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Unidade I- passado, presente e futuro

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Prévia do material em texto

Cartografia Temática
 Cartografia Temática: passado, presente e futuro
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Carlos Eduardo Martins
Revisão Textual:
Profa. Esp. Natalia Mendonça Conti
5
• Introdução
• O desenvolvimento da Cartografia Temática a partir 
do Sistema Colonial
Convido-o para dar início aos estudos da Cartografia Temática.
Neste conteúdo trataremos da curta, mas importante história da 
Cartografia Temática por meio da qual será possível a você perceber 
a significância dos assuntos tratados por ela na atividade profissional 
do professor de Geografia.
Cartografia Temática: passado, 
presente e futuro
Neste módulo em que trataremos da construção da Cartografia Temática você terá acesso a 
diversos recursos.
Não deixe de baixar o arquivo em PDF do material teórico. Assim você poderá ter acesso às nossas 
discussões onde quer que esteja.
Veja o mapa mental que sintetiza a estrutura do assunto tratado neste módulo.
Fique atento aos prazos das atividades que serão colocados no ar.
Recorra sempre que possível às videoaulas e ao PowerPoint narrado para tirar eventuais dúvidas 
sobre o conteúdo textual.
Participe do fórum de discussão proposto para o tema.
No seu tempo livre, procure pesquisar as fontes do material complementar.
Além disto, procure pesquisar o máximo que puder sobre o tema Cartografia Temática. Há inúmeros 
conteúdos na internet que são bastante úteis para o seu estudo e para a sua formação profissional.
• A Geografia Sistemática de Humboldt e a ascensão 
da Cartografia Temática
• O pragmatismo lógico aplicado à Cartografia 
Temática
• A Cartografia Temática automatizada
• Cartografia Analógica X Cartografia Automatizada
6
Unidade: Cartografia Temática: passado, presente e futuro
Contextualização
Senso de observação
Poderá parecer curioso o que vou escrever às vésperas dos 500 anos do Descobrimento: nós 
ainda não descobrimos o Brasil! Os portugueses talvez, mas nós ainda não. Sílvio Romero, já 
em 1880, identificava como o grande problema brasileiro a “imitação do estrangeiro na vida 
intelectual”. Manoel Bonfim, anos depois, apontava nossa “falta de observação”. Gilberto Freyre 
em Casa Grande & Senzala nos definia pela “aptidão para imitar”. Sérgio Buarque de Holanda 
em Raízes do Brasil sentenciava que somos “desterrados em nossa terra” por trazermos de 
outros países nossas formas de vida.
Copiamos coisas prontas, traduzimos tudo, preferimos citar a pensar, ridicularizamos inclusive 
os observadores genuinamente brasileiros. Preferimos acreditar em Marx, Gransci, Anthony 
Giddens, Keynes, todos pensadores estrangeiros. Inteligentes no Brasil são os eruditos da cultura 
alheia. Vejam, por exemplo, o mapa do Brasil. Nenhum observador genuinamente brasileiro 
teria feito nosso mapa como todo leitor está acostumado a ver. Os mapas de antigamente 
apontavam para o Oriente, onde nasce o Sol. As caravanas acordavam, apontavam o mapa na 
direção do Sol, e traçava-se o caminho. Expressões como “orientar se”, “desorientado” vieram 
dessa época. Quando os portugueses começaram a navegar de noite, perceberam rapidamente 
que o Sol não era um ponto de orientação útil, e os mapas começaram a usar a estrela Polar do 
Norte como ponto de referência.
Os mapas europeus são inúteis no Hemisfério Sul, pois não é possível localizar daqui a 
estrela Polar. Nosso ponto de referência é o Cruzeiro do Sul. A partir dessa premissa, imagine 
um mapa-múndi onde o Brasil esteja no centro, para isso o Sul tem que ser o ponto cardeal de 
referência, ou seja, deve estar “virado para cima”.
Google Earth
7
Não é um mapa simplesmente diferente, é um mapa coerente com a realidade brasileira. 
Parece estar de “cabeça para baixo”, mas na realidade são os mapas atuais que estão de “ponta 
cabeça”. Se o leitor ainda está achando o mapa estranho, é porque está usando padrões 
cartográficos europeus para enxergar o próprio país. O que pode parecer um detalhe cartográfico 
é, na realidade, o começo do enorme erro destes 500 anos.
