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Aula do AVA - etica e Bioetica

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ÉTICA E BIOÉTICA
BIOÉTICA: HISTÓRICO, PRINCÍPIOS E 
FUNDAMENTOS
Etiane Prestes Batirola Alves
- -2
Olá!
Você está na unidade . Conheça aqui o histórico da bioética,Bioética: histórico, princípios e fundamentos
como ela surgiu, sua relevância no contexto da saúde, a necessidade dela na sociedade, princípios que a
constituem e os fundamentos que a caracterizam, entre outros. Entenda ainda que o objetivo central da ética é o
conhecimento, e não a prática, além de como é importante conhecer os princípios que a constituem para o pleno
exercício da odontologia.
É preciso compreender o contexto histórico de surgimento, para compreender as profundas discussões que são
feitas nessa área.
Bons estudos!
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1 Noções Preliminares 
A Unidade Bioética: histórico, princípios e fundamentos apresentará a área de ética aplicada no contexto dos
, revelando os contextos históricos que envolvem a ética aplicada,avanços nas ciências biológicas e da saúde
os avanços ao longo da história, e específicos para a área do profissional da odontologia. 
A é uma profissão que é exercida em benefício da saúde do ser humano, da coletividade e do meioodontologia
ambiente, de qualquer forma ou pretexto. Nesse contexto, o entendimento desta disciplinasem discriminação
se faz necessário, uma vez que as mudanças atuais na odontologia exigem cada vez mais cuidado, respeito e
valorização do que é preservar a saúde e a dignidade dos pacientes.
Figura 1 - Odontologia: uma profissão exercida em benefício da saúde do ser humano.
Fonte: Maksym Poriechkin, Shutterstock, 2020.
 #PraCegoVer: A imagem mostra um dentista atendendo uma paciente do sexo feminino, que está sentada em
uma cadeira odontológica, ele está usando máscara e luvas de látex e segurando um instrumento em cada mão, a
paciente usa um avental. Do outro lado, encontra-se uma mulher vestida de branco, também utilizando máscara.
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1.1 Histórico
Em 1927, o filósofo e educador (1895-1953), empregou pela primeira vez o termo em umFritz Jahr bioética,
artigo intitulado “Bio-ética: uma análise da relação de ética para humanos, animais e plantas”, com a intenção de
mostrar a a todos os seres vivos (ROVIDA; BORGHU, 2013).ética aplicada 
Em 1971 o termo voltou a surgir na publicação do livro Bioethics, bridge to the future (“Bioética: ponte para o
futuro”), do autor Van Rensselaer Potter (1911-2001), um oncologista e biólogo americano que utilizou essa
terminologia para se referir “a uma nova disciplina que deveria permitir a passagem para uma melhor qualidade
de vida” (BARBOZA, 2000). O autor tinha grande preocupação com a interação do problema ambiental com as
questões de saúde, considerava a necessidade de criar um .novo campo de atuação ética e de pesquisa
Esse novo campo de estudo iria sistematizar a conduta dos profissionais das ciências biológicas e da saúde, à luz
dos valores e dos princípios morais, ou seja, da . Depois que a terminologia bioética entrou emética da vida
circulação, passou a ter grande difusão no meio acadêmico e científico (BARBOZA, 2000).
A partir daí, o termo bioética assumiu uma , designando os problemas éticos geradosconcepção mais ampla
pelos avanços nas ciências biológicas e médicas, num contexto em que o homem acelerou e ampliou os processos
de comunicação, interação e interferência no controle da vida.
Segundo Rovida e Borghu (2013), o termo foi relacionado inicialmente a um conteúdo ecológico, e que passou a
ser uma nova ciência, posteriormente denominada de .bioética global
No entanto, qual é a necessidade de uma nova ciência que enfatize o conhecimento biológico e os valores
humanos? Os problemas éticos só surgiram em meados dos anos de 1970, após a criação do termo por Van
Rensselaer Potter?
