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Unidade V Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil

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Geografia Urbana
Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Dra. Vivian Fiori
Revisão Textual:
Prof. Esp. Tiago Araújo Vieira
5
• Introdução
• Resíduos Sólidos Urbanos
• A Questão da Água: Saneamento Básico e Enchentes
Discutir os problemas urbano-ambientais no Brasil, dando ênfase à questão 
da água e dos resíduos sólidos.
Esperamos que esteja aproveitando o curso e que continue se empenhando para obter os 
melhores resultados. 
A temática desta unidade trata sobre os problemas urbano-ambientais no Brasil, principalmente 
em relação à água e aos resíduos sólidos. 
Para atingirmos satisfatoriamente nossos objetivos nesta disciplina, salientamos a importância 
da leitura atenta dos textos e o empenho na realização das atividades propostas.
Os Problemas Urbano-Ambientais 
no Brasil
6
Unidade: Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
Contextualização
Nas cidades brasileiras há diversos problemas urbano-ambientais, entre eles: a poluição 
das águas, o saneamento básico ineficiente, a poluição do ar e sonora. Além disso, há várias 
situações e procedimentos inadequados em relação ao lixo urbano, tecnicamente denominado 
de resíduos sólidos urbanos.
Ainda há muito e melhorar, apesar das políticas públicas ambientais terem avançado nas 
últimas décadas no Brasil, sobretudo após a Política Nacional de Meio Ambiente, em 1981, da 
qual decorreram várias mudanças normativas posteriores, em relação às temáticas ambientais. 
Nesta unidade, considera-se meio ambiente como temática que envolve a relação entre 
a sociedade e a natureza. Importante destacar que ao discutir essa questão sob a lógica da 
Geografia, é fundamental compreender esses processos não apenas na dimensão natural-
ambiental, mas também na dimensão social e política no espaço geográfico. 
Por exemplo, há disputas pela água que evidenciam os diferentes usos do território nas 
cidades brasileiras. Usos múltiplos para diferentes atividades (domiciliar, industrial, produção de 
energia, lazer, comercial etc.), bem como e relação do tema com os diversificados atores sociais 
que se relacionam com essa questão. 
É o caso da Agência Nacional das Águas (ANA), vinculada ao Ministério do Meio Ambiente 
(MMA), no âmbito do governo federal, responsável pela regulamentação e fiscalização do 
uso da água.
Cabe ressaltar a importância de que toda a sociedade participe, por meio de diferentes canais, 
e de ações que visem tornar nosso mundo melhor. 
Nesse sentido, ações educativas para diminuir desperdício da água, não jogar lixo (resíduos) 
em rios ou em terrenos baldios, entre outras, são práticas importantes, mas é preciso ir 
além – cobrando e participando como cidadão, do monitoramento das políticas existentes, 
principalmente, àquelas mais próximas de sua realidade, nos níveis estadual e municipal.
Citamos, como exemplo, a questão dos resíduos sólidos urbanos, na qual é essencial conhecer 
o processo da origem e produção dos resíduos, sua forma de coleta e, por fim, o destino final 
destes resíduos. 
Geralmente partimos do princípio que basta colocar o resíduo no cesto do lixo e o problema 
está resolvido. No entanto, há vários processos após esse, que implicam em maior, ou menor, 
impacto socioambiental.
Desse modo, conhecer os processos e as políticas públicas existentes em sua cidade, é 
fundamental para melhor atuar como cidadão. 
Como é coletado o lixo em sua cidade? Qual o destino final do resíduo domiciliar em sua 
cidade? É uma forma adequada? Procure se informar!
7
Introdução
Nesta unidade vamos tratar de alguns problemas urbano-ambientais nas cidades brasileiras. 
Vamos dar ênfase à temática dos resíduos sólidos urbanos, bem como à questão da água, 
considerando-se o saneamento básico e também o problema das enchentes.
Ao tratar das questões ambientais, cabe ressaltar que essa temática faz parte dos temas 
transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Assim, entende-se essa questão, 
como mais uma dimensão a ser analisada no espaço geográfico. Dimensão esta, da relação 
entre a sociedade e a natureza, na qual se evidenciam os diferentes usos do território no 
espaço geográfico. 
É importante pensar de forma integrada em questões como a dos resíduos sólidos, 
abastecimento de água e esgoto, sobretudo, nos municípios que são conurbados ou que integram 
Regiões Metropolitanas (RM). 
Muitas vezes, as medidas ou soluções para essas questões têm de ser pensadas de forma 
regional, em consócios intermunicipais, e não apenas no âmbito municipal. 
Como diz o geógrafo Wagner Costa Ribeiro:
Temas como o destino final de resíduos sólidos, abastecimento hídrico, 
saneamento básico, fornecimento de energia e a poluição, em suas diversas 
formas de manifestação, exige a reflexão integrada de pesquisadores, de 
políticos, de movimentos sociais e de cidadãos. Do contrário, será difícil 
encontrar soluções viáveis pela melhoria da qualidade de vida da população 
de baixa renda, a ampla maioria que vive em grandes aglomerações humanas 
de países de industrialização tardia e que apresentam índices de urbanização 
extremamente elevados, como é o caso das metrópoles brasileiras (RIBEIRO, 
2004, p. 165).