Ainda não criamos nossos próprios pontos de referência, nossas balizas, nossos pontos de 
apoio. Por isso, não temos ainda o conceito de nação, de cidadania, justamente pelo fato de não 
observarmos o Brasil com nossos próprios olhos. Nossa autoestima é baixa, somos inseguros, 
sentimo-nos confusos, perdidos no mundo globalizado. Estamos literalmente “desnorteados”. 
Colocar o Brasil no centro do mapa tampouco é um ato de ufanismo (otimismo nacionalista) 
da minha parte ou uma crença de que o Brasil está no centro do universo. Qualquer indivíduo 
que olhe 360 graus em sua volta fatalmente construirá um mapa com sua cidade ou ponto de 
observação no centro, algo que nunca fizemos.
O conhecimento humano nada mais é do que mapas simplificados que criamos para auxiliar 
nosso caminho. O sucesso recai justamente naqueles que fazem os melhores mapas. Damos 
pouco valor aos pesquisadores brasileiros, temos frases do tipo “santo de casa não faz milagres”, 
“ninguém é profeta em sua terra”. Vamos começar uma vida nova, de início virando esses nossos 
mapas para “cima”, para o Cruzeiro do Sul. Vamos criar nossos referenciais, nossos pontos 
de apoio, nossas formas de ver o mundo. Essa é a única forma de criar uma nação. Vamos 
finalmente descobrir o Brasil, mas desta vez com nossos próprios olhos.
8
Unidade: Cartografia Temática: passado, presente e futuro
Introdução
A necessidade humana de representar o conhecimento a respeito do mundo a partir da 
linguagem gráfica é bastante antiga e independe da cultura e da localização, ou seja, todas as 
sociedades dispõem de algum tipo de mapa do território e dos objetos que o compõe, ao qual 
a sociedade está de uma forma ou de outra ligada.
As formas de registro e os materiais utilizados para tal são bastante relativos e dependem 
bastante da disponibilidade de recursos existentes, bem como das formas de apropriação deles 
que a sociedade desenvolve. Assim, teremos registros cartográficos em madeira, cerâmica, 
rochas, metais, fibras e até em tecidos.
Os mapas são a representação territorial de objetos contidos nas mais diversas formas de 
cultura. Na literatura ficcional, os mapas indicam o caminho para um mundo mágico, para a 
felicidade e para a originalidade perdida da humanidade. 
Nos documentos oficiais, os mapas representam os poderes. Qual é o território do grupo A, 
B e C? Essa pergunta é mais facilmente respondida com o uso de um mapa. Como nem todas 
as sociedades dispõe de linguagem escrita, muitas vezes esse mapa é um discurso oral que é 
compartilhado entre os agrupamentos humanos de uma região, mas que, devido a uma série de 
fatores de ordem social, muitas vezes é transgredido por um dos lados gerando conflitos entre 
esses mesmos agrupamentos.
Os mapas não são garantias de estabilidade política entre os povos ou indivíduos, mas eles 
legitimam, de certa forma, a posse do território, descrevem as formas do terreno, os recursos 
disponíveis nele e até as perspectivas ou projetos que a própria sociedade tem em relação a 
todas estas informações. Isso pode ter mais ou menos eficácia dependendo de quem produza 
o mapa e se este tem algum padrão normativo aceito como válido. Por estes e outros motivos 
a Cartografia é um ramo do conhecimento dos mais importantes que a humanidade dispõe.
Todos os caminhos levam a Roma
Na cartografia da antiguidade, por exemplo, os mapas já tinham a finalidade de representar 
as áreas de exercício do poder central de uma sociedade sobre o território. A chamada Tabula 
Peltingeriana (Figura 1) é um exemplo desta afirmação.