Para responder esses questionamentos, primeiramente, é preciso entender alguns acontecimentos que
. Esses eventos marcaram amarcaram a história e culminaram com a adoção do termo no meio científico
história mundial, gerando controvérsias que ainda hoje são discutidas (BRAZ et al, 1994; GOLDIM, 2004). Vamos
conhecer que fatos e eventos foram esses:
1901:
Na Prússia, surgia o primeiro documento com princípios éticos da experimentação em humanos, formulado pelo
Ministério da Saúde da Prússia, com instruções que limitavam as ações médicas sem objetivos diagnósticos,
terapêuticos ou de imunização (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1924:
Adolf Hitler escreve o livro-propaganda, , no qual escreveu suas ideias antissemitas, anticomunistas,Mein Kampf
antimarxistas, racialistas e nacionalistas de extrema direita (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
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1932:
Em Tuskegee, nos Estados Unidos da América, foram recrutados 400 negros com sífilis para participarem de
uma pesquisa de história natural da doença. Eles foram deixados sem tratamento até 1972. A pesquisa foi
interrompida após denúncias do jornal , todavia apenas setenta e quatro pessoasThe New York Times
continuavam vivas e sem tratamento, convivendo com os danos permanentes da doença (BRAZ et al, 1994;
CREMERJ, 2006).
1933:
É publicada a lei de esterilização (“Lei para a prevenção contraGesetz zur Verhütung erbkranken Nachwuchses 
uma descendência hereditariamente doente”). Eram considerados doentes os ciganos, judeus, poloneses e
russos, pois os alemães nazistas consideravam que estas pessoas não tinham o status de seres humanos (BRAZ
et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1935:
São criadas as leis de Nuremberg (“lei da cidadania do Reich” e “lei para a proteção do sangue e da honra
alemães”), que promoveram a interdição de casamentos entre pessoas de raças consideradas diferentes da
alemã pelos nazistas (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1939:
É veiculada a circular sobre a eutanásia de doentes considerados incuráveis. A eutanásia era realizada em massa
por sufocamento em câmaras de gás com monóxido de carbono e o inseticida Zyklon B (BRAZ et al, 1994;
CREMERJ, 2006).
1941:
Criação de campos de extermínio comandados por médicos nazistas organizados, que praticavam a eutanásia em 
massa, realizavam programas de pesquisa e experimentação com humanos, sem o consentimento voluntário das
pessoas (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1945:
Com o fim da segunda Guerra Mundial, são reveladas as atrocidades cometidas pelos nazistascontra os seres
humanos, marcando a história mundial pela falta de ética nos estudos realizados. É o caso de Auschwitz, no sul
da Polônia, uma cidade que concentrou uma grande rede de campos de concentração da Alemanha Nazista,
tonando-se o maior símbolo do Holocausto praticado pelo nazismo na segunda guerra mundial (BRAZ et al,
1994; CREMERJ, 2006).
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Figura 2 - Filas de corpos no campo de concentração nazista-alemão de Belsen.
Fonte: Everett Historical, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: A imagem mostra um homem entre árvores em uma floresta, que observa milhares de cadáveres,
empilhados, desenterrados no campo de concentração as atrocidades do holocausto contra, revelando assim, 
pessoas de raças consideradas diferentes da alemã pelos nazistas.
Figura 3 - Forno de cremação no campo de concentração de Lublin, Majdanek, Polônia.
Fonte: Everett Historical, Shutterstock, 2020.
 #PraCegoVer: A imagem mostra um forno crematório com cinzas e restos mortais de pessoas assassinadas,
revelando, assim, as atrocidades do holocausto contra pessoas de raças consideradas diferentes da alemã pelos
nazistas.
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1946:
Ocorre o Julgamento de Nüremberg, na cidade de Nüremberg, no qual médicos foram julgados pelos crimes
cometidos contra a humanidade durante o holocausto (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1947:
É criado o Código de Nüremberg, com recomendações sobre os aspectos éticos envolvidos na pesquisa em seres
humanos. Um marco na história da humanidade, pois pela primeira vez se estabeleceu recomendações
internacionais sobre o assunto (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006). É considerado a certidão de nascimento da
bioética.
