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1 www.g7juridico.com.br MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Alexandre Gialluca Direito Empresarial Aula 07 ROTEIRO DE AULA 18.8.8 Direitos essenciais do acionista (art. 109 da Lei): - Os direitos essenciais não podem ser retirados nem pelo Estatuto e nem pela Assembleia Geral. Art. 109. Nem o estatuto social nem a assembleia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: I - participar dos lucros sociais; II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. LEMBRE-SE: o voto não é direito essencial. Tanto é assim que as ações preferenciais poderão ficar sem voto, nos termos do Art. 111 da Lei das S.A. 18.9. Debêntures 18.9.1. Conceito 2 www.g7juridico.com.br Exemplo: imagine que a Sociedade Anônima esteja precisando de R$ 10.000.000,00. Diante desta necessidade, a companhia poderá realizar um empréstimo – com todas as taxas de juros correspondentes – ou poderá emitir 1.000.000 de debêntures a preço de R$10,00 cada um com juros de 1,12% a.m. Se o período de resgate for de 07 anos, por exemplo, a companhia devolverá ao debenturista os R$ 10,00 que ele pagou juntamente com aquilo que o título rendeu. Nota-se, portanto, que há aqui uma operação de mútuo entre o debenturista (mutuante) e a companhia emissora (mutuária). Art. 52 da Lei 6.404/76: A companhia poderá emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, nas condições constantes da escritura de emissão e, se houver, do certificado. LEMBRE-SE: a debênture é um título de resgate a médio/longo prazo. 18.9.2. Título executivo extrajudicial Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; 18.9.3. Emissão - A deliberação para a emissão é de competência da Assembleia Geral (art. 59, §1° da Lei) Art. 59, § 1° Na companhia aberta, o conselho de administração pode deliberar sobre a emissão de debêntures não conversíveis em ações, salvo disposição estatutária em contrário. (Redação dada pela Lei nº 12.431, de 2011). - Se a debênture for conversível em ação, apenas a Assembleia Geral poderá deliberar sobre a sua emissão. 18.10. Bônus de subscrição - Toda companhia que precisa aumentar seu capital social, ela precisa modificar o seu estatuto, além de ter deliberação da Assembleia Geral autorizando tal ação. Todavia, é possível que se deixe previamente definido no Estatuto a autorização para aumento do capital social até determinado valor. - O bônus de subscrição confere ao titular o direito de subscrever ações do capital social. Exemplo: imagine que o PSG esteja interessado em vender o Neymar e o Real Madrid esteja interessado. Diante disso, o PSG decide alienar o direito de preferência ao Real Madrid, que o adquire pelo valor de R$ 1.000.000,00. 3 www.g7juridico.com.br Passados 6 meses, o PSG entra em contato com o Real Madrid para comunicar que o jogador está a venda. Todavia, o Real Madrid não tem mais interesse na compra. Neste caso, o PSG não tem que devolver o dinheiro ao Real Madrid, pois o direito de preferência foi respeitado. Com o bônus de subscrição acontece o mesmo, de modo que aquele que o adquire tem preferência na compra das ações da companhia. - Quem é acionista tem preferência para adquirir ações. Todavia, para que a preferência seja mantida, é necessário que o acionista adquira o bônus, cuja aquisição ele também tem preferencia para realizar. Art. 75. A companhia poderá emitir, dentro do limite de aumento de capital autorizado no estatuto (artigo 168), títulos negociáveis denominados "Bônus de Subscrição". Parágrafo único. Os bônus de subscrição conferirão aos seus titulares, nas condições constantes do certificado, direito de subscrever ações do capital social, que será exercido mediante apresentação do título à companhia e pagamento do preço de emissão das ações. Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social independentemente de reforma estatutária. 18.11. Partes Beneficiárias - A parte beneficiária é o título que confere uma participação no lucro anual da companhia. Trata-se de direito de crédito eventual, uma vez que se subordina a eventualidade da companhia lucrar naquele ano. Exemplo: parte beneficiária de 0,05% com prazo de 03 anos. - Embora seja semelhante a ação, a parte beneficiária diferencia-se em razão da participação no lucro ser o único direito de seu titular. O legislador demonstra bem isso ao destacar que se trata de título estranho ao capital social, Art. 46. A companhia pode criar, a qualquer tempo, títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, denominados "partes beneficiárias". § 1º As partes beneficiárias conferirão aos seus titulares direito de crédito eventual contra a companhia, consistente na participação nos lucros anuais (artigo 190). § 2º A participação atribuída às partes beneficiárias, inclusive para formação de reserva para resgate, se houver, não ultrapassará 0,1 (um décimo) dos lucros. § 3º É vedado conferir às partes beneficiárias qualquer direito privativo de acionista, salvo o de fiscalizar, nos termos desta Lei, os atos dos administradores. 