A Figura 1 é um recorte de um roteiro das estradas imperiais do mundo romano, que cobre 
uma área que vai desde aproximadamente o sudeste da Inglaterra até o que hoje chamamos 
de Sri-Lanka. A reprodução mais antiga que se encontra em Viena, foi reeditada na cidade 
de Colmar (França) por um sacerdote cristão em 1265 que teria acrescentado alguns nomes 
bíblicos e omitido detalhes da fonte original. Este teria sido encontradopelo poeta alemão 
Konrad Celtes (1459-1508) e em 1508 foi entregue a Konrad Peltinger (1465-1547), que passou 
a estudá-lo e debatê-lo, em Augsburg. 
9
Figura 1. Tabula Peltingeriana ou Itinerário Romano
A partir do século XVI esse documento passou a ser conhecido como Tabula Peltingeriana 
ou Itinerário Romano. Após uma publicação restrita, em 1598, Abraham Ortelius publicou oito 
das doze seções da versão de Peltinger, em Antuerpia, como parte da sua obra Theatri Orbis 
Terrarum Parergon, considerado o primeiro atlas da história da Cartografia.
Acredita-se, pois boa parte do material original nunca foi encontrada, que o mapa inteiro 
era um pergaminho que, originalmente, media 22 metros de comprimento e 1,75 centímetros 
de largura e foi confeccionado entre um e 250 d.C. e que teria sido inspirado no mapa do 
mundo de Agrippa (350 a. C.). 
A Tabula Peltingeriana não tem a pretensão de representar as proporções e nem as formas 
continentais precisas das conquistas romanas, pelo contrário, é um mapa de rotas ou itinerários 
com o delineamento dos caminhos alongados longitudinalmente entre as cidades centrais 
romanas, no caso, Roma, Constantinopla, Alexandria e Antioquia e os postos conquistados. Ao 
longo das rotas é possível observar o posicionamento de fontes d’água, locais de peregrinação, 
cadeias montanhosas, cidades menores, florestas e outros elementos que tinham alguma 
importância estratégica como a posição das tribos “bárbaras” em relação à fronteira do império, 
pois, as tabulas tinham objetivos claramente militares e comerciais.
Estes objetivos independiam de maiores preocupações técnicas e artísticas. Percebe-se que 
não há a aplicação de técnicas de projeções, escalas e nem de perspectivas visto que os caminhos 
estão representados verticalmente e os objetos estão em ângulo horizontal ou até oblíquo em 
relação ao observador.
A partir dessa discussão podemos deduzir que a representação gráfica da espacialidade dos 
objetos, a sociedade demonstra não apenas a sua necessidade de saber o que são, mas destacar 
onde estão e por quais meios e vias é possível chegar a eles. E foi justamente esta necessidade 
que impulsionou o desenvolvimento da Cartografia Temática.
Fonte: Wikimedia Commons
10
Unidade: Cartografia Temática: passado, presente e futuro
O desenvolvimento da Cartografia Temática a partir do 
Sistema Colonial
Da antiguidade aos dias atuais, a Cartografia Temática desenvolveu-se no sentido de 
aperfeiçoar, a todo e qualquer custo, a informação voltada, principalmente, aos interesses 
dominantes a cada novo contexto. Em boa parte dos casos, os mapas justificavam tomadas 
de decisão no sentido da dominação ou proporcionavam reverter situações de dominação já 
existentes. Neste sentido a Cartografia Temática pode ser entendida como o conhecimento dos 
recursos existentes em território alheio em benefício dos interesses de quem os cobiçavam, além 
daqueles disponíveis em seu próprio território. Os chamados mapas políticos são bons exemplos 
para entendermos esse papel da Cartografia Temática.
Esses mapas, apesar dos títulos abrangentes, são relativos à estrutura política vigente, ou 
seja, expressam as fronteiras definidas pelas classes dominantes. Os mapas políticos omitem 
as territorialidades dos micropoderes e principalmente daqueles poderes anteriores ao 
estabelecimento de uma dominância socioeconômica e cultural sobre outras.
A Figura 2 dá a dimensão que o problema pode alcançar. Ele representa a sobreposição 
das fronteiras internacionais entre o Brasil e a Venezuela, originadas a partir da colonização 
portuguesa e espanhola, respectivamente.
