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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ RESENHA CRÍTICA ACADÊMICA: FILOSOFIA DA CIÊNCIA - INTRODUÇÃO AO JOGO E SUAS REGRAS ALVES, Rubem. Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. Editora Brasiliense, 1981. 176 páginas. Nesta obra de Rubem Alves, o autor cria uma introdução ao pensamento e método científico. A comparação entre o senso comum e a ciência é o ponto de partida do autor para desmistificar o ideal criado sobre o que é ser um cientista. Também são discutidas a elaboração de fatos, as credenciais da ciência e a diferença entre verdade e bondade. Para explorar essas discussões e interagir com o leitor, o texto traz questionamentos e exercícios de lógica. O livro é dividido em 11 capítulos, esses divididos em tópicos. Os tópicos são divididos de forma que possam ser discutidos em diferentes capítulos. Rubem Alves, além de escritor, foi professor, teólogo e psicanalista. O autor mineiro, nasceu na cidade de Boa Esperança em 1933 e faleceu em 19 de julho de 2014. Sua obra apresenta diversos livros, artigos e crônicas de religião e existencialismo, também escreveu títulos para a educação infantil. Em “Filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras” o autor explora a ciência desde seus primórdios até a atualidade. Para uma construção de uma dialética e no intuito de reforçar o ponto inicial, que servirá de base para o livro, os dois primeiros capítulos tem como título “O senso comum e a ciência”. Nestes capítulos, Alves explica o que seria o senso comum e a ciência. É dito “Ela [a ciência] é a hipertrofia das capacidades que todos têm” colocando a ciência e o senso comum como parâmetros em uma mesma linha, só que em diferentes graus de especialização. Alves diz que o problema é a ruptura para quebrar a inércia de um pensamento, sem interferências externas, sem preocupações. Então, o autor coloca como outro princípio em comum entre o senso comum e a ciência: a forma de resolução dos problemas, a inquietude para buscar a lógica. No 3º capítulo, “Em busca de Ordem”, o escritor coloca outro ponto em comum: a busca de ordem. O que é discutido como a verdade pode ser relativa. Haveria discordância entre o que é absurdo para o senso comum e para a ciência. No capítulo adiante, “Modelos e receitas”, a discussão parte para um tom de desmistificar a ciência, mostrando que muitas vezes na história cientistas, como Galileu, não usaram de fatos para explicar suas teorias. Em “Pescadores e anzóis” e “A aposta”, é discutido como assumir um risco, “jogar a rede de pesca” é um ato do cientista, buscando comprovar suas teorias. Nos seguintes “A construção dos fatos” e “A imaginação” discute-se a subjetividade do fato, ele depende da interpretação. A interpretação depende da imaginação, usando o fato para pensar criativamente. Os dois últimos capítulos “As credenciais da ciência” e “Verdade e bondade”, são trazidos pelo autor para discussão do viés científico, que muitas vezes pode se apoiar no ego do cientista, então o que é esperado como “verdade” é distorcido. Por fim, Rubem Alves traz questionamentos sobre a falta de inovação na ciência, buscando a quebra de antigos paradigmas científicos, que são defendidos de forma conservadora pelas gerações mais antigas. A obra é uma boa forma de introdução ao estudo da ciência e questionamento sobre como adquirimos ou geramos conhecimento. A dialética de Rubem Alves faz o leitor buscar a resolução de problemas e imaginar momentos históricos para a ciência. A citação de autores também é positiva na obra, facilita a busca por referências e traz diferentes interpretações do mesmo problema. Algumas falhas são a repetição da mesma informação, o texto fica cansativo para ler por bastante tempo, por isso é importante ter pausas para refletir sobre a leitura. Resenha escrita por Lucas Gonçalves Trapani de Oliveira, acadêmico do curso de medicina da Universidade Federal do Paraná, campus Curitiba.
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