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20
CENTRO PAULA SOUZA 
ETEC JOÃO JORGE GERAISSATE
Técnico em Serviços Jurídico
BRUNA VITÓRIA COUTINHO DOMINGOS
ENGHEL ALISON DA SILVA
KIMBERLY COSTA ROCHA 
CRIMES CONTRA A HONRA
O IMPACTO SOCIAL CAUSADO 
Penápolis
2020
BRUNA VITÓRIA COUTINHO DOMINGOS
ENGHEL ALISON DA SILVA
KIMBERLY COSTA ROCHA 
DESCRIMINALIZAÇÃO: CRIMES CONTRA A HONRA
Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de Técnico Jurídico, das classes descentralizadas da Etec, a ser utilizado como diretrizes para manufatura do Trabalho de Conclusão de Curso.
Orientador(a):Prof.ª. Débora Vieira Torres
Penápolis
2020
BRUNA VITÓRIA COUTINHO DOMINGOS
ENGHEL ALISON DA SILVA
KIMBERLY COSTA ROCHA 
DESCRIMINALIZAÇÃO: CRIMES CONTRA A HONRA
Pesquisa de conclusão de curso aprovada como recurso parcial para obtenção do grau Técnico em Serviços Jurídicos da Etec de Penápolis. Pela banca examinadora formada pelos professores:
Orientador(a): Profª. Débora Vieira Torres
_______________________________
Profª. Simone Ribeiro Monteiro 
_______________________________
Profª. Carmem Lucia Ferres Scomparin
_______________________________
Penápolis, 10 de dezembro, 2020
RESUMO
O presente trabalho tem como desígnio a análise sobre a descriminalização dos crimes contra a honra, em regra previstos nos Artigos: 138, 139 e 140, do Código Penal Brasileiro. Em mérito, pretende-se caracterizar as formas penais e extrapenais de tutela à honra existentes no sistema jurídico brasileiro, como também levantar os conceitos determinados pela criminologia crítica e notáveis como tendências modernas do direito penal, com ênfase para os movimentos de despenalização, descriminalização e intervenção mínima. Em conclusão, buscar-se-á abordar a tutela penal à honra sob a óptica da criminologia crítica e através de do método de pesquisa, definir se a tutela penal à honra se configura, atualmente, como meio mais efetivo de tutela ao respectivo bem jurídico.
Palavras-chave: Honra. Tutela. Descriminalização. Direito Penal. Criminologia. Despenalização. 
ABSTRACT
This paper aims to analyze the decriminalization of crimes against honor, as a rule provided for in Articles: 138, 139 and 140, of the Brazilian Penal Code. In merit, it is intended to characterize the criminal and extrapenal forms of guardianship of honor existing in the Brazilian legal system, as well as to raise the concepts determined by critical criminology and notable as modern trends in criminal law, with emphasis on the movements of decriminalization, decriminalization and minimal intervention. In conclusion, an attempt will be made to approach criminal protection against honor from the perspective of critical criminology and, through the research method, to define whether criminal protection against honor is currently the most effective means of protection against the respective legal asset. .
Keywords: Honor. Guardianship. Decriminalization. Criminal Law. Criminology. Decriminalization.
SUMÁRIO
1 CRIMES CONTRA A HONRA	5
1.1 Injuria.............	8
1.2 Calunia................................................................................................................	9
1.3 Difamação....		11
2 PRÍNCIPIOS DO DIREITO PENAL	11
2.1 Princípio da Legalidade	13
2.2 Princípio da Intervenção Mínima	14
2.3 Princípio da Lesividade	15
2.4 Princípio da Humanidade	16
2.5 Princípio da Culpabilidade	18
3 DESCRIMINALIZAÇÃO	19
3.1 Processo de Descriminalização	21
3.2 Despenalização	23
3.3 Descriminantes putativas	24
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS	26
5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS	28
INTRODUÇÃO
É importante discutir sobre a efetividade do Direito Penal em relação a tutela nos crimes contra a honra, bem como uma possível não recepção desses crimes pelo próprio ordenamento jurídico e constitucional de 1988. Percebe-se que a sociedade como um todo mudou muito em relação a disponibilidade do direito pessoal a honra, isso nos expõe a questões muito importantes e que devem ser consideradas quando o tema se trata de criminalizar uma conduta, esta que tem seu grau levado a quase nulo. A Carta Magna de 1988, traz o que podemos considerar como o início do direito à honra, complementado pela legislação extravagante. Porém, podemos notar que existem outros ramos do direito que se demonstram mais competentes na defesa desses diretos do que o próprio direito criminal. 
Deve ser levado em consideração o fato de que é quase que impossível quantificar o quanto vale a honra e até que ponto pode ser considerado uma ação lesiva a pessoa, sem que isso afete diretamente o direito de outras pessoas. Isso quer dizer que um cidadão poderá ser punido somente quando seu comportamento ferir ou afetar de alguma forma negativa aos bens e interesse social. 
1 CRIMES CONTRA A HONRA 
A honra é tipicamente um bem jurídico que se origina da dignidade humana, recebendo proteção jurídica desde a antiguidade. Há relatos de que por volta do ano 2040 A.C, na Suméria o código de Ur-Nammu trazia certas identificações de costumes provindos da sociedade, sendo imputada pena sobre danos causados a moral do cidadão, como forma de reparação do dano. 
O império romano, teve a inclusão de dispositivos que asseguravam aos indivíduos o direito ao ressarcimento pecuniário a membros da sociedade que viesse a sofrer danos por injúria ou infâmia, através da denominação de uma tutela chamada de: Actio Injuriarum
No presente momento a proteção à honra traz como modalidades: calúnia, difamação e injúria como formas de crimes que ferem a honra, estes encontram-se na parte correspondente ao capítulo V do título I do código penal, respectivamente nos artigos 138 139 e 140 deste mesmo código.
Fica instituído em Brasil, carta magna de 1988, em seu artigo de número 5º, inciso X, “são invioláveis a intimidade, a vida privada, à honra e imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”. Deste modo assegurando a todos a defesa da honra como um bem jurídico. 