Figura 2. Sobreposição entre as fronteiras coloniais e da ocupação Yanomami. proyanomami.org.br
Fonte: proyanomami.org.br
Se analisarmos as fronteiras dos dois países considerando apenas as estruturas políticas de 
origem colonial deixamos de lado o fato de elas terem se superposto à territorialidade dos povos 
que já habitavam a região, como é o caso da sociedade Yanomami. Os yanomamis ocupam terras 
que estão abrangidas tanto pelo Brasil quanto pela Venezuela, ou seja, seu território foi apropriado 
pela sociedade de origem colonial e os mapas políticos expressam apenas esta ocupação.
11
A Figura 3 representa o Mapa Das Américas de Nicholas Janzoon Visscher, de 1658. Este 
mapa pode ser considerado uma das primeiras representações preocupadas com as repartições 
políticas voltadas aos interesses europeus da História da Cartografia.
Figura 3. Mapa Das Américas de Nicholas Janzoon Visscher, de 1658. Wikimedia Commons
Fonte: Wikimedia Commons
Trata-se de uma cartografia resultante de técnicas de geometria já bastante avançadas e do 
emprego de diversos instrumentos de medição e obtenção de parâmetros astronômicos que 
conferiam aos mapas uma precisão cada vez maior.
O mapa de Visscher estabelece a regionalização colonial já em um estágio bastante avançado 
de conquistas, mas traz uma série de informações geográficas ainda pouco compreendidas. 
Além e contornos distorcidos em relação aos mapas mais modernos, esta representação mostra 
a atual Península da Califórnia como uma ilha.
A ideia de que a Califórnia era uma ilha perdurou por muitos anos antes de o seu 
mapeamento correto, efetuado apenas após as excursões por terra do missionário jesuíta 
Eusebio Kino, por volta de 1705.
Entre outras lacunas apresentadas por Visscher, pode-se notar a ausência dos limites ocidentais 
dos Grandes Lagos, representados por um único corpo d’água aberto para o oeste. Na porção 
meridional do continente, é possível observar que os contornos imprecisos já delineiam a 
expansão concreta da colonização portuguesa para além do Meridiano de Tordesilhas, mas 
esse detalhe contrasta com a localização do Lago Parima e de outros lagos como sendo os 
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Unidade: Cartografia Temática: passado, presente e futuro
mananciais dos grandes rios. Esta crença somente foi desfeita a partir das explorações navais às 
cabeceiras dessas grandes bacias empreendidas entre os séculos XIX e XX. 
A cidade mítica de Manoa, ou o El Dorado, posicionada às margens do Lago Parima, 
alimentava as empreitadas exploratórias ao interior da Amazônia e justificava as grandes somas 
de recursos financeiros empregadas nas entradas colonizadoras e civilizatórias. 
Como se pode notar, além das limitações devidas ao caráter empírico ou opção ideológica 
que os mapas detêm e que fazem deles recortes espaciais do mundo concreto, a temporalidade 
dos temas que eles retratam, também deve ser cuidadosamente analisada, pois a dinâmica que 
a sociedade imprime ao território exige que os mapas sejam vistos sempre associados a um 
contexto e que, portanto, ele também seja analisado sob um recorte temporal.
A Geografia Sistemática de Humboldt e a ascensão da
Cartografia Temática
Alexander Von Humboldt teve grande relevância para a evolução da Cartografia 
Temática. Seu trabalho é visto como o grande marco de renovação metodológica da 
Geografia como ciência acadêmica e como ferramenta de legitimação da conquista, por 
meio do conhecimento, do novo mundo. Essa renovação teve a ver com a incorporação 
dos princípios positivistas inaugurados por Comte nos quais, entre tantos objetivos, está o 
de superar os limites impostos até então pelo mero descritivismo que marcava a ciência de 
modo geral e alcançar o conhecimento verdadeiro. 
Para Humboldt, a tarefa da Geografia era buscar as leis causais que promovem 
a diferenciação entre os lugares e entre estes e a totalidade do mundo, ou o Cosmos. 
Humboldt vai se utilizar metodologicamente de estratégias oriundas na mecânica elaborada 
pela zoologia e botânica para explicar a estrutura da vida, para criar seu modelo de espaço 
geográfico e, assim, revelar, segundo ele, as leis reguladoras do sistema do mundo, ou, a 
ordem da natureza. 
