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MONOGRAFIA PDF acidente de trabalho

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UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL - USCS 
 
 
 
 
 
VINÍCIUS RONCHI ARRUDA 
 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR NO ACIDENTE DE 
TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO CAETANO DO SUL 
2015 
 
2 
 
VINÍCIUS RONCHI ARRUDA 
 
 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR NO ACIDENTE DE 
TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade Municipal de 
São Caetano do Sul, como requisito para 
conclusão do Curso de Direito. 
 
Orientador: 
 
 
 
 
SÃO CAETANO DO SUL 
2015 
3 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BANCA 
 
VINÍCIUS RONCHI ARRUDA 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR NO ACIDENTE DE 
TRABALHO 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado à Universidade Municipal de 
São Caetano do Sul, como requisito para 
conclusão do Curso Direito, examinado 
pela seguinte Comissão de professores: 
 
 Data da Aprovação: 
 
_____________________________ 
Nome Professor 
 
 
_____________________________ 
Nome Professor 
 
 
_____________________________ 
Nome Professor 
 
São Caetano do Sul 
 2015 
5 
 
 
 
Dedico este trabalho, primeiramente a 
Deus, por sua essencialidade em minha 
vida, autor de meu destino, meu guia, meu 
socorro presente na hora da angústia, de 
igual modo, também a meu pai Miguel 
Arruda, e minha mãe Joseane Aparecida 
Ronchi Arruda, pois tenho concreta 
certeza que sem o apoio, de todas as 
variadas formas, de ambos, chegar até 
onde estou neste momento não seria 
possível, e, por fim, a todos os amigos 
presentes em minha essência, que de 
algum modo me apoiaram, demonstrando 
carinho e suporte ao longo desta árdua, 
porém recompensadora jornada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
“Se vai tentar 
siga em frente. 
 
Senão, nem começe! 
Isso pode significar perder namoradas 
esposas, família, trabalho...e talvez a 
cabeça. 
 
Pode significar ficar sem comer por dias, 
Pode significar congelar em um parque, 
Pode significar cadeia, 
Pode significar caçoadas, desolação... 
 
A desolação é o presente 
O resto é uma prova de sua paciência, 
do quanto realmente quis fazer 
E farei, apesar do menosprezo 
E será melhor que qualquer coisa que 
possa imaginar. 
 
Se vai tentar, 
Vá em frente. 
Não há outro sentimento como este 
Ficará sozinho com os Deuses 
E as noites serão quentes 
Levará a vida com um sorriso perfeito 
É a única coisa que vale a pena.” 
Charles Bukowski”. 
 
 
 
8 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem por objetivo avaliar no contexto das últimas décadas 
no Brasil como se dá a segurança do trabalho nas empresas e falar do acidente de 
trabalho e a saúde do trabalhador, assim como o aspecto da responsabilidade civil 
do empregador quanto ao acidente de trabalho, assim como pretende a partir desta 
pesquisa visualizar a importância da segurança do trabalho e a prática nestas 
empresas de acordo com a lei. O trabalho teve cunho bibliográfico com revisão de 
autores, levantamento de contexto histórico da segurança do trabalho no Brasil e 
contou com procedimentos descritivos e análise qualitativa. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Segurança. Trabalho. Empresas. Equipamentos. Importância. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
ABSTRACT 
 
This study aims to evaluate in the context of the last decades in Brazil as it 
gives job security in companies and talk about accidents at work and workers' health, 
as well as the aspect of the employer's liability regarding the accident at work, as you 
want from this research see the importance of workplace safety and practice in these 
companies in accordance with the law. The study was bibliographical review with 
authors, historical context survey work security in Brazil and involved descriptive 
procedures and qualitative analysis. 
 
KEYWORDS: Security. Work. Companies. Equipment. Importance. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO............................................................................................ 
1. O ACIDENTE DO TRABALHO............................................................... 
1.1 Conceito................................................................................................ 
1.2 Espécies de Acidente do Trabalho......................................................... 
2. A RESPONSABILIDADE CIVIL............................................................... 
2.1 Caracterização........................................................................................ 
2.2. Responsabilidade Civil e Penal.............................................................. 
2.2.1. Contratual e Extracontratual............................................................... 
2.3. Responsabilidade Subjetiva e Objetiva................................................. 
2.3.1 A Culpa ............................................................................................... 
2.3.2 O Dano................................................................................................ 
2.3.3 O Nexo de Causalidade...................................................................... 
2.4. Responsabilidade Objetiva: A Teoria do Risco...................................... 
3. O ACIDENTE DO TRABALHO E A RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
EMPREGADOR........................................................................................... 
3.1 A Proteção do Trabalho sob a Ótica Constitucional e Principiológica.. 
3.2 A Socialização dos Riscos.................................................................... 
3.3 Indenização Acidentária e Comum: por que coexistem?...................... 
3.4 A Responsabilidade Objetiva e o Acidente do Trabalho....................... 
3.4.1 O entendimento doutrinário................................................................ 
3.4.2 A posição jurisprudencial.................................................................... 
CONCLUSÃO............................................................................................. 
REFERÊNCIAS........................................................................................... 
 
 
 
 
 
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:uY_P2vxl9PkJ:www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/33750-44002-1-PB.pdf+&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-a#40
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INTRODUÇÃO 
 
Atualmente, segurança no trabalho é um tema trabalhado e disseminado em 
todo o mundo, mesmo que ainda em estágios diferentes em cada local. 
Independente do campo de atividade da organização, este assunto é de interesse de 
qualquer empresa visto que a responsabilidade social e a preocupação com o bem 
estar dos funcionários e de seus familiares são assuntos muito discutidos. 
Frequentemente ocorrem casos em que a execução dos trabalhos, pessoas são 
obrigadas a acessar áreas de risco das máquinas, seja no instante de alimentar e 
retirar as peças, para proceder à limpeza, ou na manutenção e até mesmo em seu 
manuseio de processo produtivo. 
 
 São nestes momentos é que a segurança do operador deve estar garantida. 
Cada vez mais se constata a necessidade de criar ações e instalar dispositivos que 
atuem de forma preventiva na ocorrência de acidentes, mecanismos estes que 
atuem de forma inteligente junto ao processo, a fim de propiciar redução nas 
condições inseguras do trabalho e na redução dos riscos de acidentes. 
 
A exposição à constante competitividade leva estas organizações, 
independentementedo tamanho ou forma, a desenvolverem estratégias de gestão 
diferenciadas. A empresa não se isenta da necessidade deste tipo de gestão, 
tampouco está alheia aos efeitos da competitividade de mercado. 
 
Em busca de maior capacidade de competição, a empresa procura focar na 
atividade-fim suas estratégias que contribuem positivamente. Nem sempre isso 
retrata economia financeira, mas trata-se de uma alternativa para melhor 
aproveitamento dos recursos internos, maior foco na operação e minimização de 
riscos. 
 
Assim, o presente trabalho irá objetivar a partir do contexto e histórico da 
segurança do trabalho e as condições seguras que o mesmo deve seguir. 
 
12 
 
As pequenas empresas estão cada vez mais frágeis as ameaças 
contemporâneas de competitividade, e muitas vezes não seguem leis quanto a 
segurança do trabalho por isso, o presente trabalho se faz necessário para contribuir 
no estudo acerca de como implantar a segurança do trabalho nas pequenas 
empresas no Brasil. 
 
A presente pesquisa se justifica na necessidade de orientar as empresas 
neste sentido. De acordo com a previdência Social:1 
 
A ausência de segurança nos ambientes de trabalho no Brasil gerou no ano 
2000 um custo de cerca de R$ 23,6 bilhões para o país, equivalente a 2,2% 
do PIB. Deste total, R$ 5,9 bilhões correspondem a gastos com benefícios 
acidentários, aposentadorias especiais e reabilitação profissional. O 
restante da despesa referem-se à assistência à saúde do acidentado, 
indenizações, retreinamento, reinserção no mercado de trabalho e horas de 
trabalho perdidas. 
 
Segundo Beuren (2006), a pesquisa qualitativa possibilita uma análise mais 
minuciosa em relação ao fenômeno que está sendo estudado. Apesar de a 
contabilidade usar muitos números, é uma ciência social, e não uma ciência exata, o 
que explica a importância do uso da abordagem qualitativa. 
 
Segundo Beuren (2006), a pesquisa quantitativa busca a sua importância ao 
ter o objetivo de garantir a precisão dos resultados, afastarem distorções de análise 
e interpretação, efetivando uma margem de confiabilidade quanto às conclusões 
obtidas. Na opinião de Lakatos e Marconi (1991, p.83), método é “o conjunto de 
atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite 
alcançar o objetivo conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser 
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”. 
 
A execução deste estudo parte do método indutivo, a respeito do assunto, Gil 
(1999, p. 28) complementa que “parte do particular e coloca a generalização como 
um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares”. Na composição 
desta análise, utilizou-se o método indutivo, porém para atingir o objetivo geral 
alcançou-se, primeiramente, os objetivos específicos. 
 
1 Segurança do trabalho no Brasil. Previdência Social. Outubro de 2001, volume 13, número 10. 
13 
 
Outro tipo de pesquisa aplicada foi a descritiva, que possui como principal 
objetivo descrever as informações coletadas junto a determinado fenômeno ou 
população, ou, ainda, buscar estabelecer relações entre situações variáveis (GIL, 
2002). 
 
