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Assessoria Acadêmica Sorocaba https://assessoriaacademicasorocaba.blogspot.com.br A PRÁTICA EDUCATIVA: COMO ENSINAR ANTONI ZABALA Esta obra traz as principais considerações de Zabala sobre a prática educativa. Mesmo não querendo dar a última palavra sobre o tema, o autor propõem alguns observar critérios que contribuem para articular a prática docente com o momento e situação social em que ela se dá. Ressalta o uso da reflexão pedagógica e de referenciais que permitam interrogá-la. Um dos objetivos de qualquer bom profissional consiste em ser cada vez mais competente em seu ofício. Geralmente se consegue esta melhora profissional mediante o conhecimento e a experiência: o conhecimento das variáveis que intervêm na prática e a experiência para dominá-las. Mas como podemos saber se estas experiências, modelos, exemplos e propostas são adequados? Quais são os critérios para avaliá-los? O autor enfoca, na obra, que “ensinar é difícil”, uma situação complexa que exige do profissional a capacidade de diagnosticar o contexto de trabalho, tomar decisões, avaliar sua atuação e reconduzir suas ações sempre que necessário (1998, p.10). Para estabelecer um modelo de percepção da realidade da aula, atentar para elementos estritamente vinculados entre si: planejamento, aplicação e avaliação. - Por trás da decisão de um camponês sobre o tipo de adubos que utilizará, de um engenheiro sobre o material que empregará ou de um médico sobre o tratamento que receitará, não existe apenas uma confirmação na prática, nem se trata exclusivamente do resultado da experiência; todos estes profissionais dispõem, ou podem dispor, de argumentos que fundamentem suas decisões para além da prática. - Existem determinados conhecimentos mais ou menos confiáveis, mais ou menos comparáveis empiricamente, mais ou menos aceitos pela comunidade profissional, que lhes permitem atuar com certa segurança. Na sala de aula acontecem muitas coisas ao mesmo tempo, rapidamente e de forma imprevista, o que faz com que se considere difícil, quando não impossível, a tentativa de encontrar referências ou modelos para racionalizar a prática educativa. Variáveis que configuram a prática educativa Entender a intervenção pedagógica exige situar – se num modelo em que a aula se configura como um micro- sistema definido por determinados espaços, uma organização social, certas relações interativas, uma forma de distribuir o tempo, um determinado uso dos recursos didáticos, etc., onde os processos educativos se explicam como elementos estreitamente integrados neste sistema. A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem as peças substanciais em toda prática educacional. O planejamento e a avaliação dos processos educacionais são uma parte inseparável da atuação docente, já que o que acontece nas aulas demanda uma intervenção pedagógica, que nunca pode ser entendida sem uma análise que leve em conta as intenções, as previsões, as expectativas e a avaliação dos resultados. Buscar a competência em seu ofício é característica de qualquer bom profissional. Zabala elabora um modelo que seria capaz de trazer subsídios para a análise da prática profissional. Como opção, utiliza-se do modelo de interpretação que se contrapõe àquele em que o professor é um aplicador de fórmulas herdadas da tradição, fundamentando-se no pensamento prático e na capacidade reflexiva do docente. Recomenda-se, assim, uma constante avaliação do trabalho por parte do profissional. A finalidade da escola é promover a formação integral dos alunos, segundo Zabala, que critica as ênfases atribuídas ao aspecto cognitivo. Para ele, é na instituição escolar, através das relações construídas a partir das experiências vividas, que se estabelecem os vínculos e as condições que definem as concepções pessoais sobre si e os demais. A partir dessa posição ideológica acerca da finalidade da educação escolarizada, é conclamada a necessidade de uma reflexão profunda e permanente da condição de cidadania dos alunos, e da sociedade em que vivem. Ao refletir sobre a função social do ensino comenta; por trás de qualquer prática educativa sempre há uma resposta a porque ensinar e como se aprende (1998, p.33). A aprendizagem depende de características singulares de cada aluno, as suas experiências, histórias de vida, capacidades, motivações; é um processo singular e pessoal, por isso o autor ressalta a importância de considerar a diversidade na sala de aula como eixo estruturador do trabalho pedagógico. Sobre os conteúdos da aprendizagem, seus significados são ampliados para além