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Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 13, nº 24, maio de 2020 22 
 
 
Estudo dos requisitos necessários para a 
segurança em uma barragem de rejeitos 
 
Lucas Miranda e Castro Correa 1 
 Renan Allef da Silva Santos2 
Henrique Faria Coelho3 
Marcela Bruna Braga Franca Guerra4 
Geraldo Magela Perdigão Diz Ramos5 
 
 
RESUMO 
O presente artigo trata-se de um estudo que teve como objetivo analisar os principais 
requisitos necessários para a segurança em uma barragem de rejeitos. Para tanto, 
pretendeu-se, com base na experiência de uma visita com orientação técnica à uma 
barragem, verificar se houve o atendimento às recomendações e exigências da 
legislação pertinente. As análises realizadas, podem contribuir com a garantia da 
segurança e redução de riscos e dano potencial de uma barragem de rejeitos. O 
trabalho foi desenvolvido em duas etapas. Na primeira etapa foi realizada a pesquisa 
bibliográfica relacionada ao tema em questão e na segunda etapa foi feita uma 
vistoria em uma barragem localizada no estado de Minas Gerais/BR. Conclui-se que há 
uma enorme importância em obedecer às normas e as melhores práticas a serem 
utilizadas em uma barragem de rejeitos. 
 
Palavras chave: Segurança; Barragem de rejeitos; Legislação. 
 
Introdução 
A atividade de mineração, conforme apontado por Curi (2017), é uma das atividades 
mais antigas realizadas pela humanidade e tem papel fundamental na sua qualidade 
de vida, sendo imprescindível para a sociedade. Portanto, ela merece atenção quanto 
a sua execução e suas estruturas. 
 
A barragem de rejeitos é uma estrutura construída para o depósito dos rejeitos 
provenientes da mineração. O rejeito é o material que sobra quando se separa o 
minério da rocha e é depositado em forma de polpa, ou seja, uma mistura de sólidos 
 
1 Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. 
lucasmccremg@gmail.com 
2 Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. aleffrenan@gmail.com 
3 Graduando em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. 
henriqueco@hotmail.com 
4 Doutora em Engenharia de Estruturas. Docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. 
marcela.guera@izabelahendrix.metodista.br 
5 Mestre em Administração. Docente do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix. 
geraldo.ramos@izabelahendrix.metodista.brr 
 
mailto:marcela.guera@izabelahendrix.metodista.br
 
 
 
Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 13, nº 24, maio de 2020 23 
 
 
e água. A barragem funciona como uma barreira, que irá conter os rejeitos. À medida 
que o rejeito é depositado, a parte sólida se acomoda no fundo da barragem. A água 
decantada na parte superior é então drenada e tratada, com parte sendo utilizada no 
processo de mineração e o restante devolvido ao meio ambiente. Com o passar do 
tempo, a barragem vai “secando”, até que deixa de receber rejeitos. (SAMARCO 
MINERAÇÃO, 2016). 
 
De acordo com Cury (2017), a segurança de uma barragem se faz extremamente 
necessária por se tratarem, geralmente, de obras relacionadas a elevados potenciais 
de danos ao meio ambiente, riscos de vidas humanas e a economia, caso haja sua 
ruptura. Machado (2017) aponta que os recentes acidentes em barragens de 
contenção de rejeitos, evidenciaram a necessidade de se discutir e reformular os 
modelos de gestão de segurança de barragens de rejeitos por meio de entidades que 
reguladoras, licenciadoras e fiscalizadoras, assim como as empresas de mineração e 
comunidades mais afetadas. 
 
A importância de seguir severamente as normas de segurança regidas no Brasil pela 
lei nº 12.334/2010 e a Portaria do DNPM - Portaria do Departamento Nacional de 
Produção Minera, nº 416, de 03.09.2012 (que cria o Cadastro Nacional de Barragens 
de Mineração e dispõe sobre o Plano de Segurança, Revisão Periódica de Segurança e 
Inspeções Regulares e Especiais de Segurança das Barragens de Mineração), criadas 
para garantir a utilização de barragens de forma a não causar danos, mostra-se cada 
vez mais necessária. 
 