Portanto, é fundamental nestes casos, que exista planejamento integrado e parceiras 
intermunicipais ou dos municípios membros das Regiões Metropolitanas, para se resolver 
problemas relativos ao abastecimento de água, dos resíduos sólidos, entre outros.
A seguir, vamos tratar dos resíduos sólidos urbanos.
8
Unidade: Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
Resíduos Sólidos Urbanos
Cabe às prefeituras das cidades, realizar a coleta dos resíduos sólidos urbanos, uma vez que, 
mesmo neles, há uma diferença entre os resíduos dos tipos: domiciliar, comercial, industrial; de 
serviços de saúde (hospitais, clínicas etc.); entulho; de portos e aeroportos, terminais ferroviários 
e rodoviários; e também aqueles provenientes das zonas rurais, conforme se evidencia no 
quadro a seguir.
Quadro 1: Origem dos Resíduos Sólidos
Tipos de Origem Responsável
Domiciliar Prefeitura
Comercial Prefeitura
Público Prefeitura
Serviço de Saúde Gerador
Industrial Gerador
Entulho Gerador
Portos, aeroportos, terminais 
ferroviários e rodoviários
Gerador
Agrícola Gerador
Fonte: Manual de Gerenciamento Integrado – CEMPRE/IPT (2000); Lei 13.478/02 - Decreto nº 51907/10 de 5/11/2010.
No caso das áreas rurais, por exemplo, não cabe, necessariamente, uma coleta a ser realizada 
pela prefeitura, pois, assim como os resíduos industriais, também os resíduos agrícolas são de 
responsabilidade do próprio gerador. 
Denominam-se resíduos sólidos urbanos (comumente chamado de lixo), conforme 
classificação da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo:
Resíduos urbanos: os provenientes de residências, estabelecimentos comerciais e 
prestadores de serviços, da varrição, de podas e da limpeza de vias, logradouros 
públicos e sistemas de drenagem urbana passíveis de contratação ou delegação 
a particular, nos termos da lei municipal (SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO 
AMBIENTE, 2010. p. 17).
Logo, a coleta de resíduos sólidos domiciliares é de competência do município. Em alguns 
casos, nos grandes municípios, por exemplo, esse serviço é realizado por empresas privadas, por 
meio de concessão. De qualquer forma, trata-se de um serviço público. 
Um problema nas cidades brasileiras é a falta de coleta em algumas regiões, cujo acesso é 
mais difícil – caso de algumas favelas em áreas de risco e encostas. Nesse caso, é comum em 
grandes cidades, a prefeitura colocar caçambas, conforme pode se observar nas figuras 1 e 2. 
Há casos como o mostrado na imagem, em que a grande quantidade de resíduo acaba ficando 
inadequadamente no chão, podendo, caso chova, ir parar em rios e córregos. 
9
Figuras 1 e 2: Caçambas em Favelas em São Paulo
Vivian Fiori, 2009; 2012
Muitas vezes a população joga os resíduos em locais inadequados, tais como rios, córregos, 
terrenos baldios, entre outros,criando lixões a céu aberto. Em decorrências desse comportamento, 
existem inúmeros problemas ambientais, como o caso da poluição do lençol freático e do solo, a 
partir da produção de chorume (líquido que se forma com a decomposição do lixo).
Além disso, há também problemas de saúde para a população. Entre eles, destacamos a 
transmissão de doenças por vetores como baratas, moscas, ratos, pernilongos, urubus, e outros. 
Há alguns lixões onde existem famílias que vivem e tiram o sustento desses mesmos lixões, 
pondo em risco sua saúde, e ainda, sendo excluídas socialmente, pois esse é considerado um 
trabalho degradante, do ponto de vista social. 
Também podem ocorrer, dependendo de onde se localiza esse lixão, desmoronamentos, 
deslizamentos e até explosões, caso esse lixo seja aterrado de forma inadequada, o que pode 
produzir o gás metano (CH4). 
Exemplo disso é o caso do lixão do Bumba, situado no município de Niterói, que 
se tornou conhecido nacionalmente em 2010, devido a um deslizamento ocorrido na 
comunidade conhecida como Bumba que, lamentavelmente, foi construída sobre parte de 
um antigo lixão aterrado pela Prefeitura.
Dessa maneira, as principais formas de destino final do lixo no Brasil são as seguintes: lixão 
a céu aberto, aterros, aterros sanitários controlados, incineração, compostagem, reciclagem etc.. 
Entretanto, ainda predominam as duas primeiras. 
Por isso, ainda é comum existirem lixões a céu aberto, tanto de lixo produzido pela população 
em geral, quanto de resíduos encaminhados pela própria prefeitura a partir da coleta realizada. 
No caso dos municípios brasileiros, desde 2011, existe o Plano Nacional dos Resíduos Sólidos 
(PNRS), elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), e que obriga as prefeituras a dar 
um destino adequado aos resíduos.