da questão do que ensinar, encontrando sentido na indagação sobre por que ensinar. Deste modo, acabam por envolver os objetivos educacionais, definindo suas ações no âmbito concreto do ambiente de aula. Os conteúdos assumem o papel de envolver todas as dimensões do sujeito, caracterizando as seguintes tipologias de aprendizagem: 1 - factual e conceitual - engloba fatos, conceitos, princípios - (o que se deve aprender?); 2 - procedimental - diz respeito a técnicas e métodos (o que se deve fazer?); 3 - atitudinal - abrange valores, atitudes, normas- (como se deve ser?). Explica a existência de dois referenciais básicos para análise da prática educativa: o modelo tradicional, tem por função social a seletividade e o ensino e propedêutico em concordância com objetivos que dão prioridade a capacidades cognitivas, a concepção da aprendizagem que fundamenta um fim acumulativo e critérios uniformizadores. o outro modelo tem função social compreensiva e formação integral; os objetivos e conteúdos visam desenvolver a capacidade de todos fundamentada pela concepção construtivista atendendo a diversidade dos alunos e respeitando seu processo de aquisição do conhecimento pela autonomia. (1998, p.49,50). Sobre a concepção de aprendizagem, o autor afirma que não é possível ensinarmos sem nos determos nas referências de como os alunos aprendem, chamando a atenção para as particularidades dos processos de aprendizagem de cada aluno (diversidade). O construtivismo é, então, eleito como concepção metodológica em virtude da validação empírica de uma série de princípios psicopedagógicos: os esquemas de conhecimento; o nível de desenvolvimento e dos conhecimentos prévios, e a aprendizagem significativa. No momento, em busca de uma prática mais aprimorada, a concepção construtivista é o modelo de ensino que melhor atende aos aspectos da diversidade e formação integral dos alunos e do professor. A atividade do aluno o torna protagonista do seu conhecimento, e junto com o professor, estabelece caminhos para uma ação que se constrói numa relação de diálogo e observação do conhecimento já adquirido e daquele que precisa ser assimilado. As sequências didáticas e as de conteúdo - Zabala explicita que a ordenação articulada das atividades seria o elemento diferenciador das metodologias, e que o primeiro aspecto característico de um método seria o tipo de ordem em que se propõem as atividades. - Ressalta que o parcelamento da prática educativa tem certo grau de artificialidade, explicável pela dificuldade em encontrar um sistema interpretativo adequado, que deveria permitir o estudo conjunto de todas as variáveis incidentes nos processos educativos. Assim... ... seqüências didáticas são “conjuntos de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos” (pág.18) A maneira de configurar as seqüências de atividadesé um dos traços mais claros que determinam as características diferenciais da prática educativa. Se realizamos uma análise destas seqüências buscando os elementos que as compõem, nos daremos conta de que são um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos. - A sequência considera a importância das intenções educacionais na definição dos conteúdos de aprendizagem e o papel das atividades que são propostas. - Alguns critérios para análise das sequências reportam que os conteúdos de aprendizagem agem explicitando as intenções educativas, podendo abranger as dimensões: conceituais; procedimentais; conceituais e procedimentais; ou conceituais, procedimentais e atitudinais. As sequências de atividades de ensino/aprendizagem, ou seqüências didáticas, são uma maneira de encadear e articular as diferentes atividades ao longo de uma unidade didática. O papel dos professores e dos alunos e das relações que se produzem na aula entre professor e alunos ou alunos e alunos, afeta o grau de comunicação e os vínculos afetivos que se estabelecem e que dão lugar a um determinado clima de convivência. A forma de estruturar os diferentes alunos e a dinâmica grupal que se estabelece configuram uma determinada organização social da aula em que os meninos convivem, trabalham e se relacionam segundo modelos nos quais o grande grupo ou os grupos fixos e variáveis permitem e contribuem de uma forma determinada para o trabalho coletivo e pessoal e sua formação. Para o autor, certos questionamentos parecem relevantes: - Na sequência há atividades que nos permitam determinar os conhecimentos prévios?; - Atividades cujos conteúdos sejam propostos de forma significativa e funcional?; - Atividades em que possamos inferir sua adequação ao nível de desenvolvimento de