4 www.g7juridico.com.br § 4º É proibida a criação de mais de uma classe ou série de partes beneficiárias. Art. 47. As partes beneficiárias poderão ser alienadas pela companhia, nas condições determinadas pelo estatuto ou pela assembléia-geral, ou atribuídas a fundadores, acionistas ou terceiros, como remuneração de serviços prestados à companhia. Parágrafo único. É vedado às companhias abertas emitir partes beneficiárias. (Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) STOCK OPTIONS: • O stock options, ou plano de Opção de Compra de Ações, é um tipo de remuneração variável. • As empresas que adotam o conceito de stock options oferecem aos seus funcionários a compra de ações, como modelo de remuneração. • Normalmente, a venda das ações é feita com valores mais baixos em relação aos praticados no mercado. Ou seja, a empresa beneficia o colaborador facilitando a compra de ações internamente. 18.12. Órgãos sociais Assembleia Geral Conselho de Administração Diretoria Conselho Fiscal 18.12.1 Assembleia Geral a) Obrigatória: é obrigatória, pois as principais deliberações da companhia são tomadas em Assembleia Geral. b) AGO e AGE Art. 131. A assembléia-geral é ordinária quando tem por objeto as matérias previstas no artigo 132, e extraordinária nos demais casos. Parágrafo único. A assembléia-geral ordinária e a assembléia-geral extraordinária poderão ser, cumulativamente, convocadas e realizadas no mesmo local, data e hora, instrumentadas em ata única. Art. 132. Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléia-geral para: I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; 5 www.g7juridico.com.br II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167). - Outros temas como a modificação do Estatuto para ampliar o capital social ou para destituir o administrador, por exemplo, deverão ser deliberados em Assembleia Geral Extraordinária, que tem competência residualpara tratar de todos os temas que não estejam previstos no Art. 132 da Lei das S.A. c) Quórum Quorum de instalação Art. 125. Ressalvadas as exceções previstas em lei, a assembléia-geral instalar-se-á, em primeira convocação, com a presença de acionistas que representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do capital social com direito de voto; em segunda convocação instalar-se-á com qualquer número. Parágrafo único. Os acionistas sem direito de voto podem comparecer à assembléia- geral e discutir a matéria submetida à deliberação. Quórum de aprovação (Art. 129 da Lei) Art. 129. As deliberações da assembléia-geral, ressalvadas as exceções previstas em lei, serão tomadas por maioria absoluta de votos, não se computando os votos em branco. - A maioria absoluta refere-se aos votos daqueles que estão presentes na Assembleia. Quórum Qualificado - O quórum qualificado refere-se a maioria dos votos de todos os que detém ações. Trata-se de quórum mais alto e mais difícil de ser alcançado em razão da especificidade das matérias. Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que representem metade, no mínimo, das ações com direito a voto, se maior quorum não for exigido pelo estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas à negociação em bolsa ou no mercado de balcão, para deliberação sobre: (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 18.12.2. Conselho de Administração • Órgão Facultativo • Exceções (obrigatório) 6 www.g7juridico.com.br I) Quando se tratar de Cia aberta (Art. 138 da Lei): o objetivo da obrigatoriedade aqui é um maior controle dos atos da diretoria, uma vez que a companhia aberta atrai para si certo interesse público. II) Quando se tratar de sociedade de economia mista (Art. 238 da Lei): a obrigatoriedade aqui é justificada pelo interesse público envolvido, o qual pode ser verificado na participação do Estado na composição do capital. III) Quando se tratar de sociedade de capital autorizado (Art. 138 da Lei) B) Composição: mínimo de 3 membros, acionistas ou não, não sendo necessário residir no país. 18.12.3. Diretoria a) É órgão obrigatório. Trata-se de órgão que representa a companhia. b) Art. 144. No silêncio do estatuto e inexistindo deliberação do conselho de administração (artigo 142, n. II e parágrafo único), competirão a qualquer diretor a representação da companhia e a prática dos atos necessários ao seu funcionamento regular. - A diretoria é o órgão executivo da cia. Os diretores são responsáveis por dirigir a empresa, fazer a sua gestão administrativa, praticando atos em nome da pessoa jurídica. c) Composição: mínimo de 2 membros, acionista ou não, desde que seja residente no país. A residência no país é necessária, pois é o membro da diretoria quem praticará os atos de gestão e buscará alcançar as metas estabelecidas pelo Conselho de Administração. 