1948:
Surge a Declaração Universal dos Direitos Humanos daOrganização das Nações Unidas (ONU), como o ideal
comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações (UNIC, 2009).
1950-1970:
Em Nova York, nos Estados Unidos da América, especificamente no Hospital Estadual de Willowbrook,
pesquisadores injetaram o vírus da hepatite em crianças com deficiência mental (BRAZ et al, 1994; CREMERJ,
2006).
1953:
É descoberta a estrutura do DNA, dando início à era da biologia molecular, com perspectivas de engenharia
genética e controle e transformação dos sistemas e processos vivos. Com isso, surgem questões éticas até então
nunca pensadas (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1954: 
O médico americano Joseph E. Murray (1920-2012) realiza o primeiro transplante renal entre dois irmãos
gêmeos univitelinos. Surgem aí as questões éticas e legais sobre transplantes de órgãos em seres humanos. Na
odontologia, é realizado o estudo de Vipeholm, em Lund, na Suécia. O estudo consistiu em expor crianças
deficientes de um hospital mental a alimentos açucarados, sem a devida higiene. Com isso, foi observado o
processo de evolução da cárie, e a conclusão de que o aumento do incremento de cárie dentária era maior
quando se retinha açúcar na cavidade bucal por um período de tempo mais longo, e nenhum incremento era
observado quando a dieta não continha açúcar (GUSTAFSSON et al., 1954).
1960:
Surge o primeiro problema ético, que ficou historicamente conhecido como bioético. Em Seattle, foi criado um
Comitê de Seleção de Diálise de Seattle ( ), composto por pessoas de diferentes formações, queGod Commission
deveriam analisar cada caso de paciente com falência renal, estabelecendo como critérios o mérito social (sexo,
idade, status conjugal, número de dependentes, escolaridade, ocupação, potencial futuro). Dessa forma, pessoas
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leigas, sem formação na área médica tinham que escolher aqueles que poderiam utilizar a máquina de
hemodiálise e a fístula arteriovenosa para tratamento de falência renal. Isso gerou discussões sobre a relação
médico-paciente, pois uma decisão médica de salvar vidas foi transferida para um comitê de leigos, não médicos
(BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1963:
Em Nova York, nos Estados Unidos da América, especificamente no Hospital Israelita de Doenças Crônicas, um
estudo fez a injeção de células cancerosas vivas em idosos doentes (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1964:
Durante a décima oitava Assembleia Médica Mundial, realizada em Helsinki, na Finlândia, foi publicada a
Declaração de Helsinki I, que consiste em uma revisão do Código de Nuremberg. Foi atualizado por assembleias
médicas mundiais no Japão (1975), Veneza (1983), Hong Kong (1989), Somerset West (1996), Edimburgo
(2000). A declaração postula um conjunto de princípios éticos que devem reger a pesquisa com seres humano,
considerando códigos internacionais de ética médica (BRAZ et al, 1994; DINIZ; CORRÊA, 2001; CREMERJ, 2006).
1960-1970:
Surgem diferentes medicamentos que começam a mudar os hábitos da sociedade ocidental (anticoncepcional via
oral); estudos relevando artigos científicos publicados com inadequações éticas; discussões sobre morte
cerebral; manutenção artificial da vida de pessoas com danos cerebrais permanentes; novas formas de obtenção
de órgãos para transplantes; criação de grupos com o objetivo de desenvolver regras e normas para soluções
éticas e problemas específicos envolvendo a natureza humana (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1970:
É criado o neologismo (“bioética”) por Van Rensselaer Potter (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).bioethics 
1971:
Em Georgetown, nos Estados Unidos da América, surge o primeiro Centro Nacional para a Literatura de Bioética
e o primeiro programa de pós-graduação em Bioética do mundo, abrindo novas produções intelectuais e
discussões éticas. Van Rensselaer Potter publica o livro “Bioética: ponte para o futuro” (BRAZ et al, 1994;
GOLDIM, 2004; CREMERJ, 2006).
