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Corpórea: Corpos Dançantes - TCC de Artes Visuais

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Faculdade Metropolitanas Unidas
Licenciatura em Artes Visuais
Corpórea:
Corpos Dançantes
São Paulo - SP
2017
Faculdade Metropolitanas Unidas
Licenciatura em Artes Visuais
Corpórea:
Corpos Dançantes
Karla Samantha Aparecida Corrêa
São Paulo - SP
2017
Karla Samantha Aparecida Corrêa
Corpórea:
Corpos Dançantes
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na 
faculdade de artes visuais na FMU, para a 
conclusão do curso de Licenciatura em Artes 
Visuais.
Orientador: Anderson Zanetti
São Paulo - SP
2017
Karla Samantha Aparecida Corrêa
Corpórea:
Corpos Dançantes
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na 
faculdade de artes visuais na FMU, para a conclusão do 
curso de Licenciatura em Artes Visuais.
Linha de Pesquisa: Métodos de Ohad Naharin e Pina Bausch
Orientador: Anderson Zanetti
Banca examinadora:
Agradecimentos
Queria pode agradecer a todos que participaram desse processo comigo. Ao Alexandre 
Marchesini,que me mostrou livros, me trouxe referências, me ajudou a entrar no grupo do 
estudos da CIA Corpos Nômades, entre outras coisas. A Rafaella que esta comigo desde o 
primeiro dia do processo das aulas, que ficou chateada junto comigo, a Juliana que tentou 
me ajudar e me ofereceu ajuda de outra forma.
Quero agradecer as meninas que participaram das minhas aulas, que acrescentaram muito 
em mim, a Raissa, a Karina, a Vivian e a Marcela.
Também a menina mãe, mesmo sabendo que não poderia ajudar tentou, mais me apoiou, 
“agüentou” meu estresse. E ao professor Zanetti que me ajudou a estruturar este projeto, 
que se iniciou. Muito obrigada a todos. 
O homem não tem um corpo separado da alma. 
Aquilo que chamamos de corpo é a parte da alma que 
se distingue pelos seus cinco sentidos.
William Blake.
Resumo
Este processo de pesquisa de conclusão de curso é uma construção poética que nasceu 
dentro de uma pesquisa sobre corpos dançantes, que contribui com trabalhos que já vem 
sendo feito por diversos bailarinos, que pesquisam a des(construção) dos corpos, dentro da 
dança contemporânea, e demonstrando que todos podem dançar. Tendo como base Ohad 
Naharin e Pina Bausch, que utiliazm métodos de pesquisar outras maneiras de se 
movimentar, de encontrar movimentos, a exaustão, o corpo animal(instinto). A pesquisa 
relata como foram feitas as aulas criadas para este processo da corporeidade, algumas 
relatos e textos feitos das colaboradoras do processo, dizendo o que sentiram como foi à 
experiência. A minha construção como interprete de dança desde a Companhia Rayssa 
Francesconi na qual conheci a dança contemporânea, a des(construção) com Núcleo 
Experimental de Teatro e Performance. As questões sobre o quê é dança? E como ela se 
cria dentro de nos?. Coletando dados através de filmes biográficos, livros, sites, artigos, 
vídeos e principalmente através das aulas que foram criadas para este processo.
Palavras-Chaves: Corpo, dança, contemporânea, Pina Bausch, Ohad Nahari, experiência, 
Corporificação.
Sumário
Introdução..........................................................................................................12
1. Capítulo 1 – A origem da desconstrução dos corpos.........................................13
1.1 A origem da Dança Contemporânea..............................................................13
1.1.1 Desconstrução dos Corpos.............................................................18
1.2 Ohad Naharin...................................................................................................23
1.2.1Gaga...........................................................................................................24
1.3 Pina Bausch......................................................................................................30
1.3.1 Metodologia de Pina.......................................................................31
2. Capítulo 2 - O nascer de um/a interprete de dança contemporânea..............36
2.1 Primeiros passos de uma des(construção) corpórea.....................................36
2.2 Processo do Corpo Presente, Corpo Urgente: Processo de Pesquisa.
(Núcleo Experimental de Teatro e Performance)...............................................40
2.3 O quê é Corpo? O quê é Dança?....................................................................44
3. Capítulo 3 – Corporificação..................................................................................48
3.1 O universo do corpo ( os internos do corpo)..................................................48
 4. Considerações finais.................................................................................................68
Referências.....................................................................................................................70
Lista de figuras
Figura 1: Isadora Duncan, performance de dança, imagem disponível no site: 
https://br.pinterest.com/pin/368450813249666946/ Acesso: 15/05/2017
Figura 2: O corpo cênico: movimento da imagem corporal, metódo Klauss Vianna. Imagem 
disponível no site: https://movimentoeimagemcorporal.wordpress.com/2013/08/16/a-
importancia-da-tecnica-klauss-vianna-no-processo-criativo-do-ator/ 
Figura 3: Pedestres em movimento, imagem diponível no site: 
http://www.semcliche.com.br/site/o-amor-da-sua-vida-pode-estar-atravessando-uma-rua-no-
japao/ Acesso 15/05/2017
Figura 4: Método de improvisação, dos bailarinos Karla Samantha e Thales Henrique, foto por 
Alexandre Marchesini.
Figura 5: Acervo fotográfico do filme Mr. Gaga, Ohad Naharin, Gaga – O Amor Pela Dança, 
imagem disponível no site: http://site.dancaempauta.com.br/gaga-o-amor-pela-danca-a-historia-
de-ohad-naharin-coreografo-que-redefiniu-a-danca-moderna/ .
Figura 6: Gaga - Ohad Naharin's Movement Language: Dancers with Ohad (top centre-right), 
disponível no site: http://www.strutdance.org.au/opportunities/master-workshops/gaga-ohad-
naharins-movement-language-delivered.
Figura 7: Acervo fotográfico do filme Mr. Gaga, ‘Mr. Gaga’ Review: A Lyrical Portrait of 
Visionary Choreographer Ohad Naharin, disponível no site: 
http://www.indiewire.com/2017/02/mr-gaga-review-documentary-choreographer-ohad-naharin-
1201777841/ .
Figura 8: Acervo fotográfico do filme Mr. Gaga, Ohad Naharin: Movement of the People, 
disponível no site: http://www.boat-mag.com/movement/
Figura 9: Acervo fotográfico do filme Mr. Gaga, disponível no site: 
http://www.livrolab.com.br/2017/04/filme-gaga-o-amor-pela-danca.html
Figura 10: Café Müller, Pina Bausch, imagem disponível no site: 
https://www.hk.artsfestival.org/en/programmes/tanztheater-wuppertal-pina-bausch-cafe-muller-
and-rite-of-spring/
Figura 11: Consagração de Primavera, imagem disponível no site: 
https://br.pinterest.com/pin/376824693794567237/
Figura 12: Pina Bausch: ..como o Musguito em pedra ay si, si, si Foto: © Anja Beutler, 
disponível no site: http://www.culturekiosque.com/dance/reviews/pbcomo_pbocca625.html.
Figura 13: Viktor performed by Tanztheater Wuppertal Pina Bausch at Sadler's Wells 
Theatre. Photo: Alastair Muir, imagem disponível no site: 
http://www.telegraph.co.uk/culture/theatre/dance/9316421/Tanztheater-Wuppertal-Pina-Bausch-
Viktor-Sadlers-Wells-review.html
Figura 14: Café Müller, Pina Bausch, imagem disponível no site: 
http://www.vogue.it/en/news/encyclo/people/b/pina-bausch
Figura 15: Espetáculo Ester, fotografia de Rhayane Franco.
Figura 16: Doce Trova, fotografia do evento Bravo Festival.
Figura 17: águas de março, fotografia do evento Bravos Festival.
Figura 18: Barco, fotografia de Alexandre Marchesini.
Figura 19: Animalesco, Fotografia de Nicolette.
Figura 20: Animalesco, Fotografia de Nicolette.
Figura 21: Contato – Improvisação com Thales Henrique, fotografia de Alexandre 
Marchesini.
Figura 22: contato – improvisação, fotografo desconecido.
Figura 23: Rafaella e Juliana Processo da Ilha, fotos da autora.
Figura 24: Rayssa no processo de improvisação da questão.
Figura 25: Rafaella e Raissa noprocesso de improvisação, fotografia da autora.
Figura 26: Raissa processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 27: Rafaella e Raissa porcesso de improvisação, fotografia da autora.
Figura 28: Rafaella processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 29: Rafaella processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 30: Rafaella processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 31: Rafaella processo do Bosque Fictício, fotografia da autora.
Figura 32: Karina Processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 33: Karina processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 34: Vivian Processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 35: Rafaella processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 36: Marcela processo de improvisação, fotografia da autora
Figura 37: Rafaella, Raissa e Karina processo da boneca, fotografia da autora.
Figura 38: Rafaella, Raissa e Karina processo da boneca, fotografia da autora.
Figura 39: Rafaella, Raissa e Karina processo da boneca, fotografia da autora.
Figura 40: Rafaella experimentação com o bambolê, fotografia da autora.
Figura 41: Rafaella experimentação com o bambolê, fotografia da autora.
Figura 42: Rafaella e Karina experimentação de Duo, fotografia da autora.
Figura 43: Rafaella e Karina experimentação de Duo, fotografia da autora.
Figura 44: Raissa no processo de Improvisação, fotografia da autora.
Figura 45: Raissa no processo de Improvisação, fotografia da autora.
Figura 46: Karla Samantha processo de improvisação, foto de Raissa Nosralla.
Figura 47: Karla Samantha processo de improvisação, foto de Raissa Nosralla.
12
Introdução
É um trabalho de pesquisa corporal, com relação do corpo, ao movimento e a expressão 
por meio dança contemporânea. Diante da minha visão poética com a base nos conceitos 
de Pina Bausch e Naharin, na qual são relatadas as experiências das pessoas que 
participaram. 