A doutrina consertou a honra ligada ao juízo moral em que o indivíduo fase de si próprio, e acerca da sociedade sobre o indivíduo. Na visão do doutrinador Muñoz Conde: 
A honra é um dos bens mais sutis e mais difíceis de apreender desde o ponto de vista jurídico-penal. Isso se deve, sobretudo, a sua relativização, a existência de um ataque a honra depende das mais diversas situações de sensibilidade, do grau de formação, da situação tanto do sujeito passivo como do ativo, e das relações recíprocas entre ambos, assim como das circunstâncias do ilícito. (MUÑOZ CANDIDO, Francisco, Derecho Penal – Parte Especial, p. 274).
Nesse contexto, a honra é classificada em honra objetiva e subjetiva. A honra objetiva é a concepção que a sociedade tem sobre o indivíduo (julgamento) , sobre sua conduta, probidade , honestidade, imagem, sendo assim a maneira como o indivíduo se comporta e se constrói no meio social, contudo, a honra subjetiva trata se sobre a própria visão que o indivíduo constrói sobre si mesmo, abra Gino a sua autoimagem quem é sua autoestima, de forma a desenvolver uma opinião sobre si mesmo uma forma de se auto denominar. 
De acordo com Guilherme de Souza Nucci (Código Penal comentado. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 743), a honra é entendida de forma aberta, uma vez que as circunstâncias variam de acordo com a situação que o indivíduo está integrado, determinando de certa forma o grau lesivo da ofensa. 
Para esta afirmação, os juristas deram um exemplo: Chamado de militar. Esta ofensa a priori prejudicará a honra especial do indivíduo. Contudo, o título de "covarde" atribuído aos soldados que violam sua vontade pode Não ser tão destrutivo quanto os heróis militares.
Da mesma forma, o ataque “ignorante" enviada a cientistas famosos e pessoas comuns pode soar de maneira muito mais ofensiva para o primeiro, porque ofende sua honra especial, ao invés do segundo, que ofendeu sua honra comum, Portanto o crime de respeito à honra deve ser avaliado levando-se em consideração as circunstâncias específicas.
Honra é um conceito aberto, e Guilherme Nucci (Código Penal comentado. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 744) defende sua personalidade marcante. Entre a honra comum e a honra especial, o grau de dano deve ser baseado em mudanças inerentes ao histórico e condições específicas vivenciadas pelas pessoas.
Na verdade, para o direito penal, a diferença entre a honra comum e a honra especial é insignificante. Desta forma, todas as suas figuras devem ser avaliadas como “membros de uma estrutura unitária”, como assinala o Luiz Regis Prado (Curso de direito penal brasileiro. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 764-765):
Por outro lado, a honra pode ser classificada como um bem jurídico disponível. Isto porque o consentimento da vítima. No entanto, este consentimento é personalíssimo, não podendo desfrutar da honra os representantes legais do menor ou do incapaz, por exemplo.
Sobre o tema, ensina Luiz Regis Prado (PRADO, Luiz Regis. loc. cit.):
É indispensável que o sujeito ativo conheça sua existência e que esta seja um dos motivos que o levam a agir. Precisamente por ser disponível, o bem jurídico protegido, estabelece o Código Penal a ação penal privada para os crimes contra a honra (art. 145, caput, CP), admitindo-se, de conseguinte, a extinção da punibilidade pela renúncia ao direito de queixa e pelo perdão do ofendido (art. 107, V, CP).
Deve-se notar que o consentimento do injuriado recai apenas sobre os bens que ele pode obter. Portanto, se o caso a ofensa atinja, além da honra do ofendido, outros bens jurídicos que estejam fora de sua disponibilidade, o seu consentimento não surtirá efeitos.
Nesse sentido, o Cezar Roberto Bitencourt, menciona como exemplo o lado errado do crime, em que o sujeito ativo do crime provocou a movimentação de aparelhos estatais, no decorrer da instauração procedimentos de investigação criminal ou ação penal. Dentro de tais casos, além da honra do agravado, os interesses da administração da justiça são prejudicados, no sentido de determinar as características do crime de difamação (artigo 339.º do Código Penal), esclarecido mediante ação penal pública incondicional, ou seja, sendo irrelevante o perdão do ofendido. 
Por fim, cabe ressaltar que os crimes contra honra são processados através dos Juizados Especiais Criminais, de acordo com a Lei n. 9.099/95, por serem vistos como crimes de menor potencial ofensivo (com pena máxima não superior a 2 anos, cumulada ou não com multa)
No entanto, existe uma modalidade de injúria, qualificada por discriminação, prevista no § 3°, do art. 140, do Código Penal, que possui pena máxima de 03 (três) anos de reclusão, sendo desse modo apurada na justiça comum.
Aliás, no Juizado Especial Criminal, Geraldo Prado, apontou que se trata de uma inovação incorporada ao processo penal brasileiro, que visa aproximar o chamado maior movimento ideológico, político e cultural do mundo ocidental incorpore a motivação para promover o ramo mais avançado da criminologia.
Portanto, a Lei n. 9.099 / 95 na legislação processual penal brasileira criou uma composição civil entre as partes, transações criminais e instituições para suspensão condicional de processos, que nada mais são do que a legalização de instituições que buscam processos criminais alternativos e possíveis penas. 
Segundo Geraldo Prado (PRADO, Geraldo. Sistema acusatório: a conformidade constitucional das leis processuais penais. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005):
A tônica das modificações em questão envolveu aspectos tais como a efetividade do processo, o acesso à justiça e a concepção unitária do conflito, revitalizando também o papel da vítima e a promoção do consenso, palavra-chave para entendermos os novos institutos, tudo conforme uma visão prática e real do processo, desafetado e, em alguns pontos, imunizado contra o vírus do excesso de formalismo.
Desta forma, o Juizado Especial Criminal oferece a oportunidade de uma prestação jurisdicional mais célebre, se mostra marcantemente informal e voltado à busca pela composição dos conflitos através de meios alternativos à pena.
