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Unidade III Migrações

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Prévia do material em texto

Geografia 
da População
Migrações
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Profa. Esp. Vera Lídia de Sá Cicarone
5
•	Introdução
•	Migrações Internacionais
•	Migrações Internas no Brasil
•	Os movimentos pendulares
•	Migrações no Brasil: imigrantes e emigrantes
Como na unidade anterior, a leitura do texto teórico e o desenvolvimento das atividades 
são fundamentais para o acompanhamento do conteúdo a ser desenvolvido. Para que os 
exemplos e discussões teóricas fiquem mais claros, é necessário ler os textos complementares 
e assistir aos vídeos sugeridos, auxiliam na compreensão das diversas situações das migrações 
internas no Brasil bem como das migrações internacionais. 
É fundamental compreender os processos históricos e espaciais que levam alguém a migrar, 
as situações e contextos no Brasil e no mundo que mobilizam as pessoas a migrarem.
No caso das migrações internacionais, procure olhar em mapas os caminhos e “corredores” 
de migrações existentes e que estão citados no texto. Assim também baixe, do site do IBGE 
(indicado como material complementar), a publicação “Brasil: 500 anos de povoamento”, 
que tem vários capítulos sobre antigas migrações no Brasil.
 · Nesta unidade discutiremos as concepções referentes aos 
processos de migração no Brasil e no mundo mediante teorias 
e estudos geográficos.
Migrações
6
Unidade: Migrações
Contextualização
Leia com atenção este trecho de uma matéria jornalística sobre migrantes no mundo.
Tragédia em Lampedusa obriga Itália debater veto à imigração
Os únicos punidos pelo naufrágio que matou 339 africanos devem ser os imigrantes ilegais que 
sobreviveram
Fernanda Simas. O Estado de São Paulo, 13 de outubro de 2013 | 2h 04
A imigração ilegal africana para países europeus voltou a ser debatida na União Europeia, principalmente 
na Itália, após o naufrágio de uma embarcação em Lampedusa, no dia 3. O barco partiu da Líbia com 
cerca de 500 imigrantes ilegais - 339 morreram. Os dois pontos que voltam a ser discutidos são: a atual 
legislação italiana, que pune os 155 sobreviventes da tragédia - e o auxílio da UE.
O brasileiro Fausto Longo, eleito senador na Itália para representar a América do Sul, contou ao Estado 
que o Senado estava em sessão na hora do naufrágio. A reação foi de “comoção”. Para o senador, a lei 
conhecida como Bossi-Fini, deve ser extinta, o que já é discutido no país. “Essa lei é anti-humanitária, 
afronta a dignidade e faz com que os que se salvaram sejam considerados criminosos.”
A lei foi criada em 2002 e criminaliza a imigração ilegal. Segundo o texto, quem entra ou permanece 
na Itália ilegalmente pode ser punido com multa de 5 mil a 10 mil e quem acolhe imigrantes ilegais 
pode ser condenado a até três anos de prisão. Os traficantes são punidos com prisão de 4 a 12 anos 
e multa de 15 mil.
Para o relator da ONU sobre os direitos humanos dos migrantes, François Crépeau, os imigrantes 
devem ser ajudados, não punidos como os traficantes de pessoas. “Os governos precisam abrir 
muito mais vias para a imigração legal, até porque eles precisam da mão de obra. É preciso reduzir 
o trabalho ilegal e realizar inspeções, não para verificar os papéis da imigração, mas as condições de 
trabalho”, afirma.
O outro problema são as regras sobre refugiados da UE. O pedido de refúgio deve ser feito no 
país onde o imigrante chegou, o que sobrecarrega as regiões fronteiriças, como Itália e Espanha. 
“Você tem uma população presa na Itália sem dinheiro para ir adiante ou voltar. Muitos poderiam 
ir para outros países trabalhar e ter uma condição de vida decente, mas o sistema não permite”, diz 
Crépeau [...]. 
Fonte: Trecho literal extraído da matéria de Fernanda Simas - O Estado de S.Paulo. Disponível em: 
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,tragedia-em-lampedusa-obriga-italia-debater-veto-a-
imigracao,1085123,0.htm
Este texto traz alguns elementos importantes sobre migração no mundo. Quem migra nem 
sempre é bem aceito em outro país; por outro lado, há aqueles que exploram a mão de obra 
de migrantes ilegais. Há também outros casos, como este que torna crime uma migração ilegal. 
Logo, é importante buscar sempre entender o contexto em que ocorrem as migrações, sejam 
nacionais ou internacionais.
7
Introdução
A migração é um fenômeno geográfico que se refere à mobilidade de pessoas no território 
com a finalidade, geralmente, de morar em outro lugar e se diferencia do movimento para a 
atividade turística. Toda migração tem relação com a mobilidade humana no espaço geográfico; 
dentro de um mesmo país ou entre países, todos são migrantes. 
Decorre do nome migrante termos como emigrar e imigrar, que derivam da visão que se tem 
em relação ao migrante. Se, por exemplo, o migrante sair do Brasil, aos que ficaram aqui e para 
o governo brasileiro essa pessoa emigrou. Se ela for morar na Itália, para o governo italiano, 
essa pessoa é o imigrante, já que ela entrou no território italiano e passou a viver na Itália. Ou 
seja, o migrante emigra e imigra. 
Se partirmos do princípio de que o espaço geográfico é humano, social e cultural, em suas 
formas materiais e imateriais, a mudança de território é sempre um impacto para quem migra. 
Em lugares diferentes, há diferenças culturais, socioeconômicas, políticas, espaciais, entre outras, 
que modificam, de alguma forma, a existência do migrante. 