A investigação tem por meio contribuir com grandes nomes de bailarinos e coreógrafos 
que foram importantes na dança contemporânea, na qual se acreditava que todos deveriam 
dançar. Que por meio de um processo de desconstrução do corpo, de questionar “o quê é 
corpo?”, de retirar o corpo individualista, mais descobrir que o corpo é um organismo 
conectado com o cosmo, descobrir as memórias que o corpo guarda dentro de si, de como 
as emoções nos faz agir. Perante vários questionamentos nasce a pesquisa sobre o corpo na 
qual desconstruímos, e transmitimos em forma de dança (expressão). 
Por via desta investigação venho abordar que não existe a citação popular "eu não sei 
dançar", com diz Martha Graham “O corpo diz o que as palavras não podem dizer.”. 
Mediante o processo de pesquisa que já venho realizando há quatro anos, com a 
conscientização perante o meu corpo.
13
1. Origem da desconstrução dos corpos
Este capítulo tem como abordagem a história da dança contemporânea em seus primórdios, 
citando nomes essenciais que inicializaram a desconstrução do balé, com Isadora Duncan e 
Laban, até chegar como á conhecemos atualmente.
A dança contemporânea proporciona uma desconstrução do corpo, a quebra do individual, uma 
pesquisa sobre o seu interior, sobre o todo, algo que não criamos diariamente, não percebemos. 
A desconstrução de “um corpo perfeito”, (um corpo em pedaços). A busca de uma 
des(construção) do corpo orgânico.
Através das visões de Naharin e Pina Bausch, conseguimos percebe que não se existe um corpo 
especifico para dança, mais todo aquele que está aberto para experimentar, se afetar, se 
estranhar, se encontrar, se desencontrar, dançam. Eles abordam métodos de dança, na qual não se 
existe técnicas, mas uma pesquisa constante sobre a linguagem do movimento, sobre como 
nossas emoções nos fazem agir, a busca por novos conceitos. Uma desconstrução do que existe.
 1.1 Origem da Dança Contemporânea
A dança contemporânea não tem uma data ou época especifica de surgimento, muitos 
colocam seu aparecimento dentro da década de 50 e 60, quando houve a transição do 
moderno para a dança contemporânea que veio através de Merce Cunnigham1 e Pina Bausch.
Se começamos a ver o início da história da dança, veremos coreógrafos de balé inovando 
pequenas partes do balé, com descidas até o chão ou até mesmo o uso de an-deduns (pés 
paralelos), como pode identificar nesse trecho: 
1- Mercier Philip Cunnigham foi bailarino e coreografo norte-americano. Suas coreografias possuíam 
características marcantes e um estilo experimental. Foi responsável pelo inicio da dança contemporânea.
14
“Bourcier2 (1987), afirma que Nijinsky3 (1890-1950), em 1912 é censurado por 
dançar de forma obscena em “O deus azul”. Sua obscenidade estava nos 
movimentos realizados no chão considerados sensuais e sexuais. Ir para o chão 
dançar, nessa época era praticamente uma heresia para com a dança, afinal o 
chão não era um signo da linguagem dança até então dominada pelo romantismo 
da época.” (Artigo Agenda, A DANÇA CONTEMPORÂNEA NO TEMPO, de 
2011, http://www.gpef.fe.usp.br/teses/agenda_2011_01.pdf)
Outro bailarino clássico George Balanchine (1904- 1983), começou um estudo sobre a abstração 
da dança, uma dança sem história, mais um corpo que dança contrapondo com a música, para ele 
a dança vinha da essência da emoção. Contribuiu para a dança contemporânea tirando a 
preocupação com as formas linear, a de mostrar uma história, mais que pudesse ver a dança com 
diferentes linguagens.
Mais quem realmente influenciou a dança contemporânea foram Isadora Duncan e Laban através 
de investigações e de questionamentos sobre o balé clássico, iniciando a dança moderna. Isadora 
Duncan começou sua carreira em 1896, e durante o seu percurso foi considera mãe da dança 
moderna.
Duncan criou polemica no balé clássico dizendo ser inimiga dele, na qual o considerava arte 
falsa e absurda e que não estava de fato no âmbito da arte. Ao romper com os padrões clássicos, 
se tira o corpete, a sapatilhas, e se propunha a fazer uma dança livre, baseada em improvisações, 
em gestos comuns, curvas e simetrias.
Começou a dançar com os pés descalços, vestimentas leves como as túnicas gregas e os cabelos 
meio soltos. Mas não foi só nos figurinos que trouxe mudanças como também no palco, não se 
tinha mais cenário, só a cortina. Trazendo o máximo da expressividade do corpo do bailarino. E 
dançava no som das músicas de Chopin, Beethoven e Wagner.
2- Boucier, professor da história da dança na Universidade em Paris, pesquisador da dança, e escritor do livro 
Historia da dança no ocidente.
3- Nijinsky, bailarino e coreografo de dança clássica, russo, foi considerado um Deus da dança em sua época.
15
Isadora Duncan trazia em sua dança movimentos da natureza como o vento, as ondas do mar, a 
força das tempestades. Buscando referências em rituais da Grécia. Sua dança foi feita de 
personalidade única, com movimentos mais espontâneos. E suas coreografias eram baseadas na 
urgência de sua época.
“Dançar é sentir, sentir é sofrer, sofrer é amar... Tu amas, sofres e sentes. Dança!” (Isadora 
Duncan)
Mesmo não sendo vista como revolucionária da dança contemporânea, contribui muito com a 
sua dança “diferente”, uma dança mais expressiva, que vem de interior, as improvisações, que 
são características da dança contemporânea. Duncan proporcionou novos valores culturais à 
dança, desconstruindo e reorganizando. Mas não quebrou o poder da técnica.
Figura 1: Isadora Duncan, performance de dança, imagem disponível no site: 
https://br.pinterest.com/pin/368450813249666946/ Acesso: 15/05/2017
16
Rudolf Von Laban, grande estudioso da dança, pesquisou o movimento e criou um novo método 
considerado Labanotation, que foi mais estudada nas escolas de forma educativa. Pensando 
como o movimento seria utilizado de forma expressiva dentro dança, a partir de um rasgo de 
papel, para demonstrar raiva ou amor. Assim conseguiu entender o gesto, a intensidade, o espaço 
do movimento.
Mesmo sendo consideradoum método educativo, a pesquisa sobre o gesto cotidiano, a pesquisa 
sobre o sentimento, o espaço, a intensidade do movimento, fazem parte das características da 
dança contemporânea. Podemos considerá-los como os iniciadores do questionamento sobre a 
dança e o que é dança.
(Dança moderna existe técnica linear, movimentos repetitivos)
A dança contemporânea surgiu em si perante uma transição de Merce Cunnigham e Pina Baush, 
na qual se pode observa uma mistura de dança clássica, com dança moderna, gestos teatrais, que 
pode ser considerada técnica somatica4, mas, contudo, podemos observar um novo contexto. Que 
se pode falar sobre tudo, o homem, a política, a vida, ou nada, o simplesmente falar o que quer. 
Não se existe mais preocupação com a técnica, com a história, com a beleza dos movimentos. 
Cada um tem o seu estilo, sua singularidade, sua forma de demonstrar os sentimentos.
A dança contemporânea é diferente, estranha, se perguntam se isso realmente é dança, porque 
não é algo previsível, não se faz de uma estrutura clara, mas querem transmitir conceitos, idéias, 
sentimentos. E cada espectador vai ler a dança através do seu repertório.
Ela começou a desenvolver sua própria linguagem, embora no começo trouxesse muito do balé, 
do jazz, do moderno e do hip hop. A dança contemporânea é uma coleção de diversos sistemas, 
métodos a partir do moderno e do pós-moderno. E surgiu através de intensas inovações e 
experimentações na qual ouve uma total desconstrução da arte.
4- União de vários métodos cujo eixo principal da pesquisa é o movimento do corpo
17
Suas características são a ausência de técnica especifica, com no balé, no jazz, no moderno e até 
mesmo no hip hop. Empregam-se métodos de relaxamentos como os de Martha Graham, dança 
com contatos no solo e na parede, contato e improvisação, não têm vestuário, musica estilo, 
espaço ou movimento específico, não há um mecanismo, antes da criação coreográfica, há uma 
pesquisa sobre a noção de conhecimento corporal, buscando o sentido experimental, algo 
individual. Não existe um corpo ideal, mais a busca de vários corpos com várias referências. Os 
bailarinos/intérpretes ganham autonomia para contruir suas próprias partituras coreograficas, 
apartir de métodos e procedimento de pesquisa, como de improvisação, contato-improvisação, 
método Laban. Na qual se traz instrumentos onde os intérpretes criam suas composições 
relacionando com questões sociais, culturais, compornamentais, cotidianas, autobiograficas e 
também surgiu uma necessidade de pesquisa teórica. O corpo é construido na maioria das vezes 
através de técnicas somáticas, que trazem do trabalho de conscientização do corpo e movimento, 
como a técnica Laban, Pina Bausch, Naharin, Klauss Vianna5. 
Figura 2: O corpo cênico: movimento da imagem corporal, metódo Klauss Vianna. Imagem disponível no site: 
https://movimentoeimagemcorporal.wordpress.com/2013/08/16/a-importancia-da-tecnica-klauss-vianna-no-
processo-criativo-do-ator/ 
5- Klauss Vianna, bailarino, coreografo brasileiro, pesquisador dos movimentos do corpo, na qual desenvolveu a 
tecnica Klauss Vinna junto de sua esposa Angel Vianna.
18
1.1.1 Descontruçãos dos Corpos
A descontrução do corpo é uma pesquisa na dança contemporanea, na qual o corpo dever ser 
pensando de maneiras diferentes, descontruir totalmente nosso movimentos monotonos, como o 
de levantar ou sentar, buscar novas maneiras de se sentar ou levantar.