cada aluno?; - Atividades que representem um desafio alcançável?; Provoquem um conflito cognitivo e promovam a atividade mental?; - Sejam motivadoras em relação à aprendizagem dos novos conteúdos?; - Estimulem a auto-estima e o auto-conceito?; - Ajudem o aluno a adquirir habilidades relacionadas com o aprender a aprender, sendo cada vez mais autônomo em suas aprendizagens? Não é possível ensinar nada sem partir de uma ideia de como as aprendizagens se produzem. Não se presta atenção às contribuições das teorias sobre como se aprende, mas em troca se utiliza uma determina concepção. Quando se explica de certa maneira, quando se exige um estudo concreto, quando se propõe uma série de conteúdos, quando se pedem determinados exercícios, quando se ordenam as atividades de certa maneira, etc., por trás destas decisões se esconde uma idéia sobre como se produzem as aprendizagens. Por trás de qualquer prática educativa sempre há uma resposta a “por que ensinamos” e “como se aprende”. - Zabala examina, dentro da concepção construtivista, a natureza dos diferentes conteúdos, o papel dos professores e dos alunos, bem como a relação entre eles no processo, colocando que o professor necessita diversificar as estratégias, propor desafios, comparar, dirigir e estar atento à diversidade dos alunos, o que significa estabelecer uma interação direta com eles. A concepção construtivista, partindo da natureza social e socializadora da educação escolar e do acordo construtivista que desde algumas décadas se observa nos âmbitos da psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, reúne uma série de princípios que permitem compreender a complexidade dos processos de ensino/ aprendizagem e que se articulam em torno da atividade intelectual implicada na construção de conhecimentos. Função do professor na relação interativa com o aluno: O professor possui uma série de funções nessas relações interativas: - o planejamento e a plasticidade na aplicação desse plano, o que permite uma adaptação às necessidades dos alunos; - levar em conta as contribuições dos alunos no início e durante as atividades; auxiliá-los a encontrar sentido no que fazem, comunicando objetivos, levando-os a enxergar os processos e o que se espera deles; - estabelecer metas alcançáveis; oferecer ajuda adequada no processo de construção do aluno; - promover o estabelecimento de relações com o novo conteúdo apresentado, e exigir dos alunos análise, síntese e avaliação do trabalho; - estabelecer um ambiente e relações que facilitem a auto estima e o auto-conceito; promover canais de comunicação entre professor/aluno, aluno/aluno; - potencializar a autonomia, possibilitando a metacognição; - avaliar o aluno conforme sua capacidade e esforço. As relações interativas em sala de aula: o papel dos professores e dos alunos - O autor expõe o valor das relações que se estabelecem entre os professores, os alunos e os conteúdos no processo ensino e aprendizagem. Comenta que essas se sobrepõem às seqüências didáticas, visto que o professor e os alunos possuem certo grau de participação nesse processo, diferente do ensino tradicional, caracterizado pela transmissão/recepção e reprodução de conhecimentos. - O autor aborda a influência dos tipos dos conteúdos de aprendizagem (Coll), classificados em conceituais, procedimentais e atitudinais na estruturação das interações educativas na aula. - Nos conceituais, trabalham-se fatos, conceitos e princípios; - Nos procedimentais, o professor necessita perceber e criar condições adequadas às necessidades específicas de cada aluno; - Nos atitudinais, é preciso articular ações formativas, não bastando propor debates e reflexões sobre comportamento cooperativo, tolerância, justiça, respeito mútuo etc.; é preciso viver o clima de solidariedade, tolerância... - Trabalhar conteúdos atitudinais é muito difícil, envolvendo em primeiro lugar a contradição entre o que é trabalhado na escola e o sistema social, ou o que é veiculado pela mídia. ...Sobre as relações interativas em sala de aula: A influência da concepção construtivista na estruturação das interações educativas na aula para facilitar a aprendizagem indicam a necessidade de se: ○ Planejar a atuação docente de forma flexível para permitir a adaptação às necessidades dos alunos; ○ Contar com as contribuições e conhecimentos dos alunos; ○ Ajudá-los a encontrar sentido no que estão fazendo; ○ Estabelecer metas ao alcance dos alunos; ○ Oferecer ajudas adequadas; ○ Promover a atividade mental auto-estruturante; ○ Estabelecer ambientes que promovam a auto-estima e o auto-conceito; ○ Promover canais de