As referências socioculturais do espaço que são elaboradas ao longo da história, nos 
diferentes lugares do mundo e naqueles em que vivemos, confrontam-se com outras referências 
existentes em outros lugares. Isso ocorre tanto em relação à materialidade, como no jeito de se 
vestir, na comida, nas formas de construção, nas referências espaciais etc., quanto nos hábitos, 
nos costumes, nas crenças, nas formas de linguagem, no idioma, na religião, no clima, entre 
outras referências. 
Esses elementos socioculturais do espaço trazem ao morador que nele vive há muito tempo 
certa referência espacial do convívio, das relações sociais e do espaço vivido no cotidiano. O 
migrante vai conhecer novas referências e, ao mesmo tempo, marcar o espaço em que vai viver 
a partir daí. 
A migração pode ser uma possibilidade de vida melhor, que, eventualmente, pode ser 
alcançada, mas que, também, pode se revelar como uma ilusão ou uma vida de solidão para 
alguns migrantes. Essa situação pode acarretar tristeza e, eventualmente, doenças em decorrência 
desse sentimento de não pertencer ao novo lugar em que o migrante passa a morar, conforme 
aponta Jones Dari Goettert (2010) ao tratar dessa questão. Diz o autor:
Assim, o emigrante/imigrante pode estar “absolutamente só” no meio do 
mundo dos outros, mas pode se fazer ainda mais “presente” no mundo da 
própria comunidade/nacionalidade, mesmo que distante. Talvez isso explique 
como signos e símbolos brasileiros, antes pouco significativos para os ainda não 
migrantes, passam a forrar as paredes das casas e dos quartos de brasileiros 
longe do Brasil (GOETTERT, 2010, p. 27). 
Esse exemplo do autor é comum em vários países, sobretudo quando se formam “colônias” 
de imigrantes num determinado bairro ou cidade. Assim há vários exemplos de bairros 
de chineses, judeus, italianos, bolivianos, brasileiros etc., em diferentes países, nos quais 
percebemos a presença do imigrante por meio de algumas mudanças nas formas espaciais 
(tipos de construção etc.), em serviços específicos para tais grupos ou em negócios que foram 
abertos onde tais imigrantes trabalham, entre outras situações. 
8
Unidade: Migrações
No caso das migrações internacionais, sua existência remete-nos ao Estado-Nação, pois o 
sentido de pertencimento, de fazer parte de um país é muito forte. Há vários discursos e outras 
ações que ajudam a criar a “identidade nacional”, ainda que ela seja imaginária ou forjada, 
uma construção ideológica. Há uma percepção interna e externa do que seja aquele povo que 
vive em um determinado país. Há representações espaciais, sociaise culturais sobre os diversos 
povos e seus países. 
Dessa forma, a chegada de um migrante de outro país nem sempre é bem aceita por todos; 
muitas vezes há o sentimento de xenofobia (termo usual para definir esse preconceito contra o 
que vem de fora, o migrante, o imigrante, o estrangeiro). Há casos em que o migrante é acusado 
de concorrer com os moradores locais por vagas de emprego; há também preconceitos raciais 
e culturais de vários tipos. 
Por outro lado, em muitos casos, há a criação, no território, de elementos socioculturais e 
políticos que auxiliam a existência do migrante em outro país, como, por exemplo, embaixadas 
e consulados, como forma de apoio e de representação política, ou até a organização de 
“comunidades” para apoio ao imigrante. Há também bairros ou territórios marcados pela 
migração, caso, por exemplo, do que ocorre com asiáticos e latinos em Los Angeles, ou, ainda, 
de bairros no entorno de Paris, com imigrantes oriundos, principalmente, do Norte da África, 
sobretudo descendentes de árabes das ex-colônias francesas. Outro exemplo é o bairro da 
Liberdade, em São Paulo, onde há atividade comercial com inúmeros restaurantes e lojas cujos 
produtos remetem à ideia de bairro “asiático”, principalmente com a presença de japoneses, 
chineses, coreanos e seus descendentes.
Migrações Internacionais
Os motivos e condições que levam as pessoas a migrarem podem ser os mais variados, entre eles, 
pobreza e busca de uma vida melhor, desesperança, guerras, perseguições religiosas ou políticas, 
desemprego, busca de um emprego mais bem remunerado etc. Nesse sentido, os migrantes são 
mobilizados à mudança tanto por acontecimentos, situações, condições existentes nos lugares em 
que vivem quanto porque há lugares que se tornam mais atrativos num determinado momento. 
Essa decisão pode ser individual, familiar ou de grupos de um mesmo país, mas sempre há 
fatores conjunturais e estruturais que os mobilizam a migrar. Os fatores conjunturais referem-se 
a motivos que podem ocasionar, num determinado momento ou contexto, situações que levem 
as pessoas a migrarem. Pode ser uma guerra civil, por exemplo, como a que recentemente 
(2013) levou muitos sírios a migrarem para outros países, ou, ainda, uma crise econômica que 
leva certos grupos a migrarem para países onde há maior oportunidade de emprego naquele 
momento. Isso, então, é conjuntural, é uma situação do momento, de um período.
Já os fatores estruturais são mais permanentes, caso, por exemplo, de problemas fundiários e 
de disputas territoriais, que levam as pessoas a migrarem tanto dentro de um mesmo país como 
para outros países, em uma migração internacional, ou, ainda, de uma pobreza mais contínua 
ou de fatores políticos de longo tempo. Essas questões conjunturais e estruturais podem, em 
alguns casos, se imbricarem; não são, portanto, excludentes.
9
Segundo estudiosos da migração internacional, os indivíduos muito pobres, geralmente, não 
migram para outros países, pois, neste caso, são necessários recursos financeiros e materiais 
para a viagem e certa organização e apoio que permitam o estabelecimento em outro país. Mas 
isso pode variar, dependendo de alguns fatores, entre eles, a localização, ou seja, se o país para 
onde o migrante se dirige é muito longe ou se faz fronteira com outro mais pobre, ou, ainda, a 
rede de relações que leva as pessoas ou grupos a migrarem. 
