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Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 87 Módulo 3: Controle de Pragas e Doenças Chegamos ao módulo 3 do curso, que trata do Controle de Pragas e Doenças. Já passamos pelo preparo do solo e pelo plantio, agora precisamos cuidar bem do investimento. Neste módulo você vai conhecer as principais pragas e doenças que podem atingir uma floresta plantada, bem como saber o controle adequado para plantas daninhas e casos de incêndios. Vamos lá? Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 88 Este módulo é composto de quatro aulas. Conheça os assuntos que serão tratados em cada uma: Aula 1 - Controle de Pragas • Principais pragas do eucalipto • Formigas Cortadeiras • Lagartas e Besouros Desfolhadores • Insetos Aneladores • Insetos Broqueadores • Insetos Sugadores • Insetos Galhadores Pronto(a) para começar a primeira aula? Aula 2 - Controle de Doenças • Principais doenças do eucalipto • Outros distúrbios e danos ao eucalipto • Manejo integrado de doenças Aula 3 - Controle de Plantas Daninhas • Interferência de plantas daninhas sobre o eucalipto • Fatores que afetam a aplicação de herbicidas • Identificação das plantas daninhas • Formas e períodos de controle • Melhoria na qualidade da aplicação • Eficiência no controle de plantas daninhas • Equipamentos e sistemas para aplicação Aula 4 - Incêndio Florestal • Principais causas de incêndios florestais • Classificação dos combustíveis florestais • Classificação das formas de incêndio florestal Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 89 Aula 1: Controle de Pragas Quando se substitui uma área de vegetação nativa, ou mesmo uma capoeira ou uma cultura agrícola, por uma plantação de eucalipto, por exemplo, são promovidas mudanças na presença dos animais no local. Quanto maior a área substituída, maiores serão tais modificações. No caso de insetos é provável que, além daqueles que já são pragas do eucalipto, apareçam outros que possam, posteriormente, se tornar pragas dessa cultura. Conviver com insetos-pragas é natural em qualquer lugar e circunstância. O importante é estabelecer medidas de controle que permitam explorar o eucalipto de forma econômica. O aumento de pragas nas plantações de eucalipto, muitas vezes, se dá pela entrada de insetos provenientes de outros países ou regiões. Por isso, é necessário cautela em relação à aquisição de mudas que venham de fora do estado. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 90 De olho nos valores Fique atento! Na colheita final, o ataque de formigas pode diminuir a produção de madeira de eucalipto em até 13%. Quando não há nenhum controle, registram-se casos de perda total do plantio. Lembre-se que esses fatores precisam ser colocados nas planilhas de custo da produção e na hora de precificar os produtos! Principais pragas do eucalipto São pragas do eucalipto: as formigas cortadeiras, alguns tipos de cupins e outros insetos desfolhadores (lagartas e besouros), aneladores, broqueadores, sugadores e galhadores. Formigas e cupins são os primeiros insetos-pragas em campo com os quais o produtor tem de se preocupar. Formigas cortadeiras Pode-se afirmar que a formiga é, sem exagero, a principal praga do eucalipto no Brasil. O produtor que plantar eucalipto e não fizer o devido combate a esse inseto terá uma enorme perda devido ao desfolhamento que as formigas provocam. Esquerda: ninhos de formigas cortadeiras no Mato Grosso do Sul; Direita: ataques de formigas em eucalipto. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 91 A quantidade de isca a ser aplicada em um formigueiro é calculada multiplicando-se a dosagem recomendada pelo fabricante (geralmente entre 6 e 10 g) pela área ocupada pela terra solta do formigueiro em metros quadrados. Existem duas maneiras para cálculo da área: a. método da área total de terra solta e b. método de área estratificada. Método da área total de terra solta: Área resultante da multiplicação do maior comprimento (CD) pela maior largura (AB) da área ocupada pelos montes de terra do formigueiro. Método de área estratificada: Área resultante da soma das áreas individuais de cada monte de terra solta. Existem diversas variações desse método, o mais usado é aquele que considera cada monte de terra solta como um formigueiro independente. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 92 O combate aos formigueiros, com o uso de iscas, pode ser realizado de duas maneiras: combate localizado ou combate sistemático. Combate localizado: Consiste em distribuir os trabalhadores alinhados no campo e distanciados, entre eles, de 3 a 5 m, para que percorram a área combatendo os formigueiros ao encontrá-los. Combate sistemático: Consiste em distribuir o formicida na área de plantio independentemente da localização dos formigueiros. A aplicação de isca formicida é feita em dosagem única por metro quadrado (geralmente, 3 a 5 gramas por cada 6 m2 de área de plantio). • Nunca aplicar as iscas dentro do olheiro ou sobre o carreiro, pois as formigas podem devolver o produto para desobstruir o canal ou limpar a trilha. As iscas devem ser colocadas em época seca, próximo da entrada (10 a 15 cm) de olheiros isolados, murunduns e boca seca, e também ao lado de carreiros ativos. • A estratificação da área do formigueiro reduz em três vezes a quantidade de isca a ser aplicada, em comparação com a área total, sem reduzir a eficiência do combate. • Consulte um técnico sobre o melhor método a ser usado. Os formigueiros podem ser controlados também por termonebulização. É um método eficiente para eliminar formigueiros de todos os portes, pois não depende das condições climáticas, promovendo ainda rápida paralisação das atividades da colônia. Todavia, tem as seguintes restrições: constantes manutenções de equipamentos, necessidade de treinamento para os operadores, dificuldade de transporte dos equipamentos em áreas extensas e riscos de incêndios. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 93 O combate aos formigueiros deve ter início dois meses antes do plantio. Um novo controle deve ser feito 15 dias antes do preparo do solo, englobando, além da área do plantio, o seu entorno. As avaliações no campo devem ser feitas por talhão, na seguinte sequência de intervalos: a. semanais, no primeiro mês após o plantio ou no aparecimento das brotações, no caso de um segundo ciclo em talhadias; b. quinzenais, durante os dois meses seguintes; c. mensais, por mais quatro meses; e d. anualmente, após a plantação completar 12 meses de idade. O monitoramento de formigas cortadeiras serve para aumentar a eficiência, reduzir os custos com o controle e diminuir o impacto ambiental decorrente das aplicações exageradas de inseticidas. A amostragem de formigas cortadeiras pode ser feita pelos métodos da parcela ao acaso ou por transecto em faixas. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 94 Método da parcela ao acaso: Costuma-se usar parcelas com áreas entre 720 e 1.080 m2, com largura correspondente ao espaçamento de 2 a 3 linhas de plantio, para facilitar sua marcação no campo. Normalmente, utiliza-se uma parcela a cada 3 e 5 ha. Parcelas de 720 a 1. formigueiro árvore Método por transecto em faixas: São parcelas de comprimento variável, igual ao da linha de plantio, e largura variando, de 2 a 3 entrelinhas, em intervalos diferentes de acordo com o plano de amostragem. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 95 Os cupins atacam a raiz pivotante e as raízes finas em plantas jovens de eucalipto causando o murchamento e depois o secamento das folhas. Os danos promovem desuniformidade no povoamento e obrigam o produtor a gastar recursos com o replantio, aumentando os custos. Para o controle dos cupins, usa-se como ferramenta inicial o monitoramento, que deve ser feito por meio de amostragem antes e depois do plantio. Mão na terra O monitoramento de cupins pode ser feito com a instalação de iscas de papelão no solo, na densidade de uma isca/ha. Tais iscas devem ser avaliadas depoisde 30 dias e, a partir do resultado, elabora- se um mapa de infestação indicando as áreas de maior risco de dano. Nas áreas de maior risco, recomenda-se o tratamento das mudas a serem plantadas com uma calda inseticida composta de uma solução de fipronil a 0,4 kg do ingrediente ativo/100 L de água, juntamente com o fosfato monoamônio (MAP), que tem a função de estimular o desenvolvimento das raízes. Em última instância, pode-se substituir o MAP por NPK 6+30+6, utilizando-se a mesma dosagem (de 1,0 a 1,5 kg/100 L de água). • O produtor pode gastar desnecessariamente se aplicar a calda inseticida sem a realização do monitoramento. • Com o monitoramento, a redução do uso de inseticidas químicos é expressiva, sendo em média acima de 60%, variando de aproximadamente 50 até 100%, em algumas regiões. • Existem dados que mostram perdas expressivas na produção do eucalipto, da ordem de 10%, devido ao ataque de cupins às mudas. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 96 Na fase pós-plantio, devem ser amostradas as linhas de plantio, contando- se, em cada linha, a porcentagem atacada de mudas, considerando-se como nível de controle a porcentagem de 2 a 5% de mudas afetadas. Lagartas e besouros desfolhadores São insetos que merecem maior atenção de quem planta eucalipto. O consumo de folhas por lagartas, em eucalipto, pode chegar a até 100% da massa foliar, reduzindo a área fotossintética da planta. Ataques sucessivos causam redução no crescimento vegetal e morte de plantas novas. As lagartas desfolhadoras ocorrem esporadicamente, em surtos, e por isso o uso de parasitas e parasitoides não tem tido um resultado eficaz, apesar de relatos desse tipo de controle. O controle mais utilizado e eficaz tem sido com a bactéria Bacillus thurigiensis (Berliner), comercializada sob o nome Dipel, que, após ser ingerida, mata as lagartas pela ruptura de seus intestinos. Produtores e técnicos do Distrito Federal e de Goiás devem ficar atentos com a lagarta parda (Thyrinteina arnobia) do eucalipto, uma vez que ela tem tido maior ocorrência no Brasil. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 97 Predadores também contribuem para o controle das lagartas desfolhadoras. Destacam-se os pássaros e alguns insetos sugadores (hemípteros) das famílias Pentatomidae e Reduviidae. O controle químico deve ser feito somente quando as demais alternativas tiverem sido tentadas sem êxito. Esse controle deve ser feito apenas com produtos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Besouros desfolhadores De todos os besouros, o Costalimaita ferruginea (besouro-amarelo-do- eucalipto) já tem registro de ataques na área de expansão das plantações de eucalipto no Brasil. Plantadores de Eucalyptus urophylla e/ou urograndis devem ficar de olho, pois existem trabalhos mostrando que o besouro parece não gostar muito do Eucalyptus camaldulensis; gostar mais ou menos de E. citriodora e do E. pellita; mas gostar especialmente das folhas do urophylla e do urograndis. A presença do inseto ocorre no início do período de chuvas e costuma causar um bom prejuízo. Pode destruir até ¾ da copa do eucalipto, ocasionando um prejuízo de 10% no volume de madeira. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 98 Insetos aneladores Os insetos aneladores são os insetos-praga que merecem maior atenção de quem planta eucalipto. No caso de ocorrência, o controle deve ser o seguinte: • Anualmente, coletar os galhos alguns meses após o encerramento total da atividade dos aneladores. Deve-se estender a coleta até as áreas no entorno do povoamento, abrangendo, inclusive, florestas nativas que apresentem infestações, se possível; • Os galhos coletados devem ser postos em uma vala (trincheira) de 1,0 m x 1,0 m (largura x profundidade) e comprimento variável conforme cada caso; • Cobrir a trincheira com uma tela com malha que permita a saída de microhimenópteros parasitoides das larvas de Oncideres e reter os espécimes adultos. Esse processo de cobrir a trincheira objetiva o aumento da pressão desses parasitoides nas florestas, fato que não ocorre no caso da queima dos galhos. A coleta de galhos também deve ser realizada ao final do ciclo de cultivo. No corte raso do povoamento, coletam-se os galhos com as larvas para evitar futuras infestações. A alternativa de controle promissora é a utilização de armadilhas do tipo frasco caça-moscas, com o extrativo de tanino ou o melaço como isca. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 99 Não se recomenda a queima dos galhos, para evitar incêndios florestais.Cuidado Ambiental Cuidado Ambiental Insetos broqueadores Os insetos broqueadores não assumem muita importância como pragas do eucalipto na região de expansão da eucaliptocultura no Brasil, embora haja ocorrência em Minas Gerais. O principal é a coleobroca Phoracantha semipunctata. Insetos sugadores As armadilhas devem estar sempre próximas aos ramos mais jovens da planta, assim o efeito será mais eficaz. O percevejo-bronzeado já foi registrado nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. São hospedeiros do percevejo-bronzeado as espécies e clones híbridos de Eucalyptus, incluindo E. camaldulensis, E. tereticor-nis, E. viminalis, E. grandis, E. dunnii, E. saligna, E. benthamii, E. grandis x E. camaldulensis, E. grandis x E.urophylla, E. urophylla x e E. camaldulensis. O inseto é um sugador, que na fase adulta mede 3,0 mm de comprimento, tendo um corpo achatado, com cor marrom clara e hábito gregário. Os ovos são pretos e encontrados nas folhas das árvores, contribuindo para o reconhecimento das plantas infestadas. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 100 Da esquerda para a direita: adulto, ninfa, ovos e infestação no campo. O percevejo-bronzeado causa queda de folhas, diminui a área fotossintética e pode levar à morte as árvores. Os sintomas começam com o prateamento das folhas, que assumem, aos poucos, tons de marrom e vermelho e se tornam bronzeadas no final. Esses sintomas alteram a coloração da copa das árvores, possibilitando, assim, a sua identificação à distância. Esta imagem mostra os danos causados pelo percevejo bronzeado. O controle com o inimigo natural, parasitoide de ovos, Cleruchoides noackae, tem avançado no Chile e no Brasil. Outros trabalhos estão sendo realizados em busca de controle dessa praga. • O percevejo-bronzeado consegue desenvolver e produzir descendentes férteis em temperaturas entre 14 e 30 ± 1 °C, por isso, tem possibilidade de ocorrência em toda a área de expansão do eucalipto no Brasil. • Em qualquer suspeita da ocorrência do inseto, solicite apoio a um técnico. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 101 Quando adultos, a cor varia de amarelo a amarelo-claro ou amarelo-esverdeado, apresentando pequenas manchas de cor marrom, preta e vermelha pelo corpo (Figura A). Sua infestação é bem característica, uma vez que são observados conjuntos de conchas na superfície das folhas. O psilídeo-de-concha suga as folhas (Figura B), reduz, enrola e deforma o limbo foliar e induz o aparecimento de fumagina (Figura C), diminuindo, desse modo, a área fotossintética e acelerando a queda de folhas maduras. Por fim, causa um superbrotamento ou “envassouramento” e a seca de ponteiros (Figura D), reduzindo, assim, o crescimento da árvore e ocasionando a morte dos brotos apicais dos ramos e, por vezes, da planta como um todo. Características físicas do psilídeo-de-concha: Inseto adulto (A), infestação (B), fumagina (C) e seca de ponteiros (D). Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 102 O monitoramento do inseto é feito com armadilhas amarelas adesivas (conforme figura ao lado), coleta de folhas e observação visual. Devem ser vistoriadas todas as áreas florestais, principalmente em plantios jovens (até um ano e meio). Monitoramento de psilídeo-de- concha com armadilha amarela adesiva. Por ser muitocaro, o uso de inseticida sistêmico é inviável em longo prazo. Tem-se indicado como método mais eficiente o controle biológico com o parasitoide Psyllaephagus bliteus, que tem proporcionado até 80% de controle. Infestações de psilídeo-de-concha são facilmente reconhecidas pelas conchas cônicas brancas secretadas pelas ninfas. Árvores muito atacadas costumam apresentar gotejamento de uma espécie de mel e queda de conchas velhas. Insetos galhadores Os principais insetos desse grupo são a vespa-da-galha do eucalipto (Leptocybe invasa) e a microvespa-do-eucalipto-citriodora (Epichrysocharis burwelli). Na região de expansão das plantações florestais no Cerrado brasileiro, a preocupação deve ser com a vespa-da- galha, pois ela tem ocorrido em alguns estados da região de expansão das plantações de eucalipto no Cerrado. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 103 Inseto-praga Ocorrência Nome científico Espécies atacadas Vespa-da-galha BA, MA, PE, TO, SP, PR, BA, MG, MS, ES, RS Leptocybe invasa Eucalyptus grandis; E. urophylla; E. urograndis; E. grandis x E. camaldulensis; E. saligna; E. botryoides; E. bridgesiana; E. cinerea; E. globulus; E. gunnii; E. nicholii; E. pulverulenta; E. robusta; E. rudis; E. tereticornis; E. viminalis Fonte: FREITAS (1979). A infestação com a vespa-da-galha é observada durante todo o ano. A injúria causada pelo inseto é a presença de galhas na nervura central, no pecíolo e em hastes de plantas jovens. Presença de galhas no pecíolo das folhas (A) e nas galhas em plantas jovens (B). A vespa-da-galha tem uma particularidade importante: de modo geral, só há fêmeas, que dão origem a novas fêmeas. Por isso, o potencial de crescimento populacional é enorme. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 104 • Como há variações entre os clones quanto à suscetibilidade à vespa-da-galha, recomenda- se buscar informações com um técnico sobre como se comportam, em relação a essa praga, os clones com potencial para plantio em seu empreendimento. • Realizar inspeção das mudas no viveiro, para comprar apenas aquelas de qualidade e isentas da presença da vespa-da-galha. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 105 Aula 2: Controle de Doenças Principais doenças do eucalipto As doenças que podem ocorrer em eucaliptais são: ferrugem do eucalipto, mancha de Cylindrocladium, mancha de Aulographina, mancha de Teratosphaeria e Mycosphaerella, mancha de Cryptosporiopsis, mancha de Harknessia, mancha de Coniella e cancro de Quambalaria, murcha bacteriana, murcha de Ceratocystis, cancro do eucalipto, enfermidade rosada ou rubelose do eucalipto, cancro e podridão-branca de Inocutis, cancro de Coniothyrium, cancro de Cytospora, cancro de Botryosphaeria, cancro de Crysoporthe e estromas negros de Hypoxylon. A seguir, será possível saber um pouco mais sobre as principais doenças de ocorrência no Brasil. Ferrugem do eucalipto A ferrugem do eucalipto é causada pelo fungo Puccinia psidii e se desenvolve melhor quando a temperatura varia entre 18 e 25 ºC (principalmente aos 23 ºC), quando há orvalhamento noturno ou garoas por mais de 6 horas, por 5 a 7 dias seguidos, e a presença de folhas jovens. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 106 Sintomas de ferrugem em eucalipto. Os níveis de severidade da doença estão representados pela escala diagramática, que compreende quatro diferentes graus da doença: Planta isenta de sintomas (planta sadia). Poucas pústulas de ferrugem (difícil de serem encontradas). Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 107 Pústulas normais de ferrugem, esparsas ou em agregados de pústulas abundantes, nos limbos e folhas novas. Plantas com pústulas normais abundantes, podendo haver necrose das porções atacadas. Espécies de eucalipto mais atacadas pela ferrugem: Eucalyptus grandis, E. cloeziana, E. dunnii, E. benthamii, E. phaeotricha, E. globulus e E. nitens. Espécies de eucalipto mais resistentes ao ataque da ferrugem: Eucalyptus citriodora, E. torreliana, E. camaldulensis, E. microcorys, E. pellita, E. pilularis, E. propinqua, E. resinífera, E. robusta, E. saligna, E. tereticornis e E. urophylla. Em regiões favoráveis à ferrugem, não utilizar plantios seminais de Eucalyptus grandis (de procedência da África do Sul e Coff´s Harbour 9583). Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 108 Lá na fazenda Rio Novo O Marcos, técnico do Senar, comentou com a gente que além do uso de espécies ou clones delas derivados, existem outras práticas que podem diminuir o ataque, como: o uso de mais de um clone na área de plantio (mosaicos clonais); a utilização de clones com crescimento precoce; e o controle químico. Para utilizar o controle químico, o produtor deverá pedir o aconselhamento de um técnico para que ele indique o produto autorizado pelo MAPA, a dosagem, a forma de aplicação e a periodicidade de uso correta. Murcha bacteriana Ralstonia solanacearum é o agente que causa a murcha bacteriana que ataca os eucaliptos Eucalyptus grandis, E. urophylla e seus híbridos. São consideradas condições favoráveis para o desenvolvimento dessa doença o plantio em áreas recém-desmatadas, o enovelamento de raízes, temperatura e umidade elevadas. São portas de entrada para o agente o enovelamento radicular e as trincas na casca na base do caule. As trincas são causadas por temperatura excessiva do solo, déficit hídrico e/ou afogamento do coleto. Como prevenção, recomenda-se plantar mudas novas e sadias, com parte aérea e um sistema radicular bem formados e, no momento do plantio, evitar danos nas raízes e afogamento do coleto. Além disso, é importante efetuar inspeção constante e desinfestar implementos utilizados em tratos culturais e corte da floresta. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 109 Murcha de ceratocystis O causador dessa doença é o Ceratocystis fimbriata, que tem ocorrência registrada em áreas de Cerrado da Bahia, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul. As condições favoráveis para o seu desenvolvimento são a umidade e as temperaturas elevadas, bem como os ferimentos na planta. Como controle preventivo, recomenda-se o isolamento de áreas afetadas, a destruição das plantas doentes e de suas vizinhas, a desinfestação dos implementos utilizados em tratos culturais e o corte da floresta plantada. É importante que o monitoramento do plantio seja feito de forma contínua. Murcha de Ceratocystis. Cancro do eucalipto O principal agente causador do cancro é o fungo de nome Chrysoporthe cubensis. Suas preferências são os Eucalyptus grandis e saligna. De norte a sul do Brasil, têm-se encontrado danos, até de importância econômica, causados pelo cancro de chrysoporthe em condições nas quais as temperaturas médias são maiores do que 23 ºC e a pluviosidade supera os 1.200 mm de chuva por ano. O ataque do fungo parece ser maior em regiões com déficit hídrico acentuado, seguido por estação de chuvas intensas. Sintomas de cancro no eucalipto. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 110 Esse tipo de cancro tem como controle preventivo o uso de clones ou espécies de eucaliptos com maior tolerância. Há que se ter, também, bastante atenção ao balanço nutricional das plantas, uma vez que a deficiência de boro, junto com condições ambientais favoráveis, leva a rachaduras naturais na base do tronco que facilitam a invasão por agentes fitopatogênicos. • A presença de ferimentos provocados por insetos, ventos, granizo e práticas silviculturais são condições favoráveis à doença. • Ataca casca, câmbio e lenho. Os principais sintomas da doença são o trincamento na base, feridas típicas, anelamento na base, pau-preto e quebra pelo vento. • A finalidade, a capacidade de rebrota e o rendimento volumétrico podem limitar o uso de espécies imunes, como Eucalyptus paniculata, E. robusta, Corymbia citriodora, E. camaldulensis, E. tereticornis e E. pilularis. Também é interessante a produção de híbridos vigorosos e resistentesde E. grandis e E. urophylla. Outros distúrbios e danos ao eucalipto Existem doenças que não são causadas por fungos, bactérias ou vírus, e sim por outros fatores ambientais. São vários fatores que ocasionam tais problemas de saúde nos eucaliptos. Entre eles, destacam-se: danos radiculares, falta de água, excesso de umidade, estiolamento, afogamento de coleto, queima do coleto, canela-preta, queima por geada, estragos por granizo, queima por fogo, quebra de árvores pelo vento, desequilíbrio Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 111 nutricional e toxidez por adubos, fungicidas, herbicidas e inseticidas. Há também casos, um pouco diferentes, como gomose e pau-preto do eucalipto e, também, a seca de ponteiros do eucalipto do Vale do Rio Doce (SPEVRD). Distúrbios radiculares Os distúrbios no sistema radicular provocam um menor crescimento das plantas no campo e as deixam com menor capacidade de competição com plantas daninhas. distúrbios no sistema radicular Ou seja, raízes malformadas ou deformadas. As plantas podem morrer durante períodos de estiagem por causa do enovelamento e do estrangulamento das raízes. O controle deve ser preventivo, descartando as mudas malformadas e aquelas que, por terem passado muito tempo no viveiro, apresentem a parte aérea desproporcional ao sistema radicular. aérea desproporcional ao sistema radicular É a relação raiz / parte aérea. Distúrbios devidos a déficit hídrico O déficit hídrico pode levar à ocorrência de lesões nas folhas, no formato de “V” invertido. No caso de falta excessiva de água, a planta seca e as folhas tomam o aspecto de palha. Sob déficit hídrico moderado, mas contínuo, as plantas costumam reduzir o crescimento, arroxearem as folhas e apresentarem queima foliar. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 112 É recomendável que produtores localizados em regiões com déficit hídrico procurem o aconselhamento de um técnico sobre os materiais genéticos mais tolerantes a tal situação climática. No campo, recomenda-se utilizar hidrogel durante o plantio e clones mais tolerantes à seca, como I-144 (“urograndis”). Excesso de umidade no ar e no solo No terreno de plantio, drenagem deficiente ou lençol freático alto podem ocasionar clorose das plantas, com arroxeamento posterior e até mesmo secamento e morte. Indica-se, como controle preventivo, evitar o plantio em locais onde possam ocorrer alagamentos ou encharcamentos. Afogamento de coleto Certo Errado plantio fundo Modo correto de plantio das mudas em contraste com plantio inadequado, causador de afogamento do coleto. O sintoma inicial é a ocorrência de tonalidade dourada da copa, seguido de um arroxeamento, terminando com o secamento e morte da planta. Observa-se, em alguns casos, um anelamento no caule, na linha do solo, logo acima da área lesionada. O principal cuidado para evitar o afogamento do coleto é, durante o plantio, colocar a muda no nível do solo. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 113 Assamento de coleto O assamento do coleto predispõe a planta à ação de agentes infecciosos, como é o caso de fungos que causam cancro e/ou murcha. O problema de assamento torna-se mais grave quando há déficit hídrico, afogamento do coleto e temperaturas elevadas, principalmente se o solo ao redor da planta é coberto com plástico preto. É recomendável a retirada de qualquer tipo de material que possa promover o aumento da temperatura da superfície do solo e evitar plantar materiais genéticos não adaptados às regiões com elevada temperatura. Canela-preta Anelamento do coleto, e/ou ao longo do caule, promove, no início do crescimento, um arroxeamento e murcha das mudas plantadas. Às vezes, são observados trincamentos e descolamentos da casca no local lesionado. Minicancros podem ser vistos, assim como brotações abaixo da área afetada. Difere-se da canela-preta de origem biótica pelo fato de não ocorrer esporulação de Cylindrocladium spp. De forma preventiva, não é recomendável utilizar mudas que passaram demasiado tempo no viveiro e que, por isso, apresentam a parte aérea desproporcional ao sistema radicular. As mudas devem ser bem enfolhadas, com boa arquitetura, sistema radicular bem formado e agregado. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 114 Queima por geada O frio excessivo promove a queima das hastes e das folhas novas, devido à baixa temperatura. A geada induz à presença de pequenos cancros nos troncos e nos galhos, arroxeamento e bronzeamento da copa e pode ocasionar morte da planta. Recomenda-se o plantio de espécies ou clones tolerantes ao frio. Porém, geada só é possível de ocorrer na região de expansão do eucalipto no Cerrado em situações muito específicas. Estrago por granizo No campo, para injúrias mecânicas no caule, trincamento da casca e morte da planta quando a intensidade do granizo é grande não há medidas de controle. Queima por fogo A queima por fogo provoca a carbonização da casca e do tronco, fazendo com que fiquem com uma cor negra, e pode ocasionar morte da planta. Quando as plantas não morrem, meses depois, observam-se brotações ao longo do tronco e dos galhos. Quando a finalidade do plantio é celulose, árvores queimadas são rejeitadas, uma vez que o carvão não é eliminado no processo de branqueamento da polpa. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 115 Quebra de árvores pelo vento Algumas medidas para reduzir o risco este risco são plantar materiais genéticos resistentes e evitar plantios em locais onde haja possibilidade de formação de corredores de vento. E. grandis e seus híbridos, geralmente, resistem mais aos ventos fortes que E. urophylla e seus híbridos. Desequilíbrio nutricional O reflexo no povoamento depende dos nutrientes. Recomenda-se análise de solo e de folhas com base em programa de acompanhamento nutricional. Fitotoxicidade por fertilizantes Os sintomas são queima, clorose, encarquilhamento foliar, anelamento nas inserções do pecíolo e dos ramos. Dificilmente ocorre no campo. Para evitar, deve-se fazer a aplicação de fertilizantes nas quantidades indicadas pela análise de solo e planta; não adubar em períodos muito quentes do dia; e impedir o contato direto entre adubo e partes da planta. No caso de suspeita de excesso de fertilizantes, promover irrigação buscando lavar tal excesso. Fitotoxicidade por fungicidas, herbicidas e inseticidas São variáveis e dependentes do produto aplicado. Em ação por contato, é comum a observação de encarquilhamento foliar e secamento dos ponteiros. Para evitar, recomenda-se utilizar produtos não tóxicos, nas doses e frequências mínimas indicadas no produto, separar os equipamentos de aplicação de inseticidas, fertilizantes, herbicidas e fungicidas. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 116 Manejo integrado de doenças Apesar do controle químico ter assumido uma posição de destaque na proteção das plantas, a preocupação da sociedade com o impacto de tal prática sobre o ambiente vem alterando esse cenário. As pressões sociais têm levado ao desenvolvimento de sistemas de cultivo mais sustentáveis e, portanto, menos dependentes de práticas de controle que utilizam, tão somente, produtos químicos. Mão na terra Saiba que um controle adequado das doenças do eucalipto exige, atualmente, o entendimento da importância do manejo integrado das mesmas, no que diz respeito ao uso de princípios e medidas que, aplicados integradamente, possam afetar a interação entre o agente da doença e a planta. Saiba que o eucalipto e o ambiente, erradicando total ou parcialmente o inóculo, barrando o progresso da doença e, por conseguinte, encurtando o tempo em que a planta a ela fica exposta. Para que as medidas de controle de doenças do eucalipto possam ser tomadas adequadamente e com eficiência, é preciso conhecer bem como e onde o agente causador da doença sobrevive, como ele é disseminado, quais são as suas vias de infecção e que condições ambientais favorecem a sua colonização e multiplicação.Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 117 Aula 3: Controle de Plantas Daninhas Normalmente, as plantas daninhas resistem bem a pragas e doenças e, por isso, predominam no local selecionado para o plantio, tendo com elas vantagens competitivas. A competição pode se dar por luz, nutrientes e água, afetando o desenvolvimento do eucalipto. O desafio inicial de quem planta alguma espécie florestal arbórea ou arbustiva com finalidade comercial é livrar a espécie da concorrência com as plantas daninhas, principalmente na fase inicial do plantio. O insucesso impede a espécie florestal de se desenvolver bem. • O eucalipto, mesmo sendo uma espécie de rápido crescimento, não tolera plantas daninhas, pois necessita estar livre da competição nos seus dois primeiros anos de crescimento. • O controle de plantas daninhas deve ser realizado com eficiência, pois envolve custos que podem chegar a 66% do custo total de implantação. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 118 Interferência de plantas daninhas sobre o eucalipto As plantas daninhas podem interferir de forma direta, por meio da competição, e de forma indireta, por serem intermediárias de pragas e doenças, além de facilitar a propagação de incêndios florestais, constituindo-se em material combustível. Para o eucalipto a competição é mais prejudicial no início do seu crescimento, principalmente no primeiro ano. Fatores que afetam a aplicação de herbicidas Para se alcançar uma boa qualidade no controle de plantas daninhas, devem ser considerados três fatores importantes: a. comunidade infestante; b. equipamento; e c. ambiente. Identificação das plantas daninhas Antes de escolher o herbicida, é imprescindível um levantamento das plantas daninhas no local. O produtor e o técnico, quando for necessário, podem se apoiar em manuais de ajuda para a caracterização de plantas daninhas. É importante, também, conhecer o ciclo de vida e a forma de reprodução delas. Somente conhecendo bem as plantas daninhas é que o produtor e o técnico poderão definir que herbicida aplicar, como fazer o uso correto do mesmo e em que parte da planta utilizar. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 119 Condições ambientais As condições ambientais são importantes para que uma pulverização seja efetiva. A umidade relativa, o vento e a temperatura são básicos para a definição de uma estratégia de controle. Equipamentos para pulverização Os equipamentos mais utilizados em propriedades rurais médias localizadas em áreas planas do bioma Cerrado são os pulverizadores de barra, que podem ser acoplados ao sistema de três pontos do trator, de arraste ou autopropelido. De olho nos valores Vale lembrar que o produtor (silvicultor) deverá considerar, no mínimo, o tamanho das áreas de eucaliptos a serem plantados na propriedade, bem como o relevo desse terreno e a sua capacidade financeira antes de definir qual tipo de equipamento de pulverização fará uso. A capacidade dos equipamentos de pulverização varia de 200 a 2 mil litros de calda e as barras, de 12 a 30 m. A velocidade de trabalho vai de 4 a 6 km/h-1 nos dois primeiros tipos, sendo que nos autopropelidos ela pode chegar a 25 km/h-1. Ao comprar um pulverizador, deve-se levar em conta a demanda de outras culturas. Uma grande área de cultivo pode justificar o equipamento, independentemente do eucalipto. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 120 Escolha de herbicidas Uma vez definidas as plantas daninhas e tendo um bom equipamento para aplicação, o técnico e/ou o produtor deverão buscar entre os herbicidas registrados no sistema Agrofit do MAPA aquele que melhor se adeque à sua condição. A escolha do produto deverá considerar modo de ação, formulação, dosagem, restrições de uso, custo, classificação toxicológica, impacto ambiental, fase de crescimento em que o eucalipto se encontra e a experiência de outros plantadores de eucalipto do município. Formas e períodos de controle As formas de controle são mecânica, física e química. Controle mecânico A capina, ou roçada, é a mais usada por pequenos produtores. Os médios silvicultores utilizam quando se mostra imprescindível na composição de uma estratégia de controle integrado, complementando o controle químico. Controle físico Deve ser usado quando, após uma avaliação inicial, concluir-se que uma cobertura morta, deixada pelo cultivo mínimo, será suficiente para controlar as plantas daninhas. Esse caso, tem múltiplo efeito: controle das espécies invasoras, manutenção da umidade e proteção contra erosão. Controle químico Deve ser utilizado quando as plantas daninhas são muito agressivas, cobrindo totalmente a área a ser plantada. Para o produtor apoiado pelo Projeto ABC Cerrado, será a forma usual. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 121 Na maioria das vezes, o controle químico em propriedades que plantam eucalipto segue a seguinte sequência: a. Controle de pré-plantio: Têm-se observado, dependendo da área, três tipos de estratégias de controle: • Produtores que utilizam glyphosate em faixa com largura de 1 metro na linha de plantio. • Produtores que aplicam glyphosate em coroas de 1 metro de diâmetro nos locais onde serão feitas as covas. • Produtores que aplicam glyphosate em área total como dessecante de toda a comunidade de plantas daninhas. b. Pós-plantio: Os produtores que utilizam as duas primeiras estratégias citadas no item anterior costumam, aos 40 dias após o plantio, ou no momento da adubação de cobertura, realizar um coroamento com enxada, ao redor de cada planta, em um diâmetro de 1 m, seguido de um roço (com roçadeira mecânica) nos espaços entre coroas. Quando a principal competidora é a brachiaria, usa-se o material decorrente do roço como cobertura morta na coroa. Para os produtores que se utilizam da terceira estratégia, é feita a aplicação de um pré-emergente em área total. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 122 Do ponto de vista de uma silvicultura de baixo carbono, deve-se atentar para a possibilidade de que o manejo de plantas daninhas seja integrado, ou seja, utilizando-se das diversas formas de controle: mecânico, físico e químico. Cuidado Ambiental Cuidado Ambiental Melhoria na qualidade da aplicação A aplicação de herbicida é uma atividade que exige elevada qualidade técnica, principalmente se o herbicida um pré-emergente. Procure o auxílio de um técnico para garantir uma boa aplicação. A aplicação malfeita de um herbicida pré-emergente não tem correção, como no caso de herbicidas de pós-emergência, em que se consegue cobrir as falhas com um repasse. Ressalte-se, no entanto, que essa possibilidade de repasse dos pós- emergentes leva a um aumento expressivo de custos, dependendo das correções a serem feitas. Eficiência no controle de plantas daninhas O controle de plantas daninhas segue uma sequência de passos importantes e o Marcos, técnico do Senar, nos encaminhou uma explicação sobre eles. Confira: Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 123 Dica do Técnico Olá, tudo bom? Quero te passar algumas dicas, ou melhor algumas recomendações, afinal, depois de todo trabalho e planejamento para o plantio é importante seguir algumas recomendações no controle de plantas daninhas, como, por exemplo: • Seguir a tendência atual de trabalhar sempre com um volume menor de calda, desde que se consiga a cobertura mínima necessária de aplicação. • Nunca diminuir o volume indicado para o espalhante alegando redução de custos. • Quando usar herbicidas não seletivos para o eucalipto, discutir exaustivamente com o agente de ATER o tamanho de gotas, pois, apesar de gotas menores levarem a um aumento de cobertura, estas podem ocasionar deriva para o eucalipto, ocasionando problemas muito sérios. A deriva de herbicidas, glyphosate, por exemplo, que ocorre em ocasiões de vento forte, pode causar problemas tão ou mais graves que os causados pelas plantas daninhas. • Avaliar muito bem os fatores ambientais no momentoda aplicação: ◊ os ventos podem ocasionar a deriva; ◊ a umidade relativa do ar e a temperatura poderão influenciar na evaporação do herbicida; ◊ a inversão térmica pode levar o herbicida a subir, ao invés de descer; e ◊ o ponto de orvalho pode suscitar o escorrimento do herbicida pela superfície de contato. • Buscar saber com um técnico o nível de tolerância da espécie ou do clone e a deriva do herbicida disponível para o controle de plantas daninhas concorrentes. • Procurar saber as especificidades dos herbicidas indicados para o controle das plantas daninhas do local de plantio; modo de ação; reação em relação às condições climáticas no momento da operação de aplicação (tolera ou não à chuva após a aplicação, por exemplo). Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 124 • Avaliar a compatibilidade entre área a ser controlada e a quantidade de equipamento e de pessoal treinado. • Cuidar muito bem da qualidade da água utilizada para a pulverização. Seguindo essas orientações, tenho certeza que você não terá problemas com essas plantas invasoras. Equipamentos e sistemas para aplicação Equipamentos Os equipamentos atualmente disponíveis para aplicação de herbicidas são: pulverizador costal, o eletroherb o autopropelido Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 125 o pulverizador mecanizado montado ou acoplado aos 3 pontos e o mecanizado de arraste Sistemas de aplicação Em relação aos sistemas de aplicação, dois merecem observações: Sistema de barra protegida A importância desse sistema se dá porque o uso de glifosato ainda é muito grande na cultura do eucalipto e os problemas decorrentes de sua deriva são bastante sérios. Sistema eletroherb Tem funcionado bem em áreas não declivosas, matando as plantas daninhas via mecanismo de choque de alta voltagem que atinge o sistema radicular, alterando a fisiologia da planta de forma irreversível e fazendo com que ela perca a capacidade de absorver água, oxigênio e nutrientes. O eletroherb passa a ser, em um futuro próximo, uma excelente opção dentro do conceito de silvicultura de boas práticas. Se adaptado à plantação de eucalipto, será um grande avanço, tanto para os plantios puros quanto para os agroflorestais. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 126 Aula 4: Incêndio Florestal Não importa onde seu plantio esteja implantado. Os cuidados com os incêndios florestais são importantíssimos. No Cerrado, o clima associado à vegetação faz com que a preocupação com o fogo passe a ser ainda mais intensa. Os incêndios são responsáveis por grandes perdas na biodiversidade e também, em alguns casos, por sérios prejuízos para a sociedade. Cuidado Ambiental Cuidado Ambiental Principais causas de incêndios florestais Existem inúmeras causas de incêndios florestais, entre as quais destacam- se: queimadas, uso de fogueiras em áreas de lazer, linhas de alta tensão, descargas elétricas naturais, atividades econômicas geradoras de faíscas, negligência de fumantes, além de incêndios intencionais ou aqueles provocados por outras causas, que não serão tratadas neste curso. Há um curso do Senar específico sobre Incêndios Florestais. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 127 Classificação dos combustíveis florestais É importante que o produtor saiba que há níveis diferentes de perigo quando se trata de combustíveis florestais: • Combustíveis perigosos: têm grande capacidade de perda de umidade e necessitam de uma temperatura menor para queimar. São materiais secos e de rápida combustão. • Combustíveis semiperigosos: como tocos, galhos e ramos mais grossos, turfa e húmus. Apesar de queimarem mais lentamente do que os perigosos, podem assegurar o avanço do fogo lento e a conservação latente da combustão. • Combustíveis verdes: são materiais vivos com umidade alta e menos inflamáveis. Classificação das formas de incêndio florestal A classificação mais aceita separa os incêndios florestais em três grupos: incêndios de solo, incêndios superficiais e incêndios de copas. A maioria dos incêndios florestais inicia-se como superficial. E assim concluímos os estudos do Módulo 3. Vá até o AVA para realizar a atividade de aprendizagem obrigatória e liberar o acesso ao último módulo do curso! Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 128 Atividade de aprendizagem As atividades aqui na apostila servem apenas para você ler e respondê-las com mais tranquilidade. Entretanto, você deverá acessar o AVA e responder lá as questões. Você terá duas tentativas para responder cada questão e só desbloqueará o próximo módulo depois que: 1. acertar as questões; ou 2. usar todas as suas tentativas. Questão 1 Um silvicultor plantou 100 hectares de eucalipto em sua propriedade, localizada em área de Cerrado de Minas Gerais. Buscando proteger a floresta do ataque de formigas cortadeiras e seguindo as recomendações técnicas, o silvicultor tomou algumas decisões. É correto afirmar: a) O silvicultor utilizou iscas formicidas, que são eficientes no controle de formigueiros de todos os portes, pois não dependem das condições climáticas. b) O silvicultor começou o combate aos formigueiros dois meses antes do plantio e realizou um novo controle 15 dias antes do preparo do solo, englobando, além da área do plantio, o seu entorno. Chegou o momento de verificar sua compreensão dos conceitos apresentados até aqui. Módulo 3 – Controle de Pragas e Doenças 129 c) O silvicultor aplicou as iscas formicidas dentro do olheiro e sobre o carreiro, pois, dessa forma, as formigas carregam a isca para dentro do formigueiro visando desobstruir o canal e limpar a trilha. d) O silvicultor aplicou as iscas formicidas em um dia chuvoso, colocando próximo da entrada (10-15 cm) de olheiros isolados e murunduns, ao lado de carreiros ativos. Questão 2 A aplicação de herbicida é uma atividade que exige elevada qualidade técnica, principalmente se o herbicida é um pré-emergente. Um silvicultor deseja implantar 100 hectares de eucalipto em sua propriedade, localizada em área de Cerrado de Minas Gerais, em uma área que possuía pastagem degradada e foi realizada aração e gradagem. O silvicultor, então, procurou o auxílio de um técnico para garantir a boa indicação e aplicação de um herbicida pré-emergente. Você, como técnico, recomendaria: a) 60 dias após a aplicação do herbicida pré-emergente, realizar um repasse para cobrir falhas. b) Diminuir o volume indicado para o espalhante, pois dessa maneira consegue-se diminuir custos de implantação. c) O herbicida pré-emergente deverá ser registrado no sistema Agrofit do MAPA para a cultura do eucalipto. d) Evitar aplicação em dias chuvosos.
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