A lógica empírico-indutiva adotada por Humboldt é a da observação comparativa dos 
lugares sempre aos pares, da análise dos elementos que compõem esses lugares para, após 
recorrer aexperimentos físicos, químicos e bióticos, deduzir leis gerais, definindo as regras para 
a determinação das paisagens naturais homogêneas e, por fim, o resultado da análise deveria 
ser representado em um mapa temático de escala o mais abrangente possível, que pudesse 
definir, sem sombra de dúvidas a fisionomia da paisagem. 
O conceito de paisagem de Humboldt equivale à ideia de uma região estabelecida com 
base em uma fisionomia natural peculiar que determina as características sociais, ou seja, os 
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limites espaciais deveriam ser determinados segundo o conjunto de elementos constituintes das 
paisagens naturais participantes da vida cotidiana das sociedades relacionadas a eles.
Os estudos sobre a geografia física da Terra no tempo de Humboldt passavam pela turbulenta 
mudança da visão netunista-catastrofista de Werner sobre a natureza do mundo físico, para 
o princípio uniformitarista-atualista de Hutton e Lyell, muito embora um e outro apareçam 
entrelaçados nos discursos da época, dada a falta de maturidade e a fragilidade das provas 
materiais que sustentam essas mudanças paradigmáticas. Dessa forma os conceitos de Hutton 
(1795) sobre os processos geológicos elaborados no plano de uma temporalidade profunda, 
influenciam Humboldt de maneira decisiva nas suas observações de campo. Pesa o fato de 
que até o tempo de Humboldt a percepção que prevalece é a da não-processualidade e que no 
plano da divindade qualquer fenômeno da natureza havia sido criado de maneira episódica e no 
mesmo estado em que se encontravam no contexto analisado. Qualquer evidência de dinamismo 
era, no máximo, encarada como fruto do acaso ou acidental.
Em sua longa jornada de cinco anos (1799 a 1804) pelo continente americano, Humboldt 
dedicou tempo suficiente para realizar diversos experimentos e observações comparativas e 
inúmeros mapas temáticos como, por exemplo, a Carte du Mexique (Figura 4), publicada em 1811.
Figura 4. Carte de Mexique. A. Von Humboldt, 1811
Fonte: Wikimedia Commons
A partir de Humboldt, a Cartografia Temática ganha um impulso tremendo visto que as 
expedições de caráter exploratório passaram a ter, via de regra, os produtos cartográficos 
como resultados práticos. Esses resultados passaram a ser cada vez mais delineadores de uma 
linguagem específica da Geografia acadêmico-científica e de grande popularidade tendo em 
vista a ascensão das sociedades geográficas nacionais.
Além disso, o método de Humboldt de observar os fenômenos naturais e colher parâmetros 
a partir de instrumentos de medição para daí confeccionar as cartas temáticas, foi adotado em 
14
Unidade: Cartografia Temática: passado, presente e futuro
larga escala e passaram a ser utilizados nas publicações de Geografia e Ciências da Terra. Como 
exemplo, A Figura 5 representa as faixas climáticas deduzidas a partir de dados colhidos por 
Humboldt, em medições repetitivas e da observação dos cultivos.
Figura 5. Carta Isotermal inspirada nos dados de Humboldt (sem data)
Fonte: Wikimedia Commons
O pragmatismo lógico aplicado à Cartografia Temática
O século XX é marcado por grandes reformas nas bases teóricas das ciências. O positivismo 
lógico ascendera ao status de paradigma metodológico em paralelo ao desenvolvimento das 
tecnologias decorrentes das guerras mundiais e da guerra fria, tendo sido mais evidente nas 
áreas aeroespaciais, eletrônicas e mecânicas.
Tal convergência de avanços foi incorporada à produção de mapas, principalmente na 
obtenção de dados e informações por meio de aerofotos e imagens de satélites.
15
As aerofotos são recursos analógicos por meio da restituição, os mapas adquiriram a terceira 
dimensão com a representação das altitudes. As figuras 6a, 6b e 6c mostram o processo 
de transformação da aerofoto em mapa topográfico. Note que as formas do terreno foram 
codificadas e adaptadas à representação gráfica para leitura visual.