18.12.4. Conselho fiscal Obrigatório Função: fiscalização das contas e dos atos de gestão. 7 www.g7juridico.com.br Art. 161. A companhia terá um conselho fiscal e o estatuto disporá sobre seu funcionamento, de modo permanente ou nos exercícios sociais em que for instalado a pedido de acionistas. § 1º O conselho fiscal será composto de, no mínimo, 3 (três) e, no máximo, 5 (cinco) membros, e suplentes em igual número, acionistas ou não, eleitos pela assembléia-geral. § 2º O conselho fiscal, quando o funcionamento não for permanente, será instalado pela assembléia-geral a pedido de acionistas que representem, no mínimo, 0,1 (um décimo) das ações com direito a voto, ou 5% (cinco por cento) das ações sem direito a voto, e cada período de seu funcionamento terminará na primeira assembléia-geral ordinária após a sua instalação. § 3º O pedido de funcionamento do conselho fiscal, ainda que a matéria não conste do anúncio de convocação, poderá ser formulado em qualquer assembléia-geral, que elegerá os seus membros. § 4º Na constituição do conselho fiscal serão observadas as seguintes normas: a) os titulares de ações preferenciais sem direito a voto, ou com voto restrito, terão direito de eleger, em votação em separado, 1 (um) membro e respectivo suplente; igual direito terão os acionistas minoritários, desde que representem, em conjunto, 10% (dez por cento) ou mais das ações com direito a voto; b) ressalvado o disposto na alínea anterior, os demais acionistas com direito a voto poderão eleger os membros efetivos e suplentes que, em qualquer caso, serão em número igual ao dos eleitos nos termos da alínea a, mais um. § 5º Os membros do conselho fiscal e seus suplentes exercerão seus cargos até a primeira assembléia-geral ordinária que se realizar após a sua eleição, e poderão ser reeleitos. § 6º Os membros do conselho fiscal e seus suplentes exercerão seus cargos até a primeira assembléia-geral ordinária que se realizar após a sua eleição, e poderão ser reeleitos.(Redação dada pela Lei nº 10.303, de 2001) § 7º A função de membro do conselho fiscal é indelegável. (Incluído pela Lei nº 10.303, de 2001) - O Conselho Fiscal é órgão de existência obrigatória, mas de funcionamento facultativo. C) Composição: mínimo de 03 e máximo de 05 membros, acionistas ou não, eleitos pela Assembleia Geral e residentes no país. 19) REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA 8 www.g7juridico.com.br A) Transformação B) Fusão C) Incorporação D) Cisão A) Transformação - É a operação pela qual a sociedade passa independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro. Exemplo: o Magazine Luiza era uma LTDA e tornou-se uma S.A mediante esse tipo de operação societária, mantendo o mesmo CNPJ. - Uma companhia fechada que passa a assumir a estrutura de uma companhia aberta não passou por uma transformação, tendo em vista que o tipo social se manteve. B) Fusão (A + B = C) - É a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. A junção das duas sociedades que se uniram dá origem a uma nova, com um novo CNPJ. 9 www.g7juridico.com.br C) Incorporação (A + B = A’) - É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. D) Cisão 10 www.g7juridico.com.br - É a operação pela qual a sociedade transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a sociedade cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. - A cisão de uma empresa pode ser uma estratégia para solucionar questões como: • Saída de um dos sócios do empreendimento; • Necessidade de separação de atividades, com melhoria no foco dos negócios; • Conflitos internos, como pode ocorrer em sucessões em empresas familiares com ideais incompatíveis; • Necessidade de venda em situações adversas. Falência (Lei 11.101/05) 1. Conceito Ricardo Negrão: falência é um processo de execução coletiva, no qual todo patrimônio de um empresário declarado falido (Pessoa Física ou Jurídica) é arrecadado, visando o pagamento da universalidade de credores. É um processo judicial complexo que compreende a arrecadação dos bens, sua administração e conservação, bem como a verificação e o acertamento dos créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre os credores. Compreende também a punição de atos criminosos praticados pelo devedor falido. 