O presente trabalho visou contribuir com análises relacionadas ao atendimento das 
normas de segurança para barragens de rejeitos vigentes. E com estudos em relação 
à possibilidade de criação de novas leis, de forma a evitar que fatalidades como a 
ruptura recente de uma barragem de rejeitos na cidade de Brumadinho/MG, causando 
centenas de mortes e enormes danos ambientais, ocorram. O objetivo deste trabalho 
foi realizar análises relacionadas com o atendimento às normas de segurança para 
construção e manutenção de barragens de rejeitos. 
 
 
Método construtivo de uma barragem de rejeitos 
A disposição dos rejeitos provenientes da mineração, é uma consequência inevitável 
dos processos de tratamento a que são submetidos os minérios, gerados, 
paralelamente, ao produto de interesse. A disposição desses rejeitos de forma geral, 
que usualmente é feita utilizando-se o processo de alteamentos sucessivos, afeta de 
forma qualitativa e quantitativa o meio ambiente. Ainda hoje, existem poucas 
alternativas construtivas relacionadas à disposição de rejeitos comparadas a outros 
tipos de barragens. 
 
São consideradas barragens convencionais aquelas em que a terra é compactada e 
normalmente construída em etapa única ou, eventualmente, em dois ou três 
alteamentos. Além do modo de construção da barragem por alteamentos sucessivos 
se tornar possível pelo próprio minerador, podem ser economicamente atraentes 
(SOARES, 2010). A (figura 1) ilustra o funcionamento de uma barragem de rejeitos. 
 
 
 
 
 
 
Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 13, nº 24, maio de 2020 24 
 
 
FIGURA 1 – Como Funciona uma barragem de rejeitos. 
 
 
FONTE: Ibram (2019). 
 
Conforme apontado em Thomé e Lago (2017), os alteamentos são indispensáveis para 
aumentar a capacidade de armazenamento de rejeito dos reservatórios. Sendo que o 
local de disposição do rejeito e de água livre acumulada é dependente do método de 
alteamento escolhido. São basicamente três as possibilidades de alteamentos: o 
método de montante, o método de jusante e o método da linha de centro (figura 2). 
Esses métodos são iniciados com a construção do dique de partida e se diferem pela 
direção em que são realizados em relação a esse dique inicial. A sedimentação das 
partículas acontece em função do seu tamanho e densidade. 
 
FIGURA 2 – Métodos de alteamentos uma barragem de rejeitos. 
 
 
FONTE: Cardozo et al. (2019). 
 
Atualmente, a situação é preocupante, principalmente pelo motivo do estado de 
abandono em que se encontram várias barragens de rejeito existentes no país, 
algumas delas com ausência de borda livre e sem manutenção. 
 
 
 
Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 13, nº 24, maio de 2020 25 
 
 
Conforme apontado por Machado (2017), barragens de rejeitos são obras de vida 
longa, que envelhecem com o passar dos anos, precisam ser conservadas, e, 
periodicamente reavaliadas quanto à segurança. O estudo dos requisitos necessários 
para segurança em uma barragem de rejeitos busca trazer, através do aprofundamento 
no assunto, várias fontes de informações acerca do tema. 
 
Com o aumento das atividades de mineração, novas estruturas para a contenção de 
rejeitos cada vez maiores foram criadas para suprirem a demanda, esse aumento 
causou uma cobrança maior por parte da sociedade sobre a reponsabilidade no que 
diz respeito à segurança dessas estruturas, nas esferas ambiental e social. (OLIVEIRA, 
2010). 
 
Riscos de falhas em barragens de rejeitos e práticas de segurança 
O risco de falha de barragens de rejeitos é um dos pesos inevitáveis que a 
humanidade deve carregar. Os programas de segurança de barragens são de vital 
importância para toda a sociedade e clama por talentos multidisciplinares, ou seja, 
engenheiros tem que trabalhar em conjunto, como por exemplo, com geólogos e 
especialistas em sismos.Ações coordenadas podem ajudar a redução de incertezas, 
mas devido à dificuldade de se avaliar visões distintas, nem toda falha de barragem 
pode ser evitada. (JANSEN, 1983). A (figura 3) mostra a situação da barragem de 
rejeitos de Brumadinho-MG, antes e após a ocorrência do rompimento. 
 