Figura 6. Confecção de carta altimétrica a partir de imageamento de satélite. U.S. Geological Survey
Fonte: U.S. Geological Survey
A melhora na qualidade dos produtos cartográficos foi alcançada com o advento da 
computação e atualmente das ferramentas de geoprocessamento, uma ampla gama de 
recursos que envolvem a coleta de dados e informações empíricas, os softwares, hardwares 
e a tecnologia aeroespacial, principalmente o Global Positioning System - GPS, ou, Sistema 
de Posicionamento Global. Esse conjunto de recursos materiais permite gerar mapas muito 
mais precisos e mais ágeis do ponto de vista da atualização, correção e inserção de dados 
e informações geográficas.
A coloração artificial das imagens de satélite se deve à qualidade de radiação que cada 
sensor do satélite é capaz de processar em relação à reflexão dos objetos na Terra. Ao combinar 
as cores resultantes da porção ou banda espectral que cada objeto na superfície reflete, é 
possível reconstruir cores artificialmente e atribuí-las às imagens tornando-as “coloridas” ou 
multiespectrais. A Figura 7 representa a junção de três bandas e o resultado obtido. Dependendo 
da capacidade de resolução dos sensores é possível trabalhar com inúmeras bandas aumentando 
significativamente a qualidade do produto.
Figura 7. Bandas espectrais e produto de imageamento multiespectral. MundoGEO
Fonte: MundoGEO
As figuras 8a e 8b são a combinação de técnicas de geoprocessamento aplicados 
à produção de mapas baseados em imageamento de satélite com a coloração artificial. 
Note que as figuras concretas são convertidas em linhas, pontos e polígonos, ou seja, são 
codificadas, na nova imagem. 
16
Unidade: Cartografia Temática: passado, presente e futuro
A partir da conversão dos aspectos geográficos analógicos em digitais é possível associar um 
banco de dados e informações a estas informações espaciais acelerando diversos processos 
de análise, necessários às demandas atuais às quais a Cartografia Temática atende, dentre 
elas os estudos ambientais.
Figura 8a e 8b. Produto cartográfico digital a partir de combinação de técnicas de geoprocessamento
Fonte: Digital Globe/Cnes-Astrium/Google Earth
Na atualidade, as cartas temáticas têm tido grande importância para a gestão do espaço 
urbano e regional de forma geral. Da mesma forma os estudos ambientais levados a efeito para 
subsidiar a tomada de decisão quanto à aprovação ou não de empreendimentos que façam uso 
de recursos ambientais ou mesmo que sejam comprovadamente impactantes ao meio ambiente, 
são abundantemente constituídos de mapas temáticos. Isto porque a Cartografia Temática é um 
recurso de grande eficiência na visualização, correlação e síntese do espaço geográfico.
Por meio da Cartografia Temática, os estudos ambientais tornam-se mais próximos da realidade 
concreta, pois permitem a correlação de temas, muitas vezes vistos como incomensuravelmente 
dissociados e incompatíveis.
É por meio da análise combinada de temas como a Geologia, a Geomorfologia, a Pedologia e a 
Declividade do terreno, combinados com o uso e a ocupação do solo pelas atividades humanas, 
é que se torna possível gerar produtos como as cartas de Fragilidade e ou de Vulnerabilidade do 
terreno. Parâmetros estes são em larga medida utilizados internacionalmente no planejamento 
urbano e regional, para definir ou redefinir os usos que se fazem do solo no sentido de melhorar 
a vida das pessoas e da própria natureza, através de uma relação entre as necessidades da 
sociedade e os processos naturais, mais harmônica e duradoura.
17
A Cartografia Temática Automatizada
O produto gráfico de um SIG resulta da superposição de níveis de informações que 
ocupam um mesmo espaço. A cartografia automatizada não passa de uma caneta sofisticada. 
A automatização da cartografia passa pela incorporação de técnicas da informatização 
computacional tanto das redes de coordenadas geográficas anteriormente analógicas, quanto 
da transformação dos dados e informações que antes eram tratados de maneira monográfica 
ou dissertativa, em uma planilha ou tabela relacional. 
Os aplicativosconhecidos como Sistema de Informação Geográfica – SIG são responsáveis 
pela ligação entre os bancos de dados e informações transformados em tabelas relacionais e as 
redes de coordenadas geográficas. 
