 
efetuados em espécie (reservas 
bancárias) ou em títulos indicados 
pelo Banco Central. 
 
 
 
42 
 
Uma de suas principais funções na 
implementação da política monetária 
é estabilizar a demanda por reservas 
bancárias, de modo a facilitar a ação 
do Banco Central na fixação da taxa 
de juros. 
 
 
Em geral, este instrumento é posto 
em prática com o cumprimento de 
uma obrigação média dos saldos 
diários da conta reservas bancárias. 
 
 
A apuração da quantidade a ser 
recolhida deriva do saldo da base de 
incidência do recolhimento 
compulsório em um intervalo de 
 
 
43 
 
tempo intitulado período de 
cálculo. 
 
 
A obrigação do recolhimento 
compulsório, por sua vez, é cumprida, 
por meio do depósito do valor exigível 
no Banco Central, ao longo de um 
período de tempo denominado 
período de movimentação. 
 
 
 
No que se refere à sobreposição entre 
o período de cálculo e o período de 
movimentação, o recolhimento 
compulsório pode ser classificado 
como contemporâneo e defasado. 
 
 
 
44 
 
No recolhimento contemporâneo, há 
sobreposição entre o período de 
cálculo e o período de movimentação, 
pois este último inicia-se antes do 
encerramento do primeiro, quando se 
estabelece o exigível. No recolhimento 
defasado, o período de movimentação 
inicia-se somente após o término do 
período de cálculo, podendo inclusive 
começar alguns dias depois. 
 
 
Formas de Recolhimento dos 
Depósitos Compulsórios 
 
 
Há dois modos de cumprir a 
obrigação relativa ao recolhimento 
compulsório. 
 
 
45 
 
 
1) No primeiro modo, o banco deve, 
diariamente, durante todo o período 
de movimentação, encerrar o 
movimento bancário com saldo 
positivo na conta reservas bancárias 
que seja, no mínimo, igual ao exigível. 
 
Caso isto não ocorra, o banco está 
sujeito a penalidades pecuniárias e 
administrativas. 
 
 
2) No segundo modo, o banco tem que 
cumprir o recolhimento compulsório 
pela média das posições diárias de 
depósito durante o período de 
movimentação, sendo definido um 
valor mínimo que o banco deve 
 
 
46 
 
manter depositado em todos os dias 
do período. 
 
Em um determinado dia do período 
de movimentação, um banco pode 
sacar uma quantia de reservas 
bancárias do seu recolhimento 
compulsório, seja para zerar seu 
caixa, seja para fazer uma arbitragem 
com a taxa de juros no mercado 
interbancário. Todavia, nos outros 
dias do mesmo período de 
movimentação o banco tem que 
manter um excesso de saldo que 
garanta, na média do período, o 
cumprimento do valor exigível. 
 
 
 
 
 
47 
 
As principais funções do 
recolhimento compulsório são: 
 
(a) fornecimento de liquidez ao 
sistema bancário, diminuindo a 
probabilidade de ocorrência de 
pânicos financeiros; 
 
(b) controle de crédito, através da 
influência nas condições em que o 
mesmo é concedido; 
 
 
(c) estabilização da demanda por 
reservas bancárias, ao tornar mais 
fácil e estável o gerenciamento de 
liquidez por parte de cada banco. 
 
 
 
 
48 
 
Funções do Recolhimento 
Compulsório 
 
 
 
Embora o recolhimento compulsório 
seja normalmente visto como um 
instrumento utilizado para o controle 
de agregados monetários pelo Banco 
Central, tal função tem sido relegada 
a segundo plano, considerando, entre 
outros fatores, o fato de que a política 
monetária em quase todos os países 
tem objetivado o controle da taxa de 
juros no mercado monetário e não o 
controle de agregados monetários. 
 
 
 
 
49 
 
A estrutura dos recolhimentos 
compulsórios no Brasil tem as 
seguintes características: 
 
a) O recolhimento é defasado, com o 
período de movimentação iniciando-se 
após o término do período de cálculo, 
com a defasagem de um dia. As 
instituições financeiras são divididas 
em dois grupos para fins do encaixe 
obrigatório sobre recursos à vista: 
“Grupo A” e “Grupo B”, sendo que 
ambos possuem o período de cálculo e 
de movimentação de cinco dias úteis, 
com defasagem de duas semanas entre 
os dois grupos (Quadro 12.3). 
 