Ressalte-se a previsão da Súmula 47 do TST, que afirma que "O trabalho 
executado em condições insalubres, em caráter intermitente, não afasta, só por essa 
circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional." (BRASIL, 2011). O site 
da Receita Federal define o FAP como: 
 
O Fator Acidentário de Prevenção que afere o desempenho da empresa, 
dentro da respectiva atividade econômica, relativamente aos acidentes de 
trabalho ocorridos num determinado período. O FAP consiste num 
multiplicador variável num intervalo contínuo de cinco décimos (0,5000) a 
dois inteiros (2,0000), aplicado com quatro casas decimais sobre a alíquota 
RAT (BRASIL, 2011). 
 
A origem da segurança do trabalho no Brasil vem atrelada aos custos que a 
falta da mesma causou. Parte deste “custo segurança no trabalho” afeta 
negativamente a competitividade das empresas, pois aumenta o preço da mão-de-
obra, o que se reflete no preço dos produtos. 
 
Por outro lado, ocorre o incremento das despesas públicas com previdência, 
reabilitação profissional e saúde reduzindo a disponibilidade de recursos. 
 
O comando constitucional inserto no § 10 do art. 201 da Constituição Federal, 
na redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998, estabelece que lei 
disciplinará “a cobertura de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente 
pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado”. 
 
Para atender a esse dispositivo, o Ministério da Previdência e assistência 
Social, em conjunto com outros órgãos de governo, elaborou proposta de nova 
estrutura de cobertura dos riscos de acidentes do trabalho, pautando-se pela 
experiência acumulada e buscando referências no cenário internacional. 
 
14 
 
 O enfoque primordial de um seguro contra acidentes do trabalho é a 
prevenção do dano e a promoção de condições saudáveis do ambiente do trabalho 
e otimizar as ações compensatórias. Isto significa reorientar todo o processo, 
atualmente cristalizado na concessão de prestações substitutivas da renda e em 
medidas punitivas em face do não cumprimento de normas de proteção. Para tanto, 
impõe-se o envolvimento de todos os interessados, mediante instrumentos que os 
levem evitar a ocorrência de acidentes com todas as suas perversas consequências. 
 
Nesse sentido, há que se prever mecanismos que efetivamente induzam o 
investimento em prevenção. A prevenção dos riscos e danos do trabalho é de 
responsabilidade de todos os envolvidos no processo produtivo: da empresa, do 
segurado e das administradoras do sistema, em ação conjunta e integrada, sendo 
fiscalizada pelos órgãos competentes, segundo direitos e obrigações claramente 
estabelecidos para todas as partes. 
 
Muito em foco em tempos modernos, o tema Responsabilidade Civil é alvo de 
grandes debates acerca de toda sua controvérsia e dúvida, visto a sua vasta 
interpretação, não sendo de forma diferente quando se trata tal instituto no âmbito 
do Direito do Trabalho. 
 
Remetendo-se a tempos passados, há de se observar que os processos eram 
julgados de forma diversa a da atual, qual seja, pela própria justiça comum. Hoje, ao 
observarmos a criação da Emenda Constitucional nº 45 de 8 de Dezembro de 2004, 
analisamos que a mudança atribuiu à própria Justiça do Trabalho a competência 
para realizar o julgamento dos processos com esta temática. 
 
Apesar de algumas divergências imputadas à área trabalhista acerca da 
responsabilidade do empregador em meio ao acidente de trabalho ser subjetiva ou 
objetiva, tem se por claro que a responsabilidade à ele atribuída é de forma objetiva. 
 
O estudo do presente tema, anteriormente supracitado, é inteiramente 
justificado visto a sua importância, bem como seu crescimento espontâneo atual, e 
claro, por interesse próprio desse que lhe escreve. 
15 
 
No desenvolvimento do presente, fora empregado o método dedutivo, sendo 
assim analisadas premissas gerais referentes ao acidente do trabalho e a 
responsabilidade civil, a fim de chegar a uma conclusão, mais especificada, acerca 
da responsabilidade civil do empregador, com foco, aos casos de acidente do 
trabalho. 
 
A técnica de pesquisa utilizada consiste na revisão bibliográfica, sendo 
realizada ainda análise jurisprudencial, concernente à matéria abordada. 
 
Aos trabalhadores lhe são assegurados inúmeros direitos, estes os quais 
ainda dão margem a leitura de outros, visando em conjunto nada além de uma 
significativa melhora do aspecto da condição social do trabalhador, tais direitos são 
devidamente preestabelecidos conforme o artigo 7º da Constituição Federal de 
1988, ainda, acerca do referido artigo supra, pertinente se faz salutar seu inciso 
XXVIII, o qualversa sobre o encargo do empregador ao pagamento de seguros 
contra acidentes do trabalho, de forma a não excluir, assim, a indenização a este 
atrelado, quando incorrer sobre dolo ou culpa. 
 
Atualmente, com o frequente avanço na modernização do ramo, aliado a 
crescente transformação social, é comum que a não possibilidade de prova quanto a 
culpa do empregador pela vitima de acidente do trabalho. Assim, inserido neste 
contexto eis que surge uma nova corrente teoria que sustenta a responsabilidade 
objetiva, ou seja, sem a existência de culpa, esta teoria é chamada de “teoria do 
risco”. 
 
Neste passo, com embasamento legal junto ao artigo 927 parágrafo único do 
Diploma Legal Civil, e dentre outros dispositivos legais, conforme o anteriormente 
supracitado artigo 7º da Constituição Federal de 1988 é defendido a referida teoria 
do risco, vez que se pode dizer que ao tratar de atividade de risco, basta que seja 
demonstrado o dano pela vítima experimentado, bem como a existência do nexo 
causal entre este dano com a atividade empregada pelo trabalho, para que exista o 
dever à indenização. 
 
16 
 
Desta ótica então, se perfaz o ponto principal a ser discutido nesta presente 
monografia, qual seja, é admissível que o empregador seja civilmente responsável 
pela ocorrência de um acidente, em que seu empregado tenha a condição de 
vitimado, quando em decorrência de seu serviço prestado, mesmo que tal situação 
tenha ocorrido sem a existência de dolo ou culpa para eventual ensejo ao incidente? 
 
O principal objetivo do atual trabalho ampara-se na analise acerca das teorias 
já existentes sobre a responsabilidade civil do empregador em casos de acidente de 
trabalho, limitando-se em ponderar que a referida responsabilidade deve ser 
atribuída quando esta ocorrer de culpa ou pela teoria do risco. 
 
Para tal, da se por inicio, no primeiro capitulo, a conceituação do tema 
abordado, bem como suas espécies, e seus desdobramentos. Ainda dentro deste 
contexto o presente abordará argumentos relativos a medicina do trabalho, sejam 
estas medidas preventivas, equipamentos de proteção individual, bem como a 
comissão interna de prevenção de acidentes. 
 
Referente ao capítulo seguinte, este tem maior foco na responsabilidade civil, 
mais precisamente, no âmbito do acidente de trabalho. Sendo realizado a distinção 
de diferença entre a responsabilidade civil contratual e extracontratual, bem como da 
responsabilidade civil subjetiva e objetiva, assim sendo ainda restringidos os 
pressupostos em comum em ambas as teorias, quais sejam, dano e nexo de 
causalidade, como também a culpa, todavia este é um elemento essencial ao que 
concerne a responsabilidade subjetiva. 
 
Neste passo, os demais elementos como a culpa presumida, a inversão do 
ônus da prova e a própria idéia de trazer para si o risco, no caso para o empregador, 
são fundamentos a serem abordados nos tópicos seguintes, dizendo respeito acerca 
da responsabilidade objetiva. Por fim, serão observadas as excludentes de 
responsabilidade civil no âmbito estudado. 
 
Por derradeiro, o terceiro capitulo deste trabalho, analisará a proteção do 
trabalhado sob a duas visões, a constitucional e a principiológica, pretendendo 
demonstrar assim que o estudo dirigido sobre este tema não se resume aos direitos 
17 
 
sociais. Assim, será abordada também a socialização dos riscos, dando maior 
profundidade as desvantagens para ambas as partes com a ocorrência do acidente 
de trabalho. Sendo ainda debatido no andamento da presente a coexistência entre a 
indenização acidentaria e a comum, e sua possível cumulação. 
 
E, ao final, após a superação de todas as questões, que versão sobre o tema 
aqui abordado, encontra-se o assunto de principal pertinência acerca deste trabalho, 
sendo este a aplicabilidade, quando esta se encaixar, da responsabilidade civil 
objetiva do empregador nos específicos casos de acidente de trabalho. Sendo por 
finalizado com levantamentos de posições doutrinarias, bem como jurisprudenciais, 
e a ánalise de caso a caso de ambas as opiniões. 
 
Tendo ainda como passo final a ser alcançado, a mera conclusão de todo o 
exercício de trabalho aqui empregado para fins de um conhecimento, além do 
superficial, a ser alcançado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
1. ACIDENTE DE TRABALHO 
1.1. Conceito 
 
E todo evento indesejado ou inesperado, cuja principal característica é 
provocar no trabalhador lesão corporal ou perturbação que pode causar sua morte 
ou perda de redução permanente ou perda temporária da capacidade do trabalho, 
incluindo acidente de trajeto é aquele que é sofrido no percurso de sua residência 
para o local de trabalho ou da casa para o trabalho, qualquer que seja o meio de 
locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. (BARSANO, 2011). 
 
