Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CRIMINOLOGIA DOUTRINA: Pablo de Molina (1ª parte) e Sérgio Salomão (2ª parte). MODERNOS MOVIMENTOS DE POLÍTICA CRIMINAL: · Lei e Ordem · Direito Penal do Inimigo · Garantismo Penal · Abolucionismo Penal MOVIMENTO DE LEI E ORDEM NOMES: · James Wilson – “Thinking about crime” · George Kellen – “Consertando janelas quebradas” · Ralf Dahrendorf – “A Lei e a Ordem” PREMISSAS: · É necessária uma reação em favor da comunidade honesta e ordeira que é majoritária. O interesse da comunidade honesta deve prevalecer diante da minoria desonesta. · “SENSAÇÃO DE ORDEM” · A polícia foi organizada para manter a ordem; hoje, a principal função é a investigação de crimes. A função principal deveria ser revalorizada (prevenção). · Deve ser incrementado o poder de policia, com menor controle judicial. · “As pessoas de bairro não querem nem precisam de um juiz para julgar vagabundos, mendigos e prostitutas. O policial é suficiente e mais eficiente se tiver liberdade de atuação” (Wilson) · Bêbados, mendigos e prostitutas são capazes de destroçar uma comunidade mais rápido que uma equipe de ladroes profissionais. Mais que tratar a doença, a policia deve promover a saúde. Deve ser empregada forte intervenção diante de pequenas infrações (“tolerância zero”). TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS · Metáfora: A sociedade é comparada a uma casa em ruinas. A reforma deve ser iniciada não pela fundação, mas pela vidraça, a fim de para comunicar a existência da ordem. · Experimento (Zibardo): Dois bairros são posicionados em bairros próximos, mas com diferença de renda. Quebrada a vidraça do primeiro carro (bairro pobre), o veículo é alvo de furto e destruição, enquanto o outro permanece intacto. Em momento posterior, o segundo carro tem o vidro quebrado e também é alvo de furto e destruição. O experimento demonstra que não é a pobreza que gera o crime, mas sim a sensação de abandono. · Dahendolf argumenta que, mesmo que o número de crimes violentos não diminua, o movimento é legítimo pois o cidadão teme direito à sensação de segurança. MOVIMENTO DO DIREITO PENAL DO INIMIGO NOME: Gunther Jakobs OBRA: Direito Penal do Inimigo · Base: distinção cidadão x inimigo · Inspiração: Autores clássicos coo Hobbes, Kant, Rousseau... · O cidadão participa do controle social e, se praticar crimes, será processado e punido de acordo com as regras do contrato. O inimigo se coloca fora do contrato e atenta contra sua existência. Será respeitada sua opção de estar fora do contrato, mas não terá direitos aos limites e regras do contrato. Ex: Guantânamo. · “O inimigo não é punido, é vencido – ideia de estado de guerra”. · O DP não protege a vida, protege a expectativa de não ser morto. · Inimigo é aquele que deixou de ser uma fonte de expectativas confiáveis, tornando-se mera fonte de perigos. · Jakobs parte da premissa que a base da sociedade é a comunidade e a função do Direito é a manutenção das expectativas essenciais para a vida em sociedade. O cidadão, mesmo depois de praticar um crime, continua como uma fonte de expectativas confiáveis (fazem negócios, frequentam a casa, continuam integrado). · Porém, o inimigo pratica crimes tao graves que deixa de ser uma fonte de expectativas confiáveis, não participa do processo regular de comunicação. O inimigo é uma fonte de perigos que deve ser eliminada. VELOCIDADES DO DIREITO PENAL Autor: José Maria Silva-Sanchez 1ª Velocidade: Direito Penal clássico. Altas penas e altas garantias. 2ª Velocidade: Direito Negocial/Consensual (JECRIM). Baixas penas e baixas garantias 3ª Velocidade: Direito Penal do Inimigo. Altas penas e baixas garantias. MOVIMENTO DO GARANTISMO PENAL NOME: Luigi Ferrajoli OBRA: Direito e Razão · Busca uma releitura do DP clássico (de Beccaria, Carrara...) · “O garantismo se opõe ao autoritarismo e decisionismo. É o governo das Leis e não dos homens. É o DP mínimo contra o máximo. · Ferrajoli despreza a distinção entre direito natural x direito positivo, pois os DH já foram positivados. Para o autor, o grande conflito atual está na normatividade x efetividade. · DUAS GRANDES BASES DO GARANTISMO: 1. Diminuição da violência (toda violência): Violência do crime e a violência da pena, pois não adiantaria trocar uma pela outra. 