Neste atual processo de globalização, criam-se ou complexificam-se as figuras que fazem a 
intermediação entre o migrante e o país de destino. Há muitas migrações irregulares ou ilegais, 
segundo os padrões formais. Por isso, há inúmeras figuras que intermedeiam esse processo, 
promovendo desde o transporte ilegal do migrante até a preparação da documentação falsa, 
entre outras coisas. 
Importante ressaltar que muitos trabalhadores pobres são cooptados por esse mercado ilegal e 
transferem-se, muitas vezes, para países desenvolvidos de forma irregular. Alguns são submetidos 
a condições de trabalho em situação análoga à de escravidão ou a trabalhos temporários e 
degradantes. O próprio processo capitalista apropria-se dessa mão de obra barata ou coloca 
esses migrantes para assumirem uma condição de trabalho que não interessa à população local, 
seja porque esta população tem maior nível de escolaridade e não quer empregos mais pesados 
ou que requeiram menor escolaridade, seja porque esses empregos disponibilizados fazem parte 
da ilegalidade. 
Contudo, é importante ressaltar que quem migra não são apenas os pobres. Há também 
migrantes com maior escolaridade e em condições socioeconômicas de migrar em busca de 
oportunidades dentro dos processos formais de imigração. 
A maioria das pessoas migra, temporária ou permanentemente, em busca de novas 
oportunidades, principalmente para os países desenvolvidos, com a finalidade de obter 
mais dinheiro e ampliar seus horizontes de trabalho e/ou de vida. Com o atual processo de 
globalização econômica, há maior flexibilidade na produção e também na circulação de mão 
de obra, geralmente com precarização do trabalho. 
De acordo com o geógrafo David Harvey, com a acumulação flexível nas formas de produção 
e nas relações de trabalho, cria-se uma rotatividade da força de trabalho, que migra atrás de 
trabalho seja permamente seja temporário. O autor define a “acumulação flexível”:
Ela se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, 
dos produtos e padrões de consumo. Caracterizam-se pelo surgimento de setores 
de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços 
financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas 
de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível 
envolve rápidas mudanças dos padrões de desenvolvimento desigual, tanto 
em setores quanto em regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto 
movimento no emprego no chamado “setor de serviços”, bem como conjuntos 
industriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas 
(HARVEY, 1992, p. 140).
Tal flexibilidade ocorre, por exemplo, por formas de trabalho mais flexíveis, sem muita 
regulamentação, com flexibilização nos contratos de trabalho, com trabalho em horários 
variados, com subcontratações ou com terceirização de mão de obra, ou seja, o empregado 
10
Unidade: Migrações
trabalha em uma empresa, mas é funcionário de outra. A localização das empresas também é 
flexível, pois, nesse contexto, as empresas ou partes delas também migram de um território a 
outro com mais facilidade. 
Assim, há muito trabalho temporário em territórios globalizados, inclusive em países 
subdesenvolvidos, caso do Brasil, por exemplo, ou mesmo em países africanos como Angola. 
Parte desse trabalho requer mão de obra especializada e algumas com nível superior, como 
de engenharia, entre outras. À medida que há necessidade de criação de infraestrutura, por 
exemplo, deslocam-se muitos trabalhadores para esses países, tanto os que representam mão 
de obra menos qualificada como também os que são mais qualificados, para trabalhos técnicos 
e de gerência. 
O capitalismo, atualmente, é muito fluido, conforme os interesses dos setores produtivos e 
da conjuntura do momento. Então, quando há alguma mudança econômica que melhora as 
condições gerais de um determinado território, com a criação de novos empregos, os empregados 
são mobilizados a migrar. Num determinado momento, o foco pode ser uma metrópole do 
Sudeste do Brasil, em outro pode ser uma cidade do Sul da China ou uma região mais remota 
do mundo, devido à criação de infraestrutura, principalmente com grandes obras de sistemas de 
engenharia, tais como hidrelétricas, portos, ferrovias etc. 
Foi o que ocorreu, recentemente, no Catar, onde inúmeros imigrantes do Sul-Sudeste Asiático 
foram trabalhar para construir a infraestrutura para a Copa do Mundo (2022), e, segundo alguns 
jornais, foram vítimas de trabalhos degradantes, em situação análoga à de escravidão, com 
confiscode passaportes etc. Consta que, nos dois últimos anos anteriores a 2014, mais de 380 
trabalhadores já teriam morrido nessas obras.
Assim, tornam-se migrantes temporários, conforme obras de novos empreendimentos, safras 
agrícolas etc.
Há casos de movimentos migrátorios que são mais permanentes, sobretudo quando há 
fronteira entre países cujas condições socioeconômicas são muito desiguais. Um exemplo típico 
ocorre na fronteira entre México e EUA, onde milhares de migrantes, principalmente do próprio 
México ou de outras nacionalidades latino-americanas, aventuram-se a entrar nos EUA pela 
fronteira de forma ilegal. O mesmo ocorre com os migrantes do Leste Europeu que se dirigem 
para os países ocidentais da Europa, sobretudo a partir da desintegração do bloco socialista. 
Segundo dados das Nações Unidas (UNITED NATIONS, 2013), em 2013, contaram-se 
232 milhões de migrantes internacionais e, certamente, nesses dados ainda faltaram muitos 
imigrantes ilegais, que nem sempre são contados. Destes, a maioria (59%) estava vivendo em 
países desenvolvidos e saiu de países subdesenvolvidos (60%). Conforme diz o relatório das 
Nações Unidas, entre 1990-2013 houve um crescimento de 69% de novos imigrantes nos países 
desenvolvidos. Observe a gráfico 1 a seguir:
11
Gráfico 1: Número de migrações internacionais (por origem e destino) - 1990-2013
90
80
70
60
50
40
30
20
10
1990
M
ilh
õe
s
Norte-Norte Norte-Sul Sul-Norte Sul-Sul
1995 2000 2005 2010 2015
0
Fonte: United Nations, 2013. p. 2. Reelaborado por Vivian Fiori, 2014.
