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1 ANÁLISE SUSTENTÁVEL DA VIABILIDADE ENERGÉTICA DE CABOS ELÉTRICOS REVESTIDOS POR POLIETILENO VERDE SUSTAINABLE ENERGY FEASIBILITY ANALYSIS OF GREEN POLYETHYLENE COATED ELECTRICAL CABLES Silene dos Santos Santana Costa silenesantanna.eletrica@gmail.com Centro Universitário Dom Pedro II, Salvador – BA Resumo: O artigo tem como foco determinar a viabilidade das instalações elétricas sustentáveis em baixa tensão, com a substituição do uso de cabos elétricos revestidos de polietileno derivado do petróleo por cabos elétricos revestidos de polietileno verde derivado da cana-de-açúcar, o que pode gerar uma redução no nível de dióxido de carbono na atmosfera, através da sua fabricação. Com base nos dados compilados, conclui-se que o biopolietileno pode contribuir para um mundo ecologicamente sustentável, reduzindo o efeito estufa. Este desempenho do termoplástico mantém o mesmo tipo de proteção, eficiência, qualidade, segurança e desempenho dos cabos tradicionais pertencentes a sua classe de encordoamento. Palavras-chave: Sustentabilidade. Polietileno verde. Cabos elétricos. Abstract: The article focuses on determining the viability of sustainable low-voltage electrical installations by replacing the use of petroleum-derived polyethylene-coated electrical cables with green sugarcane-derived polyethylene-coated electrical cables, which can lead to a reduction in the level of carbon dioxide in the atmosphere through its manufacture. Based on the compiled data, it is concluded that biopolyethylene can contribute to an ecologically sustainable world by reducing the greenhouse effect. This thermoplastic performance maintains the same kind of protection, efficiency, quality, safety and performance as traditional cables in its string class. Keywords: Sustainability. Green polyethylene. Electric cables. 1. INTRODUÇÃO A energia é essencial para o desenvolvimento humano e manutenção da vida em sociedade. Do ponto de vista ambiental, nota-se que os hábitos atuais dos seres humanos, no que se refere ao consumo de energia elétrica, devem mudar para evitar pressões insuportáveis sobre sistemas naturais fundamentais e, gerenciar os riscos substanciais causados pelas mudanças climáticas globais. (FAPESP, 2010). 2 Por sua vez, a matriz brasileira é caracterizada pela grande participação do petróleo, assim como no resto do mundo, além da intensificação dos estudos quanto a novas tecnologias e energias alternativas. (MARTINS et al., 2015). O petróleo é um combustível fóssil que se caracteriza por ser matéria- prima bruta e/ou constituinte de diversos produtos como plásticos, calçados e cosméticos. Apresenta também grande potencial energético, já que grande parte da produção de energia global é baseada nesse combustível. Entretanto, a utilização do petróleo não apresenta apenas aspectos positivos, visto que ele possibilita importantes impactos ambientais, os quais são resultantes de sua exploração e produção industrial, sendo capaz de causar a morte de animais e plantas, além de comprometer a qualidade do solo, do ar e das águas. (MARTINS et al., 2015). Um dos grandes desafios para a humanidade é estabelecer uma transição para um futuro de energia sustentável, possibilitando o uso racional e eficiente de energia elétrica, intervindo junto às instalações consumidoras por meio de ações que aprimorem os sistemas de uso final de energia elétrica presente na instalação, de modo a moderar seu consumo sem comprometer se desempenho. A introdução de novas tecnologias pode assegurar o acesso universal aos modernos serviços de energia, expandindo o uso de produto com consumo mais eficiente e sustentável, no que resultará em um aumento da taxa de melhoria de eficiência e redução de gases nocivos ao meio ambiente e a saúde. Existem várias formas de melhorar as instalações elétricas de modo mais eficiente e contribuir para um planeta mais sustentável. Uma delas é a inovação tecnológica através do uso do polietileno verde do etanol da cana-de- açúcar, denominadas de cabos elétricos sustentáveis, os quais são livres de chumbo e de metais pesados em sua composição, resistente em situações de sobrecarga, o quê reduz a chance de curtos-circuitos, um dos principais causadores de incêndio. Considerando, sua classe de tensão até 1kV e atendendo às normas NBR 13248 e NBR 13570, são ideais para todos os tipos de instalações elétricas de baixa tensão atendendo à norma NBR 5410. (BRASKEM, 2015). 