Além da morte e do sofrimento para o trabalhador e sua família, os acidentes 
de trabalho têm reflexos sociais, ambientais e econômicos, quando ocorre algum 
acidente em uma organização que tem especialista do SESMT, dizem que a 
segurança falhou, ou seja, estava errada a política a política segurança da empresa, 
pois o principal objetivo com a CIPA e prevenir acidentes decorrentes do trabalho. 
(MATOS. ET AL, 2011). 
 
Acidente do trabalho: É o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da 
empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados previdenciários, provocando 
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, 
permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. 
 
1.2 Espécies de Acidente do Trabalho 
 
Consideram-se acidente do trabalho: 
 
I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo 
exercício do trabalho peculiar a determinada atividade constante da respectiva 
relação elaborada pelo Ministério da Previdência Social; 
II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de 
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione 
diretamente, constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério da 
Previdência Social. 
 
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2. RESPONSABILIDADE CIVIL 
 
No que tange a responsabilidade civil, a mesma está prevista na Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988 em seu artigo 37, parágrafos 5º e 6º, que 
trata da Responsabilidade Extracontratual do Estado, mas possibilita as ações de 
ressarcimento pela administração pública aos seus servidores por ilícitos cometidos 
contra particulares, ou seja, prevê o direito de regresso contra o responsável que 
causar o dano, nos casos de dolo ou culpa. Ressalta-se ainda que em relação ao 
ressarcimento ao erário é imprescritível, nesse sentido: 
 
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por 
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, 
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. 
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de 
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. (grifo meu) 
(BRASIL, 2013a) 
 
 A respeito da responsabilidade penal, a mesma está prevista no Código 
Penal (Decreto Lei 2.848 de 1940), que dedicou o capítulo I do título XI, inteiramente 
aos crimes contra a administração pública, como exemplos: “o peculato, emprego 
irregular de verbas ou rendas públicas e corrupção passiva entre outros”, sendo o 
ultimo desses, conhecido notoriamente por assolar reiteradamente a administração 
pública brasileira, o qual prevê pena de até 12 anos de reclusão, vejamos: 
 
Corrupção passiva 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em 
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (BRASIL, 2013b) 
 
Já a responsabilidade administrativa está prevista na Lei 8.112 de 1990 que 
estabelece o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das 
autarquias e das fundações públicas, disciplina a possibilidade da cumulatividade 
das sanções civis, penais e administrativas, permitindo a aplicação de forma 
independente, assim sendo: 
 
 
20 
 
Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, 
sendo independentes entre si. 
 Art. 126. A responsabilidade administrativa do servidor será afastada no 
caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. 
(grifo meu) (BRASIL, 2013c) 
 
 
 A teoria da responsabilidade civil distingue entre a obrigação do devedor no 
sentido de cumprir o que estipulou com o credor (num contrato) e a obrigação de 
reparar o dano causado por ação ou omissão 
voluntária, negligência, imprudência ou imperícia (em direito civil, o chamado "ato 
ilícito"). 
 
Dá-se ao primeiro caso o nome de responsabilidade contratual ou ex 
contractu e ao segundo, responsabilidade delitual, aquiliana (devido à Lex Aquilia, 
uma lei romana de 286 a.C. sobre o assunto), extra-contratual ou ex delictu. 
 
A teoria clássica da responsabilidade civil aponta a culpa como o fundamento 
da obrigação de reparar o dano. Conforme àquela teoria, não havendo culpa, não há 
obrigação de reparar o dano, o que faz nascer a necessidade de provar-se o nexo 
entre o dano e a culpa do agente.2 
 
Mais recentemente, porém, surgiu entre os juristas uma insatisfação com a 
chamada teoria subjetiva (que exige a prova da culpa), vista como insuficiente para 
cobrir todos os casos de reparação de danos: nem sempre o lesado consegue 
provar a culpa do agente, seja por desigualdade econômica, seja por cautela 
excessiva do juiz ao aferi-la, e como resultado muitas vezes a vítima não é 
indenizada, apesar de haver sido lesada. 
 
 
 
 
 
2 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade Civil. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Contrato
http://pt.wikipedia.org/wiki/Neglig%C3%AAncia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imprud%C3%AAncia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imper%C3%ADcia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_civil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ato_il%C3%ADcito
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ato_il%C3%ADcito
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Lex_Aquilia&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_romano
http://pt.wikipedia.org/wiki/286_a.C.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Culpa
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dano
21 
 
2.1. Caracterização 
 
A caracterização da responsabilidade pode ser esclarecida nos artigos abaixo: 
 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua 
companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas 
condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no 
exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue 
por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e 
educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a 
concorrente quantia. 
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não 
provar culpa da vítima ou força maior. 
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de 
sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. 
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente 
das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido." 
 
 
Ainda, de acordo com Arnoldo Wald3: 
 
A responsabilidade pode ser legal, quando do o dever não cumprido é 
imposto pela lei ou contratual, quando decorre de convenção entre as 
partes. A responsabilidade legal é também denominada aquiliana por ter 
sido a Lei Aquilia uma das primeiras, no direito romano, a tratar da matéria. 
Há responsabilidade legal, quando alguém causa a outrem lesão corporal 
(violação do direito da personalidade referente à integridade física), e 
responsabilidade contratual, quando é infringida uma cláusula contratual 
(v.g., o depositário não devolve a coisa depositada, em virtude de contrato, 
ao depositante".(2004, p.8) 
 
 
No que tange a responsabilidade civil, a mesma está prevista na Constituição 
da República Federativa do Brasil de 1988 em seu artigo 37, parágrafos 5º e 6º, que 
trata da Responsabilidade Extracontratual do Estado, mas possibilita as ações de 
ressarcimento pela administração pública aos seus servidores por ilícitos cometidos 
contra particulares, ou seja, prevê o direito de regresso contra o responsável que 
causar o dano, nos casos de dolo ou culpa. Ressalta-se ainda que em relação ao 
ressarcimento ao erário é imprescritível, nesse sentido: 
 
 
3 WALD, Arnoldo. Curso de Direito Civil: Introdução e Parte Geral. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 
_______. Curso de Direito Civil: Obrigações e Contratos. 16. ed. – São Paulo: Saraiva, 2004. 
22 
 
§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por 
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, 
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. 
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de 
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. (grifo meu) 
(BRASIL, 2013a) 
 
Adentrando ao conceito de responsabilidade civil, ao citar a Responsabilidade 
Extracontratual do Estado, pressupõe que não exista vinculo jurídico, ou se quer 
algum contrato entre o particular e o Estado. 
 
Além da expressa previsão constitucional, a própria doutrina ensina que a 
responsabilidade recai diretamente ao Estado, quer seja pessoas de direito público 
ou pessoas de direito privado prestadoras de serviços públicos. 
 
Na concepção de Fernanda Marinela (2011, p.941): “A responsabilidade é 
atribuída à pessoa jurídica em razão do princípio da impessoalidade, em que o ato 
praticado.” 
 
2.2. Responsabilidade Civil E Penal 
 
 Sobre a responsabilidade civil e penal a doutrina traz á baila algumas 
diferenças. 
 
 Segundo entendimento de Sergio Cavalieri Filho “para o direito penal é 
transportado apenas o ilícito de maior gravidade objetiva, ou que afeta mais 
diretamente o interesse público, passando, assim o ilícito penal”. Todavia o ilícito 
civil for de menor gravidade não há que se falar em medida repressiva de cunho 
criminal. (CAVALIERI FILHO, 2012, p, 16.). 
 
 Segundo (Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald e Felipe 
Peixoto Braga Netto, 2014), citado por PAUL RICOE, para chegar a um conceito 
atual de responsabilidade civil o filosofo fez análises históricas ao qual inclui “ o 
emprego contemporâneo do termo responsabilidade”. 
23 
 
 Diante de discursões sobre a definição de responsabilidade a doutrina 
trouxe criticas uma delas é a respeito da definição em direito Civil, por manter um 
sentido clássico e também um sentido estável do século XIX, portando a ideia estrita 
de obrigação. O então filosofo RICOEUR expõe a seguinte definição “imputar uma 
ação a alguém é atribui-la a esse alguém como o seu verdadeiro autor, lançara-la 
por assim dizer á sua conta e torna-lo responsável por ela”. (FARIAS ROSENVALD 
E NETTO, 2014. P. 43, 45). 
 
 Essa é a noção de inovação de imputabilidade utilizada por Kant, teve “como 
um juízo de atribuições de uma ação censurável a alguém, como oseu autor 
verdadeiro”. A junção de ambas ideias, e firmou a seguinte “ a atribuição de uma 
ação a um agente e a qualificação moral e geralmente negativa desta ação”. 
Conclusão segundo os doutrinadores Cristiano de Farias, Nelson Rosenvald e Felipe 
Peixoto Braga Netto “A responsabilidade mantém a sua vocação retrospectiva- em 
razão da qual somos responsáveis pelo que fizermos- acrescida de uma orientação 
prospectiva, imputando-nos a escolha moral pela virtude, sob pena de nos 
responsabilizarmos para o futuro.” (FARIAS, ROSENVALD E NETTO, 2014. P. 43, 
45 ). 
 