FIGURA 3 – Antes e depois da barragem Brumadinho. 
 
Fonte: BBC News (2019). 
 
Ao longo de todas as etapas do ciclo de vida útil da barragem de rejeitos, deve ser 
executado o gerenciamento da segurança, com sistemas que ao mesmo tempo 
gerenciem, minimizem riscos associados a estrutura, agreguem conceitos e práticas de 
segurança a rotina operacional. (OLIVEIRA, 2010). 
 
De acordo com Pinto (2008), exames de barragens existentes devem focar a detecção 
de qualquer condição que possa ameaçar a integridade vital da estrutura. Essas 
situações podem ser atribuídas à inadequação de materiais construtivos, defeitos na 
fundação, condições adversas no entorno, deficiências de projeto ou operação e 
manutenções impróprias. A fim de se assegurar que estas condições sejam percebidas 
em seus estágios iniciais, a seguinte lista de itens a serem investigados: 
 
• Materiais de Construção: concreto, rochas, solo, cimento, metais, madeira, 
revestimentos, borrachas e seladores de juntas. 
 
 
 
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• Condições gerais que evidenciam perigo: cavitação, infiltração, vazamentos, 
drenagem, ação do gelo, instabilidade e tensão / deslizamento. 
• Deficiências de operação e manutenção: equipamentos elétricos e mecânicos, 
acessibilidade e visibilidade, crescimento de plantas e animais que fazem tocas, 
tensão / deslizamento, instabilidade, infiltração e descontinuidade de juntas e 
fundação. 
• Evidências de deficiências em barragens de material solto: tensão / 
deslizamento, instabilidade, vazamentos, erosão, fundação e riscos de ruptura 
nos equipamentos e estruturas associadas. 
• Evidência de deficiências em vertedores: estrutura hidráulica de controle, canal 
de aproximação, comportas, pontes, conduto de descarga, estruturas terminais, 
canais de restituição, plataformas operacionais e guindastes, poços, condutos e 
túneis. 
• Evidências de deficiências nas saídas d’água: canais de aproximação, estruturas 
de tomada d’água, câmaras das comportas, comportas, válvulas, guindastes, 
controles, equipamentos elétricos e dutos de ar, estruturas terminais, canais de 
restituição e plataformas de resíduos. 
• Condições adversas no entorno do reservatório: reservatório, taludes do 
reservatório, proximidade a jusante, curso d’água e entorno regional. 
 
Uma barragem pode ser considerada segura quando o seu conjunto se encontra livre 
de quaisquer condições ou desenvolvimentos que possam causar processos de 
deterioração ou de destruição. O projeto deve conter reservas especiais previstas, 
tendo em vistas possíveis cenários, que considerem não só a utilização normal, mas 
também situações adversas que necessitem ser subjugadas, ao longo de toda sua vida 
útil. (ICOLD, 1987). 
 
A aplicação de métodos inadequados, construção sem supervisão adequada ou 
descuido em respeito a questões vitais agregadas a certos estágios da construção são 
as causas da maioria das falhas em barragens. (PENMAN, 1998). 
 
De acordo com o DNPM (2002), a implantação da segurança de barragens é resultado 
da consolidação dos seguintes documentos: 
 
• Relatórios de sondagem e ensaios; 
• Relatórios de projeto; 
• Relatórios da construção (as built); 
• Manuais de operação; 
• Relatórios de inspeção e avaliação; 
• Relatórios de revisão e segurança da barragem e 
• Plano de ações emergenciais. 
 
Segundo o DNPM (2002), um plano de gerenciamento de segurança deve ser feito 
para consolidar o compromisso de responsabilidade dos proprietários no que diz 
respeito a perdas e danos decorrentes de rupturas ou vazamentos de uma barragem. 
Ele deve ter como objetivo minimizar riscos de falhas na barragem, protegendo a vida 
e a propriedade, além de atentar a identificação dos riscos associados a estrutura e 
a avaliação de efeitos sob o ponto de vista da saúde e segurança pública, 
comunidade e meio ambiente. 
 
