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Módulo 2 – Preparo para o Plantio 59 Módulo 2: Preparo para o Plantio No primeiro módulo do curso, você pôde compreender o que são as florestas plantadas, a escolha da área e o planejamento adequado para a espécie ou objetivo de plantio, bem como saber como funciona o processo de aquisição, transporte e armazenamento de mudas. No módulo 2 você terá informações importante para entender o plantio em relação ao solo. Vamos lá? Bons estudos! Módulo 2 – Preparo para o Plantio 60 Acompanhe os assuntos de cada aula: Aula 1 - Preparo da Área para Plantio • Limpeza da área • Coleta de amostras e análise do solo • Importância da amostragem de solo Aula 2 - Correção do Solo • Correção da acidez • Correção da Acidez Superficial • Correção da Acidez Subsuperficial Aula 3 - Adubação • Adubação de plantio • Nutrientes importantes • Acompanhamento da nutrição • Importância da adubação no regime de Talhadia • Cuidados com as inovações na adubação do eucalipto Aula 4 - Plantio e Replantio • Controle de formigas e cupins • Formas de plantio • Época do plantio • Preparo do solo • Plantio propriamente dito • Irrigação pós-plantio • Mortalidade de plantas no campo • Acompanhamento do replantio Pronto(a) para começar a primeira aula? Módulo 2 – Preparo para o Plantio 61 Aula 1: Preparo da área para plantio O sistema de preparo do terreno varia em função da espécie a ser plantada, da condição de solo, do clima local e da vegetação natural na área de plantio do eucalipto. O preparo de área deverá considerar como prioridade a conservação do solo por meio do revolvimento mínimo e da descompactação, quando for o caso. Tudo isso para diminuir a degradação ou “queima” da matéria orgânica, aumentar a taxa de entrada de água no solo e promover um bom desenvolvimento das raízes do eucalipto. Por isso, evite, sempre que possível, o revolvimento dos solos nas entrelinhas de plantio privilegiando o preparo apenas na linha. Limpeza da área A limpeza de área para implantação de florestas plantadas comerciais pode ser manual, mecanizada ou química. Limpeza manual Nas propriedades de tamanho médio, este tipo de limpeza é realizado quando o terreno é muito inclinado, impossibilitando o uso de máquinas; para tal, usa-se machado, foice ou motosserra. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 62 • Quando a vegetação eliminada permitir, esta deve ser aproveitada como lenha, carvão, postes e moirões. • A supressão de vegetação nativa requer autorização dos órgãos ambientais competentes, de acordo com a legislação ambiental. • Não devem ser realizadas queimadas para limpeza das áreas, devido aos impactos negativos sobre o meio ambiente, como degradação da matéria orgânica, diminuição da cobertura ou proteção do solo por resíduos e perda de fertilidade potencial da terra. Limpeza mecanizada Em seu grau mais agressivo, pode ser realizada com correntão ou lâmina frontal, acoplados em tratores esteira, sendo, geralmente, feita em áreas muito grandes e quando a retirada da vegetação natural for legalmente permitida. • Quando o método de limpeza da área exigir retirada da vegetação natural para plantio de eucalipto, dificilmente o produtor será financiado pelo Programa ABC. • Preferencialmente, o Programa ABC atenderá aos produtores que utilizem áreas da propriedade onde já tenham sido desenvolvidas outras atividades; áreas em que para a sua limpeza não sejam necessárias máquinas e equipamentos de grande porte e sim equipamentos menos robustos, que limpem apenas a vegetação que nasceu ou que rebrotou depois do último uso da área. Cuidado Ambiental Cuidado Ambiental Módulo 2 – Preparo para o Plantio 63 Limpeza química É utilizada em áreas cobertas com vegetação de baixo porte que não precise ser derrubada nem cortada, mas apenas roçada ou morta com o uso de herbicidas. A limpeza química, como parte de um manejo integrado de plantas daninhas, deverá ser a forma de limpeza mais comum na área de cobertura do Plano e do Programa ABC. Coleta de amostras e análise do solo Para se estabelecer um povoamento florestal rentável, é muito importante que se faça a análise do solo. Para isso, a primeira coisa a se fazer é a coleta adequada das amostras do solo do local onde será feito o plantio. O resultado da análise da amostra, realizada em laboratório, e a indicação das necessidades da cultura vão auxiliar o produtor a definir, juntamente com o técnico, de forma racional, as quantidades de nutrientes necessárias para o desenvolvimento equilibrado das plantas e assim obter a máxima produtividade. É essa análise, também, que indica se a acidez do solo está ou não dentro da exigência da cultura. Mão na terra O pessoal do Senar que está me ajudando com as Florestas Plantadas, comentou que é importante saber que “a adubação começa com a análise de solo [...], continua com a correção da acidez e termina quando se aplica o adubo na terra, na folha ou na semente”. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 64 Importância da amostragem de solo A amostragem do solo é indispensável e deve considerar as exigências estabelecidas pela ciência do solo. A amostra tem de ser encaminhada para um laboratório certificado. Diminuir custo com a análise de solo tirando menos amostras e analisando em laboratórios de baixa credibilidade é correr um risco grande. A indicação de fórmulas e de quantidades de adubo com base em referências genéricas é equivocada e pode comprometer a produção do povoamento. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 65 Aula 2: Correção do solo Correção da acidez Dependendo da situação de acidez do solo, essa é corrigida com aplicação de calcário dolomítico ou calcítico. Corretamente feita, a aplicação do calcário neutraliza o alumínio do solo, podendo, também, fornecer cálcio e magnésio como nutrientes. Para que se obtenha uma boa correção de acidez do solo, é de fundamental importância uma boa amostragem da terra. Correção da acidez superficial Devem ser seguidas rigorosamente as indicações da análise de solo. Somente assim, pode-se evitar aplicação de quantidades inadequadas de calcário. A forma de incorporar o calcário no solo vai depender das condições locais, como o tipo de solo e o nível de compactação. Quando o solo não tem problemas de compactação e o preparo é convencional, utiliza-se uma grade pesada para que a incorporação seja bem feita, atingindo os 20 cm de profundidade. A calagem em excesso é tão prejudicial quanto a acidez elevada. Ela é, inclusive, mais difícil de ser corrigida e pode causar a diminuição de nutrientes importantes como fósforo, zinco, ferro, cobre e manganês, a mineralização da matéria orgânica etc. A época ideal de aplicação do Módulo 2 – Preparo para o Plantio 66 calcário no solo para o cultivo de espécies florestais geralmente é com antecedência mínima de 30 dias da subsolagem e da abertura das covas de plantio. Correção da acidez subsuperficial A correção da acidez subsuperficial deve ser feita até 60 cm de profundidade. O gesso permite o aprofundamento das raízes e o aumento do volume do sistema radicular, criando condições para as plantas superarem os veranicos. Para corrigir a acidez e a deficiência de cálcio e magnésio em superfície, a calagem é suficiente. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 67 Aula 3: Adubação Adubação de plantio Há recomendações genéricas de adubação que podem facilitar a vida do produtor, entretanto, é interessante consultar um técnico experiente para realizar recomendações específicas para cada caso, de acordo com a análise de solo. Nutrientes importantes Corrigida a acidez, o eucalipto necessita que o solo disponha de nutrientes. Os mais importantes são o nitrogênio, o fósforo e o potássio, seguidos de boro e zinco, além de cálcio e magnésio, que devem ser aplicados na calagem. Cálcio Plantas deficientes em cálcio desenvolvem mal suas raízes, tendo, assim, uma baixa capacidade de absorção de nutrientes. A redução do sistema radicular nascamadas inferiores no perfil do solo torna a cultura mais sensível aos veranicos, tão comuns em algumas regiões do Brasil. Mesmo que o cálcio seja importante para o eucalipto, é preciso ter cuidado ao aplicá-lo. Colocar grandes quantidades de Ca em solos deficientes em K, ou aplicar Ca em solo deficiente em Mg, pode causar desequilíbrio nutricional na planta, reduzindo seu crescimento. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 68 Magnésio O magnésio tem destacado papel na fotossíntese do eucalipto, na ativação de enzimas e na absorção do fósforo pelas raízes. Nitrogênio O nitrogênio é importantíssimo para o crescimento dos vegetais. É o nutriente com maior acumulação no eucalipto. Em um ciclo de sete anos, cerca de 300 a 450 quilos são acumulados por hectare, quando cada eucalipto produz de 30 a 50 m3/ha/ ano. Apesar da sua importância, a resposta à adubação nitrogenada não tem sido tão evidente quanto aquelas obtidas com a adubação com fósforo e potássio. Fósforo O adubo fosfatado não deve ser aplicado em toda a área, e sim localizado em um ponto onde a raiz possa prontamente fazer uso dele. O fósforo não se move no solo e, portanto, se ficar na superfície, não vai adiantar muita coisa para as raízes do eucalipto. Atualmente, recomenda-se combinar a aplicação de adubo no sulco feito com o subsolador e uma adubação localizada próximo à muda. É importante que uma parte do fósforo seja solúvel. A deficiência de fósforo é a que mais prejudica o crescimento de eucalipto no Brasil. A demanda desse nutriente para o crescimento e desenvolvimento do eucalipto varia de 20 a 28 kg/ha; todavia, deve ser posto à disposição do eucalipto uma quantidade maior. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 69 Potássio O potássio é essencial para o eucalipto, mas está disponível em pequenas quantidades nos solos tropicais. Sua deficiência ocasiona vários problemas ao eucalipto. Ela pode reduzir o crescimento e a produção de madeira, desregular o mecanismo de controle de perda de água das plantas, diminuir a resistência às doenças e dificultar a recuperação ao ataque das mesmas. Pode, ainda, diminuir o crescimento do sistema radicular, prejudicando a absorção de água e nutrientes pelo eucalipto. Boro O boro é um dos micronutrientes que, nos solos do Cerrado, frequentemente, mostra-se abaixo do nível exigido. Ele limita o desenvolvimento das plantas na fase jovem e é importante no crescimento radicular. • Ao contrário do que ocorre nos solos argilosos, aplicações de boro em solos arenosos pode ter grande perda por causa da lavagem promovida pela água da chuva que penetra no solo. • Nos períodos de seca, é difícil a absorção de boro pelas plantas, havendo necessidade de aplicação via foliar. • Quando a calagem é excessiva, a disponibilidade de boro para as plantas reduz. • A resposta do eucalipto ao boro pode variar com a espécie de eucalipto e com o clone. Cobre A deficiência de cobre causa danos físicos ao eucalipto, pois alonga os galhos das árvores e os tornam frágeis. Por isso, eles se quebram facilmente, deformando a copa. Em campo, a ocorrência e a severidade dos sintomas variam, principalmente, pelo tipo de solo, época do ano e material genético plantado. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 70 Zinco O zinco é importante para o bom desenvolvimento do eucalipto porque funciona como ativador de algumas reações bioquímicas da planta. Cuidado com a interação entre K e Mg: Adubação excessiva com potássio pode causar deficiência de magnésio, principalmente se o solo já for pobre neste elemento. Excesso de potássio pode carregar o magnésio para camadas mais profundas do perfil. Concentrações elevadas de magnésio podem induzir à deficiência de potássio. Lá na fazenda Rio Novo Fiquei sabendo que é preciso corrigir fósforo no plantio das mudas lá na Fazenda. Dá uma vontade danada de pegar os produtos e colocar na terra, mas isso não funciona! O pessoal do Senar me orientou da importância do nutriente, não adianta por fósforo de qualquer jeito. Colocar fósforo um tempo depois do plantio, por exemplo, não adianta muita coisa. O ideal é colocar no momento do plantio. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 71 Em época de seca intensa e prolongada há a necessidade de adubação via foliar. Não é incomum os sintomas de deficiência de cobre desaparecerem com o avanço da idade das plantas. O produtor deve buscar o apoio de um técnico para saber a efetiva necessidade de correção. Nos solos do Cerrado, a aplicação de boro e de cobre tem causado deficiência de zinco. Por isso, é recomendável a pulverização de zinco quando é feita a pulverização do eucalipto com boro e cobre. Para auxiliar o produtor durante as etapas de amostragem, recomendação de calagem e fertilização deve-se procurar um profissional competente, que poderá fazer as análises dos resultados. Acompanhamento da nutrição Uma das formas de reconhecimento do estado nutricional do povoamento tem sido a observação visual, com base em manuais que apresentam fotograficamente os sintomas de deficiências nutricionais no eucalipto. Certamente, essa não é uma prática recomendável, pois poderá ter uma interpretação equivocada, tendo em vista que podem levar o produtor e mesmo o técnico a uma confusão. É importante alertar, portanto, que a única ferramenta segura é o acompanhamento realizado por meio da análise das folhas, que deve atender às seguintes recomendações: • Coletar amostras