As primeiras aplicações dos sistemas de informações geográficas ocorreram na década de 
1950 e buscavam soluções para problemas de gerenciamento de dados espaciais referenciados, 
na maioria das vezes relacionados com o uso da terra, recursos naturais e análises ambientais.
No final da década de 1960, o governo canadense implantou o Canadian Geographic 
Information System - CGIS, composto por informações a respeito do uso da terra, florestais, 
agrícolas, vida silvestre, divisões censitárias, agricultura e aptidões de recreação. Esta iniciativa 
permitiu ao Canadá, de forma pioneira, desenvolver análises baseadas em mapas de alta 
resolução, considerando diversos aspectos de seus recursos naturais e condições socioeconômicas.
Durante as décadas de 1950 e 1970 muitas universidades e institutos de pesquisa interessaram-
se pelos sistemas de informações geográficas e deram contribuições valiosas para a evolução desta 
área de conhecimento multidisciplinar. O Massachusetts Institute of Technology – MIT, desenvolveu a 
tecnologia computer-aided drafting. A mesa digitalizadora foi desenvolvida na Inglaterra no final da 
década de 1950 e disponibilizada comercialmente, juntamente com plotters, no início dos anos 1960.
O progresso mais marcante dos sistemas de informações geográficas iniciou-se na década de 
1970 e continua até os dias de hoje. Na década de 1980 e início da década de 1990 a tecnologia 
difundiu-se e estabeleceu-se definitivamente, graças à evolução e queda dos custos, dos 
equipamentos de informática, das linguagens de computação e de áreas tais como sensoriamento 
remoto e processamento de imagens.
A estrutura do SIG (Figura 9) pode ser entendida então como um conjunto de camadas de 
dados e informações sobre a porção de superfície ou espaço geográfico que se queira gerenciar, 
armazenados em um Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados – SGBD, associado a uma 
rede de coordenadas conhecida e que podem ser arranjados na medida da necessidade, e que 
se combinados de forma integrada podem responder a questões a respeito da posição, rota e 
tempo de deslocamento com muito mais eficiência que uma análise de mapas analógicos faria.
18
Unidade: Cartografia Temática: passado, presente e futuro
Figura 9. Estrutura de um SIG
Fonte: Secretaria do Planejamento/Prefeitura SP
Cartografia Analógica X Cartografia Automatizada
Os mapas analógicos são a evolução de representações primitivas de porções da superfície 
terrestre, e constituem o meio mais comum para combinar e apresentar informações geográficas, 
geralmente separadas por temas. Os temas contidos nos mapas são codificados em formas 
geométricas espaciais simbólicas como os pontos, as linhas e os polígonos, posicionados 
segundo sistemas de coordenadas conhecidos.
A demanda por mapas temáticos analógicos é enorme, tendo em vista atender às demandas 
da sociedade moderna. Implantar e ler informações geográficas em mapas temáticos não é tarefa 
das mais complexas, principalmente se se trata de uma área limitada da superfície da Terra.
A dificuldade aumenta quando se necessita aumentar a área de abrangência da informação 
e/ou, se deseja considerar as interações entre os temas presentes na realidade e impossíveis de 
se relacionarem uns aos outros nos mapas analógicos. É aí que a Cartografia Automatizada 
torna-se mais vantajosa.
Outro inconveniente associado aos mapas analógicos é a dificuldade quanto à atualização 
dos dados e informações constantes neles. O fato de a cartografia analógica ser impressa torna 
o processo lento, caro e trabalhoso tendo em vista a necessidade de sincronização das novas 
informações em relação às já existentes e ainda válidas.
Comparativamente, a Cartografia Automatizada se releva muito mais eficiente quanto à 
concepção, armazenamento, apresentação, manutenção e consulta de dados espaciais e reduzindo 
custos, esforços e tempo envolvidos nestes processos, principalmente quando a quantidade de dados 
é grande. Disto resulta que, na medida do possível, os sistemas de informações geográficas analógicos 
tendam a serem substituídos por sistemas de informações geográficas automatizados, ou SIGs.