1.1 Injuria
Crime de injúria é definido no art. 140 do Código Penal Brasileiro, constitui-se Injúria a ofensa à honra subjetiva da vítima. É um crime doloso e deve ter intenção criminal de ofender, ou seja, a pessoa busca atingir de forma verbal a honra pertencente a vítima. Como supracitado, a honra classificada como subjetiva é a autodefinição do indivíduo, a enquadrar sua própria imagem, autoestima e seu senso crítico. 
A injuria é a ofensa efetuada por terceiro com objetivo claro de depreciar a dignidade de uma pessoa em específico. Em síntese, o direito penal entende como injuria punível quando o ato tenha causado danos a honra subjetiva do ofendido.
Como no crime de difamação, o sujeito ativo e passivo podem ser somente pessoas físicas. Seguindo a premissa dê que pessoa jurídica ainda que possua reputação no meio social, não dispõe de “amor-próprio” a ser afetado, logo, não é capaz de sofrer injuria.
A honra a ser atacada em um crime envolvendo injúria é a honra subjetiva, ou seja, a dignidade ou honestidade de alguém, pois a honra objetiva é somente uma visão do indivíduo no meio social no qual está inserido. 
O dano é uma atribuição de qualidade negativa, não um fato definitivo em calúnia e difamação, independentemente de tal atribuição estar correta ou não. Quanto à execução, desde que o autor saiba o dano que a vítima deve suportar, é um crime.
Para a auto injúria não há penalidade pessoal, mas se ofender outras pessoas ao mesmo tempo, como, por exemplo, insultos e xingamentos poderá caracterizar-se como delito de injuria contra o cônjuge.
Existem duas hipóteses listadas, oportunidades de perdão judicial por crime de injúria estão enumerados através do § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria (art. 140, § 1°, I).
No caso de extorsão imediata, que consista em outra injúria (art. 140, § 1°, II).
A extorsão deverá ser realizada sem interrupção, reações sob impulsos impulsivos. Em injúria, nunca poderá haver uma exceção. Isso ocorre porque não há inferência de fatos, o que torna impossível provar os fatos.
Existem também os chamadas injúrias reais prevista no art. 140 § 2° do Código Penal Brasileiro, que é cometida mediante a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes, nesse caso a intenção de prejudicar é essencial; caso contrário, o crime a ser determinado será lesão corporal.
No art. 140 §3° Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, onde a punição será mais severa.
1.1 Calunia 
Calúnia, conforme a definição refere-se à incriminação falsa a alguém de fato definido como crime. É o primeiro delito contra a honra descrito no Código Penal, previsto no art. 138.
Segundo o verbo “caluniar” corresponde à acusação falsa que compromete a credibilidade do indivíduo no meio social. Tal acusação falsa deve dizer respeito a um fato considerado delituoso. 
A calúnia é classificada a mais grave de todos os crimes contra a honra prevista pelo Código Penal. Dessa forma, a Lei Penal alega que a imputação falsa de um fato é definida como crime existe três pontos essenciais que caracterizam a calunia com relação às demais infrações penais contra a honra, sendo eles: o primeiro a imputação de um fato, o segundo esse fato imputado à vítima deve, obrigatoriamente, ser falso, o terceiro e além de falso, o fato deve ser definido como crime. 
Segundo Nucci (Código Penal comentado. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014, p. 745) “calúnia nada mais é do que uma difamação qualificada, ou seja, uma espécie de difamação. Atinge a honra objetiva da pessoa, atribuindo-lhe o agente um fato desairoso, no caso particular, um fato falso definido como crime”.
Em relação ao sujeito ativo, tem-se que a calúnia é um crime comum, uma vez que pode ser perpetrado
por qualquer indivíduo humano e capaz. Caluniador não é apenas o autor original da imputação, mas também quem a propala ou divulga (cf. § 1°). De igual modo, qualquer pessoa física pode figurar como sujeito passivo.
Consequentemente existe uma divergência doutrinaria a respeito da possibilidade de as pessoas jurídicas sofrerem calúnia. Luiz Regis Prado entende que as pessoas jurídicas não podem ser vítimas de calúnia, sustentando que:
A ofensa irrogada à pessoa jurídica reputa-se feita aos que a representam ou dirigem. Não há falar em calúnia contra pessoa jurídica, já que o ordenamento jurídico-penal pátrio, fundado em um Direito Penal da conduta, da culpabilidade e da personalidade da pena, veda a responsabilização dos entes morais.
Guilherme Nucci, por sua vez, afirma pertinentemente haver a possibilidade de considerar uma pessoa jurídica sujeito passivo do crime de calúnia.
Existem alguns tipos de calunia: inequívoca ou explicita ocorre quando a ofensa é feita as claras, sem deixar qualquer margem de dúvida no intensão de ofender. Equívoca ou implícita ocorre quando a ofensa é velada, sub-reptícia, o agente dá a entender que alguém teria feito alguma coisa. Reflexa ocorre quando o agente quer caluniar uma pessoa, mas, na narrativa do fato, acaba também atribuindo crime a uma outra.
1.1 Difamação 	
Segundo a visão de Gustavo Nardelli Borges, em artigo veiculado no jusbrasil (artigos /779371457/calunia difamação e injuria), a difamação consiste em: 
Consiste no ato de imputar a alguém fato ofensivo a sua reputação, com a intenção de torná-la passível de descrédito perante a opinião pública, consumando-se quando um terceiro toma conhecimento do fato. Ou seja, é o mesmo que espalhar boatos maldosos a respeito de uma pessoa, viva ou morta.
A pena determinada em lei é de detenção de Três meses a um ano somado a multa, podendo ser aumentada em até um terço caso for contra o Presidente da República ou qualquer outro chefe de estado estrangeiro; contra funcionário público em detrimento a suas funções; em caso de ocorrência perto de várias pessoas ou meio divulgação do ocorrido; contra pessoa com mais de 60 (sessenta) anos ou seja portador de deficiência. 