2. Incidência da lei de falência 11 www.g7juridico.com.br - A Lei de Falências incide sobre os entes que possuem natureza empresarial, a saber, (i) o empresário individual, (ii) a sociedade empresária e (iii) a EIRELI. Art. 2° - Esta Lei não se aplica a: I – empresapública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. - Os casos do inciso I são TOTALMENTE EXCLUÍDOS do pedido de falência, ao passo que os previstos no inciso II estão PARCIALMENTE EXCLUIDOS. Os totalmente excluídos nunca terão sua falência decretada. Diferentemente, os parcialmente excluídos, embora não possam sofrer com um pedido de falência em um primeiro momento, podem passar por um procedimento de liquidação extrajudicial, sendo o liquidante nomeado pelo órgão competente (Banco Central, Agência Nacional de Saúde, etc...). É o liquidante quem, no momento da liquidação, pode optar por requerer a falência ou não. Tal foi o caso do Banco Santos, que após a liquidação, passou por um processo falimentar. - A sociedade simples; a associação e a fundação, portanto, não sofrem incidência da Lei 11.101/2005. 3. Legitimidade 3.1. Legitimidade ativa • Quem pode ser autor de uma ação de falência ? Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: 12 www.g7juridico.com.br I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei (= AUTO FALÊNCIA, Art. 105, Lei 11.101/05); II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante; III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade; IV – qualquer credor. LEMBRE-SE: a autofalência prevista no Art. 105 ocorre nas hipóteses em que o devedor não vislumbra a possibilidade de recuperação judicial. Não se trata de uma possibilidade, mas sim de um dever do devedor que se julgar em estado de insolvência. Nesse sentido, embora não haja sanção alguma se o devedor não requerer a autofalência, é prudente que aquele que se encontre próximo ao estado de insolvência o faça logo. Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para pleitear sua recuperação judicial DEVERÁ requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos: I – demonstrações contábeis referentes aos 3 (três) últimos exercícios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita observância da legislação societária aplicável e compostas obrigatoriamente de: a) balanço patrimonial; b) demonstração de resultados acumulados; c) demonstração do resultado desde o último exercício social; 13 www.g7juridico.com.br d) relatório do fluxo de caixa; II – relação nominal dos credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos; III – relação dos bens e direitos que compõem o ativo, com a respectiva estimativa de valor e documentos comprobatórios de propriedade; IV – prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais; V – os livros obrigatórios e documentos contábeis que lhe forem exigidos por lei; VI – relação de seus administradores nos últimos 5 (cinco) anos, com os respectivos endereços, suas funções e participação societária. • A sociedade em comum pode requerer sua própria falência? Tendo em vista que o inciso IV do Art. 105 admite a indicação do nome dos sócios, com seus respectivos endereços e seus bens pessoais na ausência de estatuto/contrato social, fica patente que o requerimento da autofalência no caso da sociedade em comum é sim possível. ATENÇÃO: Observe que a hipótese do inciso II é muito específica. Trata-se de situação na qual o devedor Pessoa Física que exerce atividade empresária na condição de empresário individual vem a falecer, podendo o seu cônjuge, herdeiros ou inventariante requerer a falência do espólio. Observações: § 1º O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que comprove a regularidade de suas atividades. 