 O profissional da advocacia que agiu de má fé, prejudicando a sentença que 
ao cliente poderia ter obtido situação favorável. Assim, existe a possibilidade de 
responsabilidade civil do advogado, ao mesmo deve responder em caso de lide 
temerária, ou seja, distorcer verdades dos fatos ou quando ambas as partes 
profissional e cliente agem em litisconsortes para lesionar a parte contrária. 
 
Assim só poderá responsabilizar o advogado quando, por dolo e intenção 
manifesta de prejudicar ou locupletar-se, cause prejuízo ao seu cliente, ou 
com extrema culpa, atuando de modo tão insatisfatório, atabalhoado 
displicente e imperito que a relação causal entre esse agir e o resultado 
fique evidente. ( STOCO, 2007, p. 500). 
 
 Por outro lado, segundo Rui Stoco o Código Civil francês e o Código de 
Napoleão. teve influencia para o direito brasileiro no que se refere a 
responsabilidade Civil ;“ embora abolidos a distinção Francesa entre “ delitos” e “ 
quase delitos” para tratar de ambos como os “ atos ilícitos”. ( STOCO, 2007, P 106). 
24 
 
 Há de se admitir que por um período de tempo o Código Civil Frances 
exerceu grande influencia sobre o Direito brasileiro. 
 
 A Constituição vigente trata da responsabilidade civil com o status de tutela a 
direitos individuais e coletivos. O art.5º inciso V e X expõe deveres de indenizar e 
estabelece equilíbrio moral entre o dano e obrigação de indenizar. 
 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
 
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação; 
 
 No que se refere à situação de lesante e lesado tanto a Carta magma como 
também a doutrina dispõem da responsabilidade civil para danos materiais e morais 
quando “houver infração de norma jurídica civil ou penal causadora de danos”. 
Entretanto a responsabilidade civil tem o cunho de estabelecer o equilíbrio moral, 
patrimonial e promover paz social entre os indivíduos. “a ideia de reparação é mais 
ampla do que a de ato ilícito” (DINIZ, 2002 P 8, 9, 18). 
 
 Todavia firmou o posicionamento sobre responsabilidade civil segundo 
Cavalieri Filho “o dano causado pelo ato ilícito rompe o equilíbrio jurídico econômico 
anteriormente existente entre o agente e a vitima. Há uma necessidade fundamental 
de se estabelecer esse equilíbrio o que procura fazer é recolocando o prejudicado 
no status quo ante”. ( CAVALIERI FILHO P,14. 2012). 
 
 O conceito de responsabilidade civil feito pelo doutrinador Sergio Cavalieri Filho 
(2012, p.1) é feita afirmação de San Tiago Dantas, “o direito se destina aos atos 
lícitos pela necessidade de reprimi-los e corrigir os seus efeitos. nocivos” 
CAVALIERI FILHO (2012 p11). 
 
 
 
25 
 
 O Código Civil traz a obrigação de reparação de um dano causado a outrem, 
art. (927c/c art. 186), “entre as modalidades de obrigações existentes (dar, fazer, 
não fazer), o Código incluiu mais uma, qual seja: a obrigação de indenizar”. 
(CAVALHIERI FILHO, 2012.p, 4). 
 
 A Doutrinadora Maria Helena de Diniz despões sobre a obrigação de 
reparação de dano sem culpa: 
 
aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou 
patrimonial causado a terceiros, em razão de ato do próprio imputado, de 
pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua 
guarda (responsabilidade subjetiva) ou, ainda, de simples imposição legal. 
Responsabilidade objetiva Definição esta que guarda, em sua estrutura, a 
ideia da culpa quando se cogita da existência de ilícito e a do risco, ou seja, 
da responsabilidade sem culpa (DINIZ, 2010, p.34). 
 
 
2.2.1. A DIVISÃO DA RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E 
EXTRACONTRATUAL 
 
 O negocio jurídico estipulado entre as partes interessadas e por acordo de 
vontades, gera obrigações, sendo assim a quebra do contrato gera um ilícito. O 
ilícito é a transgressão que ocorre fora do contrato. 
 
 Para Sergio Cavalieri Filho, se trata de “responsabilidade extracontratual se o 
dever jurídico violado não estiver previsto no contrato, mas sim na lei ou na ordem 
jurídica”. (CAVALIERI FILHO, 2012, 17). 
 
 Quanto à prestação de serviços do advogado, é de natureza contratual, em 
que as partes firmam acordos e o mandatário obriga-se a agir utilizando-se de meios 
legais para defender os interesses do mandante. 
 
Recebendo procuração, o advogado tem o dever contratual de acompanhar 
o processo em todas as fases, observando os prazos estipulados e 
cumprindo as imposições do patrocínio, como seja: falar nas oportunidades 
devidas, comparecer as audiências, apresentar as provas cabíveis, agir na 
defesa do cliente e no cumprimento das legítimas instruções recebidas. 
(STOCO, 2007.p. 499) 
 
26 
 
 Em decorrência de um dever jurídico não cumprido pode resultar em dano, a 
partir desse momento nasce à obrigação de indenizar. A doutrina divide a 
responsabilidade civil em contratual e extracontratual. Quando há uma quebra de 
acordos firmada no contrato, nasce o dever ou obrigação de indenizar, vale para 
ambas a regra da violação do dever jurídico: 
 
Consequência do inadimplemento também chamada de ilícito contratual ou 
relativo; se esse dever surgiu em virtude de lesão a direito subjetivo, sem 
que entre o ofensor e a vitima preexista qualquer relação jurídica que o 
possibilite , temos a responsabilidade extracontratual também de ilícito 
aquiliano ou absoluto. (CAVALIERI FILHO, 2012, 18). 
 
 O código Civil através do art. 956 e segs. dispõe o seguinte: 
 
.Art. 956 Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa. 
 Parágrafo único. Se a prestação por causa da mora se torna inútil ao 
credor, este poderá enjeitara-la e exigir a satisfação das perdas e danos. 
 
 No entanto no que diz respeito á inexecução das obrigações há 
consequências segundo dispositivo legal do Código Civil: 
 
Art1056. Não cumprindo obrigação ou deixando de cumpri-la pelo modo e 
no tempo devido, responde o devedor por perdas e danos. 
 
O Código Civil atual traz em seus artigos 393,402 e 403 regras que são 
aplicadas tanto na responsabilidade contratual quanto na extracontratual. 
 
 Para a Doutrinadora Maria Helena Diniz “Duas são as modalidades de 
“Responsabilidade civil extracontratual quanto ao fundamento: a subjetiva, se 
fundada na culpa, e a objetiva, se ligada ao risco (DINIZ, 2002, p.445)”. 
 
2.3. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA 
 
 A responsabilidade civil, além da divisão em contratual e extracontratual 
mencionado no capitulo anterior, também traz á divisão entre a responsabilidade civil 
subjetiva e objetiva. 
 
27 
 
 Para configuração da responsabilidade civil deve haver “violação do dever 
jurídico mediante conduta voluntaria”. No entanto como resultado da obrigação não 
cumprida resultou de um elemento subjetivo culpa ou dolo, o prejudicado deveser 
indenizado pelo causador do ilícito. CAVALIERI FILHO (2012, p19). 
 
 O artigo 186 do Código Civil esboça sobre a responsabilidade subjetiva e 
requisitos que são “a conduta culposa do agente, imprudência, imperícia e 
negligencia, inclui também o nexo causal do dano, resultado da conduta do agente”. 
Neste mesmo sentido Sergio Cavalieri Filho traz os mesmos requisitos que 
diferencia a responsabilidade civil subjetiva da objetiva. “A responsabilidade civil 
objetiva baseia-se na ideia do risco, sendo necessário o risco para que nasça a 
conduta ilícita, o nexo causal, não importando a existência da culpa.” CAVALIERI 
FILHO (2012, p, 50). 
 
 Para Cristiano Chaves de Farias , Nelson Rosenvald e Felipe Peixoto 
Braga Netto a Teoria Subjetiva é tida como um mantra e onde há culpa, há 
reparação. Sendo assim o que importa “demostrar de um ilícito culposo desnuda a 
teoria subjetiva, que se revela como um instituto jurídico destinado á preservação da 
propriedade e de privilégios” (FARIAS ROSENVALD E NETTO, 2014. P.505). 
 
 
2.3.1. Ação 
 
 
 A ação é um pressuposto que liga a conduta do agente causador de dano e 
posteriormente tem vinculo com a responsabilidade civil. Por tanto aquele que tiver a 
obrigação legal de guarda de coisa ou animal responde pelo dano proveniente 
deste. 
 
 O código Civil traz a obrigação de responder civilmente pelos danos 
acrescidos á outrem, visto que a conduta pode ser configurada de forma comissiva 
omissiva, própria, por culpa ou risco, pode a culpa ser de terceiro ou de risco. 
 
 
28 
 
 A doutrinadora Maria Helena Diniz conceitua a ação como um ato comissivo 
ou omissivo praticado por individuo, deve este ser ilícito ou licito voluntário ou não 
voluntário no qual o resultado seja o dano a uma pessoa, que gerou um dever de 
indenização ao prejudicado ou lesado. 
 
