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FUB
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Noções de Direito Constitucional
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Livro Eletrônico
DIOGO SURDI
Diogo Surdi é formado em Administração Pública 
e é professor de Direito Administrativo em 
concursos públicos, tendo sido aprovado para 
vários cargos, dentre os quais se destacam: 
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil 
(2014), Analista Judiciário do TRT-SC (2013), 
Analista Tributário da Receita Federal do Brasil 
(2012) e Técnico Judiciário dos seguintes 
órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRE-SC, TRE-RS, TRT-
MS e MPU.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Nome do Concurseiro(a) - 000.000.000-00, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Prof. Diogo Surdi
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SUMÁRIO
Direitos Individuais e Coletivos – Parte I ........................................................8
1. Origem ..................................................................................................9
2. Diferenças entre Direitos e Garantias Fundamentais ..................................11
3. Classificação, Gerações ou Dimensões .....................................................14
4. Características ......................................................................................19
5. Destinatários ........................................................................................27
6. Eficácia Horizontal e Vertical ...................................................................29
7. Restrições Legais ..................................................................................31
8. Possibilidade de Renúncia ......................................................................35
9. Tratados e Convenções Internacionais .....................................................36
10. Tribunal Penal Internacional ..................................................................38
11. Direitos Fundamentais Expressos na Constituição Federal .........................39
12. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos ...............................................41
Questões de Concurso ...............................................................................84
Gabarito ..................................................................................................92
Gabarito Comentado .................................................................................93
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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
Prof. Diogo Surdi
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Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a), tudo certo? Espero que sim! 
Iniciamos agora a preparação para o concurso da Fundação Universidade de 
Brasília – FUB.
 Trata-se de uma ótima oportunidade de adentrar no serviço público, ainda mais 
se considerarmos os cargos oferecidos e a ótima remuneração oferecida. 
Sendo assim, o objetivo deste material não é outro que o de deixá-lo(a) em 
plenas condições de gabaritar a prova de Direito Constitucional.
Para isso, todos os aspectos doutrinários, jurisprudenciais e sumulares dos 
principais tribunais superiores serão utilizados à exaustão. 
Além disso, faremos uso, como base para o nosso estudo, das disposições da 
Constituição Federal, que é a norma que deve ser lida e compreendida pelos 
candidatos. 
Bem... Um dos pilares que estará presente em todo o curso será o diálogo, pos-
sibilitando uma melhor interação entre aluno e professor e a resolução tempestiva 
de todas as eventuais dúvidas que surgirem.
Para isso, vamos a uma breve apresentação...
Meu nome é Diogo Surdi, sou formado em Administração Pública e me considero 
um “concurseiro de carteirinha”. Em 2014, obtive a aprovação para o cargo de 
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil. E posso dizer que a sensação de 
conseguir ser aprovado para um cargo como este, que é um dos mais disputados 
do Brasil, é incrível: envolve amigos e familiares e faz com que todo o esfor-
ço tenha valido a pena!
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Direitos e Deveres Individuais e Coletivos – Parte I
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Além disso, obtive a aprovação em diversos outros cargos, dentre os quais 
destaco: Analista Judiciário do TRT-SC (3ª colocação); Analista Tributário da RFB; 
Técnico Judiciário dos seguintes órgãos: TRT-SC, TRT-RS, TRT-MS, TRE-SC, TRE-RS 
e MPU.
Sobre tais aprovações, gostaria apenas de mencionar, para servir de incentivo, 
as “adaptações” que tive que fazer em minha rotina para alcançar a aprovação:
Na época em que estudava para AFRFB, minha primeira filha tinha apenas 3 
anos. Como não abria mão de vê-la, eu trabalhava no TRT-SC das 12h às 19 horas, 
ia para casa, ficava com minha filha e esposa e, após elas dormirem, ia para um 
hotel, que era localizado perto da nossa casa, para poder estudar durante toda a 
madrugada. Estudava das 23h às 05 da manhã, dormia das 05h às 11h e me dirigia 
novamente para o trabalho.
E assim foi por mais de um ano! Ou seja, eu me adaptei a essa rotina 
para poder enfrentar a banca com garra e dedicação!
O que queria passar para você, com isso, é que absolutamente nada será 
alcançado sem esforço, que muitas serão as dificuldades e os obstáculos 
que você encontrará pelo caminho... Poderá haver momentos em que você se 
questionará se tudo o que está passando realmente vale a pena (a privação de 
tempo com a família e amigos, a necessidade de poder fazer algo de que gosta sem 
se sentir “culpado(a)” por não estar estudando), e a resposta, meu(minha) caro(a), 
é que tudo vale MUITO a pena!!! 
Após a aprovação, cada um desses momentos de dificuldade será lembrado e 
tornará a conquista do seu objetivo muito mais gratificante. 
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“Nunca deixem que te digam que não vale a pena acreditar no sonho que se 
tem, ou que os seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser al-
guém...” 
Renato Russo
Portanto, não hesite... É no pós-edital que se faz toda a diferença! Sendo 
assim, vamos todos com foco e força de vontade rumo à aprovação na FUB. Pode 
contar comigo em tudo o que for preciso para alcançarmos este objetivo.
Cronograma das aulas
Nosso curso será dividido em 07 aulas. Cobriremos o conteúdo programático 
do edital, divulgado recentemente pelo CESPE:
Aula Conteúdo do Edital Nome da Aula
01
2 Direitos e garantias 
fundamentais.
Direitos e Deveres Individuais e 
Coletivos – Parte I
02
2 Direitos e garantias
 fundamentais.
Direitos e Deveres Individuais e 
Coletivos – Parte II
03
2 Direitos e garantias 
fundamentais.
Direitos Sociais
04
2 Direitos e garantiasfundamentais.
Nacionalidade
05
2 Direitos e garantias 
fundamentais.
Direitos Políticos e Partidos Políti-
cos
06
3 Administração Pública. 3.1 Dispo-
sições gerais, servidores públicos.
Administração Pública
07
1 Constituição. 1.1 Conceito, classi-
ficações, princípios fundamentais.
Teoria Geral da Constituição
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Suporte
Quando temos uma dúvida, é sinal de que nossa mente está procurando com-
preender e assimilar a matéria. 
Se esta dúvida é solucionada de maneira tempestiva, você pode ter certeza 
de que nunca mais esquecerá tal assunto e, o que é mais importante, não pensará 
duas vezes na hora da prova... Acertará a questão rapidamente e ganhará tempo 
para as demais.
Assim, estarei à disposição para sanar todas as dúvidas que surgirem.
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DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS – PARTE I
Olá, concurseiro(a), tudo bem? Acredito e espero que sim!
Na aula de hoje, iniciaremos o estudo do Direito Constitucional. Para isso, 
veremos um dos tópicos mais exigidos em todas as provas de concurso público: os 
direitos e deveres individuais e coletivos. 