Conforme gráfico 1, observa-se o número de imigrantes, entre 1990-2013, por localização dos 
países. O fluxo que teve maior crescimento foi o do sentido Sul-Norte (mundo). O Sul é formado, 
principalmente, por países subdesenvolvidos (embora haja exceções, caso da Austrália, por exemplo). 
Observe, no gráfico, que as migrações do Norte para o Sul são bem menores, mas o movimento 
de um país do Sul para outro também do Sul é bastante grande, havendo um incremento de 40% 
nesse movimento de 1990-2013, alcançando 82 milhões de migrantes em 2013.
Alguns corredores de migrações internacionais, segundo as Nações 
Unidas. 
Durante o período de 2000-2010, os dez primeiros corredores (fluxos) de migração 
bilaterais foram igualmente divididos, com cinco corredores tendo como destino um 
país no Sul e cinco corredores, cujo destino era um país do Norte. México-Estados 
Unidos continuou a ser um grande corredor de migração bilateral no mundo, mas 
com muito menor número do que durante o período de 1990-2000: uma média 
de 260 mil migrantes internacionais adicionais por ano. Países do Sul da Europa, 
principalmente Itália e Espanha, tornaram-se também os principais destinos de 
migrantes internacionais de países do Leste da Europa. Além disso, três dos dez 
corredores estavam entre um país no sul da Ásia e um país produtor de petróleo na 
Ásia Ocidental, a saber: Bangladesh-Arábia Saudita, Bangladesh-Emirados Árabes 
Unidos e Índia-Emirados Árabes Unidos. Há refugiados deslocados pela guerra no 
Iraque bem como refugiados abrangidos pelo mandato da Organização das Nações 
Unidas de Assistência e Agência de Obras para os Refugiados da Palestina, no 
Oriente Próximo, que foram responsáveis por um grande número de migrantes 
durante o período 2000-2010 na Ásia Ocidental.
12
Unidade: Migrações
[...] Dos três corredores de migração bilaterais que tiveram como destino um país 
no Norte, dois foram entre países na Europa: Romênia-Itália e Polônia-Reino Unido. 
Apenas um dos dez maiores corredores de migração bilaterais durante o período 
2010-2013 foi entre um país no Sul e um país no Norte, nomeadamente México-
Estados Unidos. Dos sete maiores corredores de migração que tinham como destino 
um país no Sul, cinco eram entre países da Ásia, incluindo a corredores China- 
República da Coreia e Camboja -Tailândia, enquanto dois foram entre países da 
África, especialmente do Sudão do Sul- Sudão e Somália-Quênia. Tanto o corredor 
Sudão-Sudão do Sul quanto o corredor da Somália no Quênia envolveram um 
grande número de refugiados.
Fonte: Trecho literal extraído, traduzido e adaptado por Vivian Fiori de UNITED 
NATIONS. International migration report 2013. Department of Economic and 
Social Affairs, Population Division, New York, dez. de 2013, p. 6-7. 
Migrações no Brasil: imigrantes e emigrantes
No século XIX, houve as primeiras grandes levas de imigração para o Brasil. Vieram para o 
território brasileiro, principalmente, imigrantes europeus: italianos, suíços, alemães, espanhóis 
etc., mas também sírio-libaneses (denominados, na época, de turcos). Anteriormente ao século 
XIX, vieram estrangeiros, mas, devido ao fato de o Brasil ainda não ser independente formalmente 
antes de 1822, esses estrangeiros são denominados, comumente, de colonizadores, embora o 
movimento tenha sido migratório. 
Esse processo intensificou-se nos anos de 1850, devido à Lei de Terras no Brasil (1850) e 
ao fim do tráfico de escravos, imposto pela Inglaterra. Desse modo, houve um interesse pela 
mão de obra imigrante em substituição à dos escravos, que se tornaram mais difíceis de serem 
adquiridos. Assim, o governo brasileiro ou também empreendedores que buscavam mão de 
obra passaram a fazer propagandas externas tentando atrair estrangeiros. 
Para o “empreendimento” capitalista do café, por exemplo, era interessante ter trabalhador 
imigrante. Por uma questão racial, optou-se, principalmente, por imigrantes europeus, que eram 
brancos. Alguns autores dizem que essa questão serviu, então, para branquear a população 
brasileira que, de certo modo, era bastante miscigenada e com cor da pele mais escura. Ou seja, 
imperou também o preconceito racial e cultural nesse caso. 
Desse modo, para São Paulo vieram muitos imigrantes alemães e italianos principalmente, 
que foram trabalhar nas fazendas de café situadas no interior paulista, sobretudo na região que 
ficou conhecida como Oeste Paulista. 
No Sul do Brasil, havia outros interesses do governo brasileiro por se tratar de região que, 
historicamente, era alvo de disputa entre portugueses e espanhóis (castelhanos) e também devido 
ao sentimento separatista existente desde a Guerra dos Farrapos (1835-45), na qual chegaram 
a declarar independência do Brasil, fundando a República de Piratini (1836). Em geral, no Sul, 
13
houve um processo de migração com doações de pequenas propriedades, geralmente rurais, 
num processo que alguns denominam de imigração de povoamento. Em cidades da Serra 
Gaúcha, caso de Caxias do Sul, Gramado, Canela e Flores da Cunha, houve formação de 
colônias alemãs e italianas. 
Já no século XX, novas ondas de migrações de estrangeiros aconteceram no Brasil. Primeiro 
de japoneses para o estado de São Paulo, na região Oeste - região de Marília e em cidades como 
Tupã e Bastos – e, posteriomente, deslocando-se também para o Norte do Paraná e para o Pará. 