 A ação ao qual se reputa pode ser do próprio agente como de terceiro, ou 
fato de animal ou coisa inanimada que cause dano á outrem. . (DINIZ, 2002, p, 37) 
Segundo Rodrigues (2002, p.16): 
 
A responsabilidade do agente pode influir de ato próprio, de ato de terceiro 
que esteja sob a responsabilidade do agente, e ainda de danos causados 
por coisas que estejam sob a guarda deste. A responsabilidade por ato e 
próprio se justifica no próprio principio informador da teoria da reparação, 
pois se alguém, por sua ação, infringindo dever legal ou social, prejudica 
terceiro, é crucial que deva reparar esse prejuízo. 
 
2.3.2. Culpa 
 
 De acordo com Venosa (2013, p.25) “Culpa em sentido amplo é a 
inobservância de um dever que o agente devia conhecer e observar.” Em boa parte 
da doutrina há dificuldades em conceituar a culpa. 
 
 Dizer ou imputar a responsabilidade de arcar com o prejuízo de um 
acontecimento á determinada alguém é confirmar que mesmo aquele não estando 
no lugar da consumação do fato tinha a obrigação legal de zelo, mas por um 
desleixo, descuido não cumpriu com o seu dever (negligencia). 
 
 A imoderação do agente que tinha como evitar o fato e não agiu 
adequadamente responde pela forma que o Código Civil dispõe como imprudência. 
 A imperícia é a falta de habilidade do agente na realização de alguma tarefa, 
mas assume o risco e realiza tal coisa. 
 
 Ainda segundo Venosa (2013, p.25) “atos ou condutas eivados de negligencia, 
imprudência e Imperícia trata-se de culpa em sentido estrito (quase delitos)” essa 
distinção segundo a doutrina não tem importância no campo da responsabilidade 
civil, pois faz parte da antiguidade conhecida no direito romano. 
29 
 
 
2.3.3. Nexo de causalidade 
 
 O nexo de causalidade é importante na responsabilidade Civil, pois ele liga o 
dano e o fato gerador. Sendo assim é necessário um ato do agente para existência 
da relação de causalidade, torna se inexistente a relação se o dano sofrido não for 
consumado (CAVALIERI FILHO 2012, p.49). 
 
 De acordo com Cretella Jr. (1980, p.5) O Estado e a Obrigação de indenizar. 
São Paulo: Saraiva 1980, p.5) citado por Rui Stoco (2007, p.128) os pressupostos 
da responsabilidade são: 
 
“(a) aquele que infringe a norma; b) a vítima da quebra; c) o nexo causal 
entre o agente e a irregularidade; o prejuízo ocasionado- o dano- a fim de 
que se proceda à reparação, ou seja, tanto quanto possível, ao reingresso 
do prejudicado no status econômico anterior ao da produção do 
desequilíbrio patrimonial”. 
 
2.4. Responsabilidade Objetiva: A Teoria do Risco 
 
 A responsabilidade objetiva liga o risco independentemente de 
comprovação da culpa, o que importa é o prejuízo para que seja imputada a 
responsabilidade de reparar por parte do agente causador do dano. Sobre a teoria 
do risco: “Risco é o perigo, é a probabilidade de dano, importando, isso dizer que 
aquele que exerce uma atividade perigosa deve assumir o risco e reparar os danos 
dela decorrentes” (VENOSA, 2013, p11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
 
 
3. O ACIDENTE DO TRABALHO E A RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
EMPREGADOR 
 
3.1. A Proteção do Trabalho sob a Ótica Constitucional e Principiológica 
 
Sobretudo, o Direito conserva um papel social. A Constituição Federal, por 
meio de seus dispositivos, projeta garantias para os indivíduos com o objetivo de 
impedir os preceitos que caracterizam um estado social. 
 
Nos dizeres do art. 1º, entabula a Carta Magna, como princípios do Estado 
Democrático de Direito brasileiro, entre outros, a dignidade do indivíduo humano e 
os valores sociais do trabalho. 
 
Nos dizeres de Mônica Brandão, se salienta que, 
 
“as leis do mercado fazem com que a vida, em seu sentido mais 
amplo, seja posta em segundo plano, mas é preciso a conscientização de 
que o valor social do trabalho e a dignidade da pessoa humana dependem, 
essencialmente, da saúde do trabalhador”. (BRANDÃO, 2007, p. 59) 
 
Das essenciais intenções da República Federativa do Brasil, elencados no art. 
3º do mencionado diploma, cabe ressaltar, nos dizeres do presente estudo, o inciso 
I, que conjectura a elaboração de uma sociedade livre, justa e solidária. 
 
Obviamente, a vida, a liberdade, a igualdade e a segurança, são direitos 
assegurados de maneira constitucional, assim como está elencado no art. 5º da Lei 
Maior, e conceituados como garantias essenciais, sendo aplicáveis, certamente, 
também ao Direito do Trabalho. 
31 
 
O ato de trabalhar em si só, tal como a saúde, a segurança, a previdência 
social, entre outros, está elencado como um direito social no art. 6º4 da Constituição 
Federal. 
 
Por sua vez, os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais apresentam-se 
elencados de maneira constitucional por meio do art. 7º5 da Carta Magna, o qual 
possibilita a ampliação de seu leque no contexto de direitos que objetivem à 
maximização da condição social dos trabalhadores. 
 
Seguindo na pesquisa sobre os dispositivos constitucionais, menciona-se, 
ainda, o inciso VIII, do art. 200, que diz, como uma das atribuições do sistema único 
de saúde, a proteção do meio ambiente, se compreendendo sobre ele o meio 
ambiente do trabalho. 
 
Sendo assim, salienta Sebastião Geraldo de Oliveira para o principio no art. 
225, §3º, o qual “estabelece a obrigação de reparar os danos causados pelas 
atividades lesivas ao meio ambiente, sem cogitar da existência de dolo ou culpa”. No 
entendimento do autor, a análise em conjunto dos dois dispositivos permite uma 
interpretação no sentido de que “os danos causados pelo empregador ao meio 
ambiente do trabalho, logicamente abrangendo os empregados que ali atuam, 
devem ser ressarcidos independentemente da existência de culpa”. (OLIVEIRA, 
2008, p. 95) 
 
Desta forma, se age por equívoco quem sintetiza os direitos dos 
trabalhadores, na Constituição Federal, ao elencado no Título II, Capítulo II – DosDireitos Sociais. Refere-se de um assunto muito mais complexo, assegurado de 
forma constitucional nas mais variadas áreas, extrapolando, inclusive, os 
dispositivos normatizados, abrangendo-se no contexto dos princípios e discussões 
doutrinárias. 
 
 
4 “Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta 
Constituição.” 
5 “Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de 
sua condição social: (...) 
32 
 
Leciona então José Afonso da Silva: 
 
“O certo é que a Constituição Federal assumiu, na sua essência, a 
doutrina segundo a qual há de verificar-se a integração harmônica entre 
todas as categorias dos direitos fundamentais do homem sob o influxo 
precisamente dos direitos sociais, que não mais poderiam ser tidos como 
uma categoria contingente.” (SILVA, 2000, p. 188) 
 
Nos dizeres de Arnaldo Süssekind, “os comandos explícitos da Carta Magna 
não esgotam os Direitos e garantias fundamentais, inclusive no que tange aos 
direitos sociais”. (SUSSEKIND, 2004, p. 61) 
 
No entender de Maurício Delgado, por sua vez, o princípio da condição que 
mais beneficia é “importa na garantia de preservação, ao longo do contrato, da 
cláusula contratual mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter de 
direito adquirido”. Salienta ainda o autor, rejeitando o que diz Mônica Brandão, “que 
não se trata, aqui, como visto, de contraponto entre normas (ou regras), mas 
cláusulas contratuais (sejam tácitas ou expressas, sejam oriundas do próprio pacto 
ou do regulamento de empresa)”. (DELGADO, 2004, p. 202) 
 
Leciona ainda Arnaldo Süssekind que, se fundamentando no princípio da 
primazia da realidade, “a relação evidenciada pelos fatos define a verdadeira relação 
jurídica estipulada pelos contratantes, ainda que sob capa simulada não 
correspondente à realidade”. (SUSSEKIND, 2004, p. 70, 71) 
 
Resumindo, no contexto da proteção do trabalhador e do trabalho em si, os 
vários pontos de vista mencionados pela Constituição Federal, dentro de uma 
concepção principiológica, é que conseguem nortear a aplicação do Direito, tendo 
como objetivo sua função social e não unicamente a literalidade das normas. 
 
3.2. A Socialização dos Riscos 
 
Os prejuízos causados por um acidente do trabalho não afetam unicamente o 
trabalhador, que diretamente a vítima, mas também a instituição empregadora na 
qual ele atua e, por que não dizer, à sociedade em que está inserido. 
 