“ A dança inventa outros modos de conhecer. É mesmo necessário e urgente interrogar 
aquilo que define, arbitra e valida o conhecimento acerca dos modos com o faz, dos 
princípios a partir dos quais o realiza e, mais, da vontade de verdade de poder, que talvez 
o atravesse.”( ROCHA, Thereza. O que é dança contemporânea?, Salvador, ed. 
Conexões Criativas, 2016.) 
É um pesquisa que começa a partir do chão, de relaxa e sentir o nosso proprio corpo de imaginar 
como um organismo único,conectado com o todo, os canaques citado no livro antropologia do 
corpo, relacionavam o corpo com o reino vegetal, entrelaçando sua existência às árvores, frutas e 
às plantas.
“A parte dura do corpo, a ossetura, é nomeada com o mesmo termo que coração de 
madeira.” (LE BRETON, David, Antropologia do corpo, São Paulo, ed. Vozes, 2016, 
pág 19.).
O corpo somos nos, a fonte de tudo em nossa vida , o que experimentamos, quais foram as 
sensações diferentes e estranhas no seu corpo. A dança contribui para o conhecimento do “eu” o 
corpo.
Assim a potencialização da dança, é revelar o ser humano, perante as suas movimentações 
cotidianas de forma poética. Exemplo o andar na rua, o parar para atravessar, o aumento e a 
diminuição de velocidade que traz essa relação de tempo, que utilizamos na dança. A dança para 
Nietzsche, é se superar, é uma constante superação, se permitir ver outras coisas, sentir novas 
sensações.
19
Figura 3: Pedestres em movimento, imagem diponível no site: http://www.semcliche.com.br/site/o-amor-da-sua-
vida-pode-estar-atravessando-uma-rua-no-japao/
Dentro da dança não se existe mais o ser individual, dentro dela estamos constantemente 
desconstruindo esse individualismo e criando o si mesmo, o conhecimento sobre nós. No qual 
nos envolvemos em uma perde de si e abrimos novas possibilidades, desviando nossos olhares 
para nós mesmo, e nos permitindo olhar para outras coisas, podemos exemplificar através de 
nossa tragetória diária, quando acontece de se colocar em espaços diferentes, acabamos vendo 
algo novo que nem sabiamos que existia.
O que podemos dizer, que hoje a grande consquista é nos perdemos a nós mesmo, 
constantemente durante os dias. Fazemos como que esqueçamos do si, para conhecer o si 
mesmo. Nós criamos padrões para nosso “eu”, casa, emprego, filho, mais o si mesmo é aquilo 
que não pode ser dito, para tentar se expressar em palavras precisaria,os inventá-las. O si mesmo 
é particular de cada um, são suas experiências reais.
A forma com que o corpo , se organiza pode nós dizer muito, nos releva experiências, valores, 
escolhas de vida, sentimentos, o que à no inteirior de cada pessoa. Com forme nos movemos 
dizemos que somos. A forma que o corpo adquiri e percebe o mundo, se materializa na forma de 
como organizamos o espaço.
20
Quando queremos renovar, adquirir nova experiências, necessitamos começar por mudar as 
coisas de lugar, desde os móveis do quarto, ir por outros caminhos para chegar no trabalho, ou na 
faculdade. Para que essas mudanças esteja atuando, elas precisam criar um incomodo físico, que 
faça nosso corpo mover, que dessa absorvição do corpo nos traga outros pensamentos, pensando 
que a ação anda junta com o pensamento. Trazendo novas apropriações para nosso cotidiano.
A dança deve ser vista como um experiência, não como algo belo, metódico, técnica, como fazer 
mil piruettas. Mas como algo que afete, deixa afetar, se afetar. A dança tem que te mover, fazer 
percebe coisas sobre você, sobre o seu corpo, sobre o mundo, sobre suas relações com outras 
pessoas, te conhecer.
Constantemente há uma desvalorização sobre o nossos corpos, o corpo não é a beleza, a estética, 
um tipo ideal, o que realmente valorizamos do corpo é imagem, “o photoshop”. Torturamos 
nosso corpo incessantemente para obter um “corpo ideal”. Na onde trasformamos nosso corpo 
em um suporte. Quando na verdade nosso corpo somos nós, na qual devemos valorizar aquilo 
que trazemos, as nossa marcas, experiências, vivências. O corpo é o que faz a existência do 
pensamento. Para que algo se torne pensamento e vire fala, primeiramente ele passa pelo 
conhecimento físico, depois pela sensação, para o pensamento e realmente se torna uma fala.
O corpo é a sensação, a experiência que nos constrói no espaço, o pensamento se organiza como 
o corpo se organiza. O espaço é transformado pela nossa experiência, assim como o espaço 
transforma a nossa experiência. Por meio da transformação do corpo, que organizamos nos 
espaço, na qualpercebemos aproximações e distanciamento. Se permitir a transformar os 
espaços e adquirir novas experiências nos permite ampliar novas percepções.
No decorrer da pesquisa da dança contemporânea há um processo de pesquisa de improvisação, 
na qual a busca descobrir o nosso próprio jeito, nossos saberes, como lidar com imprevistos, 
conhecer nosso corpo, buscar o que nós mover. Por meio desse método de pesquisa se ensina a 
criar, a pensar, perceber, receber e articular ao nosso jeito devolvendo como resposta.
“cultivar a própria maneira de mover-se através de sensações estimulando 
a imaginação e o movimento. São encorajados a explorar as suas fraquezas 
e quebrar velhos hábitos.”(Ohad Naharin). 
21
Figura 4: Método de improvisação, dos bailarinos Karla Samantha e Thales Henrique, foto por Alexandre 
Marchesini.
22
A dança contemporânea é mais do que repetição de movimentos, dizia Pina Bausch “A dança 
deve ter outra razão de simples técnica, eu não estou interessada em saber como as pessoas se 
movem, eu estou interessada no que as fazem mover, trata-se da vida e portanto de encontrar a 
linguagem da vida”.
Nos dias atuais dificilmente conseguimos encontrar originalidade ou conseguimos modificar 
nossa rotina, para sermos originais precismos ter seguraça e coragem de sermos contrariados e 
criticados. Um grande exemplo que nos torna pessoa robóticas são as escolas, dentro delas são 
construídas o ser humano, podemos dizer que saem das escolas retalados, e não um corpo em si. 
As escolas não vivem em um mundo contemporâneo, a contemporaneidade nos proporciona 
autonomia, coragem de agir.
O nosso corpo vive a contemporaneidade, o corpo guarda memória, mas elas são constantemente 
reconstruídas, porque o corpo não é um banco de dados, então constantemente à um processo de 
atualização de memórias, na qual a uma invenção da verdade. A vida é uma constante invenção. 
Como podemos ver no começo do filme Mr.Gaga que Ohad Naharin, inventa a sua própria 
infância.
O corpo não é um surpote, ele é o geral, o cosmo, podemos explificar perante o cérebro, ele é o 
processador daquilo que é absorvido pelo corpo.Não obtemos o nosso corpo, nós somos o nosso 
corpo. A dança é uma vivência coditiana, não uma forma de imposições (formas). Ela não quer 
forma pedaços, mais “constrói” corpos (Orgânico).
23
1.2 Ohad Naharin
Ohad Naharin bailarino contemporâneo Israelense coreógrafo e diretor Artístico da Companhia 
Batsheva.
Figura 5: Acervo fotográfico do filme Mr. Gaga, Ohad Naharin, Gaga – O Amor Pela Dança, imagem disponível no 
site: http://site.dancaempauta.com.br/gaga-o-amor-pela-danca-a-historia-de-ohad-naharin-coreografo-que-redefiniu-
a-danca-moderna/ .
Naharin começou sua carreira na dança com seus 22 anos, na Batsheva Dance Company, por 
período de um ano, por causa de Martha Graham foi fazer uma visita em Israel, Naharin se 
destacou ao olhar dela, e o convida para se juntar a companhia de dança em Nova York. Nos 
Estados Unidos participou da Juilliard e da Escola de Ballet Americano, na qual sua técnica foi 
polida pelos professores Maggie Black e David Howard.
Nos EUA conheceu Mari Kajiwara, com quem se caso em 1978. Em 1980, retornou para Nova 
York, fazendo sua estréia como coreógrafo no estúdio Kazuko Hirabayshi. Neste mesmo ano 
formou a companhia de Dança Ohad Naharin junto de sua esposa Mari, que veio a falecer de 
câncer em 2001.
No período de 1980 a 1990, a companhia de Naharin, se apresentou em Nova York e no exterior 
recebendo grandes elogios da crítica.
Em 1990 Naharin recebe a proposta de ser Diretor artístico da Batsheva, na qual aceita e volta 
para Israel, desempenha este papel nos dias atuais. Mas houve uma temporada de 2003 a 2004 
que Naharin obteve o título de Choreographer House. No período com a companhia coreografou 
20 trabalhos para Batsheva e para sua divisão Júnior. E também restabeleceu mais de 10 de suas 
24
danças para a empresa e reconstruía trechos de seus repertórios para criar Deca Dance, um 
trabalho em constante evolução durante a noite.
“O Deca Dance é a reconstrução, que gosto de pegar pedaços de seções de trabalhos 
existentes e retrabalhar, reorganizar e criar possibilidade de olhar para ele de um novo 
ângulo.” Naharin (Ohad Naharin – going Gaga is the difference between dancer and 
gymnast, Disponível: https://www.theguardian.com/culture/australia-culture-
blog/2014/mar/08/ohad-naharin-going-gaga-is-the-difference-between-dancer-and-
gymnast. Acesso: 19/04/2017)
Atualmente casado com Eri Nakamura, bailarina integrante da companhia, na qual trabalha, 
esposa com qual tem uma filha.