2. Proteção do oprimido em 3 momentos: I. Momento do crime (vítima) II. Processo (réu) III. Execução (condenado) ABOLICIONISMO AUTOR OBRA Hulmans Penas Perdidas Christie* Quantidade razoável de crime *Abandonou o abolicionismo e se tornou realista de esquerda. · O DP é o pior dos instrumentos de solução de conflito. Outros instrumentos são mais racionais e eficazes. Metáfora da república de estudantes. · Hulsman contrapõe a solução punitiva a uma medida reparadora, a um tratamento e uma reconstrução na comunidade e conclui que a punitiva é a pior. · Para Hulsman o DP é seletivo e discriminatório. CIFRA NEGRA É o imenso contingente de crime que não chega ao conhecimento das autoridades, não passa pelo controle oficial. MORTANDADE DO CRIME A chegada ao conhecimento da autoridade sobre a ocorrência do crime. Mas, durante o processo, não é alcançada condenação. CRIMINOLOGIA OBJETOS: 1. CRIME 2. INFRATOR 3. VITIMA 4. CONTROLE SOCIAL CONCEITO: Ciência EMPÍRICA e INTERDISCIPLINAR que tem como objetos o crime, o infrator, a vítima e o controle social. EMPIRISMO: Envolve a observação e análise da realidade. É muito importante a acumulação de dados e o criminólogo ainda o sistematiza. INTERDISCIPLINARIEDADE: Se vale da biologia, da psicologia, da estatística, da antropologia, da sociologia, entre outras. No entanto, para se emancipar como ciência, a Criminologia se torna a organizadora das ciências da enciclopédia, como uma estrutura superior e interdisciplinar. NECESSIDADE DA CRIMINOLOGIA: O raciocínio jurídico abstrato do DP é necessário para garantir a segura e isonômica aplicação da mesma regra aos fatos semelhantes, no entanto, o raciocínio abstrato não traz diagnóstico nem prognóstico sobre o problema criminal. FINALIDADE: A Criminologia tradicional busca fornecer informações sobre a gênese e a dinâmica do crime e, também, sobre mecanismos de prevenção e técnicas de intervenção social. A moderna Criminologia reconhece seu papel crítico e político e seus objetos de forma global, ou seja, em um cotejo com o poder político, econômico, a mídia etc. CRIMINOLOGIA, POLITICA CRIMINAL E DOGMÁTICA JURIDICO-PENAL · É o papel da política criminal (valorativa) e equilibrar a comunicação entre a criminologia (empírica) e a dogmática penal (normativa). CRIMINOLOGIA X DOGMÁTICA · A criminologia conhece a realidade e a explica, a dogmática valora, ordena e classifica. · A criminologia quer obter do delito informação total. A dogmática seleciona o que interessa, a partir do modelo típico. O DP parte do método dogmático que tem as seguintes características: · Parte de dogmas, ou seja, de certezas inquestionáveis. · Aspira a solução completa do problema · A dogmática é instrumento de decisão, de solução de problemas. · Por sua vez, a criminologia se vale de um saber zetético, com as seguintes características: · As teorias valem se, enquanto e na medida em que respondem os problemas · Não há pretensão de plenitude, ou seja, o desconhecimento não é desejável, mas é admissível · Não há uma função social prioritária, ou seja, é admitida a teoria sem repercussão. CRIMINOLOGIA VS. POLÍTICA CRIMINAL · Política criminal é o conjunto sistemático dos princípios fundados na investigação científica das causas do crime e dos efeitos das penas. Busca formular estratégias de prevenção e repressão / prevenção do crime. · A repercussão dogmática passaria pela alteração legislativa. No entanto, tendo como premissa o moderno movimento funcionalista, a interferência da política criminal alcança a atribuição de sentido às categorias dogmáticas. RESUMO: DP = Normativo Pol.Crim. = Valorativa Criminologia = Empírica ANTIGA CRIMINOLOGIA / INICIO ESCOLA CLÁSSICA ESCOLA POSITIVISTA Iluminista, racionalista, antropocêntrica (a verdade está no abstrato / ideias) Inspirada nas ciênciasexperimentais Método abstrato e dedutivo Método indutivo Livre-arbítrio Crença no determinismo (biológico, social etc) Pena-castigo proporcional ao crime cometido Medidas para garantir a segurança (Medidas de Segurança essencialmente indeterminadas) NOMES DA ESCOLA CLÁSSICA (Mnemônico: CBF) 1. BECCARIA: Parte do contrato social, isto é, a lei é legitimada pela porção de liberdade cedida por cada um ao Estado. O homem é levado a satisfazer o próprio prazer e encontra freios nas leis. 2. CARRACA: Não acredita no estado de natureza. Ensina que duas ordens, a natural e a moral. A ordem natural é inflexível, se impõe. A ordem moral precisa do reforço do Direito para ser respeitada. O Direito trata apenas das relações com terceiros e não com a Divindade, pois seria uma ousadia (um pecado) querer antecipar a vontade divina 3. FEUERBACH: Estrutura o princípio da legalidade. A pena deve ser um contraimpulso criminoso. A ameaça da pena (pena em abstrato) deve convencer o cidadão que o crime não compensa. NOMES DA ECOLA POSITIVA (Mnemônico: LFG) 1. LOMBROSO: Tem inspiração no determinismo biológico. O delinquente é um doente social que deve ser tratado. Tese principal de Lombroso: ATAVISMO (determinadas características ancestrais permanecem estagnadas no criminoso). O delinquente é um homem que não evoluiu, é menos civilizado que seus conterrâneos. 