Considerando que o assunto (que está disciplinado, principalmente, no art. 5º 
da Constituição Federal) é bastante extenso, compreendendo inclusive uma série 
de entendimentos jurisprudenciais e doutrinários, veremos, na aula de hoje, 
toda a doutrina acerca dos direitos e deveres fundamentais. 
Além disso, iniciaremos o estudo de cada uma das previsões do art. 5º da 
Constituição, que é, como já ressaltado, questão praticamente certa em toda e 
qualquer prova de concurso público. 
Forte abraço e bons estudos!
Prof. Diogo 
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1. Origem
A origem dos direitos fundamentais está intimamente relacionada com a 
necessidade de imposição de limites à atuação do Estado. Por intermédio dos 
direitos fundamentais, dessa forma, os indivíduos passaram a contar com uma 
proteção, gerando um aumento em sua liberdade e uma limitação na 
atuação do Poder Público. 
Inicialmente, a atuação do Estado consistia em uma série de imposições e 
deveres aos indivíduos que estavam sob a sua proteção. 
Como resultado dessas ações do Poder Público, havia uma população acua-
da e que praticamente não podia expressar as suas vontades.
Com o surgimento dos primeiros direitos fundamentais, passou-se a exigir 
uma “não atuação” do Estado, resultando em um aumento das liberdades con-
feridas à população e em uma maior autonomia das relações privadas ante a 
atuação do Poder Público.
Não devemos confundir os direitos fundamentais, contudo, com os direitos 
humanos.
O termo “direitos humanos” é um conceito mais amplo, compreendendo 
todos os direitos reconhecidos em tratados e convenções internacio-
nais pelo direito internacional público. Tais tratados e convenções podem 
tanto ser de âmbito global quanto regional, sendo necessário, para a sua in-
clusão no ordenamento jurídico de um país, que sejam positivados pelo res-
pectivo Estado.
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Exemplo: o Pacto Internacional sobre Direitos Políticos é um exemplo de tra-
tado global. A Convenção Americana de Direitos Humanos é exemplo de con-
venção regional.
Em ambas as situações, para que os direitos humanos previstos nos acordos 
possam ter validade em um determinado Estado, faz-se necessário que o res-
pectivo país reconheça e positive os direitos acordados. 
Uma vez positivados, tais direitos podem ou não assumir o status de direitos 
fundamentais.
Usamos diversas vezes o termo “positivar”. Você sabe o que isso significa?
Positivar significa reconhecer, estar escrito, expresso em um docu-
mento.
As normas positivadas são aquelas que foram reconhecidas como aptas 
a regular as relações jurídicas da população de território determinado.
São, em última análise, todas as normas expressas em um ordenamento, 
desde a Constituição Federal (que será nosso objeto de estudo), passando pe-
las leis e pelos decretos regulamentares.
Os direitos fundamentais, por sua vez, são os direitos reconhecidos 
à população de um dado território mediante a confecção de um docu-
mento específico. E esse documento específico nada mais é do que a Cons-
tituição do respectivo país, responsável por instituir o ordenamento jurídico e 
por positivar os direitos assegurados aos seus indivíduos. 
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Com isso, chegamos à importante conclusão de que nem todos os direitos 
humanos são considerados direitos fundamentais, mas sim apenas aque-
les que foram positivados pela Constituição Federal.
2. Diferenças entre Direitos e Garantias Fundamentais
Você já se perguntou o que é um direito? E uma garantia fundamental? 
Ainda que o texto da Constituição Federal não tenha feito distinção expressa en-
tre os dois institutos, é possível afirmar que ambos os conceitos possuem funções 
distintas.
Os direitos fundamentais podem ser conceituados como os bens e as vantagens 
conferidos pela Constituição Federal.
As garantias fundamentais, por outro lado, são os mecanismos constitucional-
mente previstos com a finalidade de proteger os direitos fundamentais.
Exemplo: como exemplo de direito fundamental, há a liberdade de locomoção, 
prevista em nosso ordenamento por meio do art. 5º, XV, da Constituição Federal: 
“é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer 
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”.
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Para proteger tal direito e assegurar que possa ser exercido, a própria Constituição 
Federal estabelece, por exemplo, a garantia do habeas corpus, conforme previsão 
do art. 5º, LXVIII: “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se 
achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por 
ilegalidade ou abuso de poder”.
Das inúmeras garantias previstas na Constituição Federal, as mais importantes 
(e mais exigidas em provas de concursos) são os chamados remédios constitu-
cionais.
Os remédios constitucionais são uma espécie de garantia, podendo ser divi-
didos em remédios administrativos e remédios judiciais.
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São remédios administrativos constitucionalmente previstos o direito de petição 
e o direito de certidão. Os remédios judiciais, por sua vez, são o habeas corpus, o 
habeas data, o mandado de segurança, o mandado de segurança coletivo, a ação 
popular e o mandado de injunção.
Todos os remédios serão estudados em momento oportuno. Por ora, foram ex-
postos com a finalidade de apresentar uma visão global acerca das diferenças exis-
tentes entre os direitos e as garantias fundamentais. 
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3. Classificação, Gerações ou Dimensões
De acordo com o momento histórico em que surgiram e foram reconhecidos 
pelo ordenamento jurídico, os direitos fundamentais podem ser classificados em 
cinco gerações ou dimensões.
Primeira geração: até meados da Idade Média, o Estado era conduzido me-
diante as ordens da monarquia. As opiniões do rei, nessa época, eram absolutas e 
não podiam ser objeto de contestação por parte da população.
Com o passar do tempo, os indivíduos começaram a se revoltar com os desman-
dos e abusos cometidos, dando ensejo ao surgimento do Liberalismo e dos primei-
ros direitos fundamentais.
Os direitos fundamentais de primeira geração são formados pela necessidade 
de uma “não atuação” do Estado, aumentando, assim, a liberdade da população. 
Por este motivo, tais direitos são comumente conhecidos como “direitos nega-
tivos” ou “direitos de defesa”, uma vez que são resultados da necessidade de 
proteção à população ante os desmandos do Estado.
É importante mencionar que os direitos fundamentais de primeira geração sur-
giram em meados do século XVIII, possuindo como principal objetivo a conquista 
de liberdade e sendo materializado pelos direitos políticos e civis.
Exemplo: ambos os direitos (políticos e civis) são decorrência de um aumento da 
liberdade conferida à população.
Quando os indivíduos passam a poder votar e exercer seus direitos políticos, há um 
considerável aumento da liberdade.
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Tal situação também ocorre quando a população passa a ter direito de usufruir de 
sua propriedade e de se locomover sem a necessidade de obter autorização do 
Poder Público (direitos civis).
São exemplos, ainda, de direitos de primeira geração o direito à vida, o direito de 
associação e o direito de reunião.
