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1 CAMPUS SANTANA DO LIVRAMENTO CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS Economia Monetária Aula I e II Sistema Monetário Cap. 1: SIMONSEN & CYSNE Cap. 1: CARVALHO ET AL. Prof.: Pierre Joseph NELCIDE 2 Conteúdo do capítulo: Origem, funções e forma de moeda; A criação de meios de pagamento e o sistema monetário; Os agregados monetários e o conceito de liquidez; A base monetária, os encaixes e o redesconto; Balancete dos bancos comerciais e a criação de crédito e moeda. 3 1.1 Origem, funções e forma de moeda Em uma sociedade moderna, os indivíduos se afastam da autossuficiência econômica. Pois o homem produz uma parcela mínima de tudo àquilo que consome. ainda, quanto mais um país se desenvolve, mais se especializam os seus indivíduos, e maior passa a ser a interdependência entre eles. 4 O corolário imediato da divisão do trabalho é o estabelecimento das trocas. Cada indivíduo passa a destinar a maior parte de sua produção não ao seu consumo próprio, mas às trocas com terceiros que tenham mercadorias do seu interesse. Historicamente, as trocas evoluíram em duas etapas: A das trocas diretas, mercadorias por mercadorias, e; a das trocas indiretas, por intermédio da moeda. 5 As trocas diretas só podem promover uma circulação eficiente da produção nas economias rudimentares, em que a divisão do trabalho se mostra rara. Com divisão do trabalho, as trocas diretas se tornam extremamente difíceis e complicadas. Ex: um indivíduo A, pode desejar consumir mercadorias produzidas por outro indivíduo, B; mas, talvez, o indivíduo B não queira as mercadorias produzidas por A, e sim as de um outro indivíduo C, e daí por diante. 6 A única maneira de tornar eficientes as trocas numa economia onde exista divisão do trabalho consiste em substituir as trocas diretas pelas trocas indiretas, através da moeda. Alguma mercadoria, de aceitação geral, é escolhida como o intermediário de trocas e esse intermediário das trocas constitui a moeda. 7 A introdução da moeda no sistema econômico conduz à dissociação de cada troca em duas operações distintas: uma compra uma venda. A moeda, por sua vez, passa a desempenhar três funções fundamentais: intermediário das trocas; unidade de valor; reserva de valor. 8 Intermediário das trocas: já foi explicado. Unidade de valor: é normal exprimir o valor de troca das mercadorias em termos de uma unidade comum, qual seja, o padrão monetário; isso dá origem aos sistemas usuais de preços a que estamos habituados. Ex: Normalmente, não pensamos no valor do feijão em termos de troca com batatas, mas simplesmente nos referimos aos preços monetários (X unidades monetárias, Y unidades monetárias etc.). 9 Reserva de valor: decorre do desdobramento das trocas em compras e vendas. Ex: No momento em que um indivíduo vende serviços ou mercadorias recebendo moeda em troca, cabe-lhe o direito de guardar esse dinheiro para gastá-lo num futuro mais ou menos próximo. É isso que confere à moeda o papel de reserva de valor. 10 AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ECONÔMICAS DA MOEDA (Carvalho 1.1.1) Para desempenhar suas três funções (meio de troca, unidade de conta e reserva de valor), a moeda deve possuir algumas características que são essenciais tais: Características físicas e econômicas. 11 A unidade de valor (conta) que aparece nos contratos se torna moeda corrente, mas para isso é necessário que este objeto que será moeda corrente possua os seguintes atributos econômicos: custo de estocagem e custo de transação negligenciáveis (aproximadamente nulo). Ex: O trigo, por exemplo, tem reduzidas chances de se tornar moeda em uma economia desenvolvida porque o seu custo de estocagem não é desprezível e seu custo de transporte ao mercado (custo de transação) pode ser elevado. 12 A moeda deve também possuir determinadas características físicas. Deve ser divisível, durável, difícil de falsificar, manuseável e transportável. Divisibilidade: a moeda deve poder ser fracionada em múltiplos e submúltiplos, para que as transações que exigem valor fracionado ou transações que movimentem grandes valores sejam realizadas sem custos adicionais. 