1973:
Uma mulher no Texas, nos Estados Unidos da América, ganha na Suprema Corte americana o direito de decidir
se submeter ao aborto no 1º trimestre de gravidez ou não, de acordo com seu médico, até então proibido pelas
leis estaduais (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1975:
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A Assembleia Geral das Nações Unidas emite a Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a Tortura
e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes.
1976:
Os pais de uma paciente conseguem aprovação para desligar o respirador artificial que a mantinha viva, na
Suprema Corte do estado de New Jersey, nos Estados Unidos da América. Isso obrigou os médicos a retirarem
esse suporte artificial. Após isto, a paciente sobreviveu mais 9 anos, sem o uso de respirador e sem qualquer
melhora no seu estado neurológico (MCCARRICK, 1992; ROTHMAN, 1991; CREMERJ, 2006).
1974-1978:
É gerado o Relatório , com vistas a identificar os princípios éticos básicos que deveriam conduzir aBelmont
experimentação em seres humanos (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1978:
Nasce o primeiro bebê de proveta, abrindo discussões sobre as novas possibilidades para casais com problemas
de fertilidade e a fertilização assistida (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1982-1983:
Casos de crianças recém nascidas com mal formações severas gera embates na justiça sobre medidas neonatais e
a participação dos pais em decisões que afetem a vida de seus filhos (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).
1997:
Nasce o primeiro mamífero clonado (a ovelha Dolly), a partir da transferência nuclear da matéria-prima de
células embrionárias ou de células somáticas, abrindo debates sobre a clonagem humana (BRAZ et al, 1994;
CREMERJ, 2006).
Figura 4 - Restos empalhados da ovelha Dolly, o primeiro mamífero adulto clonado, em exposição no Museu 
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Figura 4 - Restos empalhados da ovelha Dolly, o primeiro mamífero adulto clonado, em exposição no Museu 
Nacional da Escócia.
Fonte: Jeff Whyte, Shutterstock, 2020.
 #PraCegoVer: A imagem mostra pessoas do sexo feminino observando o corpo da ovelha Dolly empalhado,
exposto numa redoma de vidro, num museu, eternizando, assim, o primeiro mamífero adulto clonado do mundo.
2000:
É anunciado o sequenciamento do genoma humano, gerando discussões sobre novas possibilidades de
diagnóstico das doenças genéticas e a utilização de terapias gênicas (BRAZ et al, 1994).
2005:
Nasce o primeiro clone de cão (chamado Snuppy), a partir dos estudos do veterinário sul-coreano Woo-Suk
Hwangque e seu colaborador americano Gerald Schatten. Nesse mesmo ano, o veterinário da Universidade
Nacional de Seul chocou o planeta ao anunciar a criação do primeiro clone de embrião humano, mas seu
colaborador americano, Gerald Schatten, denunciou seus erros éticos. O coreano teria comprado óvulos de
dezesseis mulheres e coagido jovens cientistas de seu laboratório a se submeterem ao procedimento de doação,
doloroso e arriscado (HOLTZ, 2006).
Desde o nascimento da experimentação científica no século XVI, com Galileu, a ciência vem se desenvolvendo em
seus diferentes ramos, principalmente nas (SEGRE; COHEN, 2002). Todos essesciências experimentais
acontecimentos marcantes levantaram discussões que ratificam, cada vez mais, a necessidade da bioética
.como uma nova ciência do conhecimento biológico e dos valores humanos
Portanto, os problemas éticos não surgiram em meados dos anos de 1970, após a criação do termo por Van
Rensselaer Potter, como vimos anteriormente, muito antes disso já há registros. É importante salientar que:
Na realidade, quando se fala em experimentação com seres humanos pensa-se quase que
exclusivamente na experimentação no campo da Medicina. Esta vinculação é compreensível, pois a
experimentação na área médica é mais visível e de efeitos mais patentes, em geral. Contudo, é bom
assinalar que seres humanos são utilizados em experimentação por profissionais e cientistas de
outras áreas: odontólogos, nutricionistas, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos, profissionais da
área de educação física e de esporte, educadorese, também, economistas. Muitas vezes, o que é
grave, nem se reconhece o caráter experimental do que está sendo estudado e nem se obedece à
metodologia científica adequada; isso ocorre também na área médica (SEGRE; COHEN, 2002).