A companhia Batsheva, é composta por bailarinos originas, pode dizer diferentes, de Israel e do 
exterior. Dentro da companhia são fortemente incentivados a afirmar seus dons criativos, 
distintos. As coreografias de Naharin têm fortes características, de distinguido por membros e 
espinhas incrivelmente flexíveis, movimentos profundamente fundamentados, explosões 
expulsivas, e vitalidade, que cria um incomodam ao expectador. Seus bailarinos não ensaiam em 
frente a espelhos, afastando a autocrítica, e se permitindo a sentir o movimento de dentro.
Ohad Naharin é conhecido por ser uma pessoa privada, mais reservada, que fica evidente dentro 
do estúdio, não fica com raiva ou levanta a voz, mais faz comentários construtivamente e 
calmamente. Naharin foi treinado musicalmente, às vezes buscar criar sons diferentes para 
incorporar em suas peças.
Naharin ganhou um documentário, que estreou em 2015, chamado Mr. Gaga por Tomer 
Heymanz. Este título se refere à linguagem de movimento descoberta por Ohar Naharin o Gaga e 
a influência sobre a companhia Batsheva. Através da filosofia de Naharin, “o prazer físico é 
parte de está vivo. E a conexão entre o esforço e prazer através do movimento.” O documentário 
faz uma analise sobre a vida e as obras do coreógrafo.
1.2.1 Gaga
Durante o tempo que Naharin dirigia e ensinava a companhia Batsheva , ele desenvolveu o Gaga, 
uma linguagem de movimentos e pedagógico que definiu a formação da companhia e continua a 
caracterizar a dança contemporânea. Essa prática resiste à codificação e enfatização da 
experiência somática do praticante. 
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O Gaga é uma linguagem do movimento não uma “técnica” de movimentos igual ao balé. Ele 
consiste em um professor que conduz o bailarino através de uma prática de improvisação que é 
baseada ao redor de uma série de imagens descritas pelo professor. Naharin explica que está 
prática é fornecer uma estrutura ou uma “rede de segurança”, para que os bailarinos possam se 
mover além dos limites familiares
Essas descrições são usadas para ajudar a guiar os bailarinos com a improvisação para que eles 
possam iniciar e expressar o movimento de formas únicas e de partes do corpo que tender a 
serem ignoradas em outras técnicas de dança. Um exemplo citado Naharin “ É a imagem da 
“luna”, que se refere às regiões carnudas, semi-circulares (como a lua, portanto Luna) entre os 
dedos das mãos e dos pés.” (Ohad Naharin – going Gaga is the difference between dancer and gymnast, 
Disponível: https://www.theguardian.com/culture/australia-culture-blog/2014/mar/08/ohad-naharin-going-gaga-is-
the-difference-between-dancer-and-gymnast. Acesso: 19/04/2017)
Figura 6: Gaga - Ohad Naharin's Movement Language: Dancers with Ohad (top centre-right), disponível no site: 
http://www.strutdance.org.au/opportunities/master-workshops/gaga-ohad-naharins-movement-language-delivered.
 Como parte de insistência ideológica em passar pela sensação e a imaginação.
Ele procura criar um movimento universal e pessoal, sempre tendo uma clara coincidência social 
e política em suas obras, mesmo não sendo destinadas ao ser político. Ohad conta história de 
sofrimentos e os problemas do mundo “chato”, usando uma pessoa, suas texturas e movimentos 
em várias camadas, constatando a explosividade física com a quietude, interessando-se por 
contrastes,bordas e extremos, o que cria distância e espaços na dança. Seus trabalhos situam o 
real, tentando provocar um efeito interior, um incomodo ao “corpo”.
26
Figura 7: Acervo fotográfico do filme Mr. Gaga, ‘Mr. Gaga’ Review: A Lyrical Portrait of Visionary Choreographer 
Ohad Naharin, disponível no site: http://www.indiewire.com/2017/02/mr-gaga-review-documentary-choreographer-
ohad-naharin-1201777841/ .
 Naharin criou a sua filosofia de usar o corpo “Há muitas coisas nele: a importância do 
rendimento e do colapso, da delicadeza, conectando o esforço ao prazer, trabalhando sem os 
espelhos, aprendendo a ouvir o seu corpo antes de dizer o que faz.”
Em suas pesquisas Naharin busca esse lado animalesco do ser humano, algo feito pelo o instinto, 
não planeja, natural do corpo. Um exemplo é movimento de um gato quando quer pegar algo, vai 
sorrateiro e dependendo de como “a presa” vai agir, tem o seu colapso, na qual o movimento não 
tem um bloqueio ou uma rigidez. 
27
Figura 8: Acervo fotográfico do filme Mr. Gaga, Ohad Naharin: Movement of the People, disponível no site: 
http://www.boat-mag.com/movement/
Durante o treinamento do Gaga os bailarinos ouvem uma repetição de termos com alegria, 
prazer, propriedades criativas. Naharin fala sobre esses termos:
“Estar atento ao prazer mantém um consciente de cuidar de si mesmo. O prazer conecta o 
fluxo de energia e informações ao seu corpo, ele cura-o dando-lhe alegria em vez de 
punição em movimento.” (Ohad Naharin) (Ohad Naharin – going Gaga is the difference 
between dancer and gymnast, Disponível: https://www.theguardian.com/culture/australia-
culture-blog/2014/mar/08/ohad-naharin-going-gaga-is-the-difference-between-dancer-
and-gymnast. Acesso: 19/04/2017)
Naharin pede que seus bailarinos, para ouvir o ritmo, não à música, mas do próprio corpo e dos 
outros, dos objetos e da gravidade. Isso lhes proporcionando a dá sensações de equilíbrio e 
sincronismo e um tempo de reação extremamente rápido, o resultado é fazer com que o conjunto 
dançante aparece a ser mágico no olhar dos expectadores, como se aos bailarinos tivesse crescido 
juntos.
Quando eles se deixa ir ou desistem, aí são capazes de percebe que os seus movimentos estão 
mais rápidos, saltam mais alto, e que também ganham mais clareza e prazer em seus 
movimentos. 
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“Quando o dançarino é realmente ligado pela sensação de descoberta, ele pode encontrar 
a felicidade em uma base diária. É muito importante para mim ser cercado de pessoas 
felizes.” (Ohad Naharin) (Ohad Naharin – going Gaga is the difference between dancer 
and gymnast, Disponível: https://www.theguardian.com/culture/australia-culture-
blog/2014/mar/08/ohad-naharin-going-gaga-is-the-difference-between-dancer-and-
gymnast. Acesso: 19/04/2017)
Figura 9: Acervo fotográfico do filme Mr. Gaga, disponível no site: http://www.livrolab.com.br/2017/04/filme-gaga-
o-amor-pela-danca.html
 Ao aprenderem a explorarem seus corpos e reconhecerem seus maiores limites e potências, 
podem encontrar momentos íntimos e sensíveis. O gaga até parece um processo simples, mas é 
um processo completamente contemporâneo dirigido por pessoas que valorizam a não-definição 
de tema. Fazendo que os bailarinos pesquisadores precisem de diferentes análises e comparações 
para que consigam chegar ao resultado. 
Essas explorações sem regras fornecem ao bailarino uma gama imensa de movimentos que vão 
além dos métodos tradicionais de treinamento, Naharin traz uma caixa de ferramentas para este 
processo de experimentações (suave, forte, apertado, afiado, conectado, tenso). Para que os 
bailarinos possam utilizar em seus corpos.
O Gaga abrange qualquer corpo disponível a ser descobrir e se investigar. A intenção de escavá-
lo e explorá-lo. Explorá-lo ao máximo a sensibilidade e disponibilidade para o movimento 
descobrindo infinitas possibilidades de se movimentar.
29
“Nós aprendemos a amar o nosso suor, descobrimos a paixão para move-se e conectar-se 
ao esforço descobrimos o animal que existe dentro de nós e o poder da nossa imaginação” 
(Ohad Naharin) (Ohad Naharin – going Gaga is the difference between dancer and 
gymnast, Disponível: https://www.theguardian.com/culture/australia-culture-
blog/2014/mar/08/ohad-naharin-going-gaga-is-the-difference-between-dancer-and-
gymnast. Acesso: 19/04/2017)
Esta linguagem de movimentos o Gaga, atraiu diversos bailarinos de Israel e do mundo todo, 
também fazendo que trouxesse vários prêmios e honras para Ohad Naharin. E podendo treinar 
uma atriz importante de Hollywood, Natalie Potman em preparação para o Cisne Negro.
A linguagem de movimento o gaga, é uma base para a minha visão poética, esta linguagem não 
traz um corpo ou uma técnica específica, ela nos permite a conhecer, a investigar, a explorar, a 
trazer sensações, do nosso corpo. A colocar essas “explosões” do corpo para fora, o algo animal 
do ser humano, o lado que podemos dizer irracional. Isto é dança o movimento orgânico, a 
conexão com o global (mundo). 
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1.3 Pina Bausch
Philippine Bausch, mais conhecida com Pina Baush bailarina e coreógrafa alemã, que veio a 
falecer com seus 68anos, em 2009, em Wuppertal. Uma pessoa introvertida, não falava muito, 
incansável, magnética, coreógrafa, diretora, pedagoga, incrível, observadora.
Figura 10: Café Müller, Pina Bausch, imagem disponível no site: 
https://www.hk.artsfestival.org/en/programmes/tanztheater-wuppertal-pina-bausch-cafe-muller-and-rite-of-spring/
Desde nova ingressou no mundo da dança. Com seu 14 anos ingressou na escola Folkwang, em 
Essen, que era dirigida por um influente coreógrafo da época, Kurt Joss, o qual ela tratava com 
muito carinho, estudo lá por quatro anos. Aprendendo quase tudo, teatro, pantomima, artes 
gráfica, fotografia, escultura entre outras.
Aos 19 anos, conseguiu uma bolsa de estudos em Nova York, no Julliard School of Music. 