13 Durável: a moeda deve manter suas características físicas, para que a sua condição de ser aceita de forma generalizada seja mantida e não prejudique o seu último detentor. Difícil de falsificar: para aumentar a confiança do público de que não há reprodução indevida, auxiliando consequentemente a sua aceitação generalizada. 14 Manuseável e transportável: para que a função meio de troca não seja prejudicada, impondo ao seu detentor custos de transação. Quando uma moeda possui as características físicas que são essenciais, pode-se dizer que está habilitada a desempenhar as suas três funções típicas: meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. Contudo, possuir tais características não garante necessariamente o desempenho das funções. 15 Ex: no Brasil, durante o período de inflação alta e crônica, nas décadas de 1980 e na primeira metade dos anos 90, a moeda oficial não era utilizada como unidade de conta do sistema de contratos. Ademais, somente para períodos bastante curtos (três dias ou, no máximo, uma semana) a moeda desempenhava a função de reserva de valor. A moeda oficial era somente meio de troca. 16 As etapas da moeda: As primeiras formas de moeda foram as mercadorias de aceitação generalizada, como o trigo, o gado, o sal etc; A etapa seguinte, numa necessária deferência aos custos anteriormente citados, foi a introdução da moeda metálica, dentro do princípio de que uma moeda deveria possuir especiais características de durabilidade; 17 com o objetivo de evitar falsificações, surgiu a moeda metálica cunhada, a qual constituiu a base de todos os sistemas monetários durante vários séculos; o papel-moeda e a moeda escritural, duas importantes inovações em matéria de moeda surgiram nos últimos séculos. 18 O papel-moeda (Def. ): é a moeda representada por notas e moedas metálicas. Também é chamado de conjunto de papel-moeda por uma questão de comodidade, já que se trata sempre de moeda fiduciária. O papel-moeda surgiu: primeiro como simples certificado de depósito nos bancos; segundo, como um certificado transferível de depósito (moeda- papel); finalmente, como um certificado inconversível, que é o próprio papel-moeda. 19 O papel-moeda é um candidato privilegiado à função de meio de troca, devido aos baixos custos de transação. Se sua aceitação for garantida por meios institucionais, como em geral ocorre, sua utilização generalizada como intermediário de trocas se torna um ponto pacífico. 20 Ex: Algumas vezes chega a ocorrer uma dissociação natural entre o meio de conta e o meio de troca do papel- moeda, como foi o caso, no Brasil, entre 1981 e 1986, dos contratos celebrados em ORTNs (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional), mas cujo acerto se dava efetivamente em cruzeiros, a unidade monetária (u.m.) oficial da época. 21 As separações entre meio de conta e meio de troca causam uma certaineficiência para o sistema econômico. Esta ineficiência pode ser facilmente visualizada em termos dos recursos econômicos (tempo, computação...) utilizados na passagem dos valores dos bens e serviços produzidos pela economia de um a outro numerário. 22 Pode ocorrer também um processo no qual a sociedade tende a abandonar naturalmente a moeda fiduciária oficial tanto como meio de conta quanto como meio de troca ou reserva de valor, passando a utilizar um ativo alternativo para a realização destas funções. Ex: Em alguns casos de hiperinflação ocorridos no passado, quando determinada mercadoria ou moeda emitida por outro país passaram a ser utilizadas pelos residentes no país com elevada inflação. 