2. FERRI: Sociologia Criminal e Princípios de Direito Criminal. Parte da premissa de um determinismo sociológico. Apregoa interferência interdisciplinar no crime (estatística, antropologia). É famosa a classificação dos criminosos de Ferri: nato, ocasional, passional, habitual e louco. Ferri dá especial relevo para a pena indeterminada e para a indenização da vítima. Construção dos substitutivos penais. Além da pena, os fatores sociais criminógenos devem ser atacados, como educação, emprego, saneamento, urbanismo. 3. GARÓFALO: Obra: Criminologia. Acredita no determinismo psicológico. Propõe um conceito universal de crime, sendo: a violação dos sentimentos básicos de piedade e probidade comuns nas raças superiores. É atribuído a Garófalo o conceito de periculosidade: é o potencial para o cometimento de novos crimes. SOCIOLOGIA CRIMINAL VS. SOCIOLOGIA JURÍDICO-PENAL Estuda o comportamento desviante com relevância penal. Sua gênese e importância em uma determinada estrutura social. Estuda os comportamentos relacionados à conduta desviante. MICROSSOCIOLOGIA VS. MACROSSOCIOLOGIA Estuda o crime a partir do criminoso e parte para sua perspectiva geral (norteamericano) O foco está na sociedade criminógena (prevalece na Europa). Pode ser: a) ETIOLÓGICA (estudo das causas), busca analisar os fatores sociais que causam os crimes; b) Macrossociologia da REAÇÃO SOCIAL – busca analisar o processo de criminalização, ou seja, como são selecionados indivíduos e condutas e como é exercido o poder punitivo. · A sociologia criminal aborda o crime como fenômeno coletivo e busca relacioná-lo com fatores como a economia, educação, valores sociais. São 2 os principais ramos: SOCIEDADE DE CONSENSO VS. SOCIEDADE DE CONFLITO São os movimentos funcionalistas ou de integração. O objetivo da sociedade é o perfeito funcionamento das instituições que vão garantir proteção e eficácia aos valores comuns a todos os cidadãos. A coesão e a ordem são fundadas na força e coerção, na dominação por alguns e sujeição por outros. O conflito é eterno e tem raízes econômicas, religiosas, culturais... Parte da premissa que existe um consenso de valores e objetivos universais. Principais escolas: Chicago, Associação diferencial, Anomia, Subcultura Principais escolas: labelling approach (etiquetamento), criminologia crítica Nos modelos de consenso buscam estudar as razoes pelas quais indivíduos ou grupos descumprem as regras. Principais nomes: Durkheim, Hugnes Principais nomes: Marx, Dahandorf SOCIOLOGIA CRIMINAL DE DURKHEIM: O crime é funcional, pois de um lado reforça a coesão social e, de outro, ajuda a quebrar as barreiras, permitindo o progresso. Relaciona o crescimento do crime com a anomia* HUGNES: Parte das ideiais de Durkheim para tratar da “síndrome do trabalho sujo”. A sociedade precisa de infratores dispostos a violar a lei e a moral para saciar desejos coletivos. Ex: prostituição, mercado negro, agiotagem etc *ANOMIA*: Perda dos valores de referência de uma determinada sociedade. OBJETOS DA CRIMINOLOGIA DELITO, DELINQUENTE, VITIMA E CONTROLE SOCIAL 1. DELITO · É o ilícito seguido de pena. A escola positiva tenta, desde logo, fugir do conceito penal consagrado o conceito universal de crime de Garófalo. No entanto, a fuga do conceito penal gerou grande insegurança nas premissas do estudo e, por isso, o apego à Lei Penal é retomado. · Tappan parte da premissa de que crime é o que os tribunais assim definem. Na criminologia socialista, afastado o conflito que era gerado pelo capitalismo, não há necessidade de um conceito de crime diverso da lei, pois a definição legal é necessariamente a síntese do interesse da comunidade. · A sociologia prefere a expressão “conduta desviada”, tendo como critério as expectativas sociais. · Em Durkheim, crime é a lesão de determinados sentimentos fortes e definidos da consciência coletiva. · Com Suttherland (associação diferencial), é