Segunda geração: com os direitos de primeira geração, a população conquis-
tou um grande passo, passando a fazer jus, conforme mencionado, a uma maior 
liberdade de atuação.
Com o passar dos anos, contudo, a simples existência de uma não interferência 
estatal se revelou insuficiente para que a integridade da população fosse mantida. 
Nesse cenário, era bastante comum que os trabalhadores fossem submetidos a 
jornadas de trabalho de mais de 15 horas diárias por 7 dias da semana. 
Surgem, então, os direitos fundamentais de segunda geração, caracterizados 
por prestações positivas do Estado para os indivíduos. Nesse contexto, a sociedade 
exige que o Poder Público não se restrinja ao fato de não interferir nas relações 
humanas, mas sim que ofereça a todos os indivíduos sob a sua guarda uma série 
de direitos que permitam a manutenção da dignidade da pessoa humana.
Na segunda geração, o paradigma utilizado é a igualdade, sendo exemplos os 
direitos sociais, os direitos econômicos e os direitos culturais. 
Por assegurar uma prestação à população, tais direitos também são conhecidos 
como “liberdades positivas” ou “direitos do bem-estar”, tendo tido início no 
final do século XIX e início do século XX.
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Exemplo: à medida que direitos sociais como as férias e o descanso semanal 
remunerado são garantidos à população, há um Estado que não apenas está 
deixando de agir, mas sim que está ofertando, à população, melhores condições 
de vida.
Nessa situação, o que está pautando a atuação estatal é a igualdade, de forma 
que todas as pessoas que estejam sob a mesma condição devem fazer jus aos 
mesmos benefícios e prestações do Poder Público.
Terceira geração: os direitos de terceira geração surgiram da preocupação 
da comunidade internacional com os ditos direitos transindividuais, ou seja, 
direitos que ultrapassam o próprio indivíduo.
Dessa forma, os direitos de terceira geração não se destinam apenas a um 
indivíduo ou grupo de pessoas pertencentes a um determinado Estado. Sua inci-
dência é ampla, difusa, recaindo sob toda a espécie humana.
Como exemplo, cita-se o direito ao meio ambiente, ao progresso e à defesa do 
consumidor. Em todas essas situações, o fundamento utilizado é a fraternidade.
Da análise das três primeiras gerações de direitos fundamentais, consegue-se 
notar uma semelhança com o lema da Revolução Francesa: liberdade, igualda-
de e fraternidade.
Os direitos de primeira geração conferem aos indivíduos uma maior liberda-
de; os de segunda geração, por assegurarem uma série de prestações positi-
vas, estão pautados na igualdade. Os de terceira geração, por sua vez, funda-
mentam-se na fraternidade, uma vez que não estão direcionados para um grupo 
específico de pessoas, mas sim para toda a espécie humana.
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Em brilhante passagem, o STF, no julgamento do MS n. 22.164, descreveu as 
características das três principais gerações de direitos fundamentais:
O direito a integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração – constitui 
prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação 
dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo 
identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangen-
te, a própria coletividade social. Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis 
e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam 
o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e 
culturais) - que se identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas - acentuam 
o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de 
titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram 
o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de de-
senvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, en-
quanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade.
Quarta geração: os direitos fundamentais de quarta geração são aqueles in-
timamente relacionados com a globalização. De acordo com essa corrente, fazem 
parte de tal geração o direito à democracia direta, o direito à informação e todos os 
direitos relacionados com a biotecnologia. 
Nessa dimensão, os direitos fundamentais seriam os responsáveis por evitar 
que as manipulações genéticas ocorressem sem nenhum tipo de controle. 
Marcelo Novelino apresenta uma importante definição acerca dos direitos fun-
damentais de quarta dimensão:
Tais direitos foram introduzidos no âmbito jurídico pela globalização política, compre-
endem o direito à democracia, informação e pluralismo. Os direitos fundamentais de 
quarta dimensão compendiam o futuro da cidadania e correspondem à derradeira fase 
da institucionalização do Estado social sendo imprescindíveis para a realização e legiti-
midade da globalização política.
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Quinta geração: parte da doutrina identifica, ainda, uma quinta dimensão ou 
geração de direitos fundamentais. De acordo com essa corrente, fortemente defen-
dida por constitucionalistas como Paulo Bonavides, a quinta geração seria repre-
sentada como o direito de toda a espécie humana à paz. 
De acordo com o mencionado autor, a concepção de paz deve ser a mais ampla 
possível, abrangendo todas as nações e servindo de base para a preservação da 
dignidade da pessoa humana.
Tudo certo até aqui? Se os conceitos estiverem um pouco confusos no início, 
fique tranquilo(a)... Aos poucos, os diversos assuntos vão se unindo e formando 
uma base sólida.
Dessa forma, podemos resumir todas as características acerca das gerações ou 
dimensões dos direitos fundamentais por meio do quadro:
GERAÇÃO OU 
DIMENSÃO
FUNDAMENTO CARACTERÍSTICAS
1ª Geração Liberdade
Surgiram no final do século XVIII.
Exigia uma não atuação do Estado.
São representados pelos direitos civis e políticos.
São conhecidos como “liberdades negativas”.
2ª Geração Igualdade
Surgiram no final do século XIX.
Exigia uma atuação positiva do Estado.
São representados pelos direitos sociais, econômicos e 
culturais.
São conhecidos como “liberdades positivas”.
3ª Geração Fraternidade
Surgiram no século XX.
Direitos atribuídos a toda a humanidade.
São representados pelo direito ao meio ambiente, ao pro-
gresso e à defesa do consumidor.
4ª Geração Biotecnologia
Surgiram em meados do século XX.
Fundamentados na ideia de uma sociedade sem fronteiras.
Representados pelos direitos à democracia, à informação 
e a todas as questões biotecnológicas.
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5ª Geração Paz
Surgiram em meados do século XX.
Decorre da necessidade de toda a espécie humana, indepen-
dentemente das diferenças sociais e ideológicas, possuir paz.
1. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS2/2014/CONSULTOR LEGISLATIVO) A respei-
to de princípios fundamentais e de direitos e garantias fundamentais, julgue o pró-
ximo item.
Historicamente, os direitos fundamentais de primeira dimensão pressupõem dever 
de abstenção pelo Estado, ao contrário dos direitos fundamentais de segunda di-
mensão, que exigem, para sua concretização, prestações estatais positivas.
Certo.
A questão apresenta a perfeita definição dos direitos fundamentais de primeira e 
segunda geração. Na primeira geração, os direitos são representados por uma abs-
tenção da atuação do Estado. Na segunda geração, em sentido oposto, o Estado 
deve atuar e garantir prestações positivas à população.
4. Características
Um dos assuntos mais exigidos acerca da teoria dos direitos fundamentais é o re-
lacionado com as características atribuídas pela doutrina a esses direitos. Po-
de-se identificar, assim, a existência de 10 características dos direitos fundamentais.