23 Este processo de migração para uma moeda estrangeira implica numa queda na demanda pela moeda doméstica e, consequentemente, num aumento das pressões inflacionárias. A desvirtuação do papel-moeda de suas funções básicas não decorre de uma falha sua, mas, sim, da gerência de sua oferta. Pelas suas características, ele sempre pode, através de adequadas variações 24 em sua oferta, ser o melhor ativo a desempenhar as funções inerentes à moeda. Por ações de política econômica, entretanto, o papel-moeda pode não alcançar tal otimalidade. Moeda escritural A moeda escritural surgiu com o desenvolvimento das instituições financeiras autorizadas a receber depósitos à vista (também denominadas instituições financeiras com “carteira de depósitos à vista”, ou com “carteira comercial”). 25 Geralmente refere-se a tais instituições financeiras como “bancos comerciais”. No Brasil, há instituições autorizadas a receber depósitos à vista que não têm a palavra banco em sua denominação. Ex: Caixa Econômica Federal (no passado, também as Caixas Estaduais) e as Cooperativas de Crédito (que recebem depósitos à vista apenas de seus associados). 26 O oposto também ocorre. Há instituições financeiras com o termo banco em sua denominação que não são autorizadas a receber depósitos à vista. Ex: os bancos múltiplos sem carteira de depósitos à vista. Será usado, ao longo deste curso, o termo banco comercial como sinônimo para “instituição financeira autorizada a receber depósitos à vista”. 27 No Brasil Então o termo bancos comerciais são às instituições financeiras responsáveis pela geração de moeda escritural e, consequentemente, de parte dos meios de pagamento (a outra parte, o papel-moeda – em poder do público é de emissão do Banco Central). A moeda escritural é representada pelos depósitos à vista nos bancos comerciais, os quais possuem liquidez equivalente à da moeda legal. 28 Consideram-se meios de pagamento numa economia moderna o papel- moeda em poder público = saldo do papel-moeda emitido - os encaixes (as reservas) em moeda corrente do Banco Central e dos bancos comerciais) + os depósitos à vista do público nos bancos comerciais. O fenômeno mais importante associado ao desenvolvimento da moeda escritural consiste na multiplicação dos meios de pagamento através dos bancos comerciais. 29 No momento em que tais instituições observaram que, por uma questão de cálculo de probabilidade, era possível emprestar parte dos depósitos à vista recebidos, pois era altamente improvável que todos os depositantes sacassem seus fundos ao mesmo tempo, começou a surgir esse fenômeno de multiplicação. 30 Os bancos comerciais passaram a manter encaixes bem inferiores aos seus depósitos e, com isso, os meios de pagamento tornaram-se várias vezes superiores ao saldo do papel-moeda em circulação (papel-moeda emitido menos caixa em moeda corrente do Banco Central). Porque? Resposta: Quando um banco comercial concede um empréstimo com base em seus depósitos à vista, o dinheiro passa a pertencer ao mutuário, sem que o depositante perca o direito de sacar seus fundos a qualquer instante. 31 O mecanismo se repete, pois as pessoas que recebem o empréstimo de um banco comercial, ou que com ele são pagas, acabam depositando parte do dinheiro em algum outro banco comercial, que irá expandir seus empréstimos, e assim por diante. No final, o volume de meios de pagamento se torna várias vezes superior ao saldo do papel-moeda em circulação. 32 1.2 A CRIAÇÃO DE MEIOS DE PAGAMENTO E O SISTEMA MONETÁRIO (Carvalho 1.2) O conjunto de meios de pagamento consiste na totalidade de ativos possuídos pelo público que pode ser utilizado a qualquer momento para a liquidação de qualquer compromisso futuro ou à vista. 33 Os meios de pagamento (𝑀𝑃) somam o papel-moeda (e a moeda metálica) em poder do público (𝑃𝑀𝑃𝑃) e os depósitos à vista nos bancos comerciais (𝐷𝑉𝐵𝐶). Então: 𝑀𝑃 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 + 𝐷𝑉𝐵𝐶 O papel-moeda (inclusive a moeda metálica) em poder do público (𝑃𝑀𝑃𝑃) também é chamado de moeda manual. Os depósitos à vista nos bancos comerciais (𝐷𝑉𝐵𝐶) são chamados de moeda escritural. 34 𝑀𝑃 = 𝑀𝑜𝑒𝑑𝑎 𝑀𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 + 𝑀𝑜𝑒𝑑𝑎 𝐸𝑠𝑐𝑟𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎𝑙 Os saldos de cartões de crédito não são considerados meios de pagamento porque são tidos apenas como um meio de se obter crédito, que deverá ser honrado com moeda escritural ou manual em uma data futura. Nem toda criação de crédito significa criação de moeda e o pagamento feito através do uso de um cartão de crédito significa tão-somente a obtenção de crédito sem qualquer criação de moeda. 