Há casos pelo Brasil, de antigos lixões aterrados de forma inadequada, ocupados, 
posteriormente, por populações mais pobres, correndo o risco de afundamentos, deslizamentos 
e, também, explosões, já que, o lixo confinado produz o gás chamado metano (CH4). Isso 
porque, a maioria do resíduo sólido proveniente dos domicílios, no Brasil, é resto de matéria 
10
Unidade: Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
orgânica. Tais resíduos orgânicos podem ser usados na compostagem, ou seja, a partir da 
decomposição, os mesmos podem se transformar em composto orgânico, que pode ser usado 
em jardins ou para agricultura, quando produzido em larga escala. 
No entanto, é prática pouco comum no Brasil, a existência de compostagem realizada por 
moradores ou, até mesmo, das usinas de compostagem nas cidades. Tais usinas aceleram o 
processo de decomposição da matéria orgânica e, com isso, produzem um composto orgânico 
mais rapidamente.
O maior problema é que, em alguns casos, essa matéria orgânica pode estar misturada a 
outros produtos químicos, e poderá acarretar na contaminação desse composto. Sendo assim, 
é essencial que a matéria orgânica seja separada de outros produtos provenientes das feiras ou 
dos domicílios. 
Outra forma de destino final dos resíduos sólidos são os aterros. Existem vários tipos de 
aterros, e entre esses, alguns que não são controlados conforme as normas técnicas, portanto, 
podem gerar grandes problemas. Por outro lado, já existem outros, chamados de aterros 
sanitários controlados (vide figura 3), com uso das técnicas propostas pela Associação Brasileira 
de Normas Técnicas (ABNT), que diz o seguinte: 
Aterro sanitário controlado é uma técnica de disposição de resíduos sólidos 
urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua segurança, utilizando-
se princípios de engenharia, de tal modo a confinar o lixo no menor volume 
possível, cobrindo-o com uma camada de terra ao fim do trabalho de cada dia, 
ou conforme o necessário (Norma Brasileira ABNT 8419 / 1992) (SECRETARIA 
DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, 2010, p. 33).
Figura 3: Aterro Sanitário Controlado –Lavras -MG
lavras.mg.gov.br
Os aterros controlados (figura 3) impermeabilizam o solo com uma malha de plástico 
(polietileno de alta densidade), para que não haja a contaminação do mesmo e nem do lençol 
freático. Além disso, têm um sistema de drenagem para que o chorume produzido seja levado 
para uma lagoa e tratado, e também, devido às normas mais recentes, devem usar o gás 
produzido como forma de energia.
11
Os locais onde se situam tais aterros deverão ficar instalados em lugares mais distantes de 
ocupação e não poderão ser usados posteriormente, ao término do uso do espaço para o aterro. 
Outra possibilidade de destino de resíduos são as Usinas de Incineração. Trata-se de tecnologia 
mais cara, mas que reduzem o lixo a uma proporção menor, deixando somente as cinzas. 
O maior problema decorrente dessa medida é a poluição, portanto, é necessário que nesses 
casos, existam filtros para que a queima dos resíduos não impacte na poluição do ar. Por se 
tratar de tecnologia cara e que pode acarretar em outros problemas ambientais, os municípios 
brasileiros pouco a utilizam. 
Em geral, os resíduos enviados para incineradores, ou esterilizados, são provenientes dos 
serviços de saúde, cuja coleta é separada da coleta domiciliar, pois se trata de resíduos que 
podem trazer contaminação e disseminar doenças. 
Outra prática, que ainda é pouco comum no Brasil, é a coleta seletiva e o seu posterior 
processo de reciclagem. No senso comum, confunde-se coleta seletiva com reciclagem, de tal 
forma que se imagina que um projeto de reciclagem, é a mesma coisa que um projeto de 
coleta seletiva. 
A coleta seletiva pode ser feita de diferentes formas, tanto pela prefeitura ou empresas 
concessionárias, coletando seletivamente os materiais (papéis, plásticos, metais, vidros etc.), 
quanto por catadores, sejam eles catadores cooperados, ou não. 
A coleta seletiva é uma importante forma de separar os resíduos orgânicos (restos de comida, 
poda de árvore, folhas etc.), dos resíduos passíveis de serem reciclados - certos tipos de vidro, 
papéis, plásticos, metais etc., esses últimos, coletados seletivamente. 
A partir da coleta seletiva, é necessário, ainda, fazer uma triagem desses materiais, já que, 
em geral, os domicílios separam apenas o que é passível de ser reciclado. Normalmente, tais 
materiais se encontram em sacos plásticos, todos juntos. Nesse caso, é necessário que a prefeitura 
disponibilize terrenos e espaços para uma central de triagem, seja ela da própria prefeitura ou de 
cooperativas de catadores (vide figuras 4 e 5).
Desse modo, a partir da triagem, na qual se separam, por exemplo, os tipos de papéis, 
de papelão, de plásticos, de vidros etc., esses materiais poderão ser prensados (ver figura 5), 
fardados e enviados para empresas de reciclagem. 