Quando esteve nos Estados Unidos teve a oportunidade de vivenciar a dança moderna, e 
trabalhar com nomes renomados na época, como José Limon, Antony Tudor, Alfredo Corvino, 
Maragaret Craker.
Na época em que viveu em Nova York, tornou-se membro do Ballet de Nova York. Mas o que 
Pina dizia é que tinha ido para Nova York por sua causa, por sua multi-faces, pelo seu estilo de 
vida, NY impressionou Pina, por ser agressivo, mais ao mesmo tempo proporcionar liberdade, 
foi ali que ela encontrou o seu “eu”.
No Ano de 1962, Pina volta à Alemanha, ingressando como solista no Ballet Folkwang, após 
onze anos na companhia, foi convidada a se torna diretora do Teatro Municipal de Wuppertal, na 
onde nasceu sua companhia.
No começo de sua carreira como coreógrafa passou por dificuldades, os expectadores não 
entendia as coreografias de Pina, assim chamando-a de rebelde, com ausência de dança. Mas isso 
31
não a impediu de continuar coreografando suas coreografias. Neste tempo encontrou um forte 
aliado Rolf Borzik, com qual se casou e teve um filho.
Pina faz arte sobre a vida, a sua vida, a vida daqueles que cruzam com a sua. Suas obras estão 
ligadas com a vivência. Pina criou uma linguagem completa, e com todos os recursos possíveis.
 
1.3.1 Metodologia de Pina Bausch
 Pina Bausch tem uma grande apropriação da repetição em suas obras, mais também traz 
características suas como a multi-faces.
Figura 11: Consagração de Primavera, imagem disponível no site: 
https://br.pinterest.com/pin/376824693794567237/
Pina usa o processo de repetição até que seus bailarinos cheguem ao um estado de exaustão, 
criando novos estágios corporais, e acabam gerando outros movimentos, também trazem 
movimentos mais intensos e amplos. Gerando uma potencialização ao primeiro gesto realizado.
Essas mutações transformam a primeira ação, na qual se busca novas perspectivas corporais, no 
olhar do bailarino e do expectador. E também dando outros sentidos, deixando no subjetivo.
32
Figura 12: Pina Bausch: ..como o Musguito em pedra ay si, si, si Foto: © Anja Beutler, disponívelno site: 
http://www.culturekiosque.com/dance/reviews/pbcomo_pbocca625.html.
O trabalho com a repetição de movimentos é uma pesquisa corporal para os bailarinos até 
conseguirem desvincular a funcionalidade da movimentação do cotidiano e transformam em 
outras perspectivas.
33
Bausch fez suas obras a partir de propósitos que despertam a curiosidade, tem ironia, mas tem 
muita sensibilidade. Suas coreografias são reais, baseadas perante as experiências de seus 
bailarinos, meditando a um tipo de serie de perguntas, fazendo com que os bailarinos buscassem 
em seus corpos movimentos aos quais faziam com que respondessem as perguntas. Mas também 
fazia um jogo de palavras, nas quais os bailarinos procuravam em seus corpos a representação de 
tal palavra.
Para cada obra, tinha a autora um sortido de palavras, palavras soltas, que depois se 
combinavam em expressões, questões, frases – por exemplo, se partia da palavra 
“ternura”, podia-se ir parar à necessidade de “seres terno contigo mesmo”, e daí para uma 
sucessão de ocorrências que geravam uma obra de teatro ou de dança ou de teatro-dança.
Todas as obras de Pina Bausch assim começavam: na relação entre questões e 
improvisação, das questões e a partir das questões, era necessário fazer dezenas, centenas, 
milhares (como a autora referia) de perguntas aos bailarinos, era, conseqüentemente, 
necessário em absoluto ficar suspenso naquele impressivo fio da navalha e naquela 
angústia de estar “dependente” dos outros para fazer nascer a obra própria, os 
movimentos despegados da coesão clássica do próprio movimento (e da sua 
narratividade), chegar à história para aportar ao fragmento. Ora, a angústia resultava do 
facto de, “por vezes, não sair nada”. Inevitavelmente. (VIDAL, Carlos, PINA BAUSCH 
(1940-2009): o método e o amor, 2009, disponível no site: 
http://5dias.net/2009/07/01/pina-bausch-1940-2009-o-metodo-e-o-amor/)
Dá frase ao movimento, isso era uma forma de intensificar as tendências físicas e emocionais da 
coreografia. Existe uma frase de Isadora Duncan que pode exemplificar essa potencialização “Se 
eu pudesse explicar o que as coisas significam, não teria a necessidade de dançá-las.” 
Algo muito marcante nas coreografias de Pina Bausch, era o uso de trajes elegantes, como de 
festa de formatura, casamentos, festas de empresas. Outra coisa muito marcante de Pina era os 
jogos que ocorriam dentro de suas coreografias, a relação entre o homem e a mulher, o 
individual e o grupal, maligno e benigno, a comedia versus a tragédia, mais tudo trado de uma 
forma tão sutil, criativa e grande imaginação (algo que nunca faltou em Pina).
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Figura 13: Viktor performed by Tanztheater Wuppertal Pina Bausch at Sadler's Wells Theatre. Photo: Alastair Muir, 
imagem disponível no site: http://www.telegraph.co.uk/culture/theatre/dance/9316421/Tanztheater-Wuppertal-Pina-
Bausch-Viktor-Sadlers-Wells-review.html
Suas obras retratavam quase a vida, era desconcertante, confusas, intrigante, ao orgânico, o 
expectador acaba se identificando muito dentro de suas coreografias, que acaba gerando um 
incômodo. Pensar que permitisse ser afetado é algo bom.
Figura 14: Café Müller, Pina Bausch, imagem disponível no site: 
http://www.vogue.it/en/news/encyclo/people/b/pina-bausch
35
Pina nunca buscou a movimentação perfeita, ou uma técnica perfeita, se interessava mais naquilo 
que fazia impulsar, da onde vinha à necessidade de, à vontade, interna que dava origem a ação, o 
que se revelava através da imagem em movimento.
Ela sempre foi uma grande observadora, selecionadora, pesquisadora, reinventava-se, montava 
pedaços, propunham a vida em seus trabalhos. 
Pina vem na busca de pesquisar movimentação, trazer movimentos que já existem dentro dá 
gente, a procura da re-significação do movimento, o desvincular da propriedade já existente 
dentro dela, ao encontro de algo novo totalmente experimental de um corpo em exaustão, como 
vimos na linguagem corporal de gaga, o ser animal do homem. Isso de trazer o real sem se deixar 
óbvio ao expectador, gerar o incomodo. Buscar afetar, se afetar, deixar se afetar. Isso é a base 
que ela traz incrivelmente a minha experimentação poética. Na qual eu me interesso aprender 
todos os dias (re-significar). 
36
2. O nascer de um/a interprete de dança contemporânea
O nascer de um/a interprete de dança contemporânea aborda as trajetórias, na qual percorri 
e ainda percorro dentro da dança, fora da dança, no viver, no espaço, no tempo, a partir do 
surgimento da escola de Dança Rayssa Francesconi e das experimentações com o Núcleo 
Experimental de Teatro e Perfomance (NEXTP). Relatando (historiar) o meu processo de 
des(construção) do corpo, o descobrir o meu corpo dançante. Na qual ainda contínuo 
pesquisando e des(construção) diariamente.
Historiando através das minhas primeiras coreografias de dança contemporânea, sendo 
membro da Cia de dança Rayssa Francesconi, e no processo de pesquisa de 
experimentações de teatro e performance com NEXTP.
E a partir da amizade em que fiz na faculdade com Thales Henrique bailarino/intérprete, na 
qual fizemos diversas coreografias de dança contemporânea, dentro da instituição de 
ensino FMU. Atravessamos.
2.1 Primeiro passos de minha des(construção) corpórea 
Quando minha professora Rayssa Francesconi abriu sua escola, e com ela trouxe sua 
melhor amiga a professora Raissa Maglio, assim me dando grandes oportunidades. Pude 
fazer diversas aulas de dança e entre elas conheci a dança contemporânea, que me 
conquistou profundamente.
Quando estou dançando sinto como se pudesse ser eu mesma, que ninguém ali está me 
controlando, que posso seguir o ritmo do meu coração(corpo), que todos podem ver a 
minha história, mesmo sem o uso de palavras. Como dizia Isadora Duncan “Se eu pudesse 
explicar o que as coisas significam, não teria a necessidade de dançá-las.” (Frases de 
Isadora Duncan, Disponível no site: http://www.frasesfamosas.com.br/frases-de/isadora-
duncan/ , Acessado : 12/08/2017).
Na época que comecei a aprender sobre dança contemporânea foi bem difícil diferenciar o 
jazz do contemporâneo, levou um tempo para conseguir. Diferente do jazz o plano baixo é 
muito forte no inicio, trabalhamos muito com a pesquisa do corpo, das sensações, com 
laboratórios de experimentações, com pesquisas de movimentos, com imprevisões de 
37
pesquisa para coreografia. No começo não entendi muito que minha professora queria nos 
dizer, mais comecei minha desconstrução corporal ali no chão, tentando conhecer cada 
parte do meu corpo, e quais funções poderiam fazer além do que eu imaginava as 
sensações que poderiam trazer naquele meu movimento, que lembranças poderiam me 
trazer da vida. Era algo muito particular, mais ou mesmo tem algo que poderia ser 
compartilhado e ser sentido por outro, o sentir o que o outro estava sentindo (orgânico).
Minha primeira apresentação coreográfica nasceu através de pesquisas dentro da sala de 
aula, que foi para apresentação do espetáculo Ester. Foi uma cena em que as pessoas 
protestavam com sacos na cabeça (passagem bíblica do livro de Ester), era algo triste, 
pegamos como referência o filme 12 anos de escravidão, a música também foi retirada de 
lá, no processo, em vez de usamos sacos foram saias da cor bege, que poderiam cobrir ou 
não cobrir a cabeça, processo de improvisações de “tapas magnéticas”, surgiu durante o 
processo de laboratório de pesquisa. A dança nasceu durante os laboratórios de pesquisas, 
de perguntas sobre, de referências.