35 O Banco Central tem o poder instituído legalmente para emitir papel-moeda. Entretanto, nem todo o papel-moeda emitido (PME) transforma-se em PMPP. O PME menos a caixa do Banco Central (𝐶𝐵𝐶), é igual ao montante de papel-moeda em circulação (PMC), ou meio circulante. Os bancos comerciais retêm parte do PMC para fazer seu caixa. Assim, o PMC menos o caixa dos bancos (𝐸𝐵𝐶), 36 também chamado de encaixe técnico, é que é igual ao PMPP. Então: 𝑃𝑀𝐸 − 𝐶𝐵𝐶 = 𝑃𝑀𝐶 𝑃𝑀𝐶 − 𝐸𝑡 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 𝑃𝑀𝐸 = 𝐶𝐵𝐶 + 𝐸𝑡 + 𝑃𝑀𝑃𝑃 1.2.1 A CRIAÇÃO DE MOEDA ESCRITURAL Os bancos comerciais são instituições autorizadas pelo Banco Central a receber depósitos à vista, isso é, criar moeda escritural. 37 Quando um indivíduo toma um empréstimo junto a um banco, este último simplesmente abre uma conta- corrente com saldo no valor do empréstimo concedido e emite um talão de cheques para uso do devedor. O banco, ao conceder o crédito, criou meios de pagamento. QUADRO 1.1 Uma Operação Contábil-Bancária de Concessão de Crédito e de Criação de Meios de Pagamento 38 O sistema formado pelas instituições que podem criar moeda é chamado de sistema monetário. O sistema monetário (ou sistema bancário) Def.: de uma economia é formado pelos seus bancos comerciais e pelo seu Banco Central. Os primeiros criam moeda escritural, o último cria moeda manual. As demais instituições financeiras não autorizadas a receber depósitos à vista, tais como bancos de desenvolvimento, bancos de investimento, sociedades de poupança 39 (cadernetas de poupança), formam o sistema financeiro não monetário. 1.3. OS AGREGADOS MONETÁRIOS E O CONCEITO DE LIQUIDEZ (Carvalho) As autoridades monetárias (o Banco Central) emitem papel-moeda. Somente parte da quantidade dos recursos emitidos se encontra em poder do público; uma parcela se encontra no interior dopróprio Banco Central e outra parcela está no interior dos bancos comerciais. 40 Do total emitido pelo Banco Central, apenas o valor que vai para o caixa dos bancos e para as mãos do público não bancário é emissão monetária. O que permanece no caixa do Banco Central não é, legalmente, moeda. As emissões de moeda são um item do passivo do Banco Central em favor dos bancos ou do público não bancário. 41 A quantidade de moeda manual é menor do que a quantidade de papel- moeda criada pelo Banco Central. É importante notar que somente se considera moeda manual a quantidade de recursos emitidos que não está no interior do sistema monetário, ou seja, a quantidade que efetivamente está em poder do público não bancário. A capacidade de demanda de produtos e serviços de uma sociedade é, a princípio, representada pela soma da quantidade de moeda manual com a de moeda escritural presente na economia. 42 Os meios de pagamento ( 𝑃𝑀𝐸 − 𝐶𝐵𝐶 = 𝑃𝑀𝐶 ) são ativos com plena liquidez e todo ativo que possui essas características especiais é considerado moeda. A liquidez, portanto, é o atributo que qualquer ativo possui, em maior ou menor grau, de (i) conservar valor ao longo tempo e (ii) ser capaz de liquidar dívidas. 43 Os meios de pagamento, soma do papel-moeda em poder do público com o total de depósitos à vista, são chamados de M1. O Box 1.2 resume as estatísticas M1, M2, M3 e M4, segundo a metodologia do Banco Central do Brasil. 44 1.4. A BASE MONETÁRIA, OS ENCAIXES E O REDESCONTO A base monetária (B) é a soma do papel-moeda em poder do público (PMPP) com as reservas totais dos bancos comerciais (𝐸𝑇) . A base monetária é, então, igual ao total de moeda colocada em circulação pelo Banco Central. É, por vezes, chamada de estatística 𝑀0 (eme zero). Então: 𝐵 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 + 𝐸𝑇 = 𝑃𝑀𝐶 45 Os bancos comerciais mantêm reservas (ou realizam encaixes, 𝐸𝑇 ) para poderem honrar seus compromissos com o público e, consequentemente, gerar confiança na conversibilidade dos seus depósitos. Os bancos realizam também encaixes junto às autoridades monetárias. Tais encaixes são impostos externamente, ou encaixes compulsórios; e aqueles que são decididos internamente, ou encaixes voluntários. 