33 
 
As ponderações de Wilson Melo da Silva dizem assim: 
 
"Os braços que se inutilizem pelo trabalho são braços retirados à 
produção e os bens que se degradem pelo dano são bens que se furtam à 
massa comum, social, dos valores econômicos, postos, todos, de modo 
amplo, a serviço da comunidade.” (SILVA, 1974, p. 149) 
 
O trabalhador é, seguramente, quem mais se prejudica com a eventualidade 
do acidente do trabalho. É ele depreciado pelo infortúnio em si, o qual, várias vezes, 
ocasionam incapacidades, mutilações, diminuição das habilidades por um prazo de 
tempo ou até mesmo na morte do trabalhador. Isto sem mencionar, em 
conformidade com o que salienta Cléber Lúcio de Almeida, “na inquietação gerada 
pelo labor em atividade que coloque em risco sua vida, saúde e integridade física”. 
(ALMEIDA, 2003, p. 4) 
 
Leciona Mônica Brandão que as instituições, em função da percepção de 
velozes lucros, acabam, por vezes, fazendo por negligenciar “tudo o que pode 
diminuir a parcela dos resultados da atividade empresarial que, em verdade, só 
ocorre pelo trabalho humano que a torna efetiva e que lhe garante o sucesso”. 
(BRANDÃO, 2007, p. 59) 
 
Entretanto, assim como ressalta Hertz Costa, “o conteúdo moral do trabalho 
se insere no contexto das relações existentes entre o empregado e empregador, 
segundo o dever de lealdade, cooperação e amparo”. Ao colaborador encarrega o 
ótimo desempenho dos trabalhos que lhe são delegados, confiando que para isto 
com sua força e inteligência, visto que, ao empregador irá caber a apropriada 
organização e mantença da instituição, sem olvidar-se, sendo assim, do resguardo 
físico e psíquico de seus funcionários. (COSTA, 2009, p. 75) 
 
Mas não unicamente o trabalhador perde com a eventualidade do acidente de 
trabalho, relevantes são os agravos também para a instituição. A aparência de sua 
instituição fica conturbada, seus funcionários não motivados, perante da 
probabilidade de serem as próximas vítimas de um acidente, isso sem mencionar o 
contexto econômico. 
34 
 
Nos dizeres de Cléber de Almeida, “o ambiente de trabalho seguro constitui 
importante fator de satisfação para o trabalhador, com forte influência sobre a sua 
produtividade”. (ALMEIDA, 2003, p. 4) 
 
Se embasando nas observações de Wilson Melo da Silva, o dano, do mais 
elevado ou menos elevado vulto, e em qualquer de suas maneiras, se fundamenta 
sempre em um trauma na tranquilidade da ordem pública. Acrescenta ainda 
assegurando que “qualquer dano implica, sempre, ou quase sempre, prejuízos 
econômicos”, minimizando, mesmo que de maneira sensível, a circulação de 
riquezas no contexto social. (SILVA, 1974, p. 149, 150) 
 
Ressalta Oliveira que, 
 
“se é indispensável garantir a livre iniciativa no exercício da 
atividade econômica, para o desenvolvimento nacional, por outro lado, os 
ditames da justiça social exigem que as vítimas involuntárias dessas 
atividades não sejam entregues à própria sorte, suportando pessoalmente 
parte do risco da atividade econômica. [...] Se a sociedade como um todo é 
beneficiária do progresso e do trabalho dos empregados, também deve 
ampará-la por ocasião dos infortúnios, socializando os riscos”. (OLIVEIRA, 
2008, p. 118, 131) 
 
Os dizeres de Maria Helena Diniz garantem que, dentro de um processo de 
humanização, “todo risco deve ser garantido, visando à proteção jurídica a pessoa 
humana, em particular aos trabalhadores e às vítimas de acidentes, contra a 
insegurança material, e todo dano deve ter um responsável”. (DINIZ, 2008, p. 12) 
 
Nos dizeres de Rui Stoco, “a valorização do trabalho e a proteção integral do 
trabalhador são os meios mais eficazes para a busca da paz social, do 
desenvolvimento econômico sustentado da nação e da erradicação da doença, da 
pobreza e da violência”. (STOCO, 2004, p. 611) 
 
Todas as partes são prejudicadas com o acidente do trabalho: empregado, 
empregador e a sociedade. E é justo que a questão do acidente laboral seja visto 
sob o contexto humanitário, de proteção do trabalhador e socialização dos riscos. 
 
 
35 
 
3.3. Indenização Acidentária e Comum: por que coexistem? 
 
A maior parte dos trabalhadores desconsidera que além dos benefícios 
proporcionados pela legislação previdenciária são capazes de resultar em 
reparações a cargo do empregador, em conformidade com os preceitos da 
responsabilidade civil. Isto ocorre, essencialmente, pela ocorrência da 
regulamentação da infortunística trabalhista no Brasil estar difundida com a 
legislação previdenciária. (OLIVEIRA, 2008, p. 71) 
 
São habituais as ocasiões nas quais o benefício previdenciário, resultante do 
seguro acidente do trabalho e pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social, não 
retribui eficazmente ao dano sofrido pelo trabalhador, ocasionando um 
descumprimento do papel essencial da responsabilidade civil: a reparabilidade. 
(BRANDÃO, 2007, p. 46) 
 
Elencou o STF, já no ano de 1963, diante ao saliente problema social 
resultante de tal carência jurídica, agregado às várias legislações acidentárias 
discordantes, a compreensão de que “a indenização acidentária não exclui a do 
Direito comum, em caso de dolo ou culpa do empregador”6. 
 
O Superior Tribunal de Justiça, se incumbe de julgar as questões ligadas aos 
acidentes dotrabalho anteriormente a Emenda Constitucional n. 45/2004, 
colocando-se no contexto de que “a indenização devida pelo empregador é 
autônoma em relação aos direitos concedidos pelo seguro de acidente do trabalho, 
razão pela qual é cabível a cumulação sem qualquer dedução ou compensação”. 
(OLIVEIRA, 2008, p. 86) 
 
Esta posição apresenta-se cristalizado pela mencionada Corte como: 
 
CIVIL E TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL E POR 
ACIDENTES DO TRABALHO. INDENIZAÇÕES CUMULADAS. 
JURISPRUDENCIA DO STJ. I – A jurisprudência do STJ assentou 
 
6 Súmula 229. “A indenização acidentária não exclui a do Direito comum, em caso de dolo ou culpa 
grave do empregador”. Tal súmula restou sem efeito em razão do art. 7º, inc. XXVIII, da CF/88, dispor 
expressamente acerca do assunto. 
36 
 
entendimento no sentido de que a indenização acidentária não obsta a de 
direito comum, quando o empregador incorre em culpa grave, nem a da 
incapacidade para o trabalho e a da depreciação sofrida excluem a devida 
em razão do dano estético e, enfim, do valor da indenização comum não se 
deduz a recebida em razão da legislação infortunística. Inteligência do art. 
1.538 do Código Civil. II – O dano moral é cumulável com o material 
(patrimonial), segundo os termos do verbete n. 37 – STJ. III – Recurso não 
conhecido. (Resp n. 35120/RS, 3ª Turma, STJ, Relator: Ministro Waldemar 
Zveiter, Julgado em: 21/09/1993) 
 
CIVIL E PROCESSUAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. AÇÃO RESCISÓRIA. DEDUÇÃO DO QUANTUM DEVIDO 
POR FORÇA DO ILÍCITO CIVIL. IMPOSSIBILIDADE. I. A orientação fixada 
no Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que, em face da diversidade 
de suas origens – uma advinda de contribuições específicas ao INSS e 
outra devida pela prática de ilícito civil – não pode haver, no pagamento 
desta última, dedução de quaisquer parcelas pagas à vítima a título de 
benefício previdenciário. II. Precedentes do STJ. III. Agravo regimental 
improviso. (AgRg no Ag n. 540.871/PR, 4ª Turma, STJ, Relator: Ministro 
Aldir Passarinho Júnior, Julgado em: 22/03/2004) 
 
No mês de novembro do ano de 2007, foi efetuada em Brasília a 1ª Jornada 
de Direito Material e Processual do Trabalho, abalizada como foro legítimo para 
discussões no contexto das grandes questões pertinentes ao judiciário trabalhista. 
Vale salientar o disposto no Enunciado 48, aprovado pela mencionada jornada, in 
verbis: 
 
“Acidente do trabalho. Indenização. Não compensação do benefício 
previdenciário. A indenização decorrente de acidente de trabalho ou doença 
ocupacional, fixada por pensionamento ou arbitrada para ser paga de uma 
só vez, não pode ser compensada com qualquer benefício pago pela 
Previdência Social”. 
 
A maior parte da jurisprudência já assume esta compreensão, assim é capaz 
de se extrair dos recentes julgados dos tribunais trabalhistas: 
 