 
 
 
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Com a implementação do gerenciamento de segurança pelos proprietários, pode-se 
assegurar que as estruturas estão de acordo com as mais recentes normas para 
segurança e se certificar de que haverá uma avaliação periódica das mesmas, 
tornando-as preparadas para situações de emergências, minimizando riscos de 
possíveis rupturas. (OLIVEIRA, 2010). 
 
Metodologia 
 
Este artigo tratou-se do estudo dos requisitos necessários para a segurança em uma 
barragem de rejeitos que foi realizado em etapas: 
 
• Etapa 1: Pesquisa bibliográfica relacionada ao tema em questão, visando maior 
conhecimentos do assunto para a próxima etapa. 
 
• Etapa 2: Estudo de caso de uma barragem de rejeito rompida. 
 
• Etapa 3: Apresentação das barragens que, atualmente, possuem alto risco de 
rompimento no estado de Minas Gerais. 
 
• Etapa 4: Análise dos itens de segurança de barragens e estruturas de 
disposição de rejeitos. 
 
• Etapa 5: Análise crítica quanto à aplicação das normas e legislações vigentes. 
 
 
Estudo de caso de uma barragem de rejeito rompida e barragens que possuem alto 
risco de rompimento 
A barragem escolhida para o estudo de caso foi a recém rompida Barragem I – 
Córrego do Feijão (figura 4), construída em 1976 pela Ferteco Mineração e adquirida 
pela Vale em 2001, que possuía uma capacidade de armazenamento de 12,7 milhões 
de metros cúbicos de rejeitos e não recebia rejeitos desde 2015. (BBC NEWS, 2019). 
 
FIGURA 4 – Barragem I – Córrego do Feijão. 
 
Fonte: Google Earth (2019). 
 
No dia 25 de janeiro de 2019, entre 12:20h e 12:40h a barragem se rompeu, vazando 
12 milhões de metros cúbicos de lama causaram uma avalanche, causando uma 
enorme devastação, 249 mortes confirmadas e 21 pessoas ainda continuam 
desaparecidas. (G1 MINAS, 2019) 
 
 
 
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Especialistas e Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais reconhecem a hipótese 
de que o rompimento foi gerado por um fenômeno chamado liquefação. (TERRA, 
2019). 
 
O fenômeno da liquefação 
O material das camadas inferiores foi depositado através do sistema de aterramento 
hidráulico, ou seja, não é compactado, com isso ocorrem vazios permeáveis onde a 
água percola e se deposita, diminuindo o volume e a resistência ao cisalhamento. A 
água não consegue se deslocar para regiões de baixa pressão, pois, o material em 
torno, devido ao seu estado, não possui conexões entre os vazios que permitam seu 
deslocamento. Por ser um líquido incompressível suporta a maior parte da compressão 
que as camadas superiores exercem com seu peso próprio de material depositado ao 
logo do tempo. As partículas ficam aliviadas de parcela da carga e reduzem as forças 
de ligação entrei si, gerando uma queda brusca da resistência ao cisalhamento (figura 
5). (AMANN, 2019). 
 
 
FIGURA 5 – Grãos das camadas inferiores com tensão efetiva reduzida pelo excesso de 
poropressão – indicada pelas setas azuis. 
 
 
Fonte: Amann (2019). 
 
Desta maneira, o rejeito torna-se praticamente um líquido, com pouca resistência de 
cisalhamento entre as partículas. A sobrecarga gerada pelas camadas superiores gera 
a expulsão abrupta da água na direção ao maciço da barragem que é o ponto de 
menor resistência (figura 6). (AMANN, 2019). 
 
 
FIGURA 6 – Ruptura por liquefação da Barragem I de Brumadinho. 
 
Fonte: G1 Minas (2019). 
 
Barragens com alto risco de rompimento em Minas Gerais 
A (figura 7) apresenta as barragens que possuem alto risco de rompimento em Minas 
Gerais. 
 
 
 
 
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FIGURA 7– Alto Risco 
 
 
Fonte: Estado de Minas (2019). 
 
Segurança de barragens e estruturas de disposição de rejeitos. 
 