46 As reservas compulsórias (𝐸𝑐) são determinadas pelas autoridades monetárias, que estabelecem um percentual dos depósitos à vista a ser recolhido ao Banco Central na forma de moeda. As reservas bancárias (o caixa dos bancos, 𝐸𝑡 ) são de outra natureza. São decididas pelos próprios bancos para que possam operar diariamente. 47 Em verdade, os bancos buscam manter a razão encaixe técnico( 𝐸𝑡 )/depósitos à vista em um determinado intervalo que consideram seguro, de modo a garantir a manutenção das suas operações de saques quotidianamente. Os encaixes dos bancos, junto às autoridades monetárias, portanto, podem ser de caráter voluntário. Recursos são mantidos no interior das agências bancárias (𝐸𝑡) para cobrir diferenças entre saques e depósitos que, porventura, possam ocorrer. 48 Recursos podem também ser enviados voluntariamente (𝐸𝑣) para a câmara de compensação de cheques (que está sob a responsabilidade da autoridade monetária) e visam a cobrir eventuais diferenças entre cheques emitidos a favor e contra o banco. Assim como, em uma parte do dia, podem ocorrer mais saques do que depósitos nas agências de um determinado banco, em um determinado dia, podem ocorrer mais cheques emitidos contra esse banco (saques) do que cheques emitidos a favor (depósitos). 49 Em resumo, o encaixe total dos bancos (𝐸𝑇) possui três componentes: 𝐸𝑇 = 𝐸𝑡 + 𝐸𝑐 + 𝐸𝑣 RELAÇÕES FUNDAMENTAIS 𝑃𝑀𝐸 − 𝐶𝐵𝐶 = 𝑃𝑀𝐶 𝑃𝑀𝐶 − 𝐸𝑡 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 𝑃𝑀𝐶 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 + 𝐸𝑡 𝑃𝑀𝐸 − 𝐶𝐵𝐶 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 + 𝐸𝑡 𝑃𝑀𝐸 = 𝐶𝐵𝐶 + 𝐸𝑡 + 𝑃𝑀𝑃𝑃 Como 𝐵 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 + 𝐸𝑇 50 E 𝐸𝑇 = 𝐸𝑡 + 𝐸𝑐 + 𝐸𝑣 Então 𝐵 = 𝑃𝑀𝑃𝑃 + 𝐸𝑡 + 𝐸𝑐 + 𝐸𝑣 Substituindo 𝑃𝑀𝑃𝑃 = 𝑃𝑀𝐶 − 𝐸𝑡 em B Logo: 𝐵 = 𝑃𝑀𝐶 − 𝐸𝑡 + 𝐸𝑡 + 𝐸𝑐 + 𝐸𝑣 𝐵 = 𝑃𝑀𝐶 + 𝐸𝑐 + 𝐸𝑣 𝑷𝑴𝑬: Papel-moeda emitido 𝑪𝑩𝑪: Caixa do Banco Central 𝑷𝑴𝑪: Papel-moeda em circulação 𝑷𝑴𝑷𝑷: Papel-moeda em poder público 𝑬𝑻: Encaixe total dos bancos comerciais 𝑬𝒕: Encaixe técnico dos bancos comerciais (o caixa dos bancos) 51 𝑬𝒄: Encaixe compulsório dos bancos comerciais junto ao Banco Central 𝑬𝒗: Encaixe voluntário dos bancos comerciais junto ao Banco Central Quando os bancos encontram-se em dificuldades, por exemplo, quando a razão encaixe técnico/depósitos à vista está muito baixa, podem pedir auxílio ao Banco Central. Tal auxílio é chamado de operação de redesconto. Existe uma diferença entre uma operação de redesconto de uma operação de concessão de crédito. O redesconto ocorre quando o Banco Central compra títulos de um banco. 52 Esta é uma operação de crédito, colateralizada por um ativo financeiro. O Banco Central empresta ao banco tomador um valor inferior ao do ativo dado em garantia. Quando o banco for saldar o empréstimo, recomprará o ativo pelo seu valor pleno. A diferença entre os dois valores exprime a taxa de redesconto, isto é, o custo para o tomador do empréstimo feito pelo Banco Central. 53 A aquisição de títulos por parte do Banco Central expande, a princípio, os encaixes do banco que necessitou ser socorrido. O processo alternativo é, simplesmente, um empréstimo direto do Banco Central ao banco que se encontra em dificuldade. A função do Banco Central conhecida como emprestador de última instância é exercida através dessas operações. 54 Um ponto crucial dessas operações é a determinação da taxa (de juros) de redesconto que pode ser fixada em um patamar punitivo. Uma taxa punitiva é aquela que é maior do que a taxa de juros que remunera os ativos que o banco socorrido possui. 55 A compra por parte do Banco Central de títulos (ou a concessão de um empréstimo) com taxas punitivas desestimula o banco que recebeu o auxílio a manter a posse dos ativos cuja compra reduziu as suas reservas. Assim, haveria um incentivo à venda desses ativos e, consequentemente, a recomposição de reservas para um patamar mais seguro. 