Nas provas de concurso, as características dos direitos fundamentais são exigi-
das, comumente, de duas formas:
• a banca apresenta uma característica e tenta confundir o(a) candidato(a) 
com o conceito de outra;
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• um caso concreto é apresentado, solicitando que o(a) candidato(a) assi-
nale qual a característica pertinente.
Para resolvermos ambos os tipos de questões, basta conhecermos o conceito bási-
co de cada uma das características.
Universalidade: como regra, os direitos fundamentais devem ser assegurados a to-
dos os seres humanos, independentemente de crença, raça, credo ou convicção política. 
Isso não implica afirmar, contudo, que todos os direitos fundamentais devem, 
obrigatoriamente, ser assegurados de igual forma a todos, uma vez que a diversidade 
da humanidade e da realidade vivida por pessoa não é uniforme no tempo.
Ainda assim, certos direitos fundamentais (aos quais a doutrina identifica um núcleo 
existencial), pela sua importância, devem ser assegurados, indistintamente, a todos.
Exemplo: se tomarmos como exemplo o direito à vida, nota-se que se trata de um 
direito fundamental que deve ser assegurado a toda a humanidade. Todas as pes-
soas são titulares desse direito, que, devido à sua importância, é reconhecido como 
parte deum núcleo essencial de direitos fundamentais. 
Se, em sentido, oposto, tomarmos como exemplo o direito social a férias remune-
radas, veremos que este, ainda que se seja um direito fundamental, não é asse-
gurado, indistintamente, a toda a população, mas sim apenas aos trabalhadores.
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Historicidade: os direitos fundamentais não surgem com base em um acon-
tecimento histórico isolado no tempo. Em sentido oposto, a existência de direitos 
fundamentais está intimamente relacionada com as conquistas da humanidade ao 
longo dos anos.
Prova disso são as diferentes gerações de direitos fundamentais. No início, como 
o homem estava sendo oprimido pela atuação do Estado, a grande conquista foi 
exigir que o Estado deixasse de atuar, gerando uma maior liberdade aos indivíduos.
Posteriormente, tendo a população uma maior liberdade, a exigência era de que 
o Estado não apenas deixasse de atuar, mas sim que prestasse a toda a sua popu-
lação uma série de direitos mínimos necessários à sua existência.
Conclusão: os direitos fundamentais são ampliados com o passar dos anos, 
uma vez que as necessidades dos indivíduos sob a guarda do Poder Público, em 
igual sentido, tende a aumentar com o decorrer do tempo.
Inalienabilidade: os direitos fundamentais não podem ser transferidos ou ne-
gociados com terceiros, sendo de titularidade exclusiva da pessoa que os possui. 
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Como consequência, é correto afirmar que os direitos fundamentais não possuem 
conteúdo econômico ou patrimonial.
Em outras palavras, ninguém pode sair por aí vendendo um direito fundamental.
Indivisibilidade: Os direitos fundamentais são indivisíveis, motivo pelo qual 
apenas atingem à finalidade para a qual se propõem se exercidos em conjunto. 
Como decorrência, não poderá o particular usufruir apenas dos direitos que 
entenda necessários para a sua pessoa. Deverá ele, para preservar sua dignidade, 
fazer uso do conjunto de direitos previstos em nosso ordenamento jurídico, respei-
tadas, como não poderia deixar de ser, as particularidades de cada pessoa. 
Imprescritibilidade: a prescrição está relacionada com a impossibilidade da 
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utilização das medidas cabíveis, após o decurso de um determinado período, para 
fazer jus a um direito. 
Com os direitos fundamentais, contudo, isso não ocorre. Assim, caso uma pes-
soa não utilize um direito fundamental da qual é titular por um longo período, ainda 
assim poderá fazer uso, a qualquer momento, do direito em questão. 
Isso implica afirmar que os direitos fundamentais são personalíssimos, impossí-
veis de serem alcançados pelo instituto da prescrição.
Irrenunciabilidade: como regra, o titular de um direito fundamental não pode 
dele dispor, renunciando ao ser exercício. 
Contudo, em determinadas situações, e desde que por um prazo certo de tem-
po, poderá a pessoa renunciar ao exercício de certos direitos fundamentais. Após 
o mencionado lapso temporal, o direito objeto da renúncia voltará à sua plenitude.
Ressalta-se, entretanto, que a renúncia jamais poderá ser feita por um período 
indeterminado, tampouco abranger todos os direitos fundamentais previstos no 
ordenamento jurídico.
Dada a importância do assunto, a característica da irrenunciabilidade será mais 
bem detalhada em momento posterior.
Relatividade: de início, precisamos memorizar uma afirmativa amplamente 
utilizada pelas bancas organizadoras: “não existem direitos fundamentais de 
caráter absoluto”.
Como consequência, todos os direitos fundamentais se revestem de caráter 
relativo, encontrando limites na própria existência de outros direitos fundamentais 
previstos na Constituição Federal. 
Dessa forma, os direitos fundamentais não podem ser utilizados como uma for-
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ma de acobertar o cometimento de atividades ilícitas, tampouco a responsabilidade 
das pessoas que, fazendo uso desse direito, cometam infrações tipificadas como 
crime em nosso ordenamento jurídico.
Em caso de conflito entre dois ou mais direitos fundamentais, deverá a autori-
dade competente, analisando o caso concreto, fazer uso da concordância prática 
ou da harmonização. 
Nessa situação, um direito prevalecerá sobre o outro, de forma que a decisão 
apenas será aplicável às partes do conflito. Caso, posteriormente, ambos os di-
reitos novamente sejam objeto de conflito, a autoridade deverá realizar o mesmo 
procedimento de análise do caso concreto, podendo perfeitamente decidir pela 
prevalência do outro direito. Tudo dependerá, conforme mencionado, da análise do 
caso concreto.
Exemplo: caso uma pessoa, invocando o direito fundamental da liberdade de pen-
samento, expresse comentários racistas acerca de outrem, estaremos diante de 
um conflito entre direitos fundamentais.
De um lado, a liberdade do pensamento. Do outro, a vedação ao racismo.
Nessa situação, a autoridade competente deverá analisar o caso concreto e decidir, 
com base na ponderação e na harmonização, qual o direito que deverá prevalecer.
Como a decisão apenas produzirá efeitos para as partes envolvidas, nada impede 
que a autoridade competente, em momento posterior, e estando diante de uma 
situação na qual os mesmos direitos estejam em conflito, decida de forma con-
trária.
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Ainda que a imensa maioria da doutrina entenda que nenhum dos direitos e 
garantias fundamentais possua caráter absoluto, tem crescido, cada vez mais, o 
entendimento (ainda minoritário) de que três situações seriam o caso de direitos 
de caráter absoluto, sendo eles: 
• a proibição à tortura;
• a proibição à escravidão;
• a proibição ao tratamento cruel ou degradante.