 
 
 
 
50 
 
b) O cumprimento do exigível é feito 
com base na média das posições 
diárias de depósito durante o período 
de movimentação, sendo necessário 
manter um depósito mínimo diário de 
80% do exigível no caso dos recursos à 
vista. 
 
 
 
c) A base de incidência é ampla, 
incluindo no caso de recolhimentos à 
vista: depósitos à vista, depósitos de 
aviso prévio, recursos em trânsito de 
terceiros, cobrança e arrecadação de 
tributos, cheques administrativos, 
obrigações por prestação de serviço de 
pagamento e recursos de garantias 
realizadas; e no caso de recursos a 
 
 
51 
 
prazo: depósitos a prazo, recursos de 
aceites cambiais, células pignoratícias 
de debêntures, títulos de emissão 
própria e contratos de assunção de 
obrigações vinculadas a operações 
com exterior. 
 
 
 
d) O recolhimento compulsório sobre 
recursos à vista é cumprido em espécie 
e sem qualquer remuneração pelo 
Banco Central. Já o recolhimento 
compulsório sobre depósitos a prazo é 
cumprido em títulos públicos federais 
e o recolhimento sobre depósitos de 
poupança é cumpridoem espécie, mas 
remunerado por 80% da remuneração 
da poupança. Em todas as 
 
 
52 
 
modalidades há penalidades legais 
para o não cumprimento desta 
obrigação. 
 
 
 
 
e) A base de cálculo da exigibilidade 
do recolhimento compulsório sobre 
recursos à vista corresponde à média 
aritmética do Valor Sujeito a 
Recolhimento (VSR) apurados no 
período de cálculo, deduzida de R$ 
44.000.000,00. O período de cálculo 
tem início na 2a feira de uma semana 
e término na 6a feira da mesma 
semana. A base de cálculo da 
exigibilidade do recolhimento 
compulsório sobre recursos a prazo, 
 
 
53 
 
por sua vez, corresponde à média 
aritmética dos VSRs apurados no 
período de cálculo, deduzida de R$ 
30.000.000,00. O período de cálculo é 
de uma semana corrida. 
 
 
 
f) A exigibilidade do recolhimento 
compulsório e do encaixe obrigatório 
sobre recursos à vista é apurada 
aplicando-se a alíquota de 45% sobre 
a base de cálculo de que trata o item 
anterior; alíquota de 15% para 
recursos a prazo, e de 20% para 
depósitos de poupança. 
 
 
 
 
54 
 
g) Em 2002, o Conselho Monetário 
Nacional instituiu uma “exigibilidade 
adicional sobre depósitos” que 
corresponde à soma das parcelas de 
um adicional de 8% da média do VSR 
dos recursos à vista e dos recursos a 
prazo e 10% da média do VSR sobre 
depósitos de poupança, sendo 
deduzido R$ 100.000,00 do total 
apurado. A exigibilidade adicional é 
cumprida em espécie e remunerada 
pela taxa Selic. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
Sistemática de Operação do 
Compulsório sobre Recursos à Vista no 
Brasil 
 
 
A forma de cálculo do recolhimento 
compulsório sobre recursos à vista é 
bastante simples, como pode ser visto 
no exemplo a seguir. 
 
 
Primeiramente, vale reiterar que o 
Banco Central dividiu as instituições 
que são obrigadas a efetuar tal 
recolhimento em dois grupos, A e B. 
O objetivo é evitar uma contração ou 
uma expansão excessiva da liquidez 
no momento em que o compulsório for 
devido. 
 
 
57 
 
 
Em segundo lugar, o recolhimento é 
feito em espécie, sem remuneração. 
Como já assinalado, a média dos 
saldos diários deve ser deduzida de R$ 
44 milhões e a instituição deve manter 
saldo diário de, no mínimo, 80% da 
exigibilidade apurada para o 
respectivo período de movimentação. 
 
 
Por fim, a alíquota sobre recursos à 
vista é de 45% sobre a exigibilidade 
apurada. 
 