Figura 15: Espetáculo Ester, fotografia de Rhayane Franco.
38
Quando estive na CIA Rayssa Francesconi, apresentei um solo e um trio, durante a criação 
do solo, tinha o sentido de ser um espetáculo sobre cartas que eram mandadas durante a 
guerra, mais no começo não deu muito certo e acabou em coreografias separadas para levar 
na competição.
O solo foi criado junto à música de Chico Buarque “Luiza”, começou num processo depesquisa quem seria essa menina na qual a música se refere, quais seriam seus sentimentos, 
qual seria as suas verdadeiras intenções, tentei pesquisar interpretações da música, o que 
não foi muito útil para o que minha professora queria. Então comecei a pesquisa dentro de 
mim aquela menina que parece inocente mais no fundo queria apenas que ele a ama-se, 
enquanto ela poderia ignorá-lo, mais às vezes ela realmente o amava. Foi algo que busquei 
dentro de mim, diariamente. Na qual nasceu o solo “Doce Trova”.
Este solo foi apresentado na competição “Bravos Festivais de Dança” em 2015, 
coreografia criada por Raissa Maglio, “Doce Trova” era como um poema, contado através 
das expressões corporais, que mostrava os sentimentos desta menina que a música contava 
quem era ela. Foi algo muito incrível para mim como intérprete desta coreografia meu 
primeiro solo, meu corpo pulsava de nervoso, de medo, de ansiedade, mal sabia qual era 
meus sentimentos. Quando entrei no palco foi como se tudo explodisse de um grande 
sentimento que ali jorrava de dentro de mim, uma sensação tão maravilhosa de prazer e 
muita gratidão por pode estar ali, interpretando “Luiza” ou se pode dizer àquela poesia que 
cantava a música “Doce trova”. 
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Figura 16: Doce Trova, fotografia do evento Bravo Festival
O trio foi um progresso de pesquisa bem difícil, a coreografia também nasceu de 
laboratório de experimentações, sabíamos décor a coreografia, mais o porquê estávamos ali 
dançando aquilo, quem era aquelas personas, quais são seu sentimentos, o que queriam 
compartilhar, o que sentiam naquele momento, mesmo minha professora fazendo jogos de 
perguntam, sobre o que sentíamos, onde estaríamos, quem estaria com a gente, não ajudou 
no processo, por que não houve conexão (orgânico) entre nos três. Tivemos um processo 
individual.
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Figura 17: águas de março, fotografia do evento Bravos Festival
Mesmo o trio não dando certo, sendo o caos que foi. Aprendemos com o erro tentando nós 
unir (ser orgânico). Todo o processo de aprender, nunca se dá somente pelo acerto, erra nós 
permite descobrir que nem sempre estamos des(construídos) totalmente para que possa 
afetar.
 
2.2 Processo do Corpo Presente, Corpo Urgente: Processo de Pesquisa. (Núcleo 
Experimental de Teatro e Performance) 
No período em que entrei na faculdade, conheci o núcleo experimental de teatro e 
performance, no qual comecei a pesquisar mais a fundo sobre Pina Bausch e depois de um 
tempo me apresentaram o método Gaga de Ohad Naharin.
No começo a proposta era “uma cena” em dupla, que se compunha de um barco grande 
outro pequeno, e tínhamos que criar maneiras de andar com o barco, o tempo em que seria, 
enquanto tinha um musica tocando. É pesquisa sobre o tempo corporal, qual o limite de 
tempo (desacelerar) que podemos chegar, quais são a reações que o corpo pede o que afeta 
em você este “tempo”. Houve muito questionamento de minha parceira, que não consegui 
entender “nada”, entre outros questionamentos, que a deixou muito afetada de certa 
41
maneira em que acabou saindo de uma forma não construtiva. Mais comigo já foi 
diferente, eu comecei a ver coisas no meu corpo que nem sabia que pode acontecer com a 
desaceleração corporal, tensão do corpo, um força maior para se manter equilibrado, o 
corpo ele quer andar de forma “normal”, e quer muito seguir o ritmo que está tocando a 
música. Dentro de mim teve um desconstrução de bailarina muito forte, porque dentro da 
escola de dança, tudo se tinha contagem de música, está dentro da música. E essa 
experimentação me ajudou nesse processo de seguir o “meu” ritmo interno essa travessia.
Figura 18: Barco, fotografia de Alexandre Marchesini
42
Na segunda apresentação tinha se uma pesquisa sobre a insignificância, onde buscamos 
referências em diversas fontes, um delas foi a Pina Bausch, na qual surgiu a 
experimentação do teste, onde investíamos em movimentos simples e repetitivos, como 
“bonecas” perfeitas, que a mídia criava o “padrão do perfeccionismo”. Foi um processo de 
pesquisa de alguns movimentos, que pode ser considerados simples mesmo assim era uma 
coreografia. Com coisa de movimentos diários, como levantar, sentar, pegar algo e se 
repetia.
Neste último processo de pesquisa em cima do tema Animalesco, usamos forte pesquisa 
sobre Ohad Naharin e Pina, muitas de nossa experimentações fora baseadas nesses grandes 
artistas, como as quedas no começo, a siluetas dos corpos, esse corpo animal(bicho), o 
correr na esteira, a corda.
Foi o nosso maior processo de pesquisa corporal acho que pode dizer isso, no qual teve 
maior a pesquisa de como cair, o peso do corpo, o limite, exemplo nas coceiras, quando se 
começa a coçar é um “processo irreal”, quanto mais você vai se coçando o corpo reage 
como se aquilo foi real, nisso vão estímulo partes do seu corpo em que sai ruídos 
naturalmente(impulsionando). 
“Todo animal tem a capacidade de perceber estímulos provenientes do 
ambiente externo e interno. Esses estímulos são captados através de 
células altamente especializadas, chamadas de células sensoriais; ou 
através de simples terminações nervosas dos neurônios. Essas células 
ou terminações nervosas podem ser encontradas espalhadas pelo 
corpo e nos órgãos dos sentidos (olfato, paladar, tato, visão e audição), 
formando o sistema sensorial.” 
(http://brasilescola.uol.com.br/biologia/sistema-sensorial.htm, acesso: 
18/09/2017)
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Figura 19: Animalesco, Fotografia de Nicolette
Os bailarinos não dançam combinações pré-estabelecidas de movimento, mas respondem 
aos estímulos verbais que chamam a atenção para partes específicas do corpo, qualidades 
e ações. Essa exploração “sem regras” dos movimentos fornece aos bailarinos uma gama 
imensa de movimentos que vão além dos métodos tradicionais de treinamento. (Ohad 
Naharin – going Gaga is the difference between dancer and gymnast, Disponível: 
https://www.theguardian.com/culture/australia-culture-blog/2014/mar/08/ohad-naharin-
going-gaga-is-the-difference-between-dancer-and-gymnast. Acesso: 19/04/2017)
O quanto o corpo que está ali presente naquele momento te afeta, o quanto te afeta a 
movimentação, o quando se deixa afetar, a quanto afeta o outro. E para questionar mais 
deixo um trecho do livro “o que é dança contemporânea”? De Thereza Rocha, “ Assim 
deveria lhe dizer agora que, do ponto de vista do pensamento, o seu corpo não é 
necessariamente seu, nem é necessariamente corpo.
...A partir de agora, é importante ficar o tempo todo com esta pergunta presente: Que 
corpo? De que corpo estamos falando?”. (ROCHA, Thereza. O que é dança 
contemporânea?, Salvador, ed. Conexões Criativas, 2016.)
44
Figura 20: Animalesco, Fotografia de Nicolette
2.3 O quê é Corpo? O quê é Dança?
Começo este subtexto com um parágrafo do livro “O que é dança contemporânea?” de 
Thereza Rocha, “A dança inventa outros modos de conhecer. É mesmo necessário e 
urgente interrogar aquilo que define, arbitra e valida o conhecimento acerca dos modos 
como o faz, dos princípios a partir dos quais o realiza e mais, da vontade de verdade, uma 
vontade de poder, que talvez atravesse.” (ROCHA, Thereza. O que é dança 
contemporânea?, Salvador, ed. Conexões Criativas, 2016.)
Citei este trecho do livro devia a se encaixar perfeitamente neste subtexto, que conta sobre 
o processo do nascer de uma amizade que veio através da dança contemporânea, da 
vontade de mostrar o que há dentro da gente, do nosso conhecimento, do hibridismo 
contemporâneo, de questionar o quê é, quem são seus interpretes, qual o corpo quê dança?. 
Todas essas questões e as que sujem durante o tempo e o espaço. O se conecta com o 
estranho (o não estranho).
45
Conheci o Thales através do NEXTP(núcleo experimental de teatro e performance), que 
também á bailarino/intérprete de dança contemporânea, no primeiro semestre da faculdade, 
durantes os ensaios do NEXTP. Quando fomos apresentados, direto começamos aconversar e tivemos a “brilhante” idéia de se apresentar na semana cultura da FMU, com a 
“técnica/ não-técnica” de contato e improvisação que nos proporciona a dança 
contemporânea. Com certeza antes de começar a “dança” tivemos receios por ser algo de 
relação (interação), onde nunca houve, neste corpo estranho. Mas quando começamos a 
dança, nenhum receio existiu entre nós, o corpo dançante (presente), nos levou a conexão 
cósmica (orgânico), a sensação de já nos conhecemos a muito tempo, de pode tocar o outro 
sem invadir suas particularidades. Mais de mostrar a vontade de ser um corpo dançante no 
espaço, de ser quem somos do ser hibrido do propósito de se deixar afetar, de atravessar a 
barreira corpórea, para atravessa algo além do visível.