A tem sido feita ao longo dos séculos, com experimentação com seres humanos diferentes padrões de ética
, em todo o mundo. Ela proporciona a aplicabilidade dos novos conhecimentos para o bem dae de qualidade
- -11
humanidade, mas necessita da criação de mecanismos de salvaguarda, para assim evitar os abusos da
 (MARQUES FILHO, 2007).experimentação e a "cobaização" do ser humano
Segundo Barboza (2000), a bioética tenta sistematizar o tratamento de questões diversas, mas que devem
guardar entre si, necessariamente, princípios e fins comuns. Dessa forma, é preciso compreender que os avanços
tecnológicos da ciência, nos últimos séculos, principalmente nas últimas décadas, são marcados por desafios que
precisam ser discutidos e analisados sob os aspectos éticos que envolvem os seres humanos, tanto num sentido
individual, como coletivo.
Fique de olho
A ovelha Dolly foi o primeiro mamífero a ser clonado com sucesso, a partir de uma célula
adulta. Dolly foi criada por investigadores do Instituto Roslin, na Escócia, onde viveu toda a sua
vida. O nome Dolly é uma referência ao nome da atriz e cantora Dolly Parton. Dolly foi clonada
a partir das células da glândula mamária de uma ovelha adulta com cerca de seis anos. Apesar
das suas origens, Dolly teve uma vida comum de ovelha e deu à luz a seis filhotes, sendo
cuidadosamente observada em todas as fases. Em 1999, foi divulgado que ela poderia
desenvolver formas de envelhecimento precoce. Em 2002, foi anunciado que Dolly tinha uma
doença pulmonar progressiva, por isso, foi abatida em em 2003, aos 7 anos, para evitar
sofrimento. O seu corpo empalhado está exposto no Museu Real da Escócia, em Edimburgo.
- -12
1.2 Conceitos básicos
A bioética consiste em uma . Segundo Kottow citado por Rovida e Borghi (2013)ética aplicada ou ética prática
a bioética é “[...] o conjunto de conceitos, argumentos e normas que valorizam e justificam eticamente os atos
humanos que podem ter efeitos irreversíveis sobre os fenômenos vitais [...]”.
E do que se ocupa a bioética? Bem, ela se ocupa de:
problemas de início e fim da vida humana,
métodos de fecundação, 
seleção de sexo, 
engenharia genética, 
maternidade substitutiva (“barriga de aluguel”), 
pesquisas envolvendo seres humanos, 
transplante de órgãos, 
pacientes com doenças terminais ou em fase terminal de vida, 
formas de eutanásia, entre outros temas atuais (CLOTET, 2009).
Dessa forma, a bioética não se limita apenas à moral do bem ou do mal, ou um saber universitário a ser
transmitido e aplicado diretamente na realidade concreta, como a Biologia, a Medicina, etc (GARRAFA, 2005), ela
“procura de um comportamento responsável de parte daquelas pessoas que devem decidir tipos de tratamentos
e de pesquisa em relação à humanidade” (GRACIA, 1991).
Portanto, essa nova ciência visa a resolver os “conflitos e controvérsias morais implicados pelas práticas no
âmbito das Ciências da Vida e da Saúde do ponto de vista de algum sistema de valores, (chamado também de
‘ética’)” (CREMERJ, 2006). Entretanto, afinal, o que é ética? O que são sistemas de valores?