14 www.g7juridico.com.br § 2º O credor que não tiver domicílio no Brasil deverá prestar caução relativa às custas e ao pagamento da indenização de que trata o art. 101 desta Lei. - Só quem é empresário regular (= devidamente registrado na Junta Comercial) pode integrar o polo processual de uma ação de falência enquanto requerente. Por esta razão, não poderão pedir a falência de outrem o empresário; a sociedade empresária e a EIRELI que não possuírem registro na Junta Comercial. - O §2º é uma forma de evitar as complicações de uma eventual execução do réu em face do autor. Ex.: quando o juiz verificar que o autor da ação agiu com dolo, ele deverá, além de julgar a ação improcedente, condenar o autor a pagar perdas e danos em favor do réu nos mesmos autos. (Art. 75, parágrafo único, L.11.101/05). Neste caso, se o credor-autor for estrangeiro, afigura-se muito difícil e complexo a realização da atividade executiva mediante a expedição de carta rogatória. Nesse sentido, a caução exigida pelo §2º serve como garantia que poderá ser imediatamente levantada após o início do cumprimento de sentença, facilitando o pagamento. • Fazenda Pública pode pedir falência? ENUNCIADO 56 DA 1ª JORNADA DE DIREITO COMERCIAL: “A Fazenda Pública não possui legitimidade ou interesse de agir para requerer a falência do devedor empresário”. REsp 363206 / MG - RECURSO ESPECIAL - 2001/0148271-0 REsp 363206 / MG - RECURSO ESPECIAL - 2001/0148271-0 TRIBUTÁRIO E COMERCIAL – CRÉDITO TRIBUTÁRIO – FAZENDA PÚBLICA – AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE PARA REQUERER A FALÊNCIA DE EMPRESA. 1. A controvérsia versa sobre a legitimidade de a Fazenda Pública requerer falência de empresa. 15 www.g7juridico.com.br 2. O art. 187 do CTN dispõe que os créditos fiscais não estão sujeitos a concurso de credores. Já os arts. 5º, 29 e 31 da LEF, a fortiori, determinam que o crédito tributário não está abrangido no processo falimentar, razão pela qual carece interesse por parte da Fazenda em pleitear a falência de empresa. 3. Tanto o Decreto-lei n. 7.661/45 quanto a Lei n. 11.101/2005 foram inspirados no princípio da conservação da empresa, pois preveem respectivamente, dentro da perspectiva de sua função social, a chamada concordata e o instituto da recuperação judicial, cujo objetivo maior é conceder benefícios às empresas que, embora não estejam formalmente falidas, atravessam graves dificuldades econômico-financeiras, colocando em risco o empreendimento empresarial. 4. O princípio da conservação da empresa pressupõe que a quebra não é um fenômeno econômico que interessa apenas aos credores, mas sim, uma manifestação jurídico-econômica na qual o Estado tem interesse preponderante. 5. Nesse caso, o interesse público não se confunde com o interesse da Fazenda, pois o Estado passa a valorizar a importância da iniciativa empresarial para a saúde econômica de um país. Nada mais certo, na medida em que quanto maior a iniciativa privada em determinada localidade, maior o progresso econômico, diante do aquecimento da economia causado a partir da geração de empregos. 6. Raciocínio diverso, isto é, legitimar a Fazenda Pública a requerer falência das empresas inviabilizaria a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, não permitindo a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores, tampouco dos interesses dos credores, desestimulando a atividade econômico- capitalista. Dessarte, a Fazenda poder requerer a quebra da empresa implica incompatibilidade com a ratio essendi da Lei de Falências, mormente o princípio da conservação da empresa, embasador da normafalimentar. Recurso especial improvido. (REsp 363.206/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/05/2010, DJe 21/05/2010) 3.2. Legitimidade passiva 16 www.g7juridico.com.br • Quem pode ser réu na ação de falência? a) Empresário individual b) Sociedade empresária c) EIRELI Art. 2° - Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. 4. Juízo competente - Somente a Justiça Estadual é que pode julgar a ação de falência por força de exclusão constitucional expressa. Art. 109 da CF. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; Art. 3ª da Lei de falência: É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do 17 www.g7juridico.com.br principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. • Qual é o estabelecimento principal da empresa para fins de processamento da ação de falência ou de recuperação judicial ? - Segundo o STJ, o principal estabelecimento para fins de determinação da competência é o chamado centro vital das atividades societárias, entendido este como o local onde a empresa realiza o seu maior número de operações econômicas, jurídicas e administrativas. AgInt no CC 147714 / SP - AGRAVO INTERNO NO CONFLITO DE COMPETÊNCIA - 2016/0190631-3 Relator(a) - Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO (1140) Órgão Julgador - S2 - SEGUNDA SEÇÃO Data do Julgamento - 22/02/2017 Data da Publicação/Fonte - DJe 07/03/2017 Ementa - CONFLITO DE COMPETÊNCIA. AGRAVO INTERNO. PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ART. 3º DA LEI N. 11.101/2005. 