Caso o crime ocorra sob pagamento de subordinação ou alguma forma de recompensação, a fim de difamar outra pessoa (vítima), a pena será aplicada em dobro, ainda sendo possível que a vítima pleiteie indenização por danos morais ao ofensor. Aquele que praticou a difamação e responde ao processo em esfera judicial, há a possibilidade de retratação com a vítima (caso a mesma concorde com isso), podendo se eximir da pena. Em circunstâncias onde a difamação tenha sido praticada em meios de comunicação ou quais rede sociais, a retratação deverá ser feita através da mesma com a qual foi cometida. 
O exercício da exceção da verdade é viável somente se o ofendido for funcionário público e a ofensa associada ao exercício de suas funções.
2 PRÍNCIPIOS DO DIREITO PENAL
Como a espinha dorsal que sustenta o corpo humano, os princípios correspondem ao fundamento sobre o qual se baseia todo o sistema jurídico. Nilo Batista citou Kaufmann (KAUFMANN, 1976 apud BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 12. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011, p. 59.) dizendo: "toda legislação ativa sempre pressupõe certos princípios jurídicos gerais." Por sua vez, esses princípios não apenas caracterizam a lei, mas também definem os limites da lei de modo a delinear as normas de funcionamento e o alcance do sistema jurídico.
Por outro lado, esta função reguladora dos princípios do sistema jurídico deriva da essência da democracia e do Estado de Direito, porque o sistema jurídico de um país deve refletir sua sociedade para atender aos seus desejos. Portanto, a legislação deve servir de elo entre o Estado e os cidadãos, para que aquele tenha legitimidade para exercer os métodos normativos de controle, enquanto o segundo se pauta por requisitos racionais.
Nesse sentido, Paulo César Busato (BUSATO, Paulo César. Direito penal: parte geral. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 23.) leciona:
Essa defesa do indivíduo se estabelece através do desenvolvimento dos princípios limitadores da intervenção penal, das verdadeiras barreiras de contenção que se interpõem à atuação violenta do Estado, ao utilizar o instrumento penal contra o indivíduo. O dever de castigar não é absoluto. O perfil político de um Estado se evidencia pela forma como utiliza ou acolhe as barreiras anti-intervencionistas.
Isto é os princípios, ao mesmo tempo que conferem legitimidade ao Estado para intervir nas relações pertinentes ao direito penal, garantem que essa interferência não ocorra de forma desenfreada. Desta forma, evita-se a arbitrariedade do poder público, garantindo ao indivíduo uma certa autonomia nas suas relações privadas, mas também reserva ao Estado o dever de proteger aqueles bens jurídicos importantes para a convivência em sociedade.
Nessa toada, ensina Luiz Regis Prado:
Os princípios penais constituem o núcleo essencial da matéria penal, alicerçando o edifício conceitual do delito – suas categorias –, limitando o poder punitivo do Estado, salvaguardando as liberdades e os direitos fundamentais do indivíduo, orientando a política legislativa criminal, oferecendo pautas de interpretação e de aplicação da lei penal conforme a Constituição e as exigências próprias de um estado democrático e social de Direito. Em síntese: servem de fundamento e de limite à responsabilidade penal.
É importante observar que princípios não devem ser confundidos com regras. Embora sejam imediatamente descritivas, principalmente retrospectivas e com intenção decidida e abrangente, essas são especificações imediatamente finais, principalmente antecipatórias, e complementares e parciais 42.
Segundo Batista 43, no direito penal existem cinco princípios básicos: 1) o princípio da legalidade ou reserva legal; 2) o princípio da intervenção mínima; 3) o princípio do dano; 4°) princípio da humanidade; e 5°) princípio da culpabilidade. Passa-se, agora, a analisá-los separadamente.
2.1 Princípio da Legalidade
O princípio da Legalidade, conhecido como princípio da reserva legal, tem expressa previsão legal.  Assim, somente poder-se-á punir um indivíduo pela ofensa à lei penal se ela for precedida por norma que a incrimine. O princípio da legalidade, sem dúvida, o mais importante do Direito Penal. 
Conforme se extrai do art. 1º do Código Penal, bem como do inciso XXXIX do art. 5º da Constituição Federal, não se fala da existência de crime se não houver uma lei definindo-o como tal. O princípio da Legalidade teve sua origem em resposta ao absolutismo, prestando uma proteção ao cidadão e como forma delimitação do poder punitivo. 
No século XVIII, discorria Cessare Beccaria 46:
A primeira consequência dos princípios da lei é que somente elas podem determinar a pena para crimes, e a autoridade para aplicar as leis penais só pode residir no legislador, que representa toda a sociedade, unida por um pacto social. Nenhum magistrado (que é parte da sociedade) pode, com justiça, infligir a qualquer outro membro da mesma sociedade penas não estabelecidas por lei. Mas uma pena, além dos limites fixados pela lei, é a pena justa mais uma pena adicional; portanto, não pode um magistrado, sob qualquer pretexto de zelo ou de bem público, aumentar a pena estabelecida a um cidadão delinquente.
Princípio da Legalidade possui um impedimento da retroação da lei penal, em vantagem do acusado. Ou seja, a lei penal deve ser antecedente ao fato que ela incrimina, de modo que uma lei penal incriminadora não pode retroagir para atingir fatos ocorridos antes da sua vigência. Por isso essa dimensão também é chamada de “irretroatividade da lei penal”.
 O art. 9° da Convenção Americana sobre Direitos Humanos visa o alcance do princípio da legalidade e da retroatividade da lei penal.
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, quando forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode
impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado.
Os tipos penais devem ser justos e com previsão legal e eficácias anteriores aos fatos a serem concebidos.
2.2 Princípio da Intervenção Mínima 
O princípio da intervenção mínima surgiu no século XVIII, através dos movimentos políticos de ascensão da burguesia.  Atua como um princípio limitador do poder punitivo do Estado, restringindo a atuação legislativa.
De acordo com a Intervenção Mínima, o Direito Penal só deve se interessar pelos fatos que causem grandes prejuízos individuais ou coletivos, sendo assim, deixa-se para os outros ramos do Direito a solução dos problemas sociais e, somente quando esses outros ramos falham, é que entra em cena o Direito Penal. 