Todas as três situações derivamdo princípio maior da dignidade da pessoa 
humana. 
De acordo com a doutrina que defende a existência de direitos de caráter 
absoluto, a relativização das situações apresentadas geraria uma relativização da 
própria dignidade da pessoa humana.
Nesse sentido, merece destaque o entendimento de Ingo Wolfgang Sarlet:
A dignidade da pessoa humana, na condição de valor fundamental atrai o conteúdo de 
todos os direitos fundamentais, exige e pressupõe o reconhecimento e prote-
ção dos direitos fundamentais de todas as dimensões. Assim, sem que se reco-
nheçam à pessoa humana os direitos fundamentais que lhe são inerentes, em verdade 
estar-se-á negando-lhe a própria dignidade.
Ressalta-se, contudo, que tal entendimento ainda é minoritário. Em provas 
de concurso, devem ser adotados os seguintes procedimentos:
• em questões genéricas que apenas exijam o conhecimento das caracterís-
ticas dos direitos fundamentais, deve-se sempre afirmar que tais direitos não 
possuem caráter absoluto, sendo, por isso mesmo, relativos;
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• em questões mais avançadas e que exijam expressamente a doutrina mi-
noritária (com enunciados que versem sobre o tema dos direitos absolutos), 
deve-se afirmar que os três direitos acima mencionados se revestem de ca-
ráter absoluto.
Complementariedade: os direitos fundamentais não devem ser interpretados 
de forma isolada, mas sim de forma conjunta, complementar, possibilitando que a 
finalidade para a qual foram instituídos seja alcançada em sua plenitude. 
Exemplo: uma das principais finalidades dos direitos fundamentais é assegurar a 
todos a dignidade da pessoa humana. 
Contudo, você acha que esse objetivo será alcançado em sua plenitude de que 
maneira: com apenas alguns dos direitos ou com todos os direitos fundamentais 
existentes?
Logicamente que a utilização e interpretação de todos os direitos fundamentais é 
que proporcionará o atingimento da finalidade.
Concorrência: o particular pode exercer diversos direitos fundamentais ao 
mesmo tempo, de forma concorrente, não havendo necessidade do esgotamento 
da utilização de um direito para que outro possa ser exercido.
Efetividade: cabe ao Estado, materializado pelas inúmeras políticas públicas, 
assegurar condições para que os direitos fundamentais possam ser concretizados e 
efetivados pela população.
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5. Destinatários
Inicialmente, os destinatários dos direitos fundamentais eram apenas as pes-
soas naturais, uma vez que o que estava sendo exigido era uma não atuação do 
Estado em prol da liberdade da população.
Com o tempo, a doutrina passou a estender os efeitos dos direitos fundamentais 
para as pessoas jurídicas, sendo que uma série de direitos positivados em nosso 
ordenamento são destinados a tais pessoas.
Modernamente, os direitos fundamentais passaram a ter como destinatários, 
ainda, o próprio Estado, ou seja, órgãos e entidades da Administração Pública.
Isso não implica dizer que todos os direitos fundamentais previstos da Consti-
tuição Federal são destinados, indistintamente, às pessoas naturais, às pessoas 
jurídicas e ao Estado.
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Em sentido oposto, nossa Constituição Federal apresenta direitos que possuem 
como destinatários exclusivamente as pessoas naturais, direitos que apenas 
podem ser exercidos pelas pessoas jurídicas, direitos exclusivos do Estado 
e, ainda, direitos fundamentais que podem ser exercidos pelas três classes 
de pessoas.
Exemplo: como exemplo de direito fundamental exclusivamente destinado às 
pessoas naturais, há o direito à intimidade. Não faria nenhum sentido se esse 
direito fosse atribuído às pessoas jurídicas ou ao Estado, não é mesmo?
Como exemplo de direito fundamental exclusivamente destinado às pesso-
as jurídicas, cito o direito à existência de partidos políticos, uma vez que os 
partidos nada mais são do que pessoas jurídicas de direito privado.
Como exemplo de direito fundamental exclusivo do Estado (órgãos e entida-
des), há a possibilidade de requisição administrativa. Nessa situação, apenas 
um ente superior como o Estado pode requisitar a propriedade privada, uma 
vez que é função do Poder Público utilizar todas as medidas possíveis para 
garantir a integridade da população. 
Como exemplo de direito fundamental atribuído a todas as classes de 
pessoas, cito o direito à propriedade, uma vez que tanto as pessoas naturais 
quanto as pessoas jurídicas e o Estado podem ser proprietários, por exemplo, 
de bens imóveis.
2. (CESPE/OPERADOR DE CÂMERA/TV/FUB/FUB/2015) No que se refere aos 
direitos fundamentais, julgue o próximo item. 
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O respeito aos direitos fundamentais deve subordinar tanto o Estado quanto os 
particulares, igualmente titulares e destinatários desses direitos.
Certo.
De acordo com a doutrina atual, os destinatários dos direitos fundamentais são 
as pessoas naturais, as pessoas jurídicas e até mesmo o Estado.
6. Eficácia Horizontal e Vertical
Como anteriormente afirmado, os primeiros direitos fundamentais surgiram 
ante uma necessidade de limitação da atuação do Estado com relação aos particu-
lares. E como o Estado possui uma superioridade (uma vez que sua finalidade é a 
de garantir o bem-estar da população) havia, com relação aos primeiros direitos, 
uma relação de verticalidade. 
Dessa forma, era correto afirmar que a eficácia (produção de efeitos jurídicos) 
dos direitos fundamentais, inicialmente, apenas era possível de forma vertical.
Posteriormente, em meados do século XX, a doutrina começou a visualizar a 
possibilidade de produção de efeitos jurídicos decorrentes dos direitos fundamen-
tais no âmbito das relações entre particulares, ou seja, nas situações em que o 
Estado não estava presente.
Como as relações entre particulares são pautadas pelo princípio da igualdade, 
estamos diante, quando da sua ocorrência, de uma relação de horizontalidade.
Ainda que a possibilidade de os direitos fundamentais influenciarem as rela-
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ções privadas não se trate de uma unanimidade (uma vez que certos países, como 
os Estados Unidos, não admitem tal possibilidade), o nosso ordenamento jurídico 
aceita a teoria da eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Exemplo: suponhamos que duas pessoas tenham formulado um contrato de tra-
balho, sendo que uma das cláusulas do instrumento em questão previa que o tra-
balhador renunciaria expressamente ao seu direito de férias anuais remuneradas.
Nessa situação, o contrato de trabalho é válido?
A reposta é sim! Como estamos no âmbito das relações particulares, nada impede 
que um instrumento seja pactuado da forma como demonstrado. 