3 Estes cabos têm material diferenciado, no qual oferece vantagens ao meio ambiente, aliado ao resultado da combinação de inovação, tecnologia e sustentabilidade, e pelo fato de ser feito a partir do etanol tem a capacidade de capturar 2,15 quilos de CO2 a cada quilo de plástico verde produzido, com 80% da energia consumida em todo o processo proveniente de fonte renovável. (BRASKEM, 2015). Dadas as propriedades tecnológicas do polietileno verde, pressupõe-se que esse biopolímero possa substituir os polietilenos convencionais. Ademais, acredita-se que o Brasil possui grande vantagem competitiva ao produzir esse biopolímero, visto que o país detém uma vasta disponibilidade de matéria- prima, no caso o etanol proveniente da cana-de-açúcar. Diante disso, espera- se que através da literatura consultada possam-se obter informações e evidências para atestar as vantagens técnicas e ambientais dos cabos elétricos sustentáveis que viabilizem a substituição dos cabos elétricos com revestimento de polietileno petroquímico de origem fóssil. (RESENDE, 2018). Contudo, este trabalho visa estudar o acesso às novas tecnologias em instalações elétricas de baixa tensão, propondo a substituição de cabos elétricos tradicionais por cabos elétricos sustentáveis. Além disso, por ser um assunto relativamente novo, evidencia-se a escassez de trabalhos a respeito dos cabos elétricos sustentáveis, expondo seus reais benefícios e contrapontos. Logo, o presente trabalho vai ao encontro das expectativas de explorar e explicar as vantagens e desvantagens dessa nova tecnologia, sua participação no mercado e seu caráter inovador para a promoção do desenvolvimento sustentável. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Fundamentação Teórica Os critérios adotados para a divisão do conteúdo apresentado foram definidos buscando um desenvolvimento progressivo do assunto abordado, contendo assim um total de 16 páginas. Em virtude disto, este estudo científico aborda um referencial teórico sobre os combustíveis fósseis, expondo seus problemas ambientais e uma possível contribuição para redução dos impactos 4 causados ao meio ambiente, através de um futuro de energia sustentável, expondo uma análise da através da substituição de cabos elétricos tradicionais, derivados do polietileno do petróleo por cabos elétricos sustentáveis, derivados do polietileno verde, tendo como reflexo a diminuição de emissão de gases efeito estufa. 2.2. Metodologia Este estudo trata-se de uma revisão de literatura de caráter exploratório, qualitativo e descritivo, embasada em livros, artigos científicos, dissertações, teses, monografias, entre outras fontes disponibilizadas nos bancos de dados e plataformas digitais, como “Google acadêmico” e “Scielo”, onde foram estudados dados sobre o desenvolvimento de uma energia sustentável através de tecnologias como a substituição de cabos elétricos constituídos de polietileno derivado do petróleo por cabos elétricos sustentáveis derivados do polietileno verde, sem que haja interferência no aproveitamento energético. Assim, para o direcionamento da busca e seleção deste material, foram utilizadas as palavras-chaves “sustentabilidade”, “polietileno verde” e “cabos elétricos”. Além disso, foram selecionados na literatura autores como Resende que fez uma Análise das Características do Polietileno Verde como Alternativaa Substituição do Polietileno Petroquímico e da Academia Brasileira de Ciências que estudou a metodologia de Um Futuro com Energia Sustentável, além de pesquisas em sites da Braskem e da Coelba. 