Figura 4: Cooperativa de Catadores Figura 5: Cooperado prensando material
Fonte: Vivian Fiori, 2013. Cooperativa Nova Esperança, São Paulo. 
12
Unidade: Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
Portanto, a reciclagem não é a mesma coisa que separar materiais. A reciclagem é um 
processo de transformação daquele material num novo produto. Conforme explica a Secretaria 
do Estado do Meio Ambiente de São Paulo: 
A reciclagem é baseada no aproveitamento dos materiais que compõem os 
resíduos. A técnica da reciclagem consiste em transformar esses materiais, por 
meio da alteração de suas características (...), em novos produtos, o que a 
diferencia da reutilização. Considerando as suas características e composição, 
o resíduo pode ser reciclado para ser posteriormente utilizado na fabricação 
de novos produtos, concebidos com a mesma finalidade ou com finalidade 
distinta da original. Como exemplo, tem-se a reciclagem de garrafas plásticas 
para produzir novas garrafas ou cordas e tecidos, o processamento de restos de 
podas para posterior utilização como substrato de jardinagem, a composição 
e o beneficiamento de óleos usados (SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO 
AMBIENTE, 2010, p. 21-22). 
Logo, a reciclagem é um processo industrial no qual se transforma um material emum novo. 
É o caso, por exemplo, de indústrias de reciclagem que produzem, a partir do material coletado 
seletivamente, garrafas de vidro que são transformadas a partir de outro vidro. 
Tal procedimento não pode ser confundido com reutilização de materiais que é outra forma 
de tratar os resíduos sólidos. Reutilização é uma prática na qual se dá um novo uso ao resíduo, 
caso, por exemplo, do uso de garrafas pets como vasos ou para a produção de materiais de 
artesanato. Nesse caso, não se trata de reciclagem, e sim, de reutilização de materiais. 
Importante!
É fundamental que a sociedade repense as questões relativas aos 
resíduos sólidos, seja por intermédio das políticas públicas que devem, 
por lei, adotar medidas adequadas de destino final para o lixo, seja por 
parte da população, a partir da conscientização de que a produção 
exagerada de resíduos poderá acarretar problemas ambientais e, 
consequentemente, levarão a problemas sociais e de saúde. 
Nesse sentido, é importante que os governos, nos diversos níveis de poder, incentivem 
práticas de educação que ampliem a conscientização da população, no sentido de compreender 
os processos da existência dos resíduos sólidos urbanos: da origem do resíduo, da coleta comum 
e da seletiva, do transporte e as formas de destino final.
Atualmente várias entidades ambientais e o Ministério de Meio Ambiente (MMA) discutem a 
importância de não jogar lixo nas ruas, rios e córregos, e também de repensar a questão, reduzir 
os resíduos produzidos e, inclusive, recusar produtos que possam prejudicar o espaço em que 
vivemos. Tais medidas denominam-se os 5 Rs: reduzir, reciclar, reutilizar, repensar e recusar.
São práticas importantes, mas, ao mesmo tempo, complexas, já que o modo de produção 
capitalista busca, cada vez mais, aumentar a produção e vender suas mercadorias, por meio da 
propaganda e do marketing. 
Daí o paradoxo da busca da sustentabilidade ambiental em relação ao uso e consumo consciente, 
na medida em que, o importante para o capitalismo é o aumento da produção e o consumismo. 
13
Para saber 
mais
A política dos 5 R’s
Pode-se dizer que as preocupações com a coleta, o tratamento e a destinação dos 
resíduos sólidos representam, porém, apenas uma parte do problema ambiental. Vale 
lembrar que a geração de resíduos é precedida por outra ação impactante sobre o 
meio ambiente: a extração de recursos naturais.
A política dos cinco R’s deve priorizar a redução do consumo e o reaproveitamento 
dos materiais em relação à sua própria reciclagem.
Reduzir;
Repensar;
Reaproveitar;
Reciclar;
Recusar consumir produtos que gerem impactos socioambientais significativos.
Os cinco R’s fazem parte de um processo educativo que tem por objetivo uma mudança 
de hábitos no cotidiano dos cidadãos. A questão-chave é levar o cidadão a repensar 
seus valores e práticas, reduzindo o consumo exagerado e o desperdício.
O quarto R (reciclagem) é colocado em prática pelas indústrias que substituem parte da 
matéria-prima por sucata (produtos já utilizados), seja de papel, vidro, plástico ou metal, 
entre outros. Ainda é preciso que se amplie o mercado para produtos advindos desse 
processo. Segregar sem mercado é enterrar separado (IPT & CEMPRE, 1995).
Com a valorização da reciclagem, as empresas vêm inserindo, nos produtos e em 
suas embalagens, símbolos padronizados que indicam a composição dos materiais. 
Esse tipo de rotulagem ambiental tem, também, por objetivo facilitar a identificação e 
separação dos materiais, encaminhando-os para a reciclagem.
As vantagens dessas práticas estão na redução do(a):
• Extração de recursos naturais;
• Redução dos resíduos nos aterros e o aumento da sua vida útil;
• Redução dos gastos do poder público com o tratamento do lixo;
• Redução do uso de energia nas indústrias e intensificação da economia local 
(sucateiros, catadores, etc.).