Devido à forma como alguns imigrantes europeus eram tratados, os governos da Itália e França, 
por exemplo, proibiram que seus cidadãos migrassem para o Brasil. Então o governo brasileiro 
buscou também manter relações com o governo japonês para que se efetivassem os processos 
de migração Japão-Brasil.
Com os imigrantes europeus que trabalhavam no interior paulista assim como com outros 
imigrantes, ocorria que nem sempre o que constava nos contratos de trabalho era cumprido, 
além de que muitas propagandas que os empreendedores do café faziam na Europa e no Japão 
não condiziam com a realidade local. Por exemplo, dizia-se que o café era uma árvore de “ouro” 
que possibilitava muitos ganhos, mas a realidade era de condições insalubres de moradias, 
já que cabia ao contratator dar moradia a cada família de migrantes. Além disso, embora a 
alimentação ficasse a cargo de cada família de imigrantes, os contratadores, muitas vezes, 
induziam os imigrantes a comprarem em seus próprios armazéns, o que criava um processo de 
endividamento do imigrante.
Você Sabia ?
A imigraçãojaponesa para o Brasil é posterior às imigrações europeias do século XIX. Iniciou-
se, no século XX, com o primeiro navio vindo em 1908, cujos trabalhadores foram trabalhar, 
principalmente, nas lavouras do café e de algodão no Oeste Paulista, por meio de contratos. A 
reestruturação proposta pelo imperador japonês Meiji (1868-1912), reestruturando a sociedade e 
o território japonês, modernizando o país e buscando industrializá-lo, ocasionou problemas sociais 
que levaram pequenos agricultores, comerciantes e artesãos a tentarem a vida no Brasil. Ao longo 
dos anos 1920-30, vieram grupos maiores, que foram para cidades do Oeste Paulista e também 
para o Norte do Paraná. 
Aos poucos, além das fazendas de café, os japoneses passaram a ter pequenas propriedades e 
a criar colônias (shokuminchi) japonesas, conforme diz site especializado em migração japonesa: 
A primeira colônia foi a Colônia Monção, fundada em 1911 na região da 
estação Cerqueira César da linha férrea Sorocabana, interior de São Paulo, 
mas logo surgiram várias outras shokuminchi. Este sistema deu origem a várias 
cidades no Brasil, como os municípios paulistas de Aliança, Bastos, Iguape, 
Registro, Suzano, e as cidades de Assaí no Paraná e de Tomé-Açú no Pará, 
que começaram como colônias de pequenos produtores rurais japoneses. Os 
produtos cultivados nas colônias passaram a variar da pimenta-do-reino em 
Tomé-Açú, ao chá em Registro, e à atividade granjeira em Bastos (IMIGRAÇÃO 
JAPONESA, s/d).
14
Unidade: Migrações
Houve também migrações para as grandes cidades, sobretudo para São Paulo, também no 
período entreguerras, com imigrantes europeus, japoneses, libaneses e judeus. Mais recentemente, 
na década de 1980-1990, muitos imigrantes coreanos chegaram a São Paulo, seguidos dos 
bolivianos, que foram trabalhar nas oficinas de roupas, cujos donos, numa primeira fase, eram 
os coreanos. Já no século XXI, houve casos de migrações de haitianos para o Brasil.
Assim como chegam estrangeiros ao Brasil, há também uma forte emigração de brasileiros 
para o exterior. Um desses movimentos é o dos dekaseguis a partir da década de 1980. Dekasegui 
é um expressão japonesa que significa trabalhar fora de casa com remuneração (BOMTEMPO, 
SPOSITO, 2010).
Essa migração refere-se, sobretudo, aos descendentes de japoneses que vivem no Brasil, 
geralmente de classe média, e que migram para as cidades japonesas para trabalhar e alcançar 
um melhor padrão de vida, guardar dinheiro, remetê-lo em parte para o Brasil e, quase sempre, 
voltar com o dinheiro ganho e adquirir um negócio próprio ou comprar uma moradia etc. 
Conforme apontam os pesquisadores sobre migração japonesa:
Os brasileiros descendentes de japoneses que migraram para o Japão foram 
para desempenhar atividades nas empresas que não necessitam de mao de 
obra qualificada. Os trabalhadores são horistas, contratados na maioria das 
vezes por empreiteiras, ou seja, não têm vínculo direto com a empresa e a 
remuneração é paga somente pela hora trabalhada. Eles não têm direito a férias 
[...] (BOMTEMPO, SPOSITO, 2010, p. 79).
Esse é um exemplo inserido no atual processo de globalização do mundo, em que se usa uma 
mão de obra itinerante, que migra conforme as possibilidades de emprego dos lugares. Mas, 
quase sempre, não são os mais pobres que migram nesse caso, pois isso requer um investimento 
na própria viagem e na manutenção inicial. No caso dos dekaseguis, ainda há o fator racial e 
cultural, ou seja, são descendentes de japoneses e que, em alguns casos, falam ou entendem 
um pouco a língua japonesa e a sua cultura. Contudo, lá não são vistos como japoneses, nem 
do ponto de vista das leis trabalhistas nem culturalmente.
Assim, o atual processo de globalização da economia, de flexibilidade das normas trabalhistas 
atinge imigrantes desse tipo pelo mundo. 