RECURSO DE REVISTA. DANOS MATERIAIS. LUCROS 
CESSANTES. PENSÃO. CUMULATIVIDADE DA PENSÃO PAGA PELO 
EMPREGADOR COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. -A indenização 
decorrente de acidente de trabalho ou doença ocupacional, fixada por 
pensionamento ou arbitrada para ser paga de uma só vez, não pode ser 
compensada com qualquer benefício pago pela Previdência Social - 
(Enunciado 48 da 1ª Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do 
Trabalho). Tendo em vista que o art. 7º, XXVIII, da Carta Magna garante ao 
empregado seguro contra acidente de trabalho, a cargo do empregador, 
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em 
dolo ou culpa-, não há falar em exclusão da pensão devida pelo 
empregador - indenização material - pela percepção de proventos de 
aposentadoria. O acidentado que ficou com invalidez permanente também 
contribuía para a Previdência Social e poderia, depois de aposentado por 
tempo de contribuição, exercer outra atividade remunerada, o que não mais 
37 
 
ocorrerá pelo advento do acidente. Pode até acontecer que o acidentado já 
esteja aposentado, mas continua em atividade, não havendo razão lógica 
para determinar a compensação do valor daquele benefício previdenciário. 
(...) O seguro de acidente do trabalho no Brasil, apesar da denominação, 
não tem natureza jurídica nem conteúdo de seguro propriamente dito. 
Apesar da denominação seguro, só garante ao acidentado um benefício 
estrito de cunho alimentar. O seguro de acidente do trabalho não contempla 
indenização alguma, nem determina reparação dos prejuízos sofridos; 
apenas são concedidos benefícios para garantir a sobrevivência da vítima 
e/ou seus dependentes, como ocorre com todos os demais segurados da 
Previdência Social- (SEBASTIÃO GERALDO DE OLIVEIRA, Indenização 
por acidente do trabalho ou doença ocupacional, 4º ed., São Paulo, LTr, 
2008). O dever de reparação permanece independentemente dos 
rendimentos auferidos da Previdência Social e de sua complementação 
recebida em razão de plano de previdência privada, pois advém de dolo ou 
culpa do empregador. [...] (RR n. 1287/2005-002-20-00.1, 3ª Turma, TST, 
Relatora: Ministra Rosa Maria Weber Candiota da Rosa, Julgado em 
22/05/2009) 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. 
PENSÃO MENSAL. Está pacificado na doutrina e na jurisprudência que a 
indenização civil é devida de forma cumulativa com o benefício 
previdenciário, uma vez que a primeira advém de ato ilícito do empregador, 
enquanto este decorre das contribuições efetuadas pela vítima à Autarquia 
Previdenciária. O intuito da concessão da pensão mensal é garantir ao 
trabalhador que continue a perceber salários em patamar compatível ao que 
lhe era pago antes do acidente. Por isso é que a pensão, quando devida ao 
empregado, é deferida em percentual correspondente à perda da 
capacidade laboral por ele experimentada. (RO n. 01496-2006-024-12-85-0, 
3ª Turma, TRT 12ª Região, Relatora: Gisele Pereira Alexandrino, Julgado 
em: 22/07/2008) 
 
 Leciona assim Mônica Brandão: 
 
“o seguro de acidente do trabalho não oferece qualquer cobertura 
além da concedida pela Previdência. Logo, o valor recolhido pelo 
empregador a título de seguro obrigatório apenas financia os benefícios 
previdenciários em geral, aos quais qualquer trabalhador segurado tem 
direito, dentro da amplitude da seguridade social, para a qual o empregador 
também contribui com sua cota-parte.” (BRANDÃO, 2007, p. 45) 
 
Sebastião Geraldo chega a conclusão de que a indenização civil por acidente 
do trabalho se deve independentemente dos benefícios concebidos pela legislação 
previdenciária, que regulamenta este seguro de acidente do trabalho. Segundo o 
autor não se consiste a figura do bis in idem pois os benefícios previdenciários são 
pagos por resultado dos riscos normais do trabalho, enquanto que a indenização 
elencada no supracitado art. 7º, inc. XXVIII, da Constituição Federal, resulta de um 
dano no qual o empregador tenha acontecido em dolo ou culpa. As ocasiões 
fomentadoras são distintas, por isso a coexistência. (OLIVEIRA, 2008, p. 115) 
 
38 
 
3.4. A Responsabilidade Objetiva e o Acidente do Trabalho 
 
3.4.1. O entendimento doutrinário 
 
A responsabilidade civil que o empregador possui nas ocasiões de acidente 
do trabalho provoca enormes discussões no âmbito jurídico. São dois os pontos de 
vista no âmbito da matéria: a teoria da responsabilidade subjetiva, corrente 
majoritária, elencada na idéia de culpa, e, a teoria da responsabilidade objetiva, 
embasada no risco criado. 
 
No entender de Arnaldo Süssekind, o art. 7º da Constituição Federal contém 
um rol de direitos simplesmente exemplificativos, resultando em complementação. 
Leciona ainda que, 
 
“a expressão ‘além de outros que visem à melhoria de sua condição 
social’, não só fundamenta a vigência de direitos não previstos no artigo em 
tela, como justifica a instituição de normas, seja por lei, seja por convenção 
ou acordo coletivo, seja, enfim, por laudo arbitral ou sentença normativa dos 
tribunais do trabalho.O que tem relevo para afirmar a constitucionalidade 
dessas normas jurídicas é que não sejam elas incompatíveis com os 
princípios e prescrições da Lei Maior.” (SUSSEKIND, 2004a, p. 95, 96) 
 
O entendimento de Rui Stoco também diz ser capaz de ser aplicada ao 
acidente do trabalho, por um motivo de hierarquia, a teoria da responsabilidade 
subjetiva, sendo assim, diz que: 
 
“A responsabilidade do patrão, em caso de acidente do trabalho 
ocorrido com o seu empregado, deveria ser objetiva, não fosse a dicção 
peremptória do preceito constitucional, que impõe obediência, mas para nós 
superado e envelhecido, ainda que o sistema de custeio devesse ser 
modificado para que também o Estado e o empregado, ao lado do 
empregador, contribuam para a formação do fundo de indenização.” 
(STOCO, 2004, p. 610) 
 
Esta responsabilidade civil da instituição por acidente do trabalho também foi 
motivo de estudos na 1º Jornada de Direito Material e Processual na Justiça do 
Trabalho, efetuada em novembro de 2007, em Brasília, fazendo aprovar o 
Enunciado 37, in verbis: 
 
39 
 
“Responsabilidade civil objetiva no acidente de trabalho. Atividade 
de risco. Aplica-se o art. 927, parágrafo único, do Código Civil nos acidentes 
do trabalho. O art. 7º, XXVIII, da Constituição da República, não constitui 
óbice à aplicação desse dispositivo legal, visto que seu caput garante a 
inclusão de outros direitos que visem à melhoria da condição social dos 
trabalhadores.” 
 
Nos dizeres de Sebastião Geraldo de Oliveira, em seu ponto de vista, 
compreende ser “perfeitamente aplicável, com as devidas ponderações, a teoria do 
risco na reparação civil por acidente do trabalho”. Entretanto, faz a ponderação de 
que “diante das objeções da corrente que rejeita essa aplicação, só mesmo o tempo 
e a força criativa da doutrina e da jurisprudência poderão apontar, com segurança, 
qual entendimento deverá prevalecer”. (OLIVEIRA, 2008, p. 105) 
 
3.4.2. A posição jurisprudencial 
 
 A partir da publicação da Emenda Constitucional n. 45, em 8 de dezembro de 
2004, a responsabilidade material da Justiça do Trabalho sofreu relevante 
modificação. Esta mencionada emenda deu novos dizeres ao art. 114, inciso VI7, da 
Constituição Federal, passando a ser responsabilidade da Justiça do Trabalho 
também para processar e julgar ações de indenização, por dano moral ou 
patrimonial, resultantes da relação de trabalho, antes a cargo da Justiça Comum. 
 
 Sendo assim, colhem-se alguns julgados da colenda Corte: 
 
PROCESSO CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 
INOCORRÊNCIA. AÇÃO INDENIZATÓRIA. ACIDENTE DO TRABALHO. 
RESPONSABILIDADE. NATUREZA JURÍDICA. CULPA CARACTERIZADA. 
VALOR DA CONDENAÇÃO. RAZOABILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS DO 
CASO. ORIENTAÇÃO DO TRIBUNAL. RECURSO DESACOLHIDO. I. Não 
ocorre violação do art. 535, CPC, quando o embargante aponta omissão no 
julgado em relação a pontos que sequer foram objeto de impugnação em 
sede de apelação. II. Na ação de indenização, fundada em responsabilidade 
civil comum (art. 159, CC), promovida por vítima de acidente do trabalho, 
cumpre a essa comprovar o dolo ou culpa, ainda que leve, da empresa 
empregadora. III. Somente se cogita de responsabilidade objetiva (sem 
culpa), em se tratando de reparação acidentária, aquela devida pelo órgão 
previdenciário e satisfeita com recursos oriundos do seguro obrigatório, 
custeado pelos empregadores, que se destina exatamente a fazer face aos 
riscos normais da atividade econômica no que respeita ao infortúnio laboral. 
IV. Caracterizada, na espécie, a culpa da ré, ainda que leve, de rigor a sua 
 
7 “Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...] VI - as ações de indenização por 
dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; [...]” 
40 
 
condenação. V. Somente quando o valor da indenização se mostra 
manifestamente exagerado, ou irrisório, distanciando-se das finalidades da 
lei, se recomenda rever o quantum em sede de recurso especial. [grifo 
nosso] (Resp 319321 / RJ, 4ª Turma, STJ, Relator: Ministro Sálvio de 
Figueiredo Teixeira, Julgado em: 21/06/2001) 
 
DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. ACIDENTE DE TRABALHO. 
CULPA DO EMPREGADOR. Não é objetiva a responsabilidade civil da 
empregadora por acidente de trabalho. Todavia, caracterizada sua culpa, 
ainda que leve, é de rigor sua condenação. Recurso especial parcialmente 
conhecido, mas improvido”. (Resp nº 578071/PB, 4º Turma, STJ, Relator: 
Ministro Cesar Asfor Rocha, Julgado em: 23/03/2004) 
 
 O Tribunal Superior do Trabalho, TST, que atualmente é o órgão máximo que 
tem a responsabilidade pelo julgamento das indenizações resultantes de acidentes 
do trabalho, ainda não possui a compreensão consolidada neste âmbito. A migração 
da competência fomentou novas discussões no âmbito da matéria, ocasionando em 
entendimentos variados, embasados em ambas as teorias. 
 