Fonte: Trecho literal extraído de: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). 
A política dos 5 R’s. Disponível em: http://www.mma.gov.br/acessibilidade/item/9410
Nas grandes cidades a produção de resíduos é enorme, o que amplia o problema na busca 
de soluções para o destino do resíduo. Um dos problemas refere-se ao fato de que o valor dos 
terrenos é alto, e, em alguns casos, não há espaços adequados para se construir aterros. 
Reiteramos que o principal agente em relação aos resíduos sólidos urbanos é a prefeitura. 
Cabe a ela fazer a coleta e o destino dos resíduos domiciliares, de varrição e de poda da 
área urbana. 
Mas também é fundamental a participação e conscientização de toda a população em relação 
a tais questões, e a criação de políticas educativas para ampliar esse processo de conscientização 
e contribuir, tanto para práticas mais adequadas em relação aos resíduos, quanto para, como 
cidadão, acompanhar e cobrar os diversos níveis de governo, sobre tais práticas. 
14
Unidade: Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
A Questão da Água: Saneamento Básico e Enchentes
Do ponto de vista urbano, a questão da água é um tema bastante complexo, pois, existem 
múltiplos usos da água, não somente os urbanos. 
Entre eles, destacamos: o uso do consumo humano domiciliar; o uso das indústrias; para 
irrigação na agricultura; para os animais beberem; o uso da água para atividade de lazer; para 
produção de energia elétrica; como forma de transporte etc..
Desse modo, existem disputas sobre os diferentes usos da água e mesmo para o consumo, 
observa-se que há uma tensão entre os diversos interesses desse consumo e dos territórios 
que o disputam. 
Conforme nos explica Wagner Ribeiro:
As múltiplas propriedades da água permitem os diversos usos pela espécie 
humana, resultando em uma das mais graves tensões ambientais atuais: a 
diferença entre o ritmo natural de reposição da água e o de desenvolvimento 
da sociedade consumista de bens materiais. De um lado, conhecidas médias 
pluviométricas, que são mensuradas e redimensionadas a cada chuva. De 
outro, a crescente produção econômica. Uma oscilação importante na oferta de 
chuvas obriga a uma revisão de metas de produção no campo e, cada vez mais, 
dificulta o abastecimento de alimentos e também de mercadorias nas cidades 
(RIBEIRO, 2008, p. 24).
No caso do governo brasileiro, existem normas que estabelecem como poderão ser feitos 
esses diferentes usos e por quais atores sociais. No nível federal, quem regula a questão é a 
Agência Nacional de Águas (ANA), que estabelece as condições tanto para o uso e consumo da 
água, quanto para o uso de energia elétrica e outros. 
Alem da ANA, há também a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que cuida 
especificamente da questão da energia elétrica, desde a produzida pelas hidrelétricas, ou seja, a 
partir das represas provenientes de rios brasileiros, entre outras.
Conforme se observa na tabela 1, a maior parte da água existente no planeta Terra é 
proveniente dos oceanos (mais de 90%). Além disso, parte das águas está congelada e há outras 
que estão em rios e lagos, águas subterrâneas etc..
Tabela 1: Distribuição Natural de Água
Quantidade (1.000 km³) % na Hidrosfera % de Água Doce Renovação Anual (km³)
Oceanos 1.338.000 96,5 -- 505.000
Subsolo 23.400 1,7 --- --
Água doce no Subsolo 10.530 0,76 30,1 16.700
Umidade do Solo 16,5 0,0001 0,05 16.500
Glaciares e Cumes Gelados 24.064 1,74 68,7 2.532
15
Quantidade (1.000 km³) % na Hidrosfera % de Água Doce Renovação Anual (km³)
Lagos: Água Doce 91,0 0,007 0,26 10.376
Lagos: Água Salgada 85,4 0,006 --- ---
Pântanos 11,5 0,0008 0,03 2.294
Rios 2,12 0,0002 0,006 43.000
Biomassa 1,12 0,0001 0,003 ---
Vapor D´água 12,9 0,001 0,04 600.000
Água Doce 35.029,2 2,53 100 ---
Total 1.386.000 100 --- ---
Fonte: Unesco & WWAP (2003:68). Observação: Como os valores passam por diversos arredondamentos, os totais indicados não equivalem à soma das partes. RIBEIRO, 2008, p. 25.
Desse modo, da água para consumo humano, resta uma pequena porcentagem e em muitos 
casos, há a dificuldade de acesso a essa água ou sua qualidade não é adequada,podendo estar 
poluída ou contaminada. Portanto, constatar se existe escassez ou estresse hídrico, torna-se um 
fator importante, sobretudo nas áreas urbanas. 
Conforme nos explica Wagner Ribeiro:
Cada classificação proposta para quantificar a escassez ou o estresse hídrico 
oferece vantagens e dificuldades. O conceito de escassez hídrica aponta lugares 
onde existe dificuldade de acesso à água em quantidade e qualidade adequada. 