2.3. Os Combustíveis Fósseis e os Problemas Ambientais Os combustíveis fósseis – carvão, petróleo, gás natural e seus derivados – suprem, aproximadamente 80% das necessidades mundiais de energia primária. O uso desses combustíveis impulsiona economias industrializadas e tornou-se fundamental em praticamente todos os aspectos da atividade produtiva e da vida quotidiana no mundo moderno. Ainda assim, quase desde seu início, a crescente dependência dos combustíveis fósseis tem sido uma fonte tanto de preocupação como de prosperidade. Muitas projeções indicam que os combustíveis fósseis continuarão a dominar o mix energético por muitas 5 décadas, com a demanda total por esses combustíveis e as emissões de carbono correspondentes aumentando nas mesmas proporções. (FAPESP, 2010). Desde a crise do petróleo em 1973, iniciou-se uma preocupação com o esgotamento dos recursos fósseis e o impacto dessa escassez no suprimento de combustíveis. Associado a isso, o crescimento da demanda por energia e as mudanças climáticas fomentaram a busca por alternativas para a substituição desses recursos, havendo estímulos significativos no uso de fontes renováveis para gerar biocombustíveis de origem vegetal, como o etanol, e materiais plásticos. (BELLOLI, 2010). As questões ambientais fazem parte da construção de uma nova ética empresarial global, uma vez que a degradação do meio ambiente transcende as fronteiras dos países. O tema sustentabilidade começou a ter destaque a partir do início dos anos 1990, divulgado em conferências mundiais que tinham como objetivo realizar tratados internacionais sobre esse assunto. (Heinzen et al., 2011). A política ambiental é o conjunto de metas e instrumentos que visam reduzir os impactos negativos da ação do homem sobre o meio ambiente. A mesma é necessária para induzir ou forçar os agentes econômicos a serem menos agressivos ao meio ambiente, ou seja, reduzir a quantidade de poluentes lançados e minimizar os impactos nos recursos naturais. (MAY, 2010). É muito importante mencionar que as ideias e estratégias de uso racional e eficiente de recursos naturais devem ser aplicadas e propagadas buscando o desenvolvimento sustentável reduzindo os impactos ambientais. 2.4. Um Futuro Com Energia Sustentável Um dos grandes desafios das sociedades modernas é crescer economicamente sustentável. Frente a fenômenos como o do aquecimento global e o escasseamento dos combustíveis fósseis os países vêm buscando alternativas ponderadas para modificarem as políticas públicas, que conjuguem de maneira harmônica as questões de como tratar o meio ambiente, utilizar 6 racionalmente os recursos energéticos e aumentar competitividade. (BUENO, 2010). O desenvolvimento energético sustentável também está alinhado com o conceito geral de desenvolvimento sustentável, isto é, responde às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades, alinhando crescimento econômico, redução das desigualdades sociais e equilíbrio ambiental. (BUENO, 2010). Para que o setor de energia se torne sustentável, é fundamental que sua problemática seja abordada de forma compreensiva, incorporando não apenas o desenvolvimento e adesão de inovações e incrementos tecnológicos, mas também interessantes mudanças que vem sendo realizadas em todo o mundo. Essas mudanças abrangem tanto políticas que tentam redirecionar as escolhas tecnológicas e os investimentos no setor, como no suprimento da demanda, bem como no comportamento dos consumidores, quando se trata daqueles consumidores que têm acesso à energia. (DOS REIS et al., 2009). Do ponto de vista energético, a energia é fundamental para o desenvolvimento humano e tecnológico, interligando-se de muitas formas aos desafios. Em contrapartida, a mudança para recursos e sistemas sustentáveis de energia cria o momento de tratar sobre múltiplas necessidades ambientais, econômicas e de desenvolvimento. É necessário pensar no desenvolvimento sustentável, para suprir as necessidades do presente sem comprometimento das gerações futuras. Além disso, as políticas ambientais precisam ir muito além com soluções de problemas, indicando caminhos para o desenvolvimento e crescimento econômico com a proposição de sustentabilidade. Tendo em vista também, que as pessoas de todas as partes do mundo têm seu papel para modelar o futuro da energia através de seu comportamento e escolha de estilo de vida, compartilhando todo um risco para atingir resultados sustentáveis. É importante destacar que a energia está no centro do desafio da sustentabilidade em todas as suas dimensões, sejam elas social econômica e ambiental, cabendo a esta geração a incitação de um novo caminho encontrando meios para produzir e usar recursos que limite a degradação ambiental, preservando a integridade ambiental e de saúde humana. 