Sobre o tema, ensina Nilo Batista 53, citando Quintero Olivares: “entende-se que o Estado não deva ‘recorrer ao direito penal e sua gravíssima sanção se existir a possibilidade de garantir uma proteção suficiente com outros instrumentos jurídicos não penais’”.
Nessa esteira, nas palavras de Paulo César Busato 54, a ingerência penal trata-se de uma fase violenta, uma vez que intervém com a pena e com a medida de segurança. Desse modo, há de se reconhecer a necessidade de utilizá-la com moderação, de forma nem tão ampla e nem tão grave.
A experiência histórica nos tem demonstrado que a violência e a prisão não é a solução para os problemas de insegurança na sociedade, para a criminalidade. A sanção penal não pode ser considerada mais como solução de todos os conflitos sociais, pois é incontestável que o endurecimento da pena não representa, assim como o aumento de leis penais, prevenção.
Com base na Intervenção Mínima, surgem duas características a respeito do direito penal, sendo elas ‘’ fragmentariedade e a subsidiariedade’’. Compreende que o direito penal somente tutelará as ofensas a bens jurídicos realmente importantes e indispensáveis ao convívio em sociedade. E a subsidiariedade do direito penal, por sua vez, consubstancia-se na atuação do direito penal somente nos casos em que outros ramos do direito não logram êxito em prestar uma tutela satisfatória.
Por fim, não se deve promover uma persecução penal com o fito de tutelar a ofensa a bens jurídicos que não sejam extremamente relevantes, e nem aos que recebam proteção por outros ramos do ordenamento.
2.3 Princípio da Lesividade 
O direito penal atua de modo a quantificar as condutas pelo criminoso efetivamente praticadas em desvantagem dos bens jurídicos tutelados pelo legislador. Em conclusão temos que uma conduta pode ser considerada imoral e delituosa, mas não necessariamente toda atitude reprovável será considerada pela sua definição jurídica como crime. 
Seguindo essa premissa, temos que o direito penal tutela ofensas declamadas ou executadas a bens jurídicos, excluindo atitudes nas quais não afetam os direitos e outrem. Ou seja, não concerne ao direito penal a providenciar educação moral aos cidadãos. 
O princípio da lesividade discorre sobre a ingerência do direito penal sobre as condutadas reprováveis previstas pelo legislador, que se efetivam pelo agente. Para Nilo Batista (BATISTA, Nilo. Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 12. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011, p. 89), “este princípio transporta para o terreno penal a questão geral dá exterioridade e alteridade (ou bilateralidade) do direito, uma vez que obrigatoriamente a conduta do autor do crime há de se relacionar ao bem jurídico.
Segundo a doutrina, o princípio da lesividade adota quatro funções: a) proibição de incriminação de atitudes internas; b) proibição de incriminação de condutas que não excedam o âmbito do próprio autor; c) proibição de incriminação de simples estados ou condições existenciais; e d) proibição de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico. 
Em relação a primeira função ninguém pode ser punido em detrimento do que pensa ou mesmo baseado por sentimentos pessoais. Ou seja, nenhum homem deve ser punido pelo que traz dentro de si, no íntimo de seu ser, como explica Wedsley Ferreira (ferreiradepaula.jusbrasil.com.br/artigos/391435452/princípio-da-lesividade).
No segundo pressuposto, tenhamos o entendimento de que o direito penal não deve imputar pena a condutas praticadas que não tenham potencial lesivo a bem de terceiros, pois não prejudica ninguém fora o próprio autor. 
A Terceira relação estabelecida visa a proteção, buscando impedir que o agente seja punido por algo que é, e não pelo que praticou. Enfim, é o meio pelo qual deve ser exercido um autêntico direito penal do autor. 
E a quarta colocação do princípio da lesividade busca evitar a incidência da aplicação da lei penal aquelas condutas que, embora desviadas, não afetam qualquer bem jurídico de terceiros. Podemos levar em consideração como exemplo de condutas desviadas as que a sociedade trata com repulsa ou discriminação, ainda que estas forem reprovadas pelo aspecto moral, não repercutem sobre as demais pessoas, como por exemplo, tatuar o próprio corpo. 
Concluímos então que este princípio atua quando o bem jurídico de terceiro esteja efetivamente sendo atacado.
2.4 Princípio da Humanidade 
O princípio da humanidade tem como base os movimentos sociais humanistas que ocorreram com o passar do século XVIII, com enfoque para a declaração dos direitos do homem e do cidadão em 1789, que dissertava sobre a proporcionalidade que deveria existir entre delitos e as penas a eles imputados, levando em conta a Convenção Americana sobre Direitos Humanos. 
Em síntese, o pressuposto sobre o princípio da humanidade traduz-se na rejeição de atitudes que ferem o indivíduo de maneira desumana. Enquadram-se em grande parte as penas cruéis e as de punição perpetua. O que é buscado por esse princípio é a humanização da pena, por meio da negação à conduta, e jamais ao indivíduo. 
	De acordo com as palavras de Luiz Regis Prado (Curso de direito penal brasileiro. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 122.): 
A ideia de humanização das penas criminais tem sido uma reivindicação constante no perpassar evolutivo do Direito Penal. Das penas de morte e corporais, passa-se, de modo progressivo, às penas privativas de liberdade e destas às penas alternativas (Ex: multa, prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direitos, limitação de fim de semana).
Em síntese, o princípio da humanidade trata-se em sua própria natureza do estado democrático de direito, sempre como forma de respeito à dignidade da pessoa humana, fazendo-se presente em duas características da pena que se originam do princípio em estudo: racionalidade e proporcionalidade.
Pela racionalidade compreende-se o dever de resguardar o seu caráter humanizador, com a imposição da pena, de modo que o condenado não sofra. Nas palavras de Eugenio Raul Zaffaroni (Manual de direito penal brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 165), a “pena racional” corresponde ao antônimo de “pena cruel”, e, de igual modo, não se confunde com “pena doce”. Trata-se da proscrição das penas cruéis, desumanas, degradantes ou que desconsiderem o homem como pessoa.