Já o estresse hídrico depende da informação correta do volume consumido. 
Isso exige um rigoroso sistema para quantificar o volume de água usado todos 
os anos, o que também não é simples, nem barato. O fator de uso do fluxo da 
bacia é o indicador mais complexo porque exige um apurado conhecimento 
da dinâmica de cada bacia hidrográfica, além de não distinguir os usos da 
água. Se 70% da água de uma bacia for usada para gerar hidroeletricidade, por 
exemplo, seu reuso pode ser total se forem tomados os devidos cuidados após 
sua passagem pelas turbinas (RIBEIRO, 2008, p. 71).
Assim, há fatores de ordem natural em relação a esta questão: caso da dinâmica da bacia 
hidrográfica, da quantidade de pluviosidade (chuva) existente, bem como de fatores de ordem 
social, econômica e política. 
Há casos, por exemplo, de águas que seriam, em princípio, potáveis para consumo 
humano e que, no entanto, devido à poluição e à contaminação, ficam inapropriadas. Esta 
contaminação e poluição poderão ser provenientes de indústrias, de esgotos domiciliares, de 
resíduos sólidos e líquidos que são lançados nos efluentes, de modo que impossibilitam ou 
encarecem o uso da água. 
Há casos em que essa água pode ser tratada e, portanto, passará por um processo físico-
químico para que possa ser consumida; tal processo ocorre nas Estações de Tratamento de 
Água (ETA), como parte do saneamento básico. 
16
Unidade: Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
Para saber 
mais
Saneamento Básico:
Saneamento é o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do meio 
ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade 
de vida da população e à produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. No 
Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 
11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e Instalações operacionais de 
abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de 
resíduos sólidos e de águas pluviais.
Embora atualmente se use no Brasil o conceito de Saneamento Ambiental como sendo os 4 
serviços citados acima, o mais comum é que o saneamento seja visto como sendo os serviços 
de acesso à água potável, à coleta e ao tratamento dos esgotos.
Fonte: http://www.tratabrasil.org.br/o-que-e-saneamento
Além disso, há muito desperdício de água no Brasil, tanto por conta de problemas de 
infraestrutura (vazamentos etc.), quanto pelo uso excessivo nas atividades do cotidiano, seja nos 
domicílios ou em atividades e serviços comerciais etc.. É fundamental a existência de práticas 
educativas que visem a diminuição do consumo e do desperdício, tanto com o reuso da água, 
como do uso da água pluvial (chuvas). 
Para exemplificar as disputas, recentemente, devido à escassez hídrica no Estado de São 
Paulo e, sobretudo, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), houve casos de disputa da 
água, principalmente, no sistema chamado Cantareira. 
Tal situação serve como exemplo de como a água é fundamental e, ao mesmo tempo, 
uma questão complexa, já que o Sistema Cantareira, que abastece parte da RMSP, tem águas 
provenientes de Minas Gerais, cuja água vai sendo bombeada, num sistema técnico, para as 
represas do sistema, até ser tratada e abastecer os moradores, indústrias etc. da região.
Este sistema foi autorizado no período da criação das Regiões Metropolitanas (RM) no 
Brasil, permitindo que, para o abastecimento dessas regiões, pudessem ser trazidas águas de 
outros lugares. 
A geógrafa Vanderli Custódio comenta especificamente essa situação:
Este último sistema – da Cantareira –, uma obra imensa, promoveu a reversão 
das águas da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba, ao norte, para atendimento à 
demanda da Grande São Paulo. Até os dias atuais há conflitos entre os usuários 
de ambas as bacias, afinal, se as atividades econômicas, as cidades e a população 
da região de Piracicaba, continuarem em crescimento, a água se tornará escassa, 
porém, sem ela, 60% da população da RMSP ficariam sem água potável. Mas o 
entendimento da opção tomada, ao invés de se proceder ao tratamento das águas 
da Bacia do Alto Tietê, passa por aspectos políticos nacionais dos anos sessenta 
influenciadores da urbanização-processo e das cidades-formas de todo o país, 
sobretudo da metrópole paulistana (CUSTÓDIO, 2012, p. 76). 
Assim como a gestão do consumo da água é complexa, há também outro problema no Brasil 
que é a falta de redes de esgotos na maior parte das cidades brasileiras. 
Conforme se observa no gráfico 1, a proporção de crianças de 0 a 14 anos vivendo em 
domicílios sem esgotamento sanitário em rede geral, ou sem, sequer, fossa séptica chega no 
Brasil a 46,2%. E esse número é ainda maior quando se verificam os dados apenas do Nordeste 
(67%). Já em relação ao abastecimento de água, os dados são melhores quando comparados 
aos do esgoto. 
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Gráfico 1: Proporção de crianças de 0 a 14 anos de idade vivendo em domicílios sem abastecimento de água por rede geral, sem 
esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica e sem coleta de lixo, nas Regiões Nordeste e Sudeste - 2011.
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2011.
Dessa maneira, verifica-se que ainda há muito que melhorar o Brasil, em relação à questão 
das formas de destino do esgoto (esgotamento sanitário).