Destes questionamentos (amizade) nasceram quatro coreografias/ não-coreografias, de contato e 
improvisação dentro da instituição de ensino FMU. E repito neste capítulo o que Pina dizia: “A 
dança deve ter outra razão de simples técnica, eu não estou interessada em saber como as pessoas 
se movem, eu estou interessada no que as fazem mover, trata-se da vida e, portanto de encontrar 
a linguagem da vida”.
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Figura 21: Contato – Improvisação com Thales Henrique, fotografia de Alexandre Marchesini.
Para terminar este subtexto e este capítulo, lhes deixo o questionamento do mesmo livro 
em que iniciei este subtexto. “ Se a Dança é esquecer e o corpo não esquece jamais, onde, 
então a dança se produz?” (ROCHA, Thereza. O que é dança contemporânea?, Salvador, 
ed. Conexões Criativas, 2016.)
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Figura 22: contato – improvisação, fotografo desconecido.
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3. Corporificação
Termo Corporifição
Transportando seu corpo ao um novo modo, ao um novo ambiente, ao uma nova posição, 
ao novo olhar, encontrando um novo olhar sobre si, conhecendo o corpo, encontrando 
consciência corpórea.
Por Karla Samantha
Este capítulo relata o processo de corporificação, de seis pessoas que tiveram a liberdade 
de ir e vim quando quisessem, enquanto estivessem se sentindo bem dentro desse processo 
de conhecer o corpo com o seu universo pessoal (conhecer suas mini partículas). 
3.1 O universo do corpo. (Os internos do corpo)
No processo de corporificação eu monte dez aulas voltadas à dança contemporânea, volta ao 
conhecimento do corpo, o conhecimento interno (eu pessoal), conhecimento técnico (não- técnico), 
improvisação, contato (interação com o corpo estranho [corpo do outro]), percepção das moléculas 
que se movimentam quando nos movemos o esquecer e o renovar.
 No início foi mais um tentativa para entender de como seria o processos das aulas, neste primeiro 
momento estava a Rafaella e Juliana, e passei o jeito em que conheci a dança contemporânea, com 
os movimentos técnicos (não-técnicos), simples a minha percepção, no processo vi o quanto era 
difícil para as meninas que não tinha esse conhecimento corporal. Que estava tendo um primeiro 
contato com aquele novo corpo. O permitir se afetar por este primeiro momento é um desafio.
“... me senti instigada e atraída pra executar os movimentos, as primeiras bases 
apresentadas, eu fico muito empolgada em aprender coisas novas, desafios, então 
naturalmente me permiti encarar as propostas de corpo entregue. Rafaella Domingos.”
“Em poucos momentos me senti confortável, pois dança é algo com o qual não tenho muita 
afinidade. Juliana Ozeranski.”
Trouxe de forma mais lúdica para encontrar o eu pessoal (o corpo em que habitam). 
Através de um guia de imagem (mais as imagens são criadas a partir do repertorio de cada 
um). As imagens eram de que elas seriam uma ilha, de como seria a posição das árvores, a 
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beira da praia, o mar batendo nessa ilha calmamente, mais depois de um tempo de forma 
mais agressiva.
Nesse processo lúdico elas transportaram o corpo (sentimentos), para aquela ilha e todos os 
acontecimentos, a tranqüilidade na Rafaella e a agitação leve da Juliana. Quando disse que 
estava tendo um vendaval nessa ilha que criaram (o si mesmo), a Juliana permaneceu mais, 
do que a Rafaella.
Pedi que me Relatasse como era a ilha, e disseram desse lugar cheio de verde, desse mar 
que batia calma, a Rafaella disse que quando teve vendaval, durou muito pouco ali, que 
significou que ela não fica acumulando os problemas de sua vida, ela deixa que os flua, 
mais a Juliana já ficou mais dentro do vendaval, não conseguiu sair tão rapidamente sem 
que eu dissesse.
Figura 23: Rafaella e Juliana Processo da Ilha, fotos da autora.
Depois fiz somente com a Marcela, o mesmo processo perguntou varias coisas percebi que 
mexeu bastante com ela internamente, pois ela acabou se abrindo comigo dizendo que está 
num processo da descoberta do si mesmo. De perceber o quanto ela guarda as coisa para si, 
e de alguma forma que liberta-lás.
Na Terceira aula tivemos uma nova participante para o grupo a Raissa que cursa o 3º 
semestre em Artes Visual, que já tem um corpo dançante, que já vem de dentro da dança 
contemporânea, voltei à passa novamente os movimentos base da dança contemporânea, 
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neste segundo momento percebi que foi fácil explicar, elas conseguirem executar os 
movimentos, a Rafaella sentiu que os movimentos estavam mais simples, e elas se 
soltaram mais dentro do processo. Neste dia não tivemos a presença da Juliana.
Dentro da aula fiz uma proposta de improvisação, através de uma pergunta “Quando você 
fica triste quais são seus movimentos dentro do quarto?”. Que se baseia no processo de 
Pina Bausch, da sua criação coreográfica de questionar, e permitir que os interpretes criam 
com liberdade.
Dei dez minutos para pensarem, imaginarem, criarem, os movimentos, sem uma música 
específica. Surgiram muitas coisas incríveis, eu ali observando elas fiquei maravilhada 
com todos os movimentos, me senti afetada e percebi que elas também permitiram - se 
afetar.
Figura 24: Raissa no processo de improvisação da questão.
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Figura 25: Rafaella e Raissa no processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 26: Raissa processo de improvisação, fotografia da autora.
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Figura 27: Rafaella e Raissa processo de improvisação, fotografia da autora.
 
Figura 28: Rafaella processo de improvisação, fotografia da autora.
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Figura 29: Rafaella processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 30: Rafaella processo de improvisação, fotografia da autora.
“..."tristeza em seu quarto", respondemos a isso com movimentações de corpo, foi lindo, 
Raíssa e eu tivemos algumas movimentações parecidas, foi lindo de vêr, e pra mim 
particularmente muito interessante pensar nesse movimento do corpo dentro de ações 
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cotidianas, em movimentos que faço e traduzi-los como expressão de sentimentos dentro 
de um contexto dançante, como cada gesto mais simples que seja possa vir a ser uma 
movimentação da própria dança, que venha a ser uma movimentação que se torne dança. 
Maravilhada. Rafaella Domingos”
Para terminar essa aula deixei uma pergunta “Se dançar é esquecer e o corpo não esquece 
jamais, onde, então a dança se produz?” (o que é dança contemporânea? Thereza Rocha)
Preparei uma aula direcionada a algo mais interno, foi mais uma meditação interior sobre o 
Bosque Fictício de Cada Um, este bosque representa quem somos, permite que os 
intérpretes conheçam - se, tudo que vive dentro do corpo, no processo lúdico é como se 
criasse um bosque, a tal como a gente não queira ir ou que queremos conhecer.
Dentro dessa meditação já tinha uma proposta “coreográfica” para a Juliana então pedi que 
ela fizesse vendada a meditação para saber o que ela sentia.
Eu queria saber mais como elas eram por dentro, suas mágoas, suas felicidades, seus 
estados emocionais, para que pudessem se curar internamente, porque acredito que a dança 
pode nós curar dos males da alma. Ohad Naharin criou o gaga para curar seu coração, 
quando perdeu sua primeira esposa, e também diz que a dança não dever ser uma punição, 
mais fluidos de prazer que geram alegria.Perguntei onde elas estavam as duas responderam que estavam numa cabana no da 
Rafaella tinha um lareira, na qual a deixa confortável, mais que não ficou muito tempo 
naquele lugar e foi para outro, onde tinha uma fogueira pedras, uma floresta, isso diz muito 
sobre ela, gosta de conforto, mais não gosta de rotinas repetitivas, sempre em busca de 
novos fazeres, uma pessoa de agir, mesmo que pense não ser muito pé no chão, ás vezes 
faz as coisas com a certeza sem ser pelo impulso.
Já a Juliana, ela ficou ali naquele lugar apenas, não havia ninguém com ela, sinto que para 
ela a solidão de alguma forma conforta, mais lhe deixa a tristeza, parece que passou muita 
coisa pela vida, que a levou a ficar com receios de algumas coisas, de se permiti algumas 
coisas na vida, mais se mostra a ser forte e guerreira em determinados momentos.
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Figura 31: Rafaella processo do Bosque Fictício, fotografia da autora.
 Na quinta aula tivemos a ilustre presença da Vivian que já é uma bailarina de Balé há 
alguns anos e começou recentemente na dança contemporânea, que já tive a oportunidade 
de trabalhar com ela dentro do Núcleo Experimental de Teatro e Performance e também a 
presença da Karina do 4º semestre que também tem um corpo dançante.
 Sempre começo com os movimentos base da dança contemporânea, no segundo momento 
da aula dei-lhes uma meia imagem, pedindo que pensassem num lugar aconchegante. 
Todas pensaram no quarto, surgiu um questionamento “o nosso maior lugar de dor, é o 
lugar que nos aconchega”. Durante as aulas do gaga Ohad Naharin, criava imagens para 
dar base aos bailarinos.
 
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Figura 32: Karina Processo de improvisação, fotografia da autora.
Figura 33: Karina processo de improvisação, fotografia da autora.
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Figura 34: Vivian Processo de improvisação, fotografia da autora.
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Figura 35: Rafaella processo de improvisação, fotografia da autora.
Dentro do processo fiz uma aula somente com a Marcela, passei tudo o que já tinha 
ensinado as meninas, quando foi o processo de improvisação pedi para que pensasse na 
palavra solidão, e quais movimentos vinha em sua cabeça. Fiquei extremamente 
maravilhada com a movimentação, num sentido que era muito lindo o movimento, mais 
me trazia a tristeza de está sozinha.