proposto um conceito de crime que relaciona a quebra da expectativa social com a quebra da expectativa estatal. Crime é a conduta que: a) provoca dano social; b) tem sanção prevista. · Clinard, partindo da premissa de Suttherland, argumenta que a diferença do ilícito civil para o penal é arbitrária e por isso deve ser desconsiderada na análise da criminologia. · Na moderna criminologia, o crime é um problema social com as seguintes características: · Incidência massiva, dolorosa e persistente no espaço-tempo; · Falta de consenso sobre a etiologia; · Consciência geral negativa; · Para Shecaira, consenso sobre a carência punitiva (porém há divergência). TEORIAS DE CONFLITO LABELLING APPROACH: · A natureza é definitorial, ou seja, o crime é uma etiqueta imposta em determinados autores tidos como negativos. CRIMINOLOGIA RADICAL: · Deve ser negada toda tentativa anterior de conceituar o crime. Possui duas vertentes: 1. Não há conceito viável de crime e a expressão deve ser abolida 2. O único conceito possível de crime deve se referir à violação de DH (homicídio, estupro, racismo, imperialismo) · Ensina Costa Andrade que é possível superar a dicotomia “consenso x conflito” na definição de crime: existem os crimes em si, ou seja, condutas que geram consenso sobre a natureza criminosa e crimes de mera proibição que buscam impor uma particular moralidade ou uma organização politica, ou seja, refletem o poder de poucos sobre muitos. CRIMINALIZAÇÃO PRIMÁRIA VS. CRIMINALIZAÇÃO SECUNDÁRIA Legislador – momento de edição / criação das leis. Ato de sancionar uma lei penal que permite a punição de certas pessoas ou comportamentos. Ação punitiva exercida sobre pessoas concretas. Quando as agências persecutórias (Polícia, MP, Sistema Penitenciário) atuam em face do suspeito / autor. 2. DELINQUENTE / INFRATOR · Se na escola clássica o foco de estudo era o delito, enquanto que na escola positiva passa a ser o delinquente. · O modelo biológico de análise do delinquente não é mais majoritário, mas ainda é defendido por alguns. · Hoje o delinquente é examinado não como unidade biopsicopatológica, mas sim como UNIDADE BIOPSICOSSOCIAL. · A biologia criminal persiste merecendo atenção com estudos de neurociências. · Em lombroso, foi marcante o estudo do atavismo · Hooton (1940), EUA, busca demonstrar que os criminosos são fisicamente inferiores · Na década de 50 ganha corpo a Síndrome do YY ou Ysuplementar relacionada à violência. CRÍTICAS: · O modelo da biologia criminal acaba por tratar o crime como uma patologia e o criminoso como um vírus a ser erradicado. · A explicação genética muitas vezes se transforma em profecia que se autorrealiza. · Hoje, a psicologia criminalganha espaço, mas não com o objetivo de compreender as causas do crime e combate-lo, mas sim na busca por subsídios que ajudem a prevenir a reincidência. 3. VITIMA · Sentidos da expressão “vítima”: · Para Moura Bittercourt: a) Sentido originário: vítima é a pessoa ou animal sacrificado à Divindade; b) sentido geral: é aquela que sofre resultados infelizes por seus próprios atos, por atos de terceiros ou por acaso; c) Sentido jurídico: sofre risco ou lesão a um bem jurídico; d) Sentido jurídico penal amplo: todos aqueles que sofrem as consequências de um crime; e) Sentido jurídico penal restrito: aquele que sofre diretamente as consequências do crime · EVOLUÇÃO DO PAPEL DA VÍTIMA São consagradas 3 fases: · 1ª fase – Idade de Ouro: vítima protagoniza o conflito penal, é valorizada. · 2ª fase – Total desprezo à vítima com a publicização do conflito. É neutralizada e passa a ser tratada como uma espécie de testemunha a serviço do juiz. · 3ª fase: Redescoberta da vítima – a partir da década de 50 com a necessidade de reparação à vítima. · Os estudos criminológicos são aperfeiçoados e feram um nvo ramo da criminologia que é a VITIMOLOGIA. · MENDELSOHN é considerado o grande fundador da vitimologia na década de 40, com o estudo dos martírios dos judeus. · A vitimologia tem entre seus objetos a vitimização que pode ser classificada como: · Primária: sofrida no momento do crime; · Secundária: Sofrimento em face das reações formais e informais ao fato criminoso. Dentre os formais, merece destaque o processo e o inquérito. · Terciária: Descaso do Estado que não presta assistência e a falta de receptividade social. Muitas vezes a sociedade estigmatiza a vítima. · CLASSIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS EM MENDELSOHN · Vítima completamente inocente ou ideal: completamente estranha à ação do criminoso. · Vítima de culpabilidade menor ou por ignorância: traz impulso não voluntário ao crime. · Vítima voluntária ou tão culpada como o infrator: A distribuição de papeis entre autor e vítima é aleatória como na roleta-russa. · Vítima mais culpada que o infrator: a vítima provocadora que incita o autor do crime. · Vítima unicamente culpada: são 3 hipóteses. a) Vítima infratora: aquela que pratica um crime e é alvo de uma reação em legitima defesa b) Vitima dissimuladora: Finge ter sido vítima de um delito e promove acusação de terceiro e induz o sistema de justiça ao erro c) Vitima imaginária: pessoa portadora de transtorno mental que acredita ter sido vítima de um crime que não aconteceu. 4. CONTROLE SOCIAL · O processo de socialização é perene e acompanha o sujeito desde seu nascimento. Determinados comportamentos são especialmente importante e, por isso, são criados instrumentos de controle social. · Os mecanismos de controle social podem ser: · Positivos: mecanismos premiais (sanções positivas); · Negativos: impõe sofrimento (sanções negativas) · Formal: Polícia, Judiciário, MP; · Informal: família, vizinhos, colegas de trabalho, escola. · “A falência /insuficiência do controle informal ‘explodiu’ a necessidade do controle formal”. · A perda dos instrumentos de controle informais provoca uma explosão na demanda de controle formal que se torna inviável. · O controle formal tem como instrumentos a lei, a polícia, o MP e os tribunais. · Sobre a prevenção dos crimes: para os antigos a única ferramenta para a prevenção do crime era a pena e seu efeito de intimidação. Hoje, a prevenção, respeitando os princípios de um estado democrático de direito, pode ser: primária, secundária ou terciária. · Prevenção Primária: Retoma os chamados substitutivos penais de Ferri, como a inserção no mercado de trabalho, a educação, a habitação, dentre outras carências criminógenas. A prevenção primária opera a médio e longo prazos. Busca atingir todos os cidadãos, exige participação da comunidade nas prestações sociais. Crítica: Não há vontade política para projetos de longo prazo e o paternalismo estatal destrói a consciência comunitária. · Prevenção Secundária: Atua no local e no momento no qual se exterioriza o conflito penal, ainda que diverso do local e do momento em que o conflito nasceu (local que se exterioriza o conflito penal). É orientada a grupos concretos com maiores chances de sofrer ou protagonizar conflitos penais. São exemplos as ações concentradas e o controle de meios de comunicação em uma determinada comunidade. Críticas: É paliativa. Como o crime já aconteceu, o alcance é pequeno. · Prevençao Terciária: O destinatário é o condenado ou recluso. O objetivo é a integração social para evitar a reincidência. O índice de reincidência no Brasil é de 80 a 95%. Críticas: Não funciona, é tardia, pois o crime já aconteceu. MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME CLÁSSICO / DISSUASÓRIO · O rigor da pena irá intimidar potenciais infratores (prevenção geral negativa). · Baseado no pensamento de Feuerbach. · Críticas: · Não funciona (ineficaz): o ser humano não pensa na pena antes de agir, é emotivo. · Nunca a intimidação será suficiente para conter o crime · Inexistência de um cálculo racional de custos e benefícios · Fomenta penas desumanas porque a ameaça nunca será suficiente BUSCA DA RESSOCIALIAÇÃO DO INFRATOR · Reação tardia, ineficaz e concentrada (um individuo). RESTAURAÇAO / RESTAURATIVO · Zehr – Livro “Trocando as Lentes” · A justiça restaurativa não busca o fim do sistema tradicional, mas sua diminuição. O crime rompe a teia de relações sociais e tal ruptura gera um ciclo vicioso de violência. A justiça restaurativa visa restaurar essa “teia”. · A restauração busca resgatar os participantes do conflito na sociedade, ou seja, compreender o conflito de forma horizontal. Privatizar o conflito. · Características da restauração: · Responsabilidade pelos atos lesivos; · Assistencia moral e material às vitimas · Empoderamento das partes · Inclusao do ofensor na comunidade · Busca da restauração das relações sociais · Críticas: · Pequeno alcance das medidas, quer pela incapacidade de suprir as demandas, quer pela inadequação para determinados crimes. TECNICAS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINOLÓGICA 1. INVESTIGAÇÃO SOCIOLÓGICA · Objetivo: analisar o comportamento coletivo. 