comunicação; ○ Potencializar a autonomia; ○ Avaliar os alunos conforme suas necessidades e seus esforços; ○ Incentivar a auto-avaliação; A organização social da classe Antoni Zabala procurou analisar as diferentes formas de organização social dos alunos vivenciadas na escola e sua relação com o processo de aprendizagem. Observou duas características pelas quais esses grupos são tradicionalmente organizados: a heterogeneidade e a homogeneidade, procurando discutir as vantagens e as desvantagens de cada opção e os tipos de conteúdos que elas desenvolvem prioritariamente. Percebeu que todo tipo de organização grupal dos alunos, assim como todas as atividades a serem programadas/desenvolvidas pela escola e a própria forma de gestão que esta emprega, devem levar em consideração os tipos de aprendizagens que estão proporcionando a seus alunos e os objetivos expressos pela própria escola. Desse modo, alertou para o fato de que inconscientemente a instituição escolar, ao não refletir sobre esses aspectos, pode acabar por desenvolver uma aprendizagem inversa àquilo queapregoa. Na concepção construtivista, o papel ativo e protagonista do aluno não se contrapõem à necessidade de um papel igualmente ativo por parte do educador. É ele quem dispõe as condições para que a construção que o aluno faz seja mais ampla ou mais restrita, se oriente num sentido ou noutro, através da observação dos alunos, da ajuda que lhes proporciona para que utilizem seus conhecimentos prévios, da apresentação que faz dos conteúdos, mostrando seus elementos essenciais, relacionando – os com o que os alunos sabem e vivem. Diversas formas de agrupamento de alunos: - grupos / classe fixos (convencional; conjunto estável que favorece relações interpessoais); - grupos / classe móveis ou flexíveis (variam conforme a atividade, área ou matéria); - Distribuição do espaço / tempo: Salas com conjuntos de carteiras enfileiradas, alinhadas à frente do quadro-negro – disposição criada em função do protagonismo do professor; questão começa a ser problematizada quando se focaliza o aluno como protagonista. -estruturação horária em períodos rígidos (escola transmissora) X estruturação temporal flexível. A organização dos conteúdos São analisadas as relações e a forma de vincular os diferentes conteúdos de aprendizagem. Ao longo da história, os conhecimentos foram alocados em disciplinas, em uma lógica da organização curricular. Contudo, nos últimos anos é cada vez mais comum encontrarmos propostas que rompem com a organização por unidades centradas exclusivamente em disciplinas; o autor denominou tais métodos de globalizadores. Ele defende a organização dos conteúdos nesses métodos, pois os conteúdos de aprendizagem só podem ser considerados relevantes na medida em que desenvolvam nos alunos a capacidade para compreender uma realidade que se manifesta globalmente. Basicamente ... Existem 2 proposições acerca das forma de organizar os conteúdos: - baseada em disciplinas ou matérias; - baseada em métodos globalizados (centram-se no aluno e suas necessidades educacionais.) • Podemos encontrar propostas que rompem com a organização centrada por disciplinas (propostas metodológicas globalizadoras). • Nos métodos globalizados as disciplinas nunca são a finalidade do ensino, elas têm a função de proporcionar os meios ou instrumentos para realização dos objetivos educacionais; • Nos métodos globalizados a organização se realiza a partir da perspectivas de como os alunos aprendem; nascem quando o aluno se transforma em protagonista do ensino. ○ Ex;- centros de interesse, projetos, investigações do meio, projetos de trabalho (todos partem de uma situação real). Podemos estabelecer três graus de relações disciplinares: 1-) a multidisciplinaridade – conteúdos apresentados por matérias independentes uma das outra; 2-) a interdisciplinaridade – interação entre dias ou mais disciplinas, integrando os conceitos idéias, metodologia; 3-) a transdiciplinaridade – integração global, dentro de um sistema totalizador, facilitando a unidade interpretativa. Os PCNs, nos seus documentos do Ensino Fundamental, dão um papel de destaque para os temas transversais. Daí a importância da compreensão do significado da transversalidade. Por outro lado, as DCNs do Ensino Médio referenciam como princípio básico para este nível a interdisciplinaridade. Portanto, o conhecimento sobre as novas formas de organização é necessário para a compreensão e reflexão destes documentos, e para o encaminhamento de novas propostas de ensino. No tocante aos métodos globalizadores, o autor descreve as possibilidades dos centros de