em árvores dominantes de folhas recém-maduras do meio da copa, durante o verão; Módulo 2 – Preparo para o Plantio 72 Importância da adubação no regime de talhadia Os produtores que escolherem trabalhar em regime de talhadia ou talhadia com remanescente, para a produção de uso múltiplo, devem atentar para a necessidade de adubação das cepas. No caso de não utilizarem tal indicação, correrão risco de diminuição da produtividade futura. Veja a tabela a seguir: • As folhas devem estar completamente formadas e apresentar os seguintes aspectos: lisa, brilhante, cor verde escura na parte superior e verde pálida na inferior, além de forma lanceolada; • Cada amostra deve ser composta de, no mínimo, três árvores dominantes. Normalmente, é recomendada a coleta de 10 a 20 amostras compostas por área. 6 5 4 3 2 1 Selecionar galhos do meio da copa e deles coletar as folhas 3, 4, 5, 6 indicadas na figura. Quando a folha 3 não estiver totalmente formada, deve-se colher apenas as folhas 4, 5 e 6. talhadia com remanescente Também conhecida como talhadia composta Módulo 2 – Preparo para o Plantio 73 Região/Bioma Nutriente Perda (%) Idade (anos) Tipo de solo Cerrado - SP K 34 5,2 Neossolo quartzarênico Cerrado - SP K 54 5 Argissolo vermelho Cerrado - MG K 55 7 Latossolo vermelho Fonte original: Barros; Comerford, 2002. Quadro extraído em parte de Barros; Neves; Novais (2014). O produtor deve analisar o balanço nutricional para verificar a necessidade de adubação e a quantidade de nutrientes que devem ser ofertados ao eucalipto. Assim, evitará perdas na produtividade dos brotos em condução no regime de talhadia ou talhadia com remanescente. Para isso, precisará recorrer à ajuda de um profissional. Neossolo quartzarênico são solos originados de depósitos arenosos, que apresentam textura de areia ou areia com barro ao longo de pelo menos 2 m de profundidade; mais conhecidos como areia quartzosa. Argissolo vermelho são solos de cores vermelhas acentuadas devido a teores mais altos de ferro, que apresentam fertilidade natural muito variável por conta dos diversos materiais que lhe deram origem. Geralmente, têm mais argila nas camadas mais profundas que na superfície. Latossolo vermelho são solos de cores vermelhas acentuadas devido a teores mais altos de ferro, que ocorrem em extensas áreas nas regiões Centro-Oeste do País, na maioria das vezes em áreas planas ou suavemente onduladas. São profundos e porosos ou muito porosos, e, por isso, permitem um bom desenvolvimentodas raízes. Apresentam, em condições naturais, baixos níveis de fósforo. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 74 Cuidados com as inovações na adubação do eucalipto Os macronutrientes Ca, Mg, N e K são os nutrientes que mais sofrem perdas na época chuvosa devido à lixiviação. Por isso, a aplicação deles deve ser parcelada. As empresas vendedoras de adubos de liberação lenta apresentam como vantagens de seus produtos a eliminação desta prática, diminuindo o custo com a mão de obra, minimizando a compactação do solo e eliminando as injúrias às raízes e danos físicos à cultura. adubos de liberação lenta As empresas também informam que a dosagem recomendada de fertilizantes de liberação lenta a ser feita no período das águas é cerca de 10% menor que a convencional, enquanto o investimento fica somente 8% maior em relação a uma adubação convencional com a mesma quantidade de nutrientes. Como são inovações que estão sendo postas à prova no mercado, o produtor deverá ter cautela. Além de evitar a generalização do uso, é preciso se limitar a testes comparativos com o sistema tradicional. Outra inovação são os fertilizantes contendo aminoácidos em sua composição. Segundo os vendedores, eles rendem mais e não necessitam de investimentos em novos equipamentos para sua aplicação. Eles utilizam os mesmos equipamentos já empregados na cultura do eucalipto. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 75 Aula 4: Plantio e Replantio Lá na fazenda Rio Novo Lá na fazenda Rio Novo sabemos que para a realização do plantio, vários fatores são importantes. Para as florestas plantadas o Marcos, técnico do Senar, nos deu as seguintes dicas: a. a área deve estar livre de formigas e cupins; b. a área precisa ter recebido todas as práticas conservacionistas necessárias; c. realizar o plantio em curvas de nível ou “cortando o sentido das águas” em áreas declivosas; d. o momento do plantio tem que ter sido muito bem definido; e. a análise de solo e a sua correção de acidez devem ser uma etapa vencida. Fiquem atentos a essas dicas, pois são muito importantes! Controle de formigas e cupins A base para um bom plantio de eucalipto é o controle de formigas e de cupins, especialmente o combate antecipado das formigas antes do plantio e o posterior monitoramento. adubos de liberação lenta Mais detalhes sobre esses insetos, inclusive como fazer o controle deles, o produtor encontrará no módulo da cartilha referente à proteção florestal. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 76 Formas de plantio O plantio pode ser feito de forma manual, semimecanizado e mecanizado. Plantio manual Característicos de: pequenas áreas; agricultores familiares; terrenos muito declivosos; replantio de áreas independentemente do tamanho das mesmas. Plantio semimecanizado É feito com plantadeiras manuais, com sistema de aplicação de gel acoplado e apoio de carretas ou caminhões para transporte das mudas, embaladas em número suficiente para a distribuição em uma linha de plantio. Plantio mecanizado Geralmente, utilizado em empreendimentos de médio a grande porte. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 77 No plantio, deve-se atentar para a profundidade da cova ou sulco. As mudas devem ser plantadas no mesmo nível da superfície do solo, evitando que fiquem tombadas ou afogadas. O afogamento do coleto é fatal, principalmente sob temperaturas muito elevadas e na ocorrência de veranicos. Época do plantio A orientação é para que seja feito no período chuvoso. E essa orientação funciona bem para plantios pequenos e em locais onde há poucos veranicos. Mesmo assim, o produtor, ou o gerente, deverá ficar atento à necessidade de irrigação das mudas no momento do plantio. irrigação das mudas Quando for viável irrigar, deve-se fazer o plantio pouco antes do período chuvoso para que, no início das chuvas, as mudas, já enraizadas, aproveitem as águas em pleno crescimento. Preparo do solo Atualmente, a maioria dos plantadores de eucalipto adota a prática do cultivo reduzido, ou cultivo mínimo, no qual é feita a subsolagem na linha de plantio a diferentes profundidades, de acordo com a ocorrência ou não de camadas compactadas ou adensadas. No Cerrado, apenas um número pequeno de produtores ainda usa aração e gradagem como preparo do solo. A evolução do método de plantio se deu com o tempo como mostra o gráfico abaixo. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 78 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 06 07 08 ANOS m an ej o do s re sí du os pr ep ar o de so lo queima total queima parcial manutenção dos resíduos sobre o solo uso intensivo de herbicidas bedding subsolador manutenção dos resíduos para o preparo do solo grade leve grade pesada sistemas conjugados Atualmente, há subsoladores que, além de subsolar, fazem a fosfatagem em linha contínua, aplicam NPK de forma intermitente, marcam o lugar onde a muda deve ser plantada e ainda realizam uma pequena gradeada para preparar melhor a faixa de plantio. Entre preparo convencional (intensivo) e reduzido, para o Programa ABC, o reduzido é prioritário. Deve-se realizar, de preferência, o cultivo mínimo, fazendo o preparo do solo somente na linha de plantio e mantendo a cobertura do terreno com resíduos ou plantas de cobertura na entrelinha. Em áreas de declive acentuado, sempre realizar o plantio em curvas de nível, a fim de diminuir o escoamento superficial de água e os impactos negativos da erosão hídrica do solo. Cuidado Ambiental Cuidado Ambiental Evolução do preparo do solo: sistema intensivo para cultivo mínimo Módulo 2 – Preparo para o Plantio 79 A subsolagem, geralmente, garante uma profundidade sem compactação até 80 cm e uma faixa superficial de solo revolvido na faixa de 60 a 80 cm. Atualmente, a subsolagem pode ser feita com equipamentos que combinam o ato de subsolar e a adubação. Sulcador com adubador. Cultivo mínimo e fertilidade do solo Considerando-se que a adoção do cultivo mínimo propicia matéria orgânica residual sobre o solo e que o ciclo do eucalipto é longo, mesmo que o processo de decomposição dos resíduos seja lento, o eucalipto termina utilizando, de forma eficiente, os nutrientes que o resíduo libera gradativamente. Cultivo mínimo e biologia do solo O cultivo mínimo aumenta a porosidade do solo, melhorando a infiltração da água e o arejamento da terra. Ao permitir uma melhor cobertura, protege o solo de altas temperaturas e de variações da mesma. Na somatória, cria-se um ambiente adequado para o desenvolvimento de microrganismos benéficos ao plantio. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 80 Cultivo mínimo e relação custo x benefício O cultivo mínimo no primeiro ciclo sempre foi bem aceito. O maior problema era sua aceitação nas áreas de reforma florestal. Quantidades de resíduos entre 10 e 120 t/ha, dependendo da região, idade, espaçamento e sistema de colheita utilizado, permaneciam por longos períodos sobre o solo, dificultando as operações silviculturais. O que os produtores faziam? Queimavam a camada de resíduos. Isso levava a um aumento da erosão e a altos investimentos na construção de terraços e manutenção de estradas. Esses altos investimentos superavam os custos que as empresas tinham para resolver as dificuldades operacionais ocasionadas com o cultivo mínimo em áreas de reforma. Isso fez com que essa excelente prática fosse adotada pelas empresas. Atualmente, a questão principal do cultivo mínimo em áreas de reforma já não diz mais respeito à sua dificuldade de operacionalização, mas, sim, à mudança do sistema de colheita para árvores inteiras e a demanda dos resíduos para produção de energia nas indústrias. Cuidado Ambiental Cuidado Ambiental Plantio propriamente dito O plantio do eucalipto é quase uma parte da operação do cultivo mínimo, uma vez que os equipamentos subsolam, deixando o sulco prontoe a fosfatagem feita -- alguns deles já deixam NPK aplicado de forma intermitente e locais do plantio das mudas marcados. Plantio de eucalipto em Três Lagoas, MS. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 81 Na hora do plantio, além de toda uma programação de equipes e equipamentos, deve-se ter a certeza de que a muda foi bem produzida, seja pelo produtor seja pelo viveirista. Se a área de plantio for muito grande, as mudas, ao serem preparadas para encaminhamento ao local de plantio, já devem ter recebido uma solução com cupinicida e mono-amônio-fosfato MAP (0,5 a 1%). O plantio semimecanizado deve ser hoje a forma mais utilizada de plantio, uma vez que permite rapidez na operação, chegando a atingir por dia entre 10 a 15 ha. No plantio semimecanizado, a plantadeira deverá estar ligada a um tanque-pipa que levará a água e o gel. cupinicida Ressalta-se que o cupinicida pode, também, ser aplicado junto com o gel de plantio. Isso vai depender da empresa ou da capacidade de operacionalização do produtor. Esquerda: plantadeira com aplicador de gel costal. Direita: plantadeiras acopladas a um tanque-pipa com gel. Com o uso do gel, pode-se reduzir em cerca de 10% o custo de replantio, considerando-se os gastos com as mudas que morreriam caso ele não houvesse sido aplicado. O gel também diminui o gasto com mão de obra. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 82 Onde se utiliza a irrigação, o gel pode contribuir com um ganho ambiental, pois ele aumenta o intervalo entre irrigações, diminuindo, assim, o gasto de água. Cuidado Ambiental Cuidado Ambiental A aplicação do gel usando máquinas costais pode levar a problemas na coluna dos aplicadores. O aplicador, também, pode ter irritação nos olhos se não usar óculos de proteção. Irrigação pós-plantio É importante que, além da irrigação do plantio, se mantenha a oferta de água aos eucaliptos até o estabelecimento das mudas ou “pegamento”. Há empresas que fazem as irrigações depois da muda plantada, usando o gel em menor concentração: 250 a 500 g para cada 1.000 litros de água. Isso pode proteger as plantas da queima do coleto. As empresas realizam suas irrigações pós-plantio de três formas: 1. alternam o uso de gel nas irrigações até o “pegamento” das mudas; 2. fazem todas as irrigações com gel; 3. fazem todas as irrigações sem aplicação de gel. A definição tem sido feita caso a caso. Quanto ao número necessário de irrigações, depende do local de plantio, podendo variar de uma a três. A irrigação deve seguir até quando se tiver certeza do “pegamento” da muda. Importante lembrar que o uso do gel ajuda a poupar água por diminuir o número de irrigações necessárias até o “pegamento” da muda. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 83 Irrigação mecanizada em Três Lagoas, MS. Replantio O replantio é uma operação que, apesar de ter sua importância subestimada, é fundamental, principalmente quando o plantio é feito com mudas trazidas de outras regiões e/ou plantadas em locais onde ocorrem muitos veranicos. É indicado que esta operação seja realizada, no máximo, até 21 dias após o plantio, com tempo chuvoso e com mudas tratadas com a calda de cupinicida mais monofosfato de amônio (MAP), como já indicado no tópico de plantio. Mortalidade de plantas no campo Uma das causas de mortalidade no campo é a estocagem de mudas à sombra, na propriedade, antes do plantio. Isso não é recomendável, também, porque pode quebrar o efeito da rustificação. As outras causas, normalmente, são veranicos, formigas e plantio mal feito. veranicos A falta de água. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 84 Acompanhamento do replantio A avaliação de sobrevivência das plantas precisa ser feita até 15 dias após o plantio do talhão, uma vez que o replantio deve ser feito até 21 dias depois do plantio. Quando o percentual de falhas do talhão for superior a 2% ou ocorrerem mortes em reboleiras, deve-se efetuar o replantio. Outra avaliação de sobrevivência é necessária sete dias após. Observações de plantas no campo realizada em um plantio no município de Catalão, em Goiás, replantado depois de 21 dias, mostraram que o replantio pode influenciar negativamente na circunferência a altura do peito (CAP) das plantas. Veja na tabela abaixo a diferença de crescimento: Material genético CAP médio (cm) Diferença de crescimento N/RNormal (N) Replantio (R) Clone 80 29,8 12,2 2,4 vezes maior Clone 46 29,8 7,3 4,1 vezes maior Clone 35 25,9 18,2 1,4 vez maior Clone 35 24,1 14 1,7 vez maior E. cloeziana 27,4 16,8 1,6 vez maior E. urophylla 26,2 17,4 1,5 vez maior Média - - 2,1 vezes maior Fonte: Trindade et al. (2007). Para encerrar, que tal relembrar alguns pontos importantes sobre as Floretas Plantadas no Brasil e o preparo para o plantio que vimos até agora? No ambiente virtual de aprendizagem, você poderá assistir ao vídeo. Confira! E com isso fechamos o assunto preparo para o plantio. No próximo módulo, falaremos sobre Pragas e Doenças. Vá até o AVA para realizar a atividade de aprendizagem obrigatória e liberar o acesso ao penúltimo módulo do curso! Módulo 2 – Preparo para o Plantio 85 Atividade de aprendizagem As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler e respondê-las com mais tranquilidade. Entretanto, você deverá acessar o AVA e responder lá as questões. Você terá duas tentativas para responder cada questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que: 1. acertar as questões; ou 2. usar todas as suas tentativas. Questão 1 O preparo da área para plantio de eucalipto deverá considerar como prioridade a conservação do solo por meio do revolvimento mínimo e da descompactação do mesmo. Considerando essa priorização, é correto afirmar: a) O revolvimento mínimo diminui a degradação ou “queima” de matéria orgânica. b) O revolvimento mínimo diminui a taxa de entrada de água no solo. c) O revolvimento mínimo reduz o desenvolvimento das raízes do eucalipto. Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos apresentados até aqui. Módulo 2 – Preparo para o Plantio 86 d) O revolvimento mínimo aumenta o custo de implantação da área. Questão 2 A deficiência de fósforo é a que mais prejudica o crescimento de eucalipto no Brasil. Você, como consultor, foi contratado por um silvicultor que deseja implantar 100 hectares de eucalipto em sua propriedade, localizada em área de Cerrado de Minas Gerais. Em relação à adubação fosfatada, qual recomendação deve ser dada ao silvicultor? a) O adubo fosfatado deve ser aplicado em toda a área de plantio. b) O fósforo deve ser fornecido à planta 90 dias após o plantio, na adubação de cobertura. c) O fósforo deve ser aplicado no sulco feito com o subsolador e uma adubação localizada próxima à muda. d) O adubo fosfatado deve ser aplicado em superfície. Questão 3 Um silvicultor plantou 100 hectares de eucalipto em sua propriedade, localizada em área de Cerrado de Minas Gerais. Para decidir se seria viável fazer o replantio na área, o silvicultor entrou em contato com o consultor que elaborou o projeto para tomarem a decisão em conjunto. A respeito do replantio, é correto afirmar: a) O replantio deve ser realizado 90 dias após o plantio, junto com a adubação de cobertura. b) Deve-se optar por um replantio a pleno Sol e com mudas tratadas com a calda de cupinicida mais monofosfato de amônio (MAP). c) As mudas para o replantio devem ser estocadas à sombra entre o plantio e o momento do replantio. d) Quando o percentual de falhas do talhão for superior a 2% ou ocorrerem mortes em reboleiras, deve-se efetuar o replantio.
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