1.1. INQUÉRITOS SOCIAIS · Uma equipe questiona um grande numero de pessoas. · Self report studies – Autor · Inquéritos de vitimização – Vítima: utilizado no Brasil para os casos de violência domestica (nem 20% são relatadas às autoridades). 2. ESTUDOS BIOGRÁFICOS DE CASOS INDIVIDUAIS (Follow up) · É analisada toda a carreira delinquente de um infrator em busca de trações que possam indicar um padrão de comportamento na sociedade (os norteamericanos gostam desse tipo de estudo). 3. OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE · Um participante ingressa no grupo para realizar / analisar a interação dos membros. 4. GRUPO DE CONTROLE · É a análise de dois grupos com varias características semelhantes e uma diferença que pode ou não ser provocada para permitir conclusões sobre fatores criminógenos. Ex: Fator pobreza-crime. INVESTIGAÇÕES INDIVIDUAIS 1. TESTES DE PERSONALIDADE · Ex: testes de QI 2. TIPOLOGIA · Busca classificar o criminoso em categorias pré-estabelecidas. · Em Lombroso o criminioso poder ser nato, eplético ou demente. · Em Ferri o criminoso pode ser nato, louco, ocasional, habitual ou passional. · A Classificaçao suicida de Durkheim também é usada para classificar criminosos: · Egoístico: se o sujeito tem ego tao inflado que a sociedade não o compreende e por isso as normas não valem. · Altruístico: se o ego não pertence ao sujeito mas sim a terceiros ou à sociedade. · Anômico: A ausência de normas sociais pressionam o sujeito a um comportamento que ele não compreende o levando ao crime. 3. TABUAS DE PROGNOSE · Partindo de determinados critérios são selecionados fatores de influencia que atribuem pontos que permitem a prognose do comportamento futuro. · As mais famosas são: · Burgess – livramento condicional · Gluek – chance de reincidência CRIMINOLOGIA E PSICOLOGIA 1. PSICODINÂMICA · As teorias psicodinâmicas partem da premissa de que não há diferenças organiza entre o cidadão honestoe o delinquente: a diferença está na aprendizagem, na socialização. · Os homens são por natureza antissociais, moralmente neutros. É fácil explicar o crime e difícil explicar porque nem todos o praticam. Assim, o objeto de análise deve ser a diferente relação dos indivíduos ao respeito às normas e às solicitações do instinto. 2. CRIMINOLOGIA E PSICANÁLISE (base em Freud) · Base: o inconsciente é mais poderoso força da vida. · Três instancias da personalidade: · ID: inconsciente irracional e desorganizado. Está entre o fisiológico e o psicológico. É a fonte de energia comandada pelo principio do prazer. · SUPEREGO: consciência “do bem”. É a censura aos impulsos do ID. É a introjeção da autoridade paterna e identificação com tal autoridade, com reflexo na inibição. · EGO: Instância intermediária sujeita ao ID, ao Superego e às limitações da realidade. É comandada pelo principio da realidade. O ID é suprimido ou sublimado, de forma a se amoldar com as exigências do superego. · Categorias psicanalíticas relacionadas à Criminologia: · Ambivalência: Alternância rápida de amor e ódio com o mesmo objeto. Ex: complexo de Édipo. · Transferência: Deslocamento das cargas de amor e ódio de um objeto a outro, de forma inconsciente. · Projeção: Autoidentificação com o princípio do prazer e a identificação de terceiros com a causa do sofrimento. TÉCNICAS DE NEUTRALIZAÇÃO DE MATZA · Para Matza, o criminoso neutraliza a apuração investigativa com técnicas próprias: · O sujeito entende que a vitima merecia · O sujeito deslegitima a investigação pois a conduta não seria um mal em si e a proibição é arbitrária. · O criminoso aponta as instâncias de controle social como corruptas e injustas. · O criminoso se sente preso a outros deveres de lealdade. ----- A MODERNA CRIMINOLOGIA E AS ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS TEORIAS DE CONSENSO 1. ESCOLA DE CHICAGO · Nasce no começo do século XX. Também é chamada de “Teoria da Ecologia Criminal” ou da “Desorganização Social”. · É macrossociológica e etiológica, isto é, acredita em causas para a criminalidade. · Trabalha com pesquisas em larga escala como inquéritos sociais. · Característica marcante: relação entre o espaço urbano e a criminalidade. · Os conceitos principais são: · Áreas de delinquência. · Desorganização social. · ÁREAS DE DELINQUENCIA: A chegada de intensas ondas migratórias favorece a formação de guetos, comunidade estanque. A ausência do Estado no gueto gera sensação de anomia, fortalecendo grupos