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Figura 36: Marcela processo de improvisação, fotografia da autora
Na aula seguinte pensei neste processo do individual, que prosseguiu durante essas aulas, 
quis quebrar isso com um processo de se conectar com outro, poder sentir o outro, todos 
fazemos parte de um organismo. Num primeiro momento foi um relaxamento, para se 
encontrar durante o percurso, quebrar as primeiras barreiras que temos com o outro. 
Para o segundo momento foi os encaixe, ou o jogo da estátua, no qual você encontra 
entradas no outro para se encaixar, para que esses corpos estranhos, não sejam mais 
estranhos dentro do contexto, mas virem algo único da forma como se conectam.
E para finalizar fizemos a boneca, que uma pessoa fica imóvel e a outra a leva de um lado 
para o outro, buscando maneiras de movimenta-lá. Isto mostra o quanto é difícil mover o 
outro sem a ajuda dele, e o quanto é difícil permitir o outro conduza. Foi uma experiência 
divertida mais não fácil para elas, mais foi incrível se permitiram.
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Figura 37: Rafaella, Raissa e Karina processo da boneca, fotografia da autora.
Figura 38: Rafaella, Raissa e Karina processo da boneca, fotografia da autora.
Figura 39: Rafaella, Raissa e Karina processo da boneca, fotografia da autora.
O retorno que tive da Karina foi bem importante para continuação desse processo. “... Não 
me arrependo, durante o processo a dor não foi um problema a até me desconectei dos 
problemas na mente. O movimento me harmoniza. Karina”.
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Na sétima aula fiz uma experimentação somente com a Rafaella com o objeto bambolê. 
Uma desconstrução de mim através do bambolê que nunca havia dançado ou criar uma 
coreografia a partir dele. Ficamos ali mais como um laboratório de experimentações de 
movimentos. Acredito que não foi uma aula, mas uma troca de conhecimento foi incrível, 
um desafio para mim (deixou-me intriga a investigar mais este objeto).
Figura 40: Rafaella experimentação com o bambolê, fotografia da autora.
Essa experimentação me intrigou bastante, que fizemos novamente outra aula sobre isso, 
devia a este objeto participar da minha criação. “A partir desse momento começou o 
processo de pesquisa da corporificação com objeto,” como tornar apenas um único 
corpo?”.
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Figura 41: Rafaella experimentação com o bambolê, fotografia da autora.
A penúltima aula montada um laboratório de composição coreografia, com a música 
Valsinha de Chico Buarque. Voltada há uma experimentação de duo. A Rafaella comentou 
comigo que no começo foi bem difícil devia ao receio de não ter intimidade com outro 
mais que depois foi fluindo. Mais as duas me falaram que gostaram bastante deste 
laboratório.
Figura 42: Rafaella e Karina experimentação de Duo, fotografia da autora.
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Figura 43: Rafaella e Karina experimentação de Duo, fotografia da autora.
A finalização deste processo foi somente com a Raissa, foi um processo inteiramente de 
improvisação. Mais ao contrário do que Pina fazia sobre questionar, eu quis que ela criasse 
a própria questão e dançasse sem que eu soubesse o que ela estava dizendo, participei da 
aula com ela. 
Figura 44: Raissa no processo de Improvisação, fotografia da autora.
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Figura 45: Raissa no processo de Improvisação, fotografia da autora.
No final discutimos o que queríamos dizer com nossas improvisações, a Raissa falou que 
sua frase era “Além do bem e do mal o que é a verdade?” , mais o que remeteu para mim 
foi “Quem sou eu nesse espaço?”, foi bem intrigante mesmo as frases parecendo bem 
distantes se formos pensar relativamente podem ser do mesmo contexto (Quem somos 
além daquilo que se cria do certo e errado? Quais são nossas puras verdades? Somos 
Corpos Modificados [corpo com intervenções do outro, criação do pensar]?) 
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Figura 46: Karla Samantha processo de improvisação, foto de Raissa Nosralla
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Figura 47: Karla Samantha processo de improvisação, foto de Raissa Nosralla.
A frase que eu criei foi um questionamento interior, “Os desejos da carne que afetam na 
alma, refletem no espelho”, “olhar para um espelho reflete o nosso corpo, se o corpo é o 
todo, ele reflete nosso interior?” Para Raissa remeteu o que a música dizia “Você não sabe 
como é está na minha cabeça.”. O improviso foi sem previsão mais literalmente tudo se 
encaixou de forma única, com diz o ditado popular “Se tivesse planejado não teria dado 
certo.”.
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Vou terminar este subtexto com o pequeno texto da Raissa Nosralla:
Os átomos não esquecem 
M. Onfray 
O si mesmo é infalível, não pode ser dito. A dança afasta a prisão do eu e abre a si mesmo, 
a experiência real de si. Nietzche
Quando eu danço de verdade sem medo e centrada em mim, eu não penso, apenas sou.
O corpo não esquece, ele é tudo que já passou por mim.
A questão não é esquecer de quem se é, e sim ser sem querer ser.
eu sou simplesmente
é não pensar e somente sentir. Quando penso não danço com leveza mas
quando olho pra dentro de mim, confio no meu corpo, na minha intuição no fluir e no 
respirar, a dança vem.
Eu me torno quem realmente sou.
por isso dançar é tão especial, é tão verdadeiro.
Tão forte e sutil ao mesmo tempo.
A dança contemporânea me liberta e proporciona que eu me expresse e ainda enalteça o 
meu corpo, o quão importante e cheio de possibilidades que ele é.
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4. Considerações Finais
Este processo de pesquisa inicialmente veio para contribuir com diversos bailarinos que 
dizem que a dança é para todos, durante o processo me surgiu mais questionamentos 
dentro desse tema do que poderia imaginar, a dança é mais do que só se movimentar, ela 
vai muito além do que podemos pensar.
No princípio imaginei que conseguiria achar pessoas disposta que não tem uma introduçãocom a dança, para participar deste processo de pesquisa. Mas quando comecei a criar meu 
projeto, me questionei, “o porquê não poderia ser pessoas que já dançaram ou que 
dançam?” . Elas têm um corpo dançante, e mesmo que elas tenham essa vivência com a 
dança ainda pode se existir limitações e punições corpóreas. Foi a partir daí que abrir meu 
processo para todos os corpos.
Durante os meses que pude pesquisar teoricamente foi imensamente enriquecedor, 
consegui colher bastante material, mas não conseguir usar tudo na prática, usei mais o que 
já estava apropriada. E rompi a dança como um “objeto” sólido (pré – criado), ela vem do 
corpo, não pré – estabelecido, o corpo diz com gestos, com o olhar, com o pé, com suas 
mini partículas, até mesmo através do combate de doenças. O corpo disse a todo o 
momento, só esquecemos escuta - los. 
Dentro da pesquisa montei dez aulas aberta para as pessoas irem e virem, quando quisesse 
e se sentisse bem, não sei se elas conseguiram vê sua evolução dentro do processo. Mas 
vendo de fora quando comecei e terminei, pude ver um melhora incrível por dentro e por 
fora, acho que elas aulas conseguiram propulsionar uma curar interna das meninas, que se 
refletiu por fora. Pensando na dança elas ampliaram seus movimentos, ficaram mais leves, 
criaram movimentos, sentiram mais o seu corpo, ouvem mais o corpo. Fico feliz pelo 
retorno que tive das meninas, da preocupação delas com a própria evolução.
Começou com trabalho de dança, e virou um trabalho de corpo. A dança vem do corpo das 
memórias do corpo, dos sentimentos que o corpo passa.
Não consegui fazer tudo o que estava planejado no processo, como o vídeo performance, 
de introduzir mais coisas que aprendi na CIA Corpos Nômades, e da palestra de dança que 
minha amiga participou que se relaciona com o que estou falando, gostaria de continuar o 
processo e introduzir outras linguagens que trabalha com o corpo, como objeto principal de 
arte. 
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Foi um processo de pesquisa muito desafiador, pensei em desistir varias devido não 
conseguir fazer como eu tinha planejado, não conseguir contar com as pessoas que eu já 
tinha perguntado que me confirmaram no inicio do processo, devido a alguns problemas 
pessoas das pessoas. Juliana que saiu devido a não se sentir confortável dentro do processo 
de dança, por sentir um trava, mas é algo pessoal dela. Mas outras pessoas foram surgindo 
quando a pesquisa começou, na qual me deram ânimo para continuar com a pesquisa e 
inicia – lá. 
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Referências
Livros
BELOTI ABI SAAB, Luiza. AS COISAS QUE VIAJAM DENTRO DE VOCÊ
Um registro do processo de trabalho de Gaga, dissertação em mestrado, 
Instituto de Artes daUniversidade de Brasília, 2015.
BARDET, Marie. A filosofia da dança, ed. Selo artins.
CALDEIRA, Solange. Artigo “ A construção poética de Pina Bausch”. 118 – 
revista Poiésis,
n16, p. 118 -131, dez de 2010.
CARRARA, Paula. [Corpo Voz Escuta].
LABAN, Rudolf. Domínio do movimento, São Paulo, ed. Summus editorial.
LE BRETON, David, Antropologia do corpo, São Paulo, ed. Vozes, 2016.
MILLER, Jussara. Qual é o corpo que dança?, ed. Summus editorial.
ROCHA, Thereza. O que é dança contemporânea?, Salvador, ed. Conexões 
Criativas, 2016.
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dex=1. Acesso: 13/04/2017
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Acesso: 21/03/2017
71
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http://www.mundodadanca.art.br/2010/03/danca-contemporanea-sua-historia.html. 
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Acesso: 01/04/2017
Langendonck, Rosana Van. História da Dança. Artigo
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O CORPO COMO CRIAÇÃO, LINGUAGEM E LIBERDADE OU SOBRE PINA
BAUSCH, disponível: 
http://www.esquerdadiario.com.br/spip.php?page=gacetillaarticulo&
id_article=8537. Acesso: 19/04/2017

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