Ainda nas palavras de Zaffaroni (Manual de direito penal brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 165 e 166): 
A república pode ter homens submetidos à pena, “pagando suas culpas”, mas não pode ter “cidadãos de segunda”, sujeitos considerados afetados por uma capitis diminutio para toda a vida. Toda a consequência jurídica de um delito – seja ou não uma pena – deve cessar em algum momento, por mais longo que seja o tempo que deva transcorrer, mas não pode ser perpétua no sentido próprio da expressão. 
Por tal ponderação, em um plano abstrato a pena não possuir crueldade, porém, concretamente, demonstrar situações de extremo martírio ao condenado, ou mesmo a sua família. Essas situações, segundo Zaffaroni, ocorrem, por exemplo, em casos nos quais a esposa do criminalizado está doente e os filhos
abandonados e sem meios de subsistência, ou mesmo se o condenado contrai alguma moléstia grave, se sofre um acidente ou uma violência carcerária grave, e está próximo da morte.
Em situações extremas é razoável a indagação por parte do juiz sobre adequar a quantidade abaixo do mínimo da pena De acordo com Zaffaroni, seria plenamente legítimo, sob a égide do princípio da humanidade, uma vez que sua vigência é absoluta. 
2.5 Princípio da Culpabilidade
O princípio da culpabilidade, em seu fundamento diz que não há crime sem culpabilidade (nulluem Crimen sine culpa). Este princípio se divide em 3 conceitos, sendo eles: medida de pena, fundamento da pena e conceito contrário a responsabilidade objetiva.  
O primeiro conceito “medida de pena” resume-se em que a culpabilidade é um dos fatores que deve ser levado em conta pelo juiz no período de designação da pena, ou seja, no momento de aplicar uma sentença condenatória.  
O segundo conceito refere-se à culpabilidade como uma reprovação por parte do juiz, bem como agente da lei, esta que recai sobre o agente que praticou a ação de natureza tipicamente antijurídica quando o do mesmo se esperava qualquer outro comportamento diverso.  
Em um Terceiro considera-se a tese de que ninguém poderá responder por um resultado que não se realizou com dolo (intenção de cometer o crime) ou culpa (violação de um dever tutelado).  
Quando falamos sobre culpabilidade, devemos nos ater a responsabilidade objetiva, que em síntese é a forma de violar o princípio de que não há delito se não houver culpa, como é exposto pelo Código Penal (Art. 59, Caput): 
O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime. 
Ainda nessa entoada temos a fala de Paulo Cézar Busato (Paulo César. Direito penal: parte geral. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015, p. 71 e 72), definindo a culpabilidade: 
Primeiramente, se identifica a culpabilidade como uma categoria dogmática que faz parte do próprio conceito de delito. Nesse sentido, trata-se de um conceito meramente dogmático composto por elementos variáveis conforme a teoria do delito adotada. Em um segundo sentido, a culpabilidade também costuma ser compreendida como um elemento de graduação da pena, onde se estabelece, sob o postulado da proporcionalidade, uma relação entre culpa e castigo. A esses sentidos acresce-se o de um conceito político criminal e ao mesmo tempo de um limite do âmbito do punível, que “inclui ou pressupõe, por sua vez, os princípios de responsabilidade pessoal ou responsabilidade subjetiva, de responsabilidade pelo fato, a presunção de inocência e da individualização da pena”. 
Concluímos que a culpabilidade, em suma, concerne da possibilidade de atribuição de culpa ao sujeito da ação. Em verdade, através do princípio da culpabilidade, leva-se em conta o elemento volitivo do agente. Assim, repudia-se a responsabilização objetiva, aferida pelo resultado, de modo a privilegiar a atribuição subjetiva da culpa 
3 DESCRIMINALIZAÇÃO 
O direito penal é fundamentado na distinção de condutas, uma vez que essas podem ser “normais” ou “indesejáveis”, seu caráter valorativo sem conformidade com o estudo da sociologia busca analisar padrões comportamentais dos membros de uma sociedade, tentando compreender se para os membros da mesma é possível determinar se uma conduta é fixada como criminosa ou não. 
A criminalidade é associada a comportamentos que quebram a habitualidade, de forma a causar indignação nos membros do grupo social. Podemos seguir a analogia que de que algo que causa incômodo nos demais entes da sociedade é algo reprovado. Ainda nesse raciocínio Baratta (BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal. 6. ed. Rio de) expõe:
O comportamento deve ser capaz de perturbar a percepção habitual, de routine, da “realidade tomada por dada” (taken-for-granted reality). […] Tal comportamento é, antes de tudo, percebido como o oposto do comportamento “normal”, e a normalidade é representada por um comportamento predeterminado pelas próprias estruturas, segundo certos modelos de comportamento, e correspondente ao papel e à posição de quem atua.
Essa “marcação” do comportamento com base no senso comum leva à definição de desvios condizentes com a responsabilidade moral e a resposta social, o que requer a possibilidade de quebrar convenções por meio do comportamento consciente do agressor e de ações diferenciadas de acordo com as normas. Dessa forma, a ciência jurídica pode estabelecer regras criminais ao absorver comportamentos desviantes sob a orientação do bom senso, de forma a determinar a atribuição criminal das seguintes categorias: violação de regras, consciência e vontade.
Assim, o direito penal se empenha em cumprir a obrigação de garantir a segurança jurídica do foro, o que, nas palavras de Zaffaroni82, equivale à função de “proteger os bens (direitos) jurídicos para garantir a coexistência”. Por outro lado, os ativos legais devem refletir valores relevantes conforme percebidos pela sociedade. Portanto, o sistema jurídico precisa transformar os grupos sociais que têm impacto para alcançar o equilíbrio social.
Para Juarez Cirino dos Santos, a violação das regras é o resultado das falhas social devido aos vícios normativos do sistema social, incluindo: a) falta de normas; b) conflitos culturais; c) violações ou bloqueio as regras existentes. Por sua vez, o autor84 apontou:
O restabelecimento do equilíbrio do sistema de regras constitutivas requer (a) ou modificações nas regras para disciplinar as mudanças não previstas (b) ou socialização das áreas subculturas (organizadas em torno de valores diferentes) segundo os valores das regras sociais constitutivas.