de justiceiros e a manipulação de ações assistenciais. · “Não existem vácuos de poder” (experiência de Boaventura) · O gueto é criminógeno e reproduz para as novas gerações a subcultura criminosa. · 1º Momento: ZONAS CONCÊNTRICAS DE BURGESS (1925). Relaciona o crime com o bairro: · ZONA 1: Centro, bancos, mercados. Baixa criminalidade pela intensa vigilância. · ZONA 2: Zona de transição. Pobre e mal cuidada, com grande concentração de crime. Ex: Cracolândia. Os moradores vivem de subempregos. · ZONA 3: Trabalhadores que conseguem escapar da zona 2, mas precisam morar perto da zona 1 (empregados da Z1) · ZONA 4: Suburbio. Cin casas e apartamentos de luxo. Baixa criminalidade. · ZONA 5: Exurbia. Além dos limites da cidade. Classe média e média alta com baixo índice de criminalidade devido à dificuldade de acesso. · 2º Momento: TEORIA ECOLÓGICA DE SHAW (1942) · É a perda das instancias de controle social, mais intensa nas grandes metrópoles. A pobreza fica concentrada e é construída uma politica própria de poder que pronuncia a criminalidade. · DESORGANIZAÇÃO SOCIAL · Nas grandes cidades é normal a perda das instancias de controle informal. · Os movimentos de aproximação e distanciamento, de acordo com o poder econômico, quebram laços sociais e geram zonas super povoadas e despovoadas. Nas grandes cidades é intensa a movilidade social ppela mudança de emprego e renda. · O diferente índice de movilidade nas pequenas e rgandes cidades explica porque nas grandes cidades é maior o número de crimes patrimonias e nas pequenas de crimes contra a pessoa. · PROPOSTAS DA ESCOLA DE CHICAGO · 1. As grandes cidades devem ser repartidas em unidades administrativas de até 50 mil pessoas, fomentando o convívio local · 2. Arquitetura que permita vigilância comum com grandes sacadas e janelas integrando a comunidade. · 3. Forte interferência na urbanização fomentando a vida em comunidade (Chicago área protect) ESCOLA DA ANOMIA · O grande nome é MERTON, desenvolvendo as ideias de DURKHEIM. · A perda de referencias normatias torna o individuo egoísta, antissocial e destrutivo. · Para Merton, a relação entre anomia e crime se intensifica na defasagem entre a estrutura social e cultural. A estrutura cultural manda a busca pelos mesmos fins, pelo sucesso, a estrutura social afunila esse processo. Alguns extravasam e buscam o “sucesso” pelo atalho, pelos meios ilegais. · A estrutura social divide desigualmente as oportunidades, fomentando a busca por meios ilegítimos. Conclui Merton que o crime, a forma como o indivíduo se adapta à busca da meta cultural se os bens são escassos na estrutura social ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL DE SUTTHERLAND · Conceitua os estudos nos crimes de colarinho branco. Parte da premissa que o crime não é necessariamente o resultado das crimes advindas da miséria. · SINTESE · A conduta criminal é aprendida como qualquer outra · Quanto mais intimo o contato maior a aprendizagem · A aprendizagem inclui a técnica, a motivação e as justificativas · O sujeito busca o crime quando por contatos diferenciais teve mais modelos criminosos doq eu não criminosos · Os contatos se diferenciam de acordo com a duração, com a idade e com a importância do sujeito de referencia · EX: políticos corruptos, filhos de políticos. TEORIA CULTURALISTA OU SUBCULTURA CRIMINAL (Cohen) · É etiológica · Parte da sociedade como um dado e tem base epidemiológica · São grandes as semelhanças com a anomia. · A subcultura criminal emerge em uma situação coletiva de frustração ou conflito no interior de uma outra cultura. Em muitos casos pela evidente colisão entre vetores e objetivos é possível falar em uma contracultura. · É um novo modelo de interpretação sociológica com alguma influencia da psicanalise. · A personalidade é formada em um processo de interiorização de padrões culturais de socialização à custa dos instintos. · A urbanização já havia demonstrado os efeitos da desigualdade material. · O foco agora é a desigualdade cultural que a classe social condiciona a cultura. · O crime é um conflito entre o delinquente e as definições socioculturais. · Em uma sociedade desigual sob o prisma cultural, é previsível que não apenas os meios, mas também nos diferentes grupos culturais. · ELEIÇÃO DE NOVOS FINS · Não há uma verdadeira desorganização social, mas sim mais de uma organização que produzem atitudes ambivalentes em relação à cultura dominante. · É evidente que na delinquência