Conforme consta no manual do IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração (2019), os 
pilares fundamentais para a segurança de uma barragem e estruturas de disposição 
de rejeitos são os seguintes: 
 
• Aplicação das melhores tecnologias disponíveis. 
• Implantação de sistema de gestão incorporando as melhores práticas aplicáveis. 
• Operacionalização dos Planos de Ação de Emergência. 
 
Aplicação das melhores tecnologias disponíveis (BAT – Best Available Technology) 
 
Conjunto específico de tecnologias e técnicas, criadas para um local específico, que 
contribuem com a diminuição de riscos físicos, geoquímicos, ambientais, sociais, 
financeiros e à credibilidade associada à gestão de rejeitos para um grau plausível em 
todas as fases do projeto, e que dão suporte a operação de forma ambientalmente e 
economicamente viável. (MAC, 2017). 
 
Implantação de um sistema de gestão que incorpore as melhores Práticas Aplicáveis 
(BAP – Best Applicable Practices) 
 
Sistemas de gestão, procedimentos operacionais, técnicas e metodologias, que 
provaram a partir de testes e da aplicação, que são capazes de gerenciar riscos de 
 
 
 
Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 13, nº 24, maio de 2020 30 
 
 
forma precisa, aprimorar e atingir os resultados de maneira técnica e economicamente 
viável. Como uma filosofia operacional, as BAPs envolvem atingir ininterruptamente 
resultados cada vez melhores para obtenção da excelência operacional. Devem ser 
executadas periodicamente por todo o ciclo de vida de uma instalação, incluindo a 
fase de descomissionamento (MAC, 2017). 
 
Governança Corporativa 
 
Via de regra, os seguintes princípios poderiam ser utilizados nas estruturas do sistema 
de disposição de rejeitos: 
 
• Transparência nas informações passadas entre áreas. 
• Garantia de que a disposição do rejeito tivesse um processo, em que as 
informações e prestações de contas viessem acompanhadas de 
responsabilidade e ética. 
• Seguimento de normas e políticas internas, não admitindo desvios ou não-
conformidade, tratando qualquer divergência que possa ocorrer. (IBRAM, 2019). 
 
Gestão da Informação 
Retenção, gestão e transferência de informações são itens preocupantes na gestão de 
estruturas de rejeitos. Um projeto estruturado, com manutenção das informações 
contidas no banco de dados ao longo das fases do ciclo de vida é extremamente 
importante, pois, através disto é possível acompanhar o comportamento das estruturas 
por todos os envolvidos no projeto, construção, operação e encerramento. (IBRAM, 
2019). 
 
Gestão de Riscos 
A gestão de risco é considerada uma boa prática, devido a estruturação de um 
modelo de controle de riscos e tomada de decisões, em cenários de incertezas e 
mudanças associadas às barragens de rejeitos. (IBRAM, 2019). 
 
Revisão Independente 
Revisão independente, trata-se de isentar de influências externas ou conflitos de 
interesse, através de laudos de terceiros sobre os riscos e o estado de uma barragem 
de rejeitos, garantindo que a alta administração não dependa das equipes 
responsáveis pelos setores envolvidos. (IBRAM, 2019). 
 
Projetar e operar as estruturas para o fechamento 
Avaliação das alternativas de implantação e encerramento das barragens de rejeitos, 
tendo em vista o futuro destas estruturas, com relação a segurança física e química, 
levando em consideração que alguns custos são difíceis de se quantificar e não 
podem ser inseridos aos estudos econômicos e financeiros. (MAC, 2017). 
 
Operacionalização dos Planos de Ação de Emergência 
O Plano de Ação de Emergência para Barragens de Rejeitos é um documento técnico 
que deve ser de fácil entendimento, criado pela empresa proprietária do 
empreendimento, nele estão presentes as ações a serem tomadas, quais órgão e 
autoridades devem ser notificados em caso de emergência de rompimento de 
barragem. Seu objetivo é diminuição do risco de perdas de vidas em caso de 
acidente. (IBRAM, 2019). 
 