 Sendo assim, da para observar os seguintes julgados da jurisprudência 
trabalhista: 
 
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAL E MATERIAL 
PROVENIENTES DE ACIDENTE DE TRABALHO. PRESCRIÇÃO 
TRABALHISTA. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 7º, INCISO XXVIII DA 
CONSTITUIÇÃO. I. Tendo em conta a peculiaridade de a indenização por 
danos material e moral, oriundos de infortúnios do trabalho, terem sido 
equiparadas aos direitos trabalhistas, a teor da norma do artigo 7º, inciso 
XXVIII, da Constituição, não se revela juridicamente consistente a tese de 
que a prescrição do direito de ação devesse observar o prazo prescricional 
do Direito Civil. II. Com efeito, se o acidente de trabalho e a moléstia 
profissional são infortúnios intimamente relacionados ao contrato de 
trabalho, e por isso só os empregados é que têm direito aos benefícios 
acidentários, impõe-se a conclusão de a indenização prevista no artigo 7º, 
inciso XXVIII da Constituição se caracterizar como direito genuinamente 
trabalhista, atraindo por conta disso a prescrição trabalhista do artigo 7º, 
inciso XXIX da Constituição. III. Essa conclusão não é infirmável pela 
pretensa circunstância de a indenização prevista na norma constitucional 
achar-se vinculada à responsabilidade civil do empregador. Isso nem tanto 
pela evidência de ela reportar-se, na realidade, ao artigo 7º, inciso XXVIII, 
da Constituição, mas sobretudo pela constatação de a pretensão 
indenizatória provir não da culpa aquiliana, mas da culpa contratual do 
empregador, extraída da não-observância dos deveres contidos no artigo 
157 da CLT. IV. Aqui é bom salientar o fato de havendo previsão na 
Constituição da República sobre o direito à indenização por danos material 
e moral, provenientes de infortúnios do trabalho, na qual se adotou a teoria 
da responsabilidade subjetiva do empregador, não cabe inclusive trazer à 
colação a responsabilidade objetiva de que trata o § único do artigo 927 do 
Código Civil de 2002. V. Isso em razão da supremacia da norma 
constitucional, ainda que oriunda do Poder Constituinte Derivado, sobre a 
norma infraconstitucional, segundo se constata do artigo 59 da Constituição, 
41 
 
pelo que não se pode cogitar da revogação do artigo 7º, inciso XXVIII, da 
Constituição, pela norma do § único do artigo 927 do Código Civil de 2002, 
não se aplicando, no caso, a norma do § 1º do artigo 2º da LICC. Recurso 
desprovido. [grifo nosso] (RR-727/2005-254-02-00.7, 4ª Turma, TST, 
Relator: Ministro Barros Levenhagem, Julgado em: 20.06.2007) 
 
RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
EMPREGADOR. ACIDENTE DO TRABALHO. 1. O novo Código Civil 
Brasileiro manteve, como regra, a teoria da responsabilidade civil subjetiva, 
calcada na culpa. Inovando, porém, em relação ao Código Civil de 1916, 
ampliou as hipóteses de responsabilidade civil objetiva, acrescendo aquela 
fundada no risco da atividade empresarial, consoante previsão inserta no 
parágrafo único do artigo 927. Tal acréscimo apenas veio a coroar o 
entendimento de que os danos sofridospelo trabalhador, decorrentes de 
acidente do trabalho, conduzem à responsabilidade objetiva do empregador. 
2. A atividade desenvolvida pelo reclamante - teste de pneus - por sua 
natureza, gera risco para o trabalhador, podendo a qualquer momento o 
obreiro vir a lesionar-se, o que autoriza a aplicação da teoria objetiva, assim 
como o fato de o dano sofrido pelo reclamante decorrer de acidente de 
trabalho. Inquestionável, em situações tais, a responsabilidade objetiva do 
empregador. 3. Recurso de revista conhecido e provido. (RR-422/2004-011-
05-00.3, 1ª Turma, TST, 17/12/2008, Relator: Ministro Walmir Oliveira da 
Costa, Julgado em: 17.12.2008) 
 
INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE OU DOENÇA DO TRABALHO - 
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR - NECESSIDADE DE SE 
DEMONSTRAR A CULPA. A Constituição Federal, no inciso XXVIII do art. 
7º, garante ao trabalhador seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do 
empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, QUANDO 
INCORRER EM DOLO OU CULPA. Esta culpa decorre, necessariamente, 
de uma responsabilidade subjetiva, pois se fosse objetiva, não haveria 
razão para a Constituição ressaltá-la. Daí se conclui que a regra do § único 
do art. 927 do Código Civil, que obriga à reparação de dano, 
independentemente de culpa, não se aplica aos casos de acidente do 
trabalho e somente quando o empregador age com culpa ou dolo é que se 
lhe impõe o dever de indenizar além do que o seguro social pagar. Portanto, 
para julgar o pedido de indenização é necessário averiguar se o 
empregador agiu com culpa ou dolo. (RO 02270-2001-020-02-00, 7ª Turma, 
TRT 2ª Região, Relator: Jomar Luz de Vassimon Freitas, Julgado em: 
08.03.2007) 
 
INDENIZAÇÃO. DANOS MORAIS. ACIDENTE DE TRABALHO 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA. CULPA CONCORRENTE. A constituição 
enumera os direitos mínimos do trabalhador. Não exclui, portanto, outras 
condições mais favoráveis asseguradas na legislação ordinária. 
Responsabilidade objetiva prevista no direito comum (Código Civil 927, p. 
único) que também se estende à relação de trabalho. Interpretação da 
Constituição segundo os seus próprios princípios e valores. Atividade que, 
por sua natureza, no caso, não implicava risco. Ato de imprudência do 
empregado. Hipótese previsível na operação de equipamento (prensa). 
Negligência do empregador em relação aos dispositivos de segurança. 
Culpa concorrente. Indenização que se reduz à metade. Recurso do réu em 
parte provido. (RO 01344-2003-463-02-00, 11ª Turma, TRT 2ª Região, 
Relator: Eduardo de Azevedo Silva, Julgado em: 29.08.06) 
 
ACIDENTE DO TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. 
PRESSUPOSTOS. A pretensão indenizatória decorrente de acidente do 
42 
 
trabalho está condicionada à comprovação simultânea dos seguintes 
pressupostos (teoria da responsabilização civil subjetiva): dano (acidente), 
nexo de causalidade do evento com o trabalho e culpa do empregador. 
Provado que o acidente ocorreu por culpa exclusiva da vítima, descabe o 
dever de indenizar. (RO 01605-2007-048-12-00-7, 3ª Turma, TRT 12ª 
Região, Relator: Gerson Paulo Taboada Conrado, Julgado em: 30.10.2008) 
 
ACIDENTE DE TRABALHO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Quando a 
atividade desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco 
para os direitos de outrem, a responsabilidade é objetiva, nos termos do que 
dispõe o art. 927, parágrafo único, do Código Civil Brasileiro. (RO 00966- 
2007-053-12-00-1, 1ª Turma, TRT 12ª Região, Relatora: Mirna Uliano 
Bertoldi, Julgado em: 28.05.2009) 
 
 
Cabe salientar que existe divergência, até mesmo, entre turmas de um 
mesmo tribunal, assim como se visualiza da análise dos julgados. Mesmo com os 
benefícios ocorridos com estas posições contrárias, apresenta-se primordial a 
uniformização desta matéria pelo TST em benefícios da segurança jurídica das 
partes, as quais encontram posições contrárias mesmo dentro da Corte Suprema 
trabalhista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A importância da prática da segurança no trabalho não é somente questão de 
bom senso, é protegida sob legislação e tem que ser cumprida, além de só oferecer 
ganhos ao invés de ônus as empresas. 
 
Por exemplo, uma empresa que trabalha com sua linha de produção ou 
máquinas funcionando corretamente consegue fornecer produtos ou serviços de 
melhor qualidade. Benefícios trazidos pela qualidade da mão de obra são: 
 
• Qualidade final do produto ou serviço fornecido ao cliente; 
• Credibilidade; 
• Garantia; 
• Certificados de especialização; 
• Competitividade no mercado; 
 
A utilização de mão-de-obra inferior pode trazer consequências danosas: 
 
• Uma frequente repetição de serviços: em função de má realização; 
• Inevitáveis interrupções da produção: decorrentes da parada de equipamentos. O 
que eleva custos e compromete o prazo de entrega dos pedidos. 
• Danos e diminuição da vida útil dos equipamentos: decorrente do mal 
funcionamento devido à má realização da manutenção dos mesmos. 
• Acidentes; 
 
Pessoal inabilitado é sério inconveniente a boa manutenção. Um setor 
competente dispõe de técnicos treinados. Nesse caso, o salário pago a mais e a 
compra de instrumentos e material de melhor qualidade retorna no melhor 
aproveitamento da mão-de-obra e na velocidade do trabalho realizado, 
44 
 
especialmente quando se faz necessária a manutenção emergencial. Para isso o 
treinamento é fundamental.8 
 
Pessoal insatisfeito é outro inconveniente, como solução podemos propor a 
negociação coletiva que é protegida pelo direito do trabalho em especial para horas 
de trabalho aos trabalhadores noturno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 Ribeiro, Álvaro – Manutenção de equipamentos em empresas siderúrgica – 2004; 
45 
 
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