juvenil, jovens se identifiquem com valores e regras das subculturas delinquentes. · A delinquência juvenil se caracteriza por: · Não ser utilitária. · Negatividade. · Busca impor o inverso dos valores reinantes. TEORIAS DO CONFLITO · Não existem valores consensuais, não há um objetivo único, um bem comum a ser perseguido na sociedade. O grupo detentor do poder sempre oprime o mais vulnerável. O principal instrumento de opressão é a lei incriminadora que busca legitimar a violência e de fato amplia e reproduz o conflito. · O processo de criminalização, enfim, é um conflito entre os detentores do poder e os submetidos que serão tratados como criminosos. · Abandono do paradigma etiológico determinista. · NÃO é ETIOLÓGICA, isto é, não se interessa em estudar as causas. · As perspectivas estáticas e descontinuas de abordagem são substituídas por uma dinâmica e continua investigação. · MORTANDADE DO CRIME: o fato chega às autoridades, mas não ingressa nas estatísticas, pois não comprovado, prescrito, processo anulado etc · A teoria do conflito dá grande importância para as chamadas metarregras da interpretação do direito: mecanismos psíquicosque atuam no interprete e são muito importantes na definição do crime e do criminoso. · A pena, ao contrário do discurso legitimador, é um mecanismo para a manutenção das coisas como são e não um instrumento de alteração ou mudança. · EXPLICAÇÃO HISTÓRICA DA PREDOMINÂNCIA DAS TEORIAS DO CONFLITO: · Guerra do Vietnã que gera uma grande contracultura nas principais economias do mundo. Ex: hippies. · A redescoberta de Marx · CONTRASTE DA CRIMINOLOGIA DO CONFLITO X DO CONSENSO · O enfoque teórico deixa de ser o autor ou mesmo o ambiente e passa a ser as circunstancias de crimininalização · Criminalidade deixa de ser um dado e passa a ser um status atribuído por dupla seleção: bens eleitos e sujeitos estigmatizados. · Quem faz a seleção é o dono do poder TEORIAS DO CONFLITO · MARX: Luta de classes oriunda do capitalismo solução seria acabar com o capitalismo · DAHENDORF: Defende que o conflito é eterno, pois se baseia na distinção da autoridade. 1. LABELLING APPROACH · NOMES: Becker e Goffman. · Para muitos não pe uma teoria do conflito, mas sim uma transição do consenso para o conglito. · Mais que uma teoria (muitos negam que seja uma teoria), é uma aproximação /enfoque no etiquetamento. · Interacionismo simbólico : é uma abordagem sociológica que outorga grande importância à influencia na interação social dos conteúdos e significados particulares que o individuo traz para a interaçaço, assim como os conteúdos que ele obtem em tal interação sob sua interpretação social · O interacionimo se preocupa assim com a compreensão da sociedade como uma infinidade de interaoes entre os individuso. O crime é um processo de interação entre grupos sociais e o individuo por keio da constituição de relações institucionalizadas. · O desvio não é uma qualidade do comportamento, mas sim o produto de uma interação entre o desviante e as pessoas que reagem ao comportaemtno desviado. · O foco, portanto, está na estigmatização social: rótulos / classificação das pessoas · A reação torna o sujeito desviante e lhe dá um papel de criminoso · A pena não reeduca, mas sim consolida a identificação criminal e introduz a carreira criminosa. · O foco muda da etiologia do crime para a reação social · Os tribunais não reconhecem a realidade criminosa, mas a determinam. · Goffman: “Instituições totais buscam manipular a personalidade dos indivíduos. TEORIA DA MANIPULAÇAO DA IDENTIDADE · O LA conclui que a estigmatizaçao do delinquente é um fato criminógeno. · Payne arrola dentre as consequências do etiquetamento: · Etiquetamento que identifica o sujeito como desviado e o qualificam como mau caráter · As etiquetas sociais criam autoetiquetas: o rótulo cria uma identidade que é aceita. O sujeito acredita no etiquetamento imposto. · As etiquetas perpetuam um comportamento: a prisão mantém o sujeito no papel de desviado · As etiquetas se generalizam: por uma característica que o sujeito pode ter, uma variedade de outros pecados é imposta para sua etiqueta. · As etiquetas dirigem a atividade social: a sociedade se orienta por expressões como “ex-presidiário”, “usuário de drogas” · As etiquetas produzem subculturas e facilitam a formação de grupos marginalizados que vao se reunir para ajuda e proteção reciprocas · Autores brasileiros: Baratta e Cirino dos Santos
Compartilhar