interesse de Decroly (interagir com o meio), os métodos de projetos de Kilpatrick (preparação para a vida solidária), o estudo do meio (espírito científico), e os projetos de trabalhos globais (cidadãos capazes de aprender a aprender). Materiais curriculares e outros recursos - São aqueles que proporcionam ao educador referências e critérios para tomar decisões, no planejamento e na intervenção no ensino e na avaliação; podem ser tipificados conforme; 1-) o âmbito de intervenção (planejamento da aula, grupo, classe, individual); 2-) a intencionalidade da função (orientar, exemplificar, ilustrar); 3-) os conteúdos e as maneiras de organizá-los (integradoras, globalizadoras, conteúdos procedimentos, conceituais); 4-) o suporte (quadro negro, papel, cadernos, fichas, livro didático) - Materiais curriculares são os instrumentos que proporcionam referências e critérios para tomar decisões: no planejamento, na intervenção direta no processo de ensino/aprendizagem e em sua avaliação. - São meios que ajudam os professores a responder aos problemas concretos que as iferentes fases dos processos de planejamento, execução e avaliação lhes apresentam. Na relação entre os materiais curriculares e a dimensão dos conteúdos, temos: para os conteúdos conceituais ou factuais, quadro negro, audiovisuais e livros didáticos; para os conteúdos procedimentais, textos, dados estatísticos, revistas, jornais; para os conteúdos atitudinais, vídeos e textos que estimulem o debate. Todos os materiais curriculares utilizados por professores e alunos são veiculadores de mensagens e atuam como transmissores de determinadas visões da sociedade, da história e da cultura, devendo ser analisados a sua dependência ideológica e o modelo de aula a que induzem. Conteúdos factuais Por conteúdos factuais se entende o conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares: a idade de uma pessoa, a conquista de um território, a localização ou a altura de uma montanha, os nomes, os códigos, os axiomas, um fato determinado num determinado momento, etc. O ensino está repleto de conteúdos factuais: toda a toponímia na área de geografia; as datas e os nomes de acontecimentos na de história; os nomes de autores e correntes na de literatura, música e artes plásticas; os códigos e os símbolos nas áreas de língua, matemática, física e química; as classificações na de biologia; o vocabulário nas línguas estrangeiras... Consideramos que o aluno ou a aluna aprendeu um conteúdo factual quando é capaz de reproduzi-lo. Na maioria destes conteúdos, a reprodução se produz de forma literal. Dizemos que alguém aprendeu quando é capaz de recordar e expressar, de maneira exata, o original, quando se dá a data com precisão. Este caráter reprodutivo comporta exercícios de repetição verbal. Repetir nomes, as datas e as obras tantas vezes quanto for necessário. Embora esta aprendizagem repetitiva seja fácil, posto que não se requer muito planejamento nem intervenção externa, para fazer estes exercícios de caráter notavelmente rotineiro é imprescindível uma atitude ou predisposição favorável. Na concepção construtivista, o papel ativo e protagonista do aluno não se contrapõem à necessidade de um papel igualmente ativo por parte do educador. É ele quem dispõe as condições para que a construção que o aluno faz seja mais ampla ou mais restrita, se oriente num sentido ou noutro, através da observação dos alunos, da ajuda que lhes proporciona para que utilizem seus conhecimentos prévios, da apresentação que faz dos conteúdos, mostrando seus elementos essenciais, relacionando – os com o que os alunos sabem e vivem. Conteúdos conceituais Abrangem conceitos e princípios; o aluno deve interpretar, compreender, expor um fenômeno, situando fatos, objetos ou situações concretas no conceito que os inclui. A aprendizagem dos conteúdos procedimentais Um conteúdo procedimental – que inclui entre outras coisas as regras, as técnicas, os métodos, as destrezas ou habilidades,as estratégias, os procedimentos – é um conjunto de ações ordenadas e com um fim, quer dizer, dirigidas para a realização de um objetivo. São conteúdos procedimentais: ler, desenhar, observar, calcular, classificar, traduzir, recortar, saltar, inferir, espetar, etc. A realização das ações que formam os procedimentos é uma condição sine qua non para a aprendizagem. Se examinamos a definição, vemos que os conteúdos procedimentais são um conjunto de ações ordenadas e com um fim. Como se aprende a realizar ações? Fazendo-as. Aprende-se a falar falando. Atualmente, ainda é normal encontrar textos escolares que partem da base de que memorizando