As enchentes/inundações
Nas grandes cidades, outro problema observado em relação à água, são as enchentes. Nesse 
caso, é importante conceituar, já que enchente, ou planície de inundação, é um processo natural 
que ocorre no período das cheias dos rios, córregos ou lagos. 
No entanto, devido à intensa ocupação urbana e a impermeabilização dos solos, muitas 
vezes, esse processo é ampliado, acarretando problemas de perdas materiais e humanas e, 
portanto, redundando na ampliação dos problemas sociais das populações que vivem em 
área de risco. 
Entende-se por área de risco, toda a condição que coloque em risco a vida humana. Assim, 
por conta da ação das enchentes nas cidades, podemos considerar que as populações que 
vivem próximas aos rios e córregos, são populações que vivem em área de risco, como pode se 
observar na figura 6.
Figura 6: Comunidade no Entorno de Córrego Caaguaçu – São Paulo
Vivian Fiori, 2012 
19,4
23,7
10,6
46,2
67,0
16,1 15,5
28,5
4,8
10,7
17,2
3,7
Em %
Brasil
Nordeste
Sudeste
Legenda
Sem abastecimento 
de água de rede geral
Sem esgotamento
sanitário de rede geral
ou fossa séptica
Sem coleta de lixo
direta ou indireta
Todas as formas de
saneamento inadequado
simultaneamente
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Unidade: Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
A questão da enchente, portanto, tem diversas dimensões:
 A primeira delas concerne à própria dimensão natural, ou seja, para haver enchentes 
é necessário que existam rios, lagos ou represas e que a quantidade de chuva leve tais 
corpos hídricos a extravazar suas águas;
 Outra questão é a impermeabilização do solo, comum principalmente nas grandes cidades 
onde, devido à grande quantidade de prédios, casas, avenidas e ruas com asfalto, bem 
como pouco espaço para a infiltração da água, leva ao escoamento da mesma que, 
rapidamente, chega aos rios ou lagos;
 Além disso, há também casos que se atrelam devido ao fato de a população jogar lixo nos 
rios. Isso faz com que os rios fiquem assoreados, levando à ampliação da problemática 
das enchentes;
 Por fim, há também casos de moradias no entorno e até sobre rios, no Brasil. Isso acarreta 
a ampliação dos problemas sociais ede saúde dessas populações, já que estão mais 
vulneráveis às doenças de veiculação hídrica. Caso, por exemplo, da leptospirose, doença 
ocasionada por uma bactéria, cujo vetor pode ser o rato.
Para pensar
Que você tenha de explicar o fenômeno denominado de 
enchente ou inundação numa cidade fictícia chamada de 
Barreirinhas. A primeira coisa fundamental é conceituar e ter 
uma definição para esses termos. Porque sem uma definição, 
como saber como explicar se há ou não inundação?
Então, segue um conceito da geógrafa Vanderli Custódio:
[...] ambas as definições contêm a dimensão natural, sobre a qual se construiu 
a dimensão social. Em razão disto, neste trabalho são utilizados os termos 
enchente e inundação como fenômenos similares, no sentido de representarem 
o extravasamento das águas de um rio do seu leito menor para o maior e o 
excepcional [...] (CUSTÓDIO, 2002, p. 9). 
Figura 7: Esquema da Enchente/Inundação
Vanderli Custódio, 2002, p. 9. Reelaborado por Vivian Fiori, 2014
Logo, a definição para enchente e/ou inundação, segundo a autora se refere a um fenômeno 
do extravasamento da água de um corpo d’água (rio, córrego, lago ou represa), como mostra a 
figura 7, acima do leito menor, extravasando-o. Em seguida, é importante refletir o porquê da 
enchente/inundação na comunidade de Barreirinhas. Isso pode ser explicado na escala local?
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Vamos pensar: Quais os fatores que interferem no rio e contribuem para a inundação? As 
pessoas jogam lixo no rio? Ele está assoreado por outros motivos? As casas de Barreirinhas estão 
construídas nas várzeas do rio? As casas de Barreirinhas apesar de longe do rio ficam numa 
planície? Todos estes fatores podem eventualmente ajudar a explicar a inundação em Barreirinhas. 
Figura 8: Região Imaginária de Barreirinhas 
Elaborado por Vivian Fiori, 2014
Pode ser que existam fatores locais, mas também que este rio ou seus afluentes venham de 
outro município distante e que nesse lugar as pessoas joguem lixo no rio, caso dos municípios 
de Almeria e Peruíbe (vide figura 8). 
Dessa forma, pode ser que o problema do lixo no rio, que amplia a possibilidade de 
inundações, seja regional e não apenas local. Ou ainda, que as chuvas intensas nas partes mais 
altas (cabeceiras), tenham ocorrido em Caieiras e acabem chegando aos pontos mais baixos 
(menor altitude), caso de Barreirinhas (720m de altitude). 
Aliás, a unidade territorial a ser considerada quando se tratam de fenômenos relacionados a 
recursos hídricos é a própria bacia hidrográfica. Não se pode pensar no rio como um elemento 
espacial isolado. Se há um conjunto de rios é fundamental considerá-los. 