Migrações Internas no Brasil
As migrações internas no Brasil existem desde os tempos coloniais, e, ocoreram, sobretudo, 
no século XIX com a inserção de parcelas do território nacional na dinâmica capitalista, caso 
do período da borracha (1850-1920) e da cafeicultura e da posterior industrialização no estado 
de São Paulo, cujas situações contribuíram para esses movimentos internos, principalmente de 
nordestinos. O geógrafo Vicente Eudes Lemos Alves assim explica esse processo:
15
Os nordestinos representam uma corrente migratória relevante, com várias 
ramificações pelo território brasileiro. Essa corrente inicia-se com a decadência 
do ciclo da cana-de-açúcar, em meados do século XVIII, quando fortalece o 
movimento para fora de seus limites regionais; mas foi no século XX que se 
torna força-de-trabalho fundamental para a economia do Sudeste, sobretudo 
de São Paulo. Desde 1920 o governo paulista reordenou paulatinamente sua 
política de atração de mão-de-obra, visando substituir, nas lavouras de café, os 
trabalhadores estrangeiros (os quais não interessavam mais para a valorização 
do capital de cafeicultores paulistas) pelos nacionais, principalmente nordestinos 
e mineiros [...] São esses migrantes, predominantemente camponeses, os que, a 
partir de então, se tornarão referências dos grupos econômicos, inicialmente os 
cafeicultores e, posteriormente, os industriais do Sudeste (ALVES, 2005, p. 43). 
No pós-Segunda Guerra Mundial (1945), houve muitos deslocamentos de nordestinos e 
mineiros para São Paulo e para o Rio de Janeiro, onde se tornaram importantes na construção 
das respectivas cidades. Entre as décadas de 1960-1980, intensificaram-se as mobilidades 
internas decorrentes do processo de urbanização brasileira, com o êxodo rural. Nesse processo, 
podemos definir algumas regiões com maiores fluxos de emigrantes - caso da região Nordeste, 
Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - e, outras como regiões que mais receberam 
migrantes, principalmente os núcleos industrializados de São Paulo, sobretudo na Região 
Metropolitana de São Paulo, e também na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 
As correntes sulistas ou gaúchas, como alguns as denominam (ALVES, 2005; HAESBAERT, 
1996), ampliaram-se com os projetos dos governos militares principalmente definidos nos Planos 
Nacionais de Desenvolvimento (PND) I e II, que induziram à ocupação das frentes de expansão 
na Amazônia Legal, sobretudo por conta de projetos agropecuários em áreas do cerrado e, 
posteriormente, da floresta amazônica. Os objetivos eram, de um lado, retirar camponeses 
gaúchos de algumas regiões do Rio Grande do Sul; de outro, torná-los exército de reserva para 
atraí-los a migrarem para a Amazônia, difundindo o “modelo” de agricultor com a imagem de 
moderno, “sintonizado” com novas técnicas agrícolas, conforme explica Alves (2005).
Você Sabia ?
A migração sulista tornou-se comum na década de 1980 para as frentes ou fronteiras de 
expansão agrícolas, como ocorreu com a ocupação de Rondônia. Tal movimento para o campo 
induziu um processo de urbanização do campo para a cidade, ou seja, como afirma Milton 
Santos, houve uma “ruralização” da cidade, por conta de novos serviços que foram criados na 
cidade em decorrência das necessidades do campo. Um fator que contribuiu para esse processo 
de urbanização foi a construção e, posteriormente, o asfaltamento da Br- 364, em 1983, cujo 
trecho, na região, liga Porto Velho (Rondônia) a Cuiabá (Mato Grosso). No entorno da rodovia 
surgiram várias cidades, tais como: Ji-Paraná, Vilhena, entre outras. 
Ocorreram também fluxos de migrantes sulistas para o Oeste da Bahia, nas regiões de agricultura 
moderna, caso do município de Luis Eduardo Magalhães, na Bahia, que, recentemente, se tornou 
independente de Barreiras (2000), dentro da lógica de cidades que vão surgindo por meio desse 
empeendimento agrário capitalista que denominamos de agronegócio, principalmente vinculada 
à agroindústria da soja. 
16
Unidade: Migrações
Contudo, esse processo de migração interna no Brasil, após 1980-1990, ganhou novas 
características, rompendo com as tradicionais migrações Nordeste-Sudeste eSul-Amazônia 
apenas. Embora ainda exista um fluxo importante de migrantes no sentido Nordeste-Sudeste, 
há outros processos ocorrendo, conforme afirma Antonio Tadeu Ribeiro de Oliveira: 
De modo que surgem novos eixos de deslocamentos envolvendo expressivos 
contingentes populacionais, onde se destacam: i) a inversão nas correntes principais 
nos Estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro; ii) a redução da atratividade 
migratória exercida pelo Estado de São Paulo; iii) o aumento da retenção de 
população na Região Nordeste; iv) os novos eixos de deslocamentos populacionais 
em direção às cidades médias no interior do País; v) o aumento da importância dos 
deslocamentos pendulares; vi) o esgotamento da expansão da fronteira agrícola; e 
vii) a migração de retorno para o Paraná (OLIVEIRA, 2011, p. 11-12). 
Há também movimentos de volta aos seus estados de origem, conforme apontam pesquisas 
do IBGE, de paranaenses, gaúchos e, principalmente, de nordestinos de todos os estados, com 
exceção de Sergipe e Rio Grande do Norte. Isso demonstra um movimento mais recente em 
decorrência de algumas melhorias da condições sociais no Brasil, após o Plano Real (1994) e o 
crescimento econômico mais recente, e em decorrência também dos projetos de infraestrutura 
que geraram empregos em algumas regiões do Nordeste, tais como: a Transposição do São 
Francisco; a construção da ferrovia Transnordestina, que vai ligar o Porto de Pecém, na região de 
Fortaleza, ao Porto de Suape, em Pernambuco; e do complexo industrial e de serviços próximos 
ao porto de Suape (PE), entre outros. 