19
Aplicações mais usuais
Aplicações Socioeconômicas:
 · Uso da terra, que incluem cadastros rurais, agroindústria e irrigação;
 · Ocupação antrópica, composta por cadastros urbanos, cadastros regionais, sistemas de 
serviços de utilidade pública; 
 · Atividades econômicas, que envolvem marketing e indústrias.
As fontes mais comuns dos dados usados em aplicações socioeconômicas são os censos, 
mapas e as aerofotos.
Aplicações Ambientais:
 · Ecossistemas, sistemas climáticos, gerenciamento florestal, áreas degradadas; 
 · Uso de recursos naturais, tais como: extrativismo vegetal, mineral, energia, recursos 
hídricos e oceânicos.
Os dados usados em aplicações ambientais são provenientes de sensoriamento remoto, tais 
como imagens de satélites ou de radar, comparadas com amostras de campo.
20
Unidade: Cartografia Temática: passado, presente e futuro
 
 Explore
Artigos
O atlas do Estado de São Paulo: uma reflexão metodológica. Marcello Martinelli.
http://confins.revues.org/6166 
Geoprocessamento - Introdução
http://www.dpi.inpe.br/gilberto/tutoriais/gis_ambiente/1introd.pdf
Bancos de dados digitais
GEOBANK – Página do CPRM que disponibiliza mapas físicos do Brasil inteiro em escala 
1:1.000.000 para visualização no Google Earth.
http://geobank.sa.cprm.gov.br/ 
Loja do IBGE – Página do IBGE onde você pode adquirir todas as informações estatísticas e ge-
ocientíficas produzidas pelo IBGE de forma prática e rápida. Os downloads das versões digitais 
são gratuitos, mas é sempre bom confirmar antes de baixar.
http://loja.ibge.gov.br/cartas-mapas-e-cartogramas/mapeamento-topografico.html 
IBGE downloads – Página do IBGE que reúne os arquivos para download de todas as áreas do 
IBGE.
http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm 
IBGE Biblioteca – Revista Brasileira de Geografia – Nesta página você vai encontrar a coleção 
completa da RBG desde 1939. Trata-se de um excelente material de pesquisa com inúmeros 
artigos de ícones da nossa área.
http://biblioteca.ibge.gov.br/d_detalhes.php?id=7115 
IBGE Biblioteca – Boletim de Geografia – Esta publicação do IBGE ocorreu de 1943 a 1978 
e reúne artigos de grande relevância para a Geografia configurando-se material de pesquisa 
essencial.
http://biblioteca.ibge.gov.br/d_detalhes.php?id=719
Material Complementar
http://confins.revues.org/6166
http://www.dpi.inpe.br/gilberto/tutoriais/gis_ambiente/1introd.pdf
http://geobank.sa.cprm.gov.br/
http://loja.ibge.gov.br/cartas-mapas-e-cartogramas/mapeamento-topografico.html
http://downloads.ibge.gov.br/downloads_geociencias.htm
http://biblioteca.ibge.gov.br/d_detalhes.php?id=7115
http://biblioteca.ibge.gov.br/d_detalhes.php?id=719
21
ALMEIDA, Rosângela Doin de (org.) Cartografia escolar. Ed. Contexto.
ALMEIDA, Rosangela Doin de. Novos rumos da cartografia escolar currículo linguagem 
e tecnologia.
ALMEIDA, Rosângela Doin de. Do desenho ao mapa iniciação cartográfica na escola. 
5. ed. Contexto.
BESALU, Miquel J. Pavon diccionario de cartografia. Espanha. Editora: Miquel J. Pavón 
Besa. 2012.
FONSECA, Fernanda Padovesi e Oliva, Jaime. Cartografia. Editora: Melhoramentos, 2013.
MARTINELLI, Marcelo. Mapas da Geografia e cartografia temática. 4. ed. revista e 
atualizada. Contexto, 2000.
RUDNICK, Rosane Maria; SOUZA, Sandra Mara Lopes de. O ensino de Geografia e suas 
linguagens. IBPEX, 2010.
Referências e Webgrafia
22
Unidade: Cartografia Temática: passado, presente e futuro
Anotações
www.cruzeirodosulvirtual.com.br
Campus Liberdade
Rua Galvão Bueno, 868
CEP 01506-000
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000
http://www.planalto.gov.br

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