Bem, a ética consiste no: “[...] estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado
ou inadequado. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo
Direito. Ela é diferente de ambos - Moral e Direito - pois não estabelece regras. Esta reflexão sobre a ação
humana é que caracteriza a Ética.” (GOLDIM, 2004).
E , por sua vez, consiste no sistema de valores que as pessoas possuem, garante uma identidade sem quea moral
seja necessário que se conheçam, apenas seguem o mesmo referencial moral comum, ou seja, a moral estabelece 
, nas ações, nas instituições e nos sistemas, como uma regras que são assumidas por pessoas forma de
. Como exemplo, podemos citar a regra de não matar. Além disso, agarantir o convívio individual e coletivo
moral pode mudar no tempo e no espaço, orientando a conduta dos indivíduos de uma sociedade especifica
(GOLDIM, 2004; ROVIDA; BORGHI, 2013).
- -13
A moral independe das fronteiras geográficas, mas há regras que são delimitadas geograficamente, e é o direito
que busca estabelecer o regramento de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. Segundo Goldim
(2004), há alguns autores que afirmam que o direito é um subconjunto da moral.
Em resumo: a bioética faz o discurso político e acadêmico sobre o conflito moral em saúde, ou seja, os
temas ou questões, sobre os quais não existe consenso moral, são temas bioéticos por definição (DINIZ; 
GUILHEM, 2002).
Neste momento, após essa breve explanação sobre o que é bioética, é preciso avançar e aprofundar alguns
princípios que constituem esse contexto e suas aplicações.
- -14
2 Princípios e Fundamentos da Bioética
No período de 1974 a 1978, foi elaborado o Relatório , com vistas a Belmont identificar os princípios éticos
 (BRAZ et al, 1994; CREMERJ, 2006).básicos que deveriam conduzir a experimentação em seres humanos
Em 1979, esse documento inspirou a publicação dos “Princípios da ética biomédica” (BEAUCHAMP; CHILDRESS,
1979), que inaugurou a , ou , que se baseia em quatro princípiosbioética principialista principialismo
norteadores das decisões:
autonomia,
beneficência,
não maleficência,
e justiça (ou equidade).
Inicialmente, , que posteriormenteo foco do relatório foi o controle social da pesquisa com seres humanos
foi ampliado para a .prática clínica e assistencial
Dessa forma, para melhor compreensão da sua relevância, é preciso compreender esses princípios, que, segundo
Rovida e Borghi (2013), são considerados nossas .ferramentas de trabalho
As , principalmente na área da saúde, devem ser baseadas no boas práticas profissionais cumprimento dos
 da:conceitos hipocráticos
beneficência,
não-maleficência,
respeito à vida, a confidencialidade, e à privacidade,
respeito à autonomia do paciente, ao seu direito em receber todas as informações e participar mais ativamente do
seu tratamento (TORRES, 2007).
Fique de olho
Sugerimos que você leia o artigo “Desafios atuais da bioética brasileira” (RAMOS et al., 2019),
no qual os autores analisam os desafios atuais da bioética no Brasil.
- -15
2.1 Princípio da Autonomia
A autonomia é um princípio conhecido no contexto da bioética, como o princípio do respeito à pessoa na sua
, autonomia, autogovernança, autodeterminação, livre da influência de outras pessoas, ou seja, exigeintegridade
que aceitemos suas escolhas, decisões, vontades, crenças e descrenças, nisso se inclui seus valores morais e sua
intimidade (CLOTET, 2009; JUNQUEIRA, 2007).
A partir desse princípio, o deve respeitar a vontade do paciente ou do seu representante,profissional da saúde
devendo informar as medidas propostas em seu atendimento ou tratamento, podendo esse aceitar ou não,
reconhecendo que o paciente tem domínio sobre sua própria vida. Portanto, esse princípio limita a intromissão
dos outros indivíduos no mundo da pessoa que esteja em tratamento, sendo o paciente ou seu responsável legal.