7 2.5. Polietileno derivado do petróleo e polietileno verde O polietileno é um dos polímeros mais simples e muito explorado por causa de suas propriedades estruturais e físico-químicas. São considerados bons isolantes elétricos e com boa resistência química, podendo ser transparentes ou de aparência opaca. Além disso, em função de sua natureza parafínica, massa molar elevada e arranjo estrutural, os polietilenos são considerados inertes à grande parte dos reagentes. (BARBOSA et al., 2017; LONTRA, 2011). Os plásticos utilizados atualmente em sacolas, revestimento de cabos elétricos, embalagens e nos mais diversos produtos ao nosso redor são de origem fóssil, ou seja, eles são derivados do petróleo. Além disso, a extração e exploração do petróleo também produzem poluição e impactos ambientais. Considerando esses problemas e que é necessário o uso de polímeros para o crescimento da sociedade, há uma necessidade urgente de encontrar alternativas aos plásticos de origem fóssil. (FORGAÇA, 2018). Um grande avanço nesse sentido foi à produção do plástico verde ou polietileno verde proveniente do etanol da cana-de-açúcar. A sua constituição é exatamente igual ao polietileno comum, com as mesmas propriedades, desempenho e versatilidade de aplicações. A única diferença é a matéria-prima utilizada na sua produção, que, em vez de ser o petróleo, é a cana-de-açúcar. (FORGAÇA, 2018). O plástico verde foi concebido pela Braskem S.A., pioneira no desenvolvimento de uma resina plástica feita a partir do etanol, o Polietileno verde (PE verde), com as primeiras amostras, do plástico, produzidas em 2008. A fábrica para a produção do polietileno verde foi inaugurada em 2010, com a capacidade de produção de 200 mil toneladas por ano e, com esses números, tornou-se a marca líder mundial em biopolímeros. Desenvolvido a partir do etanol de cana-de-açúcar, o polietileno se destina a suprir os principais mercados internacionais que exigem produtos com desempenho e qualidade superiores. (BRASKEM, 2015). Basicamente, as propriedades físico-químicas, mecânicas e de processamento do polietileno verde são idênticas às do polietileno petroquímico, o que favorece sua aplicação. A única diferença entre esses 8 compostos é a matéria-prima, que no caso do polietileno verde é uma fonte renovável, enquanto que o polietileno de origem fóssil é produzido a partir da nafta proveniente do petróleo. Essa característica remete à durabilidade desse polímero e sua possibilidade de reuso por inúmeras vezes sem perder a qualidade. (BELLOLI, 2010; EISELE et al., 2015). As ameaças do aquecimento global impõem o desafio de reduzir emissões de gases de efeito estufa a toda sociedade. Em resposta, mais uma vez, o setor de plásticosfoi provedor de soluções e inovação ao desenvolver o bioplástico, produzido com matérias-primas renováveis, ou seja, que não se esgotam na natureza, pois podem ser produzidas regularmente a partir de cultivo agrícola, sendo que o carbono é proveniente de processo biológico, a fotossíntese. O “sequestro do carbono” feito pela planta, ao absorver gás carbônico da atmosfera durante seu crescimento, permite afirmar que o bioplástico captura esse gás de efeito estufa. (PINTO, 2012). A degradação dos plásticos não deve ser confundida com sustentabilidade, ao contrário, resulta no desperdício de energia e de recursos acumulados e na emissão de gases de efeito estufa. Para que essas emissões sejam controladas, os plásticos biodegradáveis devem ser descartados separadamente dos recicláveis, para não contaminar o processo, e destinados às usinas de compostagem. Já a durabilidade dos plásticos não degradáveis, sejam eles de fonte fóssil ou biológica, é uma característica positiva que