1. Nos termos do art. 3º da Lei n. 11.101/2005, o foro competente para o processamento da recuperação judicial e a decretação de falência é aquele onde se situe o principal estabelecimento da sociedade, assim considerado o local onde haja o maior volume de negócios, ou seja, o local mais importante da atividade empresária sob o ponto de vista econômico. Precedentes. 2. No caso, ante as evidências apuradas pelo Juízo de Direito do Foro Central de São Paulo, o principal estabelecimento da recuperanda encontra-se em Cabo de Santo Agostinho/PE, onde situados seu polo industrial e seu centro administrativo e operacional, máxime tendo em vista o parecer apresentado pelo Ministério Público, segundo o qual o fato de que o sócio responsável por parte das decisões da empresa atua, por vezes, na cidade de São Paulo, não se revela suficiente, diante de todos os outros elementos, para afirmar que o "centro vital" da empresa estaria localizado na capital paulista. 3. Agravo interno não provido. 18 www.g7juridico.com.br (TJMG 2018) - Quanto à Falência e Recuperação, segundo a Lei nº 11.101/2005, analise as afirmativas a seguir: I - É competente para deferir a Recuperação Judicial ou decretar a Falência, o juízo do local do principal estabelecimento do devedor empresário ou sociedade empresária. II - Aplicam-se à sociedade de economia mista, mas não à empresa pública. III - Serão suspensas todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas em que se demandar quantia ilíquida. IV - Não são exigíveis do devedor as obrigações a título gratuito, as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas judiciais decorrentes de litígio com o devedor. Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s): A) III. B) I e II. C) I e IV. D) I, II e III. Art. 6º, § 8º: A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. Art. 6º, § 8º: A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. (MPE-PR - 2019 ) Em tema de falência e recuperação judicial, assinale a alternativa incorreta: a) As obrigações a título gratuito não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência. https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/mpe-pr-2019-mpe-pr-promotor-substituto 19 www.g7juridico.com.br b) Independentemente da verificação periódica perante os cartórios de distribuição, as ações que venham a ser propostas contra o devedor deverão ser comunicadas ao juízo da falência ou da recuperação judicial pelo juiz competente, quando do recebimento da petição inicial. c) As execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária específica. d) A distribuição do pedido de falência ou de recuperação judicial previne a jurisdição para qualquer outro pedido de recuperação judicial ou de falência, relativo ao mesmo devedor. e) Apenas o devedor e credores podem requerer ao juiz a substituição do administrador judicial ou dos membros do Comitê nomeados em desobediência aos preceitos da Lei n. 11.101/2005 (Lei de Recuperação Judicial e Falência). Letra: E 5. Insolvência - A insolvência do devedor, fundamento do pedido de falência, pode ser CONFESSADA, quando decorre da AUTOFALÊNCIA, ou PRESUMIDA, nas hipóteses dos incisos I, II e III do Art. 94 da Lei 11.101/05. Art. 94, I: Impontualidade injustificada “Art. 94. Será decretada a falência do devedor que”: “I – sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência;” - A expressão sem relevante razão de direito traduz uma ausência de justificativa para efetuar ao pagamento. Se o devedor já realizou o pagamento, por exemplo, há relevante razão de direito tendente a obstar o prosseguimento da falência. - Os títulos executivos do 94, I podem ser tanto judiciais quanto extrajudiciais. 20 www.g7juridico.com.br Súmula 248 do STJ: “Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência.” Informativo nº 0547 Período: 8 de outubro de 2014. Terceira Turma DIREITO EMPRESARIAL. INSTRUÇÃO DO PEDIDO DE FALÊNCIA COM DUPLICATAS VIRTUAIS. A duplicata virtual protestada por indicação é título executivo apto a instruir pedido de falência com base na impontualidade do devedor. Isso porque o art. 94, I, da Lei de Falências (Lei 11.101/2005) não estabelece nenhuma restrição quanto à cartularidade do título executivo que embasa um pedido de falência. REsp 1.354.776- MG, Min. Rel. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 26/8/2014. Art. 14 da Lei 9492 – “Protocolizado o título ou documento de dívida, o Tabelião de Protesto expedirá a intimação ao devedor, no endereço fornecido pelo apresentante do título ou documento, considerando-se cumprida quando comprovada a sua entrega no mesmo endereço.” Súmula 361 do STJ: “A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu.”
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