Segundo Junqueira (2015):
Para que o respeito pela autonomia das pessoas seja possível, duas condições são fundamentais: a
liberdade e a informação. Isso significa que, em um primeiro momento, a pessoa deve ser livre para
decidir. Para isso, ela deve estar livre de pressões externas, pois qualquer tipo de pressão ou
subordinação dificulta a expressão da autonomia. Em alguns momentos, as pessoas têm dificuldade
de expressar sua liberdade. Nesses casos, dizemos que ela tem sua autonomia limitada.
Vamos ver um imagine o caso de um paciente com um adenocarcinoma, que é umas das neoplasiasexemplo,
pulmonares mais comuns, e descobriu que já tem metástases ósseas em diversas partes do corpo. Os médicos
confirmamo estadiamento da doença no estágio IV, ou seja, dentro dos chamados de estágios do câncer, cuja
descrição geralmente é em números de I a IV de quanto o câncer já se espalhou pelo corpo, o paciente está no
último grau. Nesses casos, o tratamento é paliativo, ou seja, o tratamento irá abrandar temporariamente os
sintomas da doença, mas não a eliminará. O médico pode propor ao paciente tratamentos experimentais ou
novas drogas que podem tentar retardar o inevitável, todavia, se o paciente decidir não usar nenhuma delas, o
médico deverá respeitar sua vontade, de acordo com o princípio da autonomia e deverá acompanhar o paciente
na amenização das dores até o óbito final.
Segundo Junqueira (2015), “a correta informação das pessoas é que possibilita o estabelecimento de uma relação
terapêutica ou a realização de uma pesquisa”. Isso deve ser feito mediante documentos como o TCLE (Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido), um , onde devem ser abordadas todasdocumento de caráter explicativo
as questões relativas ao estudo e/ou tratamento, para que o indivíduo possa decidir e, assim, garantir sua
participação voluntária, não podendo ser pressionado ou coagido.
- -16
2.2 Princípio da Beneficência/não maleficência
Esse princípio tem como objetivo o bem da pessoa, , mesmo queseja na assistência em saúde ou em pesquisas
a conduta envolvendo o ser humano seja benéfica, ou seja, nos obriga evitar qualquer dano ou prejuízo a pessoa.
Portanto, o benefício (e o não malefício) deve ser a principal razão do nosso exercício profissional, propondo
tratamentos que evitem o mal e reconheçam a dignidade do indivíduo nas dimensões física, psicológica,
(JUNQUEIRA, 2015; MAIA, 2017).social, espiritual 
2.3 Princípio da Justiça
Esse princípio caracteriza-se pela justa distribuição dos bens e serviços de forma universalizada e
 no que se refere ao exercício da medicina ou área da saúde. Dessa forma, a necessidade deveigualitária,
preceder a atenção igualitária. Os termos e os conceitos pouco significam se não nos conscientizarmos de que a
responsabilidade pelo outro significa compartilhar (JUNQUEIRA, 2015).
Dessa forma, pelo princípio da justiça, não se pode fazer experimentos com grupos vulneráveis e em
, como é o caso de pacientes de enfermaria, asilados, prisioneiros, pessoas comsituação de dependência
deficiência, crianças (MAIA, 2017).
é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer o que é a bioética;
• ver como a bioética incentiva com responsabilidade e competência a forma de se fazer ciência nas 
diversas áreas das biociências e das tecnologias;
• perceber como é importante observar que os princípios da bioética são ampliados para a prática clinica 
e assistencial;
• aprender a importância da prática profissional, respeitando diferentes experiências e valores num 
ambiente comum.
Referências
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https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br/face/article/view/118/102
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	1 Noções Preliminares
	1.1 Histórico
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	1.2 Conceitos básicos
	2 Princípios e Fundamentos da Bioética
	2.1 Princípio da Autonomia
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	2.2 Princípio da Beneficência/não maleficência
	2.3 Princípio da Justiça
	Assista aí
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	Referências

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