Contudo, como as férias anuais remuneradas são um dos direitos sociais previstos 
na Constituição Federal, tal cláusula é nula, não podendo ser invocada por nenhu-
ma das partes.
Nessa situação, o que houve foi a eficácia dos direitos fundamentais influenciando 
as relações entre particulares.
Quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das relações entre 
particulares, estamos diante da eficácia horizontal desses direitos, também co-
nhecida como eficácia externa. 
Por outro lado, quando os direitos fundamentais são utilizados no âmbito das 
relações entre os particulares e o Poder Público, a eficácia será vertical ou 
interna:
• Particular x Particular = horizontal e externa;
• Particular x Poder Público = vertical e interna.
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7. Restrições Legais
Como decorrência da característica da relatividade, os direitos fundamentais 
não são absolutos, podendo, conforme já mencionado, sofrer limitações decorren-
tes de outro direito constitucionalmente previsto.
Contudo, se considerarmos que os direitos fundamentais são normas constitu-
cionais, poderia o legislador infraconstitucional, por intermédio de uma simples lei, 
limitar os direitos fundamentais?
A resposta é positiva. Conforme afirmado, não existem, em nosso ordenamen-
to, direitos de caráter absoluto. 
Assim, cabe ao legislador, por meio das leis, estabelecer limitações com a fina-
lidade de disciplinar a forma como os inúmeros direitos fundamentais conviverão 
em harmonia.
No entanto, não poderá o legislador, fazendo uso da prerrogativa de limitação, 
restringir os direitos fundamentais de uma forma abusiva e que descaracterize a 
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própria razão de existir de tais direitos. Deve a atuação do legislador infraconstitu-
cional ser exercida de forma limitada, dando ensejo ao surgimento da “teoria dos 
limites”.
Limites dos limites? O que significa isso?
Isso significa dizer, em outros termos, que a possibilidade de limitação dos di-
reitos fundamentais por meio de lei apenas poderá ocorrer quando exercida de 
forma limitada. 
Quando, em sentido oposto, a lei limitar demasiadamente os direitos fundamen-
tais, terá ferido o seu núcleo essencial. Se tal situação fosse possível, perderia a 
Constituição Federal o status de norma hierarquicamente superior às leis, haja vista 
que simples leis ordinárias poderiam limitar direitos constitucionalmente previstos.
Merecem destaque os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. De 
acordo com os mencionados princípios, a atuação do legislador apenas será válida 
quando exercida de forma adequada, necessária e proporcional.
Como consequência, caso uma lei restrinja toda a essência de um direito funda-
mental, atingindo assim o seu núcleo essencial, deverá o Poder Judiciário, invocan-
do os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, declarar a norma inválida 
e inconstitucional.
Note, dessa forma, que a teoria dos limites foi concebida com uma finalidade 
bem específica: evitar que um direito fundamental perca a sua essência por meio 
da atuação abusiva do legislador.
“Professor, tem como simplificar essa teoria?”
Certamente! A teoria dos limites fica mais fácil de ser compreendida por meio 
do “gráfico”:
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Como verificado, a essência da teoria dos limites é a existência de um núcleo 
fundamental dos direitos fundamentais. E a existência desse núcleo essencial, ain-
da que reconhecida pela doutrina, é explicada por meio de duas diferentes teorias: 
a teoria absoluta (também conhecida como teoria interna) e a teoria relativa (de-
nominada também de teoria externa). 
Por meio da teoria absoluta, o núcleo essencial dos direitos fundamentais é uma 
unidade autônoma aos próprios direitos. Como consequência, é possível que esse 
núcleo seja identificado independentemente de estarmos diante de um caso con-
creto, bastando, para isso, a análise da norma de forma abstrata.
A teoria relativa, em sentido oposto, afirma que o núcleo essencial dos direitos 
fundamentais apenas pode ser analisado diante de um caso concreto. Não é pos-
sível, de acordo com a teoria relativa, a identificação do núcleo essencial de um 
direito fundamental pela simples interpretação da norma. 
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3. (CESPE/OPERADOR DE CÂMERA/FUB/2015) Por meio da aplicação do princípio 
da proporcionalidade, coíbem-se excessos que afrontem os direitos fundamentais e 
exigem-se mecanismos que os efetivem.
Certo.
Como analisado, o princípio da proporcionalidade impede que os abusos cometidos 
pelo legislador alcancem o núcleo essencial dos direitos fundamentais.
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8. Possibilidade de Renúncia
Como regra, os direitos fundamentaissão irrenunciáveis, o que implica dizer 
que os seus destinatários não possuem disposição sobre estes. Em outros termos, 
o titular de um direito fundamental não pode abrir mão de sua titularidade.
Nos dias atuais, contudo, a doutrina tem entendido que a característica da ir-
renunciabilidade pode, diante de um caso concreto e desde que por um período 
determinado, ser abrandada.
Assim, dois são os requisitos que sempre devem estar presentes para que a 
renúncia possa acontecer: 
• estar o particular diante de um caso concreto; 
• a renúncia ocorrer por um período determinado.
Em sentido oposto, não se admite a renúncia a todos os direitos fundamentais 
ao mesmo tempo, tampouco que tal procedimento ocorra por um período indeter-
minado.
 
Exemplo: caso um particular resolva participar de um programa de “reality show” 
como o Big Brother Brasil, estará ele, durante o período em que permanecer na com-
petição, sem a possibilidade de fazer uso dos direitos da intimidade e da vida privada.
Nessa hipótese, poderá renunciar a tais direitos, uma vez que a renúncia se dará 
diante de um caso concreto (a participação no programa de televisão) e por um 
prazo determinado (enquanto o participante permanecer na competição).
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9. Tratados e Convenções Internacionais
Estabelece a Constituição Federal, no art. 5º, § 3º, a seguinte redação:
Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, 
em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos 
respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
Dessa forma, para que um tratado ou convenção internacional seja alçado ao 
status de norma constitucional, dois são os requisitos essenciais: versarem sobre 
direitos humanos e serem aprovados pelo quórum qualificado previsto na 
Constituição Federal.
Uma vez tendo sido observados ambos os requisitos, os termos do acordo pas-
sam a fazer parte da própria Constituição Federal, situando-se em patamar hie-
rarquicamente superior às leis e gozando de todas as prerrogativas que as demais 
normas constitucionais possuem. 
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Nem todos os tratados e convenções internacionais, porém, alcançarão o status 
de norma constitucional. De acordo com o STF, duas são as outras posições jurídi-
cas que tais acordos podem assumir:
• os tratados e convenções que versem sobre direitos humanos, mas que não 
tenham sido aprovados de acordo com o quórum qualificado previsto 
na Constituição Federal terão eficácia de supralegalidade, localizando-se 
acima das leis ordinárias e abaixo das normas constitucionais;
• os demais tratados e convenções internacionais (aqueles que não versem 
sobre direitos humanos) terão eficácia de lei ordinária.