deve ser potencializada através da reciclagem. Ao retornar à cadeia, criando um ciclo fechado, seu conteúdo energético e de carbono, e todos os recursos empregados em sua produção, são preservados. Isso reduz tanto a geração de resíduos como a pressão por matéria-prima virgem. (PINTO, 2012). O processo de produção do ciclo do Bio-Polietileno (Figura 1), inicia-se com a desidratação do etanol para transformá-lo em eteno, que segue para as unidades de polimerização, onde é transformado no polietileno. A resina plástica derivada da cana-de-açúcar é levada, então, para empresas de terceira geração, os transformadores, que irão transformá-lo em produtos plásticos acabados. Segundo a Braskem, por ser feito com uma matéria-prima uma fonte renovável, o PE Verde ajuda a capturar e fixar o CO2 da atmosfera, o principal causador do efeito estufa, representando, aproximadamente, 2,15 9 toneladas de gás carbônico para cada tonelada de Plástico Verde produzido. (BRASKEM, 2015). Fonte: Braskem, 2007 Apesar de todas as vantagens associadas ao polietileno verde, alguns contrapontos podem ser destacados como a possível aceleração do desmatamento para a expansão das áreas cultiváveis, a ausência de biodegradação desse polímero e o elevado custo de produção. De fato, esse composto demanda um processamento muito complexo que acarreta na alta do preço do produto final e, consequentemente, em sua acessibilidade pelo consumidor. (CORREIA, 2012; ZAMBANINI et al., 2014). Entretanto, as características do polietileno verde não fazem dele um polímero biodegradável. (BELLOLI, 2010). Figura 1- O ciclo do Bio-Polietileno 10 2.6. INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – CABOS ELÉTRICOS SUSTENTÁVEIS Avanços em tecnologia que aumentam a eficiência energética reduzindo o consumo de energia e os impactos ambientais estão cada vez sendo mais abordados. Inovações tecnológicas como a busca por materiais elétricos diferenciados como os cabos elétricos sustentáveis, vem surgindo no mercado brasileiro. A inovação está na matéria-prima do produto, à base de polietileno verde 100% renovável, desenvolvido a partir da cana-de-açúcar. Além de não propagar chamas em casos de incêndios, possui baixa emissão de fumaça e gases tóxicos, apresentando dupla camada de isolação. Além disso, é livre de chumbo e de metais pesados em sua composição, onde resistem o dobro do tempo em situações de sobrecarga, reduzindo a chance de curtos-circuitos, os principais causadores de incêndio. (BRASKEM, 2015; GRUPO NEOENERGIA, 2017). Os cabos elétricos sustentáveis atendem às exigências das normas NBR 5410 (INSTALAÇÕES ELÉTRICAS), NBR 13570 (INSTALAÇÕES ELÉTRICAS EM LOCAIS DE AFLUÊNCIA DE PÚBLICO – REQUISITOS ESPECÍFICOS), NBR 13248 (CABOS DE POTÊNCIA E CONTROLE E CONDUTORES ISOLADOS SEM COBERTURA, COM ISOLAÇÃO EXTRUDADA E COM BAIXA EMISSÃO DE FUMAÇA PARA TENSÕES DE ATÉ 1kV – REQUESITOS DE DESEMPENHO) e NBR NM IEC 60332-3-24 (ENSAIO DE PROPAGAÇÃO VERTICAL DA CHAMA EM CONDUTORES OU CABOS EM FEIXES MONTADOS VERTICALMENTE-CATEGORIA C), para instalações elétricas em locais com grande concentração de pessoas e, até mesmo em ambientes confinados, uma vez que não propaga chama em caso de incêndios e tem baixa emissão de fumaça e gases tóxicos. Além disso, é utilizado nas instalações elétricas de baixa tensão, como energizar máquinas, equipamentos de iluminação em geral, sendo aplicável em estádios, aeroportos, shoppings, escolas, edifícios comerciais e residenciais, entre outros. (BRASKEM, 2015). A construção destes cabos é composta de fio de cobre nu, têmpera mole, encordoamento classe 5 - extra flexível com isolação composta por 11 termoplástico em dupla camada de polímero não halogenado. Tendo como temperatura máxima do condutor 450/750V: 70ºC em serviço contínuo; 100ºC em sobrecarga e 160ºC em curto-circuito; e temperatura de operação do condutor 0.6/1kV: 90ºC em serviço contínuo; 130ºC em sobrecarga e 250ºC em curto-circuito. Tendo em vista as características técnicas, a sua instalação pode ser em eletroduto em parede isolante, eletroduto em canaleta fechada, eletroduto aparente, eletrocalha, eletroduto em canaleta