Ainda há estados nordestinos nos quais há maior fluxo de emigrantes, caso de Alagoas e 
Maranhão. Neste último, há muitos que migram para o Pará, para regiões do agronegócio e da 
mineração. Há também um processo de mobilização de trabalhadores para o interior do Brasil, 
induzidos por um dinâmica espacial rural-urbana, ou seja, há localidades em que, em função 
da dinâmica do campo, ocorre também o crescimento das cidades, com serviços especializados 
e também com a indústria. Sobre esse processo de migração e crescimento populacional no 
interior do país, Oliveira afirma:
Para o interior, a partir do megaespaço urbano da metrópole paulistana, as áreas 
nas rodovias em direção a Ribeirão Preto, São José do Rio Preto e Araçatuba 
(SP) apresentaram dinamismo populacional na última década. Este dinamismo 
se estende para o Triângulo Mineiro, em direção a Mato Grosso do Sul (MS), em 
uma extensa região central de Mato Grosso, extremo sul de Goiás e uma área 
que incorpora as aglomerações de Goiânia (GO), Brasília (DF) e municípios 
na divisa com Minas Gerais. A aglomeração de Belo Horizonte configura uma 
mancha de maior crescimento em Minas Gerais e representa um dos principais 
focos de atração populacional no estado. As metrópoles, de uma maneira 
geral, possuem grande capacidade de polarização devido às funções públicas, 
econômicas e serviços em geral (OLIVEIRA, 2011, p. 43). 
É importante ressaltar que os maiores fluxos migratórios no Brasil têm ocorrido para cidades 
com menos de 500 mil habitantes, levando ao que alguns autores definem como desconcentração 
concentrada, ou seja, de um lado, ainda há uma concentração da população no Brasil, sobretudo 
nas regiões metropolitanas e grandes cidades, de outro, nas últimas décadas, os deslocamentos 
maiores se dão para cidades de porte médio. 
17
Leia com atenção as informações da tabela 1 a seguir.
Pessoas de 5 anos ou mais de Idade, por Macrorregião de Destino, 
segundo Macrorregião de Origem- 2010
Macrorregião
(Origem)
Morador da Região (Destino)
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Norte --------- 79.075 56.448 22.275 102.872
Nordeste 146.372 --------- 828.159 50.903 246.978
Sudeste 55.700 386.721 --------- 210.393 185.266
Sul 21.207 27.629 151.223 --------- 68.933
Centro-Oeste 73.972 77.910 127.745 61.613 ---------
Fonte: IBGE, Censo, 2010. 
Observação: No questionário do Censo 2010 (IBGE), havia algumas perguntas sobre migração 
tanto interna quanto internacional, como, por exemplo, as seguintes questões: Você nasceu neste 
município? Nasceu nesta unidade da Federação? Qual sua nacionalidade? Alguma pessoa que 
morava com você(s) estava morando em outro país em 31.07.2010? Ano da última partida para 
morar em outro país? Tais questões, entre outras, possibilitam a elaboração de informações sobre 
migrações no Brasil. 
Verifica-se, na tabela 1, através de dados do Censo 2010 do IBGE, a origem-destino das 
pessoas que moravam em outras regiões diferentes das quais tinham nascido no período do 
recenseamento da população. Dessa forma, observa-se que, no Sudeste, a maioria dos migrantes 
era oriunda, principalmente, do Nordeste (828.159 pessoas), assim como, na Região Sul, era 
proveniente do Sudeste (210.393 migrantes), evidenciando o movimento regional no Brasil. 
Os movimentos pendulares
Outra forma de movimento no território denomina-se migrações pendulares. Por movimento 
pendular entende-se, geralmente, aquele que se refere à ida e vinda tanto do indivíduo que se 
locomove do domicílio ao local de trabalho, comum, por exemplo, em Regiões Metropolitanas 
e nas grandes cidades, como também de estudantes que vão estudar em outras cidades. 
Tais movimentos têm muitas especificidades relacionadas ao tempo disponibilizado nessa 
mobilidade, à distância entre os lugares, à frequência e às situações que levam alguém a fazer 
esse movimento no território. Pode ser um movimento diário, que se repete cotidianamente, 
ou até algumas situações ocasionais. Assim, geralmente, é associado ao mercado de trabalho e 
também às situações de qualificação educacional. Mas hoje se complexifica, conforme aponta 
um pesquisador sobre o tema: 
18
Unidade: Migrações
Acredita-se que esses aspectos nos fornecem indicadores gerais sobre as 
transformações da economia e da sociedade, que se traduzem em novas 
modalidades de pendularidade, inclusive a circularidade da população, onde 
a flexibilidade do trabalho tem exercido influência sobre a seletividade da 
população posta em movimento não só no surgimento de novos processos 
societários e econômicos advindos da organização da produção como também 
do uso de novas tecnologias informacionais. Em relação aos trabalhadores, 
esses processos têm gerado uma insegurança individual e coletiva, com a perda 
de postos de trabalho, o que reflete no aumento da exclusão e da segregação 
socioeconômica, que, no Brasil, se aprofundou com a crise do modelo do 
Estado Desenvolvimentista, depois dos anos de 1980 (JARDIM, 2010, p.65).
Neste movimento pendular, há o caso dos mais pobres que, diariamente, se deslocam das 
periferias urbanas, fazendo uso do transporte público, para os centros das cidades nos quais há a 
maior concentração de trabalho, mas há também alguns migrantes pendulares com maior renda, 
caso de executivos que viajam a trabalho, seja utilizando rodovias ou, ainda, aeroportos do país.
Desse modo, verifica-se que as transformações espaciais provenientes do processo de 
globalização têm ampliado as migrações pelo mundo e também dentro do território brasileiro, 
evidenciando a importância da dinâmica socioeconômica no espaço geográfico. Contudo, 
ainda existem outras velhas questões, como pobreza extrema e fome, refugiados de guerra, 
perseguições político-religiosas, que também criam fluxos migratórios pelo mundo. 
Cabe, portanto, sempre contextualizar os processos que levam as pessoas ou grupos a 
migrarem e buscar entendê-los ao longo do tempo e no espaço geográfico. 
19
Material Complementar
Para aprofundamento dos temas discutidos nesta unidade, sugerimos:
 
 Explore
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Brasil: 500 anos de 
povoamento. IBGE, Centro de Documentação e Disseminação de Informações. Rio de Janeiro: 
IBGE, 2007. http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv6687.pdf. Acesso em 11/05/2014. 