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10. Tribunal Penal Internacional
No art. 5º, § 4º, a Constituição Federal apresenta a seguinte redação:
O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha 
manifestado adesão.
Como decorrência do princípio fundamental da soberania, uma decisão judicial 
apenas terá eficácia quando prolatada por órgão do Poder Judiciário pertencente ao 
respectivo Estado. 
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Consequentemente, as decisões estrangeiras apenas terão validade em nosso 
país quando homologadas pelo órgão competente, que, em nosso caso, é o 
Superior Tribunal de Justiça, conforme previsão do art. 105, I, i, da Constituição 
Federal:
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I – processar e julgar, originariamente:
i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas ro-
gatórias.
O Tribunal Penal Internacional não se trata de um órgão subordinado a um país 
específico, mas sim de um organismo internacional independente.
Assim, ainda que o acatamento das decisões do Tribunal Penal Internacional 
represente um abrandamento da soberania do país, é importante frisar que tais de-
cisões não são oriundas de um Estado estrangeiro, mas sim de um organismo 
independente, constituído e assinado por diversos países. 
O Brasil aderiu ao Tribunal Penal Internacional no ano 2000, mediante a assina-
tura do intitulado Estatuto de Roma. Posteriormente, em 2002, o Congresso Nacio-
nal efetuou a aprovação e o Presidente da República a sua promulgação, após a qual 
as disposições do Tribunal Penal Internacional passaram a ter vigor em nosso país.
A função do Tribunal Penal Internacional é a de julgar os crimes que causem 
graves violações aos direitos humanos, tais como o de genocídio, os crimes de 
guerra e os de agressão de um país a outro.
11. Direitos Fundamentais Expressos na Constituição Federal
A Constituição Federal, ao tratar dos direitos fundamentais, classificou-os em 
cinco diferentes grupos, sendo eles:
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• direitos e deveres individuais e coletivos;
• direitos sociais;
• direitos relativos à nacionalidade;
• direitos políticos;
• direitos relacionados com a existência dos partidos políticos.
Os direitos e deveres individuais e coletivos são aqueles ligados ao conceito 
da pessoa humana. Tais direitos podem ser divididos em individuais (como direito à 
vida e à liberdade) e coletivos (como o direito de reunião e o direito de associação). 
Os direitos sociais são constituídos de prestações positivas, materializadas 
em políticas públicas realizadas pelo Estado. Tais direitos possuem como objetivo a 
concretização da igualdade, sendo exemplos as férias anuais, o descanso semanal 
remunerado e o aviso prévio proporcional ao tempo de serviço.
Os direitos relativos à nacionalidade regulam os aspectos relacionados com 
o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um determinadoEstado sobera-
no. Por meio da nacionalidade, verifica-se quais as pessoas que são consideradas 
brasileiros natos, naturalizados ou estrangeiros.
Os direitos políticos regulamentam a forma como a soberania popular será 
exercida pela população, seja de forma direta (por meio de plebiscito, referendo e 
iniciativa popular), seja de forma indireta (por meio de representantes eleitos).
Os direitos relacionados com a existência dos partidos políticos deter-
minam que tais associações, ainda que constituídas sob a forma de pessoa jurídica 
de direito privado, são os instrumentos necessários para que a preservação da de-
mocracia. 
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12. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Iniciaremos, agora, o estudo de um dos pontos mais exigidos de todo o Direito 
Constitucional: o art. 5º da Constituição Federal e seus inúmeros incisos.
Neste ponto da matéria, é essencial que você saiba tanto a literalidade 
dos incisos quanto os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais deles 
decorrentes.
Por isso mesmo, optei por comentar todos os incisos do art. 5º da Constituição 
Federal, já fazendo menção, quando necessário, à doutrina e aos principais julga-
dos do STF.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantin-
do-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à 
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Inicialmente, precisamos saber que o caput do art. 5º da Constituição Federal 
faz menção a cinco direitos fundamentais, sendo eles os direitos à vida, à li-
berdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Esses cinco direitos, de 
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acordo com a doutrina majoritária, são a base dos demais direitos e garantias 
fundamentais expressos na Constituição Federal.
Deve-se frisar, contudo, que tais direitos não possuem uma hierarquia superior 
aos dele decorrentes. Nem mesmo o direito à vida, expressão direta da dignidade 
da pessoa humana e elemento necessário para a fruição dos demais direitos e ga-
rantias, apresenta essa superioridade.
Como consequência, é correto afirmar que não há hierarquia entre os di-
reitos fundamentais constitucionalmente previstos, ainda que alguns deles, 
conforme mencionado, sirvam como base para a existência dos demais.
Importante questão que se refere ao alcance dos direitos fundamentais previs-
tos na Constituição Federal. Assim, ainda que o caput do art. 5º faça menção aos 
“brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”, o entendimento atual é 
de que os direitos fundamentais, como regra, podem ser usufruídos pelos brasilei-
ros, pelos estrangeiros residentes no país e até mesmo pelos estrangeiros 
residentes no exterior e que estejam em território nacional por um curso 
espaço de tempo. 
Nas palavras do STF (proferidas no julgamento do HC n. 94.016), “o súdito es-
trangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar 
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o remédio constitucional do “habeas corpus”, em ordem a tornar efetivo, nas hipó-
teses de persecução penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à obser-
vância e ao integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem 
e dão significado à cláusula do devido processo legal”.
Exemplo: caso um argentino esteja passando uma semana de férias em território 
brasileiro, poderá, ainda que sua residência não seja no Brasil e sua estadia seja 
breve, fazer uso, caso sofra coação em sua liberdade de locomoção, do habeas 
corpus, remédio constitucional utilizado com a finalidade de evitar que o direito de 
ir e vir seja prejudicado.
As questões de concurso podem ser exigidas de duas diferentes formas no que 
se refere ao alcance dos direitos fundamentais:
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• de forma literal, exigindo o conhecimento da literalidade do caput do art. 5º 
(brasileiros e estrangeiros residentes no país);
• de maneira mais avançada, exigindo o entendimento do STF (brasileiros, 
estrangeiros residentes e estrangeiros não residentes).
Uma das principais características dos direitos fundamentais é a relatividade. 
Por meio dela, não existem, em nosso ordenamento, direitos e garantias de caráter 
absoluto. 
Muitas são as questões de prova que exigem a característica da relatividade dos 
direitos fundamentais. Em todos os casos, devemos memorizar que “não existem 
direitos ou garantias de caráter absoluto”.
Como consequência, até mesmo o direito à vida, necessário para que o indi-
víduo possa fazer uso dos demais direitos, pode, em determinadas situações, ser 
relativizado diante de um caso concreto.
Nesse sentido, o conceito de vida não abrange apenas a vida extrauterina, mas 
também a vida intrauterina. Como consequência, a prática de aborto, ressalvadas 
as exceções previstas em lei, é considerada crime em nosso ordenamento jurídico.