O fundamental é descobrir a lógica do fenômeno, que neste caso é a inundação. Se fossemos 
explicar a inundação no município de Itapecerica (vide figura 8), esta poderia ocorrer, por 
exemplo, devido às intensas chuvas nas cabeceiras do rio Caaguaçu e/ou por causa da abertura 
das comportas da Represa de Urnas, assim como também poderia ser devido às chuvas intensas 
em Peruíbe e ao excesso de lixo que os moradores de Almeria e Barreirinhas jogam nos córregos, 
fazendo com que o rio/córrego fique assoreado (espaço do rio ocupado por sedimentos ou lixo), 
ampliando as possibilidades de inundações. Afinal, neste caso, os córregos vão se juntando ao 
Rio Caaguaçu, que é o rio principal desse conjunto de rios que formam uma Bacia Hidrográfica. 
Neste caso quais são as dimensões que explicam esta enchente? Primeiramente, é a natural, 
já que sem chuva e rio não há possibilidade de inundação. Depois, socioeducativas, pois pode 
haver problemas de jogarem lixo no rio, o que ampliará a probabilidade de inundação, entre 
outras possibilidades e fatores. 
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Unidade: Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
Pode ser também, devido à falta de políticas públicas e obras de engenharia, ou outras 
que intentem reduzir os problemas da inundação. Então, há diferentes elementos e dimensões 
que precisam ser considerados: da esfera pública; da falta de consciência da população; da 
dimensão natural etc..
Desse modo, seja na questão dos resíduos sólidos, como na da água (redução do consumo, 
evitar jogar resíduos nos rios etc.), é fundamental a participação da população, compreendendo 
que também é parte do processo da relação sociedade-natureza.
21
Material Complementar
Livros:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS (ABRELPE). Panorama dos 
resíduos sólidos no Brasil 2012. Edição Especial 10 anos. São Paulo, 2013. Acesso em 15/11/2014. Disponível em: 
http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2012.pdf
RODRIGUES, Arlete Moysés. Produção e consumo do e no espaço: problemática ambiental urbana. S/d. Acesso 
19/11/2014. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ea000113.pdf
ZOMBINI, Edson Vanderlei; PELICIONI, Maria Cecília Focesi. Saneamento básico: estratégia para a promoção da 
saúde da criança. Material educativo para apoio pedagógico. São Paulo; Faculdade de Saúde Pública, USP, 2013. 
Acesso em 16/11/2014. Disponível em:
http://www.tratabrasil.org.br/datafiles/uploads/outrosestudos/Tese-de-Doutorado-Edson-Vanderlei-Zombini.pdf
Filme:
Lixo extraordinário. Documentário, 2010. O documentário mostra a trajetória do lixo dispensado no Jardim 
Gramacho, maior aterro sanitário da América Latina localizado na periferia de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, 
até ser transformado em arte pelas mãos do artista plástico Vik Muniz e seguir para prestigiadas casas de leilões 
internacionais. Pode ser encontrado em sites de busca. 
Vídeo:
Programa Profissão Repórter. Fechamento do lixão de Gramacho (23min44), Rede Globo. Disponível em:
http://globotv.globo.com/rede-globo/profissao-reporter/v/fechamento-lixao-de-gramacho-parte-1/2056249/ 
Sites:
Instituto Trata Brasil: http://www.tratabrasil.org.br
Ministério do Meio Ambiente (MMA): http://www.mma.gov.br
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Unidade: Os Problemas Urbano-Ambientais no Brasil
Referências
CUSTÓDIO, Vanderli. Escassez de água e inundações na Região Metropolitana de São 
Paulo. São Paulo: Humanitas / FAPESP, 2012.
RIBEIRO, Wagner Costa. Geografia política da água. São Paulo: Annablume, 2008.
RIBEIRO, Wagner. Gestão das águas metropolitanas. In: Carlos, Ana Fani Alessandri e Oliveira, 
Umbelino de Oliveira - Orgs. Geografias de São Paulo: as metrópoles do século. São 
Paulo: Contexto, 2004.
SECRETARIA DO ESTADO DO MEIO AMBIENTE. Resíduos Sólidos. Secretaria de Estado 
do Meio Ambiente. São Paulo: SMA, 2010.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). A política dos 5 R’s. Brasília, s/d. Disponível 
em: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/item/9410-a-pol%C3%ADtica-
dos-5-r-s. Acesso em 10/10/2014. 
ZOMBINI, Edson Vanderlei; PELICIONI, Maria Cecília Focesi. Saneamento básico: estratégia 
para a promoção da saúde da criança. Material educativo para apoio pedagógico. 
São Paulo; Faculdade de Saúde Pública, USP, 2013. Disponível em: http://www.tratabrasil.org.
br/datafiles/uploads/outrosestudos/Tese-de-Doutorado-Edson-Vanderlei-Zombini.pdf. Acesso 
em 16/11/2014. 
Site: 
INSTITUTO TRATA BRASIL: http://www.tratabrasil.org.br
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