 
 Explore
•	 Entre os muros da escola (Prêmio Festival Cannes,2008). François Marin (François Bégaudeau) 
trabalha como professor de língua francesa em uma escola localizada na periferia de Paris. Há um 
choque de culturas, já que há franceses e outros imigrantes provenientes de diferentes países. 
•	 Rede Globo. Documentário mostra as motivações da migração de haitianos. Repórteres foram ao 
Haiti, ao Sul do Brasil e a Miami. Disponível em: http://g1.globo.com/globo-news/noticia/2014/02/
documentario-mostra-motivacoes-e-consequencias-da-migracao-dos-haitianos.html.
•	 Rede Globo. Programa Profissão Repórter, sobre imigração de bolivianos para o Brasil. 
09/04/2013 HDTV. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=HAX6HYteA8w. 
•	 Gaijin – Os caminhos da liberdade (1980, Brasil, direção: Tizuka Yamazaki) Sobre a vinda 
de imigrantes japoneses para o trabalho nas fazendas de café no interior do estado de São Paulo. 
Por meio de uma história de amor (entre uma imigrante japonesa e um imigrante italiano), aborda 
a condição de vida desses colonos e a relação dos colonos japoneses com os italianos e nordestinos.
20
Unidade: Migrações
Referências
ALVES, Vicente Eudes Lemos. A mobilidade sulista e a expansão da fronteira agrícola brasileira. 
Revista Agrária, São Paulo, nº 2, 2005, p. 40-68. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/
agraria/article/view/80/79. Acesso em 20/04/2014. 
BOMTEMPO, Denise Cristina; SPOSITO, Eliseu Savério. Lugar, sonhos e migração: uma leitura 
dos movimento migratórios entre Japão e Brasil. In: SPOSITO, Eliseu Savério et alli (orgs.). 
Geografia e migração: movimentos, territórios e territorialidades. São Paulo: Expressão 
Popular, 2010, p. 59-84.
GOETTERT, Jones Dari. Paradoxos do lugar mundo: brasileiros e identidades. In: SPOSITO, 
Eliseu Savério et alli (orgs.). Geografia e migração: movimentos, territórios e territorialidades. 
São Paulo: Expressão Popular, 2010, p.15-36.
HARVEY, D. A condição pós-moderna. Tradução de Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela 
Gonçalves. São Paulo: Edições Loyola, 1992.
HAESBAERT, Rogério. “Gaúchos” e baianos no “novo” Nordeste. In: CASTRO, Iná de et alli. 
(orgs.) Brasil: questões atuais da reorganização do território. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 
1996, p. 367-415. 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Brasil: 500 anos 
de povoamento. IBGE, Centro de Documentação e Disseminação de Informações. Rio de 
Janeiro: IBGE, 2007. http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv6687.pdf. Acesso em 
11/05/2014. 
JARDIM, Antonio de Ponte. Reflexões sobre a mobilidade pendular. In: OLIVEIRA, Luiz Antonio 
Pinto de; OLIVEIRA, Antonio Tadeu Ribeiro de (orgs.). Reflexões sobre os deslocamentos 
populacionais no Brasil. Estudos & Análises: Informação Demográfica e Socioeconômica, n. 
1, Rio de Janeiro, IBGE, 2011, p. 58-70. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica 
/populacao/reflexoes_deslocamentos/deslocamentos.pdf. Acesso em 08/04/2014. 
OLIVEIRA, Luiz Antonio Pinto de; OLIVEIRA, Antonio Tadeu Ribeiro de (orgs.). Reflexões 
sobre os deslocamentos populacionais no Brasil. Estudos & Análises: Informação 
Demográfica e Socioeconômica, n. 1, Rio de Janeiro, IBGE, 2011. Disponível em: http://www.
ibge.gov.br/home/estatistica/populacao /reflexoes_deslocamentos/deslocamentos.pdf. Acesso 
em 08/04/2014. 
OLIVEIRA, Antonio Tadeu Ribeiro de. Algumas abordagens teóricas a respeito do fenômeno 
migratório. In: OLIVEIRA, Luiz Antonio Pinto de; OLIVEIRA, Antonio Tadeu Ribeiro de (orgs.). 
Reflexões sobre os deslocamentos populacionais no Brasil. Estudos & Análises: 
Informação Demográfica e Socioeconômica, n. 1, Rio de Janeiro, IBGE, 2011. Disponível em: 
http://www.ibge.gov.br/home/ estatistica/populacao/reflexoes_deslocamentos/deslocamentos.
pdf. Acesso em 08/04/2014. 
21
OLIVEIRA, Antonio Tadeu Ribeiro de; ERVATTI, Leila Regina et alli. O panorama dos 
deslocamentos populacionais no Brasil: PNADs e Censos Demográficos. In: OLIVEIRA, 
Luiz Antonio Pinto de.; OLIVEIRA, Antonio Tadeu Ribeiro de (orgs.). Reflexões sobre os 
deslocamentos populacionais no Brasil. Estudos & Análises: Informação Demográfica e 
Socioeconômica, n. 1, Rio de Janeiro, IBGE, 2011. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/
estatistica /populacao/reflexoes_deslocamentos/deslocamentos.pdf. Acesso em 08/04/2014. 
ROSS, Jurandy (org.) Geografia do Brasil. São Paulo, Edusp, 2002. 
UNITED NATIONS. International migration report 2013. Department of Economic and 
Social Affairs, Population Division, New York, dezembro de 2013.
Site: IMIGRAÇÃO JAPONESA. História da migração - parte 2. Disponível em: http://www.
imigracaojaponesa.com.br/?page_id=68. Acesso em 20/04/2014.
22
Unidade: Migrações
Anotações
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