Uma dessas exceções consta em importante julgado do STF, conforme se ob-
serva da leitura da ADPF n. 54, por meio da qual a Suprema Corte estabeleceu a 
possibilidade de interrupção da gravidez no caso de fetos anencéfalos. No caso, foi 
levado em conta o fato de a anencefalia ser considerada uma patologia letal, de 
forma que os bebês nascidos em tal condição morrem poucas horas após o parto.
FETO ANENCÉFALO – INTERRUPÇÃO DA GRAVIDEZ – MULHER – DIGNIDADE –DIREITOS 
FUNDAMENTAIS. Mostra-se inconstitucional interpretação de a interrupção da gravidez 
de feto anencéfalo ser conduta tipificada nos artigos 124, 126 e 128, incisos I e II, do 
Código Penal.
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Outra decisão importante do STF e intimamente relacionada com a inviolabi-
lidade do direito à vida refere-seà possibilidade de realização de pesquisas com 
células-tronco. De acordo com o Tribunal, a pesquisa é possível quando atender a 
duas condições:
• as células embrionárias tenham sido obtidas de embriões humanos produzi-
dos por fertilização in vitro;
• os embriões decorrentes da fertilização não sejam utilizados em procedimen-
tos reprodutivos posteriores. 
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Consti-
tuição; 
O inciso faz menção à isonomia, que, por sua vez, deriva diretamente do clássi-
co princípio da igualdade. Por meio da isonomia, deve o legislador tratar de forma 
igual os iguais e de forma desigual os desiguais, na medida das suas desi-
gualdades. 
Exemplo: quando o legislador edita uma norma conferindo aos maiores de 60 
anos o direito de transitar pelo território nacional, em empresas concessionárias 
de serviço público, mediante o não pagamento da passagem, estamos diante da 
isonomia. 
Assim, ainda que os demais indivíduos não façam jus a esse direito, não há que se 
falar em violação ao princípio da igualdade, uma vez que a isonomia confere a pos-
sibilidade de tratamento desigual às pessoas que estejam em condições diferentes.
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Salienta-se, contudo, que as medidas discriminatórias de tratamento de-
vem ser exercidas de acordo com o princípio da razoabilidade, evitando-se que 
excessos cometidos pelo legislador agridam a dignidade da pessoa humana 
dos particulares envolvidos.
Em outros termos, é plenamente possível que o legislador trate determina-
das classes de pessoas de forma diferenciada, sem que isso configure desres-
peito ao texto da Constituição Federal.
Em consonância com esse entendimento, o STF já afirmou que a Lei Maria 
da Penha, criada com a finalidade de proteger a mulher das práticas 
de violência doméstica, é plenamente constitucional. Nessa situação, 
entende o Tribunal que a medida, ainda que discriminatória, é decorrência di-
reta do princípio da isonomia, revestindo-se de razoabilidade e assegurando 
às mulheres um tratamento que as iguale, em proteção, às demais classes de 
pessoas. 
Nesse mesmo sentido, merece destaque a questão da política nacional 
de “cotas raciais”, por meio do qual um número de vagas é reservado aos 
descendentes de determinadas etnias. No caso, estamos, mais uma vez, dian-
te do princípio da isonomia, oportunidade em que a razoabilidade deve ser 
analisada.
Merece destaque, ainda com relação à possibilidade de tratamento diferen-
ciado, a decisão do STF no âmbito do AI n. 443.315. No julgado em questão, 
estabeleceu o Tribunal que “não afronta o princípio da isonomia a adoção 
de critérios distintos para a promoção de integrantes do corpo femini-
no e masculino da Aeronáutica”.
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Da análise das situações expostas, consegue-se identificar algumas característi-
cas que devem ser observadas para a adoção de critérios discriminatórios:
A doutrina costuma diferenciar as expressões “igualdade na lei” e “igualdade 
perante a lei”. Ao passo que a “igualdade na lei” ocorre em um momento anterior, 
sendo direcionada ao legislador, a “igualdade perante a lei” ocorre com a lei já elabora.
Na “igualdade na lei”, a ideia é que o legislador, ao elaborar as leis, o faça da 
forma menos discriminatória possível, abrangendo todas as pessoas que eventual-
mente possam fazer jus aos seus efeitos.
Na “igualdade perante a lei”, como a lei já se encontra elaborada, a sua des-
tinação é para os aplicadores e intérpretes. Assim, deve a interpretação e, como 
consequência, a aplicação dos efeitos decorrentes da norma, serem amplas.
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Outra classificação existente refere-se à isonomia material e formal. 
De acordo com esse entendimento, a isonomia formal está relacionada com a 
possibilidade que todas as pessoas possuem, independentemente de suas 
condições financeiras, étnicas e sociais, de buscar os direitos previstos em 
lei. Trata-se a isonomia formal, como consequência, de um direito conferido a to-
dos os indivíduos: o de buscar alcançar os direitos que lhe são assegurados.
A isonomia material, por sua vez, vai além da isonomia formal, possibilitando 
que seja conferido tratamento desigual às pessoas que estejam em condi-
ções desiguais. Possibilita a isonomia material a adoção de políticas discrimina-
tórias com a finalidade de igualar as condições de grupos que estejam em desvan-
tagem. Por esse motivo, a isonomia material também é conhecida como igualdade 
real, uma vez que atua não apenas no campo teórico, mas sim na prática, modifi-
cando a realidade social das pessoas atingidas.
Exemplo: quando uma lei determina que “todas as pessoas terão direito aos 
serviços de energia elétrica e de água encanada”, estamos diante da isono-
mia formal, de forma que todos aqueles que desejarem fazer uso desses serviços 
devem adotar os procedimentos previstos em lei, sendo que a energia elétrica e a 
água encanada nada mais são do que direitos a eles conferidos.
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Quando o Poder Público assegura à população de baixa renda os serviços de ener-
gia elétrica e de água encanada de forma gratuita, estamos diante da isonomia 
material, sendo que a ideia do legislador, com a medida, é, mediante a adoção de 
políticas discriminatórias, reduzir as desigualdades das pessoas de baixa renda.
Merece destaque, ainda, a impossibilidade de o Poder Judiciário, baseado no 
princípio da igualdade, estender vantagens a determinados grupos de pessoas. 
Tal situação ocorreria, por exemplo, caso o Poder em questão conferisse aos 
servidores da categoria X as mesmas vantagens asseguradas aos servidores da 
categoria Y.
Caso isso fosse possível, estaria o Poder Judiciário exercendo a função de legis-
lar, algo que, em nosso ordenamento, não é possível em virtude da separação de 
Poderes. 
Sedimentando o assunto, o STF editou a Súmula n. 339, de seguinte teor: “não 
cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar venci-
mentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia”.
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
de

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