 
EX: Dois bancos, “a” e “b”, que 
fazem parte, respectivamente, dos 
grupos A e B, apresentaram os 
 
 
58 
 
seguintes saldos diários das contas 
que sofrem a incidência de 
compulsório: 
 
 
 
 
 
No caso do Banco “a”, o período de 
cálculo vai da 2a à 6a feira da 
primeira semana. Assim, a média 
aritmética dos saldos diários dos 
títulos (MASD) sujeitos à incidência 
de compulsório no primeiro período de 
cálculo vai ser igual a: 
 
 
59 
 
 
𝑀𝐴𝑆𝐷𝐵𝑎𝑛𝑐𝑜 𝑎 =
153 + 129 + 156 + 177 + 210
5
=
825
5
= 165.0 
 
 
 
 
Como mostra o Quadro 12.4, antes de 
achar a base de incidência (BI) do 
compulsório, a instituição está 
autorizada a abater R$ 44 milhões. 
No Banco “a”, a base de incidência do 
compulsório sobre depósitos à vista na 
primeira semana seria igual a R$ 
121,0 milhões. 
 
 
 
 
 
 
60 
 
Supondo que os saldos diários do 
exemplo acima se refiram 
exclusivamente a depósitos à vista. 
Assim, sobre a média aritmética dos 
saldos diários deduzida dos R$ 44 
milhões vai incidir uma alíquota de 
recolhimento compulsório de 45%. 
Logo, o valor sujeito a recolhimento 
(Exigível) será igual a: 
 
 
 
𝐸𝐵𝑎𝑛𝑐𝑜 𝑎 = 0.45 ∗ 𝐵𝐼𝐵𝑎𝑛𝑐𝑜 𝑎 = 0.45 ∗ 121 𝑚𝑖𝑙ℎõ𝑒𝑠 = 𝑅$ 54.5 𝑚𝑖𝑙ℎõ𝑒𝑠 
 
 
 
Uma vez calculados os valores 
sujeitos a recolhimento, é possível 
analisar o período de movimentação. 
 
 
61 
 
 
 
No caso do compulsório sobre 
depósitos à vista, a instituição 
financeira é obrigada a recolher o 
valor devido à sua conta de reservas 
bancárias junto ao Banco Central até 
o final do período de movimentação, 
observando que o saldo diário desta 
conta nesse período não poderá ser 
inferior a 80% do valor devido como 
compulsório. No caso dos bancos do 
exemplo acima, supondo que tais 
instituições tenham interesse em 
aplicar o máximo de suas reservas 
livres, poderíamos ter o seguinte 
comportamento (em valores em R$ 
milhões): 
 
 
 
62 
 
 
 
No caso do Banco “a”, R$ 43,6 
milhões representam 80% de R$ 54,5 
milhões, sendo o mínimo que o banco 
é obrigado a recolher em cada dia de 
movimentação. Como o total a ser 
recolhido neste período de 
movimentação é R$ 272,50 milhões (5 
* 54,5), considerando que o banco 
recolheu nos quatro primeiros dias R$ 
174,4 milhões (4 * 43,6), então a 
instituição é obrigada a recolher no 
último dia de movimentação o valor 
de R$ 98,1 milhões (272,50 – 174,4). 
 
 
63 
 
Este recolhimento tem de ser 
realizado sempre em espécie e não 
recebe qualquer remuneração. 
 
 
No caso de a exigibilidade 
compulsória ser igual ou inferior a R$ 
10 mil, a instituição fica desobrigada 
de efetuar seu recolhimento. 
 
 
 
O Banco Central do Brasil estipula 
multas elevadas para aquelas 
instituições que descumprirem as 
exigências relativas à conta “reservas 
bancárias”. Neste caso, o custo 
financeiro é calculado tomando-se a 
taxa Selic mais os juros de 14% a.a. 
 
 
64 
 
12.3.2. REDESCONTO OU 
ASSISTÊNCIA FINANCEIRA DE 
LIQUIDEZ 
 
 
As operações de redesconto ou de 
assistência financeira de liquidez são 
empréstimos, na forma de crédito em 
reservas bancárias concedidos pelo 
Banco Central aos bancos, voltado 
normalmente para atender 
necessidades episódicas de reservas 
por parte das instituições bancárias. 
Há duas formas de assistência 
financeira de liquidez: 
 
 
a) empréstimos com garantias: o 
Banco Central concede crédito 
 
 
65 
 
rotativo contra garantias até o limite 
de saque do tomador fixado pelo 
Banco Central, calculado, em geral, 
com base no passivo exigível do banco 
e fixado para um determinado 
período; 
 
 
b) redesconto: o Banco Central 
desconta títulos elegíveis, por ele 
definidos, à taxa de juros previamente 
definida para essas operações, sendo a 
escolha dos títulos elegíveis como 
garantias nas operações de assistência 
de liquidez uma forma de criar 
demanda para esses papéis, em que os 
títulos eleitos mais comuns são os de 
dívida pública.

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