 
 
 
Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 13, nº 24, maio de 2020 31 
 
 
Este documento deve conter as atividades e treinamentos a serem executados para 
garantir que todos os envolvidos estejam de prontidão em caso de emergência, 
incluindo os seguintes aspectos: 
 
• Conhecimento das zonas de salvamento e de riscos existentes na parte de 
baixo da barragem (a jusante). 
• Treinamento interno dos integrantes – Plano de Ação de Emergência para 
Barragem de rejeitos. 
• Realização de simulações junto a população e suporte as prefeituras e órgão 
de defesa social. (BRASIL, 2017). 
 
Os treinamentos internos e simulações externas geram uma interação com a 
comunidade, trazendo mais transparência, segurança e garantem que a população 
estará pronta para um estado de emergência, também possibilitam melhorias nos 
planos existentes. (IBRAM, 2019). 
 
 
Considerações Finais 
Este estudo teve como objetivo principal abordar os requisitos necessários para 
garantir a segurança de barragens de contenção rejeitos. Após análise de algumas 
fontes, chegou-se à conclusão de que, a realização de boas práticas tais como as 
citadas neste presente trabalho, garantem a segurança, o devido funcionamento da 
barragem, o funcionamento da mina, a economia local, empregos, sustento de 
milhares de famílias que hoje dependem desta atividade e preservação do meio 
ambiente. 
 
A barragem de rejeitos é uma estrutura que requer fiscalização, monitoramento e 
adequada gerência em relação ao atendimento aos requisitos específicos de 
segurança, abordados neste trabalho. Além de um evidente conhecimento 
multidisciplinar considerando a interação de diversas áreas de conhecimento, desde as 
áreas de geociências, de engenharia e de planejamento. Sendo fundamental para a 
eficiência do gerenciamento de riscos, a realização de um plano de ação de 
emergência, realizando-se treinamentos e simulações visando reduzir os impactos 
ambientais e, principalmente, evitando as perdas de vidas. 
 
Recomenda-se como trabalhos futuros, o estudo aprofundado da aplicabilidade dessas 
práticas em barragens que estão em funcionamento no Brasil. 
 
 
Study of the Requirements Required for Safety 
in a Tailings Dam 
 
ABSTRACT 
The present work deals with a study that aimed to analyze the main requirements 
necessary for safety in a tailings dam. To this end, it was intended, based on the 
experience of a technically oriented visit to a dam, to verify whether the 
recommendations and requirements of the relevant legislation were met. The analyzes 
performed can contribute to ensuring safety and reducing the risk and potential 
damage of a tailings dam. The work was developed in two steps. In the first stage, a 
 
 
 
Revista Tecer - Belo Horizonte – vol. 13, nº 24, maio de 2020 32 
 
 
bibliographic research related to the theme in question was carried out and in the 
second stage, a survey was made in a dam located in the state of Minas Gerais / BR. 
In conclusion, the enormous importance of obeying the rules and best practices to be 
used in a tailings dam. 
 
Keywords: Security; Tailings dam; Legislation. 
 
Referências 
 
AMANN, K., Entendendo a liquefação na barragem de rejeitos de brumadinho. 2019. 
Disponível em: http://www.kurtamann.com.br/blog/2019/02/04/entendendo-a-
liquefacao-na-barragem-de-rejeitos-de-brumadinho/. Acesso em: 28 set. 2019. 
 
BBC NEW, Brumadinho: As fotos de antes e depois do rompimento. 2019. Disponível 
em: 
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47004305. Acesso em: 28 set. 2019. 
 
BRASIL. Lei nº. 12.334, de 20 de setembro de 2010. Subchefia para Assuntos Jurídicos. 
Estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens destinadas à acumulação 
de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à 
acumulação de resíduosindustriais, cria o Sistema Nacional de Informações sobre 
Segurança de Barragens e altera a redação do art. 35 da Lei nº 9.433, de 8 janeiro 
de 1997, e do art. 4º da Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12334.htm. Acesso em: 
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BRASIL. Portaria DNPM nº 416, de 03 de setembro de 2012. Disponível em: 
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Segurança de Barragens de Rejeitos. Belo Horizonte 
 
CARDOZO, Fernando Alves Cantini; RUVER, Cesar Alberto; GEHLING, Wai Ying Yuk. 
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Recebido em: 13/11/2019 
Aprovado em 17/07/2020

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