ventilada, eletroduto em alvenaria e eletroduto em espaço de construção. (CATÁLOGO PRYSMIAN, 2011). A experiência com os cabos sustentáveis foi iniciada no final do ano de 2017 com a instalação de 37 toneladas do material originado do etanol da cana-de-açúcar, o que representa 250 km de fiação e possibilita a ligação de 8 mil residências. A Coelba1 trabalha agora para ampliar a utilização do material e receberá mais de 80 mil metros dos novos cabos na rede de distribuição da Companhia. (GRUPO NEOENERGIA, 2017). A funcionalidade é a mesma dos cabos comuns, de polietileno tradicional (derivado do petróleo) e já possui a aprovação na área de Engenharia Básica da Coelba, após inúmeros testes de laboratório, atendendo aos requisitos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e podendo ser utilizado em vários padrões de redes locais. (GRUPO NEOENERGIA, 2017). A inovação desenvolvida a partir da cana-de-açúcar, recurso renovável, é o maior diferencial do material, que visual e funcionalmente é idêntico ao plástico comum derivado do petróleo, que por sua vez, é um combustível fóssil que contém dióxido de carbono, o principal gás do efeito estufa. Contudo, o novo composto termoplástico emite menos gás carbônico na produção e também é livre de halogênio, agente oxidante agressivo e prejudicial ao sistema respiratório humano. Sendo que, para cada tonelada de cabo verde 1 A Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), empresa do Grupo Neoenergia, é a terceira maior distribuidora de energia elétrica do país em número de clientes e a sexta em volume de energia fornecida, sendo a maior do Norte-Nordeste. Presente em 415 dos 417 municípios baianos, a Coelba tem uma área de concessão de 563 mil quilômetros quadrados. A empresa tem 5,9 milhões de clientes (mais de 15 milhões de habitantes). 12 produzida deixa-se de emitir 2 toneladas de CO2 na atmosfera, o que colabora para a redução do efeito estufa. (BRASKEM, 2015; GRUPO NEOENERGIA, 2017). É importante salientar, que para a economia brasileira, além de uma inovação em sustentabilidade, a fabricação do polietileno verde através da cana-de-açúcar pode promover o uso do etanol, dando iniciativa a novas pesquisas e tecnologias que visem o seu desenvolvimento. As inovações tecnológicas de produtos ou processos são importantes para a gestão ambiental principalmente quando estão relacionadas à proteção do meio ambiente. O desenvolvimento de produtos ambientalmente sustentáveis passou a ser uma das alternativas das empresas na busca de vantagem competitiva. (HEINZEN et al., 2011). QUADRO 1 – COMPARATIVO DOS CABOS ELÉTRICOSCOM TENSÃO 450/750V Modelos de cabos e marcas Aplicação Condutor Encordoamento Isolação Temperaturas Afumex Green Prysmian Instalações internas fixas, casa, prédio, comércio, indústria, etc. Fios de cobre nu, têmpera mole. Classe 5: extra flexível Composto termoplástico em dupla camada não halogenado 70ºC serviço contínuo 100ºC em sobrecarga 160ºC em curto-circuito Superastic flex Prysmian Instalações internas fixas, casa, prédio, comércio, indústria, etc. Fios de cobre nu, têmpera mole. Classe 5: extra flexível Dupla camada em PVC Antifflam 70ºC serviço contínuo 100ºC em sobrecarga 160ºC em curto-circuito Flexicom Cobrecom Instalações internas fixas, casa, prédio, comércio, indústria, etc. Fios de cobre nu, têmpera mole. Classes 4 e 5: flexíveis Em PVC antichama 70ºC em serviço contínuo Flexisil Sil Instalações internas fixas, casa, prédio, comércio, indústria, etc. Fios de cobre nu, têmpera mole. Classe 4: flexível Dupla camada em PVC tipo BWF antichama 70º temperatura máxima 13 O quadro 1, em destaque acima, é um comparativo entre alguns cabos elétricos com o mesmo tipo de aplicação, encordoamento, isolação e temperatura, onde este comparativo dos dados mostra que os cabos elétricos sustentáveis (Afumex Green) tem o mesmo desempenho, qualidade e eficiência que os cabos revestidos com PVC, sem que haja o comprometimento energético da instalação elétrica. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento sustentável tem sido pauta nas principais discussões nacionais e internacionais, dado seu caráter de urgência. As consequências do aquecimento global aliada à eminente escassez dos combustíveis fósseis, principais fontes utilizadas atualmente, tem levado ao desenvolvimento de novas tecnologias capazes de fornecer o mesmo desempenho e menores impactos ambientais. Entretanto, é preciso que haja conscientização de tais impactos e de que a vida humana necessita de recursos naturais para se manter em equilíbrio, pois a energia elétrica é essencial para o desenvolvimento humano, que ao mesmo tempo carece encontrar formas para que não haja degradação do meio ambiente e, que o mesmo, é o grande gerador dos recursos naturais e de importância vital. Sendo assim, a fim de atingir a sustentabilidade ambiental em um contexto de crescimento econômico, devem-se adotar políticas que reduzam o uso de combustíveis fósseis, ampliem o uso eficiente de recursos utilizados, aumente o uso dos renováveis em detrimento dos não-renováveis e ampliem medidas de conservação de energia e recursos. (BUENO, 2010). Os cabos elétricos sustentáveis é uma inovação tecnológica para aumentar a eficiência energética e uso consciente do consumo de energia sustentável. Aliado a isto, os mesmos atendem as suas respectivas normas regulamentadoras para instalações elétricas em baixa tensão, além de, emitir menos gás carbônico na sua produção, traz qualidade, desempenho, eficiência, segurança e sustentabilidade. 14 Apesar de contar com preço um pouco mais elevado que o tradicional, os cabos elétricos sustentáveis oferecem um valor simbólico aos consumidores conscientes e preocupados com o meio ambiente. Entretanto, a escala do desafio da energia sustentável exige soluções inovadoras, bem como novos investimentos em infraestrutura e tecnologia. Vale notar que a mudança não acontecerá da noite para o dia. Porém, será necessário iniciar uma transição de novas políticas de divulgação e incentivo, operando na mudança de hábitos de consumo. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, L.A.; et al.. Polietileno de baixa densidade - pebd: mercado, produção, principais propriedades e aplicações. Revista Espacios, v. 38, n.17, 2017. BELLOLI, R. 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Um futuro com energia sustentável: iluminando o caminho; tradução, Maria Cristina Vidal Borba, Neide Ferreira Gaspar. – [São Paulo]: FAPESP; [Amsterdam]: InterAcademy Council; [Rio de Janeiro]: Academia Brasileira de Ciências, 2010. FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Plástico verde"; Brasil Escola. *Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/quimica/plastico-verde.htm>. Acesso em: 21 nov. 2018. GRUPO NEOENERGIA. Energia para um mundo sustentável. 2017. Revista +Energia. 4ªed., 19f. *Disponível em: < https://neoenergiasustentavel.com.br/cms/wp- content/uploads/2018/12/NeoEnergia-Revista17_29out.pdf >. Acesso em: 29 out. 2018. HEINZEN, D. A. M.; MATTOS, A. P. M. N.; CAMPOS, L. M. S.; PALADINI, E. P. Estudo da viabilidade de Produto Inovador VERDE para o mercado consumidor comum. Revista Gestão Organizacional, v. 4, n. 2, art. 4, p. 233- 251, 2011. LONTRA, B.G.F. Estudo da Tenacificação de Materiais à Base de Polietileno Submetidos a Temperaturas Extremas. 2011. 44f. Projeto de Graduação (Graduação em Engenharia de Materiais) – Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2011. MARTINS, S.S.S.; SILVA, M. P.; AZEVEDO, M.O.; SILVA, V. P. Produção de petróleo e impactos ambientais: algumas considerações. Revista Científica HOLOS. Rio Grande do Norte, a. 31, v. 6, 23 págs. 2015. MAY, Peter H. Economia do Meio Ambiente: Teoria e Prática. 2ª Ed. Rio de Janeiro – RJ. Elsevier. 2010. PINTO, José Carlos. O plástico no planeta: o uso consciente torna o mundo mais sustentável. Editado pelo Planeta Sustentável em parceria com a Braskem. 2012. PRYSMIAN CATÁLOGO. Cabo afumex green 450/750V: o primeiro ndo mundo com plástico de origem vegetal na camada de isolação. 2011. 6f. *Disponível em: <file:///C:/Users/ADM/Downloads/BW001_02_PT_Catalogo_Afumex_Green_75 0V.pdf>. Acesso em: 25 set.2018. RESENDE, Lorena de Morais. 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