os diferentes passos de, por exemplo, uma pesquisa científica, seremos capazes de realizar pesquisas, ou que pelo simples fato de conhecer as regras sintáticas saberemos escrever ou falar. A aprendizagem dos conteúdos atitudinais - O termo conteúdos atitudinais engloba uma série de conteúdos que podemos agrupar em valores, atitudes e normas. Entendemos por valores os princípios ou as idéias éticas que permitem às pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu sentido. - As atitudes são tendências ou predisposições relativamente estáveis das pessoas para atuar de certa maneira. São a forma como cada pessoa realiza sua conduta de acordo com valores determinados. As normas são padrões ou regras de comportamento que devemos seguir em determinadas situações que obrigam a todos os membros de grupo social. Consideramos que se adquiriu um valor quando este foi interiorizado e foram elaborados critérios para tomar posição frente àquilo que deve se considerar positivo ou negativo. A avaliação Realiza-se uma severa crítica à forma como habitualmente é compreendida a avaliação. A pergunta inicial “por que temos que avaliar?”, necessária para que se entenda qual deve ser o objeto e o sujeito da avaliação, demora um pouco a ser respondida. A proposta elimina a idéia da avaliação apenas do aluno como sujeito que aprende e propõe também uma avaliação de como o professor ensina. Elabora a idéia de que devemos realizar uma avaliação que seja inicial, reguladora (prefere esse termo ao invés de formativa, por entender que explica melhor as características de adaptação e adequação, ou seja, é capaz de acompanhar o progresso do ensino), final e integradora. No seu estudo sobre a avaliação, Zabala explica que a função social da avaliação é ser um instrumento essencial para direcionar o processo da aprendizagem, tendo o cuidado de avaliar de diferentes formas verificando a capacidade de cada aluno, a avaliação, portanto ajuda o aluno a interpretar o seu próprio conhecimento. Diferente da avaliação sancionadora, onde a função social é seletiva, em que cabe aos alunos obter bons resultados a partir de uma rígida disciplina que o condicione a memorizar o maior número de conhecimentos possíveis; nessa perspectiva, não é o ensino que deve se adaptar ao aluno, mas o aluno que precisa se adaptar aos conteúdos. (1998, p.199) - Em o que avaliar propõe a avaliação de fatos, conceitos, procedimentos e atitudes, chegando a justificar a prova escrita para fatos e conceitos, seja-a do tipo mais rápido ou exaustivo. - Uma nota importante diz respeito à observação de que os conceitos podem ser mais bem avaliados quando a expressão verbal é possível, e não apenas a escrita, da mesma forma que vê nas pessoas a necessidade de uma expressão de gestos, citando o exemplo do uso das mãos que os indivíduos fazem para explicar melhor esses conceitos. - Por último, o autor deixa dúvidas sobre se as notas ou classificações deveriam ser totalmente públicas, da forma como é atualmente, pois entende que isto esbarra em uma dimensão ética, ou seja, além da dimensão pública existe uma privada e íntima que precisa ser respeitada. Duvida o autor dos efeitos estimulantes desta divulgação da forma como é feita. - Esclarece que os procedimentos só podem ser avaliados enquanto um saber fazer, propondo uma avaliação sistemática em situações naturais ou artificialmente criadas. - Afirma que os conteúdos atitudinais implicam na observação das atitudes em diferentes situações e levanta a possibilidade das pessoas não darem o devido valor às atitudes enquanto um conteúdo, pelo fato das mesmas não poderem ser quantificadas. - Utiliza a metáfora do médico que não possui instrumentos para medir dor, enjôo ou estresse e, nem por isso deixa de diagnosticar e medicar Sintetizando o pensamento do autor sobre a avaliação... Não deve se limitar somente a avaliação do aluno, mas também o grupo / classe, inclusive o professor ou a equipe docente (o processo de ensino é a própria forma de avaliação.) • A avaliação inicial (diagnóstica); • A avaliação reguladora (como cada aluno aprende) modificação e melhora contínua do aluno; • A avaliação integradora (todo percurso do aluno) informe global do processo; - Avaliamos para o aperfeiçoamento da prática educativa; • Compartilhar objetivos – condições para avaliação formativa. ---------- Importante: Este material que estou disponibilizando foi utilizado por Rosângela Quequetto no curso preparatório para concurso para professor na cidade de Sorocaba em 2015, do qual participei. Maria Beatriz
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