56 A manutenção desses ativos em carteira transformaria tal estratégia em uma posição que geraria perdas cumulativas por parte do banco que estaria pagando taxas de juros punitivas ao Banco Central. 57 1.5. O BALANCETE DOS BANCOS COMERCIAIS E A CRIAÇÃO DE CRÉDITO E MOEDA Os bancos possuem as seguintes fontes de recursos (passivo): os recursos próprios ou patrimônio líquido; os depósitos à vista e a prazo; os empréstimos tomados no exterior; os auxílios do Banco Central (redescontos e empréstimos) e outras fontes menos importantes. 58 O ativo dos bancos (suas aplicações) é constituído principalmente por: empréstimos ao setor privado; encaixes; títulos públicos e privados; imobilizado bancário (suas instalações físicas); outras aplicações de menor relevância. 59 Devido a sua importância, o mecanismo de criação de moeda por parte dos bancos comerciais que já foi apresentado anteriormente, será abordado aqui com novos detalhes. 60 Quando um banco concedeum empréstimo a um cliente, esse primeiro realiza uma operação meramente contábil no seu balanço. O banco abre uma conta corrente em nome do seu cliente-tomador do empréstimo e realiza todos os procedimentos regulares, tais como: a emissão do talão de cheques e; a emissão do cartão de pagamento (ou cartão de débito). 61 O banco faz um lançamento na conta depósitos à vista no valor do empréstimo (do lado do passivo) e faz um lançamento de mesmo valor na conta empréstimos (do lado do ativo). A conversibilidade dos depósitos à vista em meio circulante, se desejada, é suposta pelos demais agentes econômicos, sem qualquer dúvida. 62 Por isso, estes aceitam liquidar dívidas e vender mercadorias e/ou serviços recebendo em contrapartida a titularidade sobre um depósito. Um banco, portanto, ao conceder crédito, criou depósitos à vista, criou moeda escritural. É importante destacar que não é necessário que um banco receba depósitos anteriormente à operação de empréstimo para que possa realizar tal operação: basta que seja autorizado pelo Banco Central a 63 receber (criar) depósitos à vista e os certificados desses depósitos (seus cheques e seu cartão de débito) gozem de credibilidade perante os demais agentes. É importante ressaltar, ainda, que toda vez que um banco concede crédito está criando moeda. Contudo, crédito pode ser concedido por qualquer agente econômico. 64 Ex: Um estabelecimento comercial que aceita parcelar suas vendas com cheques pré-datados concede crédito. Uma mercearia que aceita que seus clientes paguem seus gastos ao final de cada mês concede crédito. Entretanto, somente a concessão de crédito bancário é criação de moeda. 65 Exercícios Avalie as seguintes proposições sobre economia monetária: (0) Um aumento da taxa de redesconto, tudo o mais constante, leva a uma contração de M1. (1) A base monetária é por definição igual à reserva bancária mais os depósitos à vista nos bancos. (2) Define-se papel-moeda em poder do público como sendo o saldo do papel-moeda emitido menos a caixa em moeda corrente dos bancos comerciais. (3) O setor bancário cria meios de pagamento quando, por exemplo, adquire bens ou serviços junto ao 66 público, pagando em moeda corrente. (4) No cálculo dos meios de pagamento, a noção de moeda manual empregada é a do saldo do papel-moeda em poder do público, vale dizer, o total emitido menos os encaixes em moeda corrente dos bancos comerciais e do Banco Central. (5) Os recursos em poder dos bancos comerciais incluem apenas o patrimônio líquido, os depósitos à vista recebidos do público e os empréstimos recebidos do Banco Central. (6) Para que uma determinada transação origine uma variação nos meios de pagamento, é 67 necessário que ela ocorra entre o setor bancário e o setor não bancário da economia. Sendo assim, um aumento das aplicações do público em certificados de depósito a prazo emitidos pelos bancos de investimento, por exemplo, mantém inalterados os meios de pagamento.
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