Nesse caso, insere-se o conceito de política criminal, que inclui o processo de adaptação à legislação penal e o órgão que a aplica à realidade devido às constantes mudanças na sociedade. Considerando o fracasso das penas de reclusão, as políticas criminais contemporâneas buscam superar a prisão e adotar medidas alternativas. Sobre este assunto, Nilo Batista afirma: 
A constatação pela pesquisa empírica, nos últimos cinquenta anos, do fracasso da pena privativa de liberdade com respeito a seus objetivos proclamados, levou a uma autêntica inversão de sinal: uma política criminal que postula a permanente redução do âmbito de incidência do sistema penal. Assim se estende Fragoso: “uma política criminal moderna orienta-se no sentido da descriminalização e da de judicialização, ou seja, no sentido de contrair ao máximo o sistema punitivo de Estado, dele afastando todas as condutas antissociais que podem ser reprimidas e controladas sem o emprego de sanções criminais”.
Existem vários métodos ou tendências que podem ser usados ​​como forma de reformar o sistema penal. Segundo Juarez Cirino dos Santos86, “a ‘redefinição’ das estratégias de controle social passa pela descriminalização e medidas de descriminalização, que serão aperfeiçoadas na política alternativa criminal”. Portanto, além da prisão, existem métodos mais adequados que podem substituir as formas tradicionais de controle social.
3.1 Processo de Descriminalização
O controle social pode ser definido como uma característica da convivência Sociedade, capaz de atuar de diversas formas, como família, escola, religião até a lei. Por meio do controle social, buscamos construir uma estrutura Capaz de estabelecer uma estrutura organizacional equilibrada entre grupos sociais. Na análise de Zaffaroni (Eugênio Raúl. Manual de direito penal brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 62.): “é certo que toda sociedade apresenta uma estrutura de poder, com grupos que dominam e grupos que são dominados, com setores mais próximos ou mais afastados dos centros de decisão”.
Atualmente com a cada vez maior globalização e constante aproximação dos mais diversos grupos sociais
aos centros de tomadas de decisões, no direito penal, permite o surgimento de dúvidas sobre a forma que o poder punitivo do estado tem sido usado, em maioria sobre à igualdade e o direcionamento das normas penais. Ou seja, cegamos próximo a teoria do “Labeling Approach” ou como é conhecido “Etiquetamento Social”.
O Labeling approach significa enfoque do Etiquetamento, e tem como tese central a ideia de que a criminalidade é resultado de um processo de imputação, “a criminalidade é uma etiqueta, a qual é aplicada pela polícia, pelo ministério público e pelo tribunal penal, pelas instâncias formais de controle social” (HASSEMER, 2005, p. 101-102, grifo do autor).
Hassemer (2005) explica que a lei em tese, não deve se ater a garantir de modo inquestionável e continua a sua própria aplicação no caso concreto, desde modo, é necessária à interpretação do juiz, a partir deste momento ela atinge a precisão. É de cunho do juiz comtemplar, corrigir e tornar o mais aperfeiçoada possível a lei. 
De acordo com o estudo de Alessandro Baratta (Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011, p. 162), o direito penal deveria cumprir de forma igualitária o dever de proteger todos os cidadãos contra ofensas aos bens jurídicos tidos como essenciais; bem como deveria dar a autores de comportamentos antissociais e ou que violem as normais penalmente sancionadas o direito de ter chances iguais de se tornarem sujeitos do processo de criminalização, submetendo-se as mesmas punições daqueles que editam a lei. Nessa reflexão, Baratta suscita que no direito penal como um todo há uma grande desigualdade, uma vez que: 
a) o direito penal não defende todos e somente os bens essenciais, nos quais estão igualmente interessados todos os cidadãos, e quando pune as ofensas aos bens essenciais o faz com intensidade desigual e de modo fragmentário; b) a lei penal não é igual para todos, o status de criminoso é distribuído de modo desigual entre os indivíduos; c) o grau efetivo de tutela e a distribuição do status de criminoso é independente da danosidade social das ações e da gravidade das infrações à lei, no sentido de que estas não constituem a variável principal da reação criminalizante e da sua intensidade.
De acordo com essa visão, os tipos penais seriam formulados com o objetivo prévia de precaver aquelas condutas tipicamente praticadas por indivíduos integrantes das classes sociais mais vulneráveis, enquanto resguardam às classes dominantes sanções com um grau de severidade menor.
Portanto, é óbvio que os processos criminais são efetivamente promovidos de forma extremamente ineficiente, pois apenas parte do crime é efetivamente resolvido. Em outras palavras, de fato, quando os detentores do poder punitivo propunham o objetivo de exercer o controle social, eles não conseguiram alcançá-lo com sucesso devido a deficiências estruturais ou à ineficiência do sistema normativo.
3.2 Despenalização
Além da descriminalização, a despenalização se apresenta como uma alternativa saudável à interferência criminal por meio da imposição de penas de prisão. Na verdade, tal medida nada mais é do que uma das linhas atualmente propostas para a reforma dos sistemas penais.
Nas palavras de Zaffaroni:
A despenalização é o ato de “degradar” a pena de um delito sem descriminalizá-lo, no qual entraria toda a possível aplicação das alternativas às penas privativas de liberdade (prisão de fim de semana, multa, prestação de serviços à comunidade, multa reparatória, semidetenção, sistemas de controle de conduta em liberdade, prisão domiciliar, inabilitações etc.).
De fato, a política criminal adotada pelo Brasil vem implementando medidas de descriminalização, com foco nas instituições denominadas "sursis" previstas no art. 77, do Código Penal, que inclui a possibilidade de suspender a privação de liberdade por não mais de dois anos, sujeito a certas condições determinadas pelo tribunal com base no art. 78 diplomas idênticos em direito.
Além disso, os artigos 181 e 182 do Código Penal alteram certos tipos de crimes de violação de propriedade, mas o direito de representação deve ser obtido antecipadamente antes de crimes cometidos contra cônjuges separados ou separados judicialmente, irmãos, tios ou sobrinhos que vivem com agentes é isentos de punição para os cônjuges, ofensores de comportamento ascendente ou descendente. Vale destacar que de acordo com 10.741 / 2003, o art. 181 e 182 do Código Penal não se aplicam a furto ou extorsão, ou a pessoas, estranhos envolvidos no crime e, em qualquer caso, se o crime constituir uma ameaça grave ou violência por mais de sessenta anos.
Por outro lado, cabe destacar que, ao contrário da descriminalização, na despenalização a conduta praticada continua sendo considerada crime, e o agente é efetivamente condenado. Da mesma forma, a despenalização é diferente da diversificação, porque se trata de uma alternativa ao processo penal, incluindo a possibilidade de suspender o processo sem chegar a uma decisão preferencial, enquanto a primeira equivale a desistir da execução da pena após a condenação do réu
3.3 Descriminantes putativas 
O suposto discriminador vem de um mal-entendido da realidade Agente, isso fará com que você implemente um comportamento típico. Putare do latim significa erro, enquanto Putativum é composto de coisas que deveriam ser legais ou reais, mas este não é o caso. Este Portanto, a discriminação presuntiva inclui danos causados ​​por agentes a bens jurídicos Por causa de um erro mental, eles praticarão um comportamento típico. De acordo com o § 1°, do art. 20, do Código Penal: “é isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo”.
Na verdade, o engano pode ser factual ou normativo. Na verdade, o enganador pensa Ele pertence a uma das premissas permitidas fornecidas pelo campo. Código Penal 23 (Necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento das obrigações legais ou estado de exercício das funções lei). Por exemplo, em uma situação de autodefesa hipotética, isso é prescrito no campo. 25 O Código Penal, onde os eventos do mundo físico mostram os agentes necessidade de repelir agressões injustas óbvias, o que significa perigo ou iminente Perigo. Neste caso, o comportamento é razoável porque o agente pensa que é seu Comportamento básico nesta situação óbvia. No entanto, nesses casos, se ocorrer um erro A percepção da realidade é evitável, o agente responderá por culpa, conforme estabelecido pelo art. Artigo 20 do Código Penal.
Segundo Zaffaroni (Eugênio Raúl. Manual de direito penal brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 580), a exigibilidade de compreensão acerca da ilicitude ou dá possibilidade de evitar o erro consiste em problemas a serem analisados ​​em circunstâncias específicas. Portanto, é impossível estabelecer regras fixas que sejam úteis em Situação extrema. Portanto, os elementos de características Dados pessoais da pessoa em questão, como especialização, educação, grupo cultural e Possíveis ambiguidades jurídicas, contradições jurídicas ou administrativas, opiniões segundo o autor, é como a culpa, o que é impossível ignore a configuração de regras específicas individuais.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 	
Após muito tempo seguindo políticas voltadas para o encarceramento e sem uma obtenção de resultados positivos no processo de ressocialização dos indivíduos tidos como “delinquentes” - fracasso esse que é visível nos acontecimentos que mostram a falência do sistema carcerário, com as cada vez mais frequentes rebeliões nos presídios brasileiros, citando como o massacre do Carandiru, datado no ano de 1992 – na segunda metade do século XX, começaram a surgir políticas que propõe uma reconstrução do direito penal, atuando na reparação e educação de modo preventivo, como citou Pitágoras a cerca de 500 a.c “educai as crianças e não
será preciso punir os homens”. 
Seguindo a linha de pensamento do professor Alessandro Baratta (Criminologia crítica e crítica do direito penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011.), que sugere um modelo alternativo onde o direito penal não se faz necessário, onde a sociedade tivesse superado a necessidade de punição. Segundo o autor, a superação do direito penal somente seria possível se a sociedade evoluísse como um todo, corrigindo dos pontos fracos.
Com tal evolução a sociedade passaria por um período de formação do corpo social, que passaria por um processo com total disponibilidade de oportunidades nas mais variadas áreas da sociedade, possuindo os recursos necessários para seu pleno desenvolvimento. Isso traria um reflexo imediato nos índices criminais e novas formas legislativas de agir. 
Devido à grande mudança no sistema penal, deixaria de lado um código escrito, pautado na civil law, desenvolvido na primeira metade so século XX. Contudo, as mudanças culturais ainda recairiam sobre a sociedade, com destaque especial no caso da honra. 
Nesse contexto, sendo que a honra é um bem jurídico relativo e amplo, com sua tutela baseada no direito penal, mostra-se questionável. Uma vez que uma conduta delituosa deve ser definida por meios objetivos. Em outra perspectiva é certo afirmar que os crimes de calunia, difamação e injuria derivam da política criminal adotada. 
Em síntese, descriminalizar os crimes contra a honra não seria desperdiçar ou perder o bem jurídico em si, mas sim atuando de forma mais inteligente, tendo como prioridade o auxílio a vítima e a punição ao autor.
Concluímos que ao privilegiar uma certa linha de menor intermédio do estado com ações menos lesivas, preferindo a composição dos conflitos em contra via da marginalização do indivíduo, a sociedade passaria a ser algo menos dependente do direito penal, conseguindo uma forma mais limpa e hígida na prestação jurisdicional. 
5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 
ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A ilusão de segurança jurídica: a violência do controle penal. 2. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal. 6. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. 
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula n° 227. A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 05 de outubro de 1988.
BUSATO, Paulo César. Direito penal: parte geral. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
GARCIA, Basileu. Instituições de direito penal. 4. ed. São Paulo: Max Limonad, 1972.
Nardelli:https://gustavonardelliborges.jusbrasil.com.br/artigos/779371457/calunia-difamacao-e-injuria
MUÑOZ CANDIDO, Francisco, Derecho Penal – Parte Especial, p. 274	
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal comentado. 14. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2014. 
NUCCI, Guilherme de Souza. Prisão e liberdade: as reformas processuais penais introduzidas pela Lei 12.403, de 4 de maio de 2011. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. 
PRADO, Luiz Regis. Curso de direito